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277-286, dezembro/2014
http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2014v26n43p277
Daniel Bocchini1
Daniel Teixeira Maldonado2
RESUMO
1 Doutorando em Educação /Uninove. Docente de Educação Física da rede municipal de ensino de São Paulo.
São Paulo/SP, Brasil.
E-mail: danielbocchini@hotmail.com
2 Doutorando em Educação Física/USJT. Docente de Educação Física da rede municipal de ensino de São Paulo.
São Paulo/SP, Brasil.
E-mail: danieltmaldonado@yahoo.com.br
278
3 “A teoria pós-crítica entende que as relações de poder não são tão centralizadas, como prega a visão crítica
cuja ênfase é quase exclusiva na relação entre classes sociais. Nesse novo entendimento, o poder se torna
descentrado, ou seja, amplia-se o mapa das relações sociais e com isso são envolvidas relações gênero, etnia,
raça, religião e sexualidade (BOCCHINI, 2012, p. 62)”.
V. 26, n° 43, dezembro/2014 279
Figura 11 –– Alunos
Figura Alunos realizando
realizando as
as vivências
vivências de
de bicicleta,
bicicleta, patins, skate ee patinete.
patins, skate patinete.
Figura 1 – Alunos realizando as vivências de bicicleta, patins, skate e patinete.
Na próxima
Na próxima ação,ação, realizamos
realizamos
Na próxima análises de
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283
socupados.
ocupados. V. 26, n° 43, dezembro/2014
Figura 22 –– Alunos
Figura Alunos
Figura realizando
realizando
2: Alunos as
realizando asas análises
análises
análises das reportagens.
das reportagens.
das reportagens.
Aproveitamos o debate para discutir então, utilizamos como suporte para a nossa
também algumas questões relacionadas ao discussão duas dissertações, a primeira fala
preconceito em relação ao gênero, pois sobre a mobilidade urbana e os fatores que
como havíamos observado no inicio do influênciam o uso da bicicleta nas cidades
projeto alguns alunos possuiam uma visão e a segunda discute a questão do uso da
preconceituosa com relação à prática femi- bicicleta como um transporte sustentável.
nina de alguns esportes com roda, além do Durante a conversa sobre esse tema, em
skate comentamos sobre o automobilismo meados de maio e junho de 2013, eclodi-
que é predominanemente dominado pelos ram em todo o país várias manifestações
homens, analisamos essa realidade sob a contra o aumento do transporte público,
perspectiva da diferença de criação entre esse assunto também foi muito discutido nas
os sexos onde é comum observar que o ho- aulas, procuramos compreender a relação
mem tem mais oportunidade de explorar de- que existe entre os interesses do governo,
terminadas atividades consideradas radicais a mobilidade urbana, transporte público e
ou perigosas, já as mulheres acabam sendo o uso da bicicleta como um meio de trans-
mais reprimidas nessa questão, aquelas que porte sustentável.
se aventuram transgredindo esse ideal são No sentido de contribuir ainda
vítimas de fortes descriminação. Isso pode mais para o debate selecionamos alguns
explicar, em partes, o predomínio masculi- vídeos que falavam sobre alguns acidentes
nos nos esportes com rodas. envolvendo ciclistas, inclusive, lembramos
Devido ao problema do trânsito um caso bem recente de um jovem com
local debatido no conselho de escola e 21 anos que foi atropelado na Avenida
pelo fato de observamos que a maioria dos Paulista, em São Paulo, e teve seu braço
alunos possuiam bicicletas resolvemos nos arrancado por um carro. Encontramos um
aprofundar um pouco nessas temáticas, documentário chamado “Vou de bicicleta”,
284
que foi exibido por um jornal televisivo, convidamos o professor para fazer uma
retratando a vida das pessoas que se aven- palestra que contasse aos alunos um pouco
turam cotidianamente no trânsito paulistano sobre sua experiência com o ciclismo e as
utilizando a bicicleta como um meio de provas que participa, no dia combinado,
transporte, nesse vídeo é dabatido as leis para enriquecer ainda mais, gentilmente, ele
de trânsito existentes que contribuem para trouxe para os alunos conhecerem dois tipos
regulamentar o uso da bicicleta. de bicicleta diferentes, uma para asfalto e
Durante um horário de intervalo a outra para terra, além de vir com a roupa
o professor de português da escola nos que os ciclistas utilizam para pedalar. Foi
indagou sobre algumas bicicletas que ha- um momento muito interessante porque,
via visto com os alunos na escola, então, inicialmente, nenhum aluno imaginava que
expliquei sobre o projeto que estávamos o professor de português fosse um ciclista
desenvolvendo, então, ele começou a nos esse fato surpreendeu a todos, também foi
contar que era ciclista e participava de di- muito importante a contribuição do debate
versas provas de endurece, provas de longa que contribuiu para refletirmos sobre mais
duração. Então, para finalizar o projeto nos questões relacionadas ao uso da bicicleta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS contribuiram para que os alunos pudessem
construir outras representações em relação
Ao final do Aoprojeto,
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projeto, conseguimos queseus
os alunos começaram a refletir sobre
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aos seus praticantes.
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de vídeos que os alunose gostaram
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de alguns esse tema,a participando
terem resistência aulas não
ativamente de todas as etapas, apesar de alguns terem resistência a aulas não práticas, isso
ainda pode ser reflexo de uma educação física que se caracteriza por uma prática acrítica.
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práticas, isso ainda pode ser reflexo de uma conhecimento. In: GOIÁS. Secretaria
educação física que se caracteriza por uma de Estado da Educação. Reorientação
prática acrítica. curricular do 6º ao 9º ano: currículo
Durante a execução do projeto em debate – Relatos de Práticas
encontramos diversos obstáculos como o Pedagógicas. Goiânia: SEE/GO, 2009.
pouco material disponível para uma sala GONÇALVES, M. A. S. Teoria da
com um número grande de alunos, espaços ação comunicativa de Habermas:
inadequados para a realização das aulas Possibilidades de uma ação educativa
práticas e resistência de alguns alunos com de cunho interdisciplinar na escola.
o novo tema que não estavam acostumados Educação & Sociedade, ano XX, nº. 66,
nas aulas. Abril, 1999.
Através das ações didáticas foi MANDARINO, C. M. Sitiamentos sobre a
possível refletir, reconhecer e valorizar in/exclusão na educação física escolar.
os esportes com roda com um patrimônio IN:CHICON, J. F; RODRIGUES, G.M
da cultura corporal. Com isso, sugerimos (Orgs). Educação Física e o caminho da
que outros professores também relatem inclusão. Vitória/ES: Ed. Edufes, 2010.
suas experiências pedagógicas para que NEIRA, M; NUNES, M. L. F. Pedagogia da
possamos a partir dessa troca proporcionar cultura corporal: críticas e alternativas.
aos educandos uma educação física mais São Paulo: Phorte, 2008.
democrática e crítica. _____. Educação Física, Currículo e
Cultura. São Paulo: Phorte, 2009.
SÃO PAULO. SECRETARIA MUNICIPAL
REFERÊNCIAS
DE ENSINO. Orientações curriculares
BOCCHINI, D. Indentidade e alteridade e proposição de expectativas
na prática pedagógica na educação de aprendizagem para o Ensino
física escolar. Dissertação (mestrado) Fundamental: ciclo II: Educação Física.
– Universidade São Judas Tadeu, São São Paulo: SME/DOT, 2007.
Paulo, 2012. TORRES SANTOMÉ, J. Globalização e
CANEN, A.; OLIVEIRA, A.M.A. interdisciplinariedade: o currículo
Multiculturalismo e currículo em ação: integrado. Porto Alegre: Artmed, 1998.
um estudo de caso. Rev. Bras. Educ., VAGO, T. M. Das escrituras à escola
n. 21, p. 61-74, 2002. pública: a educação física nas séries
DAOLIO, J. Da cultura do corpo. Campinas: iniciais do ensino fundamental.
Papirus, 1995. In: SOUSA, E. S. e VAGO, T. M. Trilhas
DELMANTO, D.; FAUSTINONI, L. E. Os e partilhas: educação física na cultura
relatos de prática e sua importância no escolar e nas práticas sociais. Belo
processo de produção e socialização do Horizonte: UFMG, p. 59-92, 1997.
286
ABSTRACT
RESUMEN
Palabras clave: Educación Física escolar; Cultura corporal; Deportes con ruedas