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PROJETO: RONDA MARIA DA PENHA: EFETIVIDADE NO

COMBATE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

SALVADOR- BAHIA

Salvador – BA

2019
SÚMARIO

1. INTRODUÇÃO
2. JUSTIFICATIVA
3. ORGANIAÇÃO DO PROJETO
3.1 Objetivo geral
3.2 Objetivos específicos
4. REFERENCIAL TEÓRICO
5. METODOLOGIA
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. INTRODUÇÃO

Décadas de submissão e desigualdades produziram uma espécie de


empoderamento dos homens em relação às mulheres e junto com eles a ideia nefasta da
mulher como relação de objeto e prazer, estando sujeita aos seus comandos e a todo tipo
de violência, desrespeito e arbitrariedades. Ninguém pode negar a história de
inferiorização feminina desde o início da civilização, eis que, a subordinação está
expressada reiteradas vezes na legislação vigente de vários países, inclusive no Brasil,
nas mais diversas épocas, demonstrando que as mulheres não passavam de objetos de
seus senhores (pais e maridos) e que sempre viveram num mundo machista e
preconceituoso de supremacia masculina, com liberdade restrita e direitos suprimidos,
anulados ou ignorados.

A presente pesquisa tem como diretriz demonstrar a efetividade da Lei


11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, no combate a todos os tipos de
violência contra a mulher. Diante dos elevados números de violência e homicídios
registrados contra mulheres pelo Mapa da Violência no ano de 2015, nove anos após a
Lei Maria da Penha ser sancionada, a pesquisa busca compreender a violência como
expressão do patriarcado, em que a mulher é vista como sujeito social autônomo, porém
historicamente vitimada pelo controle social masculino até os dias atuais.

A violência de gênero, termo utilizado atualmente para caracterizar a violência


contra a mulher, demonstra que os papéis impostos a ambos os sexos, consolidados ao
longo da história e reforçados pelo patriarcado, induz a uma relação de poder entre
homens e mulheres. Além do mais, indica que a prática deste tipo de violência deriva do
processo de socialização das pessoas. Portanto, a violência não se trata de algo natural
do ser humano, mas de um processo social e educacional aplicados durante a sua
evolução.

A partir do momento em que foi sancionada a Lei 11.340/2006, várias foram as


alterações realizadas no judiciário para buscar uma eficácia concreta em seus efeitos,
que vão desde a criação de Juizados de Violência Doméstica até a prisão preventiva do
agressor.
Se fez necessária uma desconstrução social a partir da extrema necessidade da
criação de uma lei que visasse proteger e garantir os direitos das mulheres no seio
familiar e doméstico, visto que que esse tipo de violência ainda hoje é vista como
natural e, na maioria dos casos, não é levada a sério nem mesmo pela própria vítima.

Dessa forma, buscou-se relacionar as medidas judiciais paliativas utilizadas na


tentativa de proteger o direito à vida com a necessidade de criação de políticas públicas
que tenham eficácia no combate a este tipo de violência. Ademais, mister ressaltar a
importância da intervenção estatal como meio de coibir e erradicar qualquer tipo de
violência de gênero desde o seu contexto inicial, e também oferecer todo o suporte
necessário, desde social a psicológico, para as vítimas desse tipo de violência.

2. JUSTIFICATIVA

Nos anos 80, vivia-se no país um período antagônico de conquistas e recessões


dos direitos sociais. Visualizava-se um período de agravamento das expressões da
questão social, do acirramento dos movimentos políticos de amplos setores da
população e a derrota da ditadura tornando-se inevitável para a classe dominante a
substituição do estado autocrático burguês para o regime democrático. Nesse sentido, a
organização da classe ganhou tal magnitude que começou a se criar as bases jurídicos-
institucionais para reverter boa parte daqueles traços de extrema exploração e
dominação. Traços estes, que configurariam na Constituição de 1988, se tornando uma
consagração do avanço social através das lutas conduzidas pelos setores populares por
duas décadas. (Netto in Lebauspin: 1999).

Esse aparato jurídico significou redução a níveis toleráveis de exploração, se


configurando em um novo pacto social,

apontando para a construção pela primeira vez na história


brasileira de uma espécie de Estado de Bem-Estar Social (...)
com isto, colocava-se o arcabouço jurídico-político para
implantar na sociedade brasileira, uma política social compatível
com as exigências de justiça social, equidade e universalidade.
(Netto in Lebauspin, 1999:77)
Apesar desse movimento claro de inflexões diante da nova ferramenta
garantidora de direitos, a Constituição Federal, buscou garantir direitos sociais para
todos os brasileiros buscando meios para afirmação dos direitos constitucionais.
Conforme afirma Perin (2010) “nesse campo complexo e contraditório instala-se a
discussão sobre qual é a função do sistema jurídico na garantia dos direitos
constitucionais, quando, para sua efetivação, além de formalidades jurídicas, são
exigidos processos políticos para efetivação dos preceitos na Constituição Federal”, e ainda,

É nesse movimento contraditório que vem avançando, no campo


formal, o reconhecimento dos direitos sociais enquanto direitos que
podem ser cobrados e exercidos. Isso tem exigido um
reposicionamento das estruturas formais e uma busca de mecanismos
inovadores que possam garantir a conquista desses direitos (Couto,
apud, Perin, 2010)

Ao abordar a temática da violência contra as mulheres é imprescindível considerar a


categoria de gênero. Para a historiadora Joan Scott (1994) gênero é um elemento constitutivo
das relações sociais baseado nas diferenças entre os sexos, ou seja, as relações sociais entre
homens e mulheres são construídas socialmente.

3. METODOLOGIA

Foi realizada uma abordagem didática que buscou analisar a legislação de


proteção à mulher; leis internacionais e nacionais, bem como a evolução legislativa
brasileira que concede proteção estatal às mulheres. Foram elencadas as falhas e a
eficácia da Lei Maria da Penha visando debater quais lacunas da lei ainda precisam ser
efetivadas para que a violência contra a mulher não seja tratada apenas no âmbito
punitivo, de forma que possa receber uma atenção panorâmica do contexto social como
um todo.

3. ORGANIZAÇÃO DO PROJETO

3.1. Objetivo Geral

Analisar os índices de violência doméstica contra a mulher e refletir sobre a


política de proteção às vítimas visando a promoção da justiça e da equidade social.
3.1.2 Objetivo Especifico

O presente trabalho teve como objetivo analisar os principais aspectos da Lei


11.340/06, também denominada Lei Maria da Penha, que trata da violência doméstica
contra a mulher, bem como debater as considerações gerais sobre tal violência e a forma
como é tratada pela lei em questão. 

4. REFERENCIAL TEÓRICO

A violência caracteriza-se por ser um dos fenômenos mais angustiantes do


mundo atual, revelando-se em todas as sociedades como um elemento estrutural
intrínseco ao próprio fato social, fazendo parte de qualquer grupo humano ou
civilização. Assiste-se hoje, a uma escalada da violência e, ao mesmo tempo, a uma
banalização e rotinização da mesma e, por consequência, um estado de indiferença,
onde o ato violento ou não violência são vistos simples dados do cotidiano (GAUER,
2000).

Torna-se cada vez mais necessário refletir a respeito para se compreender


melhor em que consiste, de que maneira está presente em nossas vidas e como agir para
combatê-la. (PANDIJIARJIAM, 1997)

Um aspecto preocupante dessa temática é a questão da violência velada


observada de modo dissimulado, nas relações sociais, da qual não se encontra o agente
causador, mas ela se reflete nos índices de miséria, analfabetismo, desemprego e fome,
trazendo consequências imediatas à qualidade de vida da humanidade (GROSSI, 1996)

5. CONCLUSÕES

A partir da análise do presente trabalho, conclui-se que, mesmo nos dias atuais e
com diversas conquistas obtidas ao longo dos séculos por homens e mulheres, ainda
assim vivemos em uma sociedade repleta de paradigmas e padrões que precisam ser
desconstruídos, como por exemplo, a hierarquia ainda existente entre os sexos.

A falta de conscientização estatal de que é preciso conscientizar a sociedade


sobre a importância da equidade entre gêneros faz com que apenas existam mais leis
buscando reprimir agressores do que visando uma construção social de que homens e
mulheres são iguais entre si em direitos e deveres.

A Lei Maria da Penha foi de importante avanço no combate à violência


doméstica e familiar contra a mulher. Pois estabeleceu meios de repressão dos
agressores, bem como também estabeleceu medidas a serem adotadas socialmente para
a erradicação desse tipo de agressão e formas de garantir proteção às vítimas.

 No entanto, não foi suficiente. Os índices gerados pelo Mapa da Violência do
ano de 2015 mostram o crescente aumento de violências e homicídios cometidos contra
mulheres em razão do sexo feminino, o que deixa em dúvida a real eficácia da Lei que
tem como intuito prevenir e erradicar a violência doméstica e familiar. A necessidade de
criar uma Lei específica para reprimir quem comete homicídios contra mulheres apenas
evidenciou isso, deixando claro que o caráter preventivo da Lei falha em algum ponto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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