Você está na página 1de 6

Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil

Faculdade STBNB
Bacharelado em Teologia
Disciplina: Teologia Sistemática 1
Prof. (a) Ronaldo Robson
Aluno (a): Cláudio Henrique Caldas Mattos

FICHAMENTO 10

Contemplando as palavras e atos de Deus, assim como contemplando as


palavras e atos do homem como indivíduo, somos compelidos a atribuir efeitos
uniformes e permanentes a uniformes e permanentes causas. Palavras e atos santos,
argumentamos, devem ter sua fonte em um princípio de santidade; palavras e atos
verdadeiros, em uma propensão para a verdade; palavras e atos benévolos, em uma
disposição benévola. Contudo, estas fontes de expressão e ação permanentes e
uniformes a que aplicamos os termos princípio, propensão, disposição, porque
existem de modo harmônico na mesma pessoa, devem ser inerentes e achar a sua
unidade em uma subjacente substância espiritual ou realidade da qual são
características inseparáveis e manifestações parciais.

Deste modo, somos levados naturalmente das obras aos atributos e dos
atributos à essência de Deus. Transcendentalismo”. Frequentemente a substancia e
representada como sendo deste modo transcendental. Se tais representações fossem
corretas, na verdade, a metafisica seria “aquilo de que os que ouvem não entendem
nada, e aquele que fala não se entende a si mesmo”, e a metafisica seria a raposa
que corre para a toca e, em seguida, puxa a toca para trás de si. Substancia e atributos
são correlatos; nenhum deles e possível sem o outro. Não existe nenhuma qualidade
que não qualifique alguma coisa. Aplicando as categorias da substancia e atributo de
Deus não condescendemos em nenhuma especulação simplesmente curiosa, mas,
ao invés disso, produzimos as necessidades do pensamento racional e mostramos
como devemos pensar em Deus se e que pensamos.

Os atributos de Deus são as características distintivas da natureza divina


inseparáveis da ideia de Deus e que constituem a base e apoio das suas várias
manifestações às suas criaturas. Chamamo-los atributos porque somos compelidos a
atribuí-los a Deus como qualidades ou poderes fundamentais ao seu ser a fim de dar
um relato racional de alguns fatos constantes nas auto revelações de Deus.
Eles não são meros nomes das concepções humanas de Deus, as quais têm
sua única base na imperfeição da mente finita. São qualidades objetivamente distintas
da essência divina e entre si. A noção nominalista de que Deus é um ser de
simplicidade absoluta e de que em sua natureza não há nenhuma distinção de
qualidades ou poderes tende diretamente para o panteísmo; nega toda a realidade
das perfeições divinas; ou, se estas, em qualquer sentido ainda existem, exclui todo o
conhecimento delas por parte dos seres finitos. Dizer que conhecimento e poder,
eternidade e santidade, são idênticos à essência de Deus e de umas com as outras é
negar que, na verdade, conhecemos Deus. As declarações da Escritura sobre a
possibilidade de se conhecer Deus, juntamente com a manifestação dos atributos
distintos da natureza, são conclusivas contra esta falsa noção da simplicidade divina.

Eles não são existências separadas. São atributos de Deus. Enquanto nos
opomos ao ponto de vista nominalista que sustenta que eles são meros nomes com
os quais, por necessidade do nosso pensamento, revestimos a essência divina
simples, precisamos igualmente evitar o extremo realista oposto que faz deles partes
separadas de um Deus composto. Só podemos conceber os atributos como
pertencendo a uma essência subjacente que fornece sua base de unidade. Se
representarmos Deus como um composto de atributos, pomos em perigo a unidade
da divindade. Eles devem distinguir-se de outros poderes ou relações que não
pertencem à essência divina universalmente. As distinções pessoais na natureza do
Deus uno não podem ser denominadas atributos; pois cada uma destas distinções
pessoais não pertence à essência divina como tal e universalmente, mas só à pessoa
particular da Trindade que tem o seu nome enquanto, ao contrário, todos atributos
pertencem a cada uma das pessoas. Contudo, o relacionamento que Deus mantém,
com o mundo como a criação, a preservação, o governo não deve ser denominado de

atributos porque estes não são necessários ou inseparáveis de Deus, mas acidentais.

Deus seria Deus ainda que ele nunca tivesse criado.

A essência se revela só através dos atributos. Sem seus atributos ela é


desconhecida e incognoscível. Apesar de que só podemos conhecer Deus como ele
se nos revela através dos atributos, não obstante, em conhecendo tais atributos,
conhecemos o ser a quem eles pertencem. O fato de que este conhecimento é parcial
não impede sua correspondência, até onde se pode chegar, à realidade objetiva na
natureza de Deus. Por isso, todas revelações de Deus são as de si mesmo nos seus
atributos ou através deles. Nosso alvo deve ser a determinação, a partir das obras e
palavras e Deus, das qualidades, disposições, determinações, forças de sua essência,
de outra forma invisível e insondável, a qual ele, na verdade, tomou conhecidas a nós;
ou, em outras palavras, quais os atributos divinos revelados. Já vimos que a existência
de Deus é uma verdade primeira. Pressupõe-se em todo o pensamento humano e é
mais ou menos conscientemente reconhecida por todos homens. Vimos que este
conhecimento intuitivo de Deus é corroborado e explicado por argumentos tirados da
natureza e da mente. A razão nos leva a uma Inteligência causativa e pessoal de que
dependemos. Este Ser de indefinida grandeza revestimos, por necessidade do nosso
pensamento, de todos os atributos da perfeição. Dois grandes métodos para
determinar o que são estes atributos são o Racional e o Bíblico. Absolutos ou
Imanentes são os atributos que se referem ao ser interior de Deus, envolvidos nas
relações de Deus consigo mesmo e pertencentes à sua natureza independentemente
de sua conexão com o universo. Relativos ou Transitivos são os atributos que se
referem à revelação exterior do ser divino e envolvem as relações de Deus com a
criação e se realizam em consequência da existência do universo e sua dependência
dele. Sob o tópico Atributos Absolutos ou Imanentes podemos fazer uma tríplice
divisão em Espiritualidade com os atributos que ela envolve, a saber, vida e
pessoalidade; Infinitude com os atributos que ela envolve, a saber, Existência Própria,
Imutabilidade e Unidade; e Perfeição com os atributos que ela envolve, a saber,
Verdade, Amor e Santidade. Sob o tópico Atributos Relativos ou Transitivos podemos
fazer uma tríplice divisão conforme a ordem da revelação deles em atributos relativos
ao Tempo e Espaço como a Eternidade e a Imensidade; Atributos relativos à Criação

como Onipresença, Onisciência e Onipotência; e Atributos relativos aos Seres Morais


como Veracidade e Fidelidade, ou Verdade Transitiva; Misericórdia e Bondade, ou
Amor Transitivo; e Justiça e Retidão, ou Santidade Transitiva.

As passagens da Escritura que parecem atribuir a Deus a posse de partes do


corpo e órgãos como olhos e mãos devem ser consideradas como antropomórficas e
simbólicas. Quando se fala que Deus aparece aos patriarcas e anda com eles, tais
passagens devem ser explicadas como referindo-se às manifestações temporárias do
próprio Deus em forma humana - manifestações que prefiguravam o tabernacular final
do Filho de Deus em carne. Ao lado destas expressões e manifestações
antropomórficas, contudo, há declarações específicas que representam quaisquer
concepções materializadas de Deus; como, por exemplo, que o céu é o seu trono e a
terra o escabelo de seus pés (Is. 66.1) e que os céus dos céus não podem contê-lo (1
Re. 8.27).

As Escrituras representam Deus como um ser pessoal. Pessoalidade significa


o poder de autoconsciência e autodeterminação. Para maior explicação assinalamos:
a) Autoconsciência é mais do que consciência. Quanto a esta última, supõe-se que o
bruto a tenha visto que o bruto não é um autômato. O homem não só é consciente de
seus próprios atos e estados, mas, por abstração e reflexão reconhece o eu que é o
sujeito destes atos e estados, b) Autodeterminação é mais do que determinação. O
bruto mostra determinação, mas sua determinação é o resultado de influências
externas; não há nenhuma espontaneidade interior. O homem, em virtude de sua
vontade livre, determina sua ação a partir do interior. A si mesmo determina em vista
dos motivos, mas sua determinação não é causada por motivos; ele mesmo é a causa.
Deus, como pessoal, no mais elevado grau de consciência, é autoconsciente e
autodeterminante. O aparecimento da ideia de Deus em nossas mentes, como
pessoal, depende em grande parte do nosso reconhecimento da pessoalidade em nós
mesmos. Os que negam o espírito no homem põem uma barreira no caminho do
reconhecimento de tal atributo de Deus. Infinitude não significa que a natureza divina
não tem limites ou fronteiras conhecidas, mas que não tem nenhum limite ou fronteira.
Aquilo que simplesmente não tem limites é indefinido. A inifinitude de Deus implica
que ele não em nenhum caminho limitado pelo universo ou confinado ao universo; ele
é tanto transcendente como imanente. Contudo, não se deve conceber a
transcendência simplesmente como liberdade de restrições espaciais, porém, ao
invés disso, como recurso ilimitado de que a glória de Deus é expressão.

b) Que a infinitude de Deus não envolve sua identidade com ‘o todo’, ou a soma
da existência, nem impede a coexistência dos seres derivados e finitos com que se
relaciona. Infinitude implica simplesmente que Deus não existe em nenhuma relação
necessária com as coisas ou seres finitos e que, qualquer que seja a limitação dos
resultados da natureza divina a partir da sua existência, é, da parte de Deus, uma
autolimitação. Que se deve conceber a infinitude de Deus de modo intensivo em vez
de extensivo. Não atribuímos a Deus extensão infinita, mas energia de vida espiritual
infinita. A que age até a medida de seu poder é simplesmente força natural ou física.
O homem se ergue acima da natureza em virtude de suas reservas de poder. Mas em
Deus a reserva é infinita. Há nele um elemento transcendente que não esgota
nenhuma auto revelação quer na criação ou redenção, quer na lei ou promessa.

Significa que a natureza, os atributos e a vontade de Deus são isentos de toda


mudança. A razão nos ensina que em Deus não é possível nenhuma mudança, quer
de aumento quer de diminuição, progresso ou regresso, contração ou ampliação.
Toda a mudança deve ser para melhor ou para pior. Mas Deus é perfeição absoluta e
não é possível nenhuma mudança para melhor. Igualmente inconsistente com a
perfeição é a mudança para pior. Não há nenhuma causa para tal mudança de Deus
quer exterior quer interior ou no próprio Deus. Como descrevendo, no tempo,
execuções dos propósitos existentes na mente de Deus. Não se deve confundir
imutabilidade com imobilidade. Isto negaria toda a vontade imperativa de Deus através
da qual ele entra na história. As Escrituras garantem-nos que a criação, os milagres,
a encarnação, a regeneração são atos imediatos de Deus. A imutabilidade é
consistente com a atividade constante e a liberdade perfeita.

Perfeição não é simples plenitude quantitativa, mas excelência qualitativa. Os


atributos que a perfeição envolve são morais. A ação correta entre os homens
pressupõe uma organização moral perfeita, um estado normal do intelecto, do
sentimento e da vontade. Assim a atividade de Deus pressupõe um princípio de
inteligência, sentimento e vontade em seu mais íntimo ser e a existência de um objeto
digno de cada uma destas forças da sua natureza. Mas no passado da eternidade
nada há que exista fora ou separado de Deus. Ele deve achar, e acha mesmo o
suficiente objetivo do intelecto, do sentimento e da vontade em si mesmo. Há um
conhecimento próprio, um amor próprio e uma vontade própria que constituem sua
perfeição absoluta. Conclui-se com propriedade a consideração dos atributos
imanentes, portanto, com o relato daquela verdade, amor e santidade que entendem
Deus inteiramente suficiente a si mesmo.

Verdade, não só no sentido de que ele é o ser que verdadeiramente conhece,


mas também no sentido de que ele é a verdade conhecida. O passivo precede o ativo;
a verdade do ser precede a verdade do conhecer. Toda a verdade entre os homens,
quer matemática, lógica, moral, quer religiosa, deve ser considerada como tendo seu
fundamento nesta verdade imanente da natureza divina como os fatos revelados no
ser divino. Portanto, este atributo constitui o princípio e garantia de toda a revelação
enquanto mostra a possibilidade de uma eterna autocontemplação divina
independente de toda a criação. Isto se deve entender só à luz da doutrina da
Trindade. Amor imanente de Deus não deve ser confundido com misericórdia e
bondade para com as criaturas. Estas são suas manifestações e devem ser
denominadas amor transitivo. Santidade é a pureza auto afirmada. Em virtude deste
atributo da sua natureza, Deus eternamente quer e mantém sua excelência moral.
Esta definição contém três elementos: primeiro, pureza; segundo, vontade de pureza;
terceiro, vontade de pureza em si mesma.

Negativamente, a santidade não é: a) Justiça ou pureza exigindo a pureza das


criaturas. Justiça, atributo relativo ou transitivo, na verdade é a manifestação e
expressão do atributo imanente da santidade, mas não deve ser confundido com ele.
Natureza de substância - Na natureza moral de Deus, agindo necessariamente, há,
na verdade, os dois elementos da vontade e do ser. Mas o passivo precede
logicamente o ativo; o ser vem antes da vontade; Deus é puro antes de desejar a
pureza. Porque a pureza, contudo, ordinariamente é um termo negativo e significa
apenas liberdade da mácula e do erro, devemos incluir nele também a idéia positiva
de retidão moral. Deus é santo no sentido de que ele é a fonte e o padrão do direito.

Teologia da vontade - A pureza não é simplesmente uma qualidade passiva e morta;


é penetrada e permeada pela vontade. Santidade é o movimento moral livre de Deus.
Santidade é a vontade própria de Deus. Sua própria pureza é o supremo objetivo de
sua própria consideração e sustento. Deus é santo no sentido de que sua excelência
moral infinita afirma e se declara como o mais elevado motivo e fim possíveis. Como
a verdade e o amor este atributo só pode ser entendido à luz da doutrina da Trindade.

Você também pode gostar