Você está na página 1de 3

Atividade 08: teses de defensa material e dosimetria da pena

Aluna: Bruna Macedo 201603267786

Refletindo sobre a inserção de teses defensivas em peças processuais,


podemos dividi-las da seguinte forma:
Teses processuais: aquelas que tenham o objetivo de produzir o reconhecimento
de uma nulidade, como, por exemplo, o apontamento de vícios na denúncia
(inépcia), na audiência (violação ao art. 212 do Código de Processo Penal, por
exemplo), na produção de provas ilícitas ou na sentença (falta de
fundamentação, por exemplo), assim como as decisões que defiram algum
pedido da acusação ou neguem algum requerimento defensivo (cerceamento de
defesa, por exemplo).
Teses de extinção da punibilidade: prescrição, decadência, perempção, morte
do agente, “abolitio criminis” ou qualquer outra causa extintiva da punibilidade
prevista na Parte Geral do Código Penal, assim como aquelas mencionadas na
Parte Especial do mesmo diploma legal ou na legislação penal especial.
Teses de mérito:
Genéricas: teses que, juridicamente, podem ser alegadas em relação a qualquer
crime, como a atipicidade formal, a falta de provas suficientes para a
condenação, a legítima defesa e a ausência de dolo ou culpa.
Específicas: são, verdadeiramente, teses genéricas avaliadas em relação a um
determinado tipo penal, como, por exemplo, a falta de seriedade da injúria ou da
ameaça. Genericamente, trata-se de atipicidade formal. Entretanto, a “falta de
seriedade” não permite a conclusão de que se trata de fato atípico em todos os
crimes, como no caso do homicídio ou do estupro. Da mesma forma, a
atipicidade formal é uma tese genérica (aplicável a todos os crimes), mas a
atipicidade formal em razão do fato de que a conduta do funcionário público não
se destinava a “satisfazer interesse ou sentimento pessoal” é uma tese
específica do crime de prevaricação (art. 319 do Código Penal). Em suma, uma
tese de mérito específica é uma tese genérica avaliada de acordo com os
detalhes do tipo penal sob análise.
Teses subsidiárias: são aquelas teses que não geram absolvição, mas devem
ser alegadas com o fim de tentar melhorar a condição do acusado em caso de
condenação. São, por exemplo, as alegações de desclassificação para crime
menos grave e o reconhecimento da tentativa (que também é uma tese relativa
à pena, por se tratar de minorante), afastando a consumação do crime.
Teses relativas à pena: também são alegadas apenas para o caso de
condenação, com o desiderato de sustentar uma sanção penal que respeite as
disposições constitucionais e legais. Como exemplo, podemos citar a análise das
circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal, o afastamento de
qualificadoras, agravantes e causas de aumento de pena, o reconhecimento de
privilegiadoras, atenuantes e causas de diminuição de pena, a definição de um
regime inicial menos rígido, a substituição da pena privativa de liberdade por
pena restritiva de direitos, a aplicação da suspensão condicional da pena e a
redução da pena de multa.
A dosimetria (cálculo) da pena é o momento em que o Estado – detentor do
direito de punir (jus puniendi) – através do Poder Judiciário, comina ao indivíduo
que delinque a sanção que reflete a reprovação estatal do crime cometido.
O Código Penal Brasileiro, em sua parte especial, estabelece a chamada pena
em abstrato, que nada mais é do que um limite mínimo e um limite máximo para
a pena de um crime (Exemplo: Artigo 121. Matar Alguém: Pena: Reclusão de
seis a vinte anos).
A dosimetria da pena se dá somente mediante sentença condenatória.
A dosimetria atende ao sistema trifásico estabelecido no artigo 68 do Código
Penal, ou seja, atendendo a três fases:
Fixação da Pena Base;
Análise das circunstâncias atenuantes e agravantes;
Análise das causas de diminuição e de aumento;
A primeira fase consiste na fixação da pena base; Isso se dá pela análise e
valoração subjetiva de oito circunstâncias judiciais. São elas:
Culpabilidade (valoração da culpa ou dolo do agente);
Antecedentes criminais ( Análise da vida regressa do indivíduo- se ele já possui
uma condenação com trânsito em julgado - Esta análise é feita através da
Certidão de antecedentes criminais, emitida pelo juiz; ou pela Folha de
antecedentes criminais, emitida pela Polícia civil);
Conduta social (Relacionamento do indivíduo com a família, trabalho e
sociedade . Pode –se presumir pela FAC ou pela CAC);
Personalidade do agente (Se o indivíduo possui personalidade voltada para o
crime);
Motivos (Motivo mediato);
Circunstâncias do crime (modo pelo qual o crime se deu);
Consequências (além do fato contido na lei);
Comportamento da vítima (Esta nem sempre é valorada, pois na maioria das
vezes a vítima não contribui para o crime).
Nesta análise, quanto maior o número de circunstâncias judiciais desfavoráveis
ao réu, mais a pena se afasta do mínimo. O juiz irá estabelecer uma pena base,
para que nela se possa atenuar, agravar, aumentar ou diminuir (Próximas etapas
da dosimetria).
Na segunda fase da dosimetria se analisa as circunstâncias atenuantes e
agravantes. Atenuantes são circunstâncias que sempre atenuam a pena, o artigo
65 do CP elenca as circunstâncias atenuantes (Ex: Artigo 65, I: Ser o agente
menor de vinte e um, na data do fato, ou maior de setenta, na data da sentença.).
Agravantes são circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou
qualifiquem o crime. As circunstâncias agravantes são de aplicação obrigatória,
e estão previstas nos artigos 61 e 62 do Código Penal. São de aplicação
restritiva, não admitindo aplicação por analogia. O legislador não prevê o
percentual a ser descontado ou aumentado na pena em função dos agravantes
e dos atenuantes.
A terceira fase da dosimetria consiste nas causas especiais de diminuição ou
aumento de pena, aplicadas sobre o resultado a que se chegou na segunda fase,
estas ora vêm elencadas na parte especial, ora na parte geral.

Você também pode gostar