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A segunda é que poucas socie- Este livro é um panorama fascinante de uma Áfri- O Rinoceronte de Ouro propicia ao leitor um iti-
françois-xavier fauvelle
são desesperadoramente silenciosas a respeito africanos tinham seus palácios e mercadores es-
de setores inteiros da realidade, como a ‘econo- vestígios restabelecem a história de uma África mó- trangeiros residiam, onde se trocavam produtos
mia’ ou mesmo a organização social, as relações vel, mercantil e misteriosa. de luxo ou escravos e se construíam mesquitas
de poder, a família, o campo, a vida cotidiana. ou igrejas; que foi atriz da exploração de seus
O vitral tem suas vantagens: por meio da sele- próprios recursos, dos quais o ouro ocupava
ção deliberada dos fragmentos, compõe-se uma um lugar proeminente. No mundo de então, a
história cujos traços dominantes são os aspectos África gozou de uma fama considerável, da Eu-
mais bem esclarecidos pelas fontes – os poderes ropa à China.
reais, as cidades, os produtos do comércio. Por Por isso, para o autor importa compreen-
meio das justaposições escolhidas, autoriza-se der como essa África dos séculos intermediários
a fazer comparações entre uma região ou uma pôde, ao mesmo tempo, ser um centro de civili-
época e outra. Por meio do próprio processo zações tão brilhantes e se tornar obscura a pon-
de agrupamento, transmuta-se a frustração em to de sua redescoberta parecer uma tarefa tão
ambição: a de uma história incompleta, aberta ingrata. Séculos de ouro, não séculos obscuros,
às descobertas que ainda estão por ser feitas e às mas esquecidos. Quais são as razões desse es-
transformações de sentido”. quecimento? A primeira decorre da raridade das