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1
Existem, portanto, dois tipos genéricos de forças que podem ser aplicados a um
fluido: forças de campo e forças de superfície. A única força de campo que deve ser
considerada na maioria dos problemas de engenharia é a decorrente da gravidade. Em
algumas situações, forças decorrentes de campos elétricos ou magnéticos podem estar
presentes; elas não serão abordadas neste texto.
r
Para um elemento fluido diferencial, a força de campo dFB , é
r r r
dFB = gdm = gρdV 2.1
r
onde g é o vetor gravidade local, ρ é a massa especifica e dV é o volume do
elemento. Em coordenadas cartesianas, dV = dxdydz de modo que
r r r
dFB = gdm = ρgdxdydz 2.2
2
r ∂p ∂p ∂p
dFS = p − p + dx dydzî + p − p + dy dxdzĵ + p − p + dz dxdyk̂ 2.3
∂x ∂y ∂z
Simplificando, temos
r ∂p ∂p ∂p
dFS = − dxdydzî − dxdydzˆj − dxdydzk̂ 2.4
∂x ∂y ∂z
ou
r ∂p ∂p ∂p
dFS = − î − ĵ − k̂ dzdxdy 2.5
∂x ∂y ∂z
r r
Como o somatório das forças atuando sobre o fluído é zero, dFB + dFS = 0 , logo
∂p ∂p ∂p r
− î − ˆj − k̂ dzdxdy + ρgdxdydz = 0 2.6
∂x ∂y ∂z
∂p ∂p ∂p r
− î − ˆj − k̂ + ρg = 0 2.7a
∂x ∂y ∂z
ou
r
− ∇p + ρg = 0 2.7b
∂p ∂p ∂p
onde gradp = ∇p = î + ˆj + k̂
∂x ∂y ∂z
A equação 2.7a (ou 2.7b) é conhecida como equação geral da estática dos fluidos.
Sua interpretação pode ser simplificada separando-se em suas componentes cartesianas.
Assim, obtêm-se três equações escalares, uma para cada componente, apresentadas nas
equações 2.8.
3
∂p ∂p ∂p
=0 =0 = −ρg 2.8
∂x ∂y ∂z
Estas equações (2.8) mostram que a pressão não é função de x ou y. Assim, nós não
detectamos qualquer variação no valor da pressão quando nos mudamos de um ponto
para outro situado no mesmo plano horizontal (qualquer plano paralelo ao piano x - y), ou
seja de acordo com a nomenclatura definida na Fig. 2.1, em um meio homogêneo a
pressão em um mesmo ponto é constante. Como p e apenas função de z, a última equação
da equação 2.8 pode ser reescrita como uma equação diferencial ordinária, ou seja,
dp
= −ρg 2.9
dz
4
p z
∫ dp = − ρg ∫ dz
p0 z0
2.10
para fornecer
p 2 − p1 = − γ (z 2 − z1 ) 2.11a
ou
p1 − p 2 = γ (z 2 − z1 ) 2.11b
onde p1 e p2 são as pressões nos planos com conta z1 e z2 (veja figura 2.2)
Figura 2.2 Notação para a variação de pressão num fluido em repouso e com
superfície livre.
p1 − p 2 = γ (h ) 2.12a
ou
p1 = γ(h ) + p 2 2.12b
5
p − p2
h= 1 2.13
γ
Neste caso, a distancia h é denominada "carga" e é interpretada como a altura da
coluna de fluido com peso específico γ é necessária para provocar uma diferença de
pressão p1 -p2. Por exemplo, a diferença de pressão de 69 kPa pode ser especificada como
uma carga de 7,04 m de coluna d’água (γ =9,8 kN/m3)ou 519 mmdeHg (γ = 133 kN/m3).
Sempre existe uma superfície livre quando estamos trabalhando com líquidos (veja a Fig.
2.3) e é conveniente utilizar o valor da pressão nesta superfície como referenda. Assim, a
pressão de referenda, p0, corresponde a pressão que atua na superfície livre (usualmente é
igual a pressão atmosférica). Se nos fizermos p2 = p0 na equação 2.12b nós temos que a
pressão em qualquer profundidade h abaixo da superfície livre é dada por
p1 = γ (h ) + p 0 2.14
Exemplo:
2.1 A Fig. E.2.1 mostra o efeito da infiltração de água num tanque subterrâneo
de gasolina. Se a densidade da gasolina é 0,68, determine a pressão na interface
gasolina-água e no fundo do tanque.
6
Figura E.2.1 Esquema de um tangue contendo água e gasolina.
p1 = γ (h ) + p 0 2.14
p 2 = γ H 2 O h + p1 E.2.1.3
7
Exemplo:
atmosférica que, para efeitos deste exemplo, vale 100 kPa. Considere a massa
p 2 = ρgh + p1 E.2.2.1
Exemplo:
Solução: A pressão é definida como a força por unidade de área, onde a força é o peso da
pessoa W:
W = m.g = (80 kg) (9,8 m s-2) = 784 N E.2.3.1
e a área é a área da seção transversal na qual esta força é exercida:
Apé = área de uma elipse = π (0,25 m x 0,06 m)= 0,047 m2 E.2.3.2
Desde que a pessoa normalmente fica em pé sobre os dois pés, a área total é 2 Apé =
0,094 m2. Assim, a pressão exercida pela pessoa sobre o chão é
F 784 N
p= = = 8340 Nm − 2 = 8340 Pa E.2.3.3
A 0,094m 2
O fato da pressão ser constante num plano com mesma elevação é fundamental
para a operação de dispositivos hidráulicos como macacos, elevadores, prensas, controles
8
de aviões e de maquinas pesadas. O aspecto básico do funcionamento destes dispositivos
e sistemas é discutido na seção 2.1.1.1, como o princípio de Pascal.
fluido não estaria em repouso. As Figuras 2.4 e 2.5 ilustram este princípio.
um pistão é transformada em uma grande força aplicada em uma grande área de outro
Desta forma, p1 = p 2 e
F1 F
= 2 2.15
A1 A 2
9
F1 A1
= 2.16
F2 A 2
10
Exemplo:
F1 F
= 2 2.15
A1 A 2
FA 300 × 100
F2 = 1 2 = E.2.3.2
A1 1
Assim,
F2 = 30.000 N E.2.3.3
11
A B
Figura 2.6 A - Visão da região anterior do coração, com parte do pericárdio removido.
Observa-se a musculatura ventricular, os átrios direito e esquerdo, a veia cava superior, a
crossa da aorta e a artéria pulmonar. B - Corte longitudinal do coração mostrando os
ventrículos direito e esquerdo (este com a musculatura mais espessa), os átrios direito e
esquerdo, as válvulas tricúspide, mitral, aórtica e pulmonar. Observa-se a representação
do fluxo sanguíneo (setas) desde a cava superior, átrio e ventrículo direitos e artéria
pulmonar, até as veias pulmonares, átrio e ventrículo esquerdos e aorta.
12
esfigmomanômetro ou tensiômetro, vulgarmente chamado de manguito, e para auscultar
os batimentos, usa-se o estetoscópio.
Tabela 2.1 Tabela de valores médios normais de pressão arterial
Exemplo:
2.5 A pressão sangüínea sistólica normal na circulação humana é de 120 mmHg.
Determine a altura equivalente de uma coluna de água.
Solução: Para determinar a pressão hidrostática exercida por uma coluna de mercúrio de
120 mm:
kg m
p = ρ Hg gh = 13.600 3 × 9,8 2 × 0,12m = 16,000 N / m 2 = 16kPa E.2.5.1
m s
Queremos agora determinar a altura de uma coluna de água requerida para exercer a
mesma pressão que 120 mmHg:
kg m
16.000 N / m 2 = ρ H 2O gh = 1.000 3 × 9,8 2 × h E.2.5.2
m s
Resolvendo para h, temos
h = 1,63 m H2O. E.2.5.3
13
Entretanto, como foi discutido no Cap. 1, o peso específico dos gases comuns são
pequenos em relação dos líquidos. For exemplo, o peso especifico do ar ao nível do mar a
15 °C é 1,2 x 101 N/m3 enquanto que o da água, nas mesmas condições, é 9,8 x 103 N/m3.
Analisando a equação 2.9 nos notamos que, nestes casos, o gradiente de pressão na
direção vertical é pequeno porque o peso específico dos gases é normalmente baixo.
Assim, a variação de pressão numa coluna de ar com centenas de metros de altura
apresenta um valor pequeno. Isto significa que nos podemos desprezar o efeito da
variação de elevação sobre a pressão no gás em tanques e tubulações que apresentam
dimensões verticais pequenas.
Para os casos em que a variação de altura e grande, da ordem de milhares de
metros, nós devemos considerar a variação do peso específico do fluido nos cálculos das
variações de pressão.
Como nós descrevemos no Cap. 1, a equação de estado para um gás ideal é
pV = nRT 2.17
onde p é a pressão absoluta, R é a constante do gás ideal e T e a temperatura absoluta.
pVol
R= 2.18
nT
p = ρRT 2.19
pM
ρ= 2.20
RT
Na maioria dos problemas nesta disciplina iremos considerar R, como sendo:
R
R= 2.21
M
assim,
p
ρ= 2.22
RT
14
Combinando esta relação com a equação 2.9 obtemos
dp
= − ρg 2.9
dz
o que leva a
dp p
=− 2.23
dz RT
Separando as variáveis,
dp gdz
=− 2.24
p RT
podemos escrever também,
p2 z
2 gdz
dp
∫ p = − ∫ RT 2.25
p1 z1
p g
ln 2 = − (z 2 − z1 ) 2.26a
p1 RT
ou
g
p
= exp− (z − z0 ) 2.26b
p0 RT
Exemplo:
2.6 O Empire State Builing de Nova York, uma das construções mais altas do
mundo, apresenta altura aproximada de 381 m. Estime a relação entre as pressões
no topo e na base do edifício. Admita que a temperatura é uniforme e igual a 15
ºC. Compare este resultado com aquele que é obtido modelando o ar como
incompressível e com peso específico igual a 12,01 N/m3 (valor padrão americano
a 1 atm).
15
Solução: Como não há variação da temperatura e considerando-se comportamento ideal
para o ar, podemos utilizar a equação 2.26.
g
p
= exp− (z − z0 ) 2.26b
p0 RT
p
= exp−
9,8
(381 − 0) E.2.6.1
p0 286,9 × 288
p 2 − p1 = − γ (z 2 − z1 ) 2.11a
p = p 0 − γ (z 2 − z1 ) E.2.6.2
Substituindo os dados do exemplo e considerando p0 = 1,013 x 105 Pa,
p = 101.300 − (12,01 × 381) = 96.724,19 E.2.6.3
p 96.724,19
= E.2.6.4
p0 101.300
16
base do edifício é pequena (isto implica que a variação da massa específica do fluido
também é pequena).
Veja que a variação de pressão entre o topo e a base deste edifício bastante alto é
menor do que 5%. Este resultado mostra que não é necessária uma grande diferença de
pressão para suportar uma coluna de ar com 381 m de altura. Isto também corrobora à
afirmação anterior que as variações de pressão no ar, e em outros gases, provocada pela
variação de elevação são muito pequenas mesmo que as distancias envolvidas sejam da
ordem de centenas de metros. A partir destes resultados nós podemos concluir que a
diferença entre as pressões no topo e na base de tubulações de transporte de gás, ou dos
sistemas de armazenamento de gases, são desprezíveis porque as distancias verticais
envolvidas são pequenas.
17
variação de pressão correspondente. Por exemplo, na troposfera (a região que se estende
ate uma altura de aproximadamente igual a 11 km), a distribuição de temperatura e dada
por
T = Ta − βz 2.27
onde Ta é temperatura no nível do mar (z = 0) e β e a taxa de decaimento da temperatura.
Nesta região, nós encontramos que β é igual a 0,00650 K/m. Aplicando a equação 2.27 na
equação 2.25, temos
g / Rβ
βz
p = p a 1 − 2.28
Ta
Na troposfera:
T = Ta + βz 2.28
β = - 0,0065 k/m
18
Figura 2.7 Variação da temperatura com a altitude na atmosfera padrão americana.
Lembrando que :
P z
dp gdz
∫P p = − z∫ RT 2.25
0 0
Dedução:
Da tabela de Integral (coleção Schaum, pág. 60)
g
−
p T βR z dz 1
= ∫ = − ln (az + b ) 2.30
p 0 T0 z 0 az + b a
assim, a = β e b = To , logo
19
p
dp g
∫ =− ln (az + b ) 2.31
p0 p Ra
Recompondo,
p g
ln =− ln (β z + T0 ]zz 2.32
p0 Rβ 0
p g βz + T0
ln =− ln 2.33
p0 Rβ βz 0 + T
p g T
ln =− ln 2.34
p0 Rβ T0
g
−
p T βR
= 2.36
p0 T0
Exemplo
2.7 A potência máxima produzida por um motor de combustão interna cai com a
altitude porque a massa específica do ar e, por conseguinte, sua vazão em massa,
decrescem. Um caminhão sai de Denver (elevação 5.280 ft) num dia em que a
temperatura local e a pressão barométrica são 80 °F e 24,8 polegadas de mercúrio,
respectivamente. Ele viaja por Vail Pass (elevação 10.600 ft) onde a temperatura é
62 °F. Determine a pressão barométrica local em Vail Pass e a variação percentual
da massa específica, a temperatura for considerada uma função linear da altitude.
20
Solução
Dados:
Denver Vail Pass
0,3048m
z 0 = 5.280ft × = 1.609,34m z = 3.230,88 m
1ft
5
T0 = (80 − 32) + 273,15 = 299,82K T = 289,82 K
9
0,0254m 1,013 × 105Pa
p 0 = 24,8inHg × × = 83.961,71Pa p=?
1in 0,76mHg
ρ − ρ0
× 100 = ?
ρ0
Sendo:
R = 286,9 J/kgK;
g = 9,81 m/s2;e
Considerando fluido estático, que o ar comporta-se como gás ideal e que a
temperatura varia linearmente com a altitude ( T = T0 + β(z − z 0 ) ), podemos utilizar a
equação 2.36.
g
−
p T βR
= 2.36
p0 T0
β=
T − T0
=
(289,82 − 299,82)K = −0,00617K / m E.2.7.1
z − z 0 (3.230,88 − 1.609,34)m
Substituindo os dados apresentados na equação 2.36:
9,81
−
p 289,82 (− 0,00617× 286,5)
= E.2.7.2
p 0 299,82
p
= (0,967 )5,55 = 0,830 E.2.7.3
p0
21
ρ − ρ0
A variação percentual é dada por × 100 = ? , como para gás ideal, ρ é dada
ρ0
pela equação 2.22
p
ρ= 2.22
RT
podemos escrever,
p p p
− 0 p T
RT RT0 0,830
= T − 1 = × 0 − 1 = − 1 = −0,14 ou 14% E.2.7.5
p0 p0 p0 T 0,967
RT0 T
0
22
1 Pa). A pressão também pode ser especificada pela altura de uma coluna de liquido
(veja a Item 2.1.1). Nestes casos, a pressão deve ser indicada pela altura da coluna (em
metros, milimetros etc) e pela especificação do líquido da coluna (água mercúrio etc). Por
exemplo, a pressão atmosférica padrão pode ser expressa como 760 mm Hg (abs). A
maioria das pressões utilizadas nesta apostila são relativas e nós indicaremos apenas os
casos onde as pressões são absolutas. Por exemplo, 100 kPa será uma pressão relativa
enquanto que 100 kPa (abs) se refere a uma pressão absoluta. Note que as diferenças de
pressão são independentes do referencial e, deste modo, não é necessário fazer qualquer
indicação.
23
onde γ é o peso específico do mercúrio.
24
Para conhecer a pressão absoluta , po , será a pressão barométrica do local.
Deste modo,
( )
p o = γ Hg h = 133kN / m 3 (0,598m ) = 79,5kN / m 2 E.2.8.2
( )
O peso específico da água a 10º.C pode ser obtido γ H 2 O = 9,804kN / m 3
Assim,
( )
p = 79,5kN / m 2 + 9,804kN / m 3 (40m ) = 472kPa (abs ) E.2.83
Este exemplo bastante simples mostra que é necessário estar atento as unidades
utilizadas nos cálculos de pressão, ou seja, utilize sempre unidades consistentes e tome
cuidado para não misturar cargas (m) com pressões (Pa).
2.5 Manometria
O tipo mais simples de manômetro consiste num tubo vertical aberto no topo e
conectado ao recipiente no qual desejamos conhecer a pressão (veja a Fig. 2.9). Note que
a equação 2.14 é aplicável porque a coluna de líquido esta em equilíbrio. Assim,
p = p 0 + γh E.2.8.1
25
Figura 2.9 Tubo piezométrico
p A = γ1h1 2.38
onde h1 é o peso especifico do líquido do recipiente. Note que nós igualamos a pressão p0
a zero (o tubo e aberto no topo) e isto implica que estamos lidando com pressões relativas.
A altura h1 deve ser medida a partir do menisco da superfície superior ate o ponto (1).
Como o ponto (1) e o A do recipiente apresentam a mesma elevação, temos que pA = p1.
Apesar do tubo piezométrico ser muito simples e precise ele apresenta muitas
desvantagens. Ele e apropriado nos casos onde a pressão no recipiente e maior que a
pressão atmosférica (se não ocorreria a sucção do ar para o interior do recipiente) e não
muito grande para que a altura da coluna seja razoável. Note que só e possível utilizar
este dispositivo se o fluido do recipiente for um liquido.
26
2.5.2 Manômetro com o Tubo em U
Para determinar a pressão pA em função das alturas das várias colunas, nós
aplicaremos a equação 2.14 nos vários trechos preenchidos com o mesmo fluido. A
pressão no ponto A e no ponto (1) são iguais e a pressão no ponto (2) é igual à soma de p1
com γ1h1. A pressão no ponto (2) é igual à pressão no ponto (3) porque as elevações são
iguais. Note que nós não saltamos diretamente do ponto (1) para o ponto de mesma
elevação do outro tubo porque existem dois fluidos diferentes na região limitada pelos
planos horizontais que passam por estes pontos. Como conhecemos a pressão no ponto
(3), nós vamos nos mover para a superfície livre da coluna onde a pressão relativa é nula.
Quando nós nos movemos verticalmente para cima à pressão cai de um valor γ2 h2. Estes
vários passos podem ser resumidos em
p A + γ1h1 − γ 2 h 2 = 0 2.39
e a pressão pA pode ser escrita em função das alturas das colunas de seguinte modo:
p A = γ 2 h 2 − γ1h1 2.40
27
A maior vantagem do manômetro com tubo em U é que o fluido manométrico pode ser
diferente do fluido no recipiente aonde a pressão deve ser determinada. Por exemplo, o
fluido do recipiente da Fig. 2.10 pode ser tanto um gás quanto um líquido. Se o recipiente
contém um gás, a contribuição da coluna de gás, γ1h1, normalmente pode ser desprezada
de modo que pA ≅ p2. Nestes casos, a Eq. 2.40 toma a seguinte forma
pA = γ 2h 2 2.41
Note que a altura da coluna (carga), h2, é determinada unicamente pelo peso específico do
fluido manométrico (γ2) para uma dada pressão. Assim, nós podemos utilizar um fluido
manométrico pesado, tal como mercúrio, para obter uma coluna com altura razoável
quando a pressão pA é alta. De outro lado, nós podemos utilizar um fluido mais leve, tal
como a água, de modo a obter uma coluna de líquido com uma altura adequada se a
pressão pA é baixa.
Exemplo:
Esta pressão é igual à pressão no ponto (2) porque os dois pontos apresentam a mesma
elevação e estão localizados num trecho de tubo ocupado pelo mesmo fluido homogêneo
e que esta em equilíbrio. A pressão no ponto (2) e igual à pressão na interface fluido
manométrico-ar atmosférico mais a provocada pela coluna com altura h3. Se nós
28
admitirmos que a pressão relativa é nula nesta interface, (note que estamos trabalhando
com pressões relativas)
ou
( )
p ar ⋅comprimido + (SG óleo )γ H 2 O (h1 + h 2 ) − SG Hg γ H 2 O h 3 = 0 E.2.9.3
p ar ⋅comprimido = 1,6 × 9.800 × 0,229 − 0,9 × 9.800 × (0,914 − 0,152) = 2,11 × 10 4 Pa E.2.9.4
Como o peso específico do ar é muito menor que o peso especifico do óleo, a pressão
medida no manômetro localizado no topo do tanque é muito próxima da pressão na
interface ar comprimido-óleo. Deste modo,
29
O manômetro com tubo em U também é muito utilizado para medir a diferença de
pressões em sistemas fluidos. Considere o manômetro conectado entre os recipientes A e
B da Fig. 2.11.
p3 = p 4 + γ 2 h 2 2.47
p 4 = p 5 + γ 3h 3 2.48
30
p5 = p B 2.49
2. Arrumando as equações
p 2 = p A + γ1h1 (-1) 2.50
p2 = p4 + γ 2h 2 2.51
p 4 = p B + γ 3h 3 2.52
3. Adequando o sistema de equações a diferença pA-pB, para isto multiplica-se a
equação 2.50 por -1 e somando as equações temos,
− p 2 = − p A − γ1h1 2.53
p2 = p4 + γ 2h 2 2.51
p 4 = p B + γ 3h 3 2.52
0 = −p A + p B − γ1h1 + γ 2 h 2 + γ 3 h 3 2.54
rearrajando,
p A − p B = γ 2 h 2 + γ 3 h 3 − γ1h1 2.43
31
Exemplo:
2.10 A água escoa através dos tubos A e B. Óleo, com densidade relativa 0,8,
encontra-se na parte superior do tubo em U invertido. O mercúrio encontra-
se no fundo das curvas do manômetro. Determine a diferença de pressão,
PA-PB, em unidades de Pa.
32
Começando-se no ponto A e aplicando-se a equação 2.14 entre os pontos
sucessivos ao longo do manômetro, obtêm-se:
p C = p A + γ H 2 O d1 E.2.10.1
p C = p D + γ Hg d 2 E.2.10.2
p E = p D + γ Óleo d 3 E.2.10.3
p E = p F + γ Hg d 4 E.2.10.4
p F = p B + γ H 2Od5 E.2.10.5
p C = p D + γ Hg d 2 E.2.10.2
− p E = −p D − γ Óleo d 3 E.2.10.3
p E = p F + γ Hg d 4 E.2.10.7
pF = pB + γH 2 O d5 E.2.10.5
PA − PB = − γ H 2 O d1 + γ Hg d 2 − γ Óleod 3 + γ Hg d 4 + γ H 2 O d 5 E.2.10.8
rearranjando:
PA − PB = γ H O (d 5 − d1 ) + γ Hg (d 2 + d 4 ) − γ Óleo d 3
2
PA-PB=-25.788,12 Pa E.2.10.10
33
2.5.3 Manômetro com Tubo inclinado
Note que a distancia vertical entre os pontos (1) e (2) e l2senθ. Assim, para ângulos
relativamente pequenos, a leitura diferencial ao longo do tubo inclinado pode ser feita
mesmo que o diferencial de pressão seja pequeno. O manômetro do tubo inclinado é
sempre utilizado para medir pequenas diferenças de pressão em sistemas que contendo
gases. Nestes casos,
p A − p B = γ 2 l 2 senθ 2.57
ou
p − pB
l2 = A 2.58
γ 2 senθ
34
porque as contribuições das colunas de gás podem ser desprezadas. A equação 2.58
mostra que a leitura diferencial, l2, do manômetro de tubo inclinado e 1/senθ vezes maior
do que aquela do manômetro com tubo em U. Lembre que sen θ → 0 quando θ → 0.
Apesar dos manômetros com coluna de líquidos serem muitos utilizados, eles não
são adequados para medir pressões muita altas ou pressões que variam rapidamente com
o tempo e, além disso, a medida da pressão com estes dispositivos envolvem a medição
do comprimento de uma ou mais colunas de líquido. Apesar desta operação não
apresentar dificuldade, ela pode consumir um tempo significativo. Para solucionar alguns
destes problemas, numerosos outros tipos de medidores de pressão foram desenvolvidos.
A maioria deles é baseada no princípio de que todas as estruturas elásticas deformam
quando submetidas a uma pressão diferencial e que esta deformação pode ser relacionada
com o valor da pressão. Provavelmente, o dispositivo mais comum deste tipo e o
manômetro de Bourdon (veja a Fig. 2.13a). O elemento mecânico essencial neste
manômetro é o tubo elástico curvado (tubo de Bourdon) que está conectado a fonte de
pressão (Fig. 2.13A). O tubo curvado tende a ficar reto quando a pressão interna, no tubo,
aumenta. Apesar da deformação ser pequena, ela pode ser transformada num movimento
de um ponteiro localizado num mostrador. Como o movimento do ponteiro está
relacionado com a diferença entre a pressão interna do tubo e a do meio externo (pressão
atmosférica), a pressão indicada nestes dispositivos é relativa. O manômetro de Bourdon
precisa ser calibrado para que ele indique o valor da pressão em psi ou em pascal.
Lembre que uma leitura nula neste manômetro indica que a pressão medida é igual à
pressão atmosférica. Este tipo de manômetro pode ser utilizado tanto para medir pressões
negativas (vácuo) bem como pressões positivas.
O barômetro aneróide é um tipo de manômetro mecânico que é utilizado para
medir a pressão atmosférica. Como a pressão atmosférica é especificada como uma
pressão absoluta, o medidor de Bourbon não é indicado para este tipo de medição. O
barômetro aneróide contém um elemento elástico localizado num recipiente evacuado de
modo que a pressão interna no elemento é praticamente nula. Quando a pressão
35
atmosférica externa muda, o elemento deflete e altera a posição de um elemento
indicador (por exemplo, um ponteiro). Do mesmo modo que no manômetro de Bourdon,
o indicador pode ser calibrado para fornecer a pressão atmosférica diretamente em
milímetros de mercúrio.
Figura 2.13 (a) Manometros de Bourdon para várias faixas de pressão, (b)
Componentes do manômetro de Borbon – Esquerda: Tubo de Bourdon com formato em
“C” – Direita Tubo de Bourdon “mola de torção” utilizado para pedir pressões altas.
36
elástico como elemento sensor foi desenvolvido para superar esta dificuldade. Neste
transdutor, quando o valor da pressão altera, o diafragma deflete e esta deflexão é
convertida num sinal elétrico. Um modo de realizar esta conversão e instalar um
extensometro ("strain gage") na superfície do diafragma que não esta em contato com o
fluido ou num elemento solidário ao diafragma. Existem transdutores muito sensíveis
(conseguem detectar pequenas tensões induzidas pela deformação do diafragma) e que
fornecem uma tensão de saída proporcional à pressão.
Este tipo de transdutor pode ser utilizado para medir, com boa precisão, pressões
pequenas ou grandes e tanto pressões estáticas quanto variáveis. For exemplo, o
transdutor com extensometro do tipo mostrado na Fig. 2.15 é utilizado para medir a
pressão no sangue em artérias (que são pequenas e variam periodicamente com uma
freqüência próxima de 1 Hz). Nestas aplicações, o transdutor é normalmente conectado a
artéria por meio de um tubo de diâmetro pequeno (cateter) e que está preenchido com um
liquido fisiológico.
37
Figura 2.15. (a) Dois tipos de transdutores de pressão com extensômetros
utilizados para medir pressões fisiológicas. Os domos de plástico são preenchidos com
um fluido e conectados aos vasos de sangue através de uma agulha ou catéter. (b)
Diagrama do transdutor P23XL com o domo removido. A deflexão do diafragma,
provocada pelo diferencial de pressão, é medida com um eixo de silício aonde está
instalado um extensômetro e o circuito ponte associado.
38
freqüência mais alta. Uma alternativa para o sensor de diafragma e a utilização de um
cristal piezelétrico como elemento elástico e sensor. Quando aplicamos uma pressão num
cristal piezelétrico, nós o deformamos e, como resultado, uma tensão elétrica,
diretamente relacionada à pressão aplicada, é desenvolvida. Este tipo de transdutor pode
ser utilizado para medir tanto pressões muito altas (até 6900 bar) quanto baixas e podem
ser utilizados nos casos onde as taxas de variação da pressão são alias.
Uma vez que já determinamos a maneira pela qual a pressão varia num fluido
estático, podemos examinar a força que atua sobre uma superfície submersa num líquido.
A fim de determiná-la inteiramente, devemos especificar:
1. A magnitude da força.
39
2. O sentido da força.
3. A linha de ação da resultante
Consideraremos superfícies submersas planas.
A Fig. 2.16 mostra uma superfície plana submersa em cuja face superior
desejamos determinar a força hidrostática resultante. As coordenadas foram escolhidas de
modo que a superfície situa-se no plano xy.
Uma vez que não pode haver tensões de cisalhamento num fluido em repouso, a
força hidrostática sobre qualquer elemento da superfície deve ser normal a esta. A força
r
de pressão atuando sobre um elemento da face superior, dA = dxdyk̂ , é dada por
r r
dF = − pdA 2.59
r
O sentido positivo do vetor dA é o da normal à área, traçada para fora.; o sinal
r
negativo na equação 2.59 indica que a força, dF , atua contra a superfície num sentido
40
r
contrário ao de dA . A força resultante atuando na superfície é encontrada somando-se as
contribuições infinitesimais em toda a área. Assim,
r r
FR = ∫ − pdA 2.60
dp
= ρg 2.61
dh
onde h é positivo quando medido para baixo a partir da superfície livre do líquido. Então,
se a pressão na superfície livre (h = 0) for p0, poderemos integrar a relação entre pressão e
altura para obter uma expressão para a pressão, p, em qualquer profundidade, h. Então,
visto que ρ = constante,
h
p = p 0 + ∫0 ρgh = p 0 + ρgh 2.62
p = ρgh 2.63
Esta expressão para p pode então ser levada à equação 2.60. A geometria da
superfície está expressa em termos de x e y, como a profundidade, h, pode sê-lo em
termos de y, isto é, h = y sen θ, a equação pode ser integrada para a determinação da
força resultante. Assim, com os dados já apresentados pode-se calcular a magnitude da
força.
O ponto de aplicação da força resultante deve ser tal que o seu momento em
relação a qualquer eixo seja igual ao momento da força distribuída em relação ao mesmo
41
eixo. Se o vetor posição de uma origem arbitrária de um sistema de coordenadas ao ponto
r
de aplicação da resultante for denominado r ′ , segue-se que
r r r r
r ′ × FR = ∫ r ′ × pdA 2.64
r r r
Referindo-nos a Fig. 2.16, veremos que r ′ = î x ′ + ˆjy′ , r = î x + ˆjy e dA = dAk̂ .
r
Uma vez que a força resultante, FR , atua contra a superfície (num sentido oposto ao de
r r
dA ), então FR = − FR k̂ . Substituindo na equação 2.64, obtemos
R R ∫ (
ˆjx′F − î y′F = ˆjxp − îyp dA ) 2.66
42
vetoriais. Uma vez que todos os elementos da força são paralelos, o emprego de vetores
não é essencial. Resumindo:
3. Para uma superfície no plano xy, a linha de ação da força resultante passa
pelo ponto x´, y´(o centro de pressão), onde
Sabendo que:
r
FR = FR = ∫ pdA 2.68
43
p = p 0 + ρgh 2.69
FR é então:
∫ ydA = y c A 2.72
A
Logo,
Onde:
pc é a pressão atuante no líquido no centro de gravidade de A. Este resultado é
válido para qualquer pressão, p0, na superfície livre. Quando p0 é a pressão atmosférica
(pressão manométrica nula) e atua em ambos os lados da superfície, ela não contribui
para a força hidrostática líquida, podendo ser cancelada.
hc é a distância vertical entre a superfície livre do fluido e o centróide da área.
No que a força resultante, FR, não é função de θ, mas FR = FR (γ, A, hc).
Para acharmos expressões para as coordenadas do centro de pressão,
reconhecemos que o momento resultante em relação a qualquer eixo deve ser igual ao
44
momento da força distribuída em relação ao mesmo eixo. Tomando os momento em
relação ao eixo dos x, temos
Apesar de nossa intuição sugerir que a força resultante deveria passar através do
centróide da área este não é o caso.
Assim,
2
∫ y dA
A
y′ = 2.76
yc A
Reconhecendo que:
2
∫ y dA = I x é momento de inércia da área em relação ao eixo x, concluímos que
A
Ix
y′ = 2.77
yc A
45
I xc
y′ = + yc 2.78
ycA
I xy
x′ = 2.80
ycA
I xyc
x′ = + xc 2.81
yc A
Todas estas coordenas podem ser melhor compreendidas através de uma breve
observação na Fig. 17.
46
Figura 17 Força hidrostática numa superfície plana, inclinada e com formato
arbitrário.
a b
47
c d
e
Figura 2.18 Propriedades geométricas de algumas figuras.
48
r
Solução: A fim de determinar FR ,devemos especificar:
a)sua magnitude;
b)seu sentido e;
c)sua linha de ação.
Equações básicas:
r r dp
FR = − ∫ pdA = ρg E.2.11.1
dh
Considere a comporta, articulada em A, no plano xy,com coordenadas conforme
mostrado.
r r dp
FR = − ∫ pdA = − ∫ pwdyk̂ E.2.11.2
dh A
sendo:
r
(dA = wdyk̂ ) E.2.11.3
Supondo ρ = constante,
p = p a + ρgh E.2.11.7
49
Uma vez que estamos interessados na força resultante da água sobre a
comporta,desprezamos pa e obtemos
p = ρg(D + ysen30°) E.2.11.9
Note que a face inferior da comporta está exposta á atmosfera e sujeita também a
pa.Assim,
r r L
FR = − ∫ pdA = − ∫ ρg (D + ysen30°)wdyk̂ E.2.11.10
A 0
L
r y2 r L2
FR = ρgw D y + sen 30° k = −ρgw DL + sen30° k̂ E.2.11.11
2 2
0
r kg m 16m 2 1 Ns 2
FR = 999 x9,81 x 5m 2mx 4m + x k̂ E.2.11.12
m3 s2 2 2 kg.m
r
FR = −588k̂kN E.2.11.13
r
A força atua no sentido z negativo, FR
r
Para achar a linha de ação da resultante, FR ,reconhecemos que aquela deve ser
tal que o momento da resultante em relação a qualquer eixo deve ser igual ao momento
da força distribuída em relação ao mesmo eixo.Considerando os momentos em relação ao
eixo dos x passando pelo ponto A(0,0,0),obtemos
FR y ′ = ∫ ypdA E.2.11.14
A
Então
1 1 L ρgw DL2 L3
y′ = ∫ ypdA = ∫ ypwdy = + sen30° E.2.11.15
FR A FR 0 FR 2 3
y′ = 2,22m E.2.11.17
50
Este exemplo ilustra o procedimento empregado para determinar a força
r
resultante, FR , equivalente a uma força distribuída numa superfície plana submersa.
Exemplo:
2.12 A Figura E.2.11.1 mostra o esboço de uma comporta inclinada que está
localizada num grande reservatório de água (γ = 9,80 kN/m3). A comporta está
montada num eixo que corre ao longo do diâmetro horizontal da comporta. Se o
eixo está localizado a 10 m da superfície livre, determine: (a) o módulo e o ponto
de aplicação da força resultante na comporta, e (b) o momento que deve ser
aplicado no eixo para abrir a comporta.
51
Nós podemos utilizar as equações 2.78 e 2.81 para localizar o ponto de aplicação
da força resultante (centro de pressão).
I xc
y′ = + yc 2.78
yc A
I xyc
x′ = + xc 2.81
yc A
Para o sistema de coordenadas mostrado, x’ = 0 porque a superfície da comporta é
simétrica e o centro de pressão precisa estar localizado ao longo da linha A-A. Note que a
Figura 2.18 fornece
πR 4 π2 4
I xc = = = 12,57m 4 E.2.12.2
4 4
e como yc é mostrado na Fig. E.2.12.1b e é dado por
hc 10
yc = = = 11,55m E.2.12.3
sen 60° sen 60°
Como A = 4π =12,57 m2, temos,
12,57
y′ = + 11,55 = 0,0866 + 11,55 = 11,6m E.2.12.4
11,55 × 12,57
A distância entre o eixo da comporta e o centro de pressão (ao longo da comporta)
é
y′ − y c = 0,0866m E.2.12.5
Nós podemos concluir que a força que atua sobre a comporta apresenta módulo
igual a 1,23 MN, atua num ponto localizado a 0,0866 m abaixo da linha do eixo e
pertencente linha A-A. Lembre que a força é perpendicular a superfície da comporta.
(b) O momento necessário para abrir a comporta pode ser obtido com o diagrama
de corpo livre mostrado na Fig. E.2.12.1c onde W é o peso da comporta e Ox e Oy são as
reações horizontal e vertical do eixo da comporta. Nós podemos agora somar os
momentos em torno do eixo da comporta
∑ Mc = 0 E.2.12.6
Deste modo,
52
( )
M = FR (y ′ − y c ) = 1,23 × 10 6 (0,0866)1,07 × 10 5 N ⋅ m E.2.12.7
h
FR = p med A = ρg A 2.82
2
53
Este resultado é igual ao obtido pela equação 2.73. A distribuição de pressão
mostrada na Fig. 2.19a é adequada para toda a superfície vertical e, então, nós podemos
representar tridimensionalmente a distribuição de pressão do modo mostrado na Fig.
2.19b. A base deste "volume" no espaço pressão - área é a superfície plana que estamos
analisando e a altura em cada ponto é dada pela pressão. Este "volume" é denominado
prisma das pressões e é claro que o módulo da forca resultante que atua na superfície
vertical é igual ao volume deste prisma. Assim, a força resultante para o prisma mostrado
na Fig. 2.19b é
1 h
FR = volume = p med A = ρgh (bh ) = ρg A 2.83
2 2
A linha de ação da força resultante precisa passar pelo centróide do prisma das
pressões. O centróide do prisma mostrado na Fig. 2.19b está localizado no eixo vertical
de simetria da superfície vertical e dista h/3 da base (porque o centróide de um triângulo
está localizado a h/3 de sua base). Note que este resultado está consistente com aqueles
obtidos com as equações 2.78 e 2.81.
A mesma abordagem gráfica pode ser utilizada nos casos onde a superfície plana
está totalmente submersa (veja a Fig. 2.20). Nestes casos, a seção transversal do prisma
das pressões é um trapézio. Entretanto, o módulo da força resultante que atua sobre a
superfície ainda é igual ao volume do prisma das pressões e sua linha de ação passa pelo
centróide do volume. A Fig. 2.20b mostra que o módulo da força resultante pode ser
obtido decompondo o prisma das pressões em duas partes (ABDE e BCD). Deste modo,
FR = F1 + F2 2.84
54
Figura 2.20 Representação gráfica das forças hidrostáticas que atuam numa
superfície retangular.
FR y A = F1y1 + F2 y 2 2.85
O prisma das pressões também pode ser desenvolvido para superfícies planas
inclinadas e, geralmente, a seção transversal do prisma será um trapézio (veja a Fig. 2.21).
Apesar de ser conveniente medir as distâncias ao longo da superfície inclinada, a pressão
que atua na superfície é função da distância vertical entre o ponto que está sendo
analisado e a superfície livre do fluido.
A utilização do prisma das pressões para determinar a força em superfícies planas
submersas é conveniente se a superfície é retangular de modo que o volume e o centróide
do prisma possam ser determinados facilmente. Entretanto, quando o formato da
superfície não é retangular, a determinação do volume e a localização do centróide são
55
realizadas por integração. Nestes casos, é mais conveniente utilizar as equações
desenvolvidas na seção anterior que são adequadas para superfícies planas de qualquer
formato.
56
Assim, nós concluímos que a força resultante com que o fluido atua na superfície é
devida apenas à pressão relativa - a pressão atmosférica não contribui para esta resultante.
De fato, se a pressão na superfície do líquido for diferente da atmosférica (como o que
ocorre num tanque fechado e pressurizado), a força resultante que atua numa área
submersa A será igual a superposição da força devida a distribuição hidrostática com psA,
onde ps é a pressão relativa na superfície do líquido (nós admitimos que o outro lado da
superfície está exposto a atmosfera)
Figura 2.22 Efeito da pressão atmosférica sobre a força resultante que atua numa
superfície plana vertical.
Exemplo:
2.13 A figura abaixo mostra o esboço de um tanque pressurizado que contém
óleo (SG = 0,9) e que apresenta uma placa de inspeção quadrada com 0,6 m de
lado. Qual é o módulo e localização da linha de ação da FR que a tua na placa
quando a pressão relativa no topo do tanque é igual a 50 kPa. Admita que o
tanque esta exposto a atmosfera.
Solução: A figura E2.13.1b mostra a distribuição de pressão na superfície da placa. A
pressão num dado ponto da placa é composta por uma parcela devida a pressão do ar
comprimido na superfície do óleo, ps, e outra devida a presença do óleo (que varia
57
linearmente com a profundidade). Nós vamos considerar que a força resultante na placa
com área, A, é composta pelas forças F1 e F2.
[( )( )]
F1 = (p s + γh1 )A = 50 × 10 3 + 0,9 × 9,81 × 10 3 × 2 (0,36) = 24,4 × 10 3 N E.2.13.1
e
h − h1
F 2 = γ 2
2
(
A = 0,9 × 9,81 × 10
)
3 0,6 (0,36) = 0,95 × 10 3 N
2
E.2.13.2
58
A localização vertical do ponto de aplicação de FR pode ser obtida somando os
momentos em relação ao eixo que passa através do ponto O. Assim,
FR y 0 = F1 (0,3) + F2 (0,2) E.2.13.4
ou
y0 =
[(24,4 ×103 )(0,3)]+ [(0,95 ×103 )(0,2)] = 0,296m E.2.13.5
25,4 × 103
A força resultante atua num ponto situado a 0,296 m acima da borda inferior da
placa e no eixo vertical de simetria da placa.
Note que a pressão do ar comprimido utilizado neste exemplo é relativa. O valor
da pressão atmosférica não afeta a força resultante (tanto o módulo quanto direção e
sentido) porque ela atua nos dois lados da placa e seus efeitos são cancelados.
59
mergulhava seu corpo , percebeu poderia resolver o problema. Entusiasmado, saiu
correndo para casa, atravessando as ruas completamente despido e gritando a palavra
grega que se tornou famosa: "Eureka! Eureka!" (isto é: "Achei! Achei").
2º - Retomando o recipiente cheio d'água, mergulhou nele uma massa de prata pura,
também igual da coroa, recolhendo a água que transbordou. Como a densidade da prata é
menor do que a do ouro, é fácil perceber que o volume de água recolhido, nesta operação,
era menor que a anterior.
60
Esta força vertical, dirigida para cima, é denominada empuxo do líquido sobre o
corpo mergulhado.
O empuxo que atua em um corpo é tanto maior quanto maior for a quantidade de
líquido deslocado (Fig. 2.23).
61
Figura 2.23 Relação entre empuxo e forças superficiais.
62
É isto o que acontece quando, por exemplo, abandonarmos uma pedra dentro d'água.
63
Figura 2.24 Principio de Arquimedes
Pela equação,
p 2 − p1 = ρgh 2.86
Logo, a resultante das forças superficiais exercidas pelo fluido sobre o cilindro será uma
força vertical E = Ek dirigida para cima, com
E = p 2 A − p1 A = ρVg = mg 2.87
onde V = hA é o volume do cilindro e m = ρ V é a massa de fluido deslocada pelo
cilindro.
Por conseguinte, a força E, que se chama empuxo é dada por:
E = mgk̂ = − Pf 2.88
onde Pf é o peso da porção de fluido deslocada.
Suponhamos que o corpo sólido imerso fosse totalmente substituído pelo fluido.
O volume de fluido que ele deslocou estaria em equilíbrio com o resto do fluido. Logo, a
resultante das forças superficiais que atuam sobre a superfície S desse volume tem de ser
igual e contrária a resultante das forças volumétricas que atuam sobre ele, ou seja, ao
peso da porção de fluido deslocada. As pressões superficiais não se alteram se
imaginarmos a superfície S "solidificada". Logo, a resultante das forças superficiais sobre
o sólido é igual e contrária ao peso da porção de fluido deslocada.
64
Este raciocínio mostra que o resultado não depende da forma do sólido imerso,
que havíamos tomado como sendo um cilindro.
Como, para o fluido substituído, E e Pf que se equilibram, estão aplicados no
centro de gravidade C da porção de fluido substituída (Fig. 2.25, (a)), concluímos que o
empuxo E sobre o sólido esta aplicado no ponto C (Fig. 2.25 (b)), que se chama centro de
empuxo.
Além do empuxo (resultante das forças superficiais), atua sobre o sólido, como
força volumétrica, o peso P, aplicado no centro de gravidade G do sólido. Se a densidade
média do sólido é menor que a do liquido, ele não pode ficar totalmente imerso, porque
isto daria |E| > |P|; ele ficará então flutuando, com o empuxo devido a porção imersa
equilibrando o peso do sólido. Obtivemos assim o enunciado geral do Principio de
Arquimedes:
Um corpo total ou parcialmente imerso num fluido recebe do fluido um empuxo
igual e contrário ao peso da porção de fluido deslocada é aplicado no centro de gravidade
da mesma.
Exemplo
2.14 Uma baleia pesa 5,4 x 105 N. Determine o empuxo requerido para suportar
a baleia no seu "habitat" natural, o oceano, quando ela está completamente
submersa. Assuma que a densidade da água do mar é 1030 kg m-3 e que a
65
densidade da baleia ρbaleia é aproximadamente igual a densidade da água (ρ água =
1000 kg m-3)
Solução:
O volume da baleia pode ser determinado por
P
m = ρ.V = E.2.14.1
g
Resolvendo para .V , temos
Pbaleia
Vbaleia = E.2.14.2
ρ baleia ⋅ g
substituindo os valores,
5,4 × 10 5 N
Vbaleia = = 55,1m 3 E.2.14.3
( )(
1000kg / m 3 9,8m / s 2 )
A baleia desloca 55,1 m3 de água quando submersa. Portanto, o empuxo E, que é igual ao
peso da água deslocada, é dado por
E = Págua ⋅do ⋅ mar = ρ água ⋅do⋅mar ⋅ g ⋅ Vbaleia E.2.14.4
( )( )( )
E = 1030kg / m 3 9,8m / s 2 55,1m 3 = 5,6 × 10 5 N E.2.14.5
Exemplo:
66
m moeda
Vmoeda = E.2.15.1
ρ moeda
substituindo os valores
5 × 10 − 4 kg
Vmoeda = = 5,62 × 10 − 8 m 3 E.2.15.2
8.900kg / m 3
O número de moedas é assim dado por
Vdeslocado 5 × 10 − 4 m 3
N moedas = = = 8896 ⋅ moedas .
Vmoeda 5,62 × 10 − 8 m 3
67