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Introdução geral
TEMA 1: NOÇÕES BÁSICAS DE LÓGICA
1.1. Definição da lógica
1.2. O objecto e método da lógica
1.3. Importância da lógica
1.4. Divisão da lógica
1.5. Os princípios lógicos
1.6. O pensamento e o discurso
1.7. As três dimensões do discurso: sintaxe, semântica e pragmática
1.8. 1. O conceito e o termo
1.8.2. Formação e classificação dos conceitos
1.8.3. Classificação dos conceitos
1.9. Definição
1.9.1. tipos e regras de definição de conceitos
1.11. inferências
1.12.5. as Falácias
1.12.6. Silogismo
1
2.2. As principais correntes da Filosofia Africana
2.2.1. Negritude;
2.2.2. Pan-Africanismo;
2.2.3. Etnofilosofia;
2
1. Introdução Geral
Caro aluno, depois de termos discorrido a nossa reflexão sobre a iniciação ao acto
filosófico na classe anterior, agora é o momento de aprendermos a ordenar o nosso
pensamento; a reflectir sobre a realidade do africano; sobre a convivência política e
sobre os problemas da educação.
Por isso, para responder a essas exigências teremos ao nosso dispor quatro capítulos
a saber: Noções Básicas sobre a lógica; sobre a Filosofia Africana; sobre a convivência
política entre os homens e por último, sobre a Filosofia da Educação.
Como ciência, surge na Grécia Antiga por intermedio de Aristóteles, a partir do seu
livro “Ôrganon”, cuja sequencia corresponde a divisão do objecto da Lógica. Com
Aristóteles, destaca-se fundamentalmente a uma lógica da educação, de uma lógica
formal, ligada as leis do pensamento, oposta a uma lógica formal ou das coisas.
Como arte, a lógica ensina a fazer com ordem. Ensina o bem pensar ou proceder
com ordem.
O objecto formal diz respeito as relações mútuas desses elementos (conceitos, juízo
e raciocínio); relaciona-se as leis ou regras que permitem o exercício correcto do
pensamento para que se atinja sempre a verdade quando é preciso pensar os modos ou
procedimentos que permitem concluir um juízo ou um raciocínio. É o pensamento no
seu aspecto formal.
3
1.3. Importância da Lógica
a) Princípio de Identidade – segundo este princípio, “uma coisa é o que é”; “uma
proposição é equivalente a si mesma” ou ainda “A é A”.
b) Princípio de Não – Contradição – “uma coisa pode ser e não ser ao mesmo
tempo, segundo uma mesma perspectiva”, “uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa ao mesmo tempo”; ou ainda “A não pode ser A e não A”.
4
c) Princípio do terceiro excluído ou meio excluído – “uma coisa deve ser, ou
então não, não há outra terceira possibilidade”; entre “A e não A não há terceiro
termo”.
5
O próprio termo “discurso” (do latim: disc+cursus, que significa: o discorrer da razão)
traduz simultaneamente o processo do pensar e o seu resultado (o pensamento),
expresso num acto de comunicação linguística, isto é, no acto de enunciação daquilo
que a razão discorre ou raciocina.
Podemos assim dizer em síntese e de uma forma muito geral, que o discurso é a
manifestação do pensamento operado e expresso numa linguagem, sendo por isso, que
no discurso as dimensões linguísticas e lógico – racional são indissociáveis, pois o
discurso é processo de enunciação e manifestação da língua e, simultaneamente,
expressão do pensamento.
A sintaxe lógica é o estudo das relações entre expressões, abstraindo que do sentido,
quer dos objectivos designados, quer ainda do uso que os utentes podem fazer de tais
expressões. Trata da determinação das regras que permitem combinar os símbolos
elementos de modo a construir proposições correctas. Analisa o sistema apenas do
ponto de vista formal, abstraindo, de qualquer interpretação. A preocupação incide,
exclusivamente na validade formal dos raciocínios.
Porém, se num estudo nos referimos, somente àqueles que fala ou, em termos gerais,
aos utentes da linguagem atribuímos essa investigação à Pragmática – cujo objectivo é
descrever os usos que os interlocutores fazem das linguagens, tendo em vista a acção
6
que exercem uns sobre os seus utilizadores, da adaptação das expressões simbólicas às
situações e aos contextos em que são enunciados. Do ponto de vista de uma análise
pragmática, o interesse transfere-se para a comunicação efectiva, para o acto que é
realizado quando se fala.
Ex: Homem – ser – ser corpóreo - ser vivo – ser animal – ser racional…
7
Ex: Observamos alguns homens a morrerem, generalizamos logo, que todos os
homens são mortais.
N.B. uma ideia clara pode não ser distinta. Ex: um jardineiro tem a ideia clara
das flores que cultiva, mas não distinta como o botânico.
8
Por outro lado, ainda podemos encontrar a classificação dos conceitos
dependentes e independentes:
Existem vários tipos de definição. Alguns dos mais referidos pelos especialistas
de lógica são:
Alguns lógicos distinguem, ainda um outro tipo de definição, distinto dos anteriores:
a definição de ideias, a qual exprime o conteúdo de um conceito que pode não
apresentar valor objectivo.
Quanto as regras, convém referir que para definir algo, existem algumas normas
essenciais a observar:
9
A definição não deve ser breve;
d) A definição não pode conter termos a definir. Ex: a verdade é um acto de
dizer a verdade.
e) Não se pode definir tudo.
1.10. Juízos e Proposições
Juízo é a operação lógica pela qual o espírito afirma ou nega uma relação de
conveniência entre dois conceitos.
Estes juízos afirmam uma relação de identidade total ou parcial entre o sujeito e
o predicado. Ex: o homem é um animal racional.
Por esta razão chamam-se também de juízos extensivos. Ex: o tempo está
chuvoso; Raúl é estudante.
10
b) Quanto à quantidade ou Extensão do sujeito, os juízos podem ser:
Universais – são aqueles cujo sujeito é tomado em toda a sua
extensão, isto é, quando se aplica a todos os indivíduos da classe
considerada. Ex: todos os homens são mortais.
Particulares – quando o sujeito é tomado somente em parte da sua
extensão. Ex: alguns homens são filósofos.
Singulares – são aqueles cujo sujeito designa apenas um individuo.
Ex: Aristóteles é filósofo.
11
1.10.2. Classificação das proposições quanto à quantidade e qualidade.
N.B. a combinação da qualidade com a quantidade nas proposições dão lugar a quantro
classes de juízos, representadas pelas seguintes letras:
12
As inferências imediatas revestem-se de dois aspectos:
A oposição das Proposições
A Conversão das Proposições
Inferências Mediatas – exigem mais do que dois termos, normalmente três, servindo
um de termo médio; e mais do que uma proposição, geralmente duas.
Por Indução
Por Dedução
Por Analogia
1.11.2. Inferências imediatas por Oposição das Proposições
13
Contrárias
A E
I O
Sub-Contrárias
1.11.3. Inferências imediatas por Conversão das Proposições
14
c) Conversão por Negação: as Proposições Particulares Negativas (O) não
podem ser convertidas simplesmente (conversão simples) porque o sujeito
tomando o lugar do predicado ficaria com uma extensão maior. Para tal,
recorre-se a um artifício para as converter por uma forma indirecta, o qual
consiste em transformar primeiramente a proposição a converter numa
Afirmativa Particular (I) que lhe seja equivalente – Consegue-se isto tirando
a negação da cópula e passando-a para o predicado e, depois converter por
Conversão simples a proposição obtida:
Ex: Alguns homens não são sábios
(Alguns homens são não sábios)
Alguns não sábios são homens.
Como há duas negativas equivale a uma afirmação: alguns não sábios são homens.
15
Indução – é a operação lógica que procede do particular para o geral.
Apoia-se, geralmente na verificação experimental.
Ex: o calor dilata o ferro, o cobre, o bronze, o chumbo.
Logo, o calor dilata os metais.
Analogia – trata-se de uma comparação de objectos de duas espécies
diferentes do qual se infere certas semelhanças a partir de outras
semelhanças.
16
1.12.4. Validade Formal e Validade Material
1.12.5. As Falácias
17
O termo “ser” muda de acepção: passa de particular na primeira proposição,
a universal.
18
Recorrer a argumentos que provam demais, acabando, neste caso,
por provar o contrário do que se pretendeu ou por provar o que
está fora de causa. Ora, como é voz corrente, “quem procura
provar demasiado, acaba por não provar nada”.
Falácias dobre a causa – podem assumir quatro formas principais:
Tomar como causa o que não é senão um efeito.
Ex: o aluno que justifica não ter estudado porque obteve uma má
classificação, quando o que se passou foi o contrário: não ter estudado é
que foi causa e não efeito de ter obtido uma má classificação.
Tomar como causa o que não é senão um antecedente.
Ex: é o caso da atribuição de fome, guerras e outras calamidades à
oposição de um cometa.
Tomar como causa o que não é senão uma condição.
Ex: podemos ser levados a pensar que a água é para o peixe a causa da
sua existência. Não é. Constitui somente a sua condição, tal como o
oxigénio não é a causa, mas a condição da existência de seres humanos.
Tomar como causa o que não é senão uma parte apenas, de uma causa
mais complexa.
Ex: pretender que a invasão do Iraque pela América foi perpetrada
apenas para defender os direitos humanos e extinguir as bombas
atómicas ou de destruição de massa, omitindo as razões económicas mais
profundas que se pretendem com a produção e exploração do petróleo
naquela região.
Falácias de principio – consiste em tomar como prova o que é preciso
demonstrar ou em resolver a uma pergunta com o que já está contido na
pergunta.
Ex: Deus existe porque é a Bíblia que o afirma e eu sei que isso é verdade
porque foi Deus, afinal, quem a escreveu.
Podemos ainda referir o circulo vicioso ou dialelo, que consiste numa dupla ou
tripla petição de princípio.
Outro ex: Este polícia passou-me uma multa porque não gosta de mim. E a prova
de não gostar de mim é ter-me passado uma multa.
1.12.6. O silogismo
Podemos definir o silogismo como um raciocínio constituído por três proposições, de tal
modo que, expressas as duas primeiras, designadas premissas, se segue necessariamente
a terceira, chama conclusão.
Ou seja, é a argumentação pela qual de um antecedente (premissas) que liga dois termos
pela terceira se tira uma consequente (conclusão) que liga estes dois termos entre si.
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Ex: Todo o homem é imortal------premissa
Aristóteles é homem----premissa
Logo, Aristóteles é imortal ------- conclusão
a) Regras do silogismo
Um silogismo deve ter três e apenas três termos (maior, menor e médio);
Nenhum termo deve ser mais extenso na conclusão do que nas premissas;
A conclusão não pode conter o termo médio;
O termo médio deve ser tomado pelo menos uma vez em toda sua extensão, isto
é, de um modo universal;
De duas premissas negativas nada se pode concluir;
Duas premissas afirmativas não podem produzir uma conclusão negativa;
A conclusão segue sempre a parte mais débil (fraca), particular ou negativa;
Nada se conclui de duas premissas particulares.
b) Figuras do silogismo
As figuras do silogismo são quatro. Dependem do lugar que o M (Termo médio) ocupa
(sujeito ou predicado) nas premissas:
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Logo, alguns homens são angolanos.
Regra: A premissa menor tem de ser afirmativa; uma das premissas tem de ser
universal; e a conclusão tem de ser particular.
Logo, a lua não é estrela – Falta a menor (a lua não tem luz própria).
Ou
Ex: Eu penso
Todo o A é B porque é Z,
Logo, todo o A é C
21
c) Polissilogismo – é o silogismo constituído por dois ou mais silogismos, de tal
forma que a conclusão do primeiro seja uma premissa maior ou menor do
segundo e assim sucessivamente.
Ex: O angolano é negro,
Ora, o benguelense é angolano,
Logo, o benguelense é negro – conclusão
Ora, os lobitangas são benguelenses
Logo, os lobitangas são negros.
N.B. Esse exemplo é constituído por cinco proposições, cujas três primeiras, chamam-se
Prossilogismo e as duas últimas, Epissilogismos.
Silogismo Hipotéticos
22
No modo positivo, a proposição menor é negativa e a conclusão
afirmativa.
Ex: Este livro deve ser de português, filosofia, história ou geografia.
Ora, não é de português, nem história, nem de geografia,
Logo, é de filosofia.
No modo negativo, a proposição menor é afirmativa e a conclusão
negativa.
Ex: este livro deve ser de português, filosofia, história ou geografia,
Ora, é de filosofia,
Logo, não é de português, nem história, nem de geografia.
c) Conjuntivo – é aquele em que a premissa maior é conjuntiva.
Ex: a Bimba não lê e passeia,
Ora, ela passeia,
Logo, ela não lê.
d) Dilema – é o silogismo de forma disjuntiva em que na premissa maior se
estabelece uma alternativa, levando cada uma das suas partes à mesma
conclusão.
Ex: Dilema de Aristóteles:
“Se é preciso filosofar, é necessário filosofar.
Se não é preciso, necessitamos ainda de filosofar,
Logo, de qualquer maneira, é preciso filosofar.”
Ex: Dilema dos que teimam em casar:
“Se vos casais, a vossa mulher será bela ou não (feia),
Se é bela, tereis ciúmes,
Se não bela, não tereis amor,
Logo, de qualquer modo, não deveis casar.”
Introdução
Antes de abordar o núcleo das ideias expostas mais adiante, é indispensável referir
algumas questões preliminares de terminologia que são parte integrante da metodologia
da análise. Em primeiro lugar a terminologia dita racialista empregue por inúmeros
autores que tratam dos problemas africanos merece uma curta apreciação. Entre as
questões preliminares que se levantam a este propósito é a de saber porque é que se fala
tão frequentemente de “filosofia negro-africana” e não, quando muito, de “filosofia
africana”?
23
Com efeito, esta linguagem era compreensível na fase inicial da luta pela
independência contra o colonialismo anterior ou posterior à 2ª guerra mundial. Hoje,
porém, mais de 50 anos depois das independências e com mutações substanciais no
tecido social em muitas regiões africanas, certos conceitos têm uma ressonância algo
insólita. Por exemplo, na maioria dos países africanos podemos encontrar nos nossos
dias – e não apenas na África do Sul pós-apartheid - cidadãos de origem asiática ou
europeia que não sendo “negros”, não são menos cidadãos nem menos africanos por
isso. Em contrapartida, também sabemos que há milhares de jovens negros nascidos na
Europa, cidadãos de países desse continente e que estão, porventura, mais identificados
com os problemas da da União Europeia que os afectam directamente do que com os
problemas africanos de que só têm uma ideia por vezes vaga. Neste último caso, se se
tratar, suponhamos, de um homem (ou mulher) que exerce a profissão de filósofo, será
que devemos classificá-lo(a) como um filósofo “negro-europeu” e não como um
filósofo europeu (que por acaso é negro)?
Com efeito, o que é que tem a ver o conceito fantasista e vazio de “raça” com as
ideias e competências dos indivíduos? É evidente que estas classificações têm pouco
sentido, uma vez que o denominador comum não é, como seria lógico, a nacionalidade,
profissão ou competência, mas a “raça”, o que parece estranho e incongruente. Em
Portugal, como noutros países europeus, não há “portugueses negros” mas, à luz da
Constituição, simplesmente “portugueses”, mesmo se pode haver por vezes quem lhe
acrescente um adjectivo inútil ou porventura mal intencionado, o que é sempre
redundante ou mesmo estúpido. Os termos racialistas (não necessariamente “racistas”
na sua intencionalidade, é certo) são no mínimo pleonasmos com pouco sentido, a
menos que a expressão “negro africano”, para além de ser uma maneira de se exprimir
rotineira, obsoleta e involuntariamente mal pensada, assuma o propósito inconfessável
de dar à “raça” um lugar que se sobrepõe a qualquer outro conteúdo significante.
Não se trata aqui de uma retórica irenista, mas de uma afirmação comprovada …
Por seu turno, expressões como “negro-africano” encerram uma informação duvidosa
que somente reproduz preconceitos de determinado período da história mas que são, nos
nossos dias, relíquias do passado, nomeadamente do período colonial, durante o qual a
utilização da palavra “raça” demonstrava ignorância ou servia como alibi para justificar
24
a opressão em nome de uma pretendida “superioridade” da civilização europeia, do
domínio do colonizado pelo colonizador, ao mesmo tempo que justificava a “boa
consciência civilizadora” deste último com a utilização de termos como “primitivo” por
exemplo6… Kwame Nkrumah já tinha chamado a atenção para o facto do colonialismo
não ter retido a lição do Renascimento do século XVI, segundo o qual “não podia haver
um credo, nem moral, nem ordem social válidos universalmente”.
Foi essa a luta de Franz Fanon, de Kwame Nkrumah, de Julius Nyerere, de Aimé
Césaire, de Léopold Senghor e de tantos outros. Mesmo expressões como “negritude”
tiveram sentido em nome de uma revolta cultural legítima onde já não entra o
sentimento de “superioridade/inferioridade”, mas sim o de uma justificada “igualdade”
entre homens que partilham a mesma biologia e capacidades, sendo as diferenças
(tecnológicas, científicas) sempre temporárias e dependentes apenas de factores
circunstanciais que o desenvolvimento societal (nas suas várias vertentes, política,
económica, técnica e social) pode alterar10. Por outro lado, julgo útil distinguir aqui,
provisoriamente para efeitos práticos desta exposição, entre a ideia de Filosofia
Africana (sem aspas) tal como foi utilizada no título da obra de Placide Tempels,
Philosophie Bantoue e em muitos outros autores, e “Filosofia Africana” (digamos com
aspas).
Julgo, no entanto, que a primeira (sem aspas), apesar de ter passado à linguagem de
uso corrente, deveria ser utilizada com cautela, somente para caracterizar o conjunto (no
sentido matemático) de filósofos africanos que trabalham com objectivos mais ou
menos semelhantes no campo da filosofia (quer dizer em torno da reflexão filosófica
quer tenham ou não a África como sujeito). No entanto não deixa de ser útil reparar que
as expressões de Filosofia Africana e, mais ainda, de Filosofia negro-africana, actuam
como se os filósofos não existissem individualmente ou fossem um grupo “compacto”
indiferenciado, todos pensando da mesma maneira, traduzindo uma realidade
“colectiva” única, indiferenciados uns dos outros porque todos “africanos” e todos
“negros”, submetidos a um contexto rigorosamente o mesmo, nenhum deles tendo
individualidade própria seja qual for a região donde são oriundos, as diferenças das suas
sociedades, as características ou idiossincrasias individuais. Ora as instituições não
25
pensam, são pensadas. E são-no precisamente pelos homens, ainda que pertencentes a
grupos ou comunidades.
26
A negritude protagoniza uma filosofia e não, apenas, uma revolta cultural, um
simples regresso sentimental às fontes ou um instrumento de propaganda para a
exaltação da cultura negra com e afirmação da sua originalidade.
Esta doutrina surge com objectivos próprios, assumindo um desafio cultural para
frisar a identidade negro – africana e um protesto vivo contra a postura colonial, lutando
pela emancipação do povo. Defende da arte negra e a coerência da visão do mundo que
tem o homem negro.
2.1.1. O Pan-africanismo
1
Cf. MATUMONA, Muanamosi. A Reconstrução de África na era da Modernidade, Ensino de uma
Epistemologia e Pedagogia da Filosofia Africana, Ed. SEDIPU, Uíje, 2004, p.41
27
Trindad no Caraibe), que em 1900 organizou a primeira conferencia, com o objectivo de
criar um movimento de solidariedade às populações negras das colónias2.
Como corrente filosófica, com uma característica política, ganhou terreno depois
do lançamento do movimento da negritude.
2.2.2. Etnofilosofia
2
CF. KIALA, Luzizila. Apontamentos de História Universal Contemporânea, ESCED/Uíje, 2009, p.315
3
MATUMONA, Muanamosi. Op. Cit. P.47
28
Para definirmos claramente a expressão “etnofilosofia” vamos analisar os termos
que a compõem e derivam do grego: o termo ethonos tem o sentido de “raça, tribo,
nação ou povo”; como sabemos, filosofia significa “amor ao saber, ao conhecimento”;
assim, a palavra etnofilosofia refere-se ao estudo do saber, do conhecimento, das
diferentes raças, dos diferentes povos, da sua visão do mundo. O termo foi depois
associado a uma concepção de tendência filosófica sobre uma raça, ou um grupo étnico,
quanto as suas tradições, rituais, línguas de origem africana, mitos e crenças; ou seja,
dentro da raça negra, alguns estudiosos estudaram apenas uma etnia numa determinada,
uma união ao proletariado branco, alinhando nas fileiras dos revolucionários na luta
contra os imperialistas.
É assim que se vai forjar um novo cidadão, sério, honesto, decidido e preparado
para melhor servir o continente e a humanidade.
29
solução, que consistirá na reconstrução do continente, que permitirá ao mesmo registar
um franco progresso e desenvolvimento.
Importância da política
4
Cf. O Cristão e a política, CEAST…
5
30
A problemática ética e política, é um dos temas muito antigo. Todos os filósofos
o têm tratado e a maioria chegou à conclusão de que o comportamento politico não se
pode desligar da ética. Por outras palavras, a politica não é uma espécie de «terra de
ninguém», em que se poderiam dar comportamentos que, na vida de relação
interpessoal, se qualificam justamente de antiéticos: a mentira, a fraude, a calúnia,
suborno, a corrupção, etc. como, por outra parte, a política é assunto de todos – é gestão
comum do bem comum -, a todos nos interessa saber quais são os principais temas
éticos que aparecem neste campo.
Em suma, é preciso não perder de vista que sem critérios racionais, o indivíduo e
a sociedade desorientam-se e vão parar a becos sem saída. Sem a ética o homem (como
ser político) e o mundo tornam-se desumanos.
Esta é uma forma organizada e necessária num país. Mas não a única e nem
sempre a melhor para todos,
31
É a nível de bairro, de escola, de empresa, de aldeia, de cidade, de município, de
região, de nação e do mundo que se deve participar, conforme a própria capacidade e
preparação.
Ninguém pode manter-se alheio em aspecto tao decisivo da vida como este nem
se fechar num conformismo superficial e ineficaz. É preciso conhecer os centros de
decisão e neles participar.
32
povos, enquanto outros pensam em termos de novas identidades locais e novas
identidades globais, sendo que as primeiras manterão as suas características. Por outro
lado, o contacto com qualquer parte do mundo é agora acessível a muitas mais pessoas
com as novas tecnologias de informação (telemóveis e computadores). Com efeito,
muito do que está acontecer no mundo pode ser visto e sabido em tempo real, seja quase
no mesmo momento em que está acontecer tal conduz a uma grande quantidade de
informação e de conhecimento em circulação, mas, por outro lado, a vida corre hoje a
uma velocidade que também não deixa muito tempo as pessoas para refletirem sobre a
informação a que têm acesso.
Tipos de democracia
Existe sempre um ideal de vida democrática, uma sociedade onde os homens vivam
em liberdade, igualdade e fraternidade; uma sociedade onde o poder de governar esteja
nas mãos dos cidadãos; uma sociedade onde se respeitem os direitos humanos e a
dignidade das pessoas.
33
a) Democracia Liberal – é aquela que se fundamenta na liberdade individual
como o valor mais importante da vida. Insiste na defesa e prática dos direitos
individuais e dos direitos cívicos, sobretudo a competência e concorrência
económica com espírito de lucro e o direito à propriedade privada. Este tipo de
democracia é base das chamadas sociedades capitalistas. Levado ao extremo,
este tipo de organização social pode privilegiar uma classe, uma elite no poder
ou um partido governante e chegar a manifestar-se como ditadura de direito.
b) Democracia Popular – são as chamadas “socialistas” ou “comunistas”, cujo
Estado e governo insiste na igualdade dos cidadãos. Estão organizadas
hierarquicamente através de um poder central que governa tudo e todos
(centralismo democrático). Muitas delas, ao privilegiar a classe dirigente, os
funcionários do governo ou os seus líderes, desembocaram em ditaduras de
esquerda ou ditaduras do partido.
Se por um lado a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, por
outro a cidadania é a condição ou qualidade de um membro de estado ou de uma nação
em pleno gozo dos seus direitos políticos, cívicos e deveres para com esse estado ou
essa nação.
A relação que existe entre democracia e cultura, reside pelo facto de que a
cultura no texto da filosofia retrata um conjunto de respostas para melhor satisfazer as
necessidades e os desejos humanos. É nesse aspecto que é possível associar a esfera de
acção da política de modo muito singular a democracia. Se entendermos a cultura como
conjunto de valores, a democracia não deixa de ser mais um valor criado pelo ser
humano, cabendo naturalmente aos cidadãos valorizarem a sua ligação à sociedade.
34
próprios princípios. Mas, também, isso depende grandemente d a mentalidade e do
desenvolvimento cultural dos cidadãos: a forma como podem encarar a democracia na
sua vida social, económico, cultural, política e como preserva os princípios
democráticos de boa convivência.
Demagogia é uma palavra herdada do grego que se pode definir como uma
forma de actuação política que visa agradar as populações, mas com mero intuito de
alcançar o poder. Portanto, a demagogia é dos riscos que a democracia enfrenta.
A esse respeito, diz Kant «o que um povo não pode decidir a seu respeito
também o não pode decidir o legislador em relação ao povo»
35
em função dos interesses partidários ou de determinadas clientelas, mas de todo povo,
particularmente do povo mais desfavorecido; não ao serviço de alguns, mas do bem
comum de todos.
Por esta razão, João Paulo II, diz que uma democracia sem valores converte-se
facilmente, num totalitarismo aberto ou dissimulado.
36
em determinadas circunstâncias (de modo a provocar-lhe uma determinada ideologia ou
um determinado comportamento), até formas de agressão muito violentas, como tortura,
o terrorismo e a guerra. Podemos dar como exemplo de propaganda a forma que o
regime nazi manipulou a população alemã de modo a levá-la a aceitar o regime por
medo e criando a ideia de superioridade rácica.
São comuns agressões com diversos objectos e queimaduras. A violência física pode
ser agravada quando o agressor está sob o efeito do álcool ou quando possui uma
embriagues patológica ou um transtorno explosivo.
É uma violência que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente
provoca cicatrizes para toda a vida.
37
Os danos causados pela negligencia podem ser permanentes e graves.
Por seu lado, a palavra paz, que deriva do latim “pace”, pode ser definida como
sinonimo de concórdia, já que o seu significado se estende desde tranquilidade e
serenidade até estado de um país que não está em guerra.
Ora, é exactamente este último sentido que nos interessa analisar, o sentido da
concórdia em absentia belli (ausência de violência ou guerra), num país ou entres
países. Com efeito, alcançar a concórdia e a paz sempre foi objectivo da humanidade,
embora, como podemos testemunhar, tal ainda não tenha sido conseguido a nível
mundial.
Muitos foram os pensadores e filósofos que se debruçaram sobre este tema, nas
suas obras, de que podemos dar exemplo. Aliás a filosofia ela própria foi dada como
solução para alcançar a paz, como já prescrevia Epicuro, filosofo grego do século IV
a.C. muitos pensadores deixaram nas suas obras a reflexão de que a paz e a concórdia
apenas podiam ser estabelecidas através de relações de justiça, sendo uma sociedade
democrática a melhor garantia de que não sejam conduzidas ao poder forças que
advogam a violência como meio para se atingir quaisquer fins.
Como se pode notar, a filosofia não pretende explicar a realidade, mas compreendê-
la. E a compreensão supõe a busca do sentido das coisas e da vida. Todas as áreas do
saber são susceptíveis a uma reflexão filosófica porque todas têm a própria filosofia
como questionamento do próprio conteúdo. É inevitável entre os problemas propostos
pelo existir humano, estejam os que referem à educação. Portanto, como se sabe, cabe
ao filósofo acompanhar de forma reflexiva e crítica a acção pedagógica, de modo que
promova a passagem de uma educação assistemática (guiada pelo senso comum) para
uma educação sistemática.
38
A filosofia da educação a partir da análise do contexto vivido, indaga a partir do ser
humano que se quer formar, sobre os valores emergentes que se contrapõe a outros já
candentes, e sobre os pressupostos dos conhecimentos utilizados. Portanto, a filosofia da
educação tem como fins questionar os objectivos educacionais; os valores que orientam
o país; os currículos, as técnicas do ensino, os métodos de ensino assim como todo o
processo de ensino-aprendizagem.
Assim, num sentido geral, podemos dizer que por educação entende-se como
conjunto dos cuidados a ter com um ser humano, uma criança, desde a infância.
Por isso, Kant diz que “o homem não pode tornar-se um verdadeiro homem não pela
educação; ele é aquilo que a educação faz dele”.
Como todas outras ciências, também a filosofia da educação tem seu objecto, seu
objectivo e sua função específica.
Um dos seus objectivos principais é ser capaz de conferir aos conteúdos da ética
uma moral dos valores e da responsabilidade que premeiam a prática pedagógica e a
formação de sujeitos activos, participantes e conscientes na construção da sua própria
identidade individual e colectiva.
39
Ela promove uma reflexão crítica sobre alguns dos principais temas e problemas
educacionais, observados a partir de uma perspectiva filosófica. A filosofia da educação
procura reflectir algumas questões fundamentais: o que é a educação? Que tipo de
sociedade se pretende educar?
Nada depende tanto dos outros como o homem: antes, durante e depois do
nascimento. O homem, sendo um animal social por natureza, só em sociedade se pode
desenvolver como homem. Por isso, os educadores que rodeiam o educando têm uma
importância incalculável no processo educativo. No entanto, o ambiente propriamente
educativo não é o de super - protecção nem do abandono; de severidade e nem de
facilidade; de excesso nem de falta de autoridade.
a) A família
A família é, sem dúvidas, o agente mais importante na educação aos valores morais
em quase todas as sociedades. É a primeira escola da difusão do amor. É ela que
influencia em primeiro lugar e particularmente as crianças. Isto é, constitui o lugar
privilegiado de aprendizagem e fomento das relações de cooperação entre os homens de
diferentes sociedades e culturas.
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b) Escola
c) O Estado
João Paulo II, fazendo menção do dever educativo do Estado para com os cidadãos,
diz que, é principal responsabilidade do Estado em providenciar para que todos os
cidadãos possam alcançar uma justa participação na cultura e sejam preparados para
exercer devidamente os deveres e os direitos cívicos. Por isso, deve defender o direito
das crianças a uma adequada educação escolar, velar pela competência dos professores
e pela eficácia dos estudos, atender a saúde dos alunos e, em geral, promover todo o
trabalho escolar, tendo em consideração o dever da subsidiariedade.
Em suma, outra realidade que os educadores devem ter hoje muito presente é a
acção dos grupos em que os educandos estão inseridos: com a sua moral, juízos de
valores e ideais modelam de um modo quase absorvente a personalidade dos membros.
Influencia da cultura e do ambiente juntamente com o ambiente familiar e a acção dos
grupos, os educadores têm de contar com o ambiente social ou cultural dominante com
factor determinante na formação do educando. Por ambiente social ou cultura cultural
entendemos o conjunto de esquemas de comportamento, ideais e valores de que
participa um certo grupo social que vive num determinado meio e lhe é transmitido,
sobretudo, pela comunicação social, pela convivência, pela escola, um certo gama de
costumes, ritos, usos e crenças.
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Bibliografia Geral
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