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CQPS EVPMERJ
CAS
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
DE SARGENTO - EAD 2015
SOCIOLOGIA JURÍDICA
1- A Sociologia na História
2- Sociologia Jurídica
2.1- Conceitos
3- Processo Social
4- Pluralismo Jurídico
5- Cidadania
6- Considerações Finais
INTRODUÇÃO
Caro aluno, nesta apostila veremos a importância do estudo da sociologia para o profissional
de Segurança Pública, uma vez que esta tem como objeto de estudo a sociedade, o seu
processo de constituição e as relações humanas.
A Sociologia Jurídica busca descrever e explicar o fenômeno jurídico como parte da vida
social, encarando o direito não como um conjunto de normas, mas como um conjunto de ações
reais de seres humanos.
1 -A Sociologia na História
O século XVIII pode ser considerado um período de grande importância para a história
do pensamento ocidental e para o início da Sociologia. A sociedade vivia uma era de mudanças
de impacto em sua conjuntura política, econômica e cultural, que traziam novas situações e
também novos problemas, consequentemente esse contexto dinâmico e confuso contribuiu
para eclodirem duas grandes revoluções – a Revolução Industrial, na Inglaterra e a Revolução
Francesa.
A Revolução Industrial foi por muitas vezes analisada de forma superficial, como a
simples introdução da máquina a vapor nas fábricas e manufaturas, além do aperfeiçoamento
das técnicas produtivas. Existe, porém, outra faceta da realidade – a Revolução Industrial
significou o triunfo da indústria capitalista e da classe minoritária detentora dos meios de
produção e do capital. Grandes massas de trabalhadores foram submetidas ao que impunha o
sistema – novas formas de relação de trabalho, longas e cansativas jornadas nas fábricas e
salários de subsistência – a fim de satisfazer os interesses econômicos dos empresários. Um dos
fatos de maior relevância foi o surgimento do proletariado, classe trabalhadora com importante
papel histórico na sociedade capitalista.
Pensadores como Owen, William Thompson, Jeremy Bentham podiam ter opiniões
diferentes em relação a alguns aspectos da Revolução Industrial, mas eram unânimes em
afirmar que a mesma criara novos fenômenos, sendo dignos de serem estudados. Diante do
exposto, a Sociologia foi se estabelecendo e se consolidando como se fosse uma resposta
intelectual às novas condições de existência – a situação do proletariado, a estrutura das
cidades industriais, aos avanços tecnológicos e a organização do trabalho nas fábricas –
originadas pela Revolução Industrial.
2- SOCIOLOGIA JURÍDICA
Vimos que a Sociologia Jurídica é um ramo da sociologia que busca descrever e explicar
o fenômeno jurídico como parte da vida social. Onde o direito é encarado não como um
conjunto de normas, mas como um conjunto de ações reais de seres humanos.
Dentre os principais autores que contribuíram para a construção deste ramo da
sociologia contam-se:
- Max Weber: dedica um capítulo de sua obra “economia e sociedade” à sociologia do direito.
- Émille Durkheim: apresenta um estudo do direito de um ponto de vista empírico-causal,
distinto da visão normativa dos juristas em obras como “A divisão social do trabalho e Lições de
sociologia”.
- Eugen Erhlich: autor de um dos mais importantes estudos em sociologia do direito, no qual
busca apresentar seus fundamentos, potencialidades e método: “fundamentos de sociologia do
direito”.
2.1- CONCEITOS
Controle social - É a capacidade que uma sociedade tem de se autorregular, bem como
os meios que ela utiliza para induzir os seus membros à submissão aos seus padrões
estabelecidos. Esse tipo de controle parte da premissa de que a ordem é produto de
instituições, relações e processos sociais mais amplos. E não apenas por sistemas jurídicos e
suas sanções. O controle está baseado em valores relacionados com cada sociedade em
particular.
Valores Sociais - Sistemas de símbolos organizados dentro de idéias morais abstratas
sobre o que é bom e mau, certo e errado, etc. Os valores divergentes representam aspectos
fundamentais das variações na cultura humana.
Crime das Corporações - Delito cometido por grandes corporações na sociedade. Ex:
propaganda enganosa, poluição, etc.
3. PROCESSO SOCIAL
Processos sociais são as formas pelas quais os indivíduos se relacionam uns com os
outros, ou seja, as formas de estabelecer as relações sociais. Os processos sociais estão
presentes em toda a sociedade, por exemplo: quando um grupo de pessoas se organiza para
limpar uma casa; quando uma pessoa assimila, mesmo que inconscientemente, a forma de falar
de outra; quando um país entre em guerra com outro; etc.
Se partirmos do pressuposto de que cada indivíduo é singular, ou seja, cada um possui
suas próprias crenças, valores e ideologias em relação a tudo ao seu redor, juntamente com
suas heranças culturais, concluímos que os tipos de processos sociais estabelecidos entre as
pessoas dependerá de cada um. A tendência natural dos seres vivos é de se associarem e
desassociarem conforme seus interesses.
Os processos sociais se distinguem em associativos, quando os indivíduos estabelecem
relações positivas, de cooperação e de consenso; e dissociativos, quando as relações
estabelecidas são negativas, de oposição, de divergência, etc.
Os processos associativos são: cooperação, acomodação e assimilação. Na cooperação
diferentes indivíduos cooperam entre si para alcançar um objetivo em comum. A acomodação
é o processo onde um indivíduo se contenta, sem satisfação, com a situação que é imposta por
um outro indivíduo ou pela sociedade. Assimilação é o processo que ocorre quando indivíduos
de grupos antagônicos se tornam semelhantes.
Entre os processos dissociativos estão: competição e o conflito. A competição é a
disputa de interesses entre indivíduos ou grupos sociais, regulada por “normas”, não havendo
formas de violência ou força bruta. Diferentemente da competição, que não faz uso de meios
violentos para a conquista do objetivo; o conflito é o processo que ocorre quando a competição
ganha um grau de alta tensão social, podendo haver inclusive, violência ou ameaça de violência.
4. PLURALISMO JURÍDICO
Assim é que, por exemplo, em sua Introdução Histórica ao Direito, JOHN GILISSEN observa: "nos
países coloniais, nos fins do século XIX e até os meados do século XX, existiam geralmente dois
sistemas jurídicos, um do tipo europeu (common law nas colônias inglesas e americanas, direito
romanista nas outras colônias) para os não indígenas e, por vezes, para os indígenas evoluídos, e
outro do tipo arcaico para as populações autóctones (...) No fim do período colonial (1960-
1975) Portugal tinha feito das suas colônias africanas províncias e tinha tentado integrar os
diversos sistemas jurídicos. Mas, apesar destes esforços, o pluralismo jurídico está longe de ter
desaparecido de fato."
5. CIDADANIA
A história da cidadania se confunde intensamente com a história das lutas pelos direitos
humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; por conseguinte, é um
referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos,
maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às
dominações arrogantes, seja do próprio Estado, ou de outras instituições ou pessoas que não
desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não
se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena, cuja conquista,
ainda que tardia, não será obstada. Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos.
Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais.
Mas este é apenas um dos lados da moeda.
Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão precisa ser cônscio das suas
responsabilidades, enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a
coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos precisam ceder sua
parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final e coletivo: a justiça em seu
sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente material teve como objetivo facilitar a compreensão das relações que se
estabelecem em nossa sociedade, já que quanto mais entendemos estas relações, mais
conscientemente desempenharemos o nosso trabalho.
Cada indivíduo possui suas heranças culturais, crenças e valores, que devem ser levados
em conta, principalmente por profissionais que lidam diretamente com interesses individuais e
coletivos.
Na sociologia jurídica o direito deve ser encarado como uma forma de facilitar e regular
as relações. Partindo destas concepções, os profissionais de Segurança Pública poderão avançar
qualitativamente no exercício de suas profissões.
FIM