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Olá! Nesse nosso encontro falaremos sobre a atuação da Defensoria Pública em matéria
de saúde mental.
A resposta é não. A Lei nº1 0.216, que regulamenta o tratamento, o direito das pessoas
com problemas, questões relacionadas à saúde mental, trata da excepcionalidade da
internação. Apenas excepcionalmente, quando um laudo médico assim indicar, é que
haverá internação de pessoa com transtorno mental.
Essa matéria é muito cara à Defensoria Pública, estas disposições normativas que eu
trago para vocês, normalmente, são disposições contidas nos editais, em matéria de
Direito Humanos. Saber sobre internação voluntária, involuntária, compulsória, os
CAPS - Centros de Atendimento Psicossocial, é relevantíssimo.
Marcos normativos em matéria de saúde mental, temos uma estrutura normativa muito
boa, previsões legais, temos:
OBSERVAÇÃO: Se você tem interesse por este tipo de leitura, este sofrimento, como a
nossa história é muito triste na proteção, na garantia de direitos de pessoas com
A partir da Lei nº 10.216, com luzes da Constituição Federal (CF/1988), objetiva-se dar
um novo norte, uma nova forma de encarar esta problemática da nossa sociedade.
Então, a Lei nº 10.216 é o principal diploma interno sobre o tema, que entrou em vigor
no ano internacional da saúde mental.
Por conta deste passado não muito distante, de violação, de restrição à liberdade, de
violências físicas e psicológicas, perpetradas contra as pessoas com transtorno mental,
essas internações compulsórias nestes verdadeiros campos de esquecidos que existiam
no nosso ordenamento.
Então, o aqui é garantir direitos, é proteger as pessoas com algum tipo de transtorno
mental, seja ela adulta, seja ela criança.
Faço questão de trazer para você, também da lei, um rol de direitos, enumeração de
direitos, artigo 2º da lei. É muito interessante que você saiba sobre isso. Então:
Art. 2º [...]
Aqui a gente abre aspas, é uma decorrência do direito fundamental social à saúde,
artigo 6º, art. 196 da CF/1988.
Então, o rol de direitos, muito cuidado com isso, isso pode ser objeto de
NÃO ERRE
Quero trazer para vocês, ainda na Lei nº 10.216, dois artigos de suma importância. Um,
e eu já trouxe essa resposta no começo do nosso encontro, trata da excepcionalidade da
internação das pessoas com transtorno mental. E outro, o outro artigo traz a
conceituação de internação voluntária, involuntária e internação compulsória.
Existem conceitos que decorrem da lei e você tem que ter muita atenção para isso, está
certo?
Então, artigos 4º e 6º, ainda na Lei nº 10.216/2001, este novo marco legislativo no
tratamento, prevenção e garantia dos direitos das pessoas com transtorno mental.
Então, art. 4º:
Porque este transtorno mental, nos termos do Estatuto da Pessoa com Deficiência,
artigo 2º do Estatuto, essa pessoa se encaixa no conceito de pessoa deficiente mental.
Então, vamos lá, é muito comum que um familiar procure a Defensoria Pública, vou te
dar um exemplo muito comum.
EXEMPLO: "Doutor, eu estou aqui porque eu quero internar meu marido, internar o
meu marido, restringir a liberdade dele de ir e vir, em uma comunidade terapêutica,
por exemplo, por conta do vício com bebida. Eu tenho aqui um laudo médico que atesta
a dependência dele, a CID por conta deste uso abusivo, reiterado, desmedido de bebida
alcoólica". Você pega laudo e a prescrição médica é no sentido de tratamento com
medicamentos. O laudo médico não traz, assim, nenhuma menção à internação.
Na minha opinião não. A gente orienta a pessoa: "olha, neste caso aqui o laudo médico
não recomenda a internação, mas sim o tratamento com medicamentos, medicamentos
contra a ansiedade, por exemplo, para tentar contornar esta problemática."
Então, esta é a perspectiva. O laudo médico é a exigência, a gente vai ver isso no
próximo artigo, ele deve conter necessariamente a recomendação clínica.
Se você entra com uma ação, imaginemos aqui, de internação involuntária com um
laudo médico que não recomenda a internação, pelo contrário, o tratamento com
medicamentos, a ação será julgada improcedente, porque você não tem conhecimento
médico, tão pouco o juiz se arvora nessa área do conhecimento, para ir contra aquilo
que é a própria recomendação médica psiquiátrica indica, está certo?
Eu quero que você tenha contato com a Lei nº 10.216. Leia os demais artigos, estes são
os principais artigos, direitos, internações, espécies de internação, mas eu quero que
você tenha contato com todos os demais artigos da Lei nº 10.216.
Aqui nós temos a perspectiva da atuação da Defensoria Pública sob dois enfoques:
Sim, ela deve fiscalizar essas comunidades terapêuticas. Aliás, a Defensoria Pública é
um dos grandes guardiões da proteção dos Direitos Humanos. Então, às vezes a gente
ouve cada história de comunidade, de locais de internação, assim, pessoas são
agredidas, estrição de alimentação. Então, a Defensoria Pública deve fiscalizar estes
locais e, se for o caso, promover as respectivas ações civis públicas.
A Defensoria Pública, aqui nada de novo para você, acho que essas ideias já estão bem
fixadas na sua cabeça. A Defensoria Pública tem legitimidade para ajuizar ação civil
pública com obrigação de fazer para internação voluntária.
Muito comum, porque as vagas são escassas, mesmo com recomendação médica,
mesmo com encaminhamento para o CAPS, laudo médico do CAPS, às vezes a pessoa
tem que entrar em uma fila de vagas.
Aí vem a resposta do Município: "Nós temos uma fila de 150 vagas". Para ontem a
disponibilização desta clínica. Então, a Defensoria Pública pode promover essas ações
individuais de obrigação de fazer ou ações coletivas, tranquilamente, está certo?
Lembrando que é um direito fundamental social, 196, 197, art. 6º, o perfil
E aqui é só retomando, está certo? Porque você já tem basante conhecimento sobre o
nosso famoso art. 4º, sempre ele né? Sempre ele legitimando a Defensoria Pública.
Então, são funções da Defensoria Pública:
Art. 4º [...]
[...]
O direito à saúde aqui sob a perspectiva de proteção da pessoa com transtorno mental,
nada mais é do que um direito social.
JURISPRUDÊNCIA
De forma alguma, o Ministério Público (MP) tem sim legitimidade ativa para promoção
de tutela de direitos individuais indisponíveis como a saúde.
E aí ele é citado ou, pelo menos, tenta-se fazer a citação deste sujeito, eu já vi laudos,
certidões de oficiais de justiça falando que foi impossível fazer a citação do requerido,
por conta da situação psicológica que o acomete.
Necessariamente e sob pena de nulidade, ele deverá ser citado ou ao menos tentar-se a
citação deste usuário e, uma vez não constituindo advogado, a Defensoria Pública será
chamada a atuar como curadora especial, é hipótese de curadoria especial do art. 72 do
Código de Processo Civil (CPC). Ou seja, a Defensoria pode promover e a Defensoria
Pública deve, uma vez não constituído advogado, defendê-lo em curadoria especial.
O que é isso?
Eu trouxe para você aqui um acórdão muito interessante do Tribunal de Justiça de São
Paulo, que falou em nulidade absoluta, citação e falta de defesa ao paciente, ausência
de nomeação e defesa por curador especial, nulidade absoluta.
CONTEÚDO IMPORTANTE
Para finalizar, eu quero falar um pouquinho com você sobre o CAPS, que são os Centros
de Atenção Psicossocial e não foi criado pela portaria nº 3.088, mas ela disciplina, nós
temos uma classificação dos CAPS, temos uma classificação.
Então, o CAPS. É muito importante a presença dos CAPS nos Municípios, nesta busca
ativa, neste trato refinado, nesta situação tão sensível das pessoas com transtorno
mental.
CAPS I: (este material é seu, só para a gente finalizar) Regiões com até 70 mil
habitantes. Público alvo: usuários adultos, com transtornos mentais.
CAPS II: Regiões de 70 mil a 200 mil habitantes. Público alvo: Adultos com
transtornos mentais.
CAPS III: Muito importante o CAPS III, ele funciona 24 horas por dia. Regiões
com mais de 200 mil habitantes. Público alvo: são adultos com transtornos
mentais, funcionam 24 horas, inclusive em feriados e finais de semana. Oferece
acolhimento noturno quando necessário e internações curtas, problemas como o
de drogadição.
Essa a classificação dos CAPS, trazida na portaria do Ministério da Saúde 3.088, que é
essencial a leitura.
Certo meus amigos? Ficamos por aqui, um forte abraço e até a próxima.