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Estatuto e axiologia da educação em Moçambique

Desafios da educação em Moçambique

A igreja católica educava para a servidão e obediência, as evangélicas para a liberdade e


autonomia.

O terceiro capítulo tem como tema: A Missão Suíça e o seu Estatuto da Educação.

Aqui neste capítulo, a figura de Alexandre Vinet, um apologista da separação entre a Igreja e
o Estado, toma o lugar central na exposição do substrato filosófico da educação missionaria
suíça. Este capítulo está repleto de uma série de novas informações de discurso sobre a
História moçambicana, não só sobre Vinet, mas em particular sobre os fundamentos
filosóficos que estiveram por detrás da acção educativa dos missionários suíços. Interessa me
neste capítulo perceber qual foi o impacto do pensamento de Vinet na actividade educativa da
Missão Suíça? É percebendo as influências pedagógicas de Vinet que nos remete a
compressão do Substrato filosófico do Saber missionário.

Ngoenha afirma que Vinet exerceu uma importante actividade pedagógica, sua pedagogia era
Humanista. Sua pedagogia seria a arte de levar os estudantes a aprender por eles mesmos, a
inventarem a ciência, como queria Rousseau, (2000:106). Segundo Vinet Citado por
Ngoenha, celebra a língua como fundamento da cultura, para Vinet a língua é importante
porque permite classificar, definir, nominar. A língua é pensamento, é imagem de Deus,
incarnação de Deus, palavra eterna, (Ibid:107). Para Vinet, a escola deve ser um lugar de
cultura e não de aprendizagem. A escola deve ensinar aos alunos a aprender; a escola deve pôr
em sintonia o espírito e o coração; deve formar o homem para que este possa restituir tudo o
que ele deve a Deus e à sociedade, (Idem). Sobre a importância da língua Vinet diz o
seguinte:
“Cada indivíduo deve falar a sua língua materna como facilidade e domínio.
Dominar a língua materna é prova de virtude, civilização e prenuncia o
progresso. O progresso e civilização encontram-se a medida que se mergulha
profundamente a palavra, mas de uma maneira particular, na palavra bíblica.
Assim o humanismo de Vinet é um humanismo religioso. Para ele, o
objectivo da educação é formar homens novos, o estudo da língua passava
necessariamente pelo estudo de bons autores. Através da língua era possível
atingir a pessoa, no seu gosto, na sua sensibilidade, na sua reflexão, na sua
consciência, (Ibid:108).

Entretanto, Vinet estava convencido de que a natureza do idioma determinava a civilização de


um povo. Sobre este assunto Vinet vai mais longe com o seu pensamento ao afirmar que a
língua é sempre o reflexo dos costumes de uma época e de uma dada sociedade. Na língua,
manifesta-se a moralidade da pessoa que fala ou que escreve. Escrever e falar bem é uma acto
de grande valência ética, dai a necessidade de dominar bem a sua língua, (Ibid:109).

Nota-se que o discurso de Vinet da mais primazia a Língua, ou melhor, a educação tem esta
tarefa de fazer com que o Povo aprenda a sua língua, valorize a sua cultura, pois a língua é o
reflexo dos costumes de uma dada sociedade. Podemos inferir que a partir do domínio da
língua, da valorização da sua cultura, nasce aqui a moçambicanidade como um valor, criamos
assim o sentido de pertença, da nação moçambicana.

Resumo

O foco da obra é o nacionalismo, tendo como eixo de preocupação a questão de significado do


acto educativo do seu valor social para Moçambique. Existe diversos trabalhos que a Missão
Suíça contribuiu no campo da educação em Moçambique, que actualmente o Governo se
preocupa em por em relevo a questão pedagógica.

Sobre o Estatuto dos saberes e da educação em Moçambique, o autor fala da oposição do


colonialismo quanto a sua prática que pare como anti-libertador, assimilante e nacionalizador
em relação à cultura portuguesa, os educadores missionários opõem-se a esta lógica
suscitando nos jovens indígenas um sentido de uma nação tsonga e moçambicano, defendendo
pois que os vissitudes do processo educativo nos territórios de colonização portuguesa
obrigaram a um compromisso entre o colonialismo e a missão o que vai ditar o conflito
porque entre eles não haviam uma plataforma comum.

Na análise que o autor faz sobre educação tradicional informal passando por uma educação
colonial missionária afirma que não há pertinência da separação entre a educação colonial e
missionaria dado o carácter dos acordos entre o governo colonial e a igreja católica.
Alexandre Vinet por ter passado por uma educação religiosa e o de viver na suíça e ter um
arquivo da história. Os pontos de convergência e de divergência conclui-se que os
missionários ingleses, franceses, e portugueses não poderam enquadrar as suas actividades
num projecto de colonização e de conquista militar estruturado. A linguagem dos missionários
era desqualificante para classificar os africanos, pois é nesse contexto que os missionários
aprenderam meios filosóficos de transmissão da palavra. Os missionários ao criarem a escrita
da linguagem autóctones do guambas, produziram um discurso próprio, imagem, identidade,
inventando assim Tsonga.

Os missionários condenam a designação do colonialismo negativo, por outro lado, aceita a


possibilidade de um conhecimento positivo onde a educação tem o papel na sociedade. A s
últimas considerações do autor defende a necessidades de se repensar numa história de
educado em Moçambique buscando bases e inspirações teóricas para a projectar o futuro.

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