Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RIO DE JANEIRO
2020
INTRODUÇÃO:
A obra de George Orwell, “A Revolução dos Bichos”, inicialmente rejeitada
de ser publicada em boa parte da Europa, foi escrita em meados de 1943 e sua
publicação ocorreu em 17 de agosto de 1945, na Inglaterra, eclodindo na Europa
na época da Segunda Guerra Mundial. Suas referências políticas são óbvias em
relação ao contexto da época. Orwell utilizou-se do gênero textual fábula,
compondo textos onde os personagens são animais que apresentavam
características humanas, como falas, ações em grupo, discursos e costumes
moralizantes. A forma literária se divide em narrativa e conclusão levando como
pano de fundo um viés político de dominação e manipulação, no intuito de sugerir
uma verdade ou uma reflexão de ordem moral. (SILVA, 2006 op cit SANTOS,
2020).
O autor, que foi combatente na guerra civil espanhola e conheceu de perto
o exército soviético de Stalin, constrói uma narrativa pela qual pode-se verificar
uma crítica ao sistema comunista de governo e uma denúncia contra a traição do
líder soviético. Pois, os princípios da revolução implantados na Rússia foram
sendo vilipendiados no decorrer do tempo, principalmente na ditadura stalinista. A
Obra expõe o quanto era utópico o ideal de “igualdade” que tanto os animais
buscavam, e que, no entanto, lhes seria impossível por causa da sedução de um
grupo em dominar aos demais como seus subordinados e não por serem seus
camaradas. (SANTOS, 2020).
Essa obra desenhou uma sociedade utópica que fora almejada por um
grupo a partir da difusão das ideias de uma mente revolucionária, que mesmo
depois de sua morte, reverberaram nas mentes de seus companheiros da Granja.
Todavia, o ideal foi conduzido de tal forma que a tirania e vileza humana
incorporada nos antes porcos-dominados e martirizados, os levaram a um regime
totalitário ditado e reeditado segundo os interesses dos agora porcos-
dominadores. Para tanto, os porcos utilizaram-se do saber referentes a direitos
positivados e da linguagem de modo bastante persuasivo para controlar e
subordinar os demais animais. (ORWEL op cit PROCÓPIO, 2015, p.1)
Por conseguinte, o texto evidencia como a linguagem pode ser utilizada
como um instrumento de persuasão das massas, fenômeno que fora estudado
pela escola sociológica de Frankfurt (SANTOS, 2020). E como uma boa
argumentação usada por um líder astuto, se perfaz como legitimadora das
atrocidades e barbáries deferidas pelo mesmo aos demais, impondo desta forma
novos parâmetros de justiça por meio da positivação das leis.
Entre essas semelhanças do conto e da realidade histórica de seu autor,
está a forma de divisão do poder constituinte que aparece no enredo de forma
explícita, iniciando com o Poder Originário e desenvolvendo-se para o poder
reformador afim de beneficiar os ideais de um determinado grupo: os porcos.