10 TENDÊNCIAS PARA
EM PAUTA
AGENDA POSITIVA
20,00
R$ 20,00
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INSPIRA, INCLUI E TRANSFORMA
por DANIELA ROCHA
Fevereiro 2021
nº 248
Impacto Positivo:
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da transformação.
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REVISTA RI © Publisher e Diretor Editorial: Ronnie Nogueira | Presidente do Conselho: Ronaldo A. da Frota Nogueira (1938-2017)
É uma publicação mensal da IMF Editora Ltda. Conselho Editorial: Antônio Castro, Edison Arisa, Eduarda La Rocque, Fábio Henrique de Sousa Coelho, Hélio Garcia, Jurandir Macedo,
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HOMENAGEM
MAGLIANO
UM HOMEM À FRENTE DE SEU TEMPO
Uma frase atribuída ao legislador grego Sólon afirma que um
homem só pode ser considerado venturoso após sua morte. Sim,
Sólon. Raymundo Magliano Filho foi um homem venturoso,
um homem que viveu uma vida que valeu a pena ser vivida. E nos
deixou, aos 78 anos, vítima da Covid-19, no dia 11 de janeiro de 2021.
Raymundo, ou Raimundinho, como era carinhosamente cha- do nos conceitos dos filósofos que Magliano admirava.
mado, fazia parte do conselho editorial desta revista desde o
lançamento. Na primeira reunião, ele pediu a palavra, olhou Esse homem revolucionário, simples e gentil era um verdadei-
demoradamente para todos os membros, então, perguntou: ro diplomata. Levou a Bolsa à praia e aproximou sindicatos,
“O que é isto? Quem nós somos?”. mulheres, estudantes e os mais diferentes públicos daquela
entidade que parecia ser para poucos, mas que podia ser de
Com a impressionante oratória que lhe era peculiar, o Raymun- muitos. De bermudão, jornal embaixo do braço e sorriso lar-
do perguntou: “Em que mundo nós vivemos? Não tem nenhum go, Magliano tinha sempre tempo e disposição para falar so-
negro, nenhuma mulher – será que o mercado de capitais é um bre os conceitos de grandes pensadores e levantar bandeiras
mundo só para homens brancos?”. Hoje, diversidade dos conse- que mostravam a importância da diversidade –assunto que
lhos é uma pauta comum; naquela época, não. nem estava em voga na época – e da democracia para que as
ideias sejam sustentáveis para a sociedade. Para ele, a concen-
Por qualquer ângulo que se olhe para a vida do seu Raymun- tração bancária, o machismo e a falta de direitos iguais ainda
do, vamos ver um homem que sempre esteve além do seu faziam com que a sociedade precisasse evoluir muito.
tempo, alguém que pautou a vida pela ética, pela inclusão e
pelo bem comum. Magliano, o descendente de italianos e capitalista herdeiro,
por definição de Max Weber, muito citado por nosso amigo,
Para alguns, ele poderia parecer um sonhador, já que a filosofia gostava de promover o diálogo e cutucar a importância e a
era uma das suas grandes paixões. Nas aulas particulares sema- força da sociedade. Em um dos seus artigos, escreveu “Não é
nais que ele fazia, estudava muitos pensadores como Norberto nenhum segredo que o mercado financeiro, mesmo em 2017,
Bobbio, Hannah Arendt e Antonio Gramsci, o que lhe rendeu é extremamente machista. A estigmatização da mulher e
muitas ideias, projetos e livros, como “A Força das Ideias para sua consequente exclusão nesse cenário, no entanto, pos-
um Capitalismo Sustentável” e “Um Caminho para o Brasil”. suem uma razão histórica, cujo conhecimento é indispensá-
vel para avançarmos em direção a uma sociedade mais igua-
Um dos grandes cases de sucesso da carreira dele foi o Movi- litária”. Encerrou o mesmo texto com uma defesa brilhante:
mento de Popularização da Bovespa (2001-2008), que demo- “A força das ideias para um agir transformador depende do
cratizou o acesso aos investimentos e deu a base necessária conhecimento da história social das nossas instituições, seus
para o mercado de capitais que vemos hoje, também inspira- limites e suas virtudes”.
Histórias, reflexões e ensinamentos não faltaram ao longo Depois de muitos ciclos, diferentes crises econômicas e
desses 78 anos de vida, mas a verdade é que ele não tinha mais 90 anos de história, em 16 de julho de 2020, o sonho
medo de dizer o que pensava. Sua transparência sempre foi de popularizar a Bolsa de Valores, nascido com o fundador
algo admirável. Mesmo com toda bagagem no mercado, cos- da Magliano Invest, ganhou um novo impulso. A fintech
tumava dizer que não entendia de Bolsa e que gostava mes- Neon Pagamentos comprou a corretora, encerrando um
mo era de pessoas. Viveu boa parte de sua vida em outra épo- ciclo e dando início a outro, em que os ensinamentos se-
ca, mas não deixou de usar os recursos para se comunicar. guiriam rumo a um novo mercado com a Neon. O desejo
de Raymundo Magliano de tornar o mercado de capitais
Pouco antes de ser internado, decidiu entrar no Instagram. acessível ao cidadão comum foi então expandido e ganhou
Ele estava animado, tinha melhorado de uma longa tempo- novos rumos.
rada de crises de asma. Estava disposto a desvendar outras
tecnologias. Com o acontecimento, Magliano Filho concedeu uma sé-
rie de entrevistas para a imprensa e uma em especial para
Mas ele nunca precisou estar nas redes sociais. Mesmo fora uma jovem repórter do Estadão. Ele ficou tão encantado
delas, era um comunicador com uma disposição e discipli- pela forma como a história foi contada pela jornalista,
na de dar inveja a qualquer jovem. Lia sempre todos os jor- que ligou para ela e para o editor, para agradecer. Quem
nais, com frequência ligava para jornalistas para elogiar faria isso? Alguém que dava valor às palavras e sabia que
uma reportagem. Ele era um porta-voz fantástico, falava elas escritas valem ainda mais, pois ficam gravadas para
de todos os assuntos, buscava entender de tudo. Ao falar de a eternidade.
política era reservado, não falava de nomes, não criticava
pessoas e seus erros. Ele discutia ideias sobre o futuro. Raymundo Magliano Filho foi um homem capaz de ques-
tionar o status quo e de confrontar verdades estabelecidas.
Poucos sabem, mas Magliano seguiu muitos passos do pai, Sempre com um cativante sorriso no rosto e uma bondade
Raymundo Magliano, que fundou a corretora número 1 da imensa no coração.
Bolsa e também motivou a criação de uma entidade de clas-
se das corretoras de valores. O pai chegou a presidente da Raymundo nos deixou, porém temos a sua obra. Temos um
Bolsa. Nessa época, o filho deu continuidade aos negócios mercado de capitais muito mais democrático, temos mui-
e, uma década depois do falecimento do pai, assumiu a li- tas empresas preocupadas com a responsabilidade social e
derança da Bovespa. a diversidade. Ainda vivemos cercados de muitas injusti-
ças neste país, porém temos a obra desse grande brasileiro
Dizem que o fruto não cai longe do pé e, na família Ma- para nos guiar na construção de um mercado de capitais
gliano, a paixão pelo mercado de capitais chegou na tercei- e um Brasil mais justo, mais inclusivo e mais sustentável.
ra geração. Raymundo Magliano Neto também ouvia com
atenção as histórias do avô e, antes de assumir a gestão da Com este artigo, pretendemos fazer um tributo não ape-
corretora da família, criou um projeto de educação financei- nas ao querido amigo Magliano, mas a todos aqueles que
ra, a Expo Money, o evento itinerante que percorreu muitas perderam a vida para esta terrível pandemia. Queremos
capitais brasileiras. Foi nessa época que os caminhos dos au- homenagear a todos aqueles que hoje enfrentam a dor da
tores deste artigo se cruzaram, dando início a uma amizade. saudade de seus entes queridos. RI
ESG
10 TENDÊNCIAS PARA
NO BRASIL EM 2021
Após furar a bolha em 2020, no Brasil e no mundo, em 2021
o movimento ESG terá que provar que veio para ficar. Nesse
sentido, identificamos quais tendências vão emergir ou solidificar
no mercado financeiro e de capitais brasileiro neste ano.
9) ALINHAMENTO DA REMUNERAÇÃO
EXECUTIVA ÀS METAS DE SUSTENTABILIDADE GUSTAVO PIMENTEL
é diretor executivo da SITAWI, provedora de
Vincular a remuneração variável de executivos a metas de consultoria e research ESG. Colaboraram para este
sustentabilidade não é uma prática nova: há anos as empre- artigo Maurício Barbeiro, Gustavo Pimentel, Beatriz
Maciel, Guilherme Teixeira, Carla Schuchmann,
sas utilizam métricas de saúde e segurança, retenção de co- Felipe Nestrovsky, Tatiana Assali, Cristóvão Alves,
laboradores ou satisfação do cliente como componentes dos Isabela Coutinho, Anderson Neto, Rachel Besso,
Rafael Gersely, Marina Briant, Biano Batista, Daniela
bônus. A novidade é a tração que o tema ganhou na agenda Lima e Fred Seifert, todos da equipe da Sitawi.
de investidores, nos ratings ESG e índices de sustentabilida- gpimentel@sitawi.net
ASSESSORIA DE RI:
Pré IPO • IPO • Divulgação • Estudo de percepção • Análise pós conferência • Compliance •
Benchmark • Estudos diversos • RI para empresas de capital fechado e familiares
TECNOLOGIA:
Website • Mailing • Voto à distância
COMUNICAÇÃO:
Relatório de sustentabilidade, anual e de administração • Criação • Consultoria GRI •
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EM PAUTA
AGENDA POSITIVA
DE GOVERNANÇA
A INFLUÊNCIA DOS LÍDERES
PARA UMA GOVERNANÇA QUE
INSPIRA, INCLUI E TRANSFORMA
Os fatores ESG não são algo novo, são abordados há décadas, portância das empresas considerarem os princípios ESG
mas o que mudou na conjuntura atual é que a percepção em seus negócios e colocando a sustentabilidade como
sobre a sua importância e as pressões para medidas efeti- padrão para os investimentos.
vas têm aumentado de forma significativa. A sociedade
demanda - com mais urgência - que as empresas assumam
corresponsabilidade para solucionar os principais desafios
que limitam a prosperidade, geram desigualdade social e
prejudicam o planeta.
Sempre trabalhamos
proativamente e constatamos que
deveríamos organizar e colocar
em único documento os conceitos
fundamentais e diversas medidas,
de natureza prática para que os
líderes empresariais não fiquem só
na teoria e contribuam mais para
uma sociedade mais justa.
A BlackRock logo partiu para a prática, promovendo várias Conforme Henrique Luz, presidente do Conselho do IBGC,
alterações nas estratégias de seus fundos oferecidos no mer- os seis pilares, listados a seguir, podem ser adotados por to-
cado, seguindo esse critério. dos os tipos de organizações, de qualquer porte ou setor:
Também em 2020, no Fórum Econômico Mundial (World 1) ÉTICA E INTEGRIDADE: é um imperativo moral – e um
Economic Forum - WEF), chegou-se à conclusão de que os cinco fator decisivo para a continuidade dos negócios – que os lí-
principais riscos com probabilidade de ocorrência até 2030 são deres das organizações promovam uma cultura de integri-
de natureza ambiental, destacando a importância da gestão dade, em que as pessoas pratiquem a confiança, o respeito, a
de riscos pelas corporações. E, agora no início do ano, o WEF empatia e a solidariedade.
divulgou um relatório dos principais riscos globais, baseado
em uma ampla pesquisa, confirmando a alta chance desses 2) DIVERSIDADE E INCLUSÃO: uma cultura corporativa
riscos ambientais – que lideram por probabilidade e por im- baseada na diversidade e inclusão, além de assegurar um
pacto, além de mencionar as intercorrências da pandemia da valor humano fundamental – o respeito à diversidade –, é
Covid-19, como aumento da disparidade social e fragilização fonte permanente de criatividade e longevidade. Os líderes
da economia ainda nos próximos três a cinco anos. devem agir com urgência e comprometer-se a assegurar tra-
tamento justo e oportunidades iguais para todos, sobretudo
Diante desse cenário, o Instituto Brasileiro de Governança na promoção de equidade de gênero e raça.
Corporativa (IBGC), ao completar 25 anos como influencia-
dor de boas práticas e melhores processos para a adminis- 3) AMBIENTAL E SOCIAL: a atuação dos líderes na gestão
tração das empresas no país – reconhecido por difundir a dos impactos ambientais e sociais deve ir além da agenda
transparência, equidade, prestação de contas e responsabili- institucional. É fundamental integrar essas questões ao mo-
dade corporativa, lançou a Agenda Positiva de Governança, delo de negócio e promover a articulação da organização
aprofundando os aspectos ESG. com os diversos setores da sociedade.
2. Integrar os seis pilares da Agenda Positiva de 12. Garantir que as informações divulgadas sejam
Governança (ética e integridade; diversidade e comunicadas, tanto para o público interno quanto
inclusão; ambiental e social; inovação e transformação; para o externo, de forma completa, clara e concisa,
transparência e prestação de contas; e conselhos do considerando a percepção das partes interessadas sobre
futuro) ao propósito, à cultura organizacional e aos os impactos causados pela organização.
modelos de negócio e de geração de valor.
13. Implantar processos seletivos e programas de incentivo
3. Zelar para que os relacionamentos da organização que reconheçam e desenvolvam líderes empáticos – que
com seus colaboradores, clientes, fornecedores, sócios demonstrem capacidade de escuta ativa, vontade de
e demais partes interessadas sejam baseados nos mais servir, liderança horizontal, colaboração e abertura ao
sólidos princípios de integridade, principalmente dissenso.
“Empreendedorismo Consciente: Como Melhorar o Mundo da empresa que ela irá quebrar amanhã, mas ao longo do
e Ganhar Dinheiro”, lançado no ano passado. Agora, outro tempo, as coisas tendem a piorar para ela”, destaca.
levantamento está em andamento, com um número maior
de companhias interessadas. Hugo Bethlem, do Instituto Capitalismo Consciente, ressalta
que existe uma forte pressão dos consumidores e dos cola-
AGORA VAI? MOTIVOS NÃO FALTAM E boradores Millennials e, principalmente, da Geração Z, que
HÁ PRESSÕES POR TODOS OS LADOS valorizam mais o respeito ao meio ambiente e a diversidade
Na visão de Fabio Alperowitch, sócio-fundador e gestor do que as gerações anteriores. “A nova geração mais enga-
de portfólio da Fama Investimentos, muitas empresas ainda jada, quer ter orgulho das empresas onde trabalham”, diz.
não acordaram e acham equivocadamente que ESG é uma
pauta de conformidade. Desse modo, essas companhias Segundo Henrique Luz, do IBGC, há um movimento cres-
acreditam que precisam ser responsáveis ambientalmente cente de empresas aderindo aos pilares ESG. Contudo, ainda
para não tomarem multas e serem responsáveis socialmen- existe um universo considerável de companhias que ainda
te para não se tornarem alvos de processos trabalhistas, o não se mobilizaram ou onde vigora o descolamento entre o
que é básico a ser feito, enquanto ESG diz respeito à criação discurso e a prática, isto é, nos relatórios e comunicações
de valor. Então, segundo ele, uma empresa que não defen- aparecem muitas coisas que não são lastreadas em ações.
de a diversidade e inclusão e que não seja expressamente “A distância entre o discurso e a prática não pode ser um
anti-racista e anti-homofóbica, terá dificuldade para atrair abismo. Infelizmente, muitas empresas vão entrar fazendo
e reter talentos. As companhias que não se preocupam com greenwashing, mas certamente a sociedade e os investido-
questões ambientais, serão cada vez mais rejeitadas pelos res vão depurar isso ao longo do tempo”, avalia.
consumidores, e as empresas pouco diversas dificilmente
tomarão as melhores decisões. “Não é como um interruptor Conforme ele, aos poucos, ganha força o ativismo dos inves-
que liga e desliga, que só porque o ESG não está na agenda tidores institucionais, seguindo as iniciativas da BlackRock
e de outras grandes gestoras, que estão demandando aos Mas a mudança é inevitável. Na avaliação de Flávia
conselhos e CEOs das empresas onde aportam recursos uma Mouta, diretora de Emissores da B3, como as questões
gestão mais efetiva dos impactos ambientais e sociais. ESG se comprovam relevantes tanto para imagem e re-
putação das organizações quanto para seus resultados,
Para Fabio Coelho, presidente da Associação de Investido- os investidores estão ficando mais atentos. Ela comen-
res no Mercado de Capitais (Amec), os agentes não têm agido ta, por exemplo, que a ausência de determinados com-
de forma homogênea, são muito diferentes entre si. Anali- promissos ambientais e sociais podem, em última ins-
sando a indústria de gestão de recursos no Brasil, há casas tância, interferir em acordos comerciais, prejudicando
tradicionais que estão sendo desafiadas por modelos de ne- exportações e importações. “Tendo em vista esse tipo
gócios mais dinâmicos de assets independentes, há gestoras de impacto, investidores institucionais, dado o seu de-
com cultura estrangeira e aquelas com cultura de bancos. ver fiduciário, estão cada vez mais exigentes e criterio-
“Não temos ainda um padrão sobre aplicação do ESG, mas sos em relação a esses compromissos de transparência
as casas mais sofisticadas nessa pauta têm adotado práticas e avanços em boas práticas ESG. Mas vale ressaltar que
de engajamento com as empresas investidas, exercido o voto esse comportamento também começa a ser observado
nas assembleias e feito manifestações públicas de cobrança em outras classes de investidores, como os de varejo”,
de práticas de negócios alinhados aos valores”, afirma. diz.
Na visão de Fabio Alperowitch, o ativismo dos acionistas é inci- Sonia Consiglio Favaretto, especialista em sustenta-
piente e aborda ESG de forma reducionista. “O ativismo, quan- bilidade, conselheira de administração e SDG Pioneer
do existe, diz respeito principalmente à redução da emissão de pelo Pacto Global das Nações Unidas, diz que a pande-
CO2 e existe também pressão pela equidade de gênero, como mia da Covid-19 é mais um fator que colocou a susten-
se tudo se resumisse a isso. Porém, as questões ambientais e tabilidade na linha de frente das empresas, desafiando
sociais são muito mais amplas e complexas”, afirma. os CEOs e conselhos.
FLÁVIA MOUTA, B3 Joe Biden, informou no seu primeiro dia de governo: “Os
Estados Unidos voltarão ao Acordo de Paris e começarei ime-
diatamente a trabalhar com meus colegas em todo o mundo
para fazer tudo o que puder, incluindo convocar os líderes
das maiores economias para uma cúpula do clima em meus
primeiros 100 dias no cargo.”
Investidores institucionais,
AS ATRIBUIÇÕES DO RI NESSE CENÁRIO
dado o seu dever fiduciário, Os executivos de relações com Investidores têm se dedica-
estão cada vez mais exigentes do em prol do aprimoramento contínuo dos relatos empre-
sariais na perspectiva ESG, para assegurar mais transpa-
e criteriosos em relação rência. “Um dos principais desafios dos RIs é a elaboração
começa a ser observado em O IBRI já conta com uma comissão ESG para acompanhar a
outras classes de investidores, evolução dessas questões e disseminar conhecimento entre
os profissionais e contribuiu para a Agenda Positiva de Go-
como os de varejo. vernança. “A Agenda Positiva tem como objetivo criar um
ambiente favorável ao investimento de longo prazo. A boa
governança é fundamental na atração de capital”, afirma
Rafael Mingone, RI na Gerdau e coordenador da comissão
ESG do IBRI.
SONIA FAVARETTO,
Especialista em Sustentabilidade
Em 2020, a participação de mulheres em conselhos de ad- Para Alexandre Silva, outro aspecto que também ganhou
ministração foi de 11,5%, segundo o Spencer Stuart Board relevância é a inovação, que faz parte da Agenda Positiva
Index Brasil. O avanço foi de um ponto percentual em rela- de Governança. “A inovação é um pilar da governança. As
ção ao ano anterior. Ainda é uma fatia pequena, mas em um transformações do mundo são cada vez mais rápidas, com
passado não muito distante, as mulheres não tinham quase o progresso da tecnologia e de materiais. Então, a inovação
nenhuma voz nessa área. “Vejo uma tendência dos conse- deve permear todas as áreas da empresa: os produtos, os
lhos serem mais diversos, com diferentes experiências e vi- processos produtivos, serviços, estrutura comercial e de re-
sões, tanto em relação às formações, que incluem agora pro- cursos humanos. Isso é essencial para o diferencial compe-
fissionais de sustentabilidade e de variados segmentos - não titivo, melhor desempenho, trata-se mesmo de uma questão
somente os tradicionais como economia, direito e adminis- de sobrevivência dos negócios.”
tração, quanto com a presença de mais mulheres. Eu sou um
exemplo, sou jornalista e especialista em sustentabilidade e, Flávia Mouta, da B3, diz que uma forma de ver a evolução da
hoje, faço parte do conselho do BNDES”, diz Sonia Favaretto. governança no Brasil é acompanhar o histórico do segmento
de listagem no Novo Mercado, que passou por aperfeiçoa-
Atuante no IBGC, Alexandre Silva, presidente do Conselho mentos. Diante dos grandes escândalos e crises no mercado,
de Administração da Embraer, diz que houve grande me- houve demanda por medidas mais efetivas de proteção aos
lhoria na governança das companhias como um todo nos investidores. “O Novo Mercado se adaptou com atualizações
em seu regulamento em 2006, 2011 e, mais recentemente, pega um horizonte temporal maior. O mercado financeiro é
em 2018”, destaca Flávia. Ao longo do tempo, conforme des- muito mais sofisticado hoje do que nos anos 2000, quando nem
taca, foram incorporadas regras como a exigência de que havia o Novo Mercado. No entanto, ele acredita que há um cer-
ao menos 20% do conselho seja formado por conselheiros to paradoxo no ar neste momento. “Toda vez que o mercado de
independentes e a vedação à sobreposição de cargos do con- capitais local dá dois passos para a frente em termos de cres-
selho de administração e de diretor presidente ou principal cimento das operações, temos a impressão que ele dá um pas-
executivo da empresa. As companhias também passaram a so para trás em termos de governança. Na Amec, falamos que
ter que divulgar sua política de negociação de valores mobi- bons anos, com atividade mais intensa de IPOs, geram também
liários e um código de conduta. Em 2018, o foco escolhido na desrespeito às práticas consagradas de governança”, ressalta.
evolução das regras do Novo Mercado foi o gerenciamento
de risco e controles internos. Essas mudanças serão integral- Entre os pontos de retrocesso apontadas por ele, a discus-
mente implementadas pelas companhias até 2022. são sobre a possibilidade de criação de ações com direitos
diferenciados de voto (Super ON), a questão de conflito de
“Ainda há muito a ser feito. Questões mais recentes, como interesses em operações entre partes relacionadas, o exer-
a agenda ESG e um forte apelo social pela ampliação da di- cício de voto conflitado em casos de benefícios particulares.
versidade de gênero e raça são alguns dos desafios que se “E mais, assistimos no último ano algumas empresas tes-
impõem no ambiente empresarial e que ainda precisam ser tando o mercado para fazer seus IPOs mesmo sem reunir
enfrentados pelas organizações”, acrescenta Flávia. condições mínimas de governança. Tudo isso gera uma visão
negativa, cujas consequências só deverão ser sentidas daqui
Fábio Coelho, da Amec, diz que o saldo é positivo quando se alguns anos”, afirma o presidente da Amec.
“Governança é
uma jornada...”
Henrique Luz
Presidente do Conselho de
Administração do IBGC
GOVERNANÇA
CORPORATIVA
no contexto do boom dos IPOs
O ano de 2020 será histórico para IPOs em todo o mundo. Se antes da
pandemia a perspectiva dos investimentos era de maior seletividade
na escolha das empresas, o excesso de liquidez, a busca por retornos
mais atrativos e o senso de oportunidade transformaram o ano com
a surpreendente quantidade de ofertas. Apesar de todo esse frenesi,
quando as condições que trouxeram as entrantes ao mercado se
dissiparem, aspectos sólidos como a governança serão testados
no relacionamento entre investidores e empresas.
ECONOMIA &
MEIO AMBIENTE:
ESPERANÇA DE UMA RELAÇÃO
MENOS CONTURBADA
“Há duas maneiras de ver a vida: acreditar que não pode
haver milagres ou acreditar que tudo é um grande milagre.”
Albert Einstein
Para ele o planeta tem recursos finitos com perda de ener- Economia e Meio Ambiente aumentou muito depois da 2ª
gia no processo de transformação da matéria (Lei da Entro- guerra mundial, com um stress crescente entre política eco-
pia), apesar dos esforços de melhoria de produtividade por nômica e política ambiental até os dias atuais.
progresso técnico. Além disso, a recomposição dos recursos
naturais no tempo requerido pelo sistema econômico circu- André Lara Resende destacou que a Economia não se preo-
lar aberto nem sempre era possível e criou um problema até cupou com essa questão até o século XX. Edmar Bacha foi
agora sem solução. Georgescu introduziu assim o conceito de taxativo, “..estamos falando de uma Função de Produção cuja
eficiência energética e desperdício criticando a ineficiência escassez ambiental não está incorporada na análise econô-
dos processos econômicos que geravam perdas irreversíveis mica”. Eduardo Giannetti aponta que “o sistema de preços.....
de energia. não é capaz de detectar todos os custos envolvidos na produ-
ção de bens e serviços - tem um ponto cego grave.” (a respeito
Apesar do reconhecimento de muitos economistas quanto ao desses autores ver “O que os economistas pensam da susten-
brilhantismo do trabalho acadêmico de Georgescu-Roegen, tabilidade”, Arnt, Ricardo, org, 2008).
entre eles Paul Samuelson, era difícil, e ainda é, discutir os
limites do crescimento e suas implicações. E assim a produ- Por essas razões, além de Arthur Pigou, Georgescu-Roegen,
ção acadêmica continuou majoritariamente convencional, o lembrando ainda mais recentemente dos economistas Prê-
que acabou transformou a bandeira do Meio Ambiente em mio Nobel 2018, William Nordhaus e Paul Romer (mudanças
um problema geopolítico. climáticas e tecnologia) e da importante produção acadêmi-
ca da Economia Ambiental e Economia Ecológica (que não
Se esta questão já é complexa por si só, entramos em um pro- conversam muito com as demais áreas econômicas) e sem
cesso tecnológico que robotiza a economia, gerando ainda o apoio da economia convencional, temos de reconhecer a
mais stress na substituição do fator trabalho por capital fí- iniciativa do Terceiro Setor pressionando os Governos e os
sico, resultando em mais pressão sobre os recursos naturais. agentes econômicos para reconhecer a importância da Natu-
reza. Desde os anos 60, elas têm tido papel estratégico para
Está claro que a função de produção básica da economia não o sucesso da Eco-92, quando o setor privado começou a se
foi estruturada para resolver esse problema. A tensão entre aproximar institucionalmente.
empresas e como apoio ao processo decisório dos investido- TEMOS ESPERANÇA DE UMA RELAÇÃO MADURA
res, além de debater soluções para o funding de setores es- ENTRE ECONOMI A E ME IO AMBIENTE.
tratégicos saneamento, agropecuária, energia, transportes O MERCADO DE CAPITAIS É UM AMBIENTE
e mobilidade urbana, entre outros. Nesse sentido, destaca- IMPORTANTE PARA A SUA CONSTRUÇÃO
mos a sua contribuição para edição do Decreto nº 10.387 que Precisamos de mais transparência na discussão sobre os
dispõe sobre o incentivo aos projetos de infraestrutura que fundamentos do crescimento econômico, do acesso aos ser-
proporcionam benefícios sociais e ambientais. Destacamos viços ambientais e da justiça social - direitos humanos e dis-
ainda a instituição do sandbox regulatório, fundamental tribuição de renda e oportunidades.
para o desenvolvimento de projetos inovadores entre outras
iniciativas. O LAB mudou a discussão, aproximando conver- Precisamos reformular o conceito de receitas, custos e lucros
tidos e não convertidos, mostrando que não é uma questão econômicos considerando-se a internalização das externali-
de opinião, mas de decisão de investimentos. dades geradas pelo processo produtivo e estrutura de mobi-
lidade social. Esse é o nosso desafio. Não existe milagre, mas
Temos esperança de que o Brasil será um país saneado até urgência nas decisões. RI
2030. De que vamos caminhar para uma agropecuária com
modelos de produção mais modernos, mais eficientes na
melhoria da produtividade com consumo racional de água
e sequestro de carbono; vamos continuar avançando para
EDUARDO WERNECK
uma matriz energética mais eficiente e limpa. Que seja pos- é vice presidente da Apimec Brasil
sível avançar para a construção de modais de transporte e e sênior advisor da Resultante.
eduardo.werneck@apimec.com.br
de modernos; que continuemos no caminho da inovação tec-
nológica para aliviarmos a pressão sobre o meio ambiente
na geração de valor adicionado para o PIB.
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(SECOM -ES)
FOZ DO RIO DOCE - REGÊNCIA - LINHARES (ES) - FOTO DE FRED LOUREIRO
ESPECIAL
OITO ANOS:
O BRASIL PRECISA
RESPIRAR
20 ANOS DE TERCEIRO MILÊNIO
Muitas lições foram aprendidas nos últimos 20 anos. A economia
oscilou, com alta volatilidade, em todos em seus principais indicadores
macroeconômicos, asfixiando a atividade produtiva no Brasil. Embora
possamos comemorar as baixas taxas de juros, nos dias de hoje, e
uma inflação em patamares também menores, ainda não temos
o controle do processo inflacionário.
Fonte: Investing.
*Valores ajustados com base no IPCA anualizado.
Fonte: Investing.
A EVOLUÇÃO DA
TECNOLOGIA
GERARÁ BENEFÍCIOS À SOCIEDADE
E AO MEIO AMBIENTE?
O artigo anterior, publicado nesta prestigiada revista, dedicou-se ao
tema Environmental, Social and Governance - ESG: Modismo, Sobrevivência
ou Conscientização? Ao final deste artigo, perguntamos aos nossos
leitores se estes concordam que a evolução da tecnologia gerará
resultados positivos às empresas, que poderão adotar processos mais
conscientes em relação à preservação do meio ambiente e à sociedade,
resultando em um ciclo virtuoso para os seres humanos.
Na verdade, recebemos poucas contribuições e entendemos da tecnologia já gerou benefícios, e continuará gerando, à
que isso não se deu em função da relevância do tema e, sim, sociedade e ao meio ambiente. Alguns leitores enfatizaram
devido ao tempo escasso para os leitores se dedicarem à ela- os pontos que elencamos no artigo anterior e outros acres-
boração de suas opiniões. Especialmente em um contexto centaram novos insigths.
agravado pela pandemia COVID-19, em que todos os esfor-
ços estão canalizados às soluções para a crise, sendo que al- Transcrevemos os benefícios do artigo anterior:
guns de nossos principais leitores e fervorosos contribuintes
e críticos, neste momento, estão com problemas de saúde. • otimização dos processos, gerando condições favoráveis
para produzir produtos e serviços com maior qualidade,
Compartilhamos, mesmo assim, as contribuições recebi- agilidade e menor custo, o que impactou positivamente
das, que afi rmaram, com muita convicção, que a evolução toda a cadeia de valor, inclusive a sociedade;
• comunicação em real time, através de ferramentas que demandas não atendidas de clientes, incorporação de
revolucionaram seus processos – soluções interativas novas metodologias de produção e respostas eficientes
através de vídeos para treinamento, disponibilização às solicitações dos mesmos, em tempo reduzido, com o
de material técnico, comunicados, reuniões com objetivo de fidelização, satisfação e, por consequência,
a participação de profissionais do mundo inteiro aumento do net promoter score; e,
e também de clientes, no mesmo momento. Isso
facilitou e continua facilitando muito o alinhamento • ferramentas, adotadas pelas empresas e sociedade, que
dos objetivos e estratégias das organizações, entre possibilitaram a geração desses benefícios, data & analytics,
os conselhos de administração, diretoria executiva cloud computing, inteligência artificial, robotic process
e profissionais responsáveis pela materialização dos automation, softwares mais sofisticados de comunicação
mesmos em resultados sustentáveis; e impressão 3D entre outras.
• mobilidade, permitindo a adoção do home office e, com Ainda que tenham sido poucas contribuições recebidas, es-
isso, a redução de custos (não discorremos aqui sobre tas foram abrangentes e reforçaram os benefícios possibili-
os fatores negativos aos profissionais e respectivas tados pela evolução tecnológica.
famílias), divulgação das atualizações de métodos e
estratégias de vendas a todos os envolvidos no mesmo De acordo com o que foi afirmado em nosso artigo anterior,
momento, independentemente de onde estejam somado às contribuições dos leitores, sobre os benefícios e
localizados, com a disponibilidade de informações em os resultados para a sociedade e meio ambiente trazidos
cloud computing. E com isso extinguindo a necessidade pela evolução tecnológica, podemos afirmar que a resposta
de deslocamento dos profissionais para terem acesso à pergunta desse artigo parece ser sim.
às atualizações e material técnico; desta forma,
otimizando seu tempo; A evolução tecnológica e seus benefícios são debatidos na
academia e no mundo corporativo e sua importância pode
• criação de modelos de negócios mais flexíveis, ágeis, ser observada através do crescimento significativo das
o que facilitou a captura das opiniões, críticas e empresas de desenvolvimento de novas tecnologias, das
É muito comum os pais afirmarem que seus filhos são mui- 2. substituição da mão-de-obra, muitas vezes
to inteligentes e já nascem sabendo tudo, pois rapidamente especializada, por inteligência artificial, robotic
absorvem o conhecimento sobre as ferramentas tecnológi- process automation, que traduz o conflito entre a
cas disponíveis. importância do homem e da mulher e das máquinas;
Até aqui destacamos somente os aspectos positivos. 3. poluição do ar, água, geração de calor e poluição
sonora, devido aos seus processos produtivos;
No entanto, segmentos clássicos industriais e de prestação
de serviços ainda não aproveitaram todo o potencial e be- 4. utilização de recursos não renováveis;
nefícios oferecidos pelas ferramentas tecnológicas citadas,
para adotarem processos mais avançados em relação àque- 5. descarte inadequado e excessivo de materiais, causando
les que empregam atualmente. problemas irreversíveis ao meio ambiente, por não
serem biodegradáveis;
Além disso, impactos negativos podem ser gerados pelo uso
intenso dessas ferramentas nas pessoas, sociedade, meio 6. seu uso intensivo causa dependência, depressão,
ambiente e economia. Os quais não foram diagnosticados alienação e redução da atenção desde crianças até
em sua totalidade, devido ao tempo de uso das mesmas não adultos;
ser suficiente para que as pesquisas sejam conclusivas.
7. além dos danos psicológicos, há danos físicos à saúde
O que é de domínio público sobre os impactos negativos da população;
A partir das informações compartilhadas acima, voltamos 1. Quais são os países mais sustentáveis do mundo e o que
à pergunta inicial deste artigo: a evolução da tecnologia eles fazem na prática?
gerará benefícios à sociedade e ao meio ambiente?
2. Como esses países levam suas organizações à adoção
Desta feita, a resposta parece ser não, já que as novas tec- de Modelos de Gestão Sustentáveis (MGS´s), os quais são
nologias provocam um intenso impacto negativo à socie- o cerne das organizações sustentáveis – as Orquestras
dade e ao meio ambiente, ainda que agreguem resultados Societárias?
positivos.
3. Como a legislação e a regulamentação dos países mais
Sim e Não: duas respostas coexistentes. Sendo assim, o sustentáveis podem contribuir para a conscientização
que é necessário para mudar o jogo e intensificar os benefí- pretendida?
cios para todos, reduzindo-se substancialmente os efeitos
nefastos das tecnologias contemporâneas existentes e da- 4. Como o enforcement – o cumprimento das regras
quelas que ainda estão por vir? estabelecidas – dá sua contribuição?
A resposta que nos parece fazer mais sentido é: conscienti- 5. Os órgãos governamentais fiscalizam as práticas
zação e implantação de processos produtivos e prestação de ambientais com rigor?
serviços que analisem tanto os benefícios, quanto os riscos
e impactos negativos. A conscientização é um bom ponto 6. Quais soluções os cidadãos visualizam para ampliação
de partida para que as novas soluções sejam muito mais da consciência de todos?
positivas do que negativas.
7. Como equilibrar o trabalho humano e a utilização de
Como transformar e conscientizar os governos e a socie- tecnologias inteligentes?
dade?
Finalizamos, como temos frequentemente procurado fazer,
Uma forte possibilidade é a da educação ambiental desde a convidando os leitores a participar das nossas reflexões,
infância, reforçada por pesquisas que demonstrem não só formulando novas perguntas que enriqueçam a lista acima.
os benefícios, mas também os impactos negativos das va- Teremos satisfação em receber suas contribuições. RI
CIDA HESS
é economista e contadora, especialista MÔNICA BRANDÃO
em finanças e estratégia, mestre em é engenheira, especialista em finanças e
contábeis pela PUC SP, doutoranda pela estratégia, mestre em administração pela
UNIP/SP em Engenharia de Produção PUC Minas e tem atuado como executiva e
- e tem atuado como executiva e conselheira de organizações e como professora.
consultora de organizações. mbran2015@gmail.com
cidahessparanhos@gmail.com
Esse ambiente por si só já seria complicado para as empre- A necessidade de aumento significativo de investimentos em
sas em qualquer tempo, mas no início desta nova década políticas ASG torna a governança corporativa um aspecto
tudo ficou ainda mais difícil. O capitalismo mudou e agora ainda mais crucial, pois ela desempenha um papel transver-
não é mais somente a propensão a ter mais ou menos lucro sal em relação às dimensões social e ambiental. Afinal, é a
que conta como atividade fim das organizações. As empre- governança que transforma a empresa de forma a evitar que
sas estão sob avaliação constante dos stakeholders. Não basta a sustentabilidade se torne apenas marketing, mas seja um
mais fazer somente uma autoavaliação em termos de ASG fim, de fato.
(Ambiental, Social e Governança), é preciso obter uma visão
independente, isenta e crítica para entender onde estão os A adoção de boas práticas de governança corporativa pelas
pontos críticos que levam aos riscos de imagem e elevadas empresas proporciona melhor gerenciamento de riscos,
perdas financeiras. maior transparência das informações financeiras, sistema
de compliance mais robusto e maior alinhamento das dire-
Caso contrário o resultado pode ser desde boicotes de clientes trizes e políticas entre os stakeholders, com foco em adapta-
a perda de fornecedores, fuga de colaboradores e emprésti- ção às mudanças do macroambiente e do setor onde atuam.
mos mais caros, tudo isso acompanhando a queda das ações. Esses aspectos contribuem para o aumento da confiança dos
investidores e redução de risco, o que beneficia o valor da na um castelo de cartas. A pandemia de 2020 trouxe à tona
organização e sua melhor classificação de crédito. inúmeros casos assim e as perdas de valor de mercado de al-
gumas levaram gestores ao redor do mundo a reavaliar suas
Os investidores preferem alocar recursos em empresas com prioridades.
um bom sistema de governança, ao mesmo tempo em que
elas são beneficiadas com maior capacidade e condições de Companhias que zelam pelos seus consumidores, funcioná-
tomada de crédito. Isso porque o capital observa os riscos do rios, acionistas, fornecedores e tem sólida governança, no
negócio, e acaba por boicotar empresas não-sustentáveis. So- geral, apresentam muito mais resiliência, justamente por
mente em 2019, US$ 20,6 bilhões migraram para fundos de entenderem como a complexa relação com seus stakeholders,
investimento que explicitamente se desfazem de organiza- pode se tornar mola propulsora para o sucesso e uma rede de
ções tidas como “não sustentáveis”, volume dez vezes maior proteção nas dificuldades.
que o de uma década atrás. A visão é de que apoiar empresas
com fortes práticas de sustentabilidade pode ser um investi- Avaliar e qualificar o sistema de Governança Corporativa,
mento de longo prazo mais rentável. além de identificar aspectos positivos e melhorias, permite
orientar investimentos e atrair a participação de conselhei-
Outra pesquisa de uma consultoria internacional revelou que ros ou membros de comitês, além de compreender como a
o número de investidores que fazem uso de métricas não-fi- administração está promovendo os interesses dos acionistas
nanceiras em suas decisões aumentou de 27% para 43% entre e das partes interessadas. O passado foi marcado por empre-
2016 e 2020. Apenas 9% dos investidores não usaram o desem- sas falando que eram por fora, mas por dentro nada tinha
penho não-financeiro como parte de sua tomada de decisão. mudado. Ainda há muito a ser feito porque muito foi fala-
do. A transformação iniciada em 2020 deve se consolidar, de
Mesmo assim, o descasamento entre o discurso de sustenta- fato, em 2021. RI
bilidade ao público e as ações para implementar uma política
efetiva é enorme. Entre as principais barreiras destacam-se
o custo, a complexidade da análise e a falta de capacitação MARCOS RODRIGUES E OLAVO RODRIGUES
são sócios fundadores da BR Rating, primeira agência de classificação
dos colaboradores. Tal situação amplia os riscos da gestão, de risco e avaliação dos sistemas de governança corporativa do Brasil.
pois sem bases sólidas de governança, a organização se tor- contato@brrating.com.br
CONSELHO
FISCAL
E SUA COMPOSIÇÃO FRENTE A
COMPLEXIDADE DO AMBIENTE DE
GOVERNANÇA DOS DIAS ATUAIS
OS RISCOS DE SE ALTERAR
A LEI SOCIETÁRIA
POR MEDIDA PROVISÓRIA
No final do ano passado começaram a ser debatidas diversas propostas
de alteração na Lei nº 6.404/76, com o objetivo de melhorar a posição
do Brasil no ranking do Doing Business do Banco Mundial e aperfeiçoar a
proteção aos minoritários. Como a questão foi tomando proporção cada
vez maior, a Abrasca decidiu reunir, no final de dezembro de 2020, um
grupo de experientes juristas para discutir essas possíveis alterações.
Carta ao mercado
Diversidade na renovação dos conselhos
Prezados e prezadas,
Estamos nos aproximando do período de renovação dos conselhos de administração e, por isso, gostaríamos de
convidar a todos os conselheiros, investidores e tomadores de decisão para se juntarem a nós na missão de aumentar
a diversidade nesses colegiados.
É comprovado que a diversidade impacta positivamente no desempenho da empresa e traz capacidade de inovação
para os negócios. Mas ainda se observa que a maior parte dos conselhos é pouco plural e as demandas da nossa
sociedade exigem respostas a partir de novas perspectivas que a diversidade ajuda a trazer. Vale ressaltar que apenas
11,5% das posições em conselhos das empresas abertas brasileiras são ocupadas por mulheres – 9,3% considerando-se
apenas as titulares – segundo o estudo Board Index 2020 da Spencer Stuart. Precisamos mudar esta realidade.
Como atores importantes nesse cenário e engajados com a causa, neste período em que os profissionais começam
a ser selecionados para conselhos, pedimos que considerem promover mais diversidade (de gênero, cor, etnia,
orientação sexual, formação, idade, região, etc.) para os boards em que atuam, assim como gostaríamos que
provocassem essa reflexão nos ambientes de governança pelos quais circulam.
Nós, do Programa Diversidade em Conselho (PDeC), colocamo-nos à disposição para ajudar na busca por mulheres
com o perfil desejado para as posições a serem preenchidas, disponibilizando os bancos de conselheiras do PDeC
e da WCD (WomenCorporateDirectors) e o banco de profissionais do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa), que contam com centenas de conselheiras e profissionais preparados e com uma grande variedade de
perfis e experiências. O PDeC é uma iniciativa conjunta entre B3, IBGC, International Finance Corporation (IFC),
Spencer Stuart e WCD para ampliar a diversidade em conselhos.
Acreditamos que somente somando esforços seremos capazes de provocar mudanças efetivas no mercado com
relação a esse tema tão importante para a governança das organizações e para a sociedade.
Realização:
XVII SEMINÁRIO
INTERNACIONAL
CPC
DEBATE NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS
No primeiro painel, houve debate sobre “Combinações de ne- A programação do primeiro dia do evento foi encerrada com
gócios com foco em Combinações de Entidades sob Controle palestra, diretamente da Argentina, de Jorge Gil, presidente
Comum”, tendo como moderador Guillermo Braunbeck, vi- do GLENIF/GLASS (Grupo Latinoamericano de Emisores de Normas
ce-coordenador Técnico do CPC (Comitê de Pronunciamentos de Información Financiera / Group of Latin American Accounting
Contábeis) e diretor financeiro da FACPC (Fundação de Apoio Standard Setters), sobre os mais recentes debates a respeito da
ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis), e palestras de convergência das normas contábeis internacionais.
MARCELO BARBOSA
AGENDA REGULATÓRIA A agenda regulatória da CVM para 2021 sobre normas con-
Marcelo Barbosa, presidente da CVM (Comissão de Valores tábeis tem 14 temas incorporados. “A produção normativa
Mobiliários), realizou a palestra de abertura do segundo dia contábil obedece a uma dinâmica particular, como resultado
do evento, na manhã de 26 de novembro de 2020. Barbosa da nossa adesão plena à convergência aos padrões internacio-
discorreu sobre a atenção da autarquia para diversos temas nais”, declarou Marcelo Barbosa, lembrando que as rodadas
destacados no evento, por exemplo, a emissão de norma so- de discussões começam no IASB e, depois da emissão das
bre atividades reguladas, cujo modelo está em andamento IFRS, entram no processo do CPC e dos reguladores nacionais.
no IASB (International Accounting Standards Board); a normati-
zação sobre Combinação de Negócios sob Controle Comum, No terceiro painel houve debate sobre “Hedge Accounting”,
em análise pelo IASB – Discussion Paper (DP) 2020/1 – Business que contou com palestras de Fernando Chiqueto, senior vice
Combinations: Disclosures, Goodwill and Impairment; e a regula- president do Credit Suisse (Londres); e de Eduardo Flores,
mentação da agenda ESG (Environmental, Social and Governance). membro do CPC/CNI (Comitê de Pronunciamentos Contábeis/
Confederação Nacional da Indústria) e recentemente nomeado Luiz Murilo Strube Lima, gerente de Políticas e Procedi-
para o Conselho Consultivo da IFRS Foundation. O moderador mentos Contábeis da Petrobras. A moderação do debate foi
do painel foi Edison Arisa Pereira, coordenador Técnico do CPC realizada por Leandro Ardito, sócio de Auditoria da PwC.
(Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e presidente da FACPC
(Fundação de Apoio ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis). ENCERRAMENTO
Alexsandro Broedel, trustee da IFRS Foundation, realizou pa-
HOMENAGEM A ALFRIED PLÖGER lestra destacando a importância crescente de se debater o desen-
Haroldo Levy Neto, coordenador geral do XVII Seminário volvimento de padrões globais de relatórios de sustentabilidade.
Internacional, conduziu a homenagem a Alfried Plöger, ex- Edison Arisa Pereira, coordenador técnico do CPC (Comitê
-coordenador de Relações Institucionais do CPC, que faleceu, de Pronunciamentos Contábeis) e presidente da FACPC (Fun-
no dia 12 de abril de 2020, vítima da COVID-19. dação de Apoio ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis),
comentou as principais conclusões do evento.
Eliseu Martins, Professor Emérito da FEA (Faculdade de Eco-
nomia, Administração e Contabilidade) da USP (Universidade Haroldo Reginaldo Levy Neto, coordenador Geral do XVII
de São Paulo), em São Paulo (SP) e em Ribeirão Preto (SP), falou Seminário Internacional CPC (Comitê de Pronunciamentos
sobre a amizade que teve com o empresário de origem alemã Contábeis), encerrou o evento agradecendo participantes,
e que foi, por 15 anos, representante da ABRASCA (Associação apoiadores e patrocinadores.
Brasileira das Companhias Abertas) no CPC. Bastante emocio-
nado, Martins relembrou alguns momentos da vida pessoal O evento contou com os patrocínios: Master (B3, Deloitte, FE-
que compartilhou com Plöger e destacou o respeito que havia BRABAN – Federação Brasileira de Bancos, Grant Thornton
entre ambos. “Nem sempre concordamos, mas esse é o genuí- Brasil, Itaú Unibanco, KPMG, PwC e SMS Latin America; Sê-
no respeito”, disse o professor. Martins fez a entrega virtual nior (Cielo e EY); Pleno (C&A, FBC – Fundação Brasileira de
de uma placa à esposa de Plöger, Claudia Plöger. Contabilidade e Luz Publicidade) e apoio institucional: ABEL /
ABRACICON / ABRAPP / ABVCAP / AMEC / ANBIMA / ANCORD
O tema do quarto painel foi “Demonstrações Financeiras / ANEFAC / APIMEC-SP / CRA-SP / CRC-SP / FEA–RP/USP / FE-
Primárias”, que contou com palestras de Tadeu Cendón CONTESP / FGV-Instituto de Finanças / IBEF SP / IBGC / IBRI /
Ferreira, Board Member do IASB (International Accounting SESCON-SP / SINDCONT-SP SINDICONT-Rio.
Standards Board), em Londres; Paulo Roberto Gonçalves
Ferreira, superintendente de Normas Contábeis e de Mais informações, vídeos e apresentações:
Auditoria da CVM (Comissão de Valores Mobiliários); e www.eventos.facpc.org.br/apresentacoes/XVIISeminarioCPC
Assine já!
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www.revistaRI.com.br/assinatura
1º PRÊMIO APIMEC IBRI
DESTACA OS VENCEDORES
PREMIAÇÃO AGRACIOU OS MELHORES PROFISSIONAIS DE RI,
ANALISTA E CASA DE ANÁLISE, ALÉM DAS INICIATIVAS DE
DESTAQUE DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES
VENCEDORES
Os vencedores de cada uma das cinco categorias foram: (a)
Melhor Analista de Valores Mobiliários: EDUARDO WHITAKER
DE ASSUMPÇÃO MATTOS ROSMAN; (b) Melhor Casa de Aná-
lise de Valores Mobiliários: BANCO BTG PACTUAL; (c) Melhor
Profissional de Relações com Investidores: GERALDO SOARES;
Melhor Prática e Iniciativa de Relações com Investidores Small/
Middle Cap: BANCO ABC BRASIL; (e) Melhor Prática e Inicia-
tiva de Relações com Investidores Large Cap: ITAÚ UNIBANCO.
MELHOR PRÁTICA E INICIATIVA DE RI – SMALL/MIDDLE CAP O voto foi secreto (criptografado) e auditado. A solenidade
Banco ABC Brasil (Vencedor) de premiação ocorreu em plataforma digital, por causa da
Banrisul pandemia de COVID-19.
Embraer
Movida “A primeira edição do Prêmio APIMEC IBRI 2020 registra quem
Randon se destacou em período desafiador com a pandemia e com a
presença crescente de pessoas físicas como investidores, o que
MELHOR PRÁTICA E INICIATIVA DE RI – LARGE CAP exigiu uma comunicação mais didática e assertiva”, afirmou
Bradesco Ricardo Tadeu Martins, presidente da APIMEC Nacional.
Itaúsa
Itaú Unibanco (Vencedor) A solenidade contou com a participação de Juca Andrade,
Magazine Luiza vice-presidente de Produtos e Clientes da B3 (Brasil, Bolsa,
Vale Balcão), que salientou os desafios enfrentados por analistas
de pessoas físicas como Na categoria melhor prática e iniciativa de Relações com In-
investidores, o que exigiu uma vestidores Large Cap, o vencedor foi o Itaú Unibanco. Re-
nato Lulia Jacob, diretor de Relações com Investidores no
comunicação mais didática e Grupo Itaú Unibanco, observou que “em um ano marcado
Marina Gelman tratou dos impactos na rotina de RI, O evento foi uma realização do IBRI com apoio da
além de falar sobre as mudanças que a Lei trouxe para TEN Sistemas e Redes; Revista RI; MZ Group; e VDV
a área de Relações com Investidores. “A área de RI par- Advogados.
ticipou intensamente na construção do programa de
privacidade, gestão e governança, estabelecendo a po- Link para acessar a videoconferência na íntegra:
lítica corporativa de privacidade e proteção de dados https://youtu.be/62fQNHKqznw
Raymundo Magliano Filho foi um visionário, dei- Magliano sempre teve relacionamento bastante
xando legado de relevantes contribuições para o de- próximo ao IBRI, tendo em sua gestão na Bovespa
senvolvimento e popularização do acesso ao merca- realizado o primeiro convênio com o Instituto. Ele
do de capitais brasileiro. É uma enorme perda para participou com brilhantismo por diversas vezes
os amigos e deixa saudades de momentos agradáveis no Encontro de Relações com Investidores e Mer-
na memória de todos que o conheceram pessoal- cado de Capitais e, também, como Conselheiro
mente por sua simpatia, dinamismo e liderança. Editorial da Revista RI.
O Comitê Consultivo de Educação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) vai realizar o Programa
TOP II Planejamento Financeiro Pessoal Virtual. Será a primeira edição online do curso gratuito. As
aulas serão realizadas de 22/02/2021 a 26/02/2021.
A leitura do livro “TOP Planejamento Financeiro Pessoal” é recomendada para a participação no curso.
A versão eletrônica gratuita está disponível no Portal do Investidor:
www.investidor.gov.br/publicacao/LivrosCVM.html#PlanejamentoFinanceiro.
Pensando nessa questão, o World Economic Forum emitiu do- PILAR PESSOAS
cumento com um conjunto de métricas e as divulgações reco- Ana Carolina Gomes, gerente de ESG da KPMG, elencou os
mendadas com o objetivo de padronizar os principais temas temas que fazem parte desse pilar como: dignidade e igual-
ESG, com vinculação a métricas mais utilizadas. O evento or- dade, saúde e bem-estar e skills para o futuro. No início de
ganizado pelo IBRI serviu para abordar os principais pontos sua fala, Emerson Faria, RI da Porto Seguro e membro da
do documento, dividido em quatro painéis, e contou com a Comissão ESG do IBRI, chamou atenção para que não se con-
colaboração da Deloitte, KPMG, EY e PwC. funda a questão da filantropia com a estratégia do negócio.
“A filantropia é considerada muito importante, mas o princi-
“É um prazer recebê-los neste primeiro webinar da Comis- pal ponto para os investidores é o quanto está alinhada com
são ESG do IBRI”, destacou Rafael Mingone, RI da Gerdau e a estratégia do negócio”, disse.
coordenador da Comissão ESG do Instituto. Ele explicou que
os debates ocorreriam em quatro painéis para analisar os pi- De acordo com a executiva da KPMG, as métricas de digni-
lares: planeta, pessoas, prosperidade e governança. dade e igualdade focam temas como diversidade e inclusão,
equidade salarial, trabalho análogo ao escravo. “São métri-
PILAR PLANETA cas que esperamos que todas as empresas abordem de algu-
Ao falar do pilar planeta, Natasha Utescher, subcoordena- ma forma”, salientou.
dora da Comissão ESG do IBRI, ressaltou a necessidade das
empresas mensuraram os riscos ambientais não só de seus PILAR PROSPERIDADE
negócios, mas de toda cadeia de valor. Leonardo Dutra, di- Fábio de Lucena, membro da Comissão ESG do IBRI,
retor de Sustentabilidade da EY, disse que ao se abordar as destacou que ao se olhar o pilar de prosperidade, ob-
questões ESG sempre há o desafio de se encontrar uma mé- serva-se, também, o crescimento econômico, “por meio
trica comparável e que seja universal, “mas há, também, a de emprego, dos meios sustentáveis de subsistência, in-
percepção de valor, ou seja, a partir de que momento essas cremento de renda, proteção social e acesso a serviços
questões passam a ter valor seja para o investidor, negócio, financeiros para todos”. Em sua visão, não há prospe-
sociedade e as esferas de governo”. ridade e desenvolvimento econômico se a empresa não
desenvolve uma Governança Corporativa robusta, se
Para Dutra, o World Economic Forum lança uma visão para não olha para as pessoas e se não entende o que está
os recursos naturais, uso racional do território e a capacidade fazendo em benefício do planeta com a sua atividade
que tem de suportar uma atividade produtiva. econômica.
Roberto Pezzi, diretor do IBRI, moderou a discussão entre Camila Nogueira, gerente executiva de Relações com
Investidores da Suzano, e Dominic Schmal, gerente executivo de Sustentabilidade da EDP Brasil.
Foram discutidos temas como: o papel da área de Relações com Investidores no processo de seleção para o índice;
a integração de RI com sustentabilidade; e o crescente interesse de investidores por temas ambientais, sociais e
de governança.
Ele cita a crescente relevância de incorporação das práticas Mais informações sobre a certificação do profissional de RI,
ESG (do inglês Environmental, Social and Governance; em portu- acesse: www.cpri.com.br
No ano passado, o IBRI e a ABRASCA decidiram realizar o 1º Web Summit RI & Mercado de Capitais,
evento 100% online e gratuito direcionado aos profissionais de RI e do mercado de capitais. Na ocasião,
foram quatro dias de evento com palestras para fomentar o debate sobre temas como: perspectivas da
economia frente à pandemia, novas estratégias de RI, desafios de comunicação, além de divulgação de
resultados de pesquisas sobre “Tendências Globais de RI” (BNY Mellon) e “O RI como guardião do valor
em tempos de crise” (IBRI e Deloitte).
O 22º Encontro de RI e Mercado de Capitais já conta com o patrocínio das empresas: B3 (Brasil, Bolsa,
Balcão); blendON; BNY Mellon; Cescon Barrieu; Datev; Gerdau; Itaú Unibanco; MZ Group; Petrobras,
S&P Global; TheMediaGroup; e Valor Econômico. Mais informações: https://encontroderi.com.br/
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO: Presidente: Anastácio Ubaldino Fernandes Filho (AEGEA SANEAMENTO) | Vice-Presidentes: Diego Carneiro Barreto
(IFOOD); e Guilherme Setubal Souza e Silva (DURATEX) | Conselheiros: Eduardo Pavanelli Galvão (GRUPO ULTRA - ULTRAPAR); Fernando Foz de Macedo;
Geraldo Soares Leite Filho (ITAÚ UNIBANCO HOLDING S.A.); Guilherme Luiz Nahuz (HAPVIDA); Phillipe Casale (COSAN); José Sálvio Ferreira Moraes;
Renata Oliva Battiferro; Rodrigo dos Reis Maia (GERDAU); e Rodrigo Lopes da Luz.
DIRETORIA EXECUTIVA: Presidente: Bruno Brasil (ITAÚSA) | Diretor Vice-Presidente e Diretor Regional São Paulo: André Luiz Gonçalves (JSL LOGÍSTICA)
Diretor Regional Minas Gerais: Matheus Torga (HERMES PARDINI) | Diretora Regional Rio de Janeiro: Carla Dodsworth Albano Miller (PETROBRAS)
Diretor Regional Sul: Roberto Pezzi (FRAS-LE) | Diretor Técnico: André Vasconcellos (ELETROBRAS); Diretora de Comunicação e Eventos:
Marilia Barbosa Nogueira (EDP ENERGIAS DO BRASIL).
Rua Correia Dias, 184 / 11º andar - Paraíso - 04104-000 - São Paulo, SP Tel.: (11) 3106-1836 e (11) 96649-7101
Website: www.ibri.com.br | Email: ibri@ibri.com.br
WEBSITES
FERRAMENTAS TECNOLOGIA
PRÓPRIAS DE RI RESPONSIVA HTTPS CUSTOMIZAÇÃO SEO
ACESSIBILIDADE
Adoção das principais recomendações de acessibilidade do WCAG.
Transparência e Emgajamento
Engajamento de
de Relações com A história da Presença na
destaque na Stakeholders
Stakeholders Investidores Companhia Web
imprensa
A divulgação na Comunicação Auxílio na elabo- Apuração, reda- Desenvolvimen-
imprensa, quando contínua e estra- ração de infor- ção e edição de to de sites, gera-
realizada de forma tégica com seus mações relevan- relatórios anuais, ção de conteú-
estratégica, é a públicos de inte- tes e posiciona- livros corporati- do, gestão de
maneira mais mento da com- vos e publica-
resse. mídias sociais e
efetiva de uma
panhia com rela- ções customiza- otimização dos
empresa transmi-
ção ao mercado das. motores de
tir seus valores e
mensagens aos de capitais. busca SEO.
públicos que
pretende atingir.
Saiba mais:
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Estratégias que geram valor Conectando empresas ao Mundo
OPINIÃO
Gênero e Corrupção
Nos últimos anos tem havido um esforço concentrado, em
diversos países e organizações internacionais, para aumentar
a participação das mulheres na vida pública. Os defensores
dessas reformas sugerem que as mulheres podem fazer escolhas
diferentes dos homens e, de fato, há vários estudos (World Bank,
2001; Engendering Development; World Values Survey; Gender Inequality
Índex - PNUD) que demonstram essa proposição.
Essa abordagem honesta, do caráter feminino, esclarece as são democracias estáveis e que orientam-se pela boa gover-
segunda e terceira proposições, uma vez que as mulheres nança. No Peru, em 1998, o presidente Fujimori, anunciou
trariam para a política um conjunto diferente de valores e que a força policial de trânsito de 2.500 homens em Lima
experiências que enriqueceriam a vida política. teria a participação feminina dado que as mulheres seriam
mais honestas e moralmente confiáveis do que os homens
Desses argumentos apresentados, decorrem algumas inquie- (Goetz, Anne Marie. Political Cleaners: Women as the New Anti-Cor-
tações: primeiro: governos com propensão a práticas corrup- ruption Force?, 2007). Após uma década desta iniciativa de fe-
tas tenderiam a afastar as mulheres da arena pública para minização, uma pesquisa de acompanhamento revelou uma
manter a estrutura de ganhos ilícitos; segundo, considerando redução dos subornos e pagamentos de propina no trânsito
que a arena pública é um local corruptor isso pode resultar no local (Karim, Sabrina. Madame officer, 2011).
afastamento das mulheres com medo de comprometer-se em
“negócios sujos”; e terceiro, refere-se ao estigma que recaí so- Nesta mesma linha, El Salvador, Panamá, Equador e Bolívia
bre as mulheres como “saneadoras” da vida pública enquanto incorporaram mulheres em suas divisões de trânsito (Karim,
os homens teriam uma tendência natural à improbidade. 2011). A ideia de “feminizar” os tomadores de decisão tam-
bém foi posta em prática em Uganda, onde o presidente Yo-
Esta ideia de associar a virtude feminina com incorruptibi- weri Museveni atribuiu a maioria dos cargos do tesouro às
lidade não é nova, baseia-se na natureza moral “superior” mulheres (Goetz, 2007).
das mulheres e sua propensão a trazer sua boa moralidade
para influenciar a vida pública e, principalmente, a condu- Verifica-se, pois, que há diversas iniciativas nos países para au-
ção da política. mentar da presença de mulheres na política e demais setores,
comumente justificado com base na igualdade de gênero e re-
Se as mulheres exibem preferências por comportamentos dução da pobreza, podendo haver uma recompensa de eficiên-
probos na política ou se é um mito, pode estar na justifica- cia que é a redução da corrupção na arena pública. RI
tiva de que mulheres são excluídas de oportunidades o que
dificulta a avaliação sobre uma menor propensão às práti-
cas corruptas. Para além, a associação a menor corrupção e
participação feminina na arena pública depende de outras
questões mais complexas como educação, vida familiar,
igualdade e qualidade da democracia, que divergem de um RITA DE CÁSSIA BIASON
é Cientista Política e Professora na
país para outro. Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” - UNESP/Franca.
rita.biason@unesp.br
Nos países nórdicos, por exemplo, há evidências de que a
participação feminina reduz às práticas de corrupção, porém
mais de mais de
18 bilhões
captados para projetos de clientes
38 bilhões
disponibilizados em crédito para
com indicadores sociais e ambientais empresas que geram impacto positivo.
positivos (green e socialbonds). O Valor PRO oferece
os dois e muito mais.
9 bilhões
em crédito para empresas lideradas
100 %
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por DANIELA ROCHA
Fevereiro 2021
nº 248