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All content following this page was uploaded by João Paulo Vani on 31 October 2016.
O conceito de História
Em Os métodos da História (1983), os historiadores Ciro Flamarion
Cardoso e Héctor Pérez Brignoli apresentam a missão do historiador.
Os autores colocam sob a responsabilidade do historiador a decisão do
que deve ser registrado nos anais da história como “fato histórico”, a
partir de uma análise baseada em documentos.
Adam Schaff, em História e verdade (1987), nessa mesma linha de
raciocínio, tece as seguintes observações:
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Literatura, história e direito em A revolução dos bichos, de George Orwell | João Paulo Vani
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Direito e literatura: confluências e afinidades | Gentil de Faria (Org.)
[...] ao afirmar que a história não existe a não ser como texto, o
pós-modernismo não nega, estúpida e “euforicamente”, que o pas-
sado existiu, mas apenas afirma que agora, para nós, seu acesso
está totalmente condicionado pela textualidade (p. 34).
A história e o romance
Especificamente na obra A revolta dos bichos, George Orwell revela
o panorama da sociedade europeia no contexto da Revolução Sovié-
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Direito e literatura: confluências e afinidades | Gentil de Faria (Org.)
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Literatura, história e direito em A revolução dos bichos, de George Orwell | João Paulo Vani
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Direito e literatura: confluências e afinidades | Gentil de Faria (Org.)
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Literatura, história e direito em A revolução dos bichos, de George Orwell | João Paulo Vani
Goff (2003) define a narração como uma das vias do fazer histórico.
É também com a narração que o escritor constrói seu mundo.
Nas reflexões de Aristóteles, a poesia ultrapassa a História, pois
não se restringe a apresentar os fatos ocorridos, mas por apresentar
os fatos que poderiam vir a acontecer.
Costa (2001, p. 50), ao revisitar o conceito de mimese de Aristóte-
les faz a seguinte colocação: “um recurso da mimese trágica é o efeito
de surpresa, que, mesmo inverossímil, pode parecer verossímil, por-
que é verossímil que aconteçam coisas inverossímeis”.
Tanto para escritores quanto para historiadores, escrever é inter-
pretar eventos passados; são duas atividades que se entrelaçam e,
como White define, “a história não é menos uma forma de ficção do
que o romance é uma forma de representação histórica” (White, 1994,
p.138). Sobre a atividade dos historiadores, Hayden White explica que
Autoritarismo
A revolução dos bichos traz em si uma clara crítica ao regime insti-
tuído na União Soviética por Stalin. Analisando criticamente o perfil da
sociedade naquele contexto ao mesmo tempo que, ao propor reflexões
acerca do modo como os governantes lidam com o poder, permite que
seja vista a partir de outras perspectivas históricas ou temporais, uma
vez que é próprio do ser humano ser dominado pelo poder que exerce.
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Direito e literatura: confluências e afinidades | Gentil de Faria (Org.)
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Literatura, história e direito em A revolução dos bichos, de George Orwell | João Paulo Vani
Nota
I observe that truth being the soul of history it is an essential thing for
a historical composition to be free from lies; so that though it should
have all other perfections it will not be a History but a mere fable and
romance [...] (tradução do autor)
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Direito e literatura: confluências e afinidades | Gentil de Faria (Org.)
Obras citadas
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