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Motrivivência v. 26, n. 43, p.

277-286, dezembro/2014

http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2014v26n43p277

ANDANDO SOBRE RODAS NAS AULAS


DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Daniel Bocchini1
Daniel Teixeira Maldonado2

RESUMO

Baseado nas teorias pós-críticas da educação, onde o currículo da educação física se


configura num campo de construção de significados mais justos e democráticos, esse
estudo teve como objetivo relatar uma experiência desenvolvida no primeiro semetre do
ano de 2013, sobre a tematização dos esportes com rodas nas aulas de educação física,
em uma escola pública do município de São Paulo, com alunos do 7º Ano. Realizamos
práticas pedagógicas que buscaram refletir, questionar, experimentar e compreender
tal prática da linguagem corporal. Ao concluir o projeto, percebemos que os alunos
alteraram sua percepção em relação aos praticantes de esportes com roda.

Palavras-chave: Educação Física Escolar; Cultura Corporal; Esportes com Rodas

1 Doutorando em Educação /Uninove. Docente de Educação Física da rede municipal de ensino de São Paulo.
São Paulo/SP, Brasil.
E-mail: danielbocchini@hotmail.com
2 Doutorando em Educação Física/USJT. Docente de Educação Física da rede municipal de ensino de São Paulo.
São Paulo/SP, Brasil.
E-mail: danieltmaldonado@yahoo.com.br
278

INTRODUÇÃO cotidianamente nos comunicamos, assim,


assumimos diferentes posições que contri-
Na área escolar, a educação física buem para organizar a teia social. Dentre
apresenta em sua construção histórica um os códigos que compõem a linguagem cor-
percurso com muitas discussões, contradi- poral destacam-se as danças, brincadeiras,
ções e ressignificações. Apesar de todas as jogos, lutas, esportes e etc, é importante
suas especificidades, essas diferentes ideias notar que esses gestos contribuem para a
de se trabalhar as manifestações da cultura formação da identidade cultural do indiví-
corporal buscam em sua essência legitimar duo e do grupo que pertence.
a atuação do professor dentro dos muros Com sua base na teorização Críti-
da escola. ca e Pós-Crítica3do currículo a educação
Um dos caminhos que contribuiram física escolar deixa de concentrar seu
sobremaneira para esse reconhecimento se foco apenas nas questões procedimentais,
deu através da influência dos estudos das motoras ou físicas e passa a integrar nas
ciências humanas e sociais que trouxeram suas discussões pedagógicas termos como
uma perspectiva mais integral as aulas, cultura, discurso, alteridade, identidade/
que até então limitavam a compreensão diferença, multiculturalismo, saber/poder,
biológica e psicobiológica. Considerando entre outros. Em outras palavras, podemos
a realidade socio-cultural dos alunos, essa dizer que área despertou, assim como as
visão atribui à gestualidade um caráter de demais, para compreender o papel central
linguaguem, ou seja, por meio dos ges- que o currículo assume nos atuais debates
tos, nos comunicamos com as pessoas e da educação, pois, perde a característica
expressamos nossas intenções, desejos e de ser algo neutro e posto e ganha o status
expectativas, assim, os discursos produzidos de um importante elemento que contribui
assumem a função de estruturar e organizar na construção daquilo que somos e da-
a circulação dos significados (GONÇALVES, quilo que iremos nos transformar (NEIRA
1999 e NEIRA e NUNES, 2009). e NUNES, 2008). Apoiado nessa teoria,
Podemos claramente perceber Canen e Oliveira (2002, p. 61), apontam
como a linguagem corporal se manifesta que o currículo pautado na perspectiva da
em nossa sociedade como exemplo através cultura “valoriza a diversidade e questiona
das expectativas de comportamentos espe- a própria construção das diferenças e, por
rados entre homens e mulheres a partir da conseguinte, dos estereótipos e precon-
maneira de falar, sentar e andar ou quando ceitos contra aqueles percebidos como
observamos alguém cabisbaixo que pode ‘diferentes’ no seio de sociedades desiguais
simbolizar uma tristeza ou cansaço, enfim, e excludentes”.

3 “A teoria pós-crítica entende que as relações de poder não são tão centralizadas, como prega a visão crítica
cuja ênfase é quase exclusiva na relação entre classes sociais. Nesse novo entendimento, o poder se torna
descentrado, ou seja, amplia-se o mapa das relações sociais e com isso são envolvidas relações gênero, etnia,
raça, religião e sexualidade (BOCCHINI, 2012, p. 62)”.
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A partir desse entendimento, as badminton, capoeira, maculelê, artes cir-


aulas de educação física que não possibi- censes, ginásticas artística, entre outros. Na
litam um olhar além da prática, através de medida em que observamos os relatos dessas
uma perspectiva crítica, podem favorecer a práticas é comum o foco didático se concen-
reprodução dos pressupostos da sociedade trar apenas no conhecimento histórico e no
capitalista e da visão dominante, pois, na aspecto procedimental da manifestação. Essa
medida em que o professor possibilita aos ação é chamada por Torres Santomé (1998)
educandos uma abordagem pedagógica de currículo turista, pois nessa perspectiva
que se restringe a determinados conteúdos os conhecimentos são tratados a partir de
(no caso da educação física o “quarteto informações rasas e sem contextualização,
mágico” futebol, voleibol, basquetebol e fato que muitas vezes só contribui para natu-
handebol) não propondo nenhuma discus- ralizar o preconceito a certas manifestações
são e análise crítica dessas práticas ele pode da cultura corporal, e, consequentemente a
corroborar para uma leitura limitada e pobre determinados grupos sociais.
da realidade, assim, perpetua e fortalece Há algum tempo Daolio (1995)
visões discriminatórias e preconceituosas diz que a educação física sempre teve
dificuldade de lidar com as diferenças
a determinadas práticas corporais, etnias,
manifestadas pelos indivíduos, assim, o
raças, gêneros, opções sexuais e religiões.
tratamento adotado foi de silenciar, neu-
Em seus estudos, Vago (1997, p. 90) nos
tralizar e excluir, sentindo-se através da
ajuda a elucidar essas questões dizendo:
padronização e da homogeneização mais
“Com essas indicações, enfim, defen- segurança. Mandarino (2010, p. 51) nos
de-se a organização de uma prática esclarece dizendo que:
escolar de Educação Física, nas séries
iniciais do ensino fundamental, que “[...] a escola tenta demarcar esta dife-
considere, respeite, investigue e en- rença de quem foge da norma, mas não
riqueça a construção sociocultural da a fuga da diferença étnica, religiosa, de
corporeidade humana de cada uma e gênero, classe social, etc., porque isto
de todas as crianças que estão na aula. parece importar menos. Justamente nas
Tal construção é ampliada nas rela- diferenças culturais que representam a
ções sociais que as crianças estabele- fronteira entre o que é do gênero mas-
cem com a cultura, em lugares sociais culino e do gênero feminino, produzi-
como a casa, a rua e na própria escola. das nas aulas de Educação Física, pa-
É para essa construção que a Educação recem não se tornar um elemento para
Física deve contribuir com a sua práti- se pensar a in/exclusão sobre o que é
ca escolar.” feito por um e não pelo outro. O que
separa os gêneros? A questão biológica,
No intuito de trazer novas possi- a aptidão física, habilidades motoras,
os interesses por determinadas práticas
bilidades pedagógicas, frequentemente desportivas? Como pensar num método
presenciamos professores criticarem a de ensino que permita a aprendizagem
predominância do “quarteto mágico” nas dos escolares, se no seu princípio já foi
aulas e tentam propor mudanças temati- definido que devem aprender em gru-
pos separados? Já lhes foi negada, na
zando conteúdos diferenciados tratados sua origem, a tentativa de desenvolver
como projetos, atividades esporádicas ou uma proposta pedagógica em que am-
comemorativas que fogem ao padrão como: bos estejam juntos.”
280

Tendo como referência a plurali- em uma escola do município de São Paulo,


dade cultural que permeiam a escola e as localizada na zona norte, no bairro Freguesia
aulas de educação física, o professor em do Ó, com os alunos do 7º Ano. As aulas
sua prática pedagógica deverá proporcionar foram ministradas durante o 1º semestre do
aos educandos a possibilidade de acessar o ano de 2013.
maior número de manifestações que com-
põem a cultura corporal. Assim sendo, nessa Relatos de práticas docentes são regis-
tros de atividades realizadas com os
concepção o objetivo das aulas é proporcio-
alunos, com o objetivo de construir co-
nar aos educandos chances de reconhecer, nhecimentos. Neles deve transparecer a
socializar, ressignificar e ampliar os sistemas intenção do professor em cada ativida-
de significação das diversas culturas através de planejada, suas reflexões e observa-
ções ao longo do desenvolvimento da
da linguagem corporal (São Paulo. Secreta-
experiência. O caminho para alcançar
ria Municipal de Ensino, 2007). cada objetivo precisa estar claramente
Na tentativa de construir nas aulas expresso, para que os leitores, prova-
um caminho mais democrático e justo, ini- velmente outros professores, possam
compreender o trabalho por inteiro. Os
cialmente, é essencial que o professor tenha
resultados alcançados e o modo como
a consciência do seu papel político dentro cada procedimento foi avaliado, reto-
da escola, é através de sua ação, comparti- mado, revisto, refeito também precisam
lhada com toda a comunidade escolar, que estar explícitos, de modo a propiciar
elementos de análise para posterior
se podem vislumbrar novos ares.
reflexão e busca de caminhos, na pers-
Como docentes da rede pública, pectiva da melhoria contínua da educa-
portanto, sabedor de todas as dificuldades ção oferecida na escola (DELMANTO;
que cotidianamente o professor atravessa FAUSTINONI, 2009, p. 9).
em sua jornada, como exemplo a falta de
apoio da equipe gestora, falta de material, A ideia de trabalhar essa temática
falta de espaço, salas lotadas, alunos indis- surge a partir de três motivos, o primeiro
ciplinados, pais ausentes, baixos salários, refere-se à frequência que observamos os
saúde fragilizada e etc, buscamos com alunos, quando estamos a caminho da
esse artigo, compartilhar com os prezados escola, brincando com bicicletas, skates e
colegas um projeto cuja tematização fo- patins nos arredores da escola, assim, cons-
ram os esportes com rodas, com o intuito tatamos que de certa maneira essas práticas
que esse relato possa oferecer ao leitor a fazem parte de sua realidade socio-cultural.
possibilidade de vislumbrar e refletir uma O segundo é devido ao fato estar atrelado
prática pedagógica que vise contribuir para aos objetivos propostos pelo PEA – Projeto
a formação crítica dos educandos. Especial de Ação – onde, no ano de 2013,
em reunião, foi estabelecido que a unida-
de escolar iria tratar das manifestações da
Relato da experiência cultura. O último motivo se deu após uma
reunião do Conselho da Escola, que debateu
O objetivo deste texto é relatar uma sobre algumas questões do trânsito local,
experiência sobre a tematização dos espor- como a escola é situada numa rua sem saí-
tes com rodas nas aulas de Educação Física da, em determinados horários como na hora
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de entrada e saída de alunos, observamos • Identificar possíveis relacões de


uma grande confusão entre carros, perua poder presente nas práticas (local
escolar, pedestres e alunos que disputam e global), sugerindo propostas para
um espaço no meio da rua, já que a calçada democratizar as relações.
há tempos encontra-se intrasitável devido • Analisar criticamente o papel da
a um monte de entulhos que impedem o mídia e os efeitos sobre os apre-
trânsito dos pedestres, frente a esse caos, ciadores/consumidores das práticas
entendemos que essa questão seria muito esportivas.
importante para ser discutido no projeto de
esportes com rodas. Na segunda etapa do projeto,
Para iniciarmos o projeto realizamos realizamos a vivência das modalidades.
um levantamento sobre que os alunos co- Perguntamos aos alunos quais esportes com
nheciam dos esportes com rodas, diagnosti- rodas eles praticavam e se poderiam trazer
camos que além de terem um conhecimento para a escola, comentaram que havia a pos-
restrito a apenas modalidades como o skate, sibilidade de trazer skate, patins, patinete e
patinete, patins e bicicleta seus discursos bicicleta, então, combinamos que iriamos
atribuiam a prática desses esportes a deter- explorar cada material em uma aula.
minados grupos sociais, como por exemplo, Iniciamos as aulas práticas com o
quando um aluno disse que patins era uma skate. Num dia estavamos a caminho da
atividade mais voltada para o sexo feminino, escola e nos deparamos com dois adoles-
em contrapartida, o skate era visto como um centes andando de skate na rua, perguntei
esporte masculino. Vale ressaltar que no se eles queriam realizar uma apresentação
de algumas manobras para os alunos, pron-
primeiro dia do projeto, quando avisamos
tamente aceitaram. No dia da aula prática
os alunos sobre o tema foi interessante notar
de skate, esses dois adolescentes realizaram
a empolgação com a proposta, eles não
diversas manobras e deram dicas para os
esperavam que na escola fosse local para
iniciantes, logo depois, deixamos que os
andar de skate, patins, bicicleta e patinete.
alunos vivenciassem a modalidade.
Após as informações coletadas rea-
Conforme o combinado nas outras
lizamos um plano de ações didáticas que aulas os alunos vivenciaram as outras
tinham o objetivo de atender às expectativas modalidades. De uma maneira geral,
de aprendizagem selecionadas a partir do podemos avaliar que as aulas tiveram a
caderno de Orientações Currículares. As participação da grande maioria da turma,
expectativas eleitas foram: como não possuiamos materias para todos
foi interessante notar, sem qualquer inter-
• Conhecer a história específica da ferência nossa, a forma com que eles se
modalidade investigada, relacio- organizaram no empréstimo do material
nando com seu contexto histórico aos colegas, além disso, vale destacar
e possíveis influências nas ativida- também a ajuda entre os próprios alunos
des de aula. para realizarem a dinâmica.
282

Figura 1: Alunos realizando as vivências de bicicleta, patins, skate e patinete.

Figura 11 –– Alunos
Figura Alunos realizando
realizando as
as vivências
vivências de
de bicicleta,
bicicleta, patins, skate ee patinete.
patins, skate patinete.
Figura 1 – Alunos realizando as vivências de bicicleta, patins, skate e patinete.
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283
socupados.
ocupados. V. 26, n° 43, dezembro/2014

Figura 22 –– Alunos
Figura Alunos
Figura realizando
realizando
2: Alunos as
realizando asas análises
análises
análises das reportagens.
das reportagens.
das reportagens.

Aproveitamos o debate para discutir então, utilizamos como suporte para a nossa
também algumas questões relacionadas ao discussão duas dissertações, a primeira fala
preconceito em relação ao gênero, pois sobre a mobilidade urbana e os fatores que
como havíamos observado no inicio do influênciam o uso da bicicleta nas cidades
projeto alguns alunos possuiam uma visão e a segunda discute a questão do uso da
preconceituosa com relação à prática femi- bicicleta como um transporte sustentável.
nina de alguns esportes com roda, além do Durante a conversa sobre esse tema, em
skate comentamos sobre o automobilismo meados de maio e junho de 2013, eclodi-
que é predominanemente dominado pelos ram em todo o país várias manifestações
homens, analisamos essa realidade sob a contra o aumento do transporte público,
perspectiva da diferença de criação entre esse assunto também foi muito discutido nas
os sexos onde é comum observar que o ho- aulas, procuramos compreender a relação
mem tem mais oportunidade de explorar de- que existe entre os interesses do governo,
terminadas atividades consideradas radicais a mobilidade urbana, transporte público e
ou perigosas, já as mulheres acabam sendo o uso da bicicleta como um meio de trans-
mais reprimidas nessa questão, aquelas que porte sustentável.
se aventuram transgredindo esse ideal são No sentido de contribuir ainda
vítimas de fortes descriminação. Isso pode mais para o debate selecionamos alguns
explicar, em partes, o predomínio masculi- vídeos que falavam sobre alguns acidentes
nos nos esportes com rodas. envolvendo ciclistas, inclusive, lembramos
Devido ao problema do trânsito um caso bem recente de um jovem com
local debatido no conselho de escola e 21 anos que foi atropelado na Avenida
pelo fato de observamos que a maioria dos Paulista, em São Paulo, e teve seu braço
alunos possuiam bicicletas resolvemos nos arrancado por um carro. Encontramos um
aprofundar um pouco nessas temáticas, documentário chamado “Vou de bicicleta”,
284

que foi exibido por um jornal televisivo, convidamos o professor para fazer uma
retratando a vida das pessoas que se aven- palestra que contasse aos alunos um pouco
turam cotidianamente no trânsito paulistano sobre sua experiência com o ciclismo e as
utilizando a bicicleta como um meio de provas que participa, no dia combinado,
transporte, nesse vídeo é dabatido as leis para enriquecer ainda mais, gentilmente, ele
de trânsito existentes que contribuem para trouxe para os alunos conhecerem dois tipos
regulamentar o uso da bicicleta. de bicicleta diferentes, uma para asfalto e
Durante um horário de intervalo a outra para terra, além de vir com a roupa
o professor de português da escola nos que os ciclistas utilizam para pedalar. Foi
indagou sobre algumas bicicletas que ha- um momento muito interessante porque,
via visto com os alunos na escola, então, inicialmente, nenhum aluno imaginava que
expliquei sobre o projeto que estávamos o professor de português fosse um ciclista
desenvolvendo, então, ele começou a nos esse fato surpreendeu a todos, também foi
contar que era ciclista e participava de di- muito importante a contribuição do debate
versas provas de endurece, provas de longa que contribuiu para refletirmos sobre mais
duração. Então, para finalizar o projeto nos questões relacionadas ao uso da bicicleta.

Figura 3: Palestra do professor Weber


Figura 3 – Palestra do professor Weber

CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS contribuiram para que os alunos pudessem
construir outras representações em relação
Ao final do Aoprojeto,
final do conseguimos identificar aos
projeto, conseguimos queseus
os alunos começaram a refletir sobre
praticantes.
os esportesidentificar
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outra maneira,
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Observamos que osealunos
reportagens
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debates contribuiram
refletir sobrepara que os alunos
os esportes pudessem
com rodas de construir outras
bastante de representações
estudar em relação
esse tema, participan-
aos seus praticantes.
outra maneira, as aulas práticas, análise do ativamente de todas as etapas, apesar
Observamos
de vídeos que os alunose gostaram
e reportagens os debatesbastante de estudar
de alguns esse tema,a participando
terem resistência aulas não
ativamente de todas as etapas, apesar de alguns terem resistência a aulas não práticas, isso
ainda pode ser reflexo de uma educação física que se caracteriza por uma prática acrítica.
V. 26, n° 43, dezembro/2014 285

práticas, isso ainda pode ser reflexo de uma conhecimento. In: GOIÁS. Secretaria
educação física que se caracteriza por uma de Estado da Educação. Reorientação
prática acrítica. curricular do 6º ao 9º ano: currículo
Durante a execução do projeto em debate – Relatos de Práticas
encontramos diversos obstáculos como o Pedagógicas. Goiânia: SEE/GO, 2009.
pouco material disponível para uma sala GONÇALVES, M. A. S. Teoria da
com um número grande de alunos, espaços ação comunicativa de Habermas:
inadequados para a realização das aulas Possibilidades de uma ação educativa
práticas e resistência de alguns alunos com de cunho interdisciplinar na escola.
o novo tema que não estavam acostumados Educação & Sociedade, ano XX, nº. 66,
nas aulas. Abril, 1999.
Através das ações didáticas foi MANDARINO, C. M. Sitiamentos sobre a
possível refletir, reconhecer e valorizar in/exclusão na educação física escolar.
os esportes com roda com um patrimônio IN:CHICON, J. F; RODRIGUES, G.M
da cultura corporal. Com isso, sugerimos (Orgs). Educação Física e o caminho da
que outros professores também relatem inclusão. Vitória/ES: Ed. Edufes, 2010.
suas experiências pedagógicas para que NEIRA, M; NUNES, M. L. F. Pedagogia da
possamos a partir dessa troca proporcionar cultura corporal: críticas e alternativas.
aos educandos uma educação física mais São Paulo: Phorte, 2008.
democrática e crítica. _____. Educação Física, Currículo e
Cultura. São Paulo: Phorte, 2009.
SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL
REFERÊNCIAS
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na prática pedagógica na educação de aprendizagem para o Ensino
física escolar. Dissertação (mestrado) Fundamental: ciclo II: Educação Física.
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Paulo, 2012. TORRES SANTOMÉ, J. Globalização e
CANEN, A.; OLIVEIRA, A.M.A. interdisciplinariedade: o currículo
Multiculturalismo e currículo em ação: integrado. Porto Alegre: Artmed, 1998.
um estudo de caso. Rev. Bras. Educ., VAGO, T. M. Das escrituras à escola
n. 21, p. 61-74, 2002. pública: a educação física nas séries
DAOLIO, J. Da cultura do corpo. Campinas: iniciais do ensino fundamental.
Papirus, 1995. In: SOUSA, E. S. e VAGO, T. M. Trilhas
DELMANTO, D.; FAUSTINONI, L. E. Os e partilhas: educação física na cultura
relatos de prática e sua importância no escolar e nas práticas sociais. Belo
processo de produção e socialização do Horizonte: UFMG, p. 59-92, 1997.
286

WALKING ON WHEELS IN SCHOOL PHYSICAL EDUCATION CLASSES

ABSTRACT

Based on the post-critical theories of education, where the curriculum of physical


education represents a field of building more just and democratic meanings, this study
aimed to report a semester developed in the first year experience of 2013, on the themes
of sports wheeled in physical education classes, in a public school in São Paulo, with
students from Year 7. Performed pedagogical practices that sought to reflect, question,
experiment and understand the practice of body language. To complete the project, we
realized that students changed their perception of the practitioners of sports with wheel.

Keywords: Physical Education; Corporal Culture; Sports with Wheels

ANDANDO SOBRE RUEDAS EN LAS CLASES DE EDUCACIÓN FÍSICA ESCOLAR

RESUMEN

Basado en las teorías pos-críticas de la Educación, donde el currículo de la Educación


Física se configura en un campo de construcción de significados más justos y
democráticos, ese estudio tuvo como objetivo relatar una experiencia desarrollada en el
primero semestre del año de 2013, sobre la tematización de los deportes con ruedas en
las clases de Educación Física, en una escuela pública del municipio de São Paulo, con
alumnos del 7° grado. Realizamos prácticas pedagógicas que buscan reflejar, cuestionar,
experimentar y comprender tal práctica del lenguaje corporal. Al concluir el proyecto,
percibimos que los alumnos alteraron su percepción en relación a los practicantes de
deportes con ruedas.

Palabras clave: Educación Física escolar; Cultura corporal; Deportes con ruedas

Recebido em: fevereiro/2014


Aprovado em: junho/2014

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