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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT


FÍSICA EXPERIMENTAL 3 – FEX 3
Professor Abel André Cândido Recco

Andrey Kohls

Experimento 4
LEIS DE KIRCHOFF

JOINVILLE
FEVEREIRO DE 2021
1. OBJETIVOS

Este relatório tem como objetivo aplicar as Leis de Kirchoff para medir as correntes e
tensões elétricas em um circuito elétrico de várias formas diferentes.

2. INTRODUÇÃO

Com o grande avanço da tecnologia aparelhos eletrônicos estão sendo introduzidos


em todos os tipos de produtos, atividades, mercados etc. Logo é fundamental saber como
funcionam os circuitos elétricos e seus elementos que os compõe, fontes, resistores,
indutores, capacitores e também como estes funcionam de diferentes formas conectados
entre si em um circuito fechado.
Estes elementos podem ser organizados em série (onde a corrente percorre estes
elementos em sequência), paralelo (quando a corrente se divide para percorrer diferentes
elementos) e mistos (quando ocorrem as ligações em série e paralelo em um mesmo
circuito). Cada uma destas com suas especificidades, além disso podemos apontar os ramos
(caminhos por onde a corrente corre), os nós (ponto de conexão entre dois ou mais ramos)
e os laços (caminho fechado dentro de um circuito).
O funcionamento de um circuito, simples ou complexo, é descrito pelas Leis de
Kirchoff, que foram desenvolvidas por Gustav Robert Kirchoff (1824-1887), um físico
alemão. Estas leis são duas, a 1ᵃ Lei de Kirchoff, Lei das Correntes (LKC), diz que a soma
algébrica das correntes que entram em um nó é zero, esta lei pode ser expressa
matematicamente pela equação (1) a seguir:
∑𝑁
𝑛=1 𝑖𝑛 = 0 (1)
Na equação (1) acima, N é o número de ramos conectados à algum nó do circuito, e
𝑖𝑛 é enésima corrente que entra, ou que sai do nó analisado no circuito.
a 2ᵃ Lei de Kirchoff, Lei das Tensões (LKT) diz que a soma algébrica de todas as
tensões em torno de um laço é zero, esta lei pode ser expressa pela equação (2) a seguir:
∑𝑀
𝑚=1 𝑉𝑚 = 0 (2)
Na Equação (2) acima, M é o número de ramos no laço (número de tensões no laço)
e 𝑉𝑚 é a m-ésima tensão do laço analisado no circuito.

3. MATERIAIS

• Duas fontes de tensão;


• Bateria;
• Um multímetro ICEL – MD6111;
• Quatro chaves conectoras;
• Mesa de testes;
• Fios elétricos;
• Resistores elétricos de resistência elétrica conhecida, cujos valores normais estão
listados abaixo
➢ 𝑅1 = (100 ± 5%) 𝛺
➢ 𝑅2 = (100 ± 5%) 𝛺
➢ 𝑅3 = (68 ± 5%) 𝛺
➢ 𝑅4 = (470 ± 5%) 𝛺
➢ 𝑅5 = (1 ± 5%) 𝑘𝛺
➢ 𝑅6 = (10 ± 5%) 𝑘𝛺

4. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Figura 1 - Circuito montado

Neste primeiro momento devem ser feitas as medidas da resistência dos 6 resistores,
configurando o multímetro na função Ohmímetro, conectando os cabos na entrada e saída
de cada resistor e alterando o fundo de escala conforme for preciso, os dados coletados
constam na tabela da Figura (3) juntamente com os desvios de cada medida conforme as
equações (3) e (4) do manual do multímetro da Figura (2).

Figura 2 - Especificações elétricas de resistência

𝛥𝑅 = ±(0,8%. 𝑅 + 5𝑑) (3)


𝛥𝑅 = ±(0,8%. 𝑅 + 3𝑑) (4)
MEDIDAS DOS RESISTORES
Resistores Nominal (Ω) Medida (Ω) unidade Fundo de escala (Ω) Desvio(Ω)
R1 100 99,9 Ω 200 1,3
R2 100 99,9 Ω 200 1,3
R3 68 67,6 Ω 200 1,0
R4 470 0,470 kΩ 2k 0,007k
R5 1000 1,001 kΩ 2k 0,011k
R6 10000 9,96 kΩ 20k 0,08k
Figura 3 - Tabela dos Resistores

Em seguida deve ser montado o circuito elétrico conforme a Figura (1), ajustando a
primeira fonte de tensão 𝑉1 para 6,00V, a segunda fonte de tensão 𝑉2 para 10,00V. Montado
o circuito e ligadas as fontes, deve-se medir primeiramente a tensão em cada um dos resistores com
o multímetro configurado para voltímetro, alterando o fundo de escala conforme necessário, os dados
coletados das tensões podem ser observados na tabela da Figura (5) juntamente com os desvios de
cada medida conforme a equação (5) do manual do multímetro da Figura (4).

Figura 4 - Especificações elétricas de tensão contínua

𝛥𝑉 = ±(0,5%. 𝑉 + 3𝑑) (5)

MEDIDAS DAS TENSÕES NOS RESISTORES


Medida(V) Fundo de escala(V) Dsvio(V)
V1 -1,99 20 0,04
V2 2,64 20 0,04
V3 -1,361 2 0,010
V4 -3,34 20 0,05
V5 -0,616 2 0,006
V6 -6,06 20 0,06
Figura 5 - Tabela das tensões nos resistores

Em seguida devem ser feitas as medidas das correntes através de cada uma das quatro chaves,
também utilizando o multímetro mas agora configurado para amperímetro, alterando o fundo de
escala conforme necessário. Os dados coletados das correntes para cada elemento podem ser
observados na tabela da Figura (7) juntamente com os desvios de cada medida conforme a
equações (6) e (7) do manual do multímetro da Figura (6).
Figura 6 - Especificações elétricas de corrente contínua

𝛥𝐼 = ±(0,8%. 𝐼 + 4𝑑) (6)


𝛥𝐼 = ±(1,2%. 𝐼 + 4𝑑) (7)

MEDIDAS DAS CORRENTES NAS CHAVES


Medida(mA) Fundo de escala(mA) Desvio(mA)
I1 25,9 200 0,3
I2 -19,00 20 0,15
I3 -6,97 20 0,06
I4 -0,61 20 0,00
Figura 7 – Tabela das correntes nas chaves

5. Tratamento dos dados


Para a análise e tratamento dos dados iremos utilizar as Leis de Kirchoff mencionadas
anteriormente, utilizando os valores nominais das tensões nas fontes e nos resistores, e das correntes
nas chaves do circuito. E às medidas serão atribuídos os erros percentuais a partir da equação (8)

|𝑋𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝑋𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 |
𝐸𝑟𝑟𝑜 = . 100 (8)
𝑋𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜

Agora serão analisados os valores das correntes nos ramos do circuito, para isso utilizaremos
a Lei de Kirchoff das tensões para determinar as tensões nas malhas, e em seguida a lei de Ohm
expressa pela equação (9) para relacionar os valores das tensões e das correntes nas malhas. Fazendo
isso para cada malha do circuito teremos um sistema de equações para determinarmos os valores das
correntes. As malhas são mostradas na Figura (8)

𝑉 = 𝑅. 𝑖 (9)
Figura 8 - Malhas do circuito

Aplicando a Lei de Kirchoff será obtido um sistema de equações que podem ser vistas abaixo,
equação (9), (10) e (11), para cada uma das malhas, respectivamente:

𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 1 → 𝐼1 (𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅1 ) − 𝐼2 (𝑅3 + 𝑅1 ) = 6 (8)


𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 2 → − 𝐼1 (𝑅3 + 𝑅1 ) + 𝐼2 (𝑅3 + 𝑅1 + 𝑅4 ) − 𝐼3 (𝑅4 ) = 0 (9)
𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 3 → 𝐼3 (𝑅5 + 𝑅6 + 𝑅4 ) − 𝐼2 (𝑅4 ) = −10 (10)

Com estas equações podemos resolver o sistema seguindo uma série de operações entre as
equações que são demonstradas a seguir:

6 + 𝐼2 (𝑅3 + 𝑅1 )
𝐼1 =
(𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅1 )
−10 − 𝐼3 (𝑅5 + 𝑅6 + 𝑅4 )
𝐼2 =
𝑅4
−10 − 𝐼3 (𝑅5 + 𝑅6 + 𝑅4 )
6 + 𝐼2 (𝑅3 + 𝑅1 ) 6 + ( 𝑅4 )(𝑅3 + 𝑅1 )
𝐼1 = =
(𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅1 ) (𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅1 )
𝐼1 = 9,05. 10−3 − 16,39. 𝐼3
𝐼2 = −21,28. 10−3 − 24,40. 𝐼3
𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎1 → 𝐼1 (𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅1 ) − 𝐼2 (𝑅3 + 𝑅1 ) = 6
(9,05. 10−3 − 16,39. 𝐼3 )(𝑅2 + 𝑅3 + 𝑅1 ) − (−21,28. 10−3 − 24,40. 𝐼3 )(𝑅3 + 𝑅1 ) = 6
(9,05. 10−3 − 16,39. 𝐼3 )(638) − (−21,28. 10−3 − 24,40. 𝐼3 )(168) = 6
𝐼1 = 26,48𝑚𝐴 ; 𝐼2 = 6,53𝑚𝐴 ; 𝐼1 = −0,61𝑚𝐴
Após resolvido o sistema e ter sido determinado os valores para as correntes utilizando as
tensões e resistências nominais dos elementos do circuito, podemos comparar esses valores com os
valores coletados experimentalmente, conforme expresso na tabela da Figura (7) mencionada
anteriormente. Para isso iremos relacionar os dados com as correntes dos ramos do circuito na tabela
da Figura (9) a seguir:

𝐼1 = 𝐼𝑎 ; 𝐼2 − 𝐼1 = 𝐼𝑏 ; 𝐼3 − 𝐼2 = 𝐼𝑐 ; 𝐼3 = 𝐼𝑑
MEDIDAS DAS CORRENTES NAS CHAVES
Experimental(mA) Teórico(mA) Erro %
Ia 25,9 26,5 2,26
Ib -19,00 -19,96 4,81
Ic -6,97 -7,13 2,24
Id -0,61 -0,61 0,00
Figura 9 – Tabela dos erros das correntes

Determinados os valores das correntes podemos determinar também os valores das tensões
em cada um dos resistores do circuito aplicando para cada um a equação (9), após os resultados serem
obtidos aplicando os dados da resistência e da corrente que passa por cada resistor comparamos os
dados experimentais e teóricos e o erro relacionado de cada um na tabela da Figura (10) a seguir:

𝑉𝑅1 = 𝑅1 . 𝐼𝑏 ; 𝑉𝑅2 = 𝑅2 . 𝐼𝑎 ; 𝑉𝑅3 = 𝑅3 . 𝐼𝑏


𝑉𝑅4 = 𝑅4 . 𝐼𝑐 ; 𝑉𝑅5 = 𝑅5 . 𝐼𝑑 ; 𝑉𝑅6 = 𝑅6 . 𝐼𝑑

MEDIDAS DAS TENSÕES NOS RESISTORES


Experimental(V) Teórica(V) Erro %
V1 -1,99 -2,00 0,50
V2 2,64 2,66 0,75
V3 -1,361 -1,359 0,15
V4 -3,34 -3,35 0,30
V5 -0,616 -0,610 0,98
V6 -6,06 -6,05 0,17
Figura 10 - Tabela dos erros das tensões

6. DISCUSSÃO

Como podemos observar pela tabela da Figuras (9) a maioria das medidas teve o erro
percentual abaixo de 3%, e na tabela da Figura (10) todas as medidas tiveram um erro abaixo de 1%,
o que indica que o experimento ocorreu bem e todos os dados experimentais se aproximam bem do
que se esperava teoricamente.

7. CONCLUSÃO

Com este experimento foi possível demonstrar a validade das Leis de Kirchoff para os circuitos
elétricos, os dados experimentais se aproximaram bem dos dados teóricos com erros baixos,
associados principalmente aos instrumentos de medição e qualidade dos componentes utilizados no
circuito. Assim o experimento foi muito útil para demonstrar o funcionamento das Leis de Kirchoff
assim como o funcionamento de um circuito envolvendo diversos elementos variados.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apostila de Física Experimental – CCT-UDESC.

ICEL MANAUS. Manual de instruções do multímetro digital modelo MD-6111. 2016. 20 p.

RESNICK, Robert; HALLIDAY, David; WALKER, Jearl. Fundamentos de física. Grupo Patria Cultural SA
DE CV, 2001.

ALEXANDER, Charles K.; SADIKU, Matthew NO. Fundamentos de circuitos elétricos. AMGH Editora,
2013.

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