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A Andorinha e a Coruja

Suspenso num dos galhos da maior e mais imponente árvore daquele bosque, o ninho da
Andorinha recebia os últimos reparos: era mãe de primeira viagem e seus filhotes mal haviam
quebrado a casca do ovo. Dia e noite, fosse sob o sol abrasador ou sob a mais violenta
tempestade, não importando o quão forte estivesse a ventania, lá estava ela, voando de um
lado para o outro enquanto carregava, no bico, novos materiais para aprimorar sua
construção.

Com tamanho empenho impressionava-se a Coruja, que contemplava o trabalho da Andorinha


de sua cavidade num tronco vizinho. Um dia, curiosa, perguntou-lhe:

- Por que você trabalha tanto, Andorinha? Não seria melhor aproveitar o tempo para cuidar de
seus filhotes antes que eles se tornem adultos? O tempo voa tão rápido quanto você hoje em
dia.

- Se eu não trabalhar para fornecer uma melhor qualidade de vida para eles, quem o fará?
Afinal, você bem sabe que o pai desapareceu poucos dias depois de os ovos terem chocado.

- A propósito, por qual motivo ele abandonou a própria família?

- Algo sobre eu não aproveitar a vida e dar mais atenção ao trabalho do que aos nossos
filhotes. Não consigo entender o que se passa na cabeça dos machos!

O tempo passou, os filhotes tornaram-se adultos e, um a um, foram despedindo-se da mãe;


esta, mesmo cansada pela idade, continuava a trabalhar para melhorar sua moradia, uma das
mais bonitas do bosque e motivo de inveja de todas as aves. A Coruja, então, compreendeu
que a Andorinha não era movida somente pelo bem-estar dos filhotes, mas também pelo
desejo de ser bem-vista devido ao sucesso de seu projeto arquitetônico. Nesse caminho,
perdera os amigos – exceto a Coruja, sua eterna companheira –, o parceiro e os filhotes, o que
veio a provocar-lhe profundo arrependimento.

Não demorou para que a Andorinha piasse pela última vez, ali mesmo no galho da imponente
árvore, angustiada pela esmagadora solidão e consolada pela Coruja, que pensava: “Eu bem
que avisei”.

Moral: Muitas vezes, cegados pelo sucesso profissional e financeiro, deixamos de aproveitar o
momento presente com os amigos e a família, mas, quando a planta da vida é ceifada pelo
destino, descobrimos que todo o esforço foi em vão.

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