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Curso
de
Detetive Particular
(Comentado em Notas pelo Detetive Sérgio Jorge)

Fascículo 1 – Técnicas de Investigação


Digitado por: Detetive Sérgio Jorge
Transcrição Baseada e Adaptada de 01 das obras do:
Instituto de Inteligência e Investigação (Investig)
“Excelente escola de Detetives Particulares do Brasil”

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SUMÁRIO

O Detetive Particular............................................................03
Características Fundamentais...........................................................................................03

Informação (Atividade de Inteligência)........................................07


Informação.............................................................................................................................07
Informe...................................................................................................................................09
Contrainformação.................................................................................................................11
Desinformação.......................................................................................................................11
Julgamento da fonte de informação................................................................................12
Julgamento do conteúdo da informação..........................................................................13
Processamento da informação...........................................................................................16
Divulgação da Informação..................................................................................................17

Contato com o cliente............................................................22


Negociação com o cliente....................................................................................................25
Áreas de atuação..................................................................................................................26

Prática Investigativa.............................................................29
Informações básicas para iniciar a investigação..........................................................29
Campana (Vigilância).............................................................................................................42

Ética..............................................................................50
Ética profissional e relações humanas.............................................................................59
O jogo do detetive..............................................................................................................60

OBSERVAÇÃO: Este trabalho digitado é uma transcrição e adaptação de um dos


vários fascículos do Curso de Detetive Particular do Instituto de Inteligência e
Investigação (Investig) em parceria com o Instituto Padre Rèus (IPR). Não
pretendo digitar outros fascículos desse curso. Para aqueles que desejarem se
aprofundar no tema, RECOMENDO, matricular-se no curso e formarem nessa
excelente escola de formação de Detetives, que, na minha opinião pessoal e
profissional, CONSIDERO, como A MELHOR ESCOLA DE FORMAÇÃO DE
DETETIVES PARTICULARES DO BRASIL. O curso do Investig/IPR capacitará
o aluno a APROFUNDAR-SE na profissão através de pesquisa própria.
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O Detetive Particular
A atividade de investigar é um constante desafio, renovado a cada

momento e a cada novo caso. Assim, a primeira característica de um detetive é

vencer novos desafios, praticamente todos os dias, que serão impostos a seu

senso de observação, à sua capacidade de raciocínio lógico e à sua presença de

espírito.

O Detetive Particular é uma pessoa que exerce uma profissão

extremamente envolvente, fascinante e, ao mesmo tempo, arriscada. Requer que

o profissional tenha bastante atenção no seu dia-a-dia, procure se atualizar nas

técnicas investigativas, tenha conhecimento em diversas áreas, e, principalmente,

procure agir com respeito, com retidão de caráter e ética.

Resumindo, o detetive é um profissional que levanta informações e obtém

provas a serviço de seus clientes.

Características fundamentais

Várias são as características que uma pessoa deve apresentar para se

tornar um detetive particular de sucesso. Entre elas, estão atenção,

concentração, discrição, dedicação, persistência, observação, disciplina, entre

outras.

Somente essas qualidades darão ao profissional detetive a capacidade de

atuar em uma profissão tão meticulosa, cujo resultado afeta diretamente a

maneira de pensar, de agir e de tomar decisão das pessoas que o contratam. O

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detetive é o profissional responsável pelo esclarecimento de fatos. Suas maiores

armas são a inteligência, o bom senso e o seu caráter e, para calibrá-las, o

profissional deve se amparar na legalidade e na ética.

Antes de iniciar uma investigação, você deve inteirar-se do fato que dará

origem ao seu trabalho de investigador (esse evento será o ponto de partida da

sua busca pelos dados necessários para o início das investigações) e o que você

quer descobrir com sua investigação.

Lembre-se de que nem sempre o objeto de busca é aquele que o cliente

indica, pois pode ser um mero detalhe de algo maior. Há casos em que o próprio

cliente não diz o real objetivo de estar contratando um detetive.

É VOCÊ, detetive particular, que deve captar e processar estas

informações conforme veremos mais adiante.

Tendo estabelecido o objeto de sua busca, procure ficar atento às pistas

existentes na descrição do próprio evento, na descrição dos personagens, tanto

em seu aspecto físico quanto de seu comportamento. Estas pistas irão constituir

as primeiras informações acerca do caso a ser investigado. Não esqueça que

certas situações ocultam pistas importantes e que outras situações podem

conduzi-lo por falsas pistas, portanto fique atento a todo e qualquer detalhe que

observar.

Junto à sua capacidade de investigação procure utilizar o raciocínio lógico

na seleção das pistas e sua ordenação, pela importância, dentro do contexto de

trabalho. Dessa forma estará garantindo as informações que estruturarão o seu

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caso. Essas regras ordenarão o planejamento de sua atividade e você irá reduzir

tempo de trabalho durante sua investigação, pois estará centrado em dados que

realmente lhe serão úteis.

O morto que sangra

Seja qual for o tipo de ferimento, o sangue se coagula poucos


minutos depois. Quando o curioso viu o sangue escorrer da vítima,
percebeu que estava diante de um mistério. Como poderia ocorrer isso
se o corpo já estava ali há algum tempo? Seu raciocínio lógico levou à
conclusão de que a vítima simplesmente ainda estava viva, razão pela
qual estava sangrando ainda.

Fonte: VOGT, M. Diane. Seja O Detetive – você na cena do crime. São Paulo:
Gente, 2007.

A capacidade do raciocínio lógico é uma habilidade adquirida através do

treinamento. Dessa forma, quanto mais você ler e tentar resolver situações

difíceis, mais estará se qualificando para a utilização dessa habilidade. Lembre-

se de que um profissional não nasce pronto, mas prepara-se, através de uma

formação profissional adequada.

Você deverá manter sua persistência e disciplina no desenvolvimento da

atividade, para que as dificuldades e adversidades que certamente irão aparecer

não terminem com a investigação que já foi iniciada, ou, ainda pior, coloque à

prova, ou mesmo termine sua profissão.

Outra característica de grande importância para a prática investigativa é

a observação, a atenção a tudo o que está ao seu redor e ao que pode ser

importante para o caso a que o detetive está se dedicando. A observação pode

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ser desenvolvida através de atividades que privilegiem a descoberta de

diferenças ou detalhes que não foram vistos ou explicitados anteriormente.

Também pode ser através de simples atividades de olhar com mais calma as

coisas que estão ao nosso redor.

Devem ser incluídas, ainda, como características, a curiosidade, o desejo

de vencer desafios, aliado ao gosto pela aventura.

A ética se mostra importante em todos os momentos de sua atividade e

deve ser mantida desde o primeiro contato com o contratante, durante as

investigações, na entrega do relatório e, também, após a realização do serviço,

mantendo em sigilo as informações que captou.

Planejar a execução de uma investigação é diminuir prazos, diminuir custos

e assegurar-se de obter informações confiáveis que lhe permitam concluir com

satisfação o trabalho que se propôs.

Pare e pense no caso de lógica abaixo:

No interior da Inglaterra, Rogério, de meia-idade, contatou uma


possível prostituta (pelo menos é o que constava no anúncio do jornal
de sua cidade). Logo depois que chegou à casa dele, a moça deixou,
descuidadamente, sua bolsa cair da mesa onde estava, revelando, entre
os muitos objetos, a existência de um par de algemas, o que o fez
recuar de seu intento inicial e apenas pedir uma massagem relaxante.
Na dúvida, utilizando o raciocínio lógico, ele resolveu se
resguardar, não consumando o seu intento, pois receou tratar-se, tanto
de uma sadomasoquista (o que não lhe agradaria), quanto de uma
policial, que poderia prendê-lo, pois, na Inglaterra, contratar
prostituição é crime.

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Lembre-se de que o detetive particular, no curso das investigações,

levanta informações e elucida casos, além de outras atribuições, mas não poderá

efetuar “prisões”. Ele não está habilitado para isso, pois não é um policial.

Informação (Atividade de Inteligência)

Entende-se por Informação, na prática, o ato de colher dados a respeito

de alguém ou de alguma coisa.

Para o serviço de Inteligência, composto por agentes de inteligência

(detetives particulares) que constituem as agências, os departamentos, os

núcleos compostos por especialistas em coleta e busca de dados, informação

significa a necessidade de saber, de conhecer, de prever para planejar e

executar ações para que uma situação ou um fato possa ser esclarecido. Quando

o detetive estiver no trabalho de levantamento de dados, é importante distinguir

a informação do informe e a contrainformação da desinformação.

Esta distinção evitará que o detetive caia em uma “porta fria” ou tome por

verdade uma desinformação. Esta medida de classificação dos dados garantirá

uma investigação sustentada por verdades esclarecedoras.

Determinadas informações chegam ao nosso conhecimento poluídas com

comentários pessoais daquele que as fornece, o que, muitas vezes, faz a

informação parecer de menor ou maior importância. Um processo utilizado para a

elucidação da informação é o julgamento da informação e da sua fonte. O


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detetive deve se preocupar em saber quem é privilegiado e quem é prejudicado

quando se julga uma informação.

O dono de um automóvel registra a ocorrência de furto de

veículo. O detetive, em investigação, descobre que o dono do veículo

vendeu seu carro a um ferro-velho. O carro foi totalmente

desmanchado para ter suas peças vendidas. A real informação é que o

dono do carro estava endividado, vendeu seu veículo para o ferro-velho

(receptador) de um conhecido e registrou uma ocorrência fraudulenta

para poder resgatar o dinheiro do seguro.

Informações falsas também servem para serem utilizadas e analisadas

pelo investigador, pois geralmente são inventadas por pessoas que não querem

ser vinculadas ao fato, querem proteger conhecidos ou, ainda, tiveram algum

benefício com o fato investigado ou mesmo participaram do fato. O primeiro

passo em busca da verdade é descobrir a fonte da desinformação e, após, o

envolvimento da fonte no fato.

É muito importante lembrar que mesmo as pessoas que estão agindo com

boa-fé, ou seja, com o interesse de ajudar ou ao menos de não prejudicar, podem

falar inverdades, pois é muito comum contarmos uma história para uma pessoa e,

quando esta vai reproduzir o que foi dito, acaba mudando a versão inicial de

maneira parcial ou total. Mas não o fazem com a intenção de modificar. Portanto

CUIDADO!

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O detetive necessita estar sempre atualizado com todos os meios de

divulgação e pesquisa, capacitando-se para extrair de um pequeno informe uma

importante informação, que pode auxiliar a elucidar a situação para o qual foi

contratado. Deve ter conhecimento para compreender o risco das informações

que adquiriu e prepará-las, sem se envolver emocionalmente, fazendo prevalecer

a ética em seu trabalho, de modo que não venha a se tornar vítima de erro no

processo de julgamento e divulgação das informações adquiridas.

Informe

Informe1 é o ato ou efeito de informar através de documento, fotografia,

papel, mensagem que, convenientemente processados, isto é, depois de

submetidos ao processo de avaliação, análise, integração e interpretação, possam

1
O Informe (que já passou pela avaliação é Elemento Essencial de Inteligência - EEI) é
obtido através da avaliação do Dado - matéria-prima para a produção dos EEIs (Conhecimentos
Informe, Informação e Apreciação “quando esta não se refere ao futuro”) que ainda não passou
pela Técnica de Avaliação de Dados (TAI). O Dado reflete o estado de ignorância do analista e a
operação intelectual é a Apreensão. O Informe reflete o estado de dúvida ou certeza em relação
a fatos passados ou presentes, onde a operação intelectual realizada é o Juízo. A Apreciação
reflete o estado de opinião e a operação intelectual é o Raciocínio (pode se referir ao passado,
presente e - sem utilizar técnicas prospectivas – ao futuro). A Informação refere-se ao passado
ou presente, reflete o estado de certeza do analista e a operação intelectual para obtê-la é o
raciocínio. Os EEIs são a matéria-prima para os Conhecimentos Apreciação (quando se refere ao
futuro) e, Estimativa (que utiliza técnicas prospectivas) esta reflete o estado de opinião do
analista, a operação intelectual é o raciocínio, refere-se ao futuro e se constitui no conhecimento
denominado Inteligência (Informação Acionável ou Verdade com Significado). A Doutrina
Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP) considera o Dado como todo tipo de
conhecimento de interesse para o analista que ainda não foi avaliado. *Nota do Det. Sérgio
Jorge.
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transformar-se em informações e contribuir para o esclarecimento de uma

situação ou de um fato relacionado à investigação que está sendo feita.

A informação é o resultado da análise do informe.

O detetive foi contratado para investigar um assalto a uma


fazenda em que o assaltante portava uma arma e ameaçou a moradora.
A vítima informou que o assaltante não possuía o dedo médio da mão
esquerda. A partir desse pequeno informe, o detetive, através de
contato com autoridades policiais, conseguiu chegar à autoria do crime
por estar de posse de uma característica incomum do assaltante.

Importante referir que muitas informações são divulgadas através dos

meios de comunicação, tais como, televisão, Internet, jornais e rádio. Esses

meios de comunicação são de muita utilidade para o detetive, pois, além de serem

ótimas ferramentas de pesquisa, descrevem e, às vezes, ilustram o modus

operandi de criminosos, facilitando a compreensão de variados delitos e crimes.

Muitas vezes, principalmente quando ocorre um grande furto ou


um crime de grande comoção social ou realmente inusitado, a mídia
(jornais, revistas e televisão) faz uma cobertura sobre o fato e ainda
dá explicações de como os criminosos agiram. Tais informes
jornalísticos devem ser levados em consideração, mas sempre com o
devido cuidado de análise do informe.

Um exemplo que podemos citar foi o assalto à unidade do Banco


Central no Estado do Ceará, em que os ladrões escavaram um enorme
túnel para poder atingir o cofre.

O fato foi amplamente divulgado, bem como quase todo o


procedimento adotado para a realização do assalto, como o aluguel de
uma casa, sua localização, o trajeto do túnel, equipamentos utilizados,
como escoraram o túnel, etc.

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Contrainformação

É o conjunto de ações e medidas2, ativas e passivas, de diversos tipos e

naturezas, que visam impedir a obtenção de informações ou anular meios ou

atividades de informações não desejadas.

É a tentativa de impedir que o detetive obtenha a informação correta e

que, efetivamente, importe ao desenvolvimento da investigação.

Lembre-se de que todos os dados recebidos devem ser devidamente

analisados, levando-se em conta todas as variantes. Após este processo de

análise é que podemos classificar os dados como informação, contrainformação e

assim por diante.

Desinformação

É a informação manipulada3 e divulgada para desviar o raciocínio lógico da

sociedade e de investigadores da veracidade de um fato. Ou seja, alguma

entidade ou organização divulga fato, acontecimento ou informação, mas de

2
Medidas Passivas (Prevenção e Obstrução) utilizada pela SEGOR (Segurança Orgânica)
e; Medidas Ativas (Detecção e Neutralização) utilizada pela SEGAT (Segurança Ativa). *Nota do
Det. Sérgio Jorge.
3
Alguns autores ainda utilizam os termos Falsa Informação e Decepção além da
Desinformação, ou seja, Desinformação é a mentira elaborada, Falsa Informação é a percepção
ou interpretação errônea dos fatos e; Decepção á a combinação da Desinformação com a Falsa
Informação. *Nota do Det. Sérgio Jorge.
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maneira incompleta, modificada ou manipulada, de forma a atender, ou a não ir

contra seus interesses.

Esta desinformação acaba afastando o detetive da informação real, o que

afeta a própria investigação. Novamente é necessário lembrar que todos os

dados ou informes devem ser analisados profundamente pelo detetive para evitar

erros.

Julgamento da fonte da informação

Quando o detetive estiver diante de um informe é necessário que tenha a

capacidade de estar atento aos detalhes de cada dado, como:

Analisar a competência

Saber determinar: se o informe vem de pessoas ou instituições

competentes que tenham algum conhecimento sobre o que afirmam; qual a ligação

daquele que divulga o próprio informe; se há interesse em se beneficiar com isso

ou não.

Analisar a autenticidade

O detetive deverá se certificar da autenticidade de fotografias,

gravações de áudio, vídeo e documentos. Em caso de informes pessoais,

certificar-se se o informante não faz uso de nomes irreais.

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A não-observação desse item poderá levar o detetive ao que, na gíria da

investigação, chamamos de “PORTA FRIA”, que na verdade seria a informação

errada.

Analisar a confiança

Deve-se verificar se a fonte da informação é de credibilidade no meio que

frequenta, seus antecedentes cíveis e criminais, bem como seu grau de

envolvimento com o caso investigado.

Além das próprias informações prestadas pelo seu cliente e contratante, o

detetive deve buscar informações junto a sites dos Tribunais de Justiça dos

estados ou da justiça federal de sua região, dos DETRANS, de alguns órgão

oficiais, e assim por diante.

Julgamento do conteúdo da informação

Além de aquele que divulga os dados ou informes, é necessário analisar o

próprio informe. Nesse julgamento, deve-se levar em consideração:

A coerência

Para haver coerência4 no conteúdo, a informação deve estar em harmonia

com o contexto ou com os conhecimentos estimados do detetive. Muitas vezes o

4
A coerência é a harmonia INTERNA do conteúdo, ou seja, refere-se à Lógica Formal que
é a coerência do pensamento consigo mesmo, o pensamento correto. Ao julgar o conteúdo do dado
ele não pode ter contradição lógica interna.
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detetive já possui uma quantidade significativa de informações, e o informe que

agora obtém é completamente contrário a tudo que foi apurado até o momento.

Isso demonstra incoerência. O detetive deve prestar bastante atenção, mas não

descartar o informe, que ao concretizar-se em informação, poderá modificar

completamente o rumo da investigação.

Veja e compare os exemplos abaixo, com diferentes níveis de coerência:

a. Pessoa afirma ter visto outra ser atingida por arma de fogo na cabeça e

sair caminhando de forma normal. Tal informe é incoerente, pois é

praticamente impossível alguém que foi atingido por uma arma de fogo

na cabeça continuar em seu estado normal.

Atente para o fato da total falta de coerência neste caso.

b. Pessoa estuda na universidade “A”, e o informante afirma tê-la visto

assistindo aula na universidade “B” todos os dias. Há divergência, pois o

aluno tem sido visto todos os dias na sala de aula da universidade A.

Aqui podemos verificar sutileza de detalhes que passariam

desapercebidos para alguém desatento, o que não pode ser o caso dos

detetives.

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A compatibilidade

Existe compatibilidade5 quando um novo dado coletado pelo detetive pode

se anexar a outras informações colhidas por ele. A existência de compatibilidade

torna a informação utilizável, imediatamente, pelo investigador.

Tome cuidado, contudo, com análises superficiais que podem levar a um

erro6, pois nem sempre o que parece realmente é. Esse erro acabaria

comprometendo toda a investigação.

A semelhança

Se o novo conhecimento reafirma7 antigas informações, essa informação

pode determinar maneiras para o detetive agir.

O conjunto da análise do julgamento da fonte e do conteúdo da informação

determinará o nível de credibilidade da informação. O detetive jamais deverá

descartar qualquer informe, por mais absurdo que pareça ser, sem antes realizar

o julgamento da sua fonte e do seu conteúdo.

5
Dado compatível é todo dado que reafirma ou se relaciona harmonicamente com tudo o
que foi apurado até o momento pelo investigador, ou seja, é um dado obtido de fonte que respalda
o que o detetive sabe sobre o caso. O detetive deve ficar atento para dados incompatíveis, pois
podem também expressar ações de Contrainformação e Desinformação no intuito de desviar o
investigador do caminho certo. *Nota do Det. Sérgio Jorge.
6
Em Investigação e Atividade de Inteligência o oposto da Verdade é o Erro e não a
mentira. *Nota do Det. Sérgio Jorge.
No critério da Semelhança, diz-se que o dado é semelhante quando FONTES diferentes
7

reafirmam por semelhança, tudo o que foi apurado até o momento pelo detetive. Aqui, também, o
detetive deve ficar atento para dados dessemelhantes, pois podem também expressar ações de
Contrainformação e Desinformação no intuito de desviar o investigador do caminho certo. *Nota
do Det. Sérgio Jorge.
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E, mesmo após a análise, mesmo sendo desconsiderado por ser improvável

ou impossível, é importante que o informe seja “guardado”, pois o ser humano não

está imune a erros. Também não se deve fazer reavaliações superficiais, sendo

sempre necessárias profundas análises sobre cada dado ou informe.

Processamento da informação

É a base de sustentação do trabalho do detetive. Deve ser

meticulosamente estudado para que ele forme suas ideias e defina, com precisão,

a maneira como agir durante o seu trabalho. Se as informações propiciarem uma

boa sustentação, o trabalho do profissional tem grande probabilidade de êxito e

obterá a fluência necessária de fatos e novas informações que, de maneira

sucessiva, se apresentarão para elucidar a investigação.

Você deve lembrar que detetive particular não é um agente policial, e

deverá sempre buscar suas informações de modo a não infringir a Constituição

Federal e a legislação brasileira. O detetive particular poderá sofrer

consequências de atos imprudentes e mal planejados, comprometendo sua

integridade e a de seu cliente.

Existem casos corporativos em que empresas prestadoras de serviços

públicos oferecem, ao detetive particular, uma infraestrutura de informações

privilegiadas, geralmente em casos de crime contra o patrimônio, para a

realização de uma determinada tarefa. O papel do detetive é, em grande parte,

coletar informações, fazer uma reavaliação e colaborar com os órgãos


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competentes para solucionar os diversos casos de investigação e identificar os

responsáveis pelo fato ou crime.

Em casos pessoais, o detetive conta principalmente com o auxílio do

contratante, que deve prestar informações de diversas modalidades para o

esclarecimento dos fatos para o qual foi contratado. O detetive deve cuidar e

lembrar que, em muitos casos, o contratante está emocionalmente envolvido com

a situação, sugestionando o processo de coleta de informações.

O detetive é o profissional de investigação, portanto sua relação com o

cliente deve ser estritamente séria e profissional. As informações devem ser

coletadas e analisadas com dedicação, ética e profissionalismo, não devendo,

assim, afetar a vida particular do detetive. Por essa razão, é de grande

importância o preparo psicológico do profissional, pois, no decorrer de seu

trabalho, está sujeito a situações constrangedoras, arriscadas, e que podem

afetar todo o andamento da investigação.

Divulgação da informação

O detetive deve possuir um conhecimento estimado, ou seja, ter calculado

a repercussão da informação a ser divulgada. Determinadas pessoas podem ter

reações violentas ou até mesmo sofrer algum problema de saúde físico ou

emocional, dependendo do conteúdo, da maneira e das circunstâncias em que as

informações são divulgadas.

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O detetive particular deverá atuar com seriedade, tranquilidade e

serenidade, pois tem de agir com calma, inclusive no momento de entregar o

relatório ou divulgar ao contratante as informações obtidas com a investigação.

Nesse momento da entrega do relatório, o detetive deve agir

racionalmente, mantendo-se equilibrado e transmitindo confiança e serenidade ao

seu cliente.

A divulgação da informação ao contratante pode gerar descontrole

emocional, causar danos físicos e psicológicos, bem como, dependendo da

situação, até mesmo risco de vida do sindicado8. O contratante deve estar ciente

desses riscos, e o detetive deve ter bom senso para julgar as reais intenções do

contratante, que poderá estar premeditando ações criminosas contra a vida do

sindicado e dos demais envolvidos em determinados flagrantes. O contratante

pode estar apenas contratando o detetive para buscar informação sobre

parceiro(a) do sindicado, nome, endereço, local de trabalho, para efetuar algum

crime contra sua vida ou seu patrimônio, bem como contra a vida ou patrimônio do

sindicado.

Uma informação incorreta divulgada, ou divulgada sem o devido cuidado

poderá levar o contratante a realizar atos extremos e, até mesmo, cometer

crimes, devido ao seu estado emocional após ter ciência a respeito das

informações. Por isso ressalta-se a importância que o detetive deve dar ao

momento da divulgação da informação, da entrega do relatório.

8
Sindicado é o ALVO das diligências investigatórias, ou seja, o Objetivo, O Objeto de
Busca, a Caça, o Suspeito, o Investigado, o Indiciado, o Assunto ou Pessoa a ser pesquisada.
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RESERVADO
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A divulgação das informações coletadas pelo detetive ao seu contratante

poderá implicar o deslocamento de autoridades de segurança pública (Polícia

Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, etc.) para o local do flagrante ou suposta

materialização da prova. Se a informação do detetive não for precisa, causará

constrangimentos a todas as partes envolvidas, além de reduzir a possibilidade

da materialização da prova concreta. Em determinados casos pode abalar a

confiança do contratante junto às autoridades legais, que não darão crédito, caso

haja uma nova suspeita ou suposta materialização de prova. Também reduzirá o

prestígio do detetive por parte de seu contratante e de outros possíveis clientes

por ter divulgado, de forma incorreta e precipitada, a informação.

Um caso típico disso acontece quando há suspeita de um


estabelecimento ser receptador de equipamentos furtados de
empresas produtoras de “alto-falantes” (furto contra o patrimônio). O
detetive obteve um “informe” de que a empresa “X”, que instala
equipamentos auto-falantes, estaria instalando equipamentos furtados.
Imediatamente, sem analisar o informe e transformá-lo em
“informação”, o detetive relata essa situação a seu contratante, que,
por sua vez, comunica imediatamente às autoridades locais.
Acreditando ser uma informação já analisada, a autoridade defere um
“mandado judicial de busca e apreensão de objetos”. Checando o
estabelecimento, a autoridade registra que todos os equipamentos
encontrados no local possuem procedência. O detetive, dessa forma,
prejudica a autoridade legal que deslocou suas unidades para o
estabelecimento, prejudica a empresa que o contratou, pela divulgação
da informação incorreta e, em alguns casos, prejudica o próprio
estabelecimento comercial, que perde clientes por ser visto como
possível instalador de equipamentos furtados, pois a presença de
policiais no estabelecimento causou essa falsa impressão. Sem falar
que, muitas vezes, o serviço da polícia é acompanhado pela imprensa, o
que aumentará ainda mais o “desastre” da divulgação de informação
incorreta.
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RESERVADO
RESERVADO
O detetive que analisar e julgar erroneamente informações adquiridas

poderá correr sérios riscos. Além de perder credibilidade, pode sofrer processo

judicial.

A divulgação9 de informações erradas acarreta consequências nada boas

para a profissão do detetive particular, pois, assim como há pouco explicado e

exemplificado, a divulgação de uma informação errada poderá causar transtornos

desnecessários ou prejuízo ao cliente, ou até mesmo ao sindicado.

Poderá também acarretar a perda do trabalho investigativo de meses,

quando, somente muito tempo depois de obtida a informação, o detetive

descobrir que não é verídica, ou, de alguma forma, o distanciou do objetivo

principal.

Um detetive foi contratado para acampanar10 uma mulher casada


cujo marido desconfia que mantenha um relacionamento extraconjugal.
Certo momento, enquanto o detetive está acampanando a sindicada, ele
a observa abraçada e fazendo carícias em um homem. O detetive,
deslumbrado com o flagrante, liga imediatamente para o contratante,
descrevendo-lhe a cena, de maneira que o contratante fica com a
certeza de estar sendo traído neste momento. O contratante sai
imediatamente do seu escritório para pegar sua esposa em flagrante.
Devido ao seu descontrole emocional, no caminho acaba se acidentando
com o veículo que conduzia e morre. Logo após, o detetive é comunicado

9
A divulgação de informações errôneas somente se justifica em trabalhos de
Contrainteligência e Contrainvestigação (Investigação Preventiva), onde o objetivo aqui, além de
obstruir as fontes de informação do inimigo, bem como neutralizar os meios e ações deste, faz-se
necessário ludibriar ou iludir o ALVO através da Desinformação, Falsa Informação e Decepção,
que são procedimentos frequentemente utilizados para induzi-lo aos erros de apreciação. *Nota
do Det. Sérgio Jorge.
10
Vigiar discretamente o Alvo (sindicada), monitorar, observar sem que o alvo saiba.
20

RESERVADO
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do acidente ocorrido e acaba descobrindo que o homem que estava com
a esposa do contratante era irmão dela.

No comércio, detetives colaboram no levantamento de informações

cadastrais, investigam a idoneidade de pessoas que serão contratadas como

funcionários e de clientes. Ainda trabalham na investigação e prevenção de

furtos, roubos e quebra de sigilo empresarial.

Na indústria, evitam a espionagem industrial, investigam atos de

sabotagem, dentre outras modalidades de crime. Nas companhias de seguro,

esclarecem as possíveis simulações de acidentes, com vista a apólices milionárias

de seguros, localização de veículos furtados, entre outros.

Essa é uma breve descrição de contratantes do serviço de investigação

particular, que atende não só pessoas jurídicas como também pessoas físicas,

para a localização de pessoas, investigação de furto em residências, casos

conjugais. O detetive atua, também, junto a advogados, coletando provas e dados

para serem utilizados em processos judiciais.

É tendência generalizada, nos dias de hoje, o preparo prévio e racional

para o exercício de qualquer atividade humana, especialmente nas profissões que

exigem estudo e qualificação, em virtude da grande competição existente entre

os profissionais. Assim, além de buscar se qualificar cada vez mais, você deve ter

plena consciência de seus atos e saber que suas ações podem prejudicar pessoas

de bem, sua equipe, seu prestígio e a si próprio.

Paciência e temperança são indispensáveis para a profissão de detetive.

Muitos casos são comprometidos por profissionais que ferem métodos, não
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RESERVADO
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respeitam princípios básicos de julgamento e interpretação de informações para

a realização correta de seu trabalho. Ações precipitadas, na maioria dos casos,

são irreversíveis, e os danos podem ser incalculáveis. Porém, seguindo

orientações básicas, dedicando-se a sua profissão e capacitando-se, o

profissional adquire, com o passar do tempo, a experiência necessária para

realizar, de forma automática, as ações que envolvem o seu cotidiano, tratando

com naturalidade as pressões geradas pela profissão.

Contato com o cliente

Os meios mais utilizados para a propaganda de seus serviços são as formas

de mídia impressa, que poderão ser jornais e revistas, bem como páginas da

Internet. A mais eficaz das propagandas, contudo, é aquela feita pelo

cliente, após um bom serviço prestado pelo detetive.

O detetive particular não é um vendedor que atua de “porta em porta”. A

procura por seu serviço deve partir do cliente que necessita de ajuda

profissional para analisar ou esclarecer informações e fatos que o prejudicam de

forma pessoal ou em seu negócio.

Após a solicitação do serviço e um breve informe sobre o trabalho a ser

realizado, o contratante ou o detetive poderá sugerir um local seguro que não

prejudique o trabalho e a vida pessoal do cliente/contratante, para um encontro

de esclarecimento do trabalho. O detetive jamais deverá conversar sobre as

informações via telefone ou outro equipamento semelhante. Existe a necessidade


22

RESERVADO
RESERVADO
de formalidade entre o detetive e o contratante, para que se identifique o tipo

de envolvimento do cliente com o trabalho proposto.

O detetive deve estabelecer meios seguros para se comunicar com o seu

cliente, não se expondo e, principalmente, não expondo seu contratante. É

indispensável assegurar-se da confiabilidade e segurança dos meios mais comuns

de contato. Manter locais alternativos de comum acordo é um bom meio de

manter o sigilo das informações. O investigador necessita, em primeiro plano, que

o cliente retrate com fidelidade a situação para a qual existe a necessidade de

auxílio profissional, bem como uma base de informações para que possa aceitar

ou descartar o trabalho.

Após esse primeiro contato com o cliente, o detetive deve: analisar,

cautelosamente, as informações e o perfil do contratante; verificar se possui

condições técnicas e preparo para atuar na investigação proposta/ definir as

técnicas que deverá empregar para obter o melhor resultado investigativo e se

precisará de auxílio de outros profissionais. Somente após esta análise inicial,

deverá aceitar ou não o trabalho proposto.

É importante observar o nível social e cultural do contratante e estar

preparado para enfrentar adversidades que podem surgir nesse primeiro diálogo,

que é fundamental para o cliente definir se está contratando o profissional

correto, para auxiliar em seu problema. O profissional deve adaptar-se à

linguagem utilizada pelo cliente, bem como interagir em qualquer meio social em

que estiver. Essas adaptações são indispensáveis para que o detetive cause uma

23

RESERVADO
RESERVADO
boa impressão, pois, geralmente, esse primeiro contato determina a sua

contratação e o sucesso da investigação particular.

Isso poderá ocorrer em festas e restaurantes requintados,


reuniões com executivos da empresa interessada, clubes, etc. cada
lugar e situação requer, do detetive, uma postura adequada e discreta.
Para isso, deve estar atento a sua roupa (vestimenta), procurar sempre
estar parecido com os frequentadores habituais dos lugares em que
estará com seu cliente ou mesmo realizando a investigação.

Na contratação de um profissional da atividade investigativa, grande parte

dos clientes recebem referências de outras pessoas que já utilizaram os serviços

do profissional e, seguramente, ressaltarão qualidades, como:

 Qualidade do serviço prestado;

 Sigilo absoluto das informações;

 Integridade moral do profissional;

 Ética no trabalho;

 Capacidade de julgar o problema proposto.

Voltamos a salientar a busca por conhecimentos e técnicas para a

capacitação e atualização do profissional, bem como a qualificação para a

prestação de um serviço eficaz que venha a solucionar, com o mínimo de

exposição possível, o trabalho proposto pelo cliente. Dessa forma o profissional

adquire status não só com seus contratantes, mas com os próprios colegas de

profissão.

24

RESERVADO
RESERVADO
Negociação com o cliente

O detetive é um prestador de serviços profissionais e, como tal, deve

seguir preceitos para uma negociação estritamente profissional.

Ao estabelecer o primeiro contato com o cliente, é bom que se marque uma

reunião em algum local seguro e reservado, de acordo com ambas as partes, para

que sejam colhidas as informações necessárias ao início da execução do trabalho,

onde o detetive e o contratante não sejam identificados. Restaurantes, bares de

pouca movimentação, porém com um bom nível de segurança, são ideais para esse

primeiro contado, preferencialmente restaurantes onde é costume a presença de

clientes que efetuam negócios durante a refeição e onde a troca de papéis e

documentos seja rotineira, não chamando a atenção das outras pessoas.

Depois de analisadas as informações obtidas do cliente, o detetive já

deverá ter a definição do número de agentes, veículos e tipos de equipamentos

que serão necessários para desenvolver o trabalho.

O detetive poderá cobrar os seus serviços de diversas formas. Isso

depende do ramo de atividade para o qual ele será contratado, investigação

pessoal ou corporativa. Os trabalhos podem ser remunerados por hora ou por

turnos de seis horas – manhã, tarde, noite e madrugada – ou, ainda, em serviços

constantes, com remuneração mensal.

O detetive deve combinar o seu procedimento em caso de materialização

da prova, flagrante ou pressuposto de flagrante. Na negociação, deverá ser

tratado com o contratante se este será ou não contatado, caso, no decorrer do


25

RESERVADO
RESERVADO
serviço de investigação, evidencie-se um flagrante ou materialização de prova.

Além disso, o detetive deve ser responsável pelas consequências imediatas da

divulgação da informação que é de sua exclusividade.

Áreas de atuação

Os serviços de detetive, atualmente, são muito solicitados e entre seus

principais destacam-se:

Os criminais

São levantamentos de dados, localização de veículos e de pessoas,

investigação de crimes contra o patrimônio e a vida.

Os industriais

Abrangem contraespionagem industrial, monitoramento e levantamento da

vida pregressa de funcionários que serão contratados, controle de informações e

assessoria.

Os comerciais

São investigações contra fraudes, falsificação de marcas e patentes,

rastreamento e varredura em linhas telefônicas.

26

RESERVADO
RESERVADO
Os conjugais

Em grande número estão investigações de adultério, investigações de furto

em residência e vida pregressa de pessoas que convivem no âmbito familiar.

Um detetive foi contratado para seguir um profissional em


Brasília. Passaram-se quinze dias e não descobriu nada. Então, a
contratante ligou ao detetive, dizendo que o marido viajaria para o Rio
de Janeiro e que ela queria suspender as investigações. O detetive
convenceu-a de que seria interessante ir até o Rio e continuar o
serviço. Lá descobriu o marido, trocando carícias com uma passista em
um ensaio de escola de samba.

Os assessoramentos e contrainvestigações

Neste item11 encontramos varredura eletrônica, antigrampo, levantamento

de informações em geral.

Os clientes particulares

Localização do paradeiro de pessoas desaparecidas, investigar supostos

casos de adultério e envolvimento de familiares com drogas, atuar em questões

envolvendo disputa pela guarda dos filhos, fazer levantamento de bens, atuar na

prevenção de sequestro e na proteção a famílias que, por algum motivo se sintam

ameaçadas. Investigação de homicídios.

11
O trabalho de Contrainformação está relacionado com a proteção de informações. Esta
Atividade Relacionada de Inteligência divide-se em três segmentos principais de acordo com a
DNISP, ou seja, Segmento Segurança Orgânica (SEGOR), Segmento Segurança Ativa (SEGAT) e
Segurança de Assuntos Internos (SAI). *Nota do Det. Sérgio Jorge.
27

RESERVADO
RESERVADO
As empresas

Investigação de questões comerciais e industriais: localização de contas

bancárias em paraísos fiscais; espionagem e contraespionagem empresarial;

roubos de projetos; sabotagem; fraudes; desvios de mercadorias e furtos de

cargas. A falta de confiança entre sócios é sempre motivo para solicitar serviços

de investigação.

Os grandes hotéis e as lojas

Prevenção ou investigação de furtos e outros crimes e garantia da

segurança dos clientes.

Os escritórios de advocacia

Localização e entrevistas com testemunhas, obtenção de fotos e provas

documentais ou físicas, localização de bens, de devedores, etc.

As seguradoras

Checagem da veracidade dos sinistros.

As empresas estrangeiras

Verificação da idoneidade, levantamento dos bens e avaliação da

capacidade financeira do potencial parceiro.

28

RESERVADO
RESERVADO
Prática Investigativa

Informações básicas para iniciar a investigação

Para um bom detetive, já vimos que é necessário uma série de

características que o qualifiquem a fazer um excelente trabalho, analisando

todos os elementos do caso, para estabelecer uma específica e adequada forma

de trabalho, que viabilize o sucesso de investigação.

Nesta etapa do trabalho, é necessário relacionar algumas informações que

irão incidir sobre o andamento da investigação e que também sirvam como ponto

de partida para o planejamento do trabalho investigativo.

Elementos de um processo investigativo:

Sindicado

É o nome dado à pessoa que será o objeto central da investigação. Existe a

necessidade do nome completo dessa pessoa e suas alterações, ou seja, nome de

solteiro ou, se for o caso, de casado. Também é extremamente importante uma

foto atualizada do sindicado, para sua fácil identificação.

Telefone residencial e celular

O detetive deve procurar saber se o sindicado costuma falar ao telefone

e, se costuma, com quem fala, com que frequência fala e qual o tempo médio de

uma ligação. Essa informação poderá auxiliar o detetive, pois, ao longo da

campana, que é a arte de seguir uma pessoa sem despertar suspeitas, poderá o

29

RESERVADO
RESERVADO
sindicado receber ou efetuar alguma ligação que saia do padrão observado e

descrito pelo contratante. Seguindo essa lógica, o detetive deve comparar o dado

fornecido pelo contratante com o observado em campana, julgando essa

informação necessária ou não para o andamento da investigação.

Essa possibilidade ocorre quando o contratante informa que o


sindicado não costuma estender-se em conversas ao telefone, no
entanto o detetive observa em campana que o sindicado se estende por
longos períodos ao telefone.

Esse é um dado relevante que pode alterar o andamento da


investigação.

Endereço residencial

Esse é o ponto de referência principal para o início do trabalho de coleta e

busca de dados. É necessário saber se o sindicado possui outras residências, para

determinar o número de agentes que serão envolvidos na investigação. Essa

informação determina o modo como será realizada a coleta e busca de dados no

serviço de campana.

É importante o detetive ir ao endereço fornecido, pelo contratante, como

a residência do sindicado, pois deverá analisar:

1) O tipo de residência, casa, apartamento, condomínio fechado;

2) Se está em meio a áreas de risco à segurança pessoal;

3) O nível de segurança da residência e da área onde a residência está

localizada;

30

RESERVADO
RESERVADO
4) O padrão social das pessoas que moram próximo à residência do

sindicado. Isso irá influenciar no disfarce, fazendo com que sua

presença não chame a atenção no meio em que estiver inserido;

5) Se a rua da residência é de movimento intenso, se existe

estacionamento que dê vista para as entradas e saídas da

residência;

6) Se a rua é de pouca movimentação e de difícil acesso à residência.

Endereço da empresa

As qualidades do detetive são bastante exigidas neste item, pois exige

planejamento pormenorizado da área de localização da empresa. De forma geral,

áreas comerciais podem contar com infraestrutura em sua segurança, como

vigilância externa e interna, policiamento, câmeras de segurança, além de

contarem com uma grande circulação de veículos e pessoas.

Na busca de informações sobre endereço empresarial, o detetive deverá

seguir os passos já descritos no item do endereço residencial, tentando

descobrir:

1) O horário de entrada e saída do trabalho. Determine se o sindicado

possui uma rotina de horários que auxilia no planejamento e no

procedimento de campana.

O grau de exigência das habilidades do detetive é maior quando o

sindicado não possui horários preestabelecidos para trabalhar;

31

RESERVADO
RESERVADO
2) Se a empresa tem costume de oferecer ou pagar seminários e

congressos para funcionários, para quais funcionários e com que

frequência;

3) Se os funcionários costumam fazer horas extras e com que

frequência;

4) O ramo de atividade da empresa. Essa informação determina como o

detetive vai elaborar sua campana. É necessário saber se o sindicado

trabalha em escritório, visita clientes, faz serviços burocráticos

internos ou externos. Em resumo, com essas informações é possível

determinar a frequência com que o sindicado atua no serviço interno

e externo.

Essas informações auxiliam na forma como será efetuada a

investigação, ou seja, se vai precisar de carro, se vai precisar se

deslocar com frequência de um lado para outro da cidade, se é

necessária a presença de mais de um agente, etc.;

5) Se o sindicado utiliza veículos da empresa. Nesse caso o detetive

deverá conhecer as características dos veículos, logomarcas, cores,

facilitando seu foco de visualização, que é o sindicado;

6) Se o sindicado costuma dar ou oferecer caronas a pessoas

conhecidas ou colegas de trabalho;

7) Os melhores lugares para visualizar o sindicado, sem que levante

suspeita sobre suas ações, através de um mapeamento do local.

32

RESERVADO
RESERVADO
Nome dos pais e irmãos

Preferencialmente o nome da mãe do sindicado, porem os dois dados são

fundamentais. Além dessa informação, é indispensável o endereço residencial de

ambos, para determinar a possibilidade de deslocamento do sindicado para esses

endereços.

Saber se o sindicado costuma visitá-los com frequência auxilia na maneira

de deslocamento dos agentes par a esses locais.

Afinidade com pais e irmãos

Essa questão é pessoal, porém não menos importante. A determinação do

grau de afinidade que o sindicado possui com os membros de sua família pode se

fazer necessária, pois, caso não tenha o costume de visitá-los frequentemente,

as visitas podem ser utilizadas como artimanha.

Uma possibilidade: o sindicado pode dizer ao companheiro que irá visitar

um irmão após o trabalho, mas, na verdade, não fala com o irmão há mais de ano e

utiliza este pretexto para manter um relacionamento fora do matrimônio.

Fotografias atualizadas de familiares

Em diversos casos, fazem-se necessárias fotografias atualizadas das

pessoas que pertencem ao quadro familiar ou convivem diretamente com o

sindicado. Essa informação representa uma economia de tempo para o detetive,

que não terá que designar agentes para verificar quem é o indivíduo, e que grau

de afinidade possui com o sindicado. As fotografias atualizadas auxiliam o

33

RESERVADO
RESERVADO
detetive, pois ele mantém apenas contatos visuais com o sindicado. Existem casos

em que não é possível uma foto atualizada, então, o detetive terá que utilizar

técnicas de percepção12, junto a descrições físicas do contratante.

Descrição física e comportamental do sindicado

Características físicas, modo como se veste, altura, cor do cabelo, além de

uma breve descrição psicológica, colaboram para identificar o comportamento

social do sindicado, também podem se fazer necessárias para determinar se

ocorrem mudanças repentinas em seu visual, como, por exemplo, a utilização de

disfarce e de comportamento do sindicado. Importante a descrição dos modos

como costuma dirigir, se é imprudente, se troca constantemente de pista, se

costuma fazer conversões bruscas, se dirige devagar ou rápido, se pára ou segue

ao avistar sinal amarelo no semáforo. Exemplos:

Descrição física: pele branca, cabelo grisalho, olhos azuis,

aproximadamente 1,80m, veste-se de maneira esportiva, com cores claras. Usa

óculos, gosta de passear.

Descrição comportamental: ativo, usa terno, sempre ocupando com alguma

coisa, possui facilidade em relacionamentos interpessoais, utiliza-se da mídia

para o seu trabalho.

Técnicas de Percepção são procedimentos utilizados para construir o reconhecimento


12

de pessoas quando não existem fotografias, pertencem à ciência SINALÉTICA, que junto com
outras áreas do conhecimento, compõe a técnica operacional de inteligência denominada de
Processo de Identificação de Pessoas (Retrato Falado, DNA, Datiloscopia, Reconhecimento de
Voz, Reconhecimento de Íris, dentre outras). Um dos exemplos dessa prática é a confecção de
Retrato Falado. *Nota do Det. Sérgio Jorge.
34

RESERVADO
RESERVADO
Internet

Com a possibilidade de fácil acesso à Internet, tornou-se indispensável

realizar análise de informações que o sindicado mantém em sites de conversas,

troca de correspondência eletrônica, páginas de informação pessoal, modalidades

de assunto que busca quando navega pela rede. Algumas dessas informações

indicam, ao profissional, sinais comportamentais indispensáveis ao planejamento

do trabalho.

Mas cuidado: muitas pessoas colocam informações falsas na Internet, uma

vez que não há um controle ou fiscalização sobre o conteúdo, portanto nunca se

baseie apenas no que viu na Internet.

a) Na Internet encontram-se páginas pessoais, como blogs (uma


espécie de diário digital), fotologs (álbum de fotografia digital), MSN,
Messenger e semelhantes (programas para conversa em tempo real) e
páginas onde é possível encontrar pessoas (o mais difundido hoje é o
endereço digital chamado Facebook13, www.facebook.com). Nessas páginas é
possível encontrar, pessoas com quem o sindicado mantém conversas
frequentes, alguns detalhes do seu dia-a-dia, endereço de e-mail, número de
telefone.
b) O detetive, ao investigar uma situação de adultério, descobre que
existem “scraps” (tipo de mensagem da página www.orkut.com que são
postadas em perfis pessoais, neste caso, um “scrap” colocado no perfil do
sindicado) que indicam um padrão de diálogo mais afetuoso com determinada
pessoa. Deve, então, verificar se esta pessoa costuma receber mensagens
do sindicado, (o grau de afinidade e o relacionamento que mantém) e estar
atento à utilização de “pseudônimos” que o sindicado possa ter cadastrado
em páginas de relacionamento. Para essa ação, o detetive pode começar

13
Na edição original que está em minha posse quando fiz o curso está escrito “Orkut,
www.orkut.com”, porém fiz a alteração do texto original devido ao fato deste serviço está quase
que obsoleto em relação ao Facebook.
35

RESERVADO
RESERVADO
investigando apelidos utilizados pelo sindicado em seu local de trabalho ou
em seu círculo social. Descobrindo um possível relacionamento, o detetive
deve estar atento a todos os passos do sindicado, para um possível
encontro, que será a prova de seu trabalho de investigação de adultério.

Rotina diária do sindicado

Essa é a parte mais difícil para o planejamento da estratégia utilizada pelo

profissional. Alguns indivíduos mantêm padrões de comportamento extremamente

rotineiros14. Seu modo de deslocamento é repetitivo e com poucos desvios de

trajetória. Esse comportamento reduz os custos de operação por parte do

profissional, além de facilitar a visualização em tempo integral do sindicado. No

entanto indivíduos que não obedecem a padrões de comportamento (rotina)

exigem mais habilidade do detetive, como, por exemplo, a disponibilidade em

tempo integral e a maior vigilância na residência do sindicado, que é, em muitos

casos, seu ponto de partida para o início da investigação. Se o sindicado não

possui emprego em local fixo, não possui horários para trabalhar e não existem

horários costumeiros de chegada ou saída de sua residência, o detetive deve

estar sempre com seus equipamentos preparados para a ação imediata, implicada

pelo deslocamento desordenado e repentino do sindicado.

14
Em trabalho de Contrainvestigação e Contrainteligência dependendo da situação é
aconselhável manter uma rotina rígida de deslocamento, ou seja, manter um padrão,
principalmente em ações de Contravigilância (Contracampana), na qual quem está realizando a
contravigilância e antivigilância está sempre em vantagem em relação aos perseguidores. Ao
manter o padrão de comportamento, percorrendo sempre os mesmos itinerários e pontos-de-
base, o contravigilante poderá detectar qualquer quebra ou anomalia na Rotina-Padrão do
Ambiente, além de manter o controle total das rotinas da área. *Nota do Det. Sérgio Jorge.
36

RESERVADO
RESERVADO
Atrasos rotineiros e mudança de comportamento

A maior parte dos indivíduos se modifica: idade, status social, tendências

da moda, etc. Porém, em grande maioria, essas mudanças ocorrem gradualmente,

não creditando uma mudança de comportamento radical. No entanto alguns

indivíduos sofrem uma mudança repentina de forma comportamental e visual.

Isso pode ocorrer por motivos como, por exemplo, relacionamentos matrimoniais

desgastados, relacionamentos extraconjugais, utilização de entorpecentes, etc.

Essas ações podem necessitar de um grande estudo por parte do detetive,

que coleta e busca informações e, hipoteticamente, determina as causas dessas

mudanças. Muitos casos de estresse oferecem mudanças comportamentais, que

somente são detectados por profissionais da área da Psicologia.

Em caso de adultério, se, junto a essas mudanças comportamentais, o

sindicado passar a cometer atrasos, com frequência, nos horários em que chega a

sua residência ou a seu trabalho, estará indicando possibilidade de um

relacionamento extraconjugal. O detetive deve, então, observar o motivo pelo

qual essas mudanças e atrasos vêm ocorrendo e verificar com o contratante, para

comparar suas observações e investigações com a justificativa do sindicado para

seu atraso.

Lugares mais frequentados

Clubes, bares, restaurantes, academias de ginástica, áreas de lazer

constituem, em muitos casos, um padrão de rotina do sindicado. Exemplo disso

são reuniões de grupos de amigos, comemorações no âmbito profissional, etc.

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RESERVADO
RESERVADO
Essa informação está diretamente ligada (em caso de investigação de adultério),

ao fato de essas confraternizações ocorrerem em datas em que o cônjuge, por

alguma razão, viaja para algum local distante. Também ajudam o detetive a

determinar o seu disfarce e a planejar os métodos do procedimento de campana.

Viagem a negócios

É importante saber as rotas de viagem, em caso de serem frequentes, para

determinar custos operacionais e verificar locais que o sindicado costuma

frequentar, como hotéis, pousadas, etc.

Arma

Saber se o sindicado possui arma é vital, pois, se tiver, poderá adotar

ações que coloquem a vida do detetive e dos transeuntes em perigo. É necessário

averiguar vários itens como, trabalho do sindicado, perfil comportamental, etc.

Se o sindicado andar armado, é necessário que o detetive pergunte, ao

contratante, detalhes sobre o seu temperamento, se é agressivo e se costuma

sacar sua arma por motivo fútil. É necessário averiguar se o sindicado trabalha

na área de segurança ou investigação. Essa informação é de extrema importância

para o detetive, pois pessoas que operam nessas áreas têm como costume

observar se estão sendo seguidas e, em muitos casos, possuem grande

conhecimento na área, não só identificando, como podendo tomar atitudes que

prejudiquem o detetive.

O sindicado, quando descobrir que está sendo seguido, pode oferecer

riscos ao profissional da investigação. Sem deixar o detetive perceber que foi


38

RESERVADO
RESERVADO
descoberto, o sindicado pode criar uma emboscada, sacando de sua arma.

Existem duas hipóteses prováveis. Na primeira, o sindicado, dotado de

temperamento agressivo e descontrolado, age por impulso e dispara contra o

detetive. Na segunda, apenas aponta para o detetive para persuadi-lo e obter

informações sobre o próprio detetive e o contratante.

Histórico policial do sindicado e de seus familiares mais próximos

O estudo do histórico policial pode revelar padrões comportamentais e

identificar motivos pelos quais determinadas mudanças psicológicas ocorrem com

o sindicado, saber se o sindicado cometeu algum ato ilícito, se responde a

processo judicial ou se existem ocorrências registradas, seja pelo contratante,

seja pelo sindicado, é importante para determinar o grau de periculosidade do

sindicado e, até mesmo, em alguns casos, determinar as reais causas pelas quais o

serviço está sendo contratado.

Em caso de adultério, é possível determinar como causa ou motivo de um

relacionamento extraconjugal a violência doméstica causada pelo próprio

contratante. O contratante praticava esse tipo de violência e, como

consequência, o sindicado buscou um relacionamento extraconjugal. É necessário

que o detetive seja hábil para saber se o contratante possui ocorrência

registrada contra si, para determinar se o trabalho não implicará risco de vida

para o sindicado ou seu amante.

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RESERVADO
RESERVADO
Problema de saúde

Um problema grave de saúde por parte do sindicado pode exigir ética,

caráter e determinação do detetive, que, em raros casos, poderá se deparar com

uma situação de emergência em resultado do problema de saúde do sindicado,

abandonando sua posição e prestando o devido socorro. Esse ponto exige do

detetive um grau de conhecimento de primeiros socorros, para socorrer,

inclusive, membros de sua equipe.

Prática de esportes

Esse item deverá ser analisado pelo detetive com bastante cautela.

Existem casos em que o sindicado pratica corridas em rotas alternadas, o que

pode exigir um bom preparo físico do investigador, pois pode ocorrer a

necessidade de acompanhar da mesma forma o sindicado.

Em casos de esportes coletivos ou auxiliados por professores

profissionais, determinar o grau de afinidade entre os mesmos.

Em casos de adultério, o detetive deve atentar para a afinidade que o

sindicado possui com colegas de equipe ou seu envolvimento com profissionais de

educação. Se o sindicado costuma frequentar aulas particulares, dar ou receber

carona, estender-se após as aulas ou práticas esportivas, efetuar sua higiene no

local onde treina.

Se o sindicado for um profissional do esporte, verificar os locais onde

costuma treinar ou dar aulas. Se possível, verificar, com o contratante, sua

40

RESERVADO
RESERVADO
agenda de aulas particulares, horários não habituais, como, por exemplo, aulas

noturnas ou com duração maior que habitual.

Uso de drogas

Se o sindicado for usuário de drogas, suas atitudes vão denunciar. Essas

ações podem alterar o estado de humor, tornando-o mais impulsivo, hesitante ou

violento, exigindo mais cautela por parte do detetive, que deverá estar atento a

fatores, como, por exemplo, se o sindicado costuma fazer o uso dessas

substâncias sozinho, acompanhado ou em grande grupo de amigos.

Se existir um grupo acompanhante, o detetive terá mais dificuldades para

determinar as prováveis ações de todos os indivíduos, exigindo perícia para não

correr riscos durante a execução do trabalho.

Melhor amigo

O melhor amigo do sindicado é, na grande maioria dos casos, o seu

confidente. É a primeira pessoa que procura quando possui alguma espécie de

problema. É difícil, porém não impossível, determinar o grau de afinidade que

possuem e o tipo de informações que trocam entre si.

Automóvel do sindicado

Informações do veículo

O detetive deve estar bem informado quanto às características do

automóvel do sindicado, como o número da placa, marca, modelo, cor, espécie,

tipo, estado de conservação, e qualquer dado extra que auxilie na identificação


41

RESERVADO
RESERVADO
do veículo, como sinais de colisão, pintura ou adereço. Informações sobre o

veículo são encontradas pela Internet nas páginas do Departamento de Trânsito

(DETRAN) de cada Estado do Brasil. Para essas informações sobre o veículo é

necessária a informação da placa do veículo.

As informações obtidas através da Internet diferem de Estado para

Estado.

Campana

Campana é uma gíria que significa observação discreta nas imediações de

algum lugar, para conhecer os movimentos de pessoa ou pessoas, para verificar a

chegada ou aparecimento de alguém, rastrear veículos, cargas e objetos.

Como proceder em campana

O primeiro tipo de campana é a vigilância de um lugar, ou campana fixa, em

que o investigador deve estar/ser muito discreto. É a vigilância de algum local e

de toda a movimentação que ocorre ao seu entorno.

Um segundo tipo de campana é o seguimento discreto de pessoas, chamada

de campana móvel. Ocorre quando, determinado quem será seguido, o detetive,

sozinho ou em equipe, acompanha o sindicado para descobrir informações e

realizar a investigação.

42

RESERVADO
RESERVADO
Os detetives empregam os dois tipos de campana e devem procurar

empregá-los bem, porque, inegavelmente, esta forma de trabalho traz, muitas

vezes, grandes benefícios nas investigações, podendo acontecer que, em alguns

casos, venha a campana a ser o último ou único recurso para a obtenção de provas

ou a localização de pessoas, veículos, cargas e objetos.

A campana pode servir para localizar pessoas; prender criminosos;

conhecer a movimentação e as ligações de pessoas; evitar a prática de crimes;

obter provas em torno de infrações penais; detectar adultérios; etc.

O serviço de campana raramente é fácil. Exige sempre habilidade de quem

o executa. A maior dificuldade na campana de vigilância de local ou fixa está em o

detetive não se fazer notar, para isso ele deverá procurar algum meio de

cobertura, natural ou artificial, ou se dissimular no ambiente. Para esse último

fim, deve se utilizar de recursos diversos, inclusive usar trajes que não lhe são

habituais, porém dentro do contexto.

A descaracterização de suas vestimentas pode representar um bom

disfarce. Em geral, as pessoas lembram primeiro a cor das roupas utilizadas por

outrem e posteriormente sua fisionomia. Por isso é recomendável o uso de roupas

adequadas ao ambiente frequentado.

Não é adequado utilizar, em dias seguidos, as mesmas cores de

vestimentas, para não despertar a curiosidade de alguém.

O detetive deve verificar antecipadamente, se possível, o modo como as

pessoas se vestem nas proximidades do local da campana.

43

RESERVADO
RESERVADO
O detetive deve observar o padrão dos automóveis que circulam pelo local.

Não poderá utilizar um carro luxuoso em local onde circulam veículos de pequeno

porte e baixo valor ou vice-versa. Dessa forma, o detetive não estará

dissimulado, ou oculto, no ambiente, chamando a atenção de pessoas que

conhecem a rotina do local.

As dificuldades para campana fixa serão tanto maiores quanto mais

deserta ou menos movimentada for a área em que se achar o local a ser

observado. Cuidados, naturalmente, devem ser tomados pelo detetive, para que

não seja descoberto ou para que a indiscrição de terceiros não ponha o trabalho

a perder.

O detetive poderá permanecer durante horas, até mesmo dias, observando

um lugar fixo, sem chamar a atenção de populares que ali residem. O detetive

deve ter estudado previamente os costumes locais para não levantar suspeita

sobre o verdadeiro motivo pelo qual está circulando ou parado em determinado

local, para não prejudicar o seu trabalho. É muito frequente o detetive ser

abordado por moradores do local investigado, seguranças de ruas e condomínios

ou até mesmo autoridades policiais. Por isso, é necessário que saiba dialogar

conforme a necessidade, sendo firme em suas respostas, passando credibilidade

à pessoa que o estiver questionando.

O detetive sempre deverá estar preparado para adversidades durante o

trabalho de campana, e seguir preceitos básicos, como por exemplo:

1. Levar consigo uma soma em notas de alto, médio e baixo valor;

44

RESERVADO
RESERVADO
2. Estar preparado, tendo avaliado antecipadamente o local, vestir-se

conforme o meio em que irá atuar;

3. Carregar dentro de seu automóvel, itens como: peças de

características diferentes para vestuário, alimento não perecível, água,

recipiente para necessidades fisiológicas;

4. Verificar os equipamentos que poderão ser empregados, tais como,

câmera fotográfica e filmadora. A verificação desses equipamentos

consiste, primeiramente, em certificar-se do seu bom funcionamento, visto

que esses equipamentos eletrônicos são frágeis e podem apresentar

problemas em situações em que se façam indispensáveis e levar bateria

(pilha) reserva para todos os equipamentos que possuam essa fonte de

energia;

5. Ter planilha e caneta sempre à mão;

6. Conferir a hora certa;

7. Verificar as condições de uso do veículo, tais como, pneu, setas

indicadoras de direção, farol, sinaleira. O tanque de combustível deverá

estar cheio para o início de qualquer campana;

8. Consultar mapa da região. Mesmo para detetives que conheçam a

área em que irão atuar, o mapa se torna indispensável em certas ocasiões,

como, informação correta do nome das ruas e bairros em que o sindicado

poderá se deslocar. Inclusive para localizar sua posição para o restante de

sua equipe ou contratante;

45

RESERVADO
RESERVADO
9. Ter em mão todos os dados do sindicado, sua rotina diária com todos

os endereços, foto do sindicado, telefone do contratante, para eventuais

flagrantes ou perda do sindicado;

10. Ao realizar um relatório de atividades, assinalar a hora em

que os fatos ocorreram, como ocorreram, em que locais, bem como

transmitir todas as informações que tiveram importância para a

investigação. Para preservar a sua identidade de detetive, você NÃO deve

assinar o relatório ou colocar qualquer marca que o identifique.

O detetive, ao acampanar um local de venda de entorpecentes (boca-de-

fumo), é detectado por um agente do tráfico. Este por sua vez, de forma

sorrateira, aborda o detetive pela janela do automóvel.

Delinquente:

- E aí careta, que tu tá fazendo aqui na nossa banda de butuca


ligada pro nosso lado?

Detetive:

- qualé dos meu! To di boa aqui na sombra só pra tira um ronco,


nem esquenta mano.

Delinquente:

- Então rapa pé daqui da nossa área que nóis não queremo carro
parado aqui.

Nesse exemplo fica caracterizado o controle emocional e o raciocínio

rápido do detetive que, além de manter-se calmo, usou a gíria local em seu

46

RESERVADO
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disfarce para não ser pego. A maneira como se fala, na maioria das vezes, é mais

importante que o conteúdo.

Vejamos agora as formas mais comuns de proceder na campana móvel.

Seguindo o sindicado a pé

Quando o sindicado costuma se locomover a pé, é provável que utilize

transporte coletivo ou táxi. O detetive deve atentar para a necessidade de

transitar com valores em espécie que compreendam notas de alto, médio e

pequeno valor e, se possível, fichas ou passes do meio de transporte público local,

pois ganhará tempo, o que é imprescindível em centros urbanos de grande

circulação e, ainda mais, em transportes públicos.

O seguimento a pé deve ser cauteloso, principalmente em locais de pouco

movimento de pedestres, pois pode levantar suspeitas ao sindicado. Com o

crescimento dos índices de violência, em um primeiro momento, o sindicado pode

acreditar estar sendo seguido por criminosos e tomar precauções, como entrar

em algum estabelecimento comercial, para observar se está realmente sendo

seguido.

Se acreditar que se trata de indivíduo criminoso, o sindicado pode exigir a

presença de policiais ou amigos, para averiguar dados sobre o seu perseguidor e

as razões pelas quais está sendo seguido, prejudicando todo o andamento do

trabalho de investigação.

O detetive deverá proceder com muita cautela ao perseguir o sindicado em

local ermo ou com grandes índices de violência, não deve portar objetos que
47

RESERVADO
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sejam visados por criminosos. Nesse ponto, observamos novamente o estudo

prévio dos locais por onde o sindicado costuma circular, bem como locais onde

será realizado o trabalho de campana fixa. Para estas informações, o detetive

pode averiguar, em um Posto Policial, os índices de violência do local onde será

realizado o serviço. Dificilmente algum órgão de polícia negará esta informação

ao detetive, desde que aja com naturalidade, educação e respeito à autoridade

policial a que se referir.

Seguindo o sindicado de carro

Ao perceber que o sindicado irá se deslocar de automóvel, o detetive já

deve fazer ideia de para qual lado o sindicado iniciará seu deslocamento, pois isto

influenciará na posição e no local do estacionamento do veículo do detetive. Deve

tomar muito cuidado para não ser percebido. Deixar sempre um carro, se

possível, entre o agente e o sindicado, auxilia no mascaramento do veículo do

detetive, dificultando a percepção pelo elemento que está sendo seguido.

Dependendo da proximidade do automóvel do detetive em relação ao sindicado, o

investigador deve adotar algumas medidas:

1. Se o detetive estiver a uma distância em que o

sindicado não perceba o acionamento do motor de partida do veículo, deverá

efetuá-lo antes que o sindicado adentre no automóvel;

2. Se estiver próximo ao sindicado, deverá aguardar que o


sindicado entre no veículo para acionar o motor de partida.

Isso evitará que o sindicado perceba o acionamento do motor de partida,

pela audição, e direcione a sua visão para o veículo do detetive.


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Ao ver um semáforo à frente, o detetive deve se aproximar do veículo do

sindicado, no limite da percepção, para assegurar a passagem no sinal verde ou

amarelo.

Determinadas situações mostram a dificuldade gerada em função de um

planejamento incorreto das situações de rotina do sindicado. Por exemplo, a

perseguição em um shopping Center ou em locais de ampla circulação de veículos,

onde existe a possibilidade de o sindicado apenas efetuar a troca de veículo ou

embarcar alguém. No próprio estacionamento deve ser levado em conta o número

de vagas disponíveis, onde existe possibilidade de vagas distantes do carro do

sindicado. Esta precaução é de suma importância. Numa situação típica de

adultério, o sindicado pode embarcar em outro veículo e utilizar, como álibi, o

cupom fiscal de estacionamento, justificando assim a sua ausência.

Seguindo o sindicado de motocicleta

A análise das informações do modo como dirige o sindicado e a existência

de muitos semáforos em seu percurso diário determinam o emprego ou não de

motocicleta e/ou outra equipe de agentes trabalhando em pontos

estrategicamente programados. Isso interfere diretamente nos custos, nos

prazos do serviço prestado e no custo/benefício do emprego de veículos,

equipamentos e agentes.

A motocicleta é o melhor meio de locomoção em trânsitos congestionados,

além de ser dificilmente notada, pois existem milhares de motocicletas em meio

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RESERVADO
a trânsitos de fluxo intenso. É importante observar que um bom domínio sobre a

motocicleta poderá garantir que o investigador não perca o sindicado de vista.

Não é bom que se utilize apenas a motocicleta, desacompanhada de um

automóvel. Ela somente garantirá, ao detetive, que o sindicado não será perdido

em meio ao trânsito de fluxo intenso. O automóvel é um ótimo meio de

observação estático e a motocicleta um excelente meio de observação dinâmico.

Em campanas, o detetive não deverá permanecer observando, sentado na

motocicleta. Devido a seguidos assaltos cometidos por criminosos com o uso de

motocicleta, tal prática poderá levantar suspeita.

Quando o detetive estiver empregando carro e moto, em uma campana

fixa, deverá haver um meio seguro de comunicação entre os agentes envolvidos.

Se houver necessidade de partir em campana móvel, o detetive que estiver no

automóvel poderá perder o sindicado de vista e recorrer ao meio de comunicação

convencionado – podendo ser até mesmo sinais – para aquele que estiver na

motocicleta informar a atual localização do sindicado.

Ética

Conduta ética é a conduta humana feita de acordo com padrões morais,

levando-se em conta a boa-fé e as intenções corretas da pessoa.

A ética deverá ser mantida desde o primeiro contato com o cliente,

intensificando-se durante as investigações, na prestação do resultado, na


50

RESERVADO
RESERVADO
prestação de contas, enfim, durante todo o desenvolver da atividade do detetive

particular. E, mesmo após a conclusão do trabalho, o detetive deve portar-se com

ética e dignidade, mantendo sob seu poder todas as informações sobre o caso em

questão. Para isso o profissional da investigação deve investir e cercar-se dos

recursos e instrumentos disponíveis e seguros.

O detetive, dentro das normas de ética, de modo algum, deverá expor o

seu provável cliente, nem deverá informar a outras pessoas que está sendo

contratado. Seu trabalho pede-lhe que proteja, ao máximo, a privacidade e a

identidade de seu contratante. O mesmo tipo de conduta deve ser seguido ao

realizar as investigações, obter as informações e conduzir o andamento das

mesmas.

Seguindo as normas de conduta ética, todas as informações e resultados

devem ser apresentados ao cliente de modo claro, relatando, se entender

necessário, os passos tanto da investigação, quanto da obtenção dos resultados.

Esses resultados serão melhor entendidos se for usada uma linguagem clara e

objetiva no relatório final.

Após o término do trabalho, todas as informações sobre o caso devem ser

arquivadas em local sigiloso, pois o vazamento destas informações poderá trazer

sérios prejuízos para o cliente, para o sindicado ou mesmo para outras pessoas.

Outro item de importância relevante na ética do detetive particular é a

transparência e a fidelidade com o cliente que o escolheu e confiou nos seus

serviços. É contra a ética do detetive fazer jogo duplo, ou seja, trabalhar para o

51

RESERVADO
RESERVADO
cliente, mas também para o sindicado, seja sem o conhecimento dos dois ou

mesmo em união de esforços com o sindicado para prejudicar o seu cliente. Não é

ético trabalhar com as informações obtidas oferecendo-as ao seu cliente e ao

sindicado, ao mesmo tempo. Além de total falta de ética, essa atitude poderá

comprometer seu nome e sua profissão de forma muito séria.

Lembre-se de que agir com ou sem ética exige de você o mesmo esforço.

Mas o resultado do uso da ética apresenta uma enorme diferença em sua carreira

profissional. Além de você estar agindo corretamente, o que lhe dará muita

tranquilidade, terá o reconhecimento de seus clientes. Quem escolhe a conduta a

ser mantida é somente Você. Pense nisso.

O detetive particular deve ser fiel aos fatos. Ou seja, deve apresentar,

ao cliente, somente aquilo que conseguiu comprovar através de informações,

observações e conclusões e não repassar informações contraditórias, sem

fundamento, que deixem dúvidas. O profissional deve se comprometer em

levantar informações de fonte segura, que oportunizem um resultado real da

situação ou fato objeto de investigação. O cliente espera que seus serviços

ofereçam-lhe uma visão objetiva e real do evento e não espera receber

conclusões alteradas.

Simulando uma situação: um cliente desconfia da fidelidade do


cônjuge e solicita seus serviços, para comprovar esta desconfiança. O
trabalho de investigação, verifica que não há infidelidade. O detetive
prova exatamente o que lhe foi solicitado. Se houver outras
considerações, não cabe mencionar ou sugerir, afinal o detetive não é
policial, e sua ação limita-se à solicitação de seu contratante.

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RESERVADO
RESERVADO
Sigilo

O detetive tem por obrigação ética manter o sigilo sobre todas as

informações, bem como sobre as fontes informantes. A quebra de sigilo infringe

direitos fundamentais, prejudica pessoalmente o detetive e demais pessoas ou

corporações envolvidas na investigação. Este sigilo deverá ser mantido antes

mesmo de realizada a contratação do profissional, quando estiver tratando com o

possível cliente, permanecendo por todo o período e até mesmo depois de

concluído o serviço e já recebido os honorários.

Um extremo cuidado deverá ser empregado no arquivamento das

informações coletadas e buscadas, não dando oportunidades para espionagem, ou

ainda, para que caiam na mão de familiares ou amigos. Nem mesmo esses devem

saber a respeito do conteúdo ou da própria investigação realizada. Espera-se que

o profissional da investigação tenha a consciência de que as informações a ele

confiadas ou por ele captadas, em seu serviço de investigação, são destinadas

unicamente à elucidação do caso e somente ele e seu cliente devem ter acesso a

elas.

Segurança em meio eletrônico, no arquivamento e troca de informações

Os documentos eletrônicos com informações reservadas e sigilosas não

devem estar arquivados em computadores. Deverão ser gravados e guardados em

local seguro como pastas, CDs, Pen Drive, ou outras possibilidades. Todos de

difícil acesso ou em local bem seguro. Essas medidas evitam que ocorram , por

53

RESERVADO
RESERVADO
meio de invasão, subtração ou cópia de arquivos de caráter sigiloso, via Internet

ou rede de computadores.

Uma das possibilidades dessa apropriação indevida de informações pode

ser feita por especialistas em informática, denominados hackers15, que possuem

conhecimento para alterar todo tipo de software e hardware de computadores e,

devido a sua ação inapropriada, têm entre nós sentido pejorativo. Na verdade a

palavra hacker não significa necessariamente um indivíduo criminoso, mas,

atualmente, quando escutamos essa denominação, acreditamos estar se tratando

de um indivíduo que invade computadores para apropriar-se, indevidamente, de

informações sigilosas, de documentos, de senhas bancárias ou ainda de banco de

dados de empresas.

A invasão e apropriação desses documentos só é possível porque esses

indivíduos possuem softwares (programas de computador) para captar

informações da rede mundial de computadores, a Internet, tendo, assim, acesso

15
1) Para a Comunidade Hacker: HACKER é o especialista em invasão de sistemas de
informações digitais com profundos conhecimentos em programação, dominando várias linguagens
de programação, cada uma com propósitos específicos. Ele pode ser do bem (Proteção de
Sistema) ou do mal (Invasão de Sistema). LAMER é o Hacker iniciante que ainda comete erros
amadores. SCRIPT KIDDIE é o amador que utiliza os programas prontos criados pelos hackers
para fazerem ataques a sistemas. Existem vários ramos de atuação das Ações e Técnicas
Hackers, como: Hacker Cracker (engenharia reversa, quebra de senhas, chaves...), Hacker
Pheaker (telefonia), Hacker Carder (cartões digitais), Hacker Wannabe, Hacker Defacer, Hacker
Warez, Hacker Scammer, Hacker Engenheiro Social, dentre outras. Quando o ataque é físico o
Hacker está no modo Hacker Inside e quando o ataque é remoto (à distância) o modo é Hacker
Offside. 2) Para a Imprensa Especializada: Hacker (o bom), Cracker (o mau). 3) Imprensa em
geral: Hacker (criminoso). 4) Especialistas em Segurança: White Hat (o bom), Black Hat (o mau).
Texto fundamentado na obra: O Livro proibido do Curso de Hacker do Prof. Marco Aurélio
Thompson. *Nota do Det. Sérgio Jorge.
54

RESERVADO
RESERVADO
a e-mails enviados e recebidos ou dados armazenados em computadores com

baixo nível de segurança.

Muitas empresas que operam com informações sigilosas e necessitam estar

conectadas, via Internet ou rede de computadores, possuem sua própria equipe

de hackers monitorando e protegendo seu sistema, para evitar invasões e

subtração de seus arquivos. Já outras empresas contratam hackers para que

efetuem a subtração de informações de empresas concorrentes, o que configura

na chamada Espionagem Industrial.

Portanto é aconselhável não serem utilizados meios eletrônicos – Internet,

telefonia e radiotransmissores – para a troca de informações sigilosas, entre

elas as informações entre um detetive e seus clientes, bem como para o envio de

Relatórios Operacionais.

Quando da finalização de uma investigação, os relatórios poderão ser

feitos em papel, CDs, disquetes ou qualquer outro meio solicitado pelo

contratante. A entrega desse relatório deverá ser feita pessoalmente ao

contratante ou pessoa designada por ele, nunca pela Internet, correios ou por

terceiros. O repasse de uma informação ao contratante deverá ser sempre em

caráter formal, sigiloso e em local seguro.

Caso ainda exista uma cópia do relatório em poder do detetive, ele deverá

informar ao contratante e consultar se este gostaria que o relatório ficasse

arquivado em seu escritório. Com essa atitude o profissional está dividindo com

seu cliente a decisão e, também, se há necessidade ou não de guardar, em lugar

55

RESERVADO
RESERVADO
seguro, como cofre pessoal ou bancário, essas informações. Dessa forma estará

se resguardando da possibilidade de ocorrer um vazamento de informação e seu

cliente acusá-lo de apropriação indevida desses documentos.

Ainda, dentro do aspecto da ética, vale ressaltar que cabe ao profissional

da investigação medir a dimensão do serviço que lhe está sendo proposto e saber

se será ou não capaz de realizá-lo. Seria muito desagradável no decorrer da

investigação, o profissional concluir que não será capaz de terminá-la. Se isso

ocorrer, o cliente deverá ser informado e não iludido, para que possa desistir da

investigação ou contratar outro profissional.

A estimativa de prazos para a realização da investigação é um item

importante e deve ser usado pelo profissional quando do acerto com seu cliente.

Sabe-se que o período total de uma investigação, muitas vezes, não depende

somente da vontade e empenho do profissional, mas ele não deve se utilizar

deste subterfúgio, para aumentar o prazo estipulado de forma indeterminada. É

eticamente esperado que o cliente seja informado sobre o andamento das

investigações.

Outra característica importante que, de certa forma, também pode ser

incluída na ética é o dever de o detetive permanecer atualizado nas suas técnicas

e práticas investigativas, para poder oferecer o melhor serviço a seu cliente,

manter-se sempre no topo da investigação e, consequentemente, obter sucesso.

Ainda sob o ponto de vista ético, é importante que o profissional mantenha

um diálogo com o cliente, escute suas opiniões, preste atenção às informações

56

RESERVADO
RESERVADO
que ele pode dar, respeite suas opiniões, ganhe sua confiança e simpatia, pois

terá de utilizar sua atenção no sentido de precavê-lo, sobre os resultados da

investigação.

O relatório final da investigação poderá apontar para um resultado que o

cliente não espera e não quer receber. Se possível já fale e tente mostrar-lhe

que deverá preparar-se para receber qualquer resultado no futuro.

É muito importante falar do padrão ético do profissional detetive. Ele deve

situar-se num plano elevado, impor respeito e manter conduta honesta e íntegra.

Relatório

O detetive deve registrar todas as suas observações, dados relevantes ou

irrelevantes. É a garantia de execução de um bom serviço e o profissional não

estará submetido a falhas de memória, ocasionando a perda de dados.

Ao ter contanto visual com o sindicado, deve-se anotar no relatório o que o

sindicado está trajando e a que horas foi avistado, sempre que mudar o traje

deve-se adotar o mesmo procedimento, bem como anotar a descrição das pessoas

e veículos (placas). Em caso de campana para investigação de um local, registram-

se entradas e saídas de pessoas, veículos e seus respectivos horários. Em

campanas realizadas em estabelecimentos receptadores, deverão ser anotadas,

pormenorizadamente, todas as informações relevantes à movimentação do local

investigado bem como seus arredores, registrando e comparando dados.

As informações constantes no relatório devem ser dispostas de forma

ordenada e sequencial, contendo todas as descrições do fato observado,


57

RESERVADO
RESERVADO
constando data e hora da observação. É interessante que se anotem, em

relatórios, fotos ou filmagens do fato descrito como:

8h – Primeiro contato visual com o sindicado.


O sindicado trajava sandálias, calça jeans azul, camisa preta, cabelos
despenteados.
Deslocou-se de sua residência até o portão de acesso ao quintal
apenas para recolher o jornal.
8h30min – Uma mulher, com idade aproximada de 40 anos, com
cabelos pretos, baixa estatura, magra, trajando tênis branco, calça jeans
azul e camiseta branca, portando uma sacola de papel branca com logotipo
da C&A, abriu o portão com a chave que estava portando, logo adentrando a
casa pela porta lateral, também utilizando chave.
8h40min – O sindicado, trajando terno de cor preta, camisa branca e
gravata vermelha, saiu dirigindo seu veículo, um Chevrolet Vectra
(aparentemente ano 2006), cor cinza de placas III 0101. O sindicado falava
ao celular, demonstrando irritação.
8h55min – O sindicado estacionou o veículo na Rua Tupinambá, local
onde possui um escritório.
8h56min – Estaciona perpendicular à traseira do veículo do sindicado
um automóvel BMW X5, de cor preta, de placas LXY 0005, conduzido por
uma mulher loura, de óculos escuros, aparentemente jovem. O sindicado
adentra ao automóvel X5, beija a mulher na boca e faz carícias em seus
cabelos. O veículo parte na direção da Rua Alvorada.
Obs: Cinco fotos registram a cena.

Como vimos no exemplo acima, o detetive deve descrever detalhadamente

as características físicas das pessoas, dos objetos e veículos. As observações

anotadas de maneira tão rica em detalhes podem parecer um exagero, porém

podem se revelar de vital importância para a interligação de novas informações.

Além de descreverem com precisão as informações que serão prestadas para o

contratante.

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RESERVADO
RESERVADO
RELATÓRIO

Caso: _______________________________________

Data Hora Local Descrição

Observações: (por exemplo, fotos em anexo)


MODELO EM ANEXO

Ética profissional e relações humanas

Cabe ao profissional, Detetive Particular, desenvolver regras para manter

um bom relacionamento com o cliente.

Para o profissional dizer que agiu com ética, é necessário que:

1. Forneça sempre todas as informações solicitadas pelo cliente;

2. Saiba receber orientações como o cliente deseja que sejam

realizados os trabalhos, sem que isto modifique o resultado ou afete a

forma de agir do detetive;

3. Troque ideias com o cliente, sempre que houver necessidade;

4. Respeite as confidências;

5. Seja honesto com o cliente e consigo mesmo;

6. Mude de opinião quando perceber que está errado;


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RESERVADO
RESERVADO
7. Seja pontual nos horários de trabalho e compromissos;

8. Respeite a opinião do cliente, por mais estranha que pareça;

9. Atualize-se na sua profissão constantemente.

O jogo do detetive

Este jogo dá início a sua vida de Detetive.

Comece verificando o seu próprio estilo de se vestir: esportivo, social,

dependendo com que tipo de cliente você vai tratar.

Observe também como você decora o seu apartamento ou a sua casa. Que

cores, comidas, filmes, músicas e livros você gosta. Enfim, todos os inúmeros

detalhes e preferências.

Olhe em volta da sua casa ou nos quartos, como se você fosse um detetive

tentando descobrir quem vive na casa. É como se você estivesse aprendendo

sobre um estranho: você vai seguindo as pistas e examinando as impressões

digitais de um indivíduo único, que é você.

Olhe os armários, a cozinho, os móveis, os tapetes, as cortinas, os quadros

na parede, a comida da geladeira, as cores, o estado da bagunça ou da ordem, o

uso de espaço.

Faça um relatório das características das coisas e interesses que você

encontrar.

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RESERVADO
RESERVADO
Por um instante, você vai se perguntar: a pessoa que vive aqui é organizada

ou desorganizada? Social ou solitária? Sensual ou intelectual? Um pouco de tudo?

Gosta de ler ficção ou história? Prefere música clássica, eletrônica, ou as duas?

Pela mobília escolhida, essa pessoa prefere o rústico, com materiais naturais ou

com acabamento de primeira classe? A casa ou apartamento tem uma escultura

de centro ou um espaço central preferido como: a cozinha, a escrivaninha, a

lareira ou a copa? O que as roupas no armário dizem sobre essa pessoa? E por aí

a fora...

Quando tiver terminado de reunir todas as pistas que puder, sente-se e dê

uma olhada nos arquivos que você obteve: é um retrado de você mesmo.

Surpreso?

Veja agora alguns exemplos.

Elisabete, 28 anos, trabalha com programação de computadores, num


escritório que requer roupas elegantes e reservadas. Ela se acha eficiente e
arrumada. Quando sai nos fins de semana, ela gosta de se vestir de maneira
excêntrica e com charme – chapéus grandes, roupas espalhafatosas, capas e
lantejoulas. Quando olha para todos os vestidos de noite pendurados no
armário, ela se sente com Clark Kent olhando para a capa de super-homem.
Essas roupas acrescentam a ela uma segunda e secreta identidade, uma
atriz ou uma aventureira ousada e dramática, apaixonada por roupas e pelo
gestual.

Rosa, uma mulher de 38 anos, foi professora de inglês e nunca teve


uma visão pessoal de si mesma. Se você lhe perguntasse, ela diria que,
primeiramente, gosta de música e literatura e que não sabe nada sobre
pintura. Mesmo tendo coberto uma parede inteira com uma folha de cortiça
com fotos e cartões postais que revelam um instintivo senso de cor e design.
Ela o fez simplesmente porque achava que iam ficar legais na parede e isso a
61

RESERVADO
RESERVADO
fez se sentir bem. Ela nunca tinha pensado nisso. Só quando fez o jogo do
detetive viu como ela era, de fato, altamente visual e que precisava – e sabia
como – agradar seus próprios olhos.

Roberto, um contador que faz a maioria do trabalho em casa, planejou


seu próprio código de cores: um sistema de fácil e rápido acesso, no qual ele
nunca teria que pensar em nada que não fosse prático. Quando ele se olhou
com o olho de detetive, viu que as pistas mostravam lógica e ingenuidade, um
talento para organização e design.

João, com 45 anos, poeta, bacharel em literatura, em Nova Bréscia,


recorda-se que sua casa não tinha um só centro, mas dois: a biblioteca e a
cozinha. Seus temperos, na estante, eram cuidadosamente arrumados. Como
seus livros. Seus potes de cobre eram caprichosamente polidos. Como seus
sonetos. Ele teve que admitir: o homem que vivia ali podia ser considerado
mais social e sensual do que o eremita melancólico, que ele pensava ser.

O jogo do detetive, de certa forma, é um choque para a sua autoimagem.

No mínimo a enriquece. Seus gostos e escolhas revelam aspectos que você não

sabia que tinha. Se você pensa como uma pessoa comum, sem interesses ou

talentos especiais, esse exercício vai acabar, definitivamente, com essa ideia.

Você deve estar confuso só de pensar em como encaixar essas ideias em um

objetivo, um trabalho ou uma profissão de detetive. Não se preocupe com isso.

Agora o seu trabalho é se divertir descobrindo-as. Você precisa conhecer o seu

eu polivalente.

A mesma coisa vale se você for uma pessoa super objetiva. Seus estilo vai

servir como um depósito seguro para todos os seus outros talentos que você não

está usando no momento, como a habilidade visual de Rosa. É importante saber

que esses talentos estão lá. Você não precisa ser um diletante ou expandir o seu

62

RESERVADO
RESERVADO
eu. Mas você vai saber que a sua vida vai ser mais rica, sua energia mais

abundante, mais dons você pode.

O seu estilo é o lugar onde você estará sempre exercendo o seu poder de

criatividade para formar seu mundo de acordo com o seu design. Essa é a prova

de que você não perdeu o seu poder. Tudo que você precisa é permitir-se,

encorajar-se, guiar-se para descobrir um domínio desconhecido: sua própria vida,

o que você aprendeu a seu respeito e o que precisa para ser tudo aquilo que você

pode.

Esse exercício é um importante ensaio para uma vida nova no mundo real.

Quando você tiver escolhido um objetivo para alcançar – e essa é a sua próxima

tarefa de detetive – o mais importante é considerar tudo, tudo que possa ser

levado em consideração para uma investigação ser bem feita.

Que o seu objetivo seja tão grande como a vida e que você realmente lhe

dê valor – apaixonando-se pela sua profissão.

Você já sabe como quer que seus dias venham a ser, e com que roupas do

seu armário vai querer se vestir. Agora é hora de começar a transformar o seu

objetivo em técnica, para que você possa, realmente, colocar a sua ambição em

prática.

Sucesso!

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RESERVADO

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