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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA
Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental

PHA3305 - Hidráulica Geral II

LABORATÓRIO VIRTUAL 03:


Orifícios e Bocais Cilíndricos

Grupo 5:
Flavia Moe Hashima - 10738374
Leonardo Inui Miyake - 10379190
Mateus Mera Barbosa - 11302755
Rafael Vieites de Carvalho - 11302290
Vinícius Daniel da Silva Marques - 11263050

São Paulo - SP
2021
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1. Introdução

O laboratório virtual 03 da disciplina Hidráulica Geral II tem como objetivo o


estudo dos coeficientes de velocidade, contração e vazão em um orifício circular de
parede delgada, um bocal cilíndrico externo e um bocal cilíndrico interno.
Devido à impossibilidade de se realizar o experimento presencialmente, foi
disponibilizada aos alunos uma bancada virtual em planilha do Excel. Nessa
bancada foi possível alterar o nível do reservatório por meio de registros, trocar os
bocais e anotar tempo e posições do jato de água sobre uma malha quadriculada
conforme o reservatório é esvaziado com a saída de água pelos orifícios analisados.
Para esta atividade várias hipóteses foram consideradas a fim de simplificar e
objetivar a análise do problema, sendo estas que o líquido de análise (água) é
incompressível; o escoamento não é permanente, sendo o reservatório esvaziado
de forma lenta; os orifícios são de pequenas dimensões; a pressão é a atmosférica
na saída do jato e sobre o reservatório; os jatos iniciais são horizontais e os orifícios
e bocais que causam este jato estão em parede horizontal; entre outras hipóteses
que descrevem o experimento.
Com isso e a partir do tratamento analítico baseado nas leis da conservação
da massa e da quantidade de movimento, além da primeira lei da termodinâmica, os
resultados obtidos então na realização deste laboratório tornaram possível criar
curvas e comparar os coeficientes supracitados entre cada configuração para
também realizar a comparação entre o comportamento das curvas obtidas
virtualmente com o mostrado na literatura.
Todas as figuras e tabelas apresentadas ao longo deste relatório que não
possuírem fonte indicadas são de autoria dos próprios autores no ano de 2021.
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2. Fundamentação teórica

O conteúdo deste laboratório virtual baseia-se nos conceitos que a disciplina


aborda, com enfoque em orifícios internos e externos e bocais. Geralmente orifícios
e bocais são utilizados para controlar ou medir vazões, o que é útil em diversos
casos para controle de saída de líquidos, por exemplo.
Um bocal cilíndrico externo acontece quando o líquido contido tem que
atravessar um pequeno caminho de conduto numa seção circular para sair do
reservatório, seja por causa de um pequeno tubo saindo do reservatório ou mesmo
pela grande espessura da parede do mesmo. Na Figura 1 abaixo há uma imagem
do primeiro caso mencionado. A seção C-C é chamada de seção contraída e é onde
as linhas de fluxo que convergem para o bocal se tornam paralelas, promovendo a
maior contração. Nas figuras a seguir é dada a mesma representação (menciona-se
que D é o diâmetro da seção transversal e Dc é o diâmetro da seção contraída).

Figura 1 - Bocal cilíndrico externo em espécie de tubo (corte)

Fonte: Roteiro para experiência, Moodle - USP, 2021

Os bocais cilíndricos internos são análogos em forma, mas postos para


dentro do reservatório, o que influencia o jato a escoar sem contato com as paredes
do bocal, o que não acontece com os bocais cilíndricos externos. Na Figura 2 é
mostrado um corte em que é possível ver como o escoamento se dá em um bocal
cilíndrico interno.
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Figura 2 - Bocal cilíndrico interno de espessura variável (corte)

Fonte: Roteiro para experiência, Moodle - USP, 2021

Ainda neste mesmo sentido de o escoamento do jato não ocupar todo o


diâmetro da seção, há o caso dos orifícios. A definição genérica de orifício é
qualquer abertura realizada na parede ou fundo de um recipiente ou reservatório
que permita o escoamento de um líquido contido em si. Na Figura 3 a seguir é
mostrada uma representação de um orifício circular.

Figura 3 - Orifício circular de parede delgada (corte)

Fonte: Roteiro para experiência, Moodle - USP, 2021

Dito isso, resta falar sobre os coeficientes em função da carga hidráulica a


serem encontrados neste laboratório: Cc sendo o coeficiente de contração, Cv o
coeficiente de velocidade e Cd o coeficiente de vazão (ou descarga). Esta
nomenclatura será retomada ao longo do relatório.
O coeficiente de contração é uma relação entre a área da seção contraída e
a da seção transversal, logo:

2 2
𝐴𝑐 (π 𝐷𝑐 )/4 𝐷𝑐
𝐶𝑐 = 𝐴
= 2 = 2
(π 𝐷 )/4 𝐷
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Para o coeficiente de velocidade precisa-se definir o que é chamado de


velocidade teórica, que é a velocidade que o jato teria se não houvesse perda de
carga no reservatório e no bocal/orifício. Em contrapartida, a velocidade real leva
em consideração essas perdas de carga, então, essencialmente Cv é dado de
forma:

1
2𝑔ℎ
1+𝐾 1
𝐶𝑣 = =
2𝑔ℎ 1+𝐾

E como K é sempre maior que zero, a raiz quadrada de um número maior


que 1 será sempre maior que 1, o que finalmente resulta em o coeficiente de
velocidade sempre ser menor que 1.
Por fim, o coeficiente de vazão (ou descarga) é a relação entre as vazões
reais e teóricas, utilizando a área contraída para a definição da vazão real. Assim,
Cd (também chamado de CQ por algumas bibliografias) é dado por:

𝑄𝑟 𝐴𝑐 𝑉𝑟 𝐴𝑐 𝑉𝑟
𝐶𝑑 = 𝑄𝑐
= 𝐴 𝑉𝑡
= 𝐴
× 𝑉𝑡
= 𝐶𝑐. 𝐶𝑣

No capítulo 4 serão expressas estas equações novamente e outras mais para


explicar o procedimento de cálculo usando os valores do ensaio.
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3. Procedimento experimental

Na bancada virtual mostrada na Figura 4, a primeira etapa a ser realizada era


fechar o registro de esvaziamento na parte inferior e abrir o registro de alimentação,
enchendo o reservatório até quase sua capacidade máxima.

Figura 4 - Bancada experimental

Uma vez neste ponto, a alimentação foi fechada e a definição de um ponto x


fixo entre o reservatório e o fim do jato foi estabelecida pelo grupo. O botão “On” foi
pressionado, acionando o cronômetro da tabela. Os valores de tempo foram
anotados pressionando “Registra” e anotando em outra tabela criada pelo grupo em
cada intervalo de 0,05 m em y neste mesmo ponto x definido. Isto é, para x igual a
1,00 m, as cinco medições de tempo ocorreram quando o jato cruzou os pontos
(1,00; -0,30), (1,00; -0,35) até a quinta medida. Neste momento, o valor da carga
hidráulica (h) também foi anotado pelo grupo. Ressalta-se que as coordenadas são
em relação ao centro do bocal/orifício.
O mesmo procedimento foi realizado nos três casos: orifício, bocal externo e
externo. A execução demorou vários minutos enquanto o reservatório era
esvaziado, sendo as tabelas geradas explicitadas neste arquivo sob códigos de
Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3. Elas serviram de base para os cálculos e geração dos
gráficos deste experimento.
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4. Dados experimentais e cálculos

As tabelas a seguir mostram os resultados anotados pelos alunos na


realização do ensaio.

Tabela 1 - Valores na configuração do orifício de parede delgada

leitura y (m) x (m) tempo (s) z = nível d'água (m) h (m)


1 -0,30 1,00 122,5 1,467 0,867
2 -0,35 1,00 236,2 1,351 0,751
3 -0,40 1,00 347,3 1,246 0,646
4 -0,45 1,00 431,0 1,173 0,573
5 -0,50 1,00 498,4 1,117 0,517

Tabela 2 - Valores na configuração de bocal externo

leitura y (m) x (m) tempo (s) z = nível d'água (m) h (m)


1 -0,35 1,05 13,7 1,581 0,981
2 -0,40 1,05 104,3 1,459 0,859
3 -0,45 1,05 179,9 1,363 0,763
4 -0,50 1,05 243,9 1,287 0,687
5 -0,55 1,05 301,3 1,222 0,622

Tabela 3 - Valores na configuração de bocal interno

leitura y (m) x (m) tempo (s) z = nível d'água (m) h (m)


1 -0,25 0,45 171,2 1,457 0,857
2 -0,35 0,45 358,1 1,313 0,713
3 -0,40 0,45 615,6 1,137 0,537
4 -0,45 0,45 716,1 1,075 0,475
5 -0,50 0,45 798,6 1,027 0,427

4.1. Orifício com paredes delgadas

Com base nos dados das coordenadas (x e y), do tempo (t) e da altura do
nível d’água para o orifício (h), que foram coletados no experimento, foram
calculados a velocidade real (Vr), a velocidade teórica (Vt), a vazão real (Qr), a vazão
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teórica (Qt), o coeficiente de contração (Cc), o coeficiente de velocidade (Cv), o


coeficiente de vazão (Cd) e o número de Reynolds (Re) para cada ponto
experimental. Os valores obtidos foram apresentados na Tabela 1.

Tabela 4 - Resultado cálculos para orifícios de paredes delgadas

Vr (m/s) Vt (m/s) Qr (L/s) Qt (L/s) Cc Cv Cd Re


4,044 4,124 1,152 1,866 0,6297 0,9804 0,6174 98985,21
3,744 3,839 1,072 1,737 0,6331 0,9753 0,6174 92125,68
3,502 3,560 0,993 1,611 0,6268 0,9836 0,6165 85443,10
3,302 3,353 0,932 1,517 0,6237 0,9847 0,6142 80470,75
3,132 3,185 0,884 1,441 0,6242 0,9834 0,6139 76437,42

Para calcular cada uma das velocidades reais utilizou-se a fórmula


𝑔
𝑉𝑟 = 𝑥 2𝑦
, que é obtida a partir de equações de balística. Já para calcular a

velocidade teórica, foi utilizado 𝑉𝑡 = 2𝑔ℎ. Com os valores da velocidade teórica e


𝑉
real, é possível calcular o coeficiente de velocidade: 𝐶 𝑣
= 𝑉
𝑟
. Além disso também
𝑡

pode-se calcular a vazão teórica por: 𝑄 𝑡


= 𝐴𝑉𝑡.

Para o cálculo da vazão real, por sua vez, utilizou-se 𝑄 𝑟


=− 𝐴 𝑟𝑒𝑠 ( )
𝑑ℎ
𝑑𝑡
,
𝑖

onde para i > 0: ( )𝑑ℎ


𝑑𝑡 𝑖
=− ( ) ( )
2 ℎ
λ 𝑖
0
+
λ
2
2
𝑖
𝑡 𝑖
, sendo que λ 𝑖
=
𝑡

ℎ 0− ℎ
𝑖

𝑖
e para i

= 0: ( )𝑑ℎ
𝑑𝑡 0
≃− ( )2 ℎ
λ 1
0
. Para realizar os cálculos aqui, considerou-se o tempo da

primeira medição como sendo t0 = 0 s, portanto, foram descontados 122,5 s (t0


original) de cada valor de tempo obtido.
Com o valor da vazão real, foi possível calcular a área de seção contraída (Ac
𝑄
) através de: 𝐴 𝑐
= 𝑉
𝑟
. E então pôde-se calcular o coeficiente de contração por
𝑟

𝐴
𝐶 𝑐
= 𝐴
𝑐
. Assim, multiplicou-se o coeficiente de velocidade com o coeficiente de
9

contração para obter o coeficiente de vazão: 𝐶 𝑑


= 𝐶 𝑣𝐶 𝑐
. Por fim, para se obter o

𝐷𝑉
número de Reynolds, utilizou-se 𝑅𝑒 = ν
𝑡
.

Os valores de λ, de ( )
𝑑ℎ
𝑑𝑡 𝑖
e de Ac (valores que auxiliaram nos cálculos) para

cada uma das medições estão na Tabela 2.

Tabela 5 - Valores que auxiliaram nos cálculos

0,5
λ (s/m )
( )
𝑑ℎ
𝑑𝑡 𝑖
(m/s)
Ac (m2)
1762,0862 -0,0010568 0,0002849
1762,0862 -0,0009836 0,0002864
1764,6999 -0,0009109 0,0002835
1771,3524 -0,0008547 0,0002822
1772,2670 -0,0008114 0,0002824

As curvas dos coeficientes de contração, velocidade e de descarga em


função do número de Reynolds estão representadas no gráfico da Figura 1.

Figura 5 - Gráfico da relação entre os coeficientes e o número de Reynolds


10

4.2. Bocal cilíndrico externo

Os cálculos para o bocal externo foram realizados a partir das fórmulas já


apresentadas e das medidas feitas através da bancada experimental. Tais medidas
são as coordenadas x e y, o tempo (t), o nível d’água e h que corresponde à
diferença altimétrica entre a superfície do líquido no reservatório e o bocal. A tabela
a seguir contém os dados de Velocidade teórica e real, Vazão teórica e Real, os
coeficientes de contração, velocidade e descarga e o número de Reynolds do bocal
externo. No bocal externo, o jato de água opera colado internamente ao bocal,
dessa forma o coeficiente de contração vale 1. Nota-se, que por essa razão, o
coeficiente de velocidade e de descarga são os mesmos.
Para encontrar os valores da tabela foram usadas as seguintes fórmulas:

𝑔
- 𝑉 𝑟
= 𝑥 2𝑦
, sendo x e y as coordenadas obtidas na bancada virtual

- 𝑉 𝑡
= 2𝑔ℎ, considerando 𝑔 com 9,81 m/s2.

- 𝑄 𝑟
=− 𝐴 𝑟𝑒𝑠 ( )𝑑ℎ
𝑑𝑡 𝑖
,sendo a 𝐴 𝑟𝑒𝑠
igual a 1,09m2.

- 𝑄 𝑡
= 𝐴𝑉 𝑡, considerando o diâmetro de 0,028m.
𝑉
- 𝐶 𝑣
= 𝑉
𝑟

- 𝐶 𝑑
= 𝐶 𝑣𝐶 𝑐

𝐷𝑉
- 𝑅𝑒 = ν
𝑡
, com νigual a 10-6.

Tabela 6 - Resultado dos cálculos para o bocal externo


Vr (m/s) Vt (m/s) Qr (L/s) Qt (L/s) Cc Cv Cd Re

3,931 4,387 1,516 1,985 1 0,89596 0,89596 105292

3,677 4,105 1,419 1,857 1 0,89564 0,89564 98527,47

3,467 3,869 1,340 1,750 1 0,89596 0,89596 92858,79

3,289 3,671 1,268 1,661 1 0,89577 0,89577 88112,82

3,136 3,493 1,206 1,580 1 0,89760 0,89760 83840,9


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No procedimento de cálculo também foi necessário encontrar valores da


𝑑ℎ
derivada ( 𝑑𝑡
) 𝑖
e de 𝜆 para o cálculo da Vazão real (Vr).

Tabela 7 - Valores que auxiliaram os cálculos


𝜆 (s/m0,5) (
𝑑ℎ
) (m/s)
𝑑𝑡 𝑖

1423,814 -0,0013913

1423,814 -0,0013019

1421,051 -0,0012294

1424,507 -0,0011637

1425,282 -0,0011067

As seguintes fórmulas foram usadas:

𝑡
- λ 𝑖
= 𝑖

ℎ 0− ℎ 𝑖

- ( ) 𝑑ℎ
𝑑𝑡 𝑖
=− ( ) ( )
2 ℎ
λ 𝑖
0
+
λ
2
2
𝑖
𝑡 𝑖, para i > 0

- ( ) 𝑑ℎ
𝑑𝑡 0
≃− ( ) 2 ℎ
λ 1
0
, para i = 0

Por fim, temos um gráfico que apresenta os 3 coeficientes obtidos em função


do número de Reynolds para as 5 medições realizadas.

Figura 6 - Gráfico dos coeficientes em função do número de Reynolds


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4.3. Bocal cilíndrico interno

A partir do experimento na bancada virtual, foram obtidos os seguintes


dados: coordenadas x e y, tempo (t) e altura do nível d’água (h). Em seguida foram
realizados os cálculos para obtenção da velocidade real (Vr) e teórica (Vt), da vazão
real (Qr) e teórica (Qt), do coeficiente de contração (Cc), de velocidade (Cv) e de
vazão (Cd) e do número de Reynolds (Re).

Tabela 8 - Resultados para o bocal cilíndrico interno

Vr (m/s) Vt (m/s) Qr (L/s) Qt (L/s) Cc Cv Cd Re

1,993251 4,100529 0,878402 2,52491 0,715691 0,486096 0,347894 114814,8

1,684605 3,740195 0,801213 2,303033 0,772403 0,450406 0,347894 104725,5

1,575803 3,245911 0,693573 1,998677 0,714799 0,485473 0,347016 90885,52

1,485682 3,052786 0,652217 1,879759 0,712952 0,486664 0,346968 85478

1,409441 2,894433 0,618242 1,782253 0,71237 0,486949 0,346888 81044,11

Para encontrar os valores da tabela foram usadas as seguintes fórmulas:


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𝑔
- 𝑉 𝑟
= 𝑥 2𝑦
, sendo x e y as coordenadas obtidas na bancada virtual

- 𝑉 𝑡
= 2𝑔ℎ, considerando 𝑔 com 9,81 m/s2.

- 𝑄 𝑟
=− 𝐴 𝑟𝑒𝑠 ( ) 𝑑ℎ
𝑑𝑡 𝑖
,sendo a 𝐴 𝑟𝑒𝑠
igual a 1,09m2.

- 𝑄 𝑡
= 𝐴𝑉 𝑡, considerando o diâmetro de 0,028m.
𝐴
- 𝐶 𝑐
= 𝐴
𝑐
, cálculo da área da seção contraída será mostrada a seguir.
𝑉
- 𝐶 𝑣
= 𝑉
𝑟

- 𝐶 𝑑
= 𝐶 𝑣𝐶 𝑐

𝐷𝑉
- 𝑅𝑒 = ν
𝑡
, com νigual a 10-6.

Também foram necessários obter os valores de λ e ( )


𝑑ℎ
𝑑𝑡 𝑖
para o cálculo da

vazão real e da A c para conseguir a coeficiente de contração.

Tabela 9 - Dados para suporte no cálculo

λ (s/m0,5)
( )
𝑑ℎ
𝑑𝑡 𝑖
(m/s)
Ac (m2)

2297,489 -0,00081 0,00044069

2297,489 -0,00074 0,00047561

2303,305 -0,00064 0,00044014

2303,622 -0,0006 0,000439

2304,156 -0,00057 0,00043864

As seguintes fórmulas foram usadas:

𝑡
- λ 𝑖
= 𝑖

ℎ 0− ℎ 𝑖

- ( ) 𝑑ℎ
𝑑𝑡 𝑖
=− ( ) ( )
2 ℎ
λ 𝑖
0
+
λ
2
2
𝑖
𝑡 𝑖, para i > 0
14

- ( ) 𝑑ℎ
𝑑𝑡 0
≃− ( )
2 ℎ
λ 1
0
, para i = 0

𝑄
- 𝐴 𝑐
= 𝑉
𝑟

A seguir o gráfico com três curvas relativas aos coeficientes de contração,


velocidade e descarga em função do número de Reynolds.

Figura 7 - Gráfico da relação coeficientes e número de Reynolds (bocal cilíndrico interno)

5. Análise dos resultados e conclusão

Durante a passagem de um líquido através de um orifício, verifica-se a


ocorrência de perda de energia e contração do jato livre. Consequentemente, os
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valores de velocidade e vazão previstos de maneira teórica, pela equação da


conservação da energia, são diferentes daqueles observados experimentalmente.
Dessa forma, a fim de corrigir essas diferenças, são utilizados os coeficientes
velocidade, contração e descarga. Evidentemente, tais coeficientes são fortemente
influenciados pelas características geométricas do orifício, isto é, sua abertura,
comprimento ou espessura da parede. Nessa seção são analisados os valores de
coeficientes, levantados experimentalmente para três tipos diferentes de orifícios e
bocais.

5.1. Comparação dos coeficientes obtidos entre os diferentes dispositivos

Os orifícios de parede delgada têm a relação entre a espessura da parede e


da abertura do orifício inferior a meio. Conforme mencionado, a curvatura de
aproximação dos filetes provoca a contração da área transversal. Esse efeito de
contração da área pode ser observado na Tabela 4, sendo a área contraída, obtida
pelo experimento, aproximadamente, 60% da área real. Ainda na Tabela 4, é
possível notar que combinando-se os efeitos de contração da área e perda de
carga. Os valores esperados eram Cd = 0,61, Cc = 0,63 , Cv = 0,97 e, portanto, os
resultados obtidos estão dentro do esperado.
Os resultados do experimento para o bocal cilíndrico externo estão contidos
na Tabela 6. Como este bocal tem parede mais espessa que o orifício de parede
delgada, o jato, após passar pela seção contraída, encontra espaço para se
expandir até ocupar integralmente a seção do bocal, consequentemente o
coeficiente de contração é igual a um. Neste bocal, o surgimento de uma zona de
baixa pressão na seção contraída gera um aumento da capacidade de descarga.
Os valores esperados para o bocal cilíndrico externo eram Cd = 0,82, Cc = 1
(por definição), Cv = 0,82 e, portanto, os resultados obtidos também estão
razoavelmente dentro do esperado.
Os valores obtidos para os coeficientes de vazão, contração e descarga do
bocal cilíndrico interno ensaiado estão contidos na Tabela 8. O fato do bocal
cilíndrico estar posicionado internamente dificulta a convergência dos filetes, isso
provoca uma grande redução do coeficiente de descarga.
Por fim, para os bocais cilíndricos internos esperava-se obter. Dessa forma,
os valores obtidos não estão dentro do esperado, provavelmente a coleta dos
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valores de no laboratório deveria ter contemplado valores mais variados e


espaçados de carga, o que não foi realizada e, consequentemente, a amostra se
tornou viciada.
Comparando-se os resultados levantados no experimento, constata-se que o
bocal cilíndrico externo é o que propicia o maior aumento da capacidade de
descarga. Isso ocorre, pois esse bocal é o que consegue ser mais eficaz na
conversão de energia potencial de pressão em energia cinética.
A maior capacidade de descarga do bocal cilíndrico externo pode ser
verificada comparando-se os valores de coeficiente de descarga. Sendo a mediana
desse valor igual a 0,89596. Enquanto, que para o orifício de parede delgada vale
0,6165 e para o bocal cilíndrico interno vale, apenas, 0,347016.
Observa-se também que o bocal cilíndrico interno apresenta a maior
diferença entre a velocidade teórica e real, pois o bocal por estar posicionado
internamente dificulta a convergência dos filetes de água.
O menor coeficiente de contração é encontrado no orifício de parede delgada,
haja vista, que diferentemente do que acontece no bocal cilíndrico externo, as
paredes por serem delgadas não permitem que o jato de água encontre espaço
para se expandir e ocupar todo espaço do bordo do orifício.

5.2. Avaliação do comportamento das curvas em comparação àquele


preconizado na literatura.

A Figura 8 apresenta os valores dos coeficientes de contração, velocidade e


descarga para orifícios de parede delgada. Foram desenhadas duas retas verticais
vermelhas para destacar a faixa dos valores de Reynolds ensaiadas neste
experimento. Analisando a curva, percebe-se que para esses valores do número de
Reynolds, a variação dos coeficientes é baixa. O mesmo comportamento pode ser
observado no gráfico da figura 1, obtido a partir do ensaio. Além disso, os valores
dos coeficientes calculados no experimento estão muito próximos dos apresentados
na Figura 8.

Figura 8 - Cc, Cv e Cd em orifícios de parede delgada


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Fonte: Adaptado de Moodle - USP, 2021

Nota-se que para cargas mais altas e, portanto para valores de Reynolds
mais elevados (regime turbulento), as estimativas para os coeficientes apresentam
menores flutuações. E, portanto, nestas faixas obtém-se as melhores aproximações
devido a menor variação dos valores.
Para as curvas dos bocais, presentes nas Figuras 6 e 7, o mesmo
comportamento era esperado, ou seja, os coeficientes Cc, Cv e Cd pouco variam em
função do número de Reynolds para valores elevados deste adimensional. Como
não houve grande variação da carga hidráulica durante os ensaios, as curvas não
apresentam grandes flutuações, permanecendo no mesmo patamar.
Então, concluímos que, bocais cilíndricos externos são mais eficazes na
conversão de energia potencial de pressão em energia cinética, haja vista que seus
coeficientes de descarga são mais elevados. Além disso, para regimes turbulentos,
os valores dos coeficientes tendem a atingir um patamar, sofrendo poucas
alterações.
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6. Bibliografia

PORTO, R.M. Hidráulica Básica. 4ª ed. São Carlos: EESC-USP, 2006.

LOFRANO, F. C.; MARTINS, J. R. S.; SOUZA, P. A. Laboratório Virtual 03 |


Roteiro para experiência. Disponível em <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile
.php/6130091/mod_resource/content/2/Lab%2003%20%20Roteiro.pdf?redirect=1>.
Moodle - USP, acesso em julho de 2021.

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