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OS 10 PRINCÍPIOS DA CONCENTRAÇÃO DE
RIQUEZA E PODER DA PLUTOCRACIA (OU
RÉQUIEM PARA UM SONHO AMERICANO)
Por Redação (https://www.ocafezinho.com/author/carlosddi/)
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ameri… 1/17
01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
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A desigualdade social é o grande desafio da humanidade no século XXI, inclusive para a nação
mais rica e poderosa do mundo.
Em meu último artigo publicado aqui no Cafezinho, expliquei as razões que levaram alguns
norte-americanos a votarem em alguém como Donald Trump
(https://www.ocafezinho.com/2016/05/14/os-motivos-que-levaram-americanos-e-brasileiros-a-
apoiar-politicos-como-donald-trump-e-jair-bolsonaro/): o crescente empobrecimento da classe
média no país.
Já foi o tempo em que as crises econômicas penalizavam somente os mais pobres. Atualmente
a classe média norte-americana é uma das maiores vítimas da excessiva concentração de
renda nas mãos de poucos. Tanto que hoje a nova geração de millenials se encontra sem
grandes perspectivas de futuro e mais pobre que seus pais (https://medium.com/keep-learning-
keep-growing/the-pain-you-feel-is-capitalism-dying-5cdbe06a936c#.87dttdexh).
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ameri… 2/17
01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
Ao longo de 75 minutos, Requiem for the American Dream reúne uma série de entrevistas do
linguista, filósofo e cientista político, Noam Chomsky, gravadas nos últimos quatros anos.
Sereno e com a voz sempre suave, Chomsky cita Aristóteles, Adam Smith e James Madison
para dar uma aula de história contemporânea e explicar como a sociedade moldada pelos pais
fundadores dos Estados Unidos da América se encontra a beira de um colapso.
Como os ricos doam para todos os partidos e políticos, não importa quem seja eleito, este
sempre governará em prol de seus financiadores de campanha, ou seja, a plutocracia.
Portanto, a democracia deixa de fazer sentido.
O alerta de Chomsky também vale para o Brasil já que a elite brasileira copia as mesmas
táticas da plutocracia norte-americana.
Uma das características mais belas e admiráveis na democracia norte-americana é de que ela
foi concebida por homens que buscavam corrigir as imperfeições e injustiças dos regimes
monárquicos europeus. Mas não sejamos ingênuos. A democracia norte-americana é uma
criação da elite intelectual de sua época. Todos os pais fundadores dos Estados Unidos eram
homens ricos e bem educados, a maioria advogados ou diplomatas. Faltavam-lhes apenas o
sobrenome nobre e o título aristocrático, por isso, inclusive, eram desprezados pela corte
inglesa.
O objetivo da república fundada por John Adams, Benjamin Franklin, Alexander Hamilton, John
Jay, Thomas Jefferson, James Madison e George Washington era acabar com os privilégios
dos reis e da aristocracia e entregar o poder para os burgueses. O bem estar do povo pobre e
trabalhador nunca esteve em questão.
Tanto que Noam Chomsky chama atenção para o fato de James Madison, durante debate
sobre a constituição dos Estados Unidos, afirmar que a nova república deveria criar
mecanismos para proteger os ricos do ‘excesso de democracia’.
Por isso a democracia norte-americana se encontra hoje restrita a apenas dois partidos,
republicano e democrata, onde o povo tem pouca margem de escolha e qualquer mudança no
sistema é pontual, nunca estrutural.
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01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
No mundo ideal da plutocracia, o povo precisa ser passivo e despolitizado. Deve saber o seu
lugar na sociedade e não fazer nada para mudar isto. Nos anos de 1960 e 1970, os Estados
Unidos vivenciaram uma explosão de movimentos sociais, com os negros, as feministas, os
gays e os ambientalistas, exigindo voz ativa na política e lutando por seus direitos.
Isto assustou a elite política e econômica, que começou a questionar o que era ensinado nas
escolas, universidades e igrejas do país.
Desde a década de 1970 a economia dos Estados Unidos vem gradativamente reduzindo sua
atividade industrial e aumentando sua atividade financeira. O economista francês, Thomas
Piketty, autor do célebre livro ‘O Capital do Século XXI’, alerta para o perigo da financeirização
da economia global.
Quando a especulação de capitais gera mais dinheiro que a produção de bens e serviços, sinal
de que o capitalismo real está doente.
Resultado: em 2007 os grandes bancos norte-americanos eram responsáveis por 40% dos
lucros corporativos. A desregulamentação desenfreada da economia produziu concentração de
renda e graves falhas que resultaram na crise econômica de 2008, obrigando o governo a
resgatar empresas irresponsáveis que puseram a nação mais poderosa do mundo na iminência
de um colapso – os tais ‘grandes demais para falir’ (ou too big to fail, em inglês).
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ameri… 4/17
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Chomsky explica que no ‘neoliberalismo’ o capital é livre, mas o trabalho não. O industrial pode
facilmente fechar sua fábrica nos Estados Unidos – onde os custos sociais e trabalhistas são
maiores – e transferir a produção para a China – onde o salário mínimo gira em torno de US$1
dólar a hora de trabalho.
Para competir de igual para igual com a China, os sindicatos norte-americanos se viram
obrigados a aceitar corte nos direitos trabalhistas e piores condição de trabalho.
O sonho americano foi uma concepção criada nas décadas de 1950 e 1960. No pós-guerra,
tanto os ricos quanto os pobres enriqueceram porque na época os impostos sobre altos
salários de executivos e sobre o lucro e dividendos das empresas era elevado o bastante para
distribuir a renda de forma igualitária.
No entanto, desde os anos de 1980, os impostos sobre a parcela mais rica da sociedade
diminuíram drasticamente e a desregulamentação total do fluxo de capitais permitiu a
plutocracia pagar ainda menos impostos – ou simplesmente sonegá-los.
Estamos retornando ao período pré-revolução francesa, em que a alta corte de reis, rainhas e
nobres famílias aristocráticas eram isentos de impostos, enquanto o fardo de sustentar a
sociedade recaía somente sobre os pobres e a burguesia, no caso a classe média da época.
A única diferença é que hoje a nova aristocracia é formada pelos super-ricos com acesso a
paraísos fiscais e outros mecanismos financeiros reservados à elite econômica global que lhes
permite fugir dos impostos.
No Brasil mais da metade da carga tributária é cobrada justamente daqueles que possuem
menos, os mais pobres. Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação (IBPT) (http://www.ibpt.com.br/noticia/1860/Populacao-que-recebe-ate-tres-salarios-
minimos-e-a-que-mais-gera-arrecadacao-de-tributos-no-pais), 53,8% do total de impostos
arrecadado no país é pago por brasileiros com renda de até três salários mínimos, que
representam 79% da população.
Na prática são os mais pobres quem sustentam os programas sociais, o SUS e as escolas e
universidades públicas. Pois 28,5% da arrecadação vêm da dita ‘classe média’, famílias com
renda entre três e dez salários mínimos, enquanto míseros 17,7% vem da classe média alta e
da elite: brasileiros com renda superior à dez salários mínimos.
Do ponto de vista da plutocracia, a solidariedade entre os povos é muito perigosa. Você deve
se preocupar somente consigo mesmo.
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ameri… 5/17
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No Brasil este princípio fez com que uma parcela da classe média fosse contra o Bolsa Família,
por exemplo. Já nos Estados Unidos fez a classe média se opor a previdência social e ao
Obamacare.
Isto possibilitou aos norte-americanos tornarem-se uma nação próspera e desenvolvida, com
uma classe média rica e bem qualificada.
Desde então todo o sistema de políticas públicas desenvolvido durante o New Deal, calcado
nos ideais de solidariedade entre ricos e pobres, foi completamente desmantelado pela
plutocracia.
A crise educacional nos Estados Unidos é tão gigantesca, que em 2016 a dívida de
empréstimos estudantis alcançaram o patamar de US$ 1.3 trilhões de dólares
(http://www.businessinsider.com/student-loan-debt-state-of-the-union-2016-1).
O problema é tão preocupante, que Hillary Clinton promete criar um fundo governamental para
renegociar a dívida dos mais de 40 milhões de norte-americanos endividados com grandes
bancos (http://www.huffingtonpost.com/hillary-clinton/we-need-to-solve-americas-student-debt-
crisis_b_9354868.html) e propõe ainda uma espécie de FIES ‘versão americana’, para que os
novos estudantes possam pegar dinheiro emprestado direto do governo a juros baixos.
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Quando o acesso ao ensino superior se torna exclusividade das famílias ricas que podem
pagar pela educação de seus filhos, o discurso da meritocracia repetido aos quatro ventos
pelos liberais conservadores não vale de nada.
Segundo Chomsky, a história americana mostra que na maioria das vezes as agências
reguladoras foram incentivadas ou criadas pelas próprias empresas do setor, para proteger seu
oligopólio da entrada de novos competidores. Para a estratégia funcionar, o lobby das
empresas em Washington tem papel central, pois é através dele que as companhias
conseguem aprovar leis de seu interesse.
Quando o financiamento privado de campanha é permitido por lei, como acontece nos Estados
Unidos, as leis são escritas a favor da plutocracia, que através de seu poder econômico elege
deputados e senadores alinhados com seus interesses particulares controlando assim os
rumos do país.
A última crise econômica, em 2008, mostrou bem porque é importante para a plutocracia
controlar os reguladores. Num sistema verdadeiramente capitalista, as crises econômicas
acabariam com os investidores que fizeram escolhas de alto risco. Mas não é isto que a elite
quer.
Até hoje a formação de sindicatos e associações de classe foi a melhor saída encontrada pelos
trabalhadores para combater os abusos do capitalismo. Por isso a plutocracia global não vê a
hora em regulamentar a terceirização do trabalho em todas as áreas e profissões possíveis e
imagináveis, tal qual o Congresso Brasileiro, durante a presidência de Eduardo Cunha
(http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/486413-
CAMARA-APROVA-PROJETO-QUE-PERMITE-TERCEIRIZACAO-DA-ATIVIDADE-FIM-DE-
EMPRESA.html).
Nos anos dourados do sonho americano, nas décadas de 1950 e 1960, um terço dos
trabalhadores eram sindicalizados
(http://www.npr.org/sections/money/2015/02/23/385843576/50-years-of-shrinking-union-
membership-in-one-map). Atualmente apenas um em cada dez é sindicalizado. Sinal de que a
plutocracia está vencendo esta batalha.
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ameri… 7/17
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Curioso como a técnica de criar consensos por meio da mídia surge exatamente nos países
mais livres do mundo, como explica Noam Chomsky.
Uma vez que a plutocracia percebe que não há mais volta, a democracia e a liberdade são
conquistas definitivas da sociedade, ela busca outras formas de controle social. Uma delas é a
ditadura do pensamento único e a fabricação de consensos por meio das grandes empresas
de mídia, controladas pela plutocracia.
Tamanha impotência diante do sistema gera frustração e ódio contra as instituições. Como a
mídia fabrica consensos, gerando uma massa sem senso crítico e com um pensamento único,
o povo compra facilmente o discurso das elites e passa a culpar o governo por todos seus
problemas.
Segundo Chomsky, o objetivo é fazer as pessoas odiarem ‘tudo o que está aí’ e temerem umas
as outras.
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Conclusão
Soa até irônico ver um documentário estrangeiro, gravado em 2015, citar passo a passo a
estratégia utilizada pela grande mídia (leia-se Rede Globo) e oposição (leia-se PSDB) para
derrubar o governo da presidenta Dilma Rousseff.
Devido aos últimos acontecimentos, Requiem for the American Dream é um documentário que
todo brasileiro deveria assistir. Fica a dica.
***
REDAÇÃO
(HTTPS://WWW.OCAFEZINHO.CO
(https://www.ocafezinho.com/author/carlosddi/)
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coque iphone 6
18 de agosto de 2019 às 08h44
It is fine being below and be able to examine doing this Sounds for me including, as long as
you do not add audio your personal ready to go.
coque iphone 6 http://prudencedjajadi.com/?p=28183 (http://prudencedjajadi.com/?
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Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=604658#respond)
Refugia
09 de agosto de 2019 às 18h23
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ame… 10/17
01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=603738#respond)
O jovem Marx percebeu que a luta pela sobrevivência define o processo de transformação
da história. Entretanto, o experiente Marx compreendeu que as forças produtivas e os
meios de produção não são exclusivamente propulsores do processo de transformação. Em
correlação, se faz necessário promover a extensão da consciência de classe, a formação
política dos trabalhadores: a qual passa pela compreensão do processo de transformação
dos modos de produção na história: o materialismo histórico dialético.
Com quase duzentos anos de antecedência, Marx percebeu que pela primeira vez na
história, a máquina, ao produzir mais em menos tempo e cuja transformação resultaria em
processo de automação da produção, poderia resolver a questão primordial da necessidade
material para sobrevivência humana, libertando o trabalhador do “labor intensivo”,
possibilitando, ao mesmo, tempo livre para, aí sim, evoluir, progredir enquanto ser social,
dedicando-se ao saber, ao lazer, às artes, à criatividade, à organização do processo
produtivo e à formação política em sociedade. Isto, obviamente, mediante a socialização da
riqueza gerada pelos meios de produção.
No contexto das revoluções burguesa e industrial, os liberais afirmaram ser o trabalho a
fonte de riqueza “da nação”, em substituição à lógica mercantilista de acumulação dos
metais preciosos. Pela primeira vez na história, o trabalho é concebido como atividade
positiva, de dignificação. O ato de não trabalhar passa a ser, ideologicamente, associado a
valores pejorativos (vagabundagem, vadiagem) e não mais uma condição de “nobreza”.
Entretanto, é justamente nesse mesmo momento que, também, pela primeira vez na
história, o controle do processo de produção da mercadoria (saber, tempo e ferramentas)
sofre uma “transferência de poder”: sai das mãos do trabalhador para ser
apropriado/controlado pelos donos dos meios de produção.
Eis porque, no século XVIII, a Economia Política Inglesa reconhece a força de trabalho
como fonte propulsora de riqueza, porém, não questiona por que o trabalho socialmente
necessário se transforma em mercadoria (barata e descartável) na lógica capitalista?
Somente Karl Marx fará este questionamento.
Portanto, segundo os pressupostos do materialismo histórico, a classe burguesa,
constituindo-se ao longo dos séculos XV, XVI, XVII, XVIII…, ocupou o lugar do poder
porque cindiu o saber produtivo imediato do trabalhador, isto é, o saber que este detinha
sobre as etapas do processo de produção da mercadoria e porque se apropriou do saber
mediato ou ainda do saber cumulativo, historicamente determinado pela luta de classes.
A tecnologia e a maquinaria, tal como é utilizada na lógica da classe dominante, representa
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-amer… 11/17
01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
um paradigma para a própria lógica do sistema, por dois motivos: primeiro porque
desapropria o trabalhador do saber produtivo, ao passo que necessita de um trabalhador
qualificado para o exercício do trabalho tecnológico; segundo, porque ao criar trabalho
excedente e expropriar o trabalhador da riqueza produzida pela extração de mais-valia,
quebra a tríade produção-distribuição-consumo à medida que, promovendo o desemprego,
trabalhador desempregado e/ou mal remunerado, representa consumidor a menos: gerando
crise de superprodução e engendrando as condições de sua própria destruição.
Se o “locos” privilegiado da dominação é o lugar separado, entre Estado e sociedade,
sujeito e objeto, texto e contexto, teoria e prática, conceito e ação, tempo e poder, saber e
fazer, ensino e pesquisa, concebendo a história como processo temporal linear e positivista,
para a não extensão pública da riqueza socialmente produzida; isto não significa que
devemos pensar o Estado enquanto lugar de poder que encerra o exercício exclusivo da
dominação.
Os lugares de poder, contextualmente múltiplos e processualmente dialéticos, não podem
prescindir da possibilidade de através dos mesmos lugares (ocultos – que hão de ser
evidenciados pela análise crítica da realidade ou dos documentos), dos não ditos locados
nas tentativas políticas de dominação/cisão, vislumbrar a possibilidade do talvez que nos
conduza à transformação da lógica imposta pela dominação de classe em sociedade,
restaurando assim, “… a história como movimento e não como sucessão de fatos” (LARA,
1993); ou ainda, ampliando as estratégias de luta e resistência da classe trabalhadora, na
construção dos conceitos, lugares e ações de poder, diferentes do poder de Estado (mas
não fora dele); reconhecendo, portanto, que “… a história é tempo de possibilidade e não de
determinismo, que o futuro é problemático e não inexorável” (FREIRE, 2002).
Dessa forma, ao pensar numa outra lógica para a tríade produção-distribuição-consumo,
faz-se necessária a construção e a organização dos espaços e saberes produtivos de
maneira que a memória e as experiências de classe (ou da luta de classes) sejam legadas
enquanto memória histórica. A possibilidade de almejar um novo sentido para a oposição
paradigmática entre crescimento tecnológico e qualidade das relações humanas, encontra-
se na construção de conceitos e ações que promovam a compreensão de ser a vida
humana possível somente em sociedade, analisando as relações sociais em seus
respectivos tempos históricos e as consciências políticas circunscritas às mesmas,
atentando para o problema da cisão entre saber-produção-lugar ou ainda, da concepção de
educação a ser produzida-transmitida-vinculada e o da separação do produto daquele que o
produz, isto é, da tríade produção-distribuição-consumo.
Não há democracia sem distribuição de riqueza, assim como não há socialismo sem
liberdade de criação. Autonomia política e consciência de classe em projeção universal são
fundamentos conceituais para evidenciar o trabalhador como sujeito da história e para a
construção da qualidade de vida humana em sociedade. Entretanto, o capitalismo é sistema
hegemônico, cuja dominação de classe se mantém pela alienação e controle da produção
de riquezas, negando assim a evidência e a compreensão do contraditório na história. Já o
socialismo é modo de produção em construção, onde cada geração ou nação deve
apresentar novas questões ou conceitos para efetivação do projeto revolucionário.
Alexandra de Alvim Pinto
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ame… 12/17
01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=499646#respond)
Natanael Sarmento
18 de outubro de 2019 às 17h31
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=613703#respond)
Marcos Kniess
14 de dezembro de 2017 às 10h21
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=472738#respond)
Acredito que a terceirização dos serviços é sim para ter domínio sobre os trabalhadores e
não ajustar gastos públicos. Principalmente sobre os servidores públicos que têm uma certa
estabilidade de emprego. Eu, particularmente, saí do Sindicato porque vi que estes estavam
defendendo os interesses do governo a quem estava ligados politicamente. No momento de
defender os servidores durante uma greve faziam “corpo-mole” e tentavam desestabilizar a
greve mudando o foco da mesma. Entendo que o Brasil tem condições de ser um a país
muito bom para se viver. Recursos tem. Bastava que estes chegassem 100% nas obras-
serviços e que não fossem utilizados materiais de 3ª ou 4ª categoria ou que fossem
utilizados materiais em qualidade e quantidade adequadas.
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=436522#respond)
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ame… 13/17
01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
Prezado, obrigada pelo artigo. O senhor tem o link do documental gravado no 2015 ao qual
faz referência?
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=376676#respond)
rodrigo
22 de julho de 2017 às 10h38
https://www.youtube.com/watch?v=eygAlutORMk&t=543s (https://www.youtube.com/watch?
v=eygAlutORMk&t=543s)
Bom dia…deveria ser compartilhado pois reflete plenamente a sociedade brasileira
atual!Obrigado.
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=334594#respond)
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=322983#respond)
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=322982#respond)
https://www.ocafezinho.com/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-ame… 14/17
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Eduardo
29 de março de 2017 às 00h05
Infelizmente o eles fazem isso porque o povo é individualista não pensa em sociedade ai os
governantes usa isso a seu favor e aprova tudo que pode acabar com os direitos da
sociedade.
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=251675#respond)
Lucas
20 de março de 2017 às 14h04
Responder (/2016/05/18/os-10-principios-da-concentracao-de-riqueza-e-poder-da-
plutocracia-ou-requiem-para-um-sonho-americano/?replytocom=243438#respond)
Fonseca (http://O%20cafezinho)
16 de março de 2017 às 21h07
Concordo plenamente que todos os brasileiros deveriam esse documentário, para o quanto
tendenciosa é a mídia brasileira.
O pior e que a sociedade acredita nos falsos profetas.
as considerações são espetacular.
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MARTINS
02 de março de 2017 às 05h52
O que é bom para elite americana é bom para a elite brasileira. Eles vivem bem no inferno.
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Jonathas Rocha
31 de maio de 2016 às 14h43
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01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
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Macau
18 de maio de 2016 às 09h35
Esses princípios estão todos desgastados. A situação dos super-ricos juntando tudo é
absolutamente insustentável.
Quando o povo se levantar contra eles, será uma nova Revolução Francesa. E começará,
mais uma vez, pelo Grande Medo. Quem lembra de como a Revolução foi vai saber do que
eu estou falando.
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Coelho Bruno
27 de maio de 2016 às 20h24
Ah, eu lembro como se fosse hoje! Eu estava com um bróder, chamado Jean Valejan,
ali na esquina do Palácio de Versalhes… e lembro bem que foi um salseiro, meu
amigo, nunca antes visto!
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01/04/2020 Os 10 princípios da concentração de riqueza e poder da plutocracia (ou Réquiem para um Sonho Americano) | O Cafezinho
(https://www.ocafezinho.com/2019/06/19/valor-divulga-pesquisa-presidencial-para-2022/)
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(https://www.ocafezinho.com/2019/05/24/ibope-fracasso-de-bolsonaro-arrasta-para-baixo-aprovacao-a-militares/)
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