V.M.F. Costa1, I.S. Araújo1, M.C. Santana1, A. F. F. Sitonio, E.E.N.F. Silva1, J.A. Lima1,
K.T.C. Carvalho1, C.M.M. Maia1
1-Departamento de Análises de Produtos e Ambiente (DAPA) – Laboratório Central Dr. Almino Fernandes
(LACEN/RN) – CEP: 59.037-170 – Natal – RN– Brasil, Telefone: 31 (84) 3232-6209 – Fax: 31(84) 3232-6209
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1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAL E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os resultados obtidos para o período de 2015, das 66 amostras de alimento
analisadas, 26 (39%) apresentaram resultados insatisfatórios e no 1º Semestre de 2016, das 30
amostras, 11 (37%) foram reprovadas. Dos alimentos reprovados no período, destacam-se: 2 amostras
de pães com dejeções de roedor, infestação por larvas de moscas, pernas de barata (ordem Blattaria),
partículas metálicas e magnéticas, matérias carbonizadas, plásticos e fragmentos de alumínio de
acordo coma figura 1. Os pêlos de roedores são considerados matérias estranhas indicativas de riscos à
saúde humana, ou seja, são capazes de veicular agentes patogênicos para os alimentos e os pêlos
humanos e de outros animais são indicativas de falhas nas boas práticas segundo os itens X (b) e XI
(c), respectivamente, seção III, capítulo 1 da RDC 14/14. As baratas e os excrementos de animais,
exceto os de artrópodes considerados próprios da cultura e do armazenamento, são considerados
matérias estranhas indicativas de risco à saúde humana segundo a RDC 14/14. As baratas, de acordo
com o item X (a) da RDC 14/14 se reproduzem ou tem o hábito de manter contato com fezes,
cadáveres e lixo, portanto estão na categoria de vetores (item XIV), pois veiculam patógenos
provenientes de um hospedeiro, de uma origem ou um lugar, carreando-os para o alimento, podendo
causar agravos à saúde do consumidor pela ingestão do alimento contaminado.
Figura 1: Matérias estranhas em pães de hambúrguer e sanduíche
MATÉRIAS ESTRANHAS EM SANDUICHE DE CARNE E QUEIJO: amostra lacrada com presença de larvas;
infestação por larvas de mosca doméstica; larvas – detalhes (7 e 9 mm)
Com relação à água mineral, 3 amostras foram reprovadas em 2015, por fragmento plástico
(34 cm), tecidos vegetais, larvas de insetos, borracha, euglenoficeas e fungos da espécie Bipolaris
spp., conforme figura 2.
MATÉRIAS ESTRANHAS EM ÁGUA MINERAL: Fragmento plástico (37cm), tecidos vegetais, fios de plástico,
cascalho, euglenoficeas e fungos Bipolaris spp.,
Das amostras de goma de mandioca, 10 foram aprovadas e 1 reprovou por pêlos humanos. Em
se tratando das amostras de café torrado e moído, 6 tiveram resultados satisfatórios, contudo 3
apresentaram resultados insatisfatórios por conter caramelos de açúcar, além de inseto inteiro, cascas e
paus conforme figura 4. O caramelo de açúcar após o resfriamento é triturado e adicionado ao café
torrado e moído com o intuito de fraude, eles se apresentam ao estereomicroscópio como corpúsculos
brilhantes, translúcidos e que se desmancham sobre pressão. Portanto as amostras estavam em
desacordo com o item 2.1 da RDC nº 277/05.
MATÉRIAS
ESTRANHAS EM
CAFÉ: a) Caramelos
de açúcar, b) pedra
de açúcar; inseto
inteiro (coleóptera);
d) fibras sintéticas;
e) cascas e paus
A) Doces
B) Castanhas
Fonte: Fonte: Setor de Microscopia – LACEN/RN
A) Gelo
Conforme os resultados descritos nesse trabalho, é possível concluir que muitos dos alimentos
não conformes avaliados poderiam estar sujeitos a práticas inadequadas de produção ou
armazenamento, visto que na maioria dos casos, havia infestação por artrópodes além de outras
sujidades como partes indesejáveis ou impurezas, comprovando o descumprimento das boas práticas.
A presença de vetores como baratas e de pelos de roedores em alguns alimentos, revela um quadro de
descaso com a saúde do consumidor, uma vez que a obtenção de um alimento seguro deve abranger
toda a cadeia produtiva, desde a produção até o consumo. Portanto os produtores, fabricantes,
distribuidores e fornecedores devem utilizar ferramentas que reduzam as matérias estranhas ao
máximo possível a fim de garantir a boa qualidade do produto final.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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