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RESUMO
O presente artigo tem a proposta de evidenciar a ótica da vigilância de Michel
Foucault, partindo de um trabalho de pesquisa sobre o seu livro vigiar e punir,
pensando nesses aspectos com a contemporaneidade, analisaremos a questão da
vigilância e do olhar hierárquico e como tudo isso, começa no absolutismo e se
evidencia na nossa contemporaneidade, trazendo para as reflexões, as bolhas
sociais e o controle midiático que se prenomina na nossa sociedade atual.
1. INTRODUÇÃO
Quando pensamos em vigilância principalmente ela em seu âmbito social, as
relações que sem tem acerca desse tema sempre evidencial o grande trabalho que
Michel Foucault se propôs a fazer, com isso vamos partis da sua ótica e da
utilização de seus conceitos, quando nos debruçamos a pensar na sua própria
analise que coloca como que seria uma questão epistemológica, se pensar nessa
vigilância o que podemos claramente começarmos a delimitar seria, esse arquétipo
que se constitui dentro do próprio debate da vigilância, visto que segundo ele, a
vigilância passa a ser fundamental para os objetos doutrinários como por exemplo o
exército em que ao exercer esse poder sanciona a liberdade do indivíduo, já que
nessa mesma narrativa a vigilância passa a permitir uma certa construção para além
só do entrelace de sansão de liberdade ela produz conhecimento com base nessa
sua auto vigilância. Com isso quando pensamos na obra de Foucault (1997) que ele
vai se aprofundar nesses aspectos de vigilância fundamentando mais ainda essa
ótica. Com isso propomos debater o controle midiático, o controle do estado e toda
essa ótica.
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Alunos do curso de Ciências Humanas/SOCIOLOGIA do campus de São Bernardo-MA. Artigo entregue
à disciplina Sociologia contemporânea orientada pelo professor Dr. Hugo Freitas de Melo para a obtenção da
terceira nota da disciplina.
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então esse olhar hierárquico pode ser visto como algo quase divino pois esse olhar,
essa “luz” se projeta diretamente neste objeto que está sendo vigiado, enquanto o
que vigia se torna claramente invisível e nessa perspectiva ao delimitar-se nessa
intangibilidade a sua forma de vigiar, passa a ser quase que soberana.
Contudo nessa forma apodítica de vigilância já pensado como algo divino
pode ser sentido por esses “objetos” vigiados em que sua onipresença se
caracteriza em um sentido para além do corpóreo porque não permite que em
nenhum lugar falte essa vigilância. ao analisar as relações desse “olhar” nesse cerne
da contemporaneidade, percebemos a indubitabilidade de como a relação de
vigilância se torna mais ainda onipresente visto que não pode ser percebida essa
estrutura de vigilância se modificou de tal forma que não se limita a somente
estruturas governamentais seja elas prontuários médicos, relatórios de processos a
sua afirmação “vigilâncias múltiplas e entrecruzadas” (FOUCAULT, 1997, p. 154)
nunca foi tão atual pois essa relação se prontifica em todos os nossos âmbitos
midiáticos, na sistematização e manifestação desse conhecimento que é produzido
por essa vigilância pode ser percebido tanto nos anúncios que nos aparecem como
nos controles e formas de compartilhamento das redes, agora esse “olhar” se
encontra na palma de nossas mãos tomando como base o documentário O dilema
das redes(2020) que mostra esse controle midiático está diretamente conectado
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4. Poder Tradicional
O controle sobre massas é algo já existente em nossas vidas há um grande
período e desde os primórdios de uma civilização, controle este que é advindo de
um poder superior a aqueles que compõem a maior parte de uma sociedade, o
poder sempre está nas mãos de uma minoria que vai determinar um sentido a se
seguir de normas dentro de uma comunidade. Para Kant, o estado vai ser designado
por uma coisa pública “res publica 2” quando se fala em um interesse de se viver em
um estado onde o poder como uma potência que age na relação dos povos. Com
essa definição do que é o estado e seus meio de poder, seguimos adiante para
tentar compreender como ele exerce o poder de controle em nossas vidas até os
dias atuais.
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Res publica é uma expressão latina que significa literalmente "coisa do povo", "coisa pública". É a
origem da palavra república.
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correção a respeito daqueles que cometiam crimes contra o estado, onde as formas
de se punir iriam variar de acordo com seus crimes. Aqui vamos observar como as
formas brutais de se punir eram bem variáveis naquele período, e como o estado
buscava impor-se poder de forma incisiva se utilizando de tortura, da forca e até
decapitação de membros. Devemos observar como desde séculos atrás a busca
pela manutenção de uma ordem social, era baseada na força e na representação de
que a violência era necessária para obtenção de um controle social e assim
conseguir a paz que todos almejam. Será que a utilização da força e até das penas
de mortes ajudaram a manter totalmente a paz? Não estamos discutindo quem seria
merecedor ou não de tais sentenças, mas sim dos seus resultados durante a
história. O Suplício, segundo Jaccount, 1997. Pág.; 36 “Pena corporal, dolorosa,
mais ou menos atroz” esses eram os meios utilizados para se manter uma
sociedade em um controle que fosse ideal para todos, porém estes meios deveriam
ser apenas utilizados somente com base em lei e não por uma causa individual
como afirma Foucault: “O Suplício é uma técnica e não deve ser equiparado aos
extremos de uma raiva sem lei.” (FOUCAULT, 1997, P. 36) Desta forma observamos
como estes suplícios eram utilizados como ferramentas para causar dor e sofrimento
á aqueles que cometiam crimes, e que mudava com o crime ao qual você cometia, o
fato de estar sofrendo mostra a eficácia segundo a visão daqueles que puniam onde
o resultado daquelas torturas era a afirmação de que a justiça está sendo feita e que
o exemplo está sendo dado, como fica claro em uma parte do livro de Foucault: “Por
isso sem dúvida é que os suplícios se prolongam ainda depois da morte: cadáveres
queimados, cinzas jogadas ao vento, corpos arrastados na grade, expostos à beira
das estradas.” (FOUCAULT, 1997, P. 37)
Assim fica mostrado a força de um poder central que vai punir da forma que eles
acreditam você merecer perante tal crime, onde vai ficar destacado na forma carnal
a sentença que ele sofreu por cometer tal ato, então, o corpo seria a representação
do tirano frente a um estado coercitivo. O resultado era apenas a demonstração das
ações de cada indivíduo, com a intervenção do estado como a força que rege a
sociedade.
6. Os controles de massas
As leis sempre existiram e foram utilizadas para a manutenção do bem-estar
coletivo, afinal é necessário para que o povo não entre em conflito por conta de seus
próprios interesses e a coletividade seja deixada de lado. Nesse ponto de vista
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seguimos com a análise do capítulo III do livro “Vigiar e Punir”, trazendo para os dias
atuais estes mecanismos de controle de massas, numa visão de proteção a saúde
coletiva em meio a um contexto pandêmico.
Em meio a este longo período ao qual nós passamos, podemos observar como as
ferramentas de controle social foram utilizadas ainda mais diante do contexto de
uma pandemia mundial ao qual acarretou milhares de perdas, é evidente que além
de um controle por parte das leis, se fez também um controle individual por parte de
cada pessoa, pois nesse cenário pensar no coletivo é necessário, pois não é
somente sua vida que está em jogo. Este cenário atual se remete a situação
colocada por Foucault em sua obra, das medidas utilizadas no século XVII quando
se declarava uma peste numa cidade. São criadas leis que vão buscar manter esse
controle para que a doença não se alastre ainda mais, na situação atual vemos isso
por meio das leis que obrigam por exemplo o uso da máscara, ou como decretos
que são sancionadas com a finalidade de que reduza o fluxo de pessoas nas ruas,
para assim manter um controle sobre a propagação da doença. Então se cria uma
vigilância que vai punir aqueles que desobedecem a estas leis, como mostra
Foucault, no Capítulo III “O Panoptismo”: “Em primeiro lugar um policiamento
espacial escrito: fechamento, claro da cidade e da “terra”, proibição pode sair sob
pena de morte, fim de todos os animais errantes, divisão das cidades em quarteirões
diversos onde se estabelece o poder um intendente.” (FOUCAULT, 1997. Pág. 219)
Então se percebe como estes mecanismos são utilizados para conseguir uma
instabilidade social com a finalidade de se manter a segurança de todos. Nos dias
atuais vemos que o cenário é bem parecido a este, mas a pena de morte hoje está
abolida das penas judiciais. Em uma era mais tecnológica, vemos como o estado por
meio de algoritmos conseguem estar sempre nos alertando diariamente sobre os
riscos do vírus na pandemia, de como a exposição e a fuga daquilo que nos é
colocado tem um preço a se pagar. Esse sistema se baseia na troca que se vai ter
entre aqueles que fazem parte do poder, como vemos no “O Panoptismo”: “Essa
vigilância se apoia num registro permanente: relatórios dos síndicos as intendentes,
dos intendentes aos almotacés ou ao prefeito.” (FOUCAULT, 1997. Pág. 220)
Vemos atualmente como são feitos relatórios diários que são publicados
diariamente, como por exemplo a quantidade de infectados, como também a
quantidade de óbitos, isso serve também para alertar aqueles que estão ao redor
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para assim criar um dispositivo de medo por conta do resultado daqueles que
supostamente fugiram daquilo que era projetado.
Com estes meio de mostrar como o resultado do não comprimento das normas a
morte seria o resultado, vemos como são criados meios de intimidar as pessoas a
cumprir as leis, de como as notícias colocadas e da forma que são colocadas elas
buscam criar um dispositivo ao qual não vai ser necessário o uso da força para o
seu sucesso, o simples fato de eu ver uma pessoas falecendo por conta de um
descumprimento de um bem coletivo, eu tenho em mente que isto poderá acontecer
comigo, ainda mais pela quantidades de pessoas que são mostradas nas notícias,
que são noticiadas como números, assim trago como exemplo o efeito Panópitico
mais importante no livro “Vigiar e Punir”: “ Daí o efeito mais importante do Panóptico:
induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura
o funcionamento automático do poder.” (FOUCAULT, 1997. Pág. 224) Quero aqui
mostrar como estes métodos conseguem de certa forma nos colocar a pensar de
forma racional a respeito da coletividade e como isso funciona sem que sejamos
obrigados a fazer isso, usando simplesmente de meios de informação para propagar
notícias que nos vão fazer pensar mais e assim manter uma instabilidade nesse
contexto pandêmico.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Logo, estas reflexões acerca do poder do estado e como ele rege em nossas
vidas, nos faz pensar desde séculos passados como essas formas de poderes
conseguem nos impor certos comportamentos que sejam considerados apropriados
para um convívio em sociedade. Este trabalho vem justamente nos propor a refletir
sobre estes mecanismos, e como eles são necessários para a nossa sobrevivência,
sabemos que vivermos à mercê de nossos extintos possa ser algo perigoso a nós
mesmos, pelo fato da ganância existente em nossos corpos, mas as formas de
poder que nos são colocadas elas têm um resultado melhor? Esta é uma questão a
se pensar, mas a partir de nossa análise trás questões a se refletir sobre estas
formas que são utilizadas para a manutenção daquilo que chamamos de uma “paz”
entre todos. Assim finalizo deixando nossos questionamentos acerca dos poderes
tradicionais e que são considerados normais para uma existência humana, não
afirmando ser eficiente ou não, mas mostrando os poderes que os mesmos exercem
sobre nós, e buscando entender se de fato os meios justificam os fins que são
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REFERÊNCIAS