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23 – O isomorfismo na solução de problemas

Isomorfirmo é uma forma de se resolver problemas de uma área desconhecida por nós,
transferindo os raciocínios para outra área mais facilmente compreendidos. De certa forma
observei essa forma de pensamento desde quando comecei a estudar eletromagnetismo e
transferindo o entendimento de alguma situação desta área para a compreensão de outras áreas.
Por incrível que possa parecer , esse procedimento pode fornecer insigths surpreendentes.
Paralelamente ao eletromagnetismo, estava estudando também filosofia com o Padre Cabalero,
aprendendo alguma coisa sobre Sócrates,Platão e Aristóteles. Refletiamos sobre como Deus
conseguia julgar as pessoas e qual seria o método que ele utilizava. O julgamento de Deus conteria
uma onisciência, segundo os dogmas da fé. Ou seja: era perfeito. Para nós era inimaginável tal
perfeição. Todavia ao estudar a modulação de ondas eletro magnéticas percebi que ela ocorria
quando uma onda portadora era modificada em algumas características por uma onda moduladora.
Esse raciocínio era importante para saber como os equipamentos de radio transmissão e recepção
funcionavam. E o insigth foi: Uma onda modulada era uma constante primordial e a moduladora
alterava a sua tensão. Dessa forma um ruído eletrostático ou uma harmônica fundamental poderia
transformar um ruído em um som identificável. O rádio, o radar e a televisão funcionam assim. O
computador também, só que as ondas foram substituídas por bytes.

Transferindo esse entendimento do eletromagnetismo para os dogmas religiosos vislumbrei como


Deus poderia avaliar um indivíduo. Ele olhava a onda básica de um comportamento humano e
enchergava as modulações. Ou seja: ele olhava para a onda portadora e enxergava a onda
moduladora. Nós humanos não conseguiríamos fazer isso pois não compreendiamos a
complexidade do nosso comportamento e não tínhamos uma velocidade de pensamento suficiente
para tal. Dessa forma ele poderia analisar algo que nós, seres imperfeitos não conseguíamos. A
onda modulada era dominante e a moduladora era insignificante. Ele via por ter onisciência e nós
não. Só enchergavamos a onda modulada ou portadora e não a moduladora. Dessa forma, algo que
para nós poderia ser pecado, para ele não era e vice versa. O pecado estava na onda moduladora,
difícil de perceber e não na onda modulada fácil de se perceber. Talvez aí estivesse o segredo de
quando ele nos afirmou:” Aquele que não tiver nenhum pecado, que atire a primeira pedra.” Meu
insight parou aí e não consegui ir em frente. Notei esse tipo de raciocínio outras vezes, ao estudar
as séries de Fourier. Esse mecanismo nos possibilita com o uso da matemárica descobrir quais são
as harmônicas de uma onda complexa. Muitos anos depois fiquei sabendo que esse raciocínio foi
utilizado por cientistas para chegar a conclusão do big bang, que deu origem ao nosso mundo.
Inúmeras outras vezes utilizei precáriamente esse raciocínio quando o Luizinho do Seu Armando, ao
estudarmos para o vestibular em 1965, me perguntou brincando:

- O Brasil é importante produtor de milho. Baseado nisso, você poderia chegar a alguma conclusãoɁ

SE o Luizinho acreditava em mim eu também teria que acreditar e chegar a uma conclusão.

Respondi

- Acho que sim. Suponho que pela produção de milho ser grande, devemos também ser grande
criador de porcos, pois estes comem milho.

Eureka, simples.

Fomos confirmar no nosso livro de Geografia Econômica e lá estava: O Brasil era também um dos
maiores criadores de porcos.

Inúmeras vezes na vida utilizei dessa isomorfia para raciocinar mas nunca me aprofundei
suficientemente no assunto. Usava apenas como inspiração. Voltando à época em que vivemos fui
descobrindo outras evidências e quase todas fora de minha área de especialização, quando
finalmente, ao estudar um pouco mais a complexidade com os livros de Edgar Morin, devidamente
vigiado pelos livros de Karl Popper, cheguei as atuais conclusões, as quais lhes relato.

Percebi com o passar do tempo, dentro deste período de mais de 60 anos que não detinha estopo
para me aprofundar no assunto, pois não conhecia bem nem ciência, nem matemática e nem
filosofia. Mas curiosidade não me faltava, até que compreendi que, por não ser um cientista
completo mas apenas um aprendiz, não teria como desenvolver alguns raciocínios que estavam
além de minha capacidade. Mas eu não era tão despreparado. Tinha uma especialidade de ponta
na área tecnológica, com profundos conhecimentos e uma visão bastante geral das coisas e de
como o mundo funciona.

Até que descobri, com Morin e outros cientistas que o ser humano era compostos por partes
harmônicas e fundamentais:

- HOMO SAPIENS

- HOMO DEMENS

- HOMO STULTUS

Como Stultus, bastaria seguirmos nossos instintos, o que seria insuficiente para entender o mundo.
Como Sapiens. Percebi minhas limitações como alguém limitado e que frequentemente encontrava
o icognicivel mas, como demens pude vislunbrar o imaginário, sem limitações e que poderia viajar
muito mais longe. Essa era minha única alternativa que me fez lembrar inúmeros escritores ingleses
e italianos, que usaram de seus contos para, divulgar seu pensamento racional. Entre eles Tolken,
Chesterton e C.S, Lewis e Dante, Da Vinci e Maquiavel. E assim passei a usar o isomorfismo para
transferir conhecimentos de minha área demens para minha área sapiens. Precisaria também
controlar meu lado stultus e descobrir neles algo como Hayek visualizou em sua Ordem
Ampliada,imaginando-a como o Id de nossa mente a qual continha monstros e deuses gravados em
nossos instintos. Deuses como aqueles do instinto materno e da necessidade de se relacionar com
outros homo e monstros como aqueles que tinham egoísmo suficiente para defender sua prole.

Mas ainda sim isso seria insuficiente e assim peço ajuda aos outros sapiens, apresentando minhas
ideias como demens. O ônus da refutação, imaginei delegar para pessoas mais inteligentes e com
maior conhecimento do que o meu. Meu objetivo era usar meu lado demens para imaginar
soluções que poderiam ser desenvolvidas por outras pessoas, para fazer isso teria apenas que
descrever minhas ideias na sua forma essencial, como Heráclito e Platão e de forma entusiasmada
como pregam Padre Vieira e inúmeros outros escritores e professores. Creio que assim poderia
motivar outras pessoas a pensar por mim, assim como motivava em minha vida profissional, outras
pessoas a fazer aquilo que eu pensava.

Como profissional especializado me era fácil pensar em áreas restritas pois já dominava também a
teoria dos sistemas de maneira suficiente para o meu trabalho, além do mais meu pensamento era
também reducionista e portanto mais afeto ao trabalho metódico, da mesma forma que Heraclito ,
Platão e Aristóteles e mesmo Socrates na história antiga.

Creio então que assim haveria a possibilidade de criar um ambiente mais coletivo e menos
indivuidual, baseado nas premissas de Bertalanfy que afirmava que um sistema consegue ir alem da
soma de suas partes, desde que seus subsistemas possuam elos de comunicação entre elas,
conseguindo ir além de suas partes. Ou seja, seria produzida a sinergia para se fazer mais com
menos, como tanto procurou fazer Henry Ford. Assim minha tarefa seria nossa tarefa e embora
inacabada, a conjunção de almas bondosas que me estendessem a mão teria predominância sobre
nossos genes egoístas e todos juntos cresceríamos e ganharíamos proporcionalmente mais do que
se o fizéssemos sozinho. Vale apenas ler a tese de John Nash que o levou a ganhar um prêmio
Nobel. No Tomo V faremos uma pequena visão do equilíbrio de Nash.

O desenvolvimento humano seria então fundado tanto no amor racional e instintivo, quando no
egoísmo individualista e também instintivo, que muitos costumam na economia chamar de espírito
animalesco do capitalista, que submetido a alguma ordem ampliada produziria a sinergia necessária
a fazer mais com menos. Fazer mais com menos se encaixa perfeitamente bem nas necessidades da
humanidade. É algo mandatório sem o qual a maior parte de nossos problemas não serão
resolvidos ou mínimamente atenuados. Tudo que a humanidade fez de bom em toda a nossa
história se deveu a essa mágica tão racional e ao mesmo tempo tão amorosa e também tão
egosista. Foi isso que impossibilitou de certa forma a dominância das teorias malthusianas e o
mundo passou a produzir mais do que consumia. Cabe-nos agora administrar a distribuição sem
prejudicar a sustentabilidade da geração de riquezas. E além do amor é a ciência que faz isso,
conjuntamente com o amor. Desprezar a ciência, assim como nossa necessidade e capacidade de
amar é desprezar mais uma vez a salvação. Desprezar o nosso caráter stultus é desmanchar nossa
individualidade, o nosso Ego.

Nossa aventura foi sobre o êxtase delirante, não como um distúrbio mental mas delirante no
sentido grandioso, extasiante, maravilhoso , essencial, mandatório e por isso juntei tudo de bom
que encontrei em minhas aventuras, observando como mandava Descartes, tanto aquilo que fosse
oriundo da ciência como da religião e com essa junção milagrosa e realista, creio ter encontrado um
caminho isomorfo para ir além.

Em hipótese alguma meu intuito foi de encontrar um segredo definitivo e perfeito, mas apenas
caminhar recurssivamente, ou seja, olhando para traz e para frente e desenhando um caminho
espiral que nos fizesse andar em círculos porém sempre subindo, até nossas últimas
possibilidades,sabidamente finitas. Fosse meu intuito além disso, querendo me transformar num
semi deus ou no superhomem de Nicstce ou Marx, certamente a maldição de Babel me venceria e
nos venceria mais uma vez. E estaríamos, como acredito que todos estamos, repetindo
sofregamente o pecado de Adão e Eva.

Erro que não foi bom para nós. Estamos pagando por continuar cometendo o pecado original.
Minha esperança é que ao perceber esse determinismo, pudéssemos nos livrar dele e alcançar
Shangri-la.

Isso é uma missão impossível mas é a única forma de continuarmos nos multiplicando e crescendo,
com o intuito de ir além. Um além que não consigo imaginar qual seja mas , que certamente
poderemos transformá-lo e que seja um pouco mais possível e melhor.

Creio que meu intuito não é individual mas, coletivo e assim temos que elaborar uma forma de nos
organizarmos para aumentar nossas chances e enfrentarmos algo que possa ser ainda pior, que
ainda não aconteceu, mas que pode acontecer. Qualquer que seja esse novo desafio que as
mudanças pelas quais passa o nosso mundo é muito melhor que estejamos preparados para o que
der e vier, quicas preparado para o pior mas, sempre esperando o melhor.

Temos que ter esperanças e existem razões para te-las, tanto pela religião como pela ciência
sinergizadas e não polarizadas e ainda temos como atenuar o pior. Nada mais digno, honroso e
virtuoso do que enfrentar tal desafio. Visualizei algumas providências mais práticas, possibilitadas
pela junção da complexidade com o reducionismo e proponho o desenho de uma sociedade aberta
e o seríssimo problemas da distribuição da riqueza pois, se nossa sociedade não seguir o caminho
da inclusão, o caos será nosso destino. Ou encontramos um caminho para esses dois problemas ou
mais cedo do que imaginamos estaremos construindo, e já estamos fazendo isso, as condições para
uma turbulência fatal que não interessa a ninguém que espera por um futuro melhor para todos
nós, sem exceções. Que espera resguarda a vida de todos nós.

Na conclusão escrevi um capítulo que vai um pouco adiante nesse raciocínio. A mesa de bilhar.
Nele faço divagações sobre como poderemos encontrar um pouco mais de harmonia. Em outros
capítulos do tomo V tendo vislumbrar complementos para meu raciocínio, incluindo o conceito da
sociedade aberta e também uma maneira realista, sustentável e harmônica de como distribuir a
riqueza.

( Vide conclusão do capítulo impresso e terminar)

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