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Departamento de Ciências Sociais

Sociologia aplicada à ADM – 2020-3


Professora Annelise Fernandez
Avaliação 1 (valor 9,0)
Aluna: Larissa de Alcantara Lima

3- O trabalho é um tema central para a sociologia clássica. Durkheim, Marx (e


Engels) e Weber trazem diferentes perspectivas a respeito do papel do trabalho
na sociedade. Escolha dois desses autores e apresente suas perspectivas de
modo comparativo:
O trabalho é em síntese o conjunto de atividades realizadas pelos indivíduos que
produz algo, seja um produto material ou imaterial que serve a comunidade como um
todo.
Abordarei as perspectivas de Durkheim e Weber para responder essa questão, e
começarei falando um pouco sobre as teorias de cada um e depois falando de sua
perspectiva sociológica acerca do trabalho.
Durkheim defendia a sociologia como uma ciência científica e objetiva, analisando um
fenômeno social como uma coisa concreta, fazendo a diferenciação entre a coisa e a
ideia, para que o estudo seja imparcial. Ele define então como seu estudo o fato social
que em suas palavras é: “O fato social é tudo o que se produz na e pela sociedade, ou
ainda, aquilo que interessa e afeta o grupo de alguma forma”.
O fato social possui 3 características essenciais, segundo ele: a coercitividade, a
generalidade e a exterioridade; é coercitivo porque exerce um poder que faz com que o
indivíduo realize ações que muitas vezes são feitas contra a sua vontade; é geral
porque atinge todas as esferas da sociedade e todos os seus participantes e é exterior
porque já se encontra pronto e constituído na sociedade antes mesmo do nascimento
dos indivíduos que virão a fazer parte dela.
Em relação ao papel do trabalho na sociedade para Durkheim o autor diz que com
o surgimento da sociedade industrial, a consciência coletiva perdeu seu poder de
regulamentação e a sociedade entrou em um estado de anomia social, ou seja,
adoeceu pois os indivíduos deixaram de cooperar entre si para que os participantes
daquele meio vivessem de forma harmoniosa.
Ele ressalta que nas sociedades simples (sociedades primitivas, como tribos, aldeias,
clãs ou agrupamentos sociais) os indivíduos se reconheciam e viam a necessidade de
ajudarem uns aos outros para manter a harmonia, de forma a suprir a necessidade do
grupo como um todo e evitar a anomia social; a isso ele deu o nome de solidariedade
mecânica. Já nas sociedades complexas (pós revolução industrial e capitalismo) a
divisão social do trabalho torna-se complexa graças à especialização e o surgimento
de várias funções e por conta disso, Durkheim vai dizer que a consciência coletiva
perde sua força e surge a solidariedade orgânica que um tipo de solidariedade que não
é mais baseada no consenso moral e no apego de cada indivíduo para com a
coletividade e para evitar uma anomia social é preciso que órgãos competentes e
preparados para gerir e coordenar a divisão social do trabalho sirva de base, impondo
regras e leis não apenas para gerar lucro, mas para demonstrar aos indivíduos sobre a
importância de sua função para a harmonia da sociedade.
Diferente de Durkheim, Weber tem como foco de análise o indivíduo e suas ações na
sociedade. Para ele, a realidade é infinita, ou seja, é inesgotável. Por conta dessa
conclusão, esse autor vai dizer que nenhum conceito é capaz de explicar a realidade.
Diante de tal situação, o máximo que o pesquisador pode conseguir fazer é criar
tipologias que se aproximem o mais corretamente possível da realidade e do fenômeno
que está sendo estudado.
Em relação ao papel do trabalho na sociedade para Weber, ele analisa pela ótica
da religião, contrapondo católicos e protestantes. Durante o desenvolvimento de seu
livro (A ética protestante e o espírito do capitalismo), o autor vai dizer que alguns dos
valores propagados pelo catolicismo como a questão de poupar dinheiro, a abstinência
de uma vida boa e de luxo, o combate ao individualismo e outras doutrinações,
causavam uma espécie de retardamento ou combate ao desenvolvimento do
capitalismo, suas instituições e suas relações sociais. A partir dessas considerações,
Weber vai perceber nos escritos de Calvino e Lutero e, consequentemente, na
Reforma Protestante um discurso facilitador ao desenvolvimento do capitalismo e a
acumulação de capital. Na visão protestante o homem na Terra deve “trabalhar naquilo
que lhe foi destinado, ao longo de toda a sua jornada”, para a glorificação de Deus. O
trabalho era a própria finalidade de vida. A utilidade de uma vocação e a busca do lucro
eram tidas como positivas, sendo a riqueza má apenas se desviasse o homem para os
pecados do ócio e da carne. Todas estas características da religião protestante
trazidas por Weber levam à forte presunção de que foi responsável pelo
desenvolvimento do capitalismo (o “espírito” do capitalismo), já que pregava os
preceitos do trabalho exaustivo e especializado, o acúmulo material, a permissão do
lucro e o investimento técnico-científico.
Portanto, o trabalho para Weber deve ser compreendido como uma vocação na qual o
indivíduo desenvolve uma conduta racional baseada em uma profissão.

5- Apresente as ideias principais do Manifesto do Partido Comunista de Karl Marx:


O Manifesto do Partido Comunista traz a visão de Karl Marx e Friedrich Engels acerca
de questões políticas, econômicas e sociais que impactavam, e ainda impactam, a
sociedade como um todo. Eles condenavam o sistema capitalista, a religião e a
propriedade privada.
A obra conta como a então classe operária tem sido oprimida pela burguesia não
apenas nos tempos atuais da época, como também o mesmo ocorrera por anos
passados, com o intuito de aprisionar o setor mais carente da sociedade em uma
situação de impotência. Porém, apesar dessa pressão é pontuada a força da classe
trabalhadora, como detentora da força produtiva e na busca por seus direitos, como
ocorrera em outras tomadas de decisão, como na Revolução Francesa, por exemplo.
Dito isso, os autores defendiam uma tomada de decisão por meio da classe operária,
com a tomada de poder dos mesmos a fim de mitigar a opressão e colapsos causados
pela burguesia moderna e o capitalismo implantado há anos. Essa ação ocorreria após
o entendimento da situação e contexto o qual os operariados estariam inseridos. Essa
organização seria feita com um impacto muito mais significativo, por não haver
barreiras nacionalistas que os impeçam, já que a luta pela tomada de poder seria
igualitária mundialmente e não apenas em determinada região (“Trabalhadores do
mundo, uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões!”).
O Manifesto mostra o quanto o capitalismo afeta diretamente na ampliação do
enriquecimento das classes mais privilegiadas, porém não deixa de tecer críticas a
outros tipos de socialismo como o reacionário, conservador e utópico. Essa análise é
feita não apenas nas questões dos ideais como também em suas aplicações.

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