Você está na página 1de 8

ORIENTALISMO

O oriente seria uma criação do Ocidente? O exótico é igual ao criado pelos europeus? Existe uma
divisão entre o oriental e o ocidental? O oriente não se desenvolve durante séculos? Vamos analisar
tais perguntas através do texto; ORIENTALISMO de autoria do professor palestino Edward Wadie
(1935) Said da universidade de Columbia nos Estados Unidos das Américas, que no Brasil foi
publicado pela Companhia das Letras durante nos anos 70, sendo dividido em três partes. Na
primeira o autor fala do alcance do orientalismo, na segunda das estruturas do mesmo e no terceiro
do orientalismo na atualidade. A obra é fundamental para compreendermos como o Ocidente
inventou o Oriente durante séculos. Durante o período de colonização europeia na África e Ásia, os
colonizadores criaram poderosas características de imperialismo e preconceito cultural contra o
Oriente, para mostrar a sua “superioridade” cultural durante aquele momento. Nessa ideia o
Ocidente começou formular a imagem do Oriente, tendo assim três momentos fortes na reflexão da
historiografia e antropologia. Orientalismo tinha sua importância acadêmia, os idiomas do Oriente
serviram de estudos para estudiosos durante o século XIX. Temos discussões entre oriente e
ocidente, do que seria atrasado ou avançado, uma forma de mostrar a diferença do outro através da
sua “superioridade” cultural. As afirmações definitivas do Ocidente sobre os estudos do Oriente, a
tentativa de controle político sobre a região se iniciando no século XIX, trouxe barreiras sobre os
argumentos contrários relacionados à cultura do Oriente médio. Edward Said é o mais renomado
estudioso quando se trata nos assuntos do “Orientalismo”, explicando que o imperialismo cultural
do Ocidente sobre o Oriente e a criação de uma certa inferioridade cultural. Said é o primeiro a
formalizar uma sequência de ideias sobre esse assunto, retratando a imagem que o Ocidente criou
em relação ao Oriente principalmente durante o período da colonização dos europeus na África.

Quando os historiadores e demais intelectuais fizeram uma estudo sobre o Orientalismo no século
XX, a obra de Edward Said, foi considerada muito importante no meio acadêmico. Em 1978 o livro
de Said, será abordado com extrema importância. O livro “ORIENTALISMO” revolucionou a
história do Oriente Médio, e ajudou a criar e formar novas áreas de estudos, como a teoria pós-
colonial. Da mesma forma que influenciou disciplinas relacionadas, como História, Antropologia e
estudos culturais. O livro foi traduzido em 26 línguas e é bibliografia de muitas universidades e
colégios, sendo um dos livros acadêmicos mais controversos dos últimos 30 anos, estimulando um
debate intenso sobre o tema. Said tenta responder nesse trabalho a questão do porquê quando
pensamos em oriente médio, por exemplo, temos noções preconcebidas do tipo de pessoas que
vivem lá no que elas acreditam, como agem, mesmo quando nunca estivemos lá ou conhecemos
alguém deste local. Em tese o “ORIENTALISMO” questiona: Como podemos entender as pessoas
“estranhas”, que são “diferentes” de nós, somente pela cor da pele? O argumento principal do texto
é que o modo em que obtemos tal conhecimento não é inocente ou objetivo, mas um resultado de
um processo que reflete certas questões. Esse discurso é motivado por várias razões. Said
argumenta os modos como o ocidente (Europa e EUA) enxergam o restante dos países, os definidos
e trazendo um certo conceito imposto a cada um, nomeando terras que são vistas de uma parte do
mundo definidas como ORIENTAIS. O termo que utilizamos para entender “o outro”, a fim de
fazer com que as pessoas do Oriente médio pareçam diferentes e ameaçadoras. A contribuição de
Said, sobre como entendemos esse processo estereotipado tem sua tendência relevada e acentuada
com o passar do tempo na Europa, isso é demostrado através de obras de autores do final do século
XIX e meados do Século XX que escrevem o “oriente” da mesma forma um do outro. Grande parte
dos escritores europeus se dedicaram ao orientalismo e tiveram influências do mesmo. Nem todos
tinham consciência do verdadeiro sentindo ideológico e político de sua produção intelectual para a
composição do Ocidente no Oriente. Ocorrendo um intercâmbio dinâmico entre autores individuais
e os grandes interesses políticos modelados pelos três grandes impérios – o britânico, o francês e o
americano – em cujo território intelectual e imaginativo a escrita foi produzida. A tendência em
abordar o Oriente como algo inferior a Europa foi crescendo entre os séculos XVIII e XIX
alimentados por mitos e sensualidade que eram representadas por meios de contos escritos por
europeus e obras de artes também feitas pro europeus, com características similares uma das outras.
Muitas obras, os aspectos físicos entre os personagens orientais eram tratados de forma pejorativa e
iguais um dos outros, como se todo o oriente fosse ruim ou tivesse fatores considerados inferiores
ao modelo imposto a ele pela Europa e EUA no século XVIII e XIX. Said deixa isso bem claro em
sua obra quando define que o orientalismo foi responsável pela definição de elementos que
construíram sua forma tanto social como cultural em vários países distintos do Oriente médio e
África, que foram afetados diretamente por tal modelo imposto.

O Orientalismo se encarregou de representar o Oriente, de definir seus contornos, características


e vocações. Tudo isto foi feito á margem dos interesses dos habitantes do Oriente. Não foram os
orientais, mas, os ocidentais que criaram e alimentaram – e ainda alimentam – o orientalismo. Mas
não é o que está oculto nos textos orientalistas que chamaram a atenção de Said.

Em meados do século XIX, se alguém quisesse ler sobre Egito, Síria e Índia tinham que ler algo
já estabelecido que era organizado como uma ciência, que pode se chamado de “orientalismo”,
tendo um certo repertório de imagens que não paravam de serem produzidas como por exemplo; A
mulher sensual, que servia para ser usada pelo homem, o oriente como um local misterioso cheio
de segredo e monstros ou algo repleto de magia. Quanto mais se pesquisa, mais se percebe que estas
ideias não tinham a menor consistência, elas não tinham a ver com a realidade, vista das pessoas
que não estivera, lá. E mesmo que já estivessem estado no oriente médio, não faria muita diferença
pois os mesmos não tiveram acesso ao que podemos chamar de representações realísticas do
oriente, como a literatura, pintura, música, ou nenhuma das artes. Esses fatores se estenderam mais
adiante nos escritos sobre os árabes, pelos curiosos, pessoas que os estudaram o tema, notando
assim o uso de certas imagens em comum que eram abordadas no século XIX, aplicando a teoria
que todos os orientais são iguais não importam onde estejam, seja na índia na Síria ou Egito é
basicamente a mesma coisa. O que leva a um tipo de ideia de uma história congelado no tempo, de
que o oriente, diferente do ocidente, não se desenvolve ficando no mesmo lugar. E esse é um dos
problemas do “orientalismo”, ele cria uma imagem fora da história de algo congelado, estático,
eterno, o que se contradiz pelos fatos históricos, então de uma forma é uma criação, uma ideia do
“outro”. Said defende que oriente não é apenas adjacente à Europa; é também o lugar das maiores,
mais ricas e mais antigas colônias europeias, a fonte de suas civilizações e línguas, seu rival cultural
e uma das suas imagens mais profundas e mais recorrentes do Outro. Além disto, o Oriente ajudou a
definir a Europa (ou o Ocidente) com sua imagem ideal, personalidade, experiências contrastantes.
Mas nada nesse Oriente é meramente imaginativo. O Oriente é uma parte integrante da civilização e
da cultura material europeia. O Orientalismo expressa e representa essa parte em termos culturais e
mesmo ideológicos, num modo de discurso baseado em instituições, vocabulário, erudição,
imagens, doutrinas, burocracias e estilos coloniais. O Islã é uma das principais vítimas das ideias
congeladas sobre o Oriente. Como representação do outro, o orientalismo criou uma imagem do islã
totalmente negativa. Esta imagem foi construída principalmente em razão do medo, porque depois
da morte de Maomé em 632, a hegemonia militar e mais tarde cultural e religiosa do islã cresceu
enormemente. Primeiro, a Pérsia, a Síria e o Egito, depois a Turquia e mais tarde a África do Norte
caíram nas mãos dos exércitos muçulmanos; nos séculos VIII e IX, a Espanha e França foram
conquistadas.

Analisando o contexto apresentado por Said podemos observar que o autor não somente usa uma
descrição de seu conteúdo, mas um forte argumento sobre o porquê é apresentado desta forma. É
uma análise bastante concreta sobre o contexto histórico e institucional que criou o orientalismo. É
localizado a construção do orientalismo na história da conquista dos impérios. Na medida em que os
Impérios tentavam se expandir pelo mundo, historicamente os britânicos e franceses foram os mais
atuantes no Oriente Médio, podemos dizer que não buscavam somente a conquista territorial, mas,
ideológica. A questão destes impérios era simplesmente como podemos entender os nativos que
encontramos de forma que possamos conquistá-los e subjugá-los facilmente. Este processo de usar
grandes e abstratas categorias para descrever as pessoas que são diferentes, que tem cores de pele
diferentes, perdurou por um longo tempo. Voltando, podemos perceber a coexistência entre pessoas
e culturas diferentes. Mas o “orientalismo” formaliza este projeto e o apresenta como conhecimento
absoluto e objetivo. Said identifica a conquista do Egito por Napoleão em 1798 como marco de um
novo tipo de conquista entre império e colônia que incorpora o projeto do “orientalismo”. Ocorreu
um tipo de ruptura depois que Napoleão esteve no Egito (1798), sendo a primeira expedição
importante de um império moderno. Eles foram aos lugares, mas não como os espanhóis na
América para lutar, eles foram com um grande exército de soldados, mas também, de cientistas,
arquitetos, biólogos, historiadores, cuja a principal atividade era estudar todo tipo de aspecto do
Egito e produzir pesquisas científicas, não em prol dos egípcios, mas para Europa. Produzindo
enormes coleções de livros, escrito na maioria das vezes sobre prestígio e poder, tirando a atenção
dos reais problemas da sociedade pobre. Era se como Napoleão tivesse levado para o Egito tais
coisas, porquê eles consideravam que não era possível os egípcios fazerem tais pesquisas sobre eles
e sobre a França. Para poder produzir conhecimento precisava estar no local e ver tudo acontecer ao
seu redor de uma forma científica, que a população nativa não podia enxergar.

Said também usa conceitos de Foucault para justificar sua ideia sobre o Orientalismo, e cita isso
em seus textos. Logo os aspectos de Said a Foucault são precisos, como por exemplo, na
manifestação original do individualismo ocidental em analogia ao Oriente. Tais inclinações não
atentariam somente com intenção político-militar, bem menos cria uma ligação de forma
determinista a mesma, mas também um interesse de entender de restringir ou incorporar o dado por
diferente sendo aquele que fantasia a ligação do saber com o poder. Existe neste ponto certa
analogia com a tese principal de Foucault de não concentrar o entendimento da política nas
características formais do Governo ou do direito procurando evidenciar excepcionalmente como a
construção de críticas coincide com um mapa mais simples de um poder sem centro e não similar
mas que, por isso inclusive, assume força sem pretextos no modernismo. Identifica-se partindo
desse significado minucioso que o orientalismo, para Said é um fala que indica um intercâmbio com
vários conceitos com força política, o intelectual e cultural. Na medida em que os argumentos
tornam-se determinantes, evidenciam que a cultura forma um sistema realmente lucrativo
especificando um modelo de regime que não é somente algo que possa impedir.
A ideia de que o imperialismo não acabou, não se transformou no “passado” é original, onde as
ações de descolonização e a desmontagem dos impérios clássicos provam isso. Os laços entre
antigas colônias e antigas metrópoles perduram até hoje, exigindo atenção particular e o papel de
superpotência exibido pelos Estados Unidos, mostra que um novo arranjo nas linhas de força existe
e que o imperialismo continua a ser o traço forte na ligação Norte Sul.
A falta ideológica de consolidar e defender a dominação em termos culturais, como tem sido o
caso desde pelo menos o século XIX, contribui para tais situações. Existe como o papel
fundamental dos intelectuais, dentro e fora das universidades, tanto do Norte como do Sul, é resistir
a essa ideologia disfarçada de “conhecimento”. O autor avalia os documentos de época dos
escritores literários indicando que estavam interligados na cultura política imperialista. Todos eles
estavam conscientes que faziam parte de um Império. Isso indica que o imperialismo tem influência
na construção literária, erudição, ideia social e a escrita da história. Entretanto, o orientalismo é algo
ativo em um intercâmbio entre os autores individuais e os grandes interesses políticos moldados
pelos três grandes impérios: Inglaterra, EUA e França.

Em 15 anos, os EUA vem sendo autor de intervenções militares em diversos países do mundo,
todas com as mais graves violações dos direitos humanos. No ano de 2001 se deu início a invasão
do Afeganistão, quando os EUA começou uma missão de busca ao muçulmano Osama Bin Laden,
acusado pela casa branca de ser o mandante do ataque terrorista as torres gêmeas, em Nova Iorque.
A invasão ainda se perpetua até os dias atuais deixando um saldo de milhares de soldados mortos,
além de ser responsável pelo assassinato de mais de 15 mil civis entre os anos de 2009 e 2018.
Outro país, Iraque, foi invadido em 2003 sob a falsa acusação da busca de armas de destruição em
massa, que não existiam. Segundo os EUA, a invasão foi pedido da própria população local que
queria liberdade e garantia da democracia e segurança. Porém, foram mortos cerca de 4 mil
militares nesse processo e mais de 730 mil civis, dados divulgados pela organização Opinion
Business. Paquistão, Iêmen e Somália foram vítimas de ataques dos EUA desde o ano de 2002, sob
argumento de acabar com grupos terroristas que dominavam as regiões. Em tais países é comum o
uso de drones (aviões não tripulados com poder de fogo), que mataram civis, entre eles crianças,
enfermos e idosos.

O Oriente é uma criação do Ocidente, promovida de “Orientalismo” com o formato de discurso


elaborado pelo ocidental, que impôs dentro de seu sistema acadêmico e intelectual um tipo de
categoria e um modelo erudito específico chamado de “Orientalista. Na verdade o que está em jogo
é principalmente uma relação de poder onde o discurso orientalista traz a legitima situação entre
dominantes e dominados. Podemos mostrar um exemplo de uma empresa Cultural Francesa e
Britânica onde, após a Segunda Guerra Mundial, se transformou em uma empreitada norte-
americana. O Ocidente, ao formar a imagem de um Oriente inferior, miserável e autoritário, ao
mesmo tempo estava construindo a sua auto imagem de superioridade, democracia e riqueza. A
forma de manipular e veicular essas ideias acarretou situações desastrosas para a sociedade
mundial. Como a questão da dominação americana no Oriente, e descrita com pretensão ocidental
desde Napoleão no século XVIII, mudando o mapa do Oriente Médio.

Devemos compreender que os grandes problemas causados nos séculos XVIII, XIX e XX vieram
de fatores antes e pós o colonialismo europeu e mais tarde dos EUA. Esse fator desempenhou um
papel fundamental na construção do “Orientalismo” que criou uma ideia que tudo que era ruim ou
contra a liberdade moral e intelectual vinha em torno do Oriente Médio ou África. Existindo
representações tanto no meios de comunicações como artísticos. A cultura “pop” mundial vem
retratando esse preconceito através dos filmes de Holywood, como por exemplo; Rambo, Platoon,
Massacre no bairro Japonês, Apocalypse Now e até mesmo em obras da Disney como Alladin.

Devemos entender que o Oriente Médio foi palco de grandes descobertas da ciência, da literatura
e da arte, que até hoje existem lá e também em países ocidentais. A Cultura Muçulmana ou Islâmica
é tão heterogênea quanto à quantidade de povos que a mantêm, sobretudo em regiões da África e
Ásia. Contudo, ela comunga os aspectos que tangem a religião islâmica. Importante notar que a
própria palavra “muçulmano” deriva do árabe (“aslama”) e significa “submetido a Deus”. Do ponto
de vista científico e cultural, os muçulmanos foram os responsáveis pela preservação e difusão da
cultura helênica. Permitiram, assim, que o legado grego beneficiasse a cultura ocidental europeia.
Igualmente, os matemáticos muçulmanos criaram o sistema de numeração indo arábico.
Contribuíram para a evolução da trigonometria e álgebra, assim como seus físicos fizeram
importantes contribuições nos estudos de refração da luz e da óptica. Seus químicos descobriam os
ácidos nítrico e sulfúrico, o nitrato de prata, o carbonato de sódio e os processos de destilação,
filtração e sublimação que lhes permitiram produzir o álcool.

Paralelamente, a religião islâmica que é o pilar da cultura muçulmana é a que mais cresce no
mundo. Já é a segunda religião mais importante do planeta, com mais de 50 países de maioria
maometana e mais de 1,57 bilhões de pessoas em 2017.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

INSTITUTO DE HISTÓRIA

HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA

O ORIENTALISMO

ALUNO: Wescley De Luna Morais

PROFESSOR: Murilo Sebe Bon Meihy

Rio de Janeiro

2019
BIBLIOGRAFIA

SAID, Edward. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

SAID, Edward. Orientalismo: O Oriente Como Invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das
Letras, 2008.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

Você também pode gostar