Professora Annelise Fernandez Avaliação 1 (valor 9,0) Aluna: Larissa de Alcantara Lima
3- O trabalho é um tema central para a sociologia clássica. Durkheim, Marx (e
Engels) e Weber trazem diferentes perspectivas a respeito do papel do trabalho na sociedade. Escolha dois desses autores e apresente suas perspectivas de modo comparativo: O trabalho é em síntese o conjunto de atividades realizadas pelos indivíduos que produz algo, seja um produto material ou imaterial que serve a comunidade como um todo. Abordarei as perspectivas de Durkheim e Weber para responder essa questão, e começarei falando um pouco sobre as teorias de cada um e depois falando de sua perspectiva sociológica acerca do trabalho. Durkheim defendia a sociologia como uma ciência científica e objetiva, analisando um fenômeno social como uma coisa concreta, fazendo a diferenciação entre a coisa e a ideia, para que o estudo seja imparcial. Ele define então como seu estudo o fato social que em suas palavras é: “O fato social é tudo o que se produz na e pela sociedade, ou ainda, aquilo que interessa e afeta o grupo de alguma forma”. O fato social possui 3 características essenciais, segundo ele: a coercitividade, a generalidade e a exterioridade; é coercitivo porque exerce um poder que faz com que o indivíduo realize ações que muitas vezes são feitas contra a sua vontade; é geral porque atinge todas as esferas da sociedade e todos os seus participantes e é exterior porque já se encontra pronto e constituído na sociedade antes mesmo do nascimento dos indivíduos que virão a fazer parte dela. Em relação ao papel do trabalho na sociedade para Durkheim o autor diz que com o surgimento da sociedade industrial, a consciência coletiva perdeu seu poder de regulamentação e a sociedade entrou em um estado de anomia social, ou seja, adoeceu pois os indivíduos deixaram de cooperar entre si para que os participantes daquele meio vivessem de forma harmoniosa. Ele ressalta que nas sociedades simples (sociedades primitivas, como tribos, aldeias, clãs ou agrupamentos sociais) os indivíduos se reconheciam e viam a necessidade de ajudarem uns aos outros para manter a harmonia, de forma a suprir a necessidade do grupo como um todo e evitar a anomia social; a isso ele deu o nome de solidariedade mecânica. Já nas sociedades complexas (pós revolução industrial e capitalismo) a divisão social do trabalho torna-se complexa graças à especialização e o surgimento de várias funções e por conta disso, Durkheim vai dizer que a consciência coletiva perde sua força e surge a solidariedade orgânica que um tipo de solidariedade que não é mais baseada no consenso moral e no apego de cada indivíduo para com a coletividade e para evitar uma anomia social é preciso que órgãos competentes e preparados para gerir e coordenar a divisão social do trabalho sirva de base, impondo regras e leis não apenas para gerar lucro, mas para demonstrar aos indivíduos sobre a importância de sua função para a harmonia da sociedade. Diferente de Durkheim, Weber tem como foco de análise o indivíduo e suas ações na sociedade. Para ele, a realidade é infinita, ou seja, é inesgotável. Por conta dessa conclusão, esse autor vai dizer que nenhum conceito é capaz de explicar a realidade. Diante de tal situação, o máximo que o pesquisador pode conseguir fazer é criar tipologias que se aproximem o mais corretamente possível da realidade e do fenômeno que está sendo estudado. Em relação ao papel do trabalho na sociedade para Weber, ele analisa pela ótica da religião, contrapondo católicos e protestantes. Durante o desenvolvimento de seu livro (A ética protestante e o espírito do capitalismo), o autor vai dizer que alguns dos valores propagados pelo catolicismo como a questão de poupar dinheiro, a abstinência de uma vida boa e de luxo, o combate ao individualismo e outras doutrinações, causavam uma espécie de retardamento ou combate ao desenvolvimento do capitalismo, suas instituições e suas relações sociais. A partir dessas considerações, Weber vai perceber nos escritos de Calvino e Lutero e, consequentemente, na Reforma Protestante um discurso facilitador ao desenvolvimento do capitalismo e a acumulação de capital. Na visão protestante o homem na Terra deve “trabalhar naquilo que lhe foi destinado, ao longo de toda a sua jornada”, para a glorificação de Deus. O trabalho era a própria finalidade de vida. A utilidade de uma vocação e a busca do lucro eram tidas como positivas, sendo a riqueza má apenas se desviasse o homem para os pecados do ócio e da carne. Todas estas características da religião protestante trazidas por Weber levam à forte presunção de que foi responsável pelo desenvolvimento do capitalismo (o “espírito” do capitalismo), já que pregava os preceitos do trabalho exaustivo e especializado, o acúmulo material, a permissão do lucro e o investimento técnico-científico. Portanto, o trabalho para Weber deve ser compreendido como uma vocação na qual o indivíduo desenvolve uma conduta racional baseada em uma profissão.
5- Apresente as ideias principais do Manifesto do Partido Comunista de Karl Marx:
O Manifesto do Partido Comunista traz a visão de Karl Marx e Friedrich Engels acerca de questões políticas, econômicas e sociais que impactavam, e ainda impactam, a sociedade como um todo. Eles condenavam o sistema capitalista, a religião e a propriedade privada. A obra conta como a então classe operária tem sido oprimida pela burguesia não apenas nos tempos atuais da época, como também o mesmo ocorrera por anos passados, com o intuito de aprisionar o setor mais carente da sociedade em uma situação de impotência. Porém, apesar dessa pressão é pontuada a força da classe trabalhadora, como detentora da força produtiva e na busca por seus direitos, como ocorrera em outras tomadas de decisão, como na Revolução Francesa, por exemplo. Dito isso, os autores defendiam uma tomada de decisão por meio da classe operária, com a tomada de poder dos mesmos a fim de mitigar a opressão e colapsos causados pela burguesia moderna e o capitalismo implantado há anos. Essa ação ocorreria após o entendimento da situação e contexto o qual os operariados estariam inseridos. Essa organização seria feita com um impacto muito mais significativo, por não haver barreiras nacionalistas que os impeçam, já que a luta pela tomada de poder seria igualitária mundialmente e não apenas em determinada região (“Trabalhadores do mundo, uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões!”). O Manifesto mostra o quanto o capitalismo afeta diretamente na ampliação do enriquecimento das classes mais privilegiadas, porém não deixa de tecer críticas a outros tipos de socialismo como o reacionário, conservador e utópico. Essa análise é feita não apenas nas questões dos ideais como também em suas aplicações.