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Aula
04
O REALISMO EM
PORTUGAL
Caros(as) alunos(as),
Esta é a nossa quarta aula. Já sabemos como ocorreu o
Romantismo em Portugal e no Brasil. Portanto, agora é a hora de
persistirmos em nossa caminhada e irmos em direção ao período que
se segue: o Realismo. Mais uma vez, nosso percurso se dividirá entre
teórico e literário, possibilitando-nos uma visão de como o Realismo
era inserido na Literatura.
Prontos(as) para mais uma etapa?
Objetivos de aprendizagem
Seções de estudo
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Fonte: <http://letteraliteratus.blogspot.com.br/2011/06/perturbacoes-do-seculo-xix-realismo.html>.
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Seu nome completo é José Maria Eça de Queirós e viveu entre 1845-
1900. Sem dúvida, é o principal escritor realista em Portugal. Suas obras eram
marcadas por uma profunda preocupação com a política e a sociedade de sua
época. Não atuou somente na literatura. É autor também da obra crítica “As
Farpas”. Participava, ainda, de debates, conferências e palestras.
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“O Primo Basílio”
Eça de Queirós
Capítulo III
[...]
Havia doze dias que Jorge tinha partido e, apesar do calor e da
poeira, Luísa vestia-se para ir a casa de Leopoldina. Se Jorge
soubesse não havia de gostar não. Mas estava tão farta de estar
só! Aborrecia-se tanto! De manhã ainda tinha os arranjos a
costura, a toalete, algum romance... Mas de tarde!
A hora em que Jorge costumava voltar do ministério, a solidão
parecia alargar-se em torno dela. Fazia-lhe tanta falta o seu
toque de campainha, os seuspassos no corredor!...
Ao crepúsculo, ao ver cair o dia, entristecia-se sem razão, caía
numa vaga sentimentalidade; sentava-se ao piano, e os fados
tristes, as cavatinas apaixonadas gemiam instintivamente
no teclado, sob os seus dedos preguiçosos, no movimento
abandonado dos seus braços moles. O que pensava em tolices
então! E à noite, só, na larga cama francesa, sem poder dormir
com o calor, vinham-lhe de repente terrores, palpites de viuvez.
Não estava acostumada, não podia estar só. Até se lembrara de
chamar a tia Patrocínio, uma velha parenta pobre que vivia em
Belém; ao menos eraalguém; mas receou aborrecer-se mais ao
pé da sua longa figura de viúva taciturna, sempre a fazer meia,
com enormes óculos de tartaruga sobre um nariz de águia.
Naquela manhã pensara em Leopoldina, toda contente de ir
tagarelar, rir, segredar, passar as horas do calor. Penteava-se em
colete e saia branca; a camisinha decotada descobria os ombros
alvos de uma redondeza macia, o colo branco e tenro, azulado
de veiazinhas finas; e os seus braços redondinhos, um pouco
vermelhos no cotovelo, descobriam por baixo, quando se erguiam
prendendo as tranças, fiozinhos louros, frisando e fazendo ninho.
A sua pele conservava ainda o rosado úmido da água fria; havia
no quarto um cheiro agudo de vinagre de toalete; os transparentes
de linho branco descidos davam uma luz baça, com tons de leite.
Ah! Positivamente devia escrever a Jorge, que voltasse
depressa! Que o que tinha graça era ir surpreendê-lo a Évora,
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Leituras
Que tal ler “O Primo Basílio”? é uma obra de domínio público, disponível no site
ao lado. SITES: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.
do?select_action&co_obra=2745
Filmes
Que tal conhecer a minissérie “Os Maias”, da Rede Globo? Você pode procurar
em locadoras locais.
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