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Ananias Noronha Filho
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Mestre. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima. E-mail:
anfrr2@hotmail.com
1. INTRODUÇÃO
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Abordamos o neo-institucionalismo nesse artigo na perspectiva de Marques (2000, p.75),
onde diz que “Neo-institucionalismo é a corrente das ciências sociais que ressalta a
importância das instituições para o entendimento dos processos sociais, não é uma corrente
unitária, reúne estudiosos e teóricos desde a economia neoclássica até a ciência política de
inspiração marxista.”
enfermagem manteve-se leal ao regime de reformas neoliberais e administrativas do Estado
brasileiro que privilegia o mercado em detrimento de avanços necessários na área social
que atenda realmente as necessidades da sociedade em geral. Fica patente que o projeto
pode contribuir para o aumento da acumulação de capital do setor privado da saúde e da
educação, uma vez que qualificou trabalhadores da rede privada de saúde, sendo que essa
rede em nada contribuiu para essa qualificação; o projeto ainda carreou recursos públicos
para empresas privadas de educação que realizarem os cursos de qualificação. Por último
trata-se realmente de uma proposta que atendeu, mais uma vez, pontualmente uma
demanda da sociedade e não se mostrou sustentável para continuar a qualificar os
trabalhadores da área de enfermagem.
Em 1986 foi aprovada a nova Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, Lei 7.498, a
qual foi regulamentada pelo decreto 94.406/87, definiu como categorias profissionais da
enfermagem: enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e as
parteiras. Os atendentes, embora representassem o maior contingente, não foram
contemplados enquanto categoria profissional (BRASIL, 1987)
O Projeto visto pelos seus propositores apresenta-se como uma política nacional de
recursos humanos para a saúde, com ênfase na qualificação dos trabalhadores da área e na
humanização do atendimento em saúde – ambas as questões indissociáveis do ideário de
criação do Sistema Único de Saúde e da institucionalização da saúde como direito de
cidadania. No entanto, mascara de forma contundente sua faceta de estar no cerne do
receituário neoliberal ao propor uma qualificação para trabalhadores dos serviços de saúde
pública ou privada. Vê-se de forma clara a facilitação do aumento da acumulação de capital
para as já lucrativas empresas do setor saúde, as quais nesse momento passam a lucrar
também com a qualificação que o Estado promove para os trabalhadores desse setor, sem
que os donos do setor privado precisassem investir nessa qualificação.
Na busca de entender essas propostas políticas passa-se a vê-las como uma atividade
por meio da qual as pessoas fazem, preservam e corrigem as regras gerais sob as quais
vive; a política pública é a elaboração, a preservação e a correção das regras gerais,
visando atender às demandas da sociedade. Envolve decisões cujo caráter é político, pois
são tomadas por autoridades públicas e se traduzem em leis e outros corpos normativos,
com efeitos vinculantes a todos os que são afetados por elas (HEYWOOD, 1997, apud
PIOVESAN, 2002).
Nesse aspecto podemos inferir que o PROFAE se enquadra em uma política pública
concordando com Vellozo (2001), quando a autora ao analisar o Projeto diz que esse pode
ser situado no conjunto de respostas engendradas pelo Estado brasileiro, a partir de
meados da década de 90, a fim de responder à pesada herança social brasileira, tanto no
que diz respeito ao combate à pobreza, à melhoria do acesso e das condições de saúde,
quanto à ampliação da oferta pública de qualificação profissional.
O PROFAE conforme Sório (2002) atendeu a uma demanda que não se constitui em um
problema novo para o setor saúde, nos termos em que foi formulado, parece reunir
elementos inspirados na agenda de modernização do Estado que, sem dúvida, têm
proporcionado resultados positivos em sua execução. A mesma autora destaca como
pontos positivos da proposta:
Desta forma a análise do papel dos atores reporta-se aqui a atuação desses e do Estado
numa perspectiva institucional, à análise que se aplica é sob o olhar neo-institucionalista. O
neo-institucionalismo é a corrente das ciências sociais que ressalta a importância das
instituições para o entendimento dos processos sociais, não é uma corrente unitária, reúne
estudiosos e teóricos desde a economia neoclássica até a ciência política de inspiração
marxista. Esses estudiosos ressaltam que as instituições devem ser encaradas de forma
central nas análises relativas aos processos políticos e sociais. (MARQUES, 1997)
Mister salientar que as duas correntes aqui abordadas tem em comum a “preocupação
com a pergunta de como as instituições moldam as estratégias políticas e influenciam os
resultados políticos” (THELEN & STEINMO, apud MARQUES, 1997).
3. CONCLUSÃO
Diante dessa realidade, concordamos com Gohn (1992), para quem as reformas e
propostas educacionais são datadas e correspondem a períodos de crise na economia, de
redefinição do modelo de acumulação vigente e de constituição de novos atores sociais
como sujeitos da cena política nacional.
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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