Você está na página 1de 13

A INSERÇÃO DE JOGOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DE

ALUNOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

Ana Paula Marciano NOGUEIRA1


Graziela dos Santos Garotti SADOCO2
Larissa Mendes FONSECA3
RESUMO: Este trabalho aborda a utilização de jogos para facilitar o ensino aprendizagem dos alunos autistas.
Tal abordagem se faz necessária para evidenciar que esse é um desafio para a maioria dos professores, visto que
os alunos autistas enfrentam inúmeras dificuldades no ambiente escolar, na maioria das vezes são
incompreendidos e há muitos professores que estão despreparados para lidar com eles, no entanto, este desafio
pode e deve ser superado. O propósito deste estudo é apresentar estratégias que ligadas às metodologias ativas,
como por exemplo, os jogos educativos para facilitar o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes
diagnosticados com o transtorno do espectro autista, além de esclarecer algumas características e
particularidades dessa condição. Este propósito será conseguido mediante pesquisa de cunho qualitativo e
umestudo de caso. Esse estudo demonstrou a importância de buscar meios para que o aluno autista desenvolva
competências e habilidades de acordo com a sua capacidade a partir de métodos voltados a sua necessidade e que
os jogos são uma excelente ferramenta para tal. Ainda, evidenciou a questão de uma educação mais inclusiva de
fato, que aceite as diferenças e conscientize as pessoas de que a escola é de todos e para todos, portanto, deve-se
haver a adequação necessária para atender a todos, e assim, formar gerações mais preparadas para viver
plenamente, livremente, sem barreiras e sem preconceitos.

Palavras-chave: Autismo. Ensino-Aprendizagem. Jogos.

INSERTION OF GAMES IN THE TEACHING PROCESS OF STUDENTS WITH


AUTIST SPECTRUM DISORDER

Abstract: This paper addresses the use of games to facilitate the teaching learning of autistic students. Such an
approach is necessary to highlight that this is a challenge for most teachers, as autistic students face numerous
difficulties in the school environment, most of the time they are misunderstood and there are many teachers who
are unprepared to deal with them, however. , this challenge can and must be overcome. The purpose of this study
is to present strategies related to active methodologies, such as educational games to facilitate the teaching-
learning process of students diagnosed with autism spectrum disorder, as well as to clarify some characteristics
and particularities of this condition. This purpose will be achieved through qualitative and case study. The study
demonstrated the importance of finding ways for the autistic student to develop competences and skills
according to their ability based on methods geared to their needs. And yet, it highlighted the issue of a more
inclusive education in fact, one that accepts differences and makes people aware that the school is for everyone
and for everyone, so there must be the right fit to serve everyone, and so, forming generations better prepared to
live fully, freely, without barriers and without prejudice.

Keywords: Autism. Teaching-Learning. Games

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1Ana Paula Marciano Nogueira. 8º período de Pedagogia, Universidade Vale do Rio Verde.
anapaula.marcianonogueira@gmail.com
2 Graziela Sadoco. 8º período de Pedagogia, Universidade Vale do Rio Verde. grazielasdc@gmail.com
3
Larissa Mendes Fonseca. 8º período de Pedagogia, Universidade Vale do Rio Verde.
laarissameendescbqq@gmail.com
Este trabalho aborda estratégias para o ensino aos alunos diagnosticados com o
Transtorno do Espectro Autista (TEA) que frequentam o ensino regular, visto que nas escolas
é possível perceber atualmente o aumento de números de crianças que apresentam algum tipo
de dificuldade cognitiva. O objetivo é ressaltar as metodologias ativas, por exemplo, jogos
educativos, para facilitar o processo de ensino-aprendizagem dessas crianças.
Podemos mencionar a importância da formação do professor frente a essa condição no
ambiente escolar, de maneira a oferecer uma maior dinamicidade ao ensino através dos jogos,
propondo alternativas de inclusão e métodos para desenvolver uma aprendizagem
significativa nesse âmbito.
Diante das inúmeras dificuldades que alunos TEA enfrentam no ambiente escolar um
grande desafio para os professores está na metodologia que deve ser empregada, já que em
muitos casos, estes, não estão preparados para lidar, compreender e ensinar esse público.
Logo, a busca por uma política que garanta um ensino adequado a essas crianças
torna-se imprescindível, bem como a capacitação dos educadores, principalmente da educação
básica, e de estruturas físicas na sala de aula e na escola em geral que atendam melhor esse
grupo de estudantes.
A metodologia empregada para a realização deste estudo é de cunho qualitativo, por
meio de revisões bibliográficas e estudo de caso através da observação de dois alunos
diagnosticados com autismo no ensino regular, bem como uma pesquisa in loco mediante
entrevista com os profissionais responsáveis pela educação dos mesmos.

2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA): considerações pertinentes

Segundo a Cartilha de Direitos das Pessoas com Autismo (São Paulo, 2011) - o
Autismo é um Transtorno Global do Desenvolvimento (também chamado de Transtorno do
Espectro Autista), caracterizado por alterações significativas na comunicação, na interação
social e no comportamento da criança. Essas alterações levam a importantes dificuldades
adaptativas e aparecem antes dos três anos de idade, podendo ser percebidas, em alguns casos,
já nos primeiros meses de vida. As causas ainda não estão claramente identificadas, porém já
se sabe que o autismo é mais comum em crianças do sexo masculino independente da etnia,
origem geográfica ou situação socioeconômica.
Apesar de cada autista possuir características e graus diferentes, alguns
comportamentos são comuns entre eles:
O relacionamento com outras pessoas pode não despertar seu interesse;
Age como se não escutasse (ex. não responde ao chamado do próprio nome);
O contato visual com outras pessoas é ausente ou pouco frequente;
A fala é usada com dificuldade, ou pode não ser usada;
Tem dificuldade em compreender o que lhe é dito e também de se fazer
compreender;
Palavras ou frases podem ser repetidas no lugar da linguagem comum (ecolalia);
Movimentos repetitivos (estereotipias) podem aparecer;
Costuma se expressar fazendo gestos e apontando, muitas vezes não fazendo uso da
fala;
As pessoas podem ser utilizadas como meio para alcançar o que quer;
Colo, afagos ou outros tipos de contato físico podem ser evitados;
Pode não demonstrar envolvimento afetivo com outras pessoas;
Pode ser resistente a mudanças em sua rotina;
O que acontece a sua volta pode não despertar seu interesse;
Parece preferir ficar sozinho;
Pode se apegar a determinados objetos;
Crises de agressividade ou auto agressividade podem acontecer.
(SÃO PAULO, 2011, p. 3)

É importante ressaltar que apenas esses sinais não são suficientes para dar um
diagnóstico seguro e concreto sobre o TEA, é preciso haver um encaminhamento para uma
equipe multidisciplinar de médicos (psicólogos, neurologistas, psicopedagogos) para se ter
um diagnóstico definitivo. Quanto mais cedo é identificado, melhor são as intervenções que
irão ser aplicadas a criança durante todo seu desenvolvimento, para que auxilie a família
durante o processo na busca da autonomia e de uma melhor convivência social da criança,
pois chegar a um diagnóstico de autismo não é uma tarefa simples, o acompanhamento deve
ser contínuo para que de fato possa haver uma evolução.
Para fechar o laudo de autismo, os médicos usam a numeração do CID 10
(Classificação Internacional de Doenças), que deve ser acompanhado de um relato de
observação classificando o grau dos sintomas (leves, moderados ou severos) e se a pessoa tem
deficiência intelectual, deficiência na linguagem, catatonia (perturbação do comportamento
motor e do humor), se a causa médica é genética ou ambiental acompanhada de outros
transtornos neurológico, mental ou comportamental.

2.1 O Autista no contexto escolar

A Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012 institui a Política Nacional dos Direitos


da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (BRASIL, 2012) deixa claro que a criança com
TEA têm direito a frequentar o ensino regular como qualquer outra criança, tendo também o
direito a um acompanhante especializado às suas necessidades de acordo com o art. 3º
parágrafo único da mesma lei. O que reafirma o direito da criança e do adolescente em ter
acesso à educação, como forma de garantir seu pleno desenvolvimento como pessoa, preparo
para o exercício da cidadania e sua futura qualificação para o mercado de trabalho
restabelecido pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e demais direitos declarados
na Constituição de 1988. Ao pensar sobre a escola e a inclusão é relevante citar Mantoan
(2015, p. 39),
Quando garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola, a Constituição
Federal não usa adjetivos, assim, toda escola deve atender aos princípios
constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça,
sexo, cor, idade ou deficiência.

No ato da inclusão é indispensável à união de toda comunidade escolar, onde os


profissionais de atuação devem explorar convenientemente a capacidade do aluno perante sua
realidade e limitações através de práticas e métodos específicos de ensino escolar. Mantoan
(2015, p. 66) ainda afirma que
Uma escola distingue-se por um ensino de qualidade, capaz de formar pessoas nos
padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária quando
consegue: aproximar os alunos entre si; tratar as disciplinas como meios para
conhecer melhor o mundo e as pessoas que nos rodeiam; e ter como parceiras as
famílias e a comunidade na elaboração e no cumprimento do projeto político-
pedagógico.

Para tanto, os professores devem ser orientados e preparados tanto pedagógica quanto
psicologicamente, pois a sua postura diante do aluno influenciará diretamente em sua inclusão
no ambiente escolar. De fato, é importante que as crianças autistas participem integralmente
das atividades escolares, estas, podem ser adaptadas de maneira que elas se sintam mais
estimuladas.
É imprescindível o uso de materiais concretos e visuais personalizados para garantir a
efetiva aprendizagem e a inclusão do aluno autista.

2.2 Métodos para ensinar alunos autistas

Diferente do que pensam ensinar não é e nunca foi uma tarefa fácil. Exige muito
compromisso e inúmeras habilidades por parte do educador para que ele seja apto a relacionar
e articular os diversos fatores sociais, individuais, internos e externos que são influência em
todo o processo de ensino-aprendizagem.
Em se tratando do ensino a alunos autistas, é essencial estimular a independência em
suas atividades, segundo Silva; Gaiato; Reveles (2012, p.58),
Cabe ao professor fazer uma aliança com os pais para elaborar novos desafios para a
criança, que possam ser praticados em casa e na escola: comer sozinha, por
exemplo. Isso possibilita que ela pratique o que aprendeu em ambientes diferentes.
As práticas pedagógicas devem considerar as limitações do aluno autista, mas ao
mesmo tempo incentivar a superação das dificuldades. É de extrema importância que haja
rotinas de trabalho, desde a arrumação da sala, o lugar aonde ele vai se sentar, a maneira de se
escrever no quadro, enfim, pois os autistas possuem aversão a quaisquer mudanças bruscas.
Também, a postura do professor ao se dirigir à criança com autismo tem que ser estabelecida
através de contato visual, o mesmo, deve se colocar à sua altura (olhos nos olhos) de maneira
a despertá-la, aumentando as chances de que ela entenda suas orientações, as perguntas, por
sua vez, devem ser diretas, claras, objetivos e com vocabulário simplificado. Silva, Gaiato,
Reveles (2012, p. 56) instruem que se
Procure saber quais são os reais interesses do aluno com autismo e prepare materiais
e atividades com esses temas. Isso fará com que ele se sinta mais estimulado em
aprender, além de melhorar o vínculo entre aluno e professor. Sempre que possível,
utilize o máximo de material visual ou concreto, mostre figuras e gravuras no
decorrer das explicações, e proporcione ao aluno vivências práticas em que ele possa
experimentar as coisas. Associe o aprendizado ao maior número possível de
estímulos concretos.

E ainda, segundo os autores (2012),


Quando nos referimos a crianças com autismo, é importante sempre estarmos
atentos a suas preferências. Se ela gosta de copiar e desenhar, podemos, por meio
disso, direcioná-las a atividades complementares. Precisamos encontrar uma forma
de ativar as possibilidades de aprender, utilizando os recursos disponíveis (SILVA,
GAIATO, REVELES, 2012, p. 59).

Estas e outras tantas metodologias são apenas algumas opções de como proceder no
ensino dos autistas, porém, é função do professor ter um olhar sensível para avaliar aquilo que
realmente funciona ou não neste processo de ensino, auxiliando para que a aprendizagem
ocorra verdadeiramente. Pois, quanto mais segurança a criança sentir com seus professores,
maior a possibilidade de produzir novas aprendizagens, isto é, quaisquer que sejam as
metodologias adotadas, a aprendizagem somente ganhará dimensão no momento em que a
interação aluno autista e professor acontecer de forma profunda e relevante.
Embora contribuir para a educação do autista não seja um papel único e exclusivo do
educador, a sua representação e a relação estabelecida é imprescindível para o sucesso e a
qualidade do ensino.

2.2.1 Jogos
Os jogos são propícios para a aquisição de novos conhecimentos e também para a
formação de inúmeras capacidades, tais como: linguagem, percepção, memória, raciocínio,
imaginação, confiança, talento e auxílio na resolução de problemas, desenvolvendo a lógica e
o senso comum da criança, inclusive, os jogos ainda ampliam as suas habilidades manuais e a
mobilidade, uma vez que também colaboram para o desenvolvimento físico e mental.
É evidente que os jogos, de maneira geral, tornam a aprendizagem mais leve e
divertida para todos os alunos, inclusive autistas, pois provoca curiosidade, prende-lhes a
atenção, auxilia na resolução de problemas, criação de estratégias para atingir determinados
objetivos, além de contribuir no bom comportamento e cumprimento das regras. Segundo
Medeiros,
Os jogos constituem um recurso privilegiado para a aprendizagem, e quando são
bem utilizados, ampliam possibilidades de compreensão através de experiências
significativas. Além disso, os jogos por seu caráter coletivo permitem que os alunos
autistas troquem informações, façam perguntam e explicitem suas ideias e
estratégias avançando em seu processo de aprendizagem e comunicação.
(MEDEIROS, 2011 apud SARMENTO 2017, p.9).

Diante disso, como os jogos podem ser usados como instrumento facilitador no
processo de ensino aprendizagem, especificamente, dos alunos com transtorno do espectro
autista? A aplicação dos jogos educativos deve estar inserida em uma situação de ensino
contextualizada e possuir objetivos pedagógicos, para que o ensino a aprendizagem ocorrade
forma eficiente.

2.3 Relato das observações

A pesquisa foi realizada no colégio X3, a partir da observação em classe sob regência
das professoras V e N, respectivamente da educação infantil e ensino fundamental I, em um
período de três semanas. Foi possível analisar as metodologias utilizadas pelas professoras,
que sempre buscam explorar as particularidades desses alunos e sua aprendizagem
principalmente por meio de atividades práticas.
Entre os alunos observados está um menino de cinco anos, matriculado na turma do 2°
período, que aqui chamaremos de João. João foi diagnosticado com Transtorno do Espectro
Autista, sua maior dificuldade é em se comunicar. Com relação ao aspecto cognitivo
(aprendizagem) desse aluno, ele encontra-se no nível pré-silábico: identifica quase todas as
letras do alfabeto e faz a associação da letra à figura, faz movimento de pinça e segura o lápis
corretamente, identifica as cores primárias e as formas geométricas, reconhece os números em
sua sequência de 1 a 10; porém não relaciona quantidade ao numeral, consegue realizar
atividade de encaixe, gosta de atividades com massinha e gosta de pintura.

3Por questões de caráter ético, para preservar a identidade da instituição, professores e alunos citados nessa
pesquisa foram usados denominações fictícias.
Já em relação às atividades pedagógicas realizadas em sala de aula, o aluno tem grande
dificuldade de compreensão, sendo necessário haver uma intervenção da professora a todo
momento com materiais didáticos para a realização da tarefa.
No que se refere à interação social, o aluno ainda não desenvolveu hábitos e atitudes
de socialização por vontade própria; mas demonstra sentimentos afetivos quando estimulado.
Para facilitar essa socialização a professora V sempre incentiva brincadeiras entre João e os
colegas, inclusive em horários livres onde as crianças usam o parque do colégio.
Também foi observada uma menina de sete anos completos, matriculada no 2º ano
ensino fundamental I diagnosticada clinicamente com TEA. De maneira a proteger sua
identidade não usaremos o nome real desta aluna, e sim um nome fictício, sendo este Luiza.
Luiza estuda no colégio X desde o ano anterior, portanto, acompanhou a mesma turma
com quem teve convívio durante o 1º ano, o que facilitou a sua socialização em classe.
Conforme observações, ela apresenta muita desatenção e somente se concentra naquilo que a
interessa de fato, para realizar atividades escritas na apostila ou testes e provas faz-se
necessário que alguém a acompanhe sempre cobrando sua atenção e empenho, uma vez que
ela se distrai facilmente com os seus próprios objetos: estojo, régua, borracha, cola, lápis, etc.
Ela os empilha sobre a mesa de maneira a criar formas e quando questionada, ela
simplesmente os desmonta e tenta novamente se encontrar na atividade proposta, por vezes
ainda afirmando estar cansada e com sono. Durante os eventos que reúnem todos os alunos do
colégio, como apresentações onde geralmente há maior número de pessoas e aumento do
barulho, Luiza não se mostra interessada e às vezes até incomodada, pouco interagindo com
outras crianças, característica comum dos indivíduos autistas. Luiza lê muito bem, no entanto,
tem dificuldades na caligrafia e em qualquer atividade que envolva coordenação motora.
Na classe de maneira geral, constata-se que os demais alunos são gentis e solidários
com a colega Luiza, oferecendo ajuda e tratando-a com igualdade, o que é muito importante e
bonito da parte deles. A professora N, que também é psicopedagoga, trabalha muito com
metodologias ativas, jogos, brincadeiras, e músicas agregando toda a turma e Luiza não fica
de fora, mesmo com suas dificuldades e limitações, ela participa ativamente.

2.4 Apresentação e análise de dados


Para a veracidade dos dados observados, elaborou-se um questionário em que as
professoras se dispuseram a responder sobre sua experiência e práticas didáticas utilizadas
para atender esse público alvo e aos demais alunos, sem que haja uma segregação do ensino
em sala de aula.

Questionário – Projeto de Pesquisa

Entrevista – Professora V (Educação Infantil) e Professora N (Ensino Fundamental I).

Formação Professora V: Graduada em Formação Professora N: Pedagogia com


Pedagogia com especialização em Atendimento Administração Escolar e Matérias
educacional Especializada. Pós-graduada em Pedagógicas; Psicopedagoga Institucional e
Orientação, Supervisão e Inspeção escolar. Pós- Clínica.
graduada em Alfabetização e letramento com Tempo de atuação profissional: Dezoito
ênfase em psicopedagogia. anos.
Tempo de atuação profissional: Oito anos.

Pergunta Resposta Professora V Resposta Professora N

Os desafios do O aluno diagnosticado com Os desafios são consideráveis. Apesar


processo de inclusão autismo requer uma demanda das inúmeras abordagens a respeito
de uma criança com diferente dos outros, é preciso do processo inclusivo, de fato, ele se
autismo na escola. um olhar atento a este aluno. faz muito mais complexo. A prática
Como professora, o Acredito que um dos grandes será a única responsável para fazer
que você tem a desafios é a socialização deste com que o ensino-aprendizagem de
dizer? aluno, a sua inclusão no forma inclusiva se torne satisfatório e
ambiente escolar. positivo frente ao que foi visto na
teoria e formação. E lembre-se
sempre: a prática se dá no dia a dia.

Você, enquanto Sim, acredito que é muito Uma psicopedagoga que esteja como
professora, se importante utilizar de professora não conseguirá abrir mão
apropria de jogos e metodologias além do que é de jogos educativos. Toda professora
brincadeiras para comum e tradicional. deve utilizá-los independentemente de
favorecer o ser educação inclusiva, na qual
desenvolvimento também terá os objetivos alcançados
integral do educando de forma mais efetiva, considerando a
autista? geração da qual são parte integrante.
Metodologia ativa é a ferramenta de
trabalho do professor atualizado.

Cite alguns jogos e Mímica e quebra cabeça são Para tanto, é preciso levar em conta
atividades que você jogos dos quais mais utilizo. laudo deste aluno autista, perfil do
utiliza em sala de aluno em questão e da turma,
aula pensando na aplicabilidade do jogo em relação ao
inclusão e conteúdo, além, claro, da
aprendizagem do escolaridade. Na série em que sou
aluno autista. regente, ainda se trabalha muito o
pedagógico com suporte nas
estruturas da aprendizagem; muitas
cores, formas e material concreto,
com linguagens e ilustrações que
estimulam o desenvolvimento motor e
cognitivo. Quando necessário, realizar
adaptações.

Quais os resultados Observo que esses jogos Resultados muito mais significativos,
alcançados na desenvolvem a interação do coerentes e condizentes com a
utilização destes? aluno com os colegas e a sua demanda do aluno, seja ele autista ou
concentração. qualquer outra situação clínica, ou
ainda, com alguma dificuldade de
aprendizagem. Para tanto, o professor
deverá ter total domínio do jogo ou
metodologia, a fim de não
comprometer a eficiência do processo
de ensino-aprendizagem.

Fonte: Dos autores

Analisando as entrevistas é possível perceber que ambas as professoras fazem o uso de


jogos como um recurso pedagógico em classe e ainda, concordam que os mesmos são de
extremo benefício no processo de aprendizagem de seus alunos TEA, considerando o papel do
professor como de maior responsabilidade.
Nessa perspectiva, fica evidente que o profissional deve diferenciar sua metodologia
para inclusão do aluno autista no ambiente escolar de maneira efetiva, garantindo seu bem-
estar e aprendizagem significativa. Conforme cita Mantoan (2015, p. 69)
A inclusão prevê a utilização de práticas/métodos de ensino escolar específicos para
esta ou aquela deficiência e/ou dificuldade de aprender. Os alunos aprendem nos
seus limites e se o ensino for, de fato, de boa qualidade,o professor levará em conta
esses limites e explorará convenientemente as possibilidades de cada um. Não se
trata de uma aceitação passiva do desempenho escolar, mas de agirmos com
realismo e coerência e admitimos que as escolas existem para formar as novas
gerações e não apenas alguns de seus futuros membros, os mais capacitados e
privilegiados.

Com base em toda pesquisa e entrevistas, afirma-se a necessidade de compreender as


particularidades desses alunos e buscar meios e condições que os favoreçam no processo de
ensino-aprendizagem. Os professores ao planejarem uma aula não podem deixar de trazer
consigo uma intervenção na didática para que todos sejam incluídos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das pesquisas para realização deste estudo, demonstramos sucintamente algo
que merece mais atenção na sociedade. Atualmente, observa-se que indivíduos TEA
(portadores do Transtorno Espectro Autista), estão vivendo um grande impasse com relação a
sua inclusão, aprendizagem e desenvolvimento, portanto, fez-se necessário discutir sobre
métodos que possam contribuir e melhorar em vários aspectos a vida dos autistas.
Concluímos que o processo de educação do aluno autista merece atenção, paciência,
respeito e acima de tudo, comprometimento. Para que a aprendizagem se efetive de fato,
torna-se fundamental a oferta de práticas em sala de aula que, primeiramente, garantam sua
inclusão, o seu bem-estar, acessibilidade e mobilidade.
O uso de metodologias ativas, materiais específicos, concretos, manipuláveis, como os
jogos educativos, deixa claro o potencial e o nível de evolução da aprendizagem desses
alunos, as mesmas podem variar de acordo com as necessidades e o nível do transtorno de
cada aluno, pois cada um precisa de um atendimento diferenciado e métodos apropriados.
Para que este resultado de fato se consolide cabe ao professores e preparar, buscar e
desenvolver práticas pedagógicas que motivem e interessem esse grupo de alunos, se
comprometendo com uma aprendizagem verdadeira, propondo atividades incentivadoras,e
ainda, constantemente avaliando diagnóstica e formativamente o desenvolvimento desses
alunos. Uma vez proporcionadas as chances de superação diante das limitações dos alunos,
deve-se ir ao encontro do desenvolvimento de outras capacidades e habilidades.
Para que a escola seja um espaço inclusivo e propício para o acesso de pessoas autistas
além da capacitação do professor para lidar com as diferenças se faz necessário que toda
comunidade escolar abrace e respeite a diversidade de modo que todos se sintam confortáveis
no ambiente em que estudam. Neste cenário, então, o ambiente escolar deve serdotado de
ações e diálogos reflexivos sobre a condução do processo de ensino considerando a
sensibilidade que o individuo/aluno autista apresenta.
Através do contato com os alunos João e Luiza e a disposição em ajudá-los perante
suas limitações e dificuldades, conserva-se a reflexão da individualidade dessa temática e o
quão necessário é proporcionar situações que evidenciem o potencial dos mesmos e a
responsabilidade docente no paradigma da inclusão do ensino, buscando meios e condições
para a melhoria de sua aprendizagem. Em específico, evidenciamos que a aplicação de jogos
educativos bem planejados e mediados em sala de aula, no caso desses alunos, é
extremamente benéfica e sua constância atingirá os objetivos almejados.
Ao escolher este tema de pesquisa e trazê-lo ao campo da pedagogia expectamos ter
colaborado com os profissionais da área que acreditam na superação dos desafios que surgem
perante o processo de ensino-aprendizagem atrelado ao processo de inclusão, contribuindo
para a construção de novos estudos e horizontes na busca de uma educação mais humanizada
e autônoma.
REFERÊNCIAS

BRASIL – Secretaria de Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais:


matemática/Brasília:MEC, 1997, p. 142.

BRASIL, Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Política Nacional de Proteção dos


Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar - O que é? Por quê? Como fazer? São
Paulo: Summus, 2015.

SÃO PAULO. Renata Flores Tibyriçá. Defensoria Pública do Estado de São Paulo
(Ed.). Direitos das pessoas com autismo. São Paulo: Defensoria Pública do Estado de São
Paulo, 2011. 12 p. Disponível em: <https://www.autismo.org.br/site/voce-e-a-
abra/downloads.html>. Acesso em: <10 nov. 2018>.

SARMENTO, C.V. da S. Jogos matemáticos aplicados a crianças com transtorno do


espectro autista (TEA) em uma escola de Dias d'ávila. Semana Acadêmica, Fortaleza, v. 1,
n. 1, p.1-24, mar. 2017. Mensal. Disponível em:
<https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/sarmento-_autismo.pdf>. Acesso em:
<09 nov. 2018>.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu.
Mundo singular: entenda o autismo. FONTANAR, 2012.

Você também pode gostar