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COLÉGIO ADVENTISTA DE IPATINGA

A CULTURA DO CANCELAMENTO

IPATINGA
2021
ANA CLARA SOUZA SILVA, BEATRIZ DE LIMA ROLIM E LUIS
HENRIQUE SILVA GUERRA

A CULTURA DO CANCELAMENTO

Trabalho apresentado na aula de


sociologia do Colégio Adventista
de Ipatinga

Orientadora: Sergineide Pereira dos


Santos Vieira

IPATINGA
2021
INTRODUÇÃO
Uma pessoa ser cancelada significa que ela fez ou disse algo errado, que não é tolerado
no mundo de hoje, em que muitas pessoas passaram por essa desconstrução social.
Algumas pessoas, no entanto, possuem vivências diferentes e não conseguiam enxergar
seus erros antes de terem sido rechaçadas na internet, sendo então essa punição uma
maneira de educar. Esta forma de cancelamento pode gerar debates sobre racismo,
preconceitos com determinadas classes sociais, xenofobia, homofobia, entre outras
intolerâncias. Mas o ato de cancelar também pode acontecer com coisas banais, como
falar mal de uma cantora pop muito famosa ou dizer que não gosta de algo muito
popular.
COMO SURGIU?
O “cancelamento” de maneira geral é algo presente na natureza humana e o ser humano
já pratica a cultura do cancelamento há centenas de anos. Na época da Inquisição as
pessoas queimavam outras pessoas em praça pública como forma de cancelamento.
Já o cancelamento que conhecemos hoje, que é praticado na internet, é mais atual. Um
movimento significativo para marcar o início da cultura do cancelamento foi o “#Me
Too”, que surgiu em 2017. No movimento atrizes de Hollywood expuseram seus
assediadores na internet usando a hashtag #Me Too. A cultura do cancelamento na
internet começou com uma boa causa, mas com o tempo tomou outro caminho.
O movimento "me too" trouxe muitos casos de abuso sexual e estupro em Hollywood
para a mídia, revelando as verdadeiras faces de grandes artistas que já foram intocáveis.
Mas para compreender os motivos de tantos cancelamentos, mesmo os mais triviais, não
devemos considerar apenas o castigo pelos problemas sociais, mas também a liberdade
que as plataformas digitais nos proporcionam, de forma a promover a concretização do
que é ideal.
COMO FUNCIONA O CANCELAMENTO
A pessoa se torna um famoso ou influencer digital, na maioria dos casos, e as pessoas
criam expectativas, como se eles fossem perfeitos, e não pudessem errar. As
expectativas são quebradas, com algum erro cometido do famoso,e acontece um
exposed, onde o erro é exposto e viraliza, então o cancelamento acontece, a audiência
ataca o influencer com xingamento e comentários maldosos, e na maioria dos casos as
marcas vinculadas ao influencer cancelam os contratos. Então ocorre o pedido de
desculpas, onde podem ocorrer várias coisas como: a pessoa continuar cancelada por
um período, dividir o público em que uns o perdoam e o defendem e a outra parte
continua com o cancelamento, ou a pessoa mostra que mudou, a audiência o perdoa e
ele volta a ganhar público.
Ocorre que, especificamente com relação à cultura do cancelamento, e ao contrário do
Direito em que há um devido processo legal para justificar uma punição ou não, o
“tribunal da Internet” não costuma oportunizar sequer o exercício do contraditório. Na
maioria das vezes, aliás, a cultura do cancelamento costuma ter efeitos imediatos, onde
a onda de boicote tem início tão logo o erro ou conduta tidos como reprováveis são
notados e expostos. Tal imediatismo, porém, traz à tona certa intolerância e muita
polarização, demonstrando assim que a sanção antecede a defesa. Dessa forma, o
ambiente virtual torna-se hostil, seletivo e, por vezes, injusto.
Nota-se que, a partir da constatação de erro ou conduta reprovável por um grupo de
pessoas, cria-se um movimento na rede social de exposição para que, não somente os
usuários deixem de “seguir” a pessoa ou de comprar determinada marca, por exemplo,
mas também para que parem de dar visibilidade ao trabalho de alguém ou determinada
empresa. Por meio da onda de ataque aos perfis em redes sociais, os efeitos são sentidos
em todos os aspectos: na vida pessoal de pessoas físicas que perdem trabalhos,
contratos, patrocínios e até desenvolvem problemas psicoemocionais, bem como na
atividade de empresas que deixam de realizar vendas, atender clientes, etc.
o “Tribunal da Internet” não realiza seus julgamentos com igualdade ou
proporcionalidade. Primeiro, porque deixa-se de discutir ideias e passa-se a discutir
pessoas ou empresas. Segundo, porque poucos preferem ouvir, entender e formar uma
opinião antes de atacar. Terceiro, porque outras pessoas ou empresas envolvidas em
situações análogas, por exemplo, não sofrem sanções na mesma intensidade que as
“canceladas”. Quarto, porque, no mundo virtual, é muito tênue a linha entre a crítica
construtiva e o ataque revestido ofensas.
O que se extrai de interessante desta dicotomia na cultura do cancelamento é que, não
apenas comportamentos reprováveis são objeto da onda de boicote, mas também
opiniões contrárias sobre determinados temas. E em que pese a liberdade de expressão
seja um direito fundamental, isso acontece porque muitos usuários ao se depararem com
divergências, ao invés de promoverem um debate saudável, dão lugar à cultura do
cancelamento, boicotando pessoas físicas ou jurídicas.
Acontece que, além do mero “cancelamento”, os ataques virtuais tornam-se
massificados e, por muitas vezes, extrapolam os limites da livre manifestação de
pensamento de modo a ensejar, de fato, um linchamento virtual que, mesmo revestido
de boa intenção, pode provocar uma propagação de discurso de ódio e ainda, incorrer
em crimes como injúria ou difamação. Em situações como esta, o “cancelado” que não
encontra formas de se justificar sobre o ocorrido em tempo de reparar sua imagem,
acaba por adotar medidas judiciais em face daqueles que propagaram ofensas,
divulgaram informações eventualmente falsas e coisas do tipo.
A cultura do cancelamento, portanto, que teve origem em um movimento que promovia
denúncia e discussão de temas relevantes, hoje em dia acaba acarretando o descarte do
debate saudável, impondo, de forma imediata, a sanção ao agente, sem viabilizar a
defesa prévia ou eventual aprendizado, uma vez que não possui viés de educar e
reintegrar, mas apenas excluir. E ainda que tal movimento tenha maior relevância
quando nos referimos a pessoas ou empresas de notoriedade pública, é certo que atinge
pessoas anônimas que, a partir de eventual erro ou conduta reprovável, podem ser
igualmente “canceladas” por um grupo
CONCLUSÃO
no início a cultura do cancelamento tinha objetivo de punir os erros e acolher os
oprimidos, como em casos de racismo, LGBTQfobia, machismo, entre outros, mas
atualmente não está sendo bem assim, está sendo uma cultura cercada de hipocrisia e
intolerância, pois estão usando do cancelamento para calar e desmerecer opiniões
diferentes da sua, não tolerando o erro e a diferença humana se tornando cada vez mais
incoerentes com a premissa inicial
ANEXO
Gabriela Pugliesi pode ter prejuízo de até R$ 3 milhões por festa na quarentena

Influenciadora perdeu diversos contratos publicitários por causa de festa com amigos
que 'furou' o isolamento social; pesquisa aponta

Gabriela Pugliesi pode perder muito dinheiro por causa da festa que a influenciadora
fez, quebrando a quarentena e contrariando as orientações da OMS para evitar a
contaminação pelo coronavírus.
A influenciadora perdeu mais de oito contratos publicitários, com marcas como HOPE,
Baw, LBA, Body For Sure, Desinchá, Evolution Coffee, Rappi, Mais Pura e Liv Up.
Além disso, outras companhias que já tinham contratado Gabriela no passado, como
Kopenhagen, Ambev e Fazenda Futuro, já se pronunciaram dizendo discordar de suas
atitudes e não a enxergar mais como uma futura parceira de trabalhos.com a repercussão
da festa que fez quebrando a quarentena.
Segundo divulgou a revista Forbes, um estudo feito pela BRUNCH, agência que
gerencia a carreira de influenciadores digitais como MariMoon, Nath Finanças,
Blogueira de Baixa Renda e Dora Figueiredo, calculou que as perdas de Pugliesi podem
chegar a R$ 3 milhões com as quebras de contrato, que podem configurar, inclusive,
pagamento de multas.
ENTENDA O CASO
Na noite de sábado (25), Gabriela Pugliesi recebeu amigos em casa e postou fotos e
vídeos nos stories, mas apagou alguns dos registros depois de receber críticas nas redes
sociais. Porém, a festa se tornou assunto e a cobrança do público fez a influenciadora
perder contratos publicitários por ter quebrado a regra do isolamento social. Gabriela
chegou a fazer um vídeo pedindo desculpas pelo comportamento, mas as marcas não
mudaram o posicionamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2020/09/o-que-a-cultura-do-
cancelamento-diz-sobre-o-mundo-em-que-estamos-vivendo-
ckf76bwn6006q014vxtkkl7qk.html
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/03/21/cancelamento-nao-e-boa-
forma-de-apontar-erros-como-afeta-a-saude-mental.htm
https://www.migalhas.com.br/depeso/331363/o--tribunal-da-internet--e-os-efeitos-da-
cultura-do-cancelamento
https://flaviomuniz.com.br/cultura-do-cancelamento-como-surgiu-e-do-que-se-trata/
https://canaltech.com.br/comportamento/o-que-e-cultura-do-cancelamento-164153/
https://revistaquem.globo.com/QUEM-News/noticia/2020/05/gabriela-pugliesi-pode-
ter-prejuizo-de-ate-r-3-milhoes-por-festa-na-quarentena.html

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