O documento discute duas visões sobre a surdez: a visão clínica, que vê a surdez como uma deficiência, e a visão sócio-antropológica, que considera a surdez como uma diferença e vê a língua de sinais como natural. A visão clínica busca a normalização através de tratamentos, enquanto a visão sócio-antropológica não vê necessidade de adaptação à língua oral. O documento também discute as diferenças linguísticas e culturais entre a comunidade surda
O documento discute duas visões sobre a surdez: a visão clínica, que vê a surdez como uma deficiência, e a visão sócio-antropológica, que considera a surdez como uma diferença e vê a língua de sinais como natural. A visão clínica busca a normalização através de tratamentos, enquanto a visão sócio-antropológica não vê necessidade de adaptação à língua oral. O documento também discute as diferenças linguísticas e culturais entre a comunidade surda
O documento discute duas visões sobre a surdez: a visão clínica, que vê a surdez como uma deficiência, e a visão sócio-antropológica, que considera a surdez como uma diferença e vê a língua de sinais como natural. A visão clínica busca a normalização através de tratamentos, enquanto a visão sócio-antropológica não vê necessidade de adaptação à língua oral. O documento também discute as diferenças linguísticas e culturais entre a comunidade surda
Disciplina: Comunicação em Língua Brasileira de Sinais (LIB038)
Instituição: Universidade Federal do Paraná Docente: Brenno Barros Douettes
Resumo das Aulas online 05 e 06 UNIVESP / Disciplina LIBRAS
(LBS-001) As aulas número 05 e 06 do curso de Libras da UNIVESP tratam das visões sobre a surdez e as suas consequências e implicações. Os textos bases utilizados são: “O implante coclear em questão: benefícios e problemas, promessas e riscos” de Fernando César Capovilla, “Educação & Educação. Abordagens Sócio- Antropológicas em Educação Especial” de Carlos Bernardo Skliar.
A primeira discussão levantada é a respeito da surdez e as suas
causas, que incluem: a idade, fatores genéticos e fatores ambientais. De acordo com o professor Capovilla existem 3 grandes tipos de causas ambientais. Infecções, toxinas e traumas. Existe também uma diferença em como a surdez se manifesta nas pessoas, ou seja, existem pessoas com variado grau de perda auditiva. O limiar auditivo é mensurado em decibéis, e pode também ser dividido pelo grau de impacto que ele tem no desenvolvimento da fala. Os aparelhos auditivos aumentam a intensidade do som, mas não remediam perdas severas ou profundas. Tecnicamente, chamamos de surdo pessoas que apresentam perda severa ou profunda (65 a 90 dB). Existe também uma classificação em relação à aquisição da fala e o momento de aquisição da surdez: a surdez pode ser pré-linguística, peri-linguística ou pós-linguística. Tendo posto estes fatores, o professor nos apresenta as visões majoritárias da surdez: Visão Clínica da Surdez: Esta visão leva em consideração aquilo que o surdo não tem em relação à comunidade ouvinte. Portanto, a surdez é vista como uma deficiência/desvantagem na audição. Esta perspectiva advoga pela normalização das pessoas surdas, ou seja, ela busca a correção da deficiência ou, ao menos, a compensação da deficiência. Seja por meio de treinos específicos, ou por procedimentos clínicos. Critica-se esta visão da surdez por enxergar a fala como a única manifestação possível de linguagem humana. Afinal a linguística já demonstrou que as línguas de sinais são uma língua natural, e, portanto, a linguagem humana é capaz de se manifestar de outras formas. Além disso, a avaliação da cognição de pessoas surdas, quando feita através da língua oral, não reflete as suas verdadeiras capacidades, pois estão sendo avaliadas fora de sua língua materna. A perspectiva clínica da surdez muitas vezes se coloca em contraste com a visão que os próprios surdos têm da surdez. Visão Sócio-Antropológica da Surdez:
“A comunidade surda se origina em uma atitude diferente frente ao
deficit, já que não leva em consideração o grau de perde auditiva de seus membros” (Skliar, 2001)
Esta visão considera as línguas de sinais como naturais, e, portanto,
a comunidade surda não precisa se adaptar a língua da comunidade majoritária. O bilinguismo não é necessário. E, dessa forma, o surdo não é definido como um deficiente mas como um diferente, classificando-o como um membro de uma minoria linguística. Ao adotar essa perspectiva, as instituições de ensino para surdos deixam de ser unidades de tratamento de pacientes e passam a focar no desenvolvimento acadêmico de seus alunos.
Visto isso, o professor André Xavier nos apresenta as diferenças
linguísticas e culturais da comunidade surda no Brasil e no mundo, baseado no capítulo 3 do livro “Aprender a Ver”, dos professores Sherman Wilcox e Phyllis Wilcox. No Brasil, a comunidade surda vive em um bilinguismo forçado, por conta da legislação que oficializa Libras, mas determina que ela não pode substituir o português na modalidade escrita. Libras e Português são línguas diferentes primariamente porque são de modalidades diferentes. A primeira é gestual-visual(gesto/visão), enquanto a segunda é oro-auditiva (vocal/auricular). Mas existem também diferenças de ordem lexical e principalmente de ordem morfológica e sintática. A lei de Libras também alerta que, para os surdos, o português é de fato uma segunda língua, e, portanto, em um momento de correção de seus textos escritos devemos privilegiar o conteúdo e não a forma, pois a noção sintática e morfológica do português escrito é mais distante para eles. A comunidade surda e a comunidade ouvinte também possuem grandes diferenças culturais, pois compreendem e avaliam o mundo a partir de valores diferentes. O professor André Xavier exemplifica isso com um clipe de uma peça de teatro de surdos norte-americanos, que foi analisada pelo professor Wilcox. Nela os ouvintes são caracterizados como pessoas com olhos pálidos e fracos, com faces congeladas, com bocas que se movem sem parar, e que tem medo do toque. Isto é claramente, não uma representação de como os ouvintes realmente são, mas como os surdos os enxergam e percebem as suas diferenças. Podemos inferir então, através dessa análise, os diferentes valores que a comunidade possui em relação as expressões faciais.