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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

SÍLVIO DE ALMEIDA BARBOSA

A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL SEUS DESAFIOS E PERSPECTIVAS

UNAÍ 2020
SÍLVIO DE ALMEIDA BARBOSA

GRUPO EDUCACIONAL FAVENI

A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL SEUS DESAFIOS E


PERSPECTIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Futura – Grupo Educacional Faveni,
como requisito parcial para obtenção do título de
Gestão Prisional.

Orientador: Prof. DsC. Ana Paula Rodrigues

UNAÍ 2020
A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL SEUS DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Sílvio de Almeida Barboda¹

Declaro que sou autor¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais.

RESUMO - O presente artigo trata do assunto segurança pública no Brasil, que é deficiente
em alguns aspectos, e esta é considerada um serviço de necessidade básica para o cidadão.
São muitos e graves os problemas enfrentados no setor, sendo o principal deles defendido
neste artigo, o baixo investimento governamental no setor. Quanto aos problemas que geram a
criminalidade impactando a segurança pública, este estudo defende ser a desigualdade sócio –
econômica e as facções criminosas, cada vez mais dominantes no Brasil. Este trabalho cita
também, o Sistema Prisional e Modelos de Gestão Prisional no Brasil. O objetivo deste estudo
é propor estratégias para que os problemas e desafios enfrentados pela segurança pública no
Brasil sejam sanados com eficácia. A metodologia utilizada foi revisão bibliográfica, com
consultas a periódicos renomados, estudos de caso, e dados estatísticos fornecidos pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Fórum da Segurança Pública Brasileira
(FSPB). Os resultados obtidos, são de análise qualitativa e a conclusão a que se chega, é de
que é necessária ação governamental urgente, na criação de medidas de valorização das
Forças Públicas, e criação de medidas econômicas e sociais que atenda à população
vulnerável economicamente.

PALAVRAS-CHAVE: Segurança Pública. Facções. Criminalidade. Violência.

ABSTRACT - This article deals with the subject of public security in Brazil, which is deficient in
some aspects, and this is considered a service of basic need for the citizen. There are many and
serious problems faced in the sector, the main one being defended in this article, the low
government investment in the sector. As for the problems that generate crime impacting public
security, this study argues that socioeconomic inequality and criminal factions are increasingly
dominant in Brazil. This work also mentions the Prison System and Prison Management Models
in Brazil. The objective of this study is to propose strategies so that the problems and challenges
faced by public security in Brazil are effectively addressed. The methodology used was a
bibliographic review, with consultations to renowned journals, case studies, and statistical data
provided by the Institute for Applied Economic Research (IPEA) and the Brazilian Public
Security Forum (FSPB). The results obtained are of qualitative analysis and the conclusion that is
reached is that urgent government action is needed, in the creation of measures to valorise the
Public Forces, and the creation of economic and social measures that serve the economically
vulnerable population.

KEYWORDS: Public Security. Factions. Crime. Violence.


1 INTRODUÇÃO

O tema segurança pública no Brasil é centro de grandes debates de âmbito social,


político e econômico, visto que diversos estudos citados por este artigo, se referem a um
sistema de segurança pública ineficaz, em grande parte devido ao baixo orçamento
destinado pela União aos setores pertencentes a esta autarquia. De acordo com o site
oficial do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), as despesas com segurança
pública no Brasil correspondem a apenas cerca de 1,38% do Produto Interno Bruto (PIB),
valor muito baixo destinado a um setor que é considerado necessidade básica do cidadão
(FBSP, s/d).
Os problemas atuais, em se tratando de segurança pública no Brasil, são muitos e
graves, entre os principais problemas figuram uma falha na atual Constituição do Brasil sobre
o tema, pois não define o que é segurança pública define apenas quem é responsável por ela a
desigualdade econômica e social que é grande geradora de criminalidade, o problema
principal defendido neste artigo, é sistema carcerário precário, capítulo a parte onde será
debatido números que expressam problemas, também o baixo investimento nos órgãos
responsáveis por praticarem o exercício da segurança pública, baixo índice de resolução em
investigações de crimes de homicídio, reformas estruturais que não são concretizadas, uma
elevada quantidade de facções especializadas em crimes existentes principalmente nas
grandes cidades, e uma legislação ineficiente presente no código brasileiro que permite
brechas e lacunas que corretamente exploradas dão a chance para que criminosos possam se
utilizar para serem liberados de uma eventual punição. Não existem dados atuais de que o
Brasil tenha entrado em conflitos externos, sendo assim, a maior problemática para a
segurança pública no Brasil, é de âmbito interno.
As perspectivas de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020,
formulado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), são animadoras em alguns
setores, e desmotivadoras em outros, como será debatido mais adiante.
Este artigo justifica-se pela necessidade pessoal em explorar os problemas e desafios
enfrentados pelo setor de segurança pública no Brasil, assim como examinar as estatísticas da
criminalidade, avaliando as perspectivas futuras para o setor. Em caráter científico, justifica-
se em realizar um levantamento sobre a situação da segurança pública no Brasil, analisando os
problemas e desafios, assim como suas perspectivas futuras. Em caráter acadêmico, justifica-

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se como uma opção de literatura para acadêmicos, profissionais da área, e interessados no
tema.
O objetivo desta pesquisa é propor ideias procurando, assim, planear estratégias para
que os problemas e desafios enfrentados pela segurança pública no Brasil sejam sanados com
eficácia.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Este artigo será desenvolvido, tendo como base o tipo de pesquisa exploratória,
utilizando-se de fontes de pesquisas primárias e secundárias, como relatórios técnicos,
dissertações, artigos, projetos de estudo em curso, livros, e artigos de revisão. Foram
consultados autores como FERREIRA, sites que compartilham dados estatísticos como o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Fórum Brasileiro de Segurança Pública
(FBSP), entre outros. Os resultados da pesquisa serão apresentados de forma qualitativa. Os
métodos aplicados, foram revisão bibliográfica e estudo de documentos.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 BREVE HISTÓRIA DA SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL E NOS DIAS DE


HOJE.

A segurança pública no Brasil se inicia com a chegada da família real portuguesa a


então colônia de seu país, em 1808, quando foi instituída a Intendência Geral da Polícia da
Corte e do Estado do Brasil, criada no Rio de Janeiro. Essa instituição, tinha a função de
atribuir punições, fiscalizar o cumprimento destas, além de acumular outros tipos de funções,
hoje não mais delegado ao corpo da polícia, como serviços de infraestrutura urbana, eram
responsáveis pela iluminação, abastecimento de água, entre outros serviços de infraestrutura
urbana, funcionava em âmbito judiciário (MARCINEIRO, PACHECO, 2005).
O Exército Brasileiro, fundado em 1648, tendo como responsabilidade atuar nos
eventuais conflitos externos que a colônia pudesse entrar, não havia muita distinção com a
Guarda Nacional, criada com a Declaração da Independência do Brasil, em 1822, período no
qual o Brasil entrou em diversos conflitos internos e externos tendo a Guarda Nacional
participado lado a lado com o Exército Brasileiro dos conflitos externos atuando ao mesmo
tempo nos conflitos internos, neste período a segurança individual do cidadão ainda era
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confundida com a segurança do país não havia a preocupação nem a definição de Segurança
Pública (CRUZ, 2013).
Segundo Cruz (2013) em 1920 a Foça Policial era também chamada de Forças
Públicas, pois esta colaborava com as Forças Armadas e então passou a adotar as diretrizes do
Exército, adquirindo assim, um caráter repressivo, dominador, atuando conjuntamente com as
Forças Armadas na defesa do território em seu todo e também dos estados, sendo assim a
Força Policial era considerada uma espécie de reserva das Forças Armadas. Ainda segundo
este autor, no início do Governo Provisório da era Vargas, em 1930, a situação política e
social no Brasil era intensamente turbulenta, haviam manifestações populares que exigiam
democracia, eleições e uma nova Constituição, pressionando o Governo Federal a quatro anos
mais tarde, a controlar as Forças Públicas, tentativa para não ser deposto, criando a Força
Reserva de Primeira Linha do Exército, em 1934, período em que ocorreu as primeiras
referências a Polícia Militar que se conhece hoje, cumprindo determinação do art. 5º e 167 da
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934. Em 1946, as forças públicas
são denominadas como “Polícias Militares”.
Com o início da ditadura militar, em 1964, o Brasil experimentou revoltas, haviam
opositores ao regime agrupados em guerrilhas armadas, manifestações que terminavam com
violência policial contra os civis, entre outros momentos de revoltas políticas e sociais, então
a segurança foi centrada nas Forças Armadas, e o efetivo policial passou a ser controlado pelo
Governo Federal, onde os chefes de segurança, eram pessoas com altas patentes do Exército,
inserindo na instituição ações que priorizavam a segurança nacional, dando pouca importância
a segurança pública, e usavam da repressão e violência, para controlar os ânimos internos que
se encontravam exaltados, tirando dos chefes dos estados, a possibilidade de organizarem seu
próprio efetivo policial, sendo esta nova modalidade de organização das forças de segurança
pública e nacional, consolidada pela Constituição da República de 1967 (CRUZ, 2013).
Com a oficialização de uma nova constituição no Brasil, em 05 de outubro de 1988,
foi definido um novo conceito de segurança pública, a nova Constituição (1988), defende que
a segurança pública é obrigação do Estado, sendo esta de direito dos cidadãos, e portanto
todos os cidadãos devem ser responsáveis por ela, e que em sentido de manter a ordem
pública e incolumidade dos cidadãos e do patrimônio, os seguintes órgãos irão exercê-la:
Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal. Polícias Civis,
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. A partir de então, houve uma
descentralização do controle policial, retornando aos governadores dos Estados, o poder de

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organizar sua Força Policial, a qual foi incumbida, de inibir a violência e manter a ordem
(BRASIL, 1988).
Em 2020 a segurança pública no Brasil, segue os parâmetros da Constituição de 1988,
com algumas emendas constitucionais, que permitem em certos casos, a criação da Guarda
Civil pelos municípios por exemplo, e é exercida por diversos setores, sendo a Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal, mantidas pelo Governo
Federal, que também é responsável pela organização destas, já as polícias civis, policias e
corpos de bombeiros militares, são forças submetidas ao Exército, auxiliares deste, e
obedecem aos comandos dos Governadores dos Estados. Existe ainda, a Força de Segurança
Pública, subordinada ao Ministério da Justiça, denominada Secretaria Nacional da Segurança
Pública, que possui entre as suas funções, atos como implementar e acompanhar os programas
e políticas elaboradas para a segurança pública, além de avaliar as mesmas. Sendo também
sua função, promover programas de incentivo e ajuda aos estados e municípios, na elaboração
e execução de programas para contenção da criminalidade no território nacional.( POLITIZE!,
2018)
De acordo com a Constituição de 1988, a Polícia Federal, atua na apuração de delitos
contra a União, em âmbito interestadual e internacional, também no combate ao tráfico de
drogas, no policiamento marítimo, em aeroportos e fronteiras. A Polícia Rodoviária Federal,
patrulha as rodovias federais, e a Ferroviária, as vias férreas dentro do território nacional. A
Polícia Militar, atua no patrulhamento e manutenção da ordem pública, a Civil na
investigação e apuração de ações penais, e o Corpo de Bombeiros Militar, em situações de
defesa civil, atuando também no atendimento a demandas de desastres naturais ou não
(BRASIL, 1988).
Existe ainda, a chamada de Guarda Civil Municipal, ou para os casos de capitais,
Guarda Metropolitana, que segundo NETO (2016), é uma organização que pode ser instituída
pelas prefeituras, utilizando-se de leis específicas complementares, com a função de
colaborarem na segurança pública. Esta instituição não é uma organização militar.
Há ainda, o sistema carcerário brasileiro, e seus modelos de gestão, que a partir da
aprovação da Emenda Constitucional 104/2019 em 04 de novembro de 2019, os integrantes
passaram a ser chamados no meio da Segurança Pública, de policiais penais. Antes chamados
de agentes penitenciários, passaram a ter certos poderes de polícia, como poderes de
investigação, não deixando de lado sua obrigação de manter a ordem nos presídios (BRASIL,
2019).

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3.2 SISTEMA PENITENCIÁRIO E GESTÃO PRISIONAL NO BRASIL

Um desafio para a segurança pública no Brasil, que este artigo tem como foco, é o
sistema penitenciário que se encontra sobrecarregado, pois as prisões no Brasil, em sua
maioria, estão com superpopulação carcerária, segundo reportagem publicada em 2 de
fevereiro de 2017 no site BBC Brasil, o país possuía no período a quarta maior população
cumprindo pena em regime fechado do mundo, sendo o número de vagas disponíveis de 371
mil vagas, e a população carcerária em número de 622 mil detentos. Existe também o
problema dos métodos de correção do infrator como afirma, em reportagem a BBC Brasil
publicada em 2017, Waiselfisz, sociólogo, autor do Mapa da Violência e coordenador de
estudos sobre Segurança Pública da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais
(Flacso), segundo o autor, o problema maior é que o Brasil tem alto número de
encarceramento, e mal encarceramento, o autor afirma que o país se voltou para uma política
de guerra contra as drogas, e qualquer cidadão que é pego com substâncias ilícitas, é preso,
então se o jovem entra na prisão como um contraventor, ele vai para a universidade do crime,
como se refere as prisões, e defende que o encarceramento não causa melhoria da segurança
(WAISELFISZ, 2017).
Waiselfisz (2017) deixa claro que o modelo prisional brasileiro atual, é como uma
universidade do crime, o autor afirma que muitos detentos entram nas instituições como um
contraventor, e saem preparados para cometerem crimes maiores.
Segundo infográfico publicado no site do Senado Federal (s/d), a gestão do sistema
prisional brasileiro se divide em públicos federais, onde a gestão prisional fica a cargo da
União (Departamento Penitenciário Nacional), sendo 4 unidades distribuídas pelo país,
públicos estaduais e distritais, sendo 1368 unidades no Brasil, e com gestão a cargo dos
governos estaduais e Distrital, Parceria Público Privada (PPP), onde a gestão é feita pela
empresa gestora com fiscalização do governo, existindo três unidades no país, organizações
sem fins lucrativos, entidades como as Associações de Proteção e Assistência ao Condenado
(APACs) de origem religiosa, sendo 50 unidades no país, e Cogestão, onde o Governo
administra e terceiriza todas as outras funções, sendo 29 unidades no país.
De acordo com o mesmo infográfico, no quesito educação do detento, nota-se que nas
entidades prisionais federais é oferecido ensino fundamental e médio na modalidade EJA, e
iniciação profissional com base em convênios como com a intuição SENAI e institutos

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federais, o infográfico não informa, porém se este recurso é oferecido a toda a população
carcerária. Nas instituições prisionais estaduais, também é oferecido ensino fundamental e
médio na modalidade EJA, e iniciação profissional com base em convênios como com a
intuição SENAI e institutos federais, porém, este recurso está disponível para apenas 11% dos
detentos. Nos institutos onde o modelo de gestão é a Cogestão, a educação é terceirizada e
limitada a presos com bom comportamento. Nas prisões onde o modelo de gestão é PPP, a
empresa gestora é responsável pelo ensino, e existem vagas para todos os detentos com bom
comportamento. Onde o modelo de gestão é de organizações sem fins lucrativos o ensino é
obrigatório para todos.
No quesito oferta de trabalho ao detento, nas prisões federais, não existe oferta de
trabalho, nas estaduais, existem convênios com empresas como Funap, Procap e Pronatec
Prisional, porém só existem vagas para 20% dos detentos. Onde o modelo de gestão é
Cogestão, as vagas são apenas para detentos com bom comportamento. Onde o modelo de
gestão é PPP, 19 empresas conveniadas oferecem 500 vagas, e estas são limitadas a detentos
com bom comportamento. Onde o modelo de gestão é organização sem fins lucrativos, o
trabalho é obrigatório para todos (SENADO FEDERAL, s/d).
Segundo o infográfico citado acima, quanto a taxa de ocupação nos presídios federais
esta é de 52%, estaduais e distrital, de 205%, quando o regime é Cogestão, a taxa de ocupação
se encontra nos 143% em algumas unidades, PPP 100%, E APACs também em 100% de
ocupação. O infográfico mencionado, deixa claro o problema que as Gestões Prisionais
enfrentam quanto a superpopulação de presidiários em algumas unidades, sendo o maior
problema, encontrado nas instituições estaduais e distrital, com lotação a mais de 200%.
(SENADO FEDERAL, s/d)

3.3 PROBLEMAS, DESAFIOS E PERSPECTIVAS PARA A SEGURANÇA PÚBLICA


BRASILEIRA

Existe uma falha na Constituição brasileira acerca do tema segurança pública, em


reportagem publicada em 12 de fevereiro de 2017 no site BBC Brasil, o então diretor e
presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, afirma: "Nossa
Constituição não diz o que é segurança pública, nenhuma lei diz que segurança pública é
proteger a população ou investigar criminoso, só diz por quem a segurança vai ser exercida"
(LIMA, 2017).

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De acordo com a fala de Lima (2017), a atual Constituição brasileira tem uma lacuna
em relação a segurança pública, pois não a define em seu todo, dando brechas para que as
diretrizes a serem seguidas pelos órgãos competentes, sejam interpretadas à sua maneira por
cada responsável por executar a segurança pública.
Outro fator apresentado neste artigo como problema para a segurança pública, é a alta
desigualdade econômica e social existente no país, é vasta a literatura onde se afirma que a
pobreza é causadora de criminalidade, não se pode porém, afirmar que todo pobre é
criminoso, porém uma pequena parcela desta população, enxerga o crime, principalmente o
tráfico de drogas, como saída fácil para a situação financeira em que se encontra. Ao analisar
o Atlas da Violência de 2018, formulado pelo Instituto IPEA em parceria com o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), nota-se que os locais que possuem a maior
incidência de crimes, são locais com alta concentração populacional, onde o IDH é mais
baixo, e onde possui maior desigualdade econômica e social.
Outro desafio apresentado neste artigo é o baixo investimento nos órgãos responsáveis
pela segurança pública, ao analisar o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em
2016, percebe-se que apenas 1,5% do PIB brasileiro é repassado para a área da segurança
pública, gerando um déficit no setor na questão de armamento e treinamento adequado dos
agentes, modernização tecnológica nos departamentos, e até mesmo defasagem nos salários
dos servidores.
Destaca-se também, como outro fator prejudicial, o baixo índice de resolução de
investigações de homicídios no país, o documento "Diagnóstico da Investigação de
Homicídios no Brasil", publicado em 2012, e realizado pelo Conselho Nacional do Ministério
Público (CNMP), afirma que no período, apenas 5% dos homicídios eram solucionados no
Brasil, gerando contrastes com países desenvolvidos, onde a média de resolução de crimes de
homicídio, chegam a 93%. Este estudo propõe, que a causa deste problema, é a escassez de
recursos destinados aos órgãos competentes, que geram sobrecarga a estes, e falta de
condições para o trabalho ser executado com eficácia.
O problema apresentado, reformas estruturais que não são concretizadas, se refere a
reformas administrativas, reformas do código penal, mais recursos para políticas de segurança
pública. Como afirma Waiselfisz em reportagem publicada pela BBC Brasil em 2017:

"O plano nacional de segurança pública de hoje é (semelhante ao) de 2002, então
temos uma série de reformas que se discutem mas não foram concretizadas até hoje,
como reforma do código penal, desmilitarização da polícia, mais recursos para
políticas públicas". (WAISELFISZ, 2017).
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Ainda na mesma reportagem citada acima, Lima, então diretor e presidente do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, afirma:

"Como não há uma clareza sobre o que é segurança pública, quem dá sentido a isso
são as instituições, em especial a polícia, mas também tribunais, delegacias,
Ministério Público. Cada uma faz um pedaço em uma profunda desconexão tanto
administrativa quanto republicana, envolvendo judiciário com executivo e
defensoria [ ...] Nesse quadro de baixíssima eficácia institucional, que afeta a
resolução do que poderíamos pensar como segurança pública, ninguém se sente
dono do problema, fica um jogo político de empurra com uma baixíssima
governância da vida pública" (LIMA, 2017).

Segundo Lima (2017), há desconexão entre os setores responsáveis pela segurança


pública, afirma que os setores não assumem sua parcela de culpa, empurrando para os demais,
o problema não resolvido.
O alto número de facções criminosas presentes no Brasil, é alarmante, como mostra a
tabela abaixo, retirada do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2018, onde se apresentam
as principais facções criminosas presentes por número de estados:

Tabela 1: Presença de facções criminosas por número de estados

FACÇÃO ESTADOS
PCC (Primeiro Comando da Capital) 23

CV (Comando Vermelho) 7

CV regionais 5

Família Monstro 2

Okaida 2

FDN (Família do Norte) 1


Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2018)

Os dados apresentados na tabela acima, demonstram a existência de facções


criminosas, em vários Estados brasileiros, sabe-se que estas facções, lutam por expansão de
seu território, e aliciamento de novos membros todo o tempo, são também responsáveis por
diversos ataques ao patrimônio público, comandam o tráfico de drogas, armas, entre outros.

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Por último, fala-se sobre as lacunas e brechas presentes no código penal brasileiro,
existem conflitos entre leis vigentes, os quais são amplamente explorados pelos advogados
dos contraventores, retardando, ou mesmo anulando a pena punitiva para o infrator. Outro
problema ligado a este fato, é que as penas no Brasil, são cumpridas em regime fechado em
apenas uma parcela de um sexto do tempo definido judicialmente, após o cumprimento deste
tempo, o infrator tem a progressão para o regime aberto, além de, no tempo em que está
encarcerado, ter direito a vários direitos, entre eles a saída temporária a qual é amplamente
facilitada (CÓDIGO PENAL BRASILEIRO, 1940).
Quanto as perspectivas, ao analisar o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de
2020, formulado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), nota-se que estas são
boas em algumas áreas, em outras se constata um aumento no número de homicídios dolosos
no país em comparação ao ano de 2019. O cenário apresentado no documento é recente, e
ainda não há dados que se definam uma consolidação da situação apresentada.
Segundo o Anuário mencionado acima, a Polícia Federal e Rodoviária Federal, foram
as duas Forças Públicas que se destacaram no cenário do combate ao crime em 2020, visto
que o documento afirma que no primeiro semestre de 2020, houve o maior índice de
apreensão de drogas sobretudo maconha e cocaína, da história do país, como dito
anteriormente, o cenário é recente, e não se pode consolidar ainda o fato, pois há a
possibilidade de nova articulação das fações criminosas ligadas ao tráfico de drogas, como
novas rotas, meios e técnicas de distribuição das drogas ilícitas.
Ainda segundo o Anuário citado acima, houve no ano de 2020, um direcionamento de
parte da Polícia Federal, com a finalidade de propor investigações que atinjam a origem dos
recursos financeiros, sobretudo da maior facção criminosa do país, Primeiro Comando da
Capital (PCC), e sua estrutura que permite a utilização do recurso financeiro. Como evidencia
a guerra entre facções criminosas no Brasil em 2017, as facções criminosas possuem alto
potencial de impacto na taxa de homicídios no país, sendo a ação executada pela Polícia
Federal, e Rodoviária Federal, de grande valia inicial para tirar um pouco do poder de
facções. Por outro lado, segundo o mesmo Anuário, houve em 2019, redução nos gastos em
comparação a 2018, em um todo, com o Policiamento de 1,2%, com a Defesa Civil redução
de 19,1%, e no setor Informação e Inteligência houve aumento nos gastos de 7,6%.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

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A falha na Constituição brasileira citada anteriormente, quanto a não definição do
sentido de segurança pública no Brasil, gera conflitos entre os poderes, pois esta falha,
permite que cada chefe de Estado, interprete o termo segurança pública a seu critério,
ocasionando desconexão e falta de cooperação entre as forças públicas, este fato pode ser
comprovado, pela opinião popular, que muitas vezes comparam a polícia de um estado da
Federação, com a de outro, como uma sendo mais branda, e outra mais brusca.
Quanto ao sistema penitenciário brasileiro, nota-se dois problemas, a superpopulação
carcerária, e os métodos aplicados aos detentos, estes possuem grandes chances de saírem do
sistema penitenciário, como criminosos de maior potencial, para que isso não ocorra, o
filósofo Michel Foucault, em sua obra “Vigiar e Punir: nascimento da prisão”, afirmava que
os detentos deveriam ser separados dentro da unidade prisional por gravidade de delito, para
que não houvesse contato de detentos com contravenções leves, com infratores de gravidade
maior, impedindo assim que os presídios recebesse a denominação de “Universidade do
crime” que recebem hoje.
No desenvolver deste artigo, torna-se claro que o investimento nas forças de segurança
pública no Brasil é muito baixo, tornando os órgãos responsáveis, incapazes de executarem o
serviço com presteza.
O motivo da alta criminalidade no país, para Fernandes (2002), é a desigualdade social
e econômica, o autor afirma, que a maioria dos assaltantes são seres rudes, pouco
alfabetizados e pobres, quando não são miseráveis, portanto não possuem uma formação
moral, sendo parias da comunidade, possuindo sentimentos negativos contra os que possuem
bens como automóveis luxuosos e mansões. Complementa que o sentimento de revolta por
viverem na pobreza, é um fator que induz o indivíduo ao crime, o autor considera como
fermento esse ódio nutrido pelos indivíduos contra os possuidores de bens, fermento que faz
crescer o bolo do inconformismo, insatisfação, da revolta que faz com que estes indivíduos
cometam de crimes leves como destruir uma cabine telefônica, até crimes bárbaros. O autor
afirma ainda: “[...]as causas todas emanam, principalmente, da má distribuição de riquezas e do conluio do
poder público com o poder econômico[...](FERREIRA, 2002, p. 389).
Segundo Fernandes, a má distribuição de renda gera criminalidade, atribuindo aos
delinquentes, problemas de natureza social, como a necessidade de ostentar bens de luxo que
enxergam as altas classes possuindo, assim cometendo crimes na tentativa de também
usufruírem de uma vida mais confortável.
Publicado o Anuário Brasileiro de Segurança Pública em 2020, criou-se uma
esperança na resolução do problema, visto que, apesar de as taxas de homicídio terem
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crescido em relação a 2018, houve uma maior atuação da Polícia Federal, no combate a
facções criminosas que são grandes geradoras de criminalidade.

4 CONCLUSÃO

Conclui-se com este estudo que os problemas e desafios enfrentados no Brasil quanto
a segurança pública possuem diversos fatores de causa, sendo o fator principal a desigualdade
econômica e social que assola o país, aliada a alta taxa de criminalidade o baixo investimento
na segurança pública, o domínio das facções criminosas, brechas e lacunas nas leis que
permitem que os infratores escapem da punição, gera um estado de desordem pública. Outro
fator também gerador de desordem pública, é o fato de a Constituição de 1988, a qual
seguimos nos dias de hoje, não definir o sentido exato de segurança pública, fazendo com que
cada Estado, tenha suas próprias diretrizes além das estabelecidas pela União, fazendo com
que estas trabalhem de formas diferentes em certos aspectos.
Para solução a estes problemas, este trabalho propõe primeiramente, reformas
administrativas, políticas e sociais. Administrativas e políticas, no sentido do Governo
Federal, fomentar a importância da segurança pública que é considerada um direito básico do
cidadão, destinando uma parcela maior do PIB a área, para que os setores pertencentes a
jurisdição, tenham condições de trabalho, com atualização de tecnologias, armamento,
melhorias salariais que devem conter uma alta taxa de insalubridade para os profissionais da
área, além de reformas físicas nas sedes desses poderes, que se encontram em grande parte
sucateadas. Quanto as reformas sociais, a União deve investir na geração de oportunidades de
estudo, trabalho, esporte, lazer da população menos favorecida economicamente, para que
estes tenham a oportunidade de não se sentirem a margem da sociedade, tendo acesso aos
direitos básicos dos cidadãos, sendo esta ação, capaz de reduzir o alto número da população
carcerária, que é um problema amplamente debatido neste artigo, os presídios se encontram
com superpopulação, e com integrantes de máfias comandando as operações de dentro dos
presídios, sendo necessário para sanar este problema, maior empenho financeiro do Governo,
para que se possam construir mais prisões, e adequá-las melhor.
Em segundo lugar, este artigo defende a criação de uma Emenda Constitucional, a
qual define concretamente a segurança pública, com suas diretrizes a serem seguidas por

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todos os setores da segurança pública, criando assim uma homogeneidade no modo de agir
das instituições.
Quanto as brechas e lacunas presentes no código brasileiro, estas devem ser sanadas,
criando-se leis complementares, que possam anular qualquer lei que de certa forma anule
outra.
REFERÊNCIAS

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sendo solucionados ao redor do mundo. In: BBC NEWS BRASIL (Brasil). 5 problemas
crônicos das prisões brasileiras ─ e como estão sendo solucionados ao redor do mundo.
[S. l.], 2017. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-38537789. Acesso em:
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