Secretário da Educação
Rossieli Soares da Silva
Secretário Executivo
Haroldo Corrêa Rocha
Chefe de Gabinete
Renilda Peres de Lima
Coordenadoria Pedagógica—COPED
Caetano Pansani Siqueira
Equipe Técnica
Adriana dos Santos Cunha, Adriano Rodrigues Biajone, Ana Maria de Araújo Pires,
Angela Maria dos Santos, Beatriz Santana Ferreira, Danilo Scalambrini, Dorisdalva
Jardim de Jesus, Jefferson Diego de Paulo, Juvenal de Gouveia, Maria Aurecy Pinheiro
Chagas, Pedro de Souza Santos, Raquel Maria Rodrigues, Rodrigo Helmeister de Melo,
Simone de Cássia Ribeiro, Tania Regina Martins Resende, Vanessa de Brito Silva
Diagramação
Uiara Maria Pereira de Araújo
A proposta pedagógica e sua relação
com as modalidades, atendimentos
e temáticas
São Paulo
2020
4
5
Apresentação
Cabe ressaltar que a Proposta Pedagógica deve ser una e indivisível, portanto,
deve ser inclusiva, não destinando apenas um capítulo para discutir a inserção
desses públicos, pois todos são estudantes da rede estadual de ensino.
Este documento poderá ser utilizado como subsídio formativo e reflexivo para
todos os profissionais da SEDUC que atuam na oferta de educação básica para as
modalidades, temáticas e atendimentos.
Bom Trabalho!
Sumário
atendimentos e temáticas.................................................................16
5. Considerações Finais........................................................................59
6. Bibliografia.......................................................................................61
8
9
Dessa forma, o Centro tem entre seus objetivos, o de garantir apoio específico às
necessidades do público alvo e desenvolver materiais didático-pedagógicos
adequados aos alunos com deficiência, TEA e Altas Habilidades ou Superdotação,
oportunizando condições de acesso, instalações, mobiliário e equipamentos
específicos para esses estudantes e ainda, oferecer em conjunto com a Escola de
Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação “Paulo Renato Costa
Souza” (EFAPE) formação continuada a professores e profissionais da educação e
de apoio.
Como parte de uma organização maior, o CEJA busca realizar estudos sobre
diferentes temas relacionados a EJA, promover orientações sobre as políticas
educacionais que norteiam a sua oferta e funcionamento e incentivar o uso de
metodologias adequadas para os estudantes dessa modalidade de ensino,
alinhadas às demandas de uma educação para o século XXI. Nessa direção,
trabalha para que sejam alcançadas as metas estabelecidas no Plano Estadual de
Educação (PEE), Lei Estadual nº 16.279/2016 (SÃO PAULO, 2016), que versam
de forma alinhada ao Plano Nacional de Educação (PNE), Lei Federal nº
13.005/2014 (BRASIL, 2014), em âmbito da modalidade EJA.
3. Conhecendo o Centro de Inclusão Educacional
(CINC)
O Centro de Inclusão Educacional (CINC), do Departamento de Modalidades
Educacionais e Atendimento Especializado (DEMOD), atua na execução de
políticas públicas destinadas a garantir inclusão educacional na rede pública de
ensino, a partir do desenvolvimento de ações que visam atender, orientar e
acompanhar pedagogicamente grupos com especificidades socioculturais e/ou
em situações de vulnerabilidades, reconhecendo suas especificidades, bem como
seus direitos à educação de qualidade.
Além disso, o Centro tem como atribuições, de acordo com o Decreto Nº 64.187,
de 17 de abril de 2019, que reorganiza a Secretaria de Estado da Educação
(SEDUC), orientar e prestar atendimento pedagógico a estudantes, pais e
professores; desenvolver materiais didático-pedagógicos adequados, orientando
sua aplicação; acompanhar, orientar e prestar atendimento pedagógico a
estudantes, pais e professores; articular-se com a Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação do Estado de São Paulo “Paulo
Renato Costa Souza” na formação continuada do magistério em educação de
estudan- tes atendidos pela política de Educação Especial, educação indígena e
outras modalidades específicas; manter registros de dados dos estudantes
atendidos pela política de educação especial e de estudantes indígenas,
quilombolas e outros que requeiram atenção específica no ensino fundamental e
médio; assegurar o atendimento escolar de estudantes em classes nas Unidades
Prisionais e no âmbito do Atendimento Socioeducativo.
Sendo assim, para que a Educação do Campo seja efetivada, a SEDUC orienta
que a construção da Proposta Pedagógica, de cada unidade escolar que atua com
essa modalidade, seja a autônoma e coletiva, com participação de toda
comunidade escolar.
ROTEIRO DE REFLEXÃO/EDUCAÇÃO DO CAMPO
Transformações
Reflexões Situação Atual que desejamos
alcançar
A unidade escolar tem ciência de quais
povos do campo presta atendimento?
A gestão, docentes e quadro de apoio
escolar da unidade escolar estão
cientes da existência de
acampamentos e assentamentos da
Reforma Agrária na região? Se sim,
como ocorre a interação
com a unidade escolar?
A gestão, docentes e quadro de apoio
escolar da unidade escolar estão
cientes da existência de populações do
campo (agricultores familiares,
extrativistas, pescadores artesanais,
ribeirinhos, assentados e acampados
da Reforma Agrária, quilombolas,
caiçaras, indígenas e outros) na
região? Se sim, como ocorre a
interação com a unidade
escolar?
Existem dados quantitativos sobre os
estudantes indígenas, quilombolas e/ou
de comunidades tradicionais da
unidade
escolar?
O quadro de apoio escolar e a
comunidade escolar estão cientes do
campo “quilombola” na ficha de
identificação do Sistema de Cadastro
de
Estudantes (SCA)?
Existe articulação entre os
conhecimentos científicos, os
conhecimentos tradicionais e as práticas
socioculturais próprias dos povos do
campo, num processo educativo
dialógico e emancipatório?
A unidade escolar atua com algum
projeto voltado ao desenvolvimento
sustentável?
A unidade escolar promove adequação
do calendário escolar às fases do ciclo
agrícola e às condições climáticas da
região?
Qual a relação da escola com os
movimentos sociais da região?
Como a escola se relacionou nos
últimos anos com a Educação do
Campo?
Quais são os maiores desafios da
Educação do Campo? Como superá-los
dentro da estrutura escolar?
Além disso, outras bases legais visam assegurar a educação como um direito
humano: a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre
Povos Indígenas e Tribais, promulgada no Brasil por meio do Decreto nº
5.051/2004; a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 da
Organização das Nações Unidas (ONU); a Declaração das Nações Unidas sobre os
direitos dos povos indígenas de 2007; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Lei 9.394/96), bem como por outros documentos nacionais e
internacionais.
A) da memória coletiva;
B) das línguas reminiscentes;
C) dos marcos civilizatórios;
D) das práticas culturais;
E) das tecnologias e formas de produção do trabalho;
F) dos acervos e repertórios orais;
G) dos festejos, usos, tradições e demais elementos que conformam o
patrimônio cultural das comunidades quilombolas de todo o país;
H) da territorialidade.
Sendo assim, para que a Educação Escolar Quilombola seja efetivada, a SEDUC
orienta que a construção da Proposta Pedagógica de cada escola que atua com
essa modalidade, seja a autônoma e coletiva, com participação de toda
comunidade (gestores, docentes, estudantes, pais, responsáveis, familiares e
represen- tantes) para que seja garantida a inclusão dos conhecimentos,
processos e hábitos das comunidades por meio de troca e aprendizagem com os
próprios moradores e lideranças locais.
Diante disso, nos deparamos com questões que carecem de reflexões, a fim de
contribuir de maneira significativa na construção da Proposta Pedagógica. Dentre
as questões a serem observadas, cabe destacar:
1
A Organização Internacional para as Migrações (OIM), em seu Glossário das Migrações,
recomenda que as pessoas vindas de outros países sejam identificadas como migrantes
internacionais, ao invés de imigrantes ou estrangeiros, uma vez que esta mesma pessoa é
emigrante no país de origem, e imigrante no país de destino, sendo a nomenclatura proposta mais
eficiente para a identidade destas populações. OIM - Organização Internacional para as Migrações.
Glossá- rio sobre as Migrações. Direito Internacional da Migração, Nº 22, 2009. Genebra, Suíça.
Disponível em: https://publications.iom.int/system/files/pdf/iml22.pdf . Acesso Jul.
2020.
São Paulo, cada vez mais plural devido às correntes migratórias
contemporâneas, principalmente as correntes boliviana, venezuelana, árabe,
haitiana, japonesa e chinesa.
O Currículo Paulista aponta para a escola como um espaço que deva fortalecer a
experiência do autoconhecimento, e práticas intencionais de construção
identitária aliadas à construção de conhecimento para impactos na permanência
e aprendizagem na escola.
O Currículo, visa levar para sala de aula o exercício da cidadania relacionada com
projeto de vida, ações que respeitem e promovam os direitos humanos, a
valorização da diversidade, indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
Para esse estudo transversal sugere-se que sejam levantadas informações sobre
a Rede Protetiva do Sistema de Garantia de Direitos no território da escola, e que
sejam indicadas as parcerias já existentes com esses órgãos, como Conselho
Tutelar, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS),
Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
(CMDCA), equipamentos de cultura, e outros órgãos públicos da esfera municipal
e estadual.
A Proposta Pedagógica também deve apoiar ações que envolvam direito das
mulheres, feminicídio, misoginia, transfobia, homofobia, lesbofobia, machismo,
sexismo, masculinidades, e também ações relacionadas com a Lei Maria da
Penha, que combatam todas as formas de discriminação e violência de mulheres
e meninas, e estratégias que engajam homens e meninos nos esforços para
promover e alcançar a paridade de gênero, e o empoderamento de mulheres e
meninas. (cumprimento da Lei nº 16.926, de 16/01/2019).
No diagnóstico da Proposta
Pedagógica, a escola contempla
estudos da comunidade, considerando
as questões de preconceito,
composição e modelo familiar,
violência doméstica, abuso sexual,
gravidez na adolescência,
bullying, violência de gênero na escola?
Quais parcerias que a escola possui
com a Rede Protetiva do Sistema de
Garantia de Direitos (Conselho Tutelar,
CREAS, CRAS, CAPS, CMDCA,
equipamentos de cultura, e outros
órgãos públicos da
esfera municipal e estadual)?
Os dados de evasão, frequência
irregular e abandono escolar são
analisados a partir dos marcadores de
gênero?
2
Por se tratar de um documento com centralidade pautada na Educação das Relações Étnico-
Raciais, entendemos que o segmento negro da população abarca, segundo Gomes (2012), “tanto a
dimensão cultural (linguagem, tradições, religião, ancestralidade), quanto as características fe-
notípicas socialmente atribuídas àqueles classificados como negros (pretos e pardos de acordo com
as categorias censitárias do IBGE)”.
estudando. Aqui existe um fator étnico-racial determinante que leva estudantes
pretos e pardos a abandonarem a escola, mas que não atinge os estudantes
brancos, que continuam a frequentá-la. Para Savoia (2007), uma escola cujo
ensino tem referenciais eurocêntricos e etnocêntricos cria representações este-
reotipadas dos povos negros e indígenas, incentivando práticas de preconceito,
discriminação e racismo, já que reproduzem as representações existentes nes-
ses referenciais.
Por outro lado, ainda segundo Savoia (2007), uma escola que agrega ao seu
ensino novos referenciais como os das africanidades e dos saberes indígenas
viabiliza novas representações dos povos negros e indígenas, gerando práticas
de respeito e valorização que criam e passam a reproduzir novas representações
a partir desses novos referenciais. É com base nessa premissa que surgem as
Leis Federais 10.639/2003 e 11.645/2008, tornando obrigatório o ensino da
cultura e identidades dos povos negros e indígenas nas escolas.
A aprovação dessas leis foi fundamental para ampliar a discussão sobre as ma-
trizes étnicas do Brasil e sua importância para a construção da identidade brasi-
leira. Tais leis e suas regulamentações (Resolução CNE 01/2004, Parecer
CNE/CP 03/2004 e Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana) são exemplos de políticas públicas educacionais que le-
gitimam os saberes populares de diferentes grupos étnicos no contexto
brasileiro.