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Aluno: Guilherme Luis Silva Busato

Disciplina: Comunicação em Língua Brasileira de Sinais (LIB038)


Instituição: Universidade Federal do Paraná
Docente: Brenno Barros Douettes

Resumo das Aulas online 05 e 06 UNIVESP / Disciplina LIBRAS


(LBS-001)
As aulas número 05 e 06 do curso de Libras da UNIVESP tratam
das visões sobre a surdez e as suas consequências e implicações. Os textos bases
utilizados são: “O implante coclear em questão: benefícios e problemas, promessas e
riscos” de Fernando César Capovilla, “Educação & Educação. Abordagens Sócio-
Antropológicas em Educação Especial” de Carlos Bernardo Skliar.

A primeira discussão levantada é a respeito da surdez e as suas


causas, que incluem: a idade, fatores genéticos e fatores ambientais. De acordo com o
professor Capovilla existem 3 grandes tipos de causas ambientais. Infecções, toxinas e
traumas.
Existe também uma diferença em como a surdez se manifesta nas
pessoas, ou seja, existem pessoas com variado grau de perda auditiva. O limiar auditivo é
mensurado em decibéis, e pode também ser dividido pelo grau de impacto que ele tem no
desenvolvimento da fala.
Os aparelhos auditivos aumentam a intensidade do som, mas não
remediam perdas severas ou profundas. Tecnicamente, chamamos de surdo pessoas que
apresentam perda severa ou profunda (65 a 90 dB).
Existe também uma classificação em relação à aquisição da fala e o
momento de aquisição da surdez: a surdez pode ser pré-linguística, peri-linguística ou
pós-linguística.
Tendo posto estes fatores, o professor nos apresenta as visões
majoritárias da surdez:
Visão Clínica da Surdez:
Esta visão leva em consideração aquilo que o surdo não tem em
relação à comunidade ouvinte. Portanto, a surdez é vista como uma
deficiência/desvantagem na audição. Esta perspectiva advoga pela normalização das
pessoas surdas, ou seja, ela busca a correção da deficiência ou, ao menos, a
compensação da deficiência. Seja por meio de treinos específicos, ou por procedimentos
clínicos.
Critica-se esta visão da surdez por enxergar a fala como a única
manifestação possível de linguagem humana. Afinal a linguística já demonstrou que as
línguas de sinais são uma língua natural, e, portanto, a linguagem humana é capaz de se
manifestar de outras formas. Além disso, a avaliação da cognição de pessoas surdas,
quando feita através da língua oral, não reflete as suas verdadeiras capacidades, pois
estão sendo avaliadas fora de sua língua materna.
A perspectiva clínica da surdez muitas vezes se coloca em
contraste com a visão que os próprios surdos têm da surdez.
Visão Sócio-Antropológica da Surdez:

“A comunidade surda se origina em uma atitude diferente frente ao


deficit, já que não leva em consideração o grau de perde auditiva de
seus membros” (Skliar, 2001)

Esta visão considera as línguas de sinais como naturais, e, portanto,


a comunidade surda não precisa se adaptar a língua da comunidade majoritária. O
bilinguismo não é necessário. E, dessa forma, o surdo não é definido como um deficiente
mas como um diferente, classificando-o como um membro de uma minoria linguística. Ao
adotar essa perspectiva, as instituições de ensino para surdos deixam de ser unidades de
tratamento de pacientes e passam a focar no desenvolvimento acadêmico de seus
alunos.

Visto isso, o professor André Xavier nos apresenta as diferenças


linguísticas e culturais da comunidade surda no Brasil e no mundo, baseado no capítulo 3
do livro “Aprender a Ver”, dos professores Sherman Wilcox e Phyllis Wilcox.
No Brasil, a comunidade surda vive em um bilinguismo forçado, por
conta da legislação que oficializa Libras, mas determina que ela não pode substituir o
português na modalidade escrita. Libras e Português são línguas diferentes
primariamente porque são de modalidades diferentes. A primeira é
gestual-visual(gesto/visão), enquanto a segunda é oro-auditiva (vocal/auricular). Mas
existem também diferenças de ordem lexical e principalmente de ordem morfológica e
sintática.
A lei de Libras também alerta que, para os surdos, o português é de
fato uma segunda língua, e, portanto, em um momento de correção de seus textos
escritos devemos privilegiar o conteúdo e não a forma, pois a noção sintática e
morfológica do português escrito é mais distante para eles.
A comunidade surda e a comunidade ouvinte também possuem
grandes diferenças culturais, pois compreendem e avaliam o mundo a partir de valores
diferentes.
O professor André Xavier exemplifica isso com um clipe de uma
peça de teatro de surdos norte-americanos, que foi analisada pelo professor Wilcox. Nela
os ouvintes são caracterizados como pessoas com olhos pálidos e fracos, com faces
congeladas, com bocas que se movem sem parar, e que tem medo do toque.
Isto é claramente, não uma representação de como os ouvintes
realmente são, mas como os surdos os enxergam e percebem as suas diferenças.
Podemos inferir então, através dessa análise, os diferentes valores que a comunidade
possui em relação as expressões faciais.

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