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ISSN 1981-6278

Artigos originais

Metodologia de pesquisa-ação
na área de gestão de
problemas ambientais

Michel Generosa de
Thiollent Oliveira Silva
Programa de Engenharia Projeto Gestão Participativa
da COPPE/Universidade da Sub-Bacia do Rio São
Federal do Rio de Janeiro, Domingos (Convênio
Rio de Janeiro, Brasil COPPE/UFRJ/LT&F
thiollent@pep.ufrj.br – EMBRAPA-Solos), Rio de
Janeiro, Brasil
generosaos@ig.com.br

Resumo
O objetivo do artigo consiste em apresentar e discutir as possibilidades de aplicação da metodologia participativa e
da pesquisa-ação em estudos da área sócio-ambiental, principalmente no contexto rural. Destacam-se problemas que
ocorrem no relacionamento entre pesquisadores e comunidades e sugerem-se meios de construir uma visão comparti-
lhada. Finalmente, são apresentados alguns resultados de um projeto participativo em comunidades de uma microbacia
do Noroeste fluminense, em particular no que diz respeito aos problemas de saúde decorrentes do o uso de defensivos
agrícolas. Ademais, são destacados os procedimentos utilizados para lidar com a organização das comunidades.

Palavras-chave
Metodologia, pesquisa-ação, agricultura, meio ambiente, comunidades

Introdução todologia de pesquisa-ação. Será destacada a questão


Diante dos atuais desafios sociais e ambientais que do relacionamento intercultural que se estabelece entre
o desenvolvimento agrícola encontra, é preciso pesquisar, pesquisadores, produtores agrícolas e demais participan-
conceber, avaliar novos modelos de gestão agroambiental. tes. Finalmente, a descrição de um estudo de caso em
Novos enfoques teóricos e metodológicos são necessá- microbacia hidrográfica exemplificará alguns aspectos da
rios para superar as visões econômicas predominantes proposta metodológica.
que se revelaram restritivas em termos de apreensão de
complexidade socioambiental e cultural e levaram ao Enfoque metodológico
agravamento de problemas de deterioração do meio am- Para o planejamento, a gestão e a avaliação de
biente e de exclusão social; o que direta e indiretamente projetos agroambientais, cada vez mais, são tomados
acaba por se refletir nas condições de saúde. em consideração elementos de dinâmica biológica, eco-
Com esse intuito, aqui serão apontadas algumas lógica ou socioambiental, princípios de sustentabilidade
possibilidades teóricas e metodológicas associadas ao ambiental, econômica e social, e critérios de participação
uso de metodologia participativa, em particular da me- dos grupos sociais envolvidos. Às vezes, tais exigências

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ficam no plano da retórica, mas observa-se que, em várias na identificação e na resolução dos problemas, com co-
instituições de pesquisa ou de fomento, internacionais e nhecimentos diferenciados. A proposta de metodologia
nacionais, os critérios de sustentabilidade e de participa- participativa não é meramente instrumental. Fundamen-
ção tendem a adquirir um caráter obrigatório. No plano ta-se na crítica da metodologia unilateral, na crítica social
da metodologia, essas exigências se manifestam pela das práticas científicas convencionais e de seus aspectos
adoção de um marco referencial sistêmico e de métodos de dominação, de desconhecimento, aproveitamento ou
participativos, entre os quais faz parte a proposta de extorsão do saber popular ou nativo.
pesquisa-ação. Para uma ampla visão do leque de métodos A adequação desses métodos é pensada em termos
participativos, veja-se (BROSE, 2001). práticos (adequação e efetividade das soluções encontra-
A sustentabilidade das soluções técnicas resultantes das), em termos teóricos (cotejo da teoria com a prática,
de um projeto diz respeito à possibilidade de prever e com enriquecimento do conhecimento) e em termos
assegurar as condições necessárias para sua continuidade, éticos (aceitação, legitimidade das propostas e soluções
com reposição dos recursos naturais e viabilidade eco- de modo dialógico e negociado).
nômica e social de longo prazo, dentro do ecossistema Métodos participativos são aplicáveis em todas as
considerado. Em termos concretos, isso leva a buscar áreas sociais, na educação, na saúde coletiva e cada vez
a adequação das soluções produtivas em função das mais nas atividades técnicas (organização, ergonomia, en-
características do solo, dos recursos hídricos, das fontes genharia, arquitetura etc.) e particularmente adequados
de energia e do uso do trabalho humano, minimizando na pesquisa agropecuária. No Pronapa 2005 (Programa
os efeitos prejudiciais em termos sociais, ambientais e Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento da Agrope-
de saúde. cuária da EMBRAPA), o desenvolvimento da pesquisa
Contrária à lógica econômica imediatista, que participativa aparece como objetivo estratégico assim
se reduz às variáveis de custo e benefício de agentes formulado: “Desenvolver e adaptar métodos de pesquisa
econômicos, o novo enfoque requer séries de critérios participativos adequados às ações de pesquisa à realidade
de decisão e avaliação no plano socioambiental. Nessa dos pequenos produtores, contribuindo para a solução de
perspectiva, os conhecimentos de tipo biológico e am- problemas sociais e econômicos nacionais minimizando
biental são articulados com os conhecimentos socioeco- desequilíbrios regionais.” (EMBRAPA, 2005)
nômicos. A ciência ambiental está intimamente inserida No âmbito das ciências agrárias, a metodologia de
em um processo social (NORGAARD, 1991). Contra a pesquisa-ação tem sido discutida de longa data e, por ve-
razão econômica restrita ao cálculo dos ganhos de um zes, utilizada em particular em práticas de extensão rural,
agente egoísta (homo economicus), Enrique Leff propôs a difusão de tecnologia (THIOLLENT, 1984) e criação de
construção de uma razão ambiental que se contrapõe à tecnologia apropriada. Tal metodologia tem sido adotada
razão econômica e que é vista como processo complexo para elaborar projetos de associações ou cooperativas e
integrando novas formas de produção teórica, de desen- de economia solidária (THIOLLENT, 2005b).
volvimento tecnológico, com mudanças institucionais e Embora a relação entre a metodologia de pesqui-
transformação social, e tomada de decisão participativa sa-ação e a problemática de tecnologia apropriada, ou,
(LEFF, 1994; 2001a; 2001b). mais recentemente, de tecnologia social, nem sempre
A perspectiva socioambiental requer uma abor- tenha sido explicitada, considera-se que existem seme-
dagem sistêmica, não limitada à análise de variáveis lhanças e aproximações no espírito, nos procedimentos
isoladas, mas de um modo capaz de apreender o todo e formas de relacionamentos com as comunidades rurais
e as partes nas suas relações com o todo, enxergando a implicadas.
complexidade que resulta da interação entre as partes. A metodologia participativa e, em particular, a pes-
Além disso, a idéia de sustentabilidade requer que seja quisa-ação estão no centro dos debates em matéria de
levada em consideração uma visão de futuro. A abor- educação ambiental (ZART, 2001), de difusão de infor-
dagem sistêmica não se limita aos aspectos estruturais, mação para fortalecer a participação e a sustentabilidade
processuais e funcionais da realidade observada no pre- (FURNIVAL et al., 2005) e, sem dúvida, têm grandes
sente. É preciso levar em conta a dimensão histórica, com contribuições a oferecer em estudos preparatórios para
aspectos de evolução, retrato do passado e projeção do a gestão agroambiental.
futuro que, evidentemente, é objeto de conflitos, mas a Em projetos em que as microbacias são considera-
partir do qual se define o que é desejável ou não. das como unidades de análise sistêmica de atividades
Na mesma perspectiva socioambiental, a metodolo- agropecuárias, os métodos participativos são geralmente
gia participativa encontrou nas últimas décadas um novo recomendados em especial no tocante à agricultura
e profícuo campo de aplicação. Tal metodologia abrange familiar e à organização de comunidades de pequenos
um amplo conjunto de métodos e técnicas de pesquisa, en- produtores.
sino, extensão, avaliação, gestão, planejamento etc., cujo Do ponto de vista epistemológico, os fundamentos
denominador comum é o princípio da participação, em da metodologia participativa e da pesquisa-ação encon-
diversos formas e graus de intensidade, de todos os atores tram apoio em teorias críticas, em certas vertentes da
envolvidos nos problemas que pretendem solucionar. fenomenologia e, mais recentemente, cada vez mais, em
Assim, a pesquisa é realizada dentro de um espaço novas formas de construtivismo ou de construcionismo social
de interlocução onde os atores implicados participam (JIGGINS, 1997; GERGEN, 2001).

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Da interação prolongada entre pesquisadores e mente as relações de poder que estabelecem com setores
atores surgem novas construções de conhecimento leigos. Estas relações de poder não desaparecem, mas
sim devem ser trabalhadas e negociadas conjuntamente
voltadas para a prática. A partir de mapeamentos e sis-
entre leigos e peritos.” (GUIVANT, 2003)
tematizações, tais construções tornam-se conhecimento
apropriado pelos usuários e, ao mesmo tempo, validadas Em cada projeto ou em cada caso, é necessária uma
no plano científico pelos pesquisadores e profissionais. clara análise da participação dos atores e de seus efeitos
Entre os métodos participativos, a pesquisa-ação diferenciados. As condições, as modalidades e a intensi-
ocupa um lugar de destaque. Sua história já é longa (iní- dade da participação, as relações entre especialistas e co-
cio na década de 1940) e está em constante renovação munidades devem ser monitoradas. Em muitos projetos a
(MORIN, 2004). Sua fundamentação encontra apoio em participação dos interessados revela-se bastante limitada.
várias concepções psicossociológicas, comunicacionais, Mas, de qualquer modo, a questão da participação não
educacionais, críticas etc. (EL ANDALOUSSI, 2004). deve ser reduzida a uma dicotomia de tipo ‘tudo ou
Enquanto metodologia de pesquisa, a pesquisa-ação nada’. É preciso distinguir várias modalidades e graus de
não deve ser confundida com outros métodos participati- intensidade. Na clássica ótica de Henri Desroche, que
vos cujas características e finalidades são diferentes, como teorizou de longa data essa questão, existe um leque de
no caso de técnicas de planejamento, monitoramento tipos de participação, da incipiente à integral, passando
ou avaliação. É bom lembrar que a principal vocação por graus intermediários, dependentes das ênfases na
da pesquisa-ação é principalmente investigativa, den- busca de explicação, na aplicação ou na implicação
tro de um processo de interação entre pesquisadores e (DESROCHE, 2006).
população interessada, para gerar possíveis soluções aos Em termos mais práticos, segundo (STRINGER,
problemas detectados. De acordo com (LIU, 1997), a 1999), a participação é mais efetiva quando: (a) possi-
pesquisa-ação não se limita à resolução dos problemas bilita significativo nível e envolvimento; (b) capacita as
práticos dos usuários, não deve ser confundida com uma pessoas na realização de tarefas; (c) dá apoio às pessoas
simples técnica de consultoria, já que a ambição que para aprenderem a agir com autonomia; (d) fortalece
lhe é associada consiste também em fazer progredir os planos e atividade que as pessoas são capazes de realizar
conhecimentos fundamentais. Todo esse processo ocorre sozinhas; (e) lida mais diretamente com as pessoas do
em um “trabalho conjunto que é aprendizagem mútua que por intermédio de representantes ou agentes.
entre pesquisadores e usuários” (a função educativa Cada vez mais, os projetos são concebidos e realiza-
é muito desenvolvida em certos projetos ambientais) dos com grupos pluridisciplinares que estão em relação
e dentro de um quadro “ético negociado e aceito por de parceria. Constrói-se então um arranjo entre vários
todos” (LIU, 1996). atores para viabilizar e realizar o projeto. Nesse contexto,
Os resultados da pesquisa-ação se verificam nos a pesquisa-ação precisa ser adaptada para manter uma
“modos de resolução de problemas concretos encontrados interação entre os atores ou parceiros implicados que
no decorrer da realização do projeto”. Os conhecimen- seja produtiva em termos de conhecimento (EL ANDA-
tos produzidos são “validados pela experimentação”. LOUSSI, 2004).
Há “formação de uma comunidade capacitada, com Do inter-relacionamento entre pesquisadores e ato-
competências individuais e coletivas” e também “novos res no processo de pesquisa-ação, associado a um espaço
questionamentos para pesquisas e estudos posteriores.” de interlocução, resulta uma construção do conhecimento
(Idem) para a qual é necessário apreender a dimensão cultural,
A dimensão “participação” é fundamental em as diferenças de linguagens, posturas sociais, percepções
pesquisa-ação e em todos os métodos componentes e interpretações.
da metodologia participativa. Todavia, sempre existem
controvérsias quanto ao escopo e à efetividade da parti- Relacionamento entre pesquisadores
cipação. Como observaram Guivant e Jacobi, em texto e comunidades
sobre a gestão de bacias hidrográficas:
Nos projetos de pesquisa-ação, é freqüente que
“Na última década o termo “abordagem participativa” interajam grupos sociais ou culturalmente diferentes. Os
passou a fazer parte dos discursos governamentais, de atores, as comunidades ou seus representantes envolvidos
ongs e de diferentes agências internacionais de desenvol-
no processo de pesquisa e, em particular, no momento
vimento. Mas o conceito de participação pode implicar
da interpretação dos resultados e da definição das pos-
diversos significados, nem sempre explicitados. Os
questionamentos em relação a um uso indiferenciado sibilidades de ação, podem encontrar mal-entendidos ou
do conceito de abordagem participativa têm aumentado, até manifestar atitudes de conflito.
sobretudo na bibliografia sobre desenvolvimento susten- Na atividade presencial desses grupos, é importante
tável. Um dos pontos levantados é que geralmente os observar os aspectos simbólicos da linguagem e dos com-
formuladores de políticas, planos de desenvolvimento portamentos e, se possível, mapear os conhecimentos,
ou legislações esquecem de explicitar de quem será a
verbalizar as percepções dos problemas sob investigação
participação. Isto é, a participação comunitária nem
sempre beneficia ou atinge a todos os membros de uma
e outros aspectos cognitivos próprios aos atores. Além
comunidade da mesma forma (...). Outro problema disso, no plano valorativo, também devem ser evidencia-
relaciona-se com uma tendência a pressupor que a boa dos critérios, normas e valores que aceitam, respeitam
vontade dos peritos/técnicos pode levar a diluir magica- ou rejeitam os diferentes atores.

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Mesmo nas pesquisas de natureza aparentemente se praticava comumente nos anos 1960/70, o moderno
operacional ou técnica, o problema das diferenças e do não deve ser imposto sem o consentimento dos grupos.
relacional existem. Basta lembrar as dificuldades encon- A resistência ao moderno, em nome da tradição, revela-
tradas por agrônomos em suas relações com os produ- se uma atitude cautelosa e corresponde, muitas vezes, à
tores, quando existem, ou entre qualquer engenheiro e preservação da identidade cultural dos grupos.
usuários dos equipamentos ou técnicas que projeta. O projeto de pesquisa-ação não impõe uma ação
Para avançar na solução prática desse tipo de pro- transformadora aos grupos de modo predefinido. A
blema, uma proposta consiste em trabalhar preferencial- ação ocorre somente se for do interesse dos grupos e
mente com profissionais já sensibilizados aos aspectos concretamente elaborada e praticada por eles. O papel
culturais de seus ofícios. O técnico de mentalidade dos pesquisadores é modesto: apenas acompanhar, esti-
“quadrada”, querendo impor sua visão, a priori racional mular certos aspectos da mudança decidida pelos grupos
e supostamente superior à dos demais atores, será de interessados. Se esses grupos não estiveram em condição
pouca valia. Pior, boa parte do problema será agravada de desencadear as ações, os pesquisadores não podem
por esse tipo de atitude. substituí-los; só procurarão entender por que tal situação
Um outro aspecto da metodologia proposta consiste ocorre. De modo geral, deve-se abandonar a idéia de
em fazer um tipo de mapeamento cognitivo dos pro- mudar unilateralmente os comportamentos dos outros.
blemas encontrados na situação sob investigação. Este São os próprios atores que decidem se querem ou não
mapeamento abrangeria tanto as representações dos não mudar. No plano ético, é permitido ao pesquisador-ator
especialistas (membros da situação), como as dos espe- auxiliar ou facilitar uma mudança somente se houver
cialistas e pesquisadores. É importante mostrar a todos consentimento dos atores diretamente implicados.
como cada um dos grupos representa os problemas, por
exemplo, quanto à adoção de uma determinada técnica Uma experiência de projeto
de plantio em comunidades de produtores rurais. Entre participativo em uma microbacia
os diferentes grupos, nem sempre há coincidência das re-
presentações. Alguns aspectos enfatizados por uns podem
do Noroeste fluminense
estar ausentes na representação dos outros. Mesmo se Alguns aspectos da metodologia para projetos de
não houver possibilidade de completa identidade, deve-se gestão agroambiental são exemplificados a partir de
procurar saber quais são, pelo menos, as zonas de possível uma experiência concreta: o Projeto Gestão Participativa
entendimento. Paralelamente, devem ser evidenciadas da Sub-Bacia do Rio São Domingos – GEPAR-MBH,
as áreas de desentendimento, e sua subjacente lógica referente ao Edital CT-Hidro 02/2002 – FINEP, no qual
argumentativa. Com isso, sem a priori quanto à questão participaram equipes de pesquisadores da EMBRAPA-
de saber quem está certo ou errado, são comparados os Solos, da UERJ e Laboratório Trabalho & Formação
pontos de vista e as representações de cada grupo. Às da COPPE/UFRJ, no município de São José de Ubá, na
vezes, o diálogo é difícil: um grupo não percebe ou não região Noroeste fluminense, em 2003/2004.
tem acesso ao conhecimento de certos aspectos levan- Paralelamente a uma pesquisa sobre o solo e os
tados por um outro grupo. O objetivo é caminhar em aspectos hidrográficos conduzida, foi concebida uma
direção ao consenso, ou, pelo menos, à constatação dos pesquisa sobre os aspectos socioeconômicos e as formas
pontos de compatibilidade ou de incompatibilidade. As de organização comunitária dos produtores de tomate
soluções imaginadas pelos não especialistas são muitas de São José de Ubá.
vezes mais apropriadas ao contexto que as soluções dos O objetivo dessa pesquisa foi gerar informações que
especialistas externos. Os profissionais têm de aceitar pudessem ser divulgadas e discutidas com os envolvidos,
questionamentos e sugestões, o que exige de sua parte para, num segundo momento, formular propostas de
modéstia e capacidade reflexiva. Por outro lado, devem soluções para os problemas socioambientais enfrentados
descobrir sem preconceito como o ator pode aceitar pelas comunidades, dando início a um processo de gestão
algum aspecto da representação, da explicação ou da compartilhada da produção de conhecimento.
solução proposta pelo profissional. Tal questão deve A exemplo de muitos outros municípios da região,
ser colocada e resolvida na prática. O ponto de partida São José de Ubá tem aderido ao chamado “pacote tec-
apropriado está no reconhecimento dos dois universos nológico”, com ênfase na monocultura do tomate com
(o dos especialistas e dos não especialistas), com base em uso intensivo de adubação química, sem considerar as
mapeamento, e da elucidação dos encaminhamentos a especificidades climáticas da região, com chuvas fortes
serem dados pelos interlocutores de modo conjunto. no verão e estiagem prolongada nas demais épocas do
Além da questão da participação, a percepção cul- ano. Com isso, muitas áreas entraram em decadência,
tural do significado da mudança proposta constitui um já que, no verão as chuvas provocam erosão e, na época
problema às vezes delicado. Os pesquisadores não po- da estiagem, a agricultura de entressafra, como o milho,
dem pressupor uma mudança sem o consentimento dos não suporta o sol forte por um longo período. A adoção
interessados. O ideal é quando a mudança é concebida desse sistema de cultivo, mal adaptado às condições
e conscientemente praticada pelos grupos interessados. climáticas de solo e vegetação da região Noroeste pro-
No plano ético, não é mais possível impor mudanças vocou sérios efeitos prejudiciais ao meio ambiente e à
modernizadoras que não fazem sentido na cultura de saúde dos trabalhadores. Problemas ambientais e de saúde
determinados grupos sociais. Contrariamente ao que relacionados ao uso de pesticidas no cultivo do tomate

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são antigos e já foram objetos de estudos nos maiores cientização ambiental visando à recuperação do rio São
centros de produção do estado do Rio de Janeiro, como Domingos, através de experiência de gestão ambiental,
São José de Ubá (CEZAR, 2004) e, também, Paty de com o surgimento de novos interlocutores locais (Grupo
Alferes (DELGADO, 2004). Gestor) e implantação de unidades experimentais. Todo
Nas comunidades de São José de Ubá, os pesquisa- esse trabalho foi desenvolvido com a participação e consul-
dores de campo entrevistaram os produtores de tomate ta aos agricultores e lideranças, que foram “formados” pela
e ouviram depoimentos sobre o uso inadequado de de- equipe para acompanhar, discutir o projeto e fazer gestão
fensivos químicos. Segundo COSTA et al. (2007): “os frente às ações do próprio projeto e do poder público.
problemas de intoxicação mais relatados foram: dor de
cabeça e tonteira, com 31%; diarréia e vômitos, com 19%; 4.1 Metodologia aplicada
alergia, com 12%; anorexia e vômitos, com, 3%; pertur- O esquema apresentado pelo professor Fabio Zam-
bações neurológicas, também com 6,3%; e outros, tota- berlan (coordenador do LT&F) parte da compreensão dos
lizando 25%” (respostas múltiplas, com soma superior problemas concretos da população local – nas dimensões
a 100%). Ademais, foi constatado que, freqüentemente, técnica, econômica e social – visando criar novas for-
os defensivos são aplicados até os últimos dias anteriores mas de organização comunitária, pautadas em valores de
à colheita, o que sugere uma possível contaminação dos crescimento técnico e de cidadania. Vale dizer, no caso
produtos destinados aos consumidores. em estudo, o favorecimento da solidariedade e o respeito
Por meio da metodologia participativa desenvolvida à vida e ao meio ambiente. Busca-se, para esse fim, uma
pelo Laboratório Trabalho & Formação, investiu-se num nova articulação entre atores sociais que seja autêntica e
trabalho de pesquisa e Gestão Participativa e Pesquisa- futuramente institucionalizada, e que tenha auto-orga-
Ação, que resultou num movimento gradativo de cons- nização (Figura 1).

Figura 1 – Problemas, meios e finalidades

Fonte: COSTA et al., 2007

Os meios utilizados para tal iniciativa foram: (a) com um grande esforço na criação e consolidação do
estudos de viabilidade técnica, econômica e social da Grupo Gestor.
produção agrícola das comunidades; (b) conseqüente O Grupo Gestor foi visto como um espaço onde os
geração de oportunidades contextualizadas e, se possível, agricultores assumem lugar importante do processo de
duradouras; e, por fim, (c) ação de formação como um elaboração e implantação do trabalho a ser desenvolvido
processo contínuo de atuação voltada para a cidadania.
nas comunidades. A confiança do agricultor é simultane-
Dada à baixa inserção dos atores locais em experi- amente um indicador da sua participação e apresenta-se
ências comunitárias que tenham obtido êxito, optou-se como: (a) confiança em si próprio (autoconfiança),
por iniciar o Projeto, justamente, no atributo mais es-
condição fundamental para a aquisição de autonomia e
casso da estrutura local: sua organização. As atividades
indicadora dessa autonomia; e (b) confiança nos outros,
propostas, visando à mobilização das comunidades locais
para formar cooperação e sinergias, é vista como um
interessadas, voltaram-se para a criação de uma estru-
tura organizacional mínima e desde sempre autônoma indicador de autonomia.
para, em seguida, conferindo autoria aos implicados, Na prática, a “participação” se deu em níveis muito
desenvolver ações efetivas de trabalho de campo e diferentes: consulta sobre proposta oferecendo informa-
pesquisa circunstanciais. Assim, o Projeto teve início ções adequadas e prevendo os meios que permitiram

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aos presentes dar sua opinião; envolvimento dos atores pessoais ou na família. Este percentual, em relação ao
locais nas fases do processo, através da participação nas número de entrevistados, é considerado alto. Por isso,
discussões e tomadas de decisões; atenção dada aos ou- esse tema foi a principal prioridade escolhida pelas
tros problemas levantados pelas comunidades que não comunidades.
estavam nos objetivos iniciais do projeto. Apesar de a água ser considerada pela maioria da
população de boa qualidade (clara e boa para cozinhar),
Atividades desenvolvidas a pesquisa identificou problemas de salinidade, é conside-
As atividades desenvolvidas para gestão social e rada ruim por 6,8% e regular por 4,3% dos entrevistados.
organização local da equipe social e econômica foram: (a) Isso deixa claro que o fato de a maioria das comunidades
mobilização da comunidade, culminando com a eleição ser abastecida por água de nascente (88,9%), não é si-
de representantes comunitários para formação do Grupo nônimo de água de boa qualidade.
Gestor e elaboração da sua logomarca; (b) realização de Além dos problemas identificados pela pesquisa
um censo socioeconômico ambiental por meio da apli- participativa, a equipe de hidrologia identificou outros,
cação de questionários aplicados pelos representantes do como: nascentes sem cobertura vegetal; nascentes secas;
Grupo Gestor; (c) identificação dos sistemas de produção animais tratados abaixo do plantio de tomate; córregos
existentes na área de estudo; (d) realização de eventos sem mata ciliar e assoreado; construção de barragem
(dias de campo e seminários técnicos) com a participação ao longo do rio São Domingos; lançamento de esgoto
das instituições do projeto e dos produtores e atores locais direto no rio.
e cursos de capacitação (manejo integrado de pragas; (e)
identificação dos temas prioritários de intervenção do Resultados e desdobramentos
projeto: contaminação por agrotóxicos, transporte, saúde, nas comunidades
estradas e vias de transporte, atendimento médico, co-
Entre as conseqüências ou desdobramentos do
municação, educação e lazer, ajustadas à necessidade de
projeto na comunidade, observa-se que houve um efeito
preservar o meio ambiente; (f) treinamento de técnicos da
mobilizador com ganho de auto-estima e de capacitação
Prefeitura e da Universidade de Nova Iguaçu para coleta
coletiva.
de sangue para exame de intoxicação por agrotóxicos
via análise da alteração da colinesterase); (g) realização No início da intervenção, a maioria dos membros
de reuniões ordinárias mensais com o Grupo Gestor; das comunidades não se sentia capaz de mudar a situação
(h) finalmente, edição de quatro boletins informativos em vários aspectos das condições de vida social.
distribuídos na região de atuação do projeto. Um exemplo era o caso da comunidade de Santo
Para desenvolver essas atividades foi preciso compre- Antônio do Colosso, que estava há um ano com a escola
ender os problemas concretos da população local – nas fechada. As crianças tinham que levantar de madrugada,
dimensões técnica, econômica e social. Para tanto, foram pegar uma Kombi, ficar cerca de duas horas dentro do
realizadas visitas a todas as comunidades do município veículo, até que todas as comunidades fossem percorri-
para conhecê-las e decidir quais apresentavam melhor das, para chegar à cidade. Essas dificuldades explicavam,
adequação aos objetivos do projeto. em parte, a evasão escolar. Como conseqüência das ações
Através da primeira investigação censitária feita sociais e econômicas do projeto CT-Hidro, a comunidade
pelos membros do Grupo Gestor, foi possível organizar de Santo Antônio do Colosso se reorganizou, reativando
as informações, ocorrendo a necessidade posterior de o colégio que estava fechado há mais de um ano.
negociação com os mesmos para o aprofundamento da Por iniciativa própria, os agricultores passaram a
pesquisa. Para atingir esse objetivo, 17 agricultores foram realizar ações mais amplas, por exemplo, o fato de terem:
capacitados e participaram da pesquisa e 118 famílias (a) levado suas reivindicações aos técnicos envolvidos
identificadas nas cinco comunidades. Através desses no Projeto; (b) formado a Associação dos Revendedores
dados, foi possível levantar um conjunto de informações de Defensivos Agrícolas do Noroeste Fluminense do
necessárias para o conhecimento da realidade local que Estado do Rio de Janeiro – ARDANF, responsável pela
serviriam de base para discutir com as comunidades construção do Galpão de Recebimentos de embalagens
propostas de soluções dos problemas locais. vazias de agrotóxicos no município; (c) realizado duas
De acordo com a estratégia de pesquisa-ação, foi coletas de sangue para análise de colinesterase em 60
organizada uma devolutiva com as famílias entrevista- pessoas, sendo 50 produtores rurais de tomate e dez
das, onde cada comunidade pôde discutir o resultado não produtores.
da pesquisa e priorizar os temas de seu interesse. Das Com os resultados positivos obtidos nas unidades
77 perguntas do questionário, as comunidades elegeram demonstrativas, foi iniciada uma discussão da proposta
oito. Os seguintes itens foram avaliados como prioritários de reengenharia de produção do tomate ecologicamente
para serem trabalhados pelo Grupo Gestor: (a) uso de correta. No caso particular da vila de Barro Branco, foi
agrotóxicos; (b) uso da água; (c) saúde e meio ambien- reaberta a cozinha-escola para a produção do doce de
te; (d) comercialização; (e) formação profissional; e (f) tomate ecológico com os frutos descartados, ou seja, sem
conservação das estradas. padrão comercial.
A pesquisa sobre os acidentes por uso de agrotóxico Apesar de suas limitações, o projeto de São José de
indica que 30,5% dos entrevistados já tiveram acidentes Ubá mostrou que é possível desenvolver uma pesquisa

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participativa, com interdisciplinaridade, com aspectos de Em suma, a metodologia participativa e a pesquisa-
mobilização próprios à pesquisa-ação, revelando-se capaz ação oferecem promissoras possibilidades de pesquisa e de
de desencadear uma série de conseqüências positivas em atuação na perspectiva da gestão agroambiental, Todavia,
matéria de organização das comunidades de produtores. salienta-se que a elaboração e a adoção dessa metodologia
O procedimento utilizado permitiu evidenciar os proble- ainda requerem desenvolvimento e sistematização para
mas reais das comunidades que a equipe pôde equacionar assegurar a efetividade de seus resultados. Também é
e resolver de modo mais adequado que em procedimentos preciso reforçar a ética da conduta dos projetos, avaliar as
de pesquisa convencional. experiências participativas existentes e encontrar canais
apropriados para uma maior divulgação.
Conclusão
A metodologia participativa e a pesquisa-ação pos- Referências bibliográficas
suem uma longa trajetória e seus campos de aplicação BROSE, M. Metodologia participativa. Uma intro-
se multiplicam. Com a urgência de soluções para os dução a 29 instrumentos. Porto Alegre: Tomo Editorial,
problemas de saúde, sociais e ambientais decorrentes 2001. 312 p.
do modelo de desenvolvimento imposto, surgem novos
enfoques de gestão agroambiental que requerem a partici- CEZAR, L. H. S. Horticultura do tomate. Questão am-
pação dos interessados sob diversas formas e com vários biental e territorialidades em São José de Ubá, Noroeste
graus de intensidade, que vão desde a participação direta Fluminense. Rede acadêmica de meio ambiente e desen-
do produto no experimento até o relacionamento mais volvimento, 2004. Disponível em: www.ebape.fgv.br/rad-
complexo com grupos ambientalistas, sindicatos, movi- ma/doc/SMA/SMA-012.pdf Acesso em: 29 mar. 2007.
mentos sociais e outras entidades (públicas ou privadas), COSTA, J. R. P. F. et al. O desenvolvimento social e
construindo parcerias. econômico sustentável: o caso de cinco comunidades
A metodologia participativa e de pesquisa-ação do Município de São José de Ubá. Disponível em:
adquire nesse contexto as características de um método http://ich.ufpel.edu.br/economia/professores/xavier/de-
flexível para o projeto com equipes interdisciplinares sen_sust_econ_RJ.pdf Acesso em: 29 mar. 2007.
em contato direto com grupos da população ou das
DESROCHE, H. Pesquisa-ação: dos projetos de autores
comunidades interessadas na resolução dos problemas
aos projetos de atores e reciprocamente. In: THIOL-
detectados. Tal metodologia é objeto de experimentação
LENT, M. (Org.). Pesquisa-ação e projeto cooperativo
tanto no plano do conhecimento quanto no da prática
na perspectiva de Henri Desroche. São Carlos: EdU-
social. Para evitar a imposição de modelos culturalmente
FSCAR, 2006 (no prelo).
inadequados às populações e eventuais manipulações no
plano sociopolítico, os projetos orientados pela metodo- DELGADO, I. F.; PAUMGARTTEN, F. J. R. Intoxicações
logia de pesquisa-ação devem ser objeto de um rigoroso e uso de pesticidas por agricultores do Município de Paty
controle ético (interno e externo) antes, durante e depois do Alferes, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde
de sua realização (THIOLLENT, 2005a). Pública, v.20, n.1, 2004. Disponível em: www.scielo.
A experiência do projeto em microbacia, em São José br/pdf/csp/v20n1/34.pdf. Acesso em: 29 mar. 2007.
de Ubá, confirmou a viabilidade da aplicação da meto-
EL ANDALOUSSI, K. Pesquisas-ações. Ciência, desenvol-
dologia participativa e de princípios da pesquisa-ação
vimento, democracia. São Carlos: Edufscar, 2004, 192p.
dentro de um trabalho interdisciplinar, com elementos de
hidrologia, de análise de solos e abordagem dos aspectos EMBRAPA. Superintendência de Pesquisa e Desenvolvi-
socioeconômicos da organização das comunidades rurais mento. Pronapa 2005. Programa Nacional de Pesquisa
envolvidas. e Desenvolvimento da Agropecuária. Pronapa, Brasí-
Com a participação efetiva de membros dessas co- lia, v.31, p.1-146, 2005.
munidades, observou-se uma real implicação na identifi- FURNIVAL, A.C.; OKI, C. S. ; COSTA, L.. S. F. Desve-
cação e priorização dos problemas e na busca de soluções lando as práticas culturais na comunicação de informação
mais adequadas ao contexto. A interlocução entre os ambiental para a sustentabilidade. In: FURNIVAL, A.C.;
atores direta ou indiretamente implicados foi organizada COSTA, L.S.F. (Orgs.) Informação e conhecimento.
por meio de fórum e grupos de discussão. Por sua vez, Aproximando áreas de saber. São Carlos: EdUFSCAR,
a participação voltada à gestão coletiva e à tomada de 2005, p. 181-211.
decisão foi possibilitada pela construção de um grupo
gestor localmente implantado. Isso seria o início de um GERGEN, K. G. Le constructionnisme social. Une
processo de empoderamento, promovido pelo projeto introduction. Paris; Lonay (Suíça): Delachaux et Niestlé,
participativo, pelo qual as comunidades se acostumam 2001.
à idéia de assumirem a gestão de suas atividades produ- GUIVANT, J. S.; JACOBI, P. Da hidro-técnica à hidro-
tivas, assegurando a sustentabilidade pela consideração política: Novos rumos para a regulação e gestão dos
e minimização dos riscos ambientais, pela viabilização riscos ambientais no Brasil. Cadernos de Pesquisa
técnico-econômica da produção e pelas transformações Interdisciplinar em Ciência Humanas, Florianópolis,
do meio circundante obtidas com a melhoria da educação n.43, jun, 2003. Disponível em: www.cfh.ufsc.br/~dich/
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para debate, 35)

Sobre os autores
Michel Thiollent
Doutor em Sociologia pela Université de Paris V (René Descartes), é professor associado da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, atuando no programa de Engenharia de Produção da COPPE (Gestão & Inovação). Atualmente,
é também coordenador de extensão junto à Decania do Centro de Tecnologia da UFRJ. Publicou, dentre outros,
os seguintes livros: Metodologia da pesquisa-ação (15a. edição, São Paulo: Cortez, 2007); Pesquisa-ação
nas organizações (São Paulo: Atlas, 1997) e organizou a coletânea Pesquisa-ação e projeto cooperativo na
perspectiva de Henri Desroche (São Carlos: EdUFSCar, 2007).

Generosa de O. Silva
Formada em Ciências Sociais pela PUC-RIO, com formação complementar em Direito Social e Gestão Ambiental
pela UERJ. Trabalhou na Incubadora Tecnológica de Cooperativas da COPPE/UFRJ, pelo Laboratório de Trabalho
e Formação - LT&F COPPE/UFRJ e integrou a equipe de pesquisa do Projeto CT-Hidro em parceria com a Embrapa
Solos em São Jose de Ubá, noroeste do Rio de Janeiro. Atualmente é Gerente Social do Projeto Agricultura
Familiar em Faixa de Dutos - Instituto Terra/Transpetro/Petrobrás.

100 RECIIS – R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.93-100, jan.-jun., 2007

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