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Colégio Tableau

Lívia Coppi da Silva VETAN 1-21

Trabalho de Patologia - Prof.: Ana Cláudia

17 de novembro de 2021
Guaratinguetá-SP
A síndrome do choque é uma emergência comum em medicina
veterinária, exigindo uma necessidade absoluta de monitorização e
avaliação permanente destes pacientes. O choque pode ser definido
como um estado em que a entrega de oxigénio às células é insuficiente
originando défices de produção de energia celular devido à diminuição
da perfusão tecidual, e se não diagnosticado e manejado
precocemente, pode levar a falência múltipla de órgãos e a altos índices
de mortalidade. Pode ser dividido em: cardiogênico, hipovolêmico,
distributivo e obstrutivo; sendo que cada tipo é tratado de uma maneira
diferente.

Este trabalho possui o objetivo de aprofundar-se no conhecimento da


patogenia do choque e revisar de forma breve cada um dos tipos
citados a cima, apresentando seus sinais clínicos e tratamento.
O Choque é um colapso circulatório, conhecido como uma síndrome
clínica devido a um desarranjo sistêmico na perfusão tecidual que leva a
hipóxia celular, alterações metabólicas e consequentemente a
disfunção dos órgãos. Independentemente da etiologia há uma
hipoperfusão disseminada dos tecidos, ou seja, o fluxo sanguíneo
encontra-se inadequado para suprir as necessidades celulares sendo
causado pelo decréscimo do volume sanguíneo (hemorragia),
diminuição do débito cardíaco (infarto do miocárdio), ou uma
redistribuição do sangue (septicemia, anafilaxia). É um quadro que afeta
tanto humanos quanto os animais e deve ser classificado como uma
emergência.

Choque Hipovolêmico

O choque hipovolêmico é a perda excessiva de sangue, plasmas e


líquidos fazendo com que o coração não consiga bombear sangue
suficiente para os tecidos, que ocorre na maioria das vezes por grandes
hemorragias. É o tipo mais frequente e divide-se em hipovolemia absoluta
e hipovolemia relativa.

Na hipovolemia absoluta, como no caso do choque hemorrágico,


observa-se perda sanguínea intravascular, resultando em diminuição do
retorno venoso devido à queda do débito cardíaco e perfusão
sanguínea. Essa hemorragia pode ser interna ou externa, devido a
ferimentos traumáticos na superfície do corpo, ou originada de
sangramento abundante durante procedimentos cirúrgicos, geralmente
estando associada a hemorragias graves derivadas de traumatismos,
ruptura de órgãos, ferimentos extensos e intoxicações.

A hipovolemia relativa não apresenta perda sanguínea direta do espaço


intravascular e está relacionada à redução do volume plasmático, água
e eletrólitos, como ocorrem nos casos de desidratação grave,
queimaduras superiores a 20% da superfície corporal e falência
adrenocortical. Essas originam depleção da volemia por perda de água,
decorrente do aumento da perda de sódio; além da perda de fluído do
terceiro espaço, como do peritônio e trato intestinal.

Neste quadro observamos o animal com taquicardia, pulso fraco,


mucosas pálidas, tempo de preenchimento capilar aumentado,
taquipneia, baixa produção de urina, entre outros.

O principal objetivo do tratamento é a reposição do volume circulante


mantendo o equilíbrio de líquidos, em seguida, corrigir os distúrbios
metabólicos e melhorar a perfusão microvascular, fortalecendo o aporte
de oxigênio às células, reduzindo assim a mortalidade associada à
hipovolemia. Para isso é fundamental a identificação da causa da perda
de líquidos e controle; dependendo do caso, cirurgias emergenciais
podem ser indicadas para reparação de danos e contenção de
hemorragia.

Choque Cardiogênico

O choque cardiogênico origina-se de uma disfunção cardíaca, com


consequente hipoperfusão tecidual sistêmica, devido à incapacidade
de o músculo cardíaco fornecer sangue suficiente para os órgãos e
tecidos, e é geralmente provocada pelo agravamento súbito de uma
doença cardíaca pré-existente.

Para um adequado funcionamento do organismo, é necessário que


exista o equilíbrio do sistema vascular, que pode ser verificado através de
variáveis como a pressão arterial e o débito cardíaco (volume de sangue
bombeado pelo coração).

Quando o animal já sofre de alguma doença cardíaca, o coração não


é capaz de manter o débito cardíaco adequado e suas funções podem
ficar alteradas também como uma forma do organismo de compensar o
baixo volume de sangue bombeado. Nesse caso a pressão cai
significativamente e sinais de falta de oxigenação no organismo podem
ser observados, como extremidades do corpo frias e mucosas azuladas
(cianóticas).

O choque cardiogênico é sempre uma emergência e deve ser tratado


imediatamente com cuidados intensivos que incluem repouso e a
redução do estresse causado pelo ambiente. Como a possibilidade de
parada cardíaca é alta, o animal deve permanecer em observação e
receber assistência respiratória se necessário. A causa exata do choque,
ou seja, a doença cardíaca a qual ele está relacionado, deve ser
estabelecida para que se realize o tratamento de forma adequada.

Choque Vasculogênico

A característica particular dessa síndrome clínica é a disfunção da


microcirculação e consequente extensa vasodilatação, ocorrendo a
hipovolemia. Apresenta sinais clínicos diferentes das outras formas de
choque, como extremidades quentes e bem perfundidas no estágio
inicial do distúrbio.

Diversas são as causas que levam ao choque vasculogênico, entre elas


estão o traumatismo de medula oblonga ou tóraco-lombar, intoxicação
por fármacos hipotensores, envenenamento por produtos químicos,
depressão por anestesia geral (barbitúricos), transfusões sanguíneas,
pancreatite, sepse, síndrome da resposta inflamatória sistêmica e
neoplasias. Esse tipo de choque é subdividido em neurogênico,
anafilático e séptico.
Choque Neurogênico

O choque neurogênico aparece quando existe uma perda repentina


dos sinais nervosos do sistema nervoso, deixando de enervar os músculos
do corpo e os vasos sanguíneos, podendo ser desenvolvido também
quando há intoxicação por fármacos hipotensores e envenenamento
por produtos químicos vasodilatadores (anestésicos gerais).
Normalmente, é sinal de problemas graves no cérebro ou na medula
espinhal.

Nesse tipo de choque ocorre uma disfunção autonômica caracterizada


por diminuição do tônus vascular, vasodilatação arterial e venosa,
hipotensão arterial e bradicardia. Uma das características do choque
neurogênico é que não há alteração no débito cardíaco, pois tanto a
bomba cardíaca como o volume circulante de sangue estão
preservados.

Os sintomas podem incluir dificuldade para respirar, diminuição do


batimento cardíaco e diminuição da temperatura corporal, por
exemplo.

O tratamento deve ser iniciado rapidamente com a finalidade de


restaurar a perfusão periférica e corrigir o desequilíbrio no consumo de
oxigênio, com a administração de remédios diretamente na veia para
controlar os sintomas e cirurgia para corrigir lesões na medula ou cérebro,
se necessário.

Choque Anafilático

A anafilaxia é causada pela falência circulatória por aumento de


liberação de histamina (fator ativador de plaquetas e leucotrienos)
devido à reação de hipersensibilidade sistémica imediata e severa, que
é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem de
segundos a minutos após exposição ao agente causal (picada de inseto,
alimentos, transfusões de sangue incompatível, sensibilidade à
fármacos); existindo envolvimento de múltiplos sistemas orgânicos.

Este tipo de choque provoca uma resposta exagerada do sistema imune,


gerando inflamação do sistema respiratório dificultando a respiração,
sendo comum apresentar também o inchaço exagerado do rosto e
aumento dos batimentos cardíacos. O grande aumento da
permeabilidade pode produzir o edema de glote, que muitas vezes leva
ao óbito antes mesmo que o choque circulatório se instale.

Para o tratamento é necessária uma injeção de adrenalina o mais rápido


possível para parar os sintomas e evitar a parada respiratória.

Choque Séptico

O choque séptico é decorrente de uma infecção grave, disseminada


para todo o organismo pela corrente sanguínea, adquirindo assim
caráter sistêmico (sepse). A sepse é causada pela invasão de micro-
organismos e/ ou suas toxinas que provocam a Síndrome da Resposta
Inflamatória Sistêmica (SRIS). De acordo com algumas características
desses agentes (sejam eles vírus, bactérias, fungos ou protozoários) e do
hospedeiro, o sistema imune do indivíduo se mobiliza como um todo
produzindo e lançando na circulação sanguínea uma carga excessiva
de mediadores inflamatórios para combater o potencial invasor. No
entanto, a grande quantidade desses mediadores químicos pode
provocar alterações circulatórias graves chegando num quadro de
choque.

A sepse e choque séptico são complicações frequentes em clínica de


pequenos animais e a causa mais comum de morte em unidades de
cuidados intensivos. Em cães, a causa mais comum é a peritonite,
geralmente secundária à ingestão de corpos estranhos, neoplasias
gastrointestinais, enterotomias e ruptura uterina por piometra. Em gatos,
a ocorrência de sepse está associada a abscessos hepáticos, piotórax,
bacteremia, pneumonia, endocardite, pielonefrite, piometra,
pancreatite séptica e meningite.

O paciente em choque deve ser atendido o mais rápido possível e o


objetivo do tratamento é melhorar e maximizar a oferta de oxigênio para
os tecidos através da fluidoterapia, onde espera-se normalizar a pressão
arterial, o tempo de preenchimento capilar, a qualidade e frequência do
pulso femoral, coloração de mucosas e temperatura; colaborando com
o uso de glicocorticoides para restabelecimento da pressão arterial e
resistência vascular sistêmica.
O choque é grave, complexo e dinâmico; por isso o rápido
reconhecimento desta síndrome é essencial para o tratamento
adequado do animal, que deve ser constantemente monitorado para
remover a causa base do choque. Mesmo com a falta de estudos para
maior entendimento sobre essa manifestação clínica, pode-se afirmar
que há como diagnosticar e tomar uma conduta adequada a tempo de
salvar um paciente neste quadro, tendo como objetivo principal o
restabelecimento da perfusão tecidual, ou seja, regularizar a circulação
dos leitos vasculares.
https://www.passeidireto.com/arquivo/31219745/choque

https://www.tuasaude.com/tipos-de-choque/

https://www.passeidireto.com/arquivo/50141971/choque-patologia-
geral-veterinaria-ufpel-2021

https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/66/o/Choque.pdf

https://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/09/1892/2403-13547-1-pb.pdf

https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2020/11/choque-
hipovolemico.pdf

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