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Em 1919, começam a surgir os primeiros acordos de paz, que definiram uma nova
geografia política para a Europa.
Wilson era o presidente dos EUA e apresenta um documento que vai nortear as
negociações do pós-guerra. Documento esse que ficou conhecido como “14 pontos”:
• Defesa de uma diplomacia transparente
• Defesa da liberdade de navegação ( muito importante para os EUA)
• Defesa da supressão de barreiras alfandegárias
• Defesa da redução do armamento
• Defesa do princípio das nacionalidades – “A cada Nação deve pertencer um
Estado” – nação – conjunto de pessoas com a mesma cultura (hábitos, religião,
língua, etc.); Estado – território com fronteiras definidas, politicamente
organizado e autónomo
• Propõe a formação de uma Sociedade das Nações
- Os EUA, que eram a grande potência económica que se afirmava e que possuía
grande protagonismo político, não integram a SDN nem assinam o Tratado de
Versailles, pois consideram que a Alemanha é demasiadamente humilhada, o que
contribui para o descrédito da organização
- Ainda, para travar a crise económica que se afigurava, os países vencedores
privilegiam a questão das reparações de guerra, fazendo profissão da fé do
principio de que “a Alemanha pagará”
O DECLÍNIO DA EUROPA
Após a 1ª GM, e por ter perdido, a Alemanha viu-se confrontada com os tratados de paz
apresentados pelos grandes vencedores, que lhe exigiam enormes indemnizações de
guerra.
Está então devastada pela guerra, endividada e sem meios de pagamento.
Para então arranjar os meios de pagamento de que necessitava, abandona o Gold
Standart e começa a fazer emissão de moeda. A moeda circula então em enormes
quantidades, o que, juntamente com a diminuição da produção, provoca o fenómeno da
inflação galopante.
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Após a 1ªGM, os EUA detinham metade do outro mundial, o que permitiu pôs fim a
uma crise breve em 1920-1921. Apresentavam-se assim como a grande potência mundial,
cuja imagem era de sucesso.
Cedo aplicam os métodos de racionalização do trabalho, tais como o taylorismo, a
estandardização e a linha de montagem, o que se traduziu num exponencial aumento da
oferta. Acresce o facto de que a procura, tanto interna (consumo de massas, produção em
massa), como externa (dos principais intervenientes na guerra) aumentou. Assim, os EUA
tinham compradores para as enormes quantidades de produto que produziam. O stock de
ouro nos EUA aumenta, desta forma, cada vez mais.
Era também nos créditos americanos que repousava a recuperação económica europeia.
A dependência europeia face aos EUA consagrou-se ainda mais porque se gerou um
triângulo financeiro:
EUA
1
2 1 2
3
1 – Pagamento de dívidas
2 – Empréstimos de capitais
3 – Pagamento de indemnizações de guerra
Saíram, então, grandes quantidades de capitais dos EUA para a Europa, nomeadamente
a Alemanha, o que lhe permitia pagar as indemnizações de guerra à França e à Inglaterra.
Estes países, por sua vez, ficavam em condições de pagar as dívidas contraídas aos EUA.
Assim, o ouro acumulava-se nos cofres dos EUA e a Europa tornava-se cada vez mais
dependente do país. Mas esta ajuda americana acaba por fazer com que a Europa
recuperasse economicamente.
Então, finalmente, o mundo capitalista pode respirar fundo. Os anos de prosperidade
americana ficaram conhecidos como os “anos loucos” ou “anos 20”, caracterizados pela
produção em massa e o consumo de massas (a maioria da população tem acesso à maioria
dos bens) e é quando a febre consumista começa a florescer “American way of life”.
2 – IMPLANTAÇÃO DO MARXISMO-LENINISMO NA
RÚSSIA – CONSTRUÇÃO DO MODELO SOVIÉTICO
aceitando colaborar com Governo Provisório), liderados por Lenine, Estaline e Trotsky, e
apoiados pelos sovietes, conduzem a chamada revolução Bolchevique assaltando o
Palácio de Inverno. O Governo Provisório foi substituído, no poder, pelo Conselho dos
Comissários do Povo, presidido por Lenine.
Com a Revolução Bolchevique, Lenine põe em prática uma das características da
ideologia de Marx*, na medida em que, pela primeira vez na História, os representantes
do proletariado conquistavam o poder político tal como Marx preconizara: recorrendo à
luta de classes e à revolução.
* Segundo o filósofo alemão Karl Marx, a História não é linear, mas sim marcada por
grandes rupturas através da luta de classes.
Marx afirmava que ao longo dos tempos, existiram diferentes modos de produção:
comunismo primitivo (o homem primitivo tem tudo em comum o que existe na natureza
– rios, grutas, florestas, etc.), o esclavagismo (em que se estabelece uma relação de
produção entre o senhor – donos dos meios de produção -, e os escravos – fornecem o
trabalho). Após uma luta entre senhores e escravos, surge o feudalismo (estabelecendo-se
uma relação de produção entre os senhores e os servos da gleba). Dá-se uma nova ruptura
com a Revolução Francesa e é estabelecido um novo modo de produção: o capitalismo,
em que há uma relação de produção entre a burguesia e os operários.
Marx propõe, então, uma luta de classes entre operários e burgueses, que levaria a uma
ruptura. Essa ruptura daria origem ao socialismo e à ditadura do proletariado, em que não
há qualquer relação de produção.
O socialismo/ditadura do proletariado assume-se como etapa transitória, embora
necessária, para a edificação do comunismo. Surge para desmantelar a estrutura do
regime burguês, possibilitando a eliminação das desigualdades sociais. No regime
comunista não existem classes sociais e os meios de produção são nacionalizados.
Após a revolução de Outubro, surge a democracia dos sovietes, que governa a Rússia.
Era um sistema político que atendia às necessidades do proletariado urbano e campesino.
De facto, são desde logo publicados 4 decretos: da Paz, da Terra, do Controle Operário
e da Nacionalidade.
- Paz – “Justa e democrática”; “Imediata, sem anexações e indemnizações”.
- Terra – expropriação das terras aos senhores e entregues aos camponeses.
- Controle Operário – expropriação das fábricas aos burgueses e entregues aos
operários.
- Nacionalidade – igualdade e soberania dos povos da Rússia (( fim do Império
Russo).
No entanto, circunstâncias várias dificultam a acção do Governo revolucionário.
A paz, contrariamente ao decretado por Lenine, é arrastada durante vários meses, até
que a Rússia assina com a Alemanha o Tratado de Brest-Litovsk e fica sujeita a entregar-
lhe terras. Então, para além da paz ter sido demorada, a Rússia tem ainda que ceder
territórios à Alemanha.
Ainda, os membros do clero, da nobreza e da burguesia opunham-se fortemente à
aplicação dos decretos relativos à terra e ao controle operário, pois não os favoreciam em
nada.
Esta situação dá origem a uma guerra civil, que começa em 1918 e se prolonga até
1920.
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O COMUNISMO DE GUERRA
CENTRALISMO DEMOCRÁTICO
Foi também durante este período revolucionário que foi adoptado, a nível político, o
centralismo democrático, que estabelecia dois níveis de poder: o Estado e o Partido
Comunista, sendo este último que controlava o primeiro. O exercício do poder estava
então centrado num partido único.
Para Lenine, democracia, mais do que um processo de formação e de exercício do
poder, era o próprio poder na sua significação etimológica – o poder do povo.
O centralismo democrático trata-se então de uma forma de poder em que a soberania
parte das bases populares organizadas em sovietes (eleitos pela população através de
sufrágio universal). Também no Partido Comunista, a hierarquia era semelhante: as bases
do partido – denominadas células – elegiam os organismos superiores. Esses organismos
superiores eram órgãos intermédios, que por sua vez, escolhiam outro órgão intermédio e
assim sucessivamente até serem eleitos os órgãos de topo (no Estado eram eles o
Conselho dos Comissários do Povo e o Presidium e no Partido Comunista o Politburo e o
Secretariado-Geral).
É de referir que os sovietes eram controlados pelas células, os órgãos intermédios e de
topo do Estado eram controlados pelos órgãos intermédios e de topo do PC,
respectivamente.
Esta forma de organização política era considerada democrática porque se baseava no
sufrágio universal exercido de baixo para cima. No entanto, não era uma verdadeira
democracia uma vez que existia apenas um partido e o voto não era secreto.
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Há um centralismo neste regime já que as decisões tomadas pelos órgãos de topo são
impostas aos outros órgãos, de forma autoritária.
Face à grave crise económica e ruína extrema causadas pela Guerra Civil, Lenine vê-se
forçado a fazer um recuo estratégico no sentido da liberdade do comércio e com algumas
medidas capitalistas.
Lenine achava que assim conseguiria estimular a produção agrícola, que caíra
drasticamente devido às más colheitas de 1920, bem como a produção industrial, que
também sofrera uma grande quebra.
A NEP (New Economic Policy) caracterizou-se pelas seguintes medidas:
- Grande parte das terras são devolvidas aos camponeses (surgem os kulaks –
pequenos proprietários rurais) e estes, estimulados pela possibilidade de venda no
mercado, aumentam as produções recuo no processo das nacionalizações
- Camponeses deixam de entregar toda a produção ao Estado, mas passam a pagar
um imposto em géneros
- Suprime-se o trabalho obrigatório
- Empresas com menos de 20 trabalhadores são privatizadas
- O pequeno comércio é também desnacionalizado, surgindo os nepmen
Foi um capitalismo parcial, pois continuam nacionalizados os sectores-chave da
economia (transportes, bancos, comércio externo e médias e grandes empresas).
É por volta de 1926 que se voltam a atingir os valores de produção que se registavam
antes da 1ªGM.
3 – A REGRESSÃO DO DEMOLIBERALISMO
Entende-se por demoliberalismo – democracia e liberdades individuais (reunião,
expressão e circulação).
RADICALIZAÇÃO POLÍTICA
• Movimentos de esquerda
• Movimentos de direita
O século XX foi o século das grandes cidades e, pela primeira vez na História, no
mundo industrializado, a população urbana superou a rural. Dão-se, então, grandes
transformações quer na vida das populações, quer nos valores.
A EMANCIPAÇÃO FEMININA
A imagem da rapariga de cabelo curto e saia subida, que consome álcool e tabaco,
marca, sem dúvida, a década de 20. No entanto, a flapper é apenas um lado do
movimento feminista.
De facto, o papel da mulher na sociedade europeia altera-se profundamente durante a
guerra, dada a escassez de homens na população activa – o que lhe dá valorização social.
No entanto, a luta empreendida pela mulheres para pôr fim à sua dependência e
inferioridade em relação ao sexo masculino (dependência financeira e não tem estatuto
social e político dignos) remonta ao século XIX, quando começam a lutar por alterações
jurídicas.
Foram elas o direito à propriedade dos seus bens, o direito à tutela dos filhos, ao acesso
à educação e ao trabalho socialmente valorizado.
No século XX, as mulheres entendem que o direito de participação na vida política
deve ser também reivindicado. Organizam-se, então, associações de sufragistas, que
lutam pelo sufrágio universal (independente do sexo, raça, religião, etc.).
Na Europa, destaca-se a sufragista Emmeline Pankhurst. Em Portugal, Maria Beatriz
Ângelo foi a primeira portuguesa a votar. Nas eleições de 1911 reclama esse direito já
que, por ser médica, não era analfabeta e tinha rendimento, e já que era viúva, era chefe
de família.
Mas é apenas em 1931 que as mulheres adquirem o direito ao voto.
AS CONCEPÇÕES PSICANALÍSTICAS
Sigmund Freud interessou-se pelo trabalho dos neurologistas Jean Charcot e Josel
Breur. Ambos tinham em comum a particularidade de recorrer à hipnose como processo
de cura nos sintomas neurasténicos.
Freud depressa compreendeu que, sob o estado hipnótico, os pacientes se recordavam
de pensamentos, factos e desejos que aparentemente haviam esquecido.
Assim, Freud descobriu a existência de uma zona obscura, o inconsciente, um lado
mais primitivo, onde estão presentes os medos e os desejos.
Foi com base nesta descoberta que Freud elaborou, a partir de 1897, os princípios a que
viria a chamar de Psicanálise (psique – alma; trauma – feridas da alma).
Para além de uma teoria revolucionária sobre o psiquismo, a psicanálise engloba ainda
um método de tratamento para quem não tem uma relação harmoniosa entre a razão e os
medos e/ou desejos e, por isso, são portadores de traumas.
Esta terapêutica baseia-se em grande parte da “livre associação de ideias”, em que, sob
a orientação de um médico e num ambiente relaxante e cómodo, o paciente deixa fluir
livremente as ideias que lhe vêm à mente. Baseava-se, também, na análise de sonhos.
FAUVISMO
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EXPRESSIONISMO
CUBISMO
O cubismo foi um outro movimento artístico, iniciado por Pablo Picasso e Georges
Braque em 1907 e desenvolveu-se sob três facetas: o cubismo cezanniano, o cubismo
analítico e o cubismo sintético.
• Cubismo cezanniano
Pablo Picasso (em “Les Demoiselles D’Avignon”) e Georges Braque (em “Casas
D’Estaque”) fazem nascer o cubismo, lançando-se no desenvolvimento lógico desta nova
concepção artística.
São fortemente influenciados pelo geometrismo de Cézanne (“A natureza pode ser
representada através de cubos, cones e esferas”) e pintam quadros em que geometrizam e
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ABSTRACCIONISMO
Vassily Kandinsky relata na sua obra “Do Espiritual na Arte”, publicada em 1912,
como compreendeu que os objectos não só não eram necessários à pintura como até a
prejudicavam: uma vez, entra no seu estúdio e fica maravilhado com uma obra de arte de
grande beleza, mas que não tinha qualquer objecto identificável, sendo apenas composto
por manchas coloridas; ao aproximar-se, apercebe-se que é uma tela sua que está virada
ao contrário.
Assim percebe que as formas, sendo abstractas, permitem criar uma linguagem
universal e despertar, em cada pessoa, reacções e sugestões diferentes, numa variedade e
multiplicidade muito superiores à da figuração.
Compara a pintura com a música: os sons são organizados numa composição
harmoniosa e exprimem o mundo interior. Também a pintura deve fazê-lo.
De facto, para o artista, as obras de artes deveriam ter o elemento interno – emoção; daí
o nome abstraccionismo lírico ou sensível, que exprime o mundo dos sentimentos, das
emoções e das sensações. É a “emoção” que determina a forma de arte.
“É belo o que provém de uma necessidade interior da alma”.
• Abstraccionismo geométrico
Piet Mondrian, enquanto cubista, achava que essa vertente artística permanecia
incompleta pois mantinha-se figurativa. Propõe, então, um novo conceito de arte a que
chamou de nova realidade – neoplasticismo – que publica na sua revista De Stijil (O
Estilo). O pintor deve expressar a “realidade pura”, as verdades universais – expressão
intelectualizada do mundo exterior, através da racionalização.
Impressionado com a violência e o sofrimento de um mundo em guerra, parte, através
da arte, à procura de verdades universais e essenciais, pois pensava que, ao revelá-las, a
arte podia contribuir para a construção de um mundo melhor, tendo a arte de Mondrian
esta função social. Fá-lo através:
- da supressão de toda a emotividade pessoal e de tudo o que é acessório;
- das formas geométricas (quadrados e rectângulos) ( pureza das linhas rectas, o que
formava um “equilíbrio de contrastes”;
- da selecção de apenas das três cores primárias (vermelho, amarelo e azul) e do cinza,
preto e branco, que trariam luminosidade às telas.
FUTURISMO
DADAÍSMO
SURREALISMO
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Em 1924, André Breton, ex-dadaísta, e que para além de poeta era médico, publica o
Manifesto do Surrealismo, que marca o início de uma nova vanguarda.
André Breton, que conhece as teorias sobre o inconsciente de Freud, afirma que a arte
deve ser uma projecção do inconsciente. De facto, para ele, as obras de arte devem
realizar-se sem a intervenção do pensamento racional; o consciente é como que
adormecido (através do recurso a bebidas alcoólicas como o absinto, ao uso de drogas e
ao jejum).
É o chamado automatismo psíquico, a que André Mason adere.
Mas cada um projecta o inconsciente, e é por esta razão que há uma grande diversidade
de estilo no surrealismo:
- automatismo psíquico + imaginação – Joan Miró
- frottage (aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, passar um lápis por
cima e depois valorizar as analogias, acentuando os contornos) – Ernst;
- técnica clássica de representação do real, no entanto, a cena não tem coerência lógica –
representação do mundo dos sonhos – Salvador Dalí, René Magritte.
OBRA
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A OPOSIÇÃO
A primeira República encontrou oposição também por parte dos grandes proprietários e
capitalistas, ameaçados pelo aumento dos impostos e pelo surto grevista que prejudicava
a actividade económica. Em resposta às inúmeras greves, a classe capitalista criou, em
1922, a Confederação Patronal, transformada pouco depois em União dos Interesses
Económicos. O CCP e a UIE faziam eleger deputados ao Parlamento
Também as classes médias, descontentes pela diminuição do nível de vida e receosas
do bolchevismo, deram mostras de apoiar um governo forte, que restaurasse a ordem e a
tranquilidade.
• Primeiro Modernismo
• Segundo Modernismo
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Ora, de acordo com a lei da oferta e da procura, quanto mais acções estavam à venda,
menos valiam, pelo que, rapidamente, as acções, dias antes valiosíssimas, não passavam
agora de bocados de papel que nada valiam e ninguém queria comprar. Foi o crash da
Bolsa de Wall Street (quebra dos valores das acções).
A crise, para além de atingir os EUA, atingiu todas as economias deles dependentes.
Os países europeus nos quais a reconstrução do pós-guerra se baseava nos créditos
americanos, viram a sua situação económica e social atingir níveis insustentáveis, pois os
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2 – AS OPÇÕES TOTALITÁRIAS
As dificuldades económicas que se sentiam por todo o mundo propiciaram o
aparecimento de soluções autoritárias de. De facto, o crescimento da ideologia fascista
nos anos 20 a 30 – liderada pela Itália e pela Alemanha. Integra-se na conjuntura de
profunda crise à qual a democracia parlamentar não conseguiu responder
satisfatoriamente.
A Alemanha, grande perdedora da 1ªGM era abalada por uma profunda crise
económica, marcada pela inflação galopante e pelos milhões de desempregados e fora
humilhada pelos tratados de paz.
É nesta altura que o Partido Nacional Socialista (NAtional SoZIalist NAZI) ascende
bruscamente. Em 1923, Hitler tenta um golpe de estado que não é bem sucedido. Mas
mais tarde, em 1933, ganha as eleições. De facto, por prometer “pão e trabalho” (que é o
que os alemães desejam), o partido Nazi via a sua popularidade aumentar e, em 1933
obtém 2/3 dos votos, chegando Hitler ao poder, no cargo de Chanceler (Primeiro-
Ministro).
O anti-semitismo (ódio aos judeus) não foi inventado por Hitler: em várias épocas da
História, os judeus foram perseguidos e afastados da convivência com os restantes
cidadãos.
Assim, o regime nazi aproveitou o preconceito geral contra os judeus para instigar a
população alemã ao racismo.
De facto, o desrespeito do nazismo pelos direitos humanos atingiu o seu cume com a
violência do seu racismo.
Hitler, no seu livro “Mein Kampf”, afirmava que existiam os povos fundadores, os
transmissores e os destruidores de cultura, sendo que os fundadores eram os homens de
raça ariana.
Hitler via nos alemães os mais puros representantes dessa raça e estas ideias obtiveram
larga receptividade entre os nazis, que se serviram dela para exacerbar o nacionalismo
alemão. Tornaram-se obcecados com o apuramento físico e mental da raça ariana
(alemães que não tivessem nenhum parente judeu até aos quatro avós) e, em nome da
melhoria (eugenismo) da raça fazia-se uma autentica selecção de alemães altos e
robustos, louros e de olhos azuis que casavam com mulheres de iguais qualidades,
fomentando-se a natalidade entre arianos.
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• Itália
• Alemanha
Com o fim da 1ªGM a Alemanha está arrasada e a sua recuperação assenta nos créditos
concedidos pelos EUA. No entanto, devido à crise de 1929, vê esses créditos cancelados
e entra novamente em crise e tem 6 milhões de desempregados, em 1933.
O partido Nazi, que prometia “trabalho e pão”, ganha as eleições em 1933.
Hitler, no poder, põe em prática uma política de grandes construções que gerou muitos
postos de trabalho, levada a cabo em arroteamentos e na construção de auto-estradas,
pontes e vias férreas.
A partir de 1936 o Estado reforça a autarcia. Fixa preços dos produtos e a Alemanha
torna-se auto-suficiente em trigo, açúcar e manteiga.
Procedeu, ainda, a um programa de rearmamento do país, desrespeitando o Tratado de
Versailles. Desenvolveram-se as indústrias de siderurgia, química, electricidade,
mecânica e aeronáutica, sendo que o país se elevou ao segundo lugar mundial nestas
indústrias.
2.2 – O ESTALINISMO
Em 1924 Lenine morre e surge um problema de quem o vai suceder. De um lado, está
Estaline, secretário-geral do PC e que defende um regime fechado ao exterior e a
consolidação do comunismo antes de o propagar e de outro lado, Trotsky, que defendia a
expansão da revolução comunista a outros países.
Acaba por subir Estaline ao poder e torna-se chefe da URSS até ao ano da sua morte,
1953.
POLÍTICA ECONÓMICA
• Planificação económica
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TOTALITARISMO REPRESSIVO
NEW DEAL
Foi com base nas teorias de John Keynes que o presidente eleito em 1932, Franklin
Roosevelt, delineou o plano de recuperação da economia durante os anos da Grande
Depressão – o New Deal.
O New Deal caracterizava-se pelo intervencionismo estatal, com o objectivo, em
primeiro lugar, de resolver o problema do desemprego, pois, criando empregos,
propiciava-se o surgimento de consumidores capazes de absorver as produções.
Em 1933 – 1934, o New Deal pautava-se por um conjunto de medidas, entre as quais se
destacavam:
- o investimento do Estado na construção de grandes obras públicas (por exemplo, a
famosa ponte Golden Gate, na cidade de S. Francisco);
- a desvalorização do dólar (que fez baixar o valor das dividas ao estrangeiro);
- a reorganização da actividade bancária;
- a concessão de empréstimos e de indemnizações aos agricultores;
- a liberdade sindical.
Numa segunda fase, entre 1935 e 1938, o New Deal conduziu à instituição do Estado-
Providência (Welfare State), estabelecendo-se leis de protecção social:
- o fundo de desemprego;
- a reforma por velhice e invalidez;
- a semana de trabalho de 44 horas;
- a garantia de um salário mínimo;
- os subsídios por pobreza.
Nos países vencedores da 1ªGM, como a França, a crise económica e social não se
converteu em soluções de tipo autoritário, mas antes em experiências políticas com vista
a uma maior justiça social.
Também em Espanha, a vitória de uma Frente Popular em 1936, que reuniu partidos de
esquerda e sindicatos operários, constituiu uma reacção ao crescimento do grupo fascista
Falange, criado em 1933.
Tal como acontecera em França, a Frente Popular arranca com um intenso programa de
reformas políticas e sociais favoráveis aos interesses das classes trabalhadoras. A
legislação incluía várias medidas de auxílio social, como o aumento dos salários e a
promulgação do direito à greve.
No entanto, uma aliança de forças conservadoras (entre as quais os falangistas),
denominada Frente Nacional, desencadeou uma guerra civil, que se estendeu de 1936 a
1939, da qual acabou por sair vencedora.
VER RESUMOS
CONSERVADORISMO E TRADIÇÃO
NACIONALISMO
De acordo com os outros regimes fascistas, o Estado Novo, sendo um regime fascizante,
defendia também um nacionalismo exacerbado. Toda a actuação deveria ser em prol do
bem da Nação e a pátria deveria ser amada.
A História de Portugal era mitificada para fazer a apologia na Nação. Salazar defendia
um nacionalismo baseado no passado: as figuras históricas marcantes (D. Afonso
Henriques, Infante D. Henrique, Camões) eram idealizadas como heróis e santos. Factos
históricos eram enaltecidos e consideradas como gloriosas as conquistas de territórios e
as grandes batalhas. Portugal era um terreno sagrado, uma terra de heróis, santos e sábios.
Foi um povo e uma terra (bendita e abençoada) escolhidos por Deus.
O Estado Novo seria a garantia da independência e unidade da Nação e todos os
interesses individuais lhe estariam subordinados.
CORPORATIVISMO
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Em 1936, foi criada a Obra das Mães para a Educação Nacional, destinada à formação
das mulheres consoante princípios e valores conservadores e nacionalistas que defendia o
regime, para que estas educassem os seus filhos segundo esses valores.
O aparelho repressivo criado pelo EN tinha como finalidade amparar a sua acção.
A repressão era exercida através da censura prévia à imprensa, teatro, cinema, rádio e
televisão, eliminando por completo a liberdade de expressão a todos os níveis: político,
religioso, moral, etc.
Foi criada a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), transformada em Polícia
Internacional de Defesa do Estado (PIDE) em 1945, que podia prender, torturar e matar e
tinha o dever de denunciar opositores ao regime. Estes eram enviados para as prisões
políticas de Caxias e Peniche ou para o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo
Verde.
Desde que subiu ao poder que Salazar apostou, a nível económico, numa política de
autarcia e intervencionismo estatal. De facto, para Salazar, o fomento económico devia
ser orientado e dinamizado pelo Estado, sujeitando-se todas as actividades aos interesses
da Nação.
ESTABILIDADE FINANCEIRA
DEFESA DA RURALIDADE
O CONDICIONAMENTO INDUSTRIAL
Num país de exacerbado ruralismo, como foi o Portugal do EN, a indústria não
constituiu grande prioridade do Estado.
De facto, entre 1931 e 1937 foi posta em prática uma política de condicionamento
industrial, que acabaria por se prolongar no tempo, impedindo o desenvolvimento das
indústrias.
Tratava-se, antes de mais, de uma política de combate à crise, pois, mais do que o
impedir o desenvolvimento industrial, procurou-se evitar a superprodução, a queda dos
preços, o desemprego e a consequente agitação social.
Competiria, então, a Salazar definir as linhas de força do modelo económico
(intervencionismo). O Estado limitava o número de empresas existentes, o equipamento,
etc.: a iniciativa privada existia, mas era totalmente condicionada pelas autorizações do
Estado.
Desta política resultou o controlo da indústria por parte de um pequeno número de
empresas(por exemplo, Cimpor, Sacor, Tabaqueira Nacional, CUF,etc), as quais
monopolizavam determinados sectores da indústria, favorecendo o aparecimento de
monopólios e concentrações, na medida em que se limitou severamente a concorrência.
Embora permitindo aparecimento de grandes empresas, o condicionamento industrial
criou grandes obstáculos à modernização, o que acarretou um grande atraso tecnológico e
produtivo do sector industrial português.
OBRAS PÚBLICAS
A POLÍTICA COLONIAL
encontrado para transmitir todo o ideário do regime (amor à pátria, o culto dos heróis, as
virtudes familiares, etc.).
Foi António Ferro, Secretário da Propaganda Nacional, o responsável pela
mediatização do regime através dessa “política de espírito”. Foi ele que convenceu
Salazar da importância das manifestações culturais para o regime se revelar às massas, as
impregnar e cultivar.
Para além disso, considerava que a arte, as letras e as ciências constituíam a fachada do
país no exterior, mais uma razão para mostrar que competia ao Estado estimular a
produção cultural.
A cultura nacionalista do EN foi combinada com a estética moderna, numa união
controversa e problemática entre conservadorismo e vanguarda. António Ferro utilizou os
artistas modernos para o que o Estado pretendia criar.
De facto, patrocinaram-se artistas e produções que divulgassem, sobretudo, as tradições
nacionais e populares e que enaltecessem a grandeza histórica do país e a dimensão
civilizadora dos portugueses a todos os níveis da arte: artes plásticas e decorativas,
arquitectura, cinema, teatro, etc.
40
1 – A RECONSTRUÇÃO DO PÓS-GUERRA
Ainda antes do final da 2ªGM, os líderes Winston Churchill (1º Ministro britânico),
Roosevelt (presidente dos EUA) e Estaline (chefe máximo da URSS), reuniram-se em
Ialta, em Fevereiro de 1945, para definir os termos da conjuntura de paz que se
avizinhava.
Na Conferência de Ialta, os Aliados acordaram as seguintes questões:
- Definição das fronteiras da Polónia;
- Divisão da Alemanha em quatro áreas de ocupação, geridas pela Inglaterra, França,
EUA e URSS;
- Decidiu-se convocar uma conferência a realizar em S. Francisco (EUA) para a criação
da Organização das Nações Unidas (ONU);
- Fomentar a democracia na Europa oriental;
- Imposição à Alemanha do pagamento de indemnizações de guerra.
FUNDAÇÃO E OBJECTIVOS
Um dos principais objectivos era, de facto, a defesa dos Direitos Humanos. Sob o
impacto do holocausto, a ONU tomou uma feição humanista, reforçada pela aprovação da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948. Esta não se limitava a definir os
direitos e as liberdades fundamentais (direito à vida, liberdade de expressão), como
também foi atribuído um espaço importante às questões económico-sociais (direito ao
trabalho, ao ensino), imprescindíveis a uma vida digna.
ÓRGÃOS DE FUNCIONAMENTO
Em 1947, um amplo programa de ajuda económica e técnica aos países destruídos pela
guerra foi anunciado pelo Secretário de Estado americano George Marshall plano
Marshall.
O Governo americano entendeu ser urgente implementar na Europa um programa de
recuperação económica, que passava pelo financiamento aos países europeus do capital
necessário ao seu rápido restabelecimento. Isto também porque a rápida recuperação
económica europeia inviabilizaria a expansão comunista para ocidente e reforçaria a
presença americana. Diversos países europeus receberam um total de 14000 milhões de
dólares, 900 dos quais a fundo perdido.
Para uma eficiente distribuição dos fundos do Plano, criou-se a Organização Europeia
de Cooperação Económica (OECE), mais tarde transformada na Organização de
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Para além de ajuda financeira, os EUA prestaram também ajudas técnicas aos 16 países
que aceitaram a ajuda do Plano Marshall.
A ajuda americana é classificada pela URSS como uma “manobra imperialista”. Assim,
respondeu à ajuda económica americana ao Ocidente com a intensificação da influência
nos países de Leste e aconselha-os a declinar a oferta do Plano Marshall.
De facto sugere o Plano Molotov, em 1949, um plano alternativo para ajudar os países
do bloco soviético. Foi no âmbito deste plano que se fundou a COMECON (Conselho de
Assistência Económica Mútua).
A OCDE e a COMECON funcionaram como áreas económicas transnacionais, coesas e
distintas uma da outra. Reforçaram, pela via económica, a “cortina de ferro” entre os dois
blocos, tal como se consolidou a liderança das duas superpotências – EUA e URSS.
A DESCOLONIZAÇÃO ASIÁTICA
45
• Palestina
O território, sob administração britânica até 1947 (tutela), foi, nesse ano, colocado sob
tutela directa da ONU. Pelo genocídio sofrido durante a 2ªGM, a ONU quis dar ao povo
judaico uma pátria na Palestina, a “Terra Prometida”.
A ONU traçou um plano de divisão da Palestina em dois Estados: um árabe e outro
judaico.
O povo judaico passaria a ter como Estado o Estado de Israel e as Árabes (religião
muçulmana) foi-lhes atribuída a Palestina (composta pela Galileia, Faixa de Gaza e a
Cisjordânia).
No entanto, o projecto resultou numa forte oposição dos países árabes; para garantir a
integridade de uma terra que consideravam sua, invadem o Estado de Israel em 1948, o
que resulta no primeiro conflito Israelo-Árabe.
O conflito torna-se, também, num conflito localizado da Guerra Fria, uma vez que
Israel é apoiado pelos americanos e os Árabes são apoiados pelos
• Índia
• Indonésia
• Indochina
ambas proclamando a liberdade e igualdade de todos os homens. No entanto, diz que são
os franceses os primeiros a violar esses direitos às populações colonizadas.
Em 1945, rebenta a Guerra da Indochina, que terminaria apenas em 1954, saindo
vencida a França. As negociações de paz acordam a divisão do país, surgindo 3 novas
nações: o Vietname (dividido pelo paralelo 17ºN, em Vietname do Norte, com capital em
Hanoi, com regime comunista liderado por Ho Chi Minh e Vietname do Sul, com capital
em Saigão, uma democracia entregue ao antigo imperador Bo Dai, sob os auspícios
americanos), Laos e Cambodja.
Fizeram outros pactos omo a OEA, ANZUS, OTASEM, CENTO e outros tratados
bilaterais. Em cerca de 1959, os EUA tinham já alianças com 3/4 dos Estados de todo o
mundo.
• Democracia cristã
A democracia cristã tem origem na doutrina social da Igreja, atribuindo aos Estados a
missão de zelar pelo bem comum. De facto, propõe a conciliação entre os valores da
liberdade, justiça e solidariedade e o capitalismo.
Lutando assim contra o capitalismo demasiado liberal, responsável pela crise de 1929,
defende-se uma economia social de mercado, posta em prática, nomeadamente, na RFA,
com Konrad Adenauer.
Esta política económica conjugava as normas do capitalismo com o alargamento dos
direitos económico-sociais dos trabalhadores. Através da mediação e conciliação entre
patrões e operários e o permanente diálogo entre o Governo e os sindicatos, fizeram
desaparecer, do panorama laboral alemão, a agitação e greves que marcaram as outras
economias.
• A social-democracia
Aplicado no Reino Unido desde 1942, pelo Partido Trabalhista, este modelo, o Welfare
State, permite dizer que foi este país o exemplo paradigmático deste modelo.
Havia a preocupação de satisfazer as necessidades básicas dos cidadãos “do berço ao
túmulo”.
A abrangência destas medidas adoptadas em Inglaterra e o estabelecimento de um
sistema de saúde (National Health Service), totalmente gratuito e extensivo a todos os
cidadãos, serviram de modelo à maioria dos países europeus, contribuindo, em grande
mediada, para a prosperidade económica.
Duplo objectivo
A PROSPERIDADE ECONÓMICA
Os “Trinta Gloriosos” têm fim em 1973, uma crise provocada pela instabilidade
monetária e pela crise energética (aumento exponencial do preço do petróleo por parte
dos países árabes da OPEP, provocando um choque petrolífero, como retaliação pela
ajuda prestada pelos americanos, dinamarqueses e holandeses aos israelitas durante o 4º
Conflito Israelo-Árabe). O fenómeno da crise ficou conhecido como estaglefação
(estagnação da economia e inflação galopante).
49
A SOCIEDADE DE CONSUMO
O efeito mais evidente dos Trinta Gloriosos foi a generalização do conforto material. O
pleno emprego, os salários altos e a produção maciça de bens a preços acessíveis
conduziram à sociedade de consumo, que se caracteriza pela produção em massa e pelo
consumo de massas.
Nesta sociedade de abundância, o cidadão é permanentemente estimulado a despender
mais o que o necessário. Identifica-se pelo consumo em massa de bens supérfluos, que
passam a ser encarados como essenciais à qualidade de vida (telefones, televisão,
electrodomésticos, carros, etc.).
Os centros comerciais multiplicam-se e a publicidade incita ao consumo e à redução
artificial da vida útil dos bens pela vontade da sua renovação e substituição constante.
Ainda, as vendas a crédito tornam a aquisição de tudo aquilo que é publicitado mais fácil.
O EXPANSIONISMO SOVIÉTICO
• Europa
ocupada por tanques militares soviéticos após Dubceck ter lançado a experiência de
liberalização do regime na Checoslováquia).
• Ásia
Em 1945, na Ásia, apenas a Mongólia era comunista. A Coreia foi tornada comunista,
por intervenção directa da URSS.
De facto, após a 2ªGM, a Coreia foi dividida em dois Estados: a Coreia do Norte
(República Popular da Coreia), comunista, apoiada pela URSS; e a Coreia do Sul
(República Democrática da Coreia), conservadora, apoiada pelos EUA.
Com vista à reunificação do território, sob a égide do socialismo, dá-se a invasão da
Coreia do Sul pela Coreia do Norte, o que desencadeia uma guerra entre 1950 e 1953. No
fim, repôs-se a separação dos dois Estados.
Foi um dos conflitos localizados entre os EUA e a URSS.
• América latina
O ponto fulcral da expansão comunista na América Latina foi Cuba, que assumiu, pela
proximidade em relação aos EUA, um importante papel estratégico.
Em 1959, o ditador pró-americano Fulgêncio Baptista é derrubado por revolucionários
comandados por Fidel Castro e Che Guevara. Instaura-se um novo regime cubano pró-
socialista, sobretudo após a tentativa dos EUA de retomarem o poder (desembarque da
Baía dos Porcos), quando Fidel Castro aceita o apoio da URSS. O comunismo começa a
desenvolver-se em Cuba.
Em 1962, o mundo assistiu à crise dos mísseis de Cuba: o presidente Kennedy exige a
retirada dos mísseis russos instalados em Cuba com alcance suficiente para atingir o
território americano. A URSS, então chefiada por Krutchev, retirou os mísseis mediante a
promessa, por parte dos EUA, de abandonarem as tentativas de derrube do regime cubano
e de retirarem os mísseis que tinham instalado na Turquia.
• África
51
O balanço da 2ªGM foi bastante pesado para a URSS e outros países da Europa
Oriental, sendo que grande parte do seu aparelho produtivo estava destruído.
Para a reconstrução do pós-guerra, a URSS retomou o modelo de planificação
económica e, tal como já tinha acontecido, a indústria pesada recebe prioridade.
De facto, os planos quinquenais apostavam sobretudo na siderurgia e infra-estruturas,
por exemplo.
Estas economias de direcção central (países de regime soviético), isto é, economias
dirigidas pelo Estado, o qual abolia a iniciativa privada e nacionalizava toda a economia,
registaram um crescimento industrial extremamente significativo.
No entanto, a par destas realizações, as economias de direcção central evidenciavam
fraquezas que comprometiam, a longo prazo, o seu sucesso.
Por um lado, a prioridade absoluta à indústria levou à falta de investimento noutros
sectores da economia. A agricultura manteve-se extremamente atrasada, por exemplo. A
maquinização era muito parca (o que, no entanto, ia de encontro à política de pleno
emprego da teoria marxista – quanto menos máquinas, mais trabalhadores são necessários
para uma mesma tarefa).
Por outro lado, a planificação económica tornou-se um entrave ao progresso, pois
reduzia ao mínimo factores que se podem revelar cruciais, como o investimento. De
facto, o único objectivo era cumprir os planos, sem qualquer tipo de modernização ou
inovação, o que acarretou um forte atraso tecnológico.
Também os elevados índices industriais não foram acompanhados de uma elevação dos
níveis de vida das populações: salários baixos para horários de trabalho prolongados,
habitação sem qualidade, acesso condicionado aos bens essenciais de consumo
constituíam o cenário que os cidadãos encontravam.
Finalmente, a direcção de todas as actividades pelo Estado criava uma pesada
burocracia que funcionava como obstáculo ao desenvolvimento.
Estes eram os chamados bloqueios económicos.
Destes bloqueios resultou a estagnação da economia do bloco soviético. Então, na
década de 60, implantou-se em quase todos estes regimes um conjunto de reformas.
Por exemplo, na URSS, Krutchev conduziu um plano de reformas económicas,
investindo na agricultura, na produção de bens de consumo, na habitação e na melhoria
das condições sociais.
No entanto, nos anos 70, sob a liderança de Brejnev, os efeitos destas medidas ficam
aquém das expectativas, devido ao reforço da burocracia e do aumento da corrupção, que
levou ao agudizar da estagnação.
O TERCEIRO MUNDO
A POLÍTICA DE NÃO-ALINHAMENTO
PORTUGAL – DO AUTORITARISMO
À DEMOCRACIA
A EMIGRAÇÃO
O SURTO INDUSTRIAL
A URBANIZAÇÃO
Nos anos 50 e 60, Portugal conheceu uma urbanização intensa e as cidades do litoral
crescem, onde se concentram as indústrias e os serviços. Em 1970, as cidades acolhem ¾
da população.
Em cidades como Lisboa e Porto, crescem os subúrbios. No entanto, a expansão urbana
não foi acompanhada da construção das infra-estruturas necessárias – habitação social,
estruturas sanitárias, rede de transportes, etc., o que faz com que haja uma degradação das
condições de vida.
O maior acesso ao ensino, aos meios de comunicação e a expansão do sector dos
serviços, foram alguns efeitos positivos da urbanização.
Em Maio de 1945, Salazar assiste à queda das ditaduras de direita da Itália, Alemanha e
Japão. Porém, em Portugal, permanecia vigente a ditadura salazarista. Assim, Salazar,
afim de evitar a queda do regime e de preservar o poder, dá a ideia de que está a
democratizar o regime.
No entanto, a liberalização política não passou de uma fachada, pois a oposição
continua a ser eliminada pelo regime.
Em 1945, Salazar antecipa uma revisão constitucional (para se legalizarem outros
partidos políticos, pois esta só autorizava a UN) e as eleições legislativas.
A oposição democrática (conjunto de opositores ao regime no segundo pós-guerra)
centrou-se em torno do Movimento de Unidade Democrática (MUD), criado em Outubro
de 1945. O movimento, que em pouco tem arrecadava já 50.000 assinaturas, formula
algumas exigências, que considera fundamentais: adiamento das eleições por 6 meses
(afim de se instituírem partidos políticos), a actualização dos cadernos eleitorais, além da
liberdade de opinião, reunião e informação.
No entanto, não foram asseguradas condições que permitissem a realização de eleições
isentas, o que leva o MUD a desistir. Foi feita uma perseguição cirúrgica às pessoas que
haviam aderido ao MUD.
Em 1949, a oposição democrática apoia Norton de Matos na sua candidatura às
presidenciais. Mas, de novo, perante e a repressão e a perspectiva de fraude eleitoral,
Norton de Matos (que exigia a abolição da polícia política, da censura, do corporativismo
e do regime de partido único) desiste, “à boca das urnas”.
De todos os momentos em que a oposição se manifestou, aquele que mais abalou as
estruturas do EN foi a candidatura à presidência do general Humberto Delgado, em 1958.
Ficou conhecido como o “general sem medo” pela crítica que fazia à ditadura e por
anunciar que “obviamente demito-o”, referindo-se a Salazar, caso fosse eleito. A sua
campanha foi rodeada de uma forte mobilização popular que o regime tentava qualificar
de agitação social.
Foi, no entanto, o candidato na União Nacional, Américo Tomás, que saiu vitorioso,
com 75% dos votos. Esta situação deixava claro que as eleições haviam sido, uma vez
mais, fraudulentas. Esta situação foi denunciada pelo Bispo do Porto, D. António Ferreira
Gomes, o que lhe custou 10 anos de exílio.
Humberto Delgado teve de se refugiar no Brasil, acabando por ser assassinado pela
PIDE em 1965.
Salazar, para não ter de se confrontar com a possibilidade de uma nova contestação,
alterou o método de eleição do PR: passa a ser escolha de um colégio eleitoral e não
resultado de sufrágio universal.
56
SOLUÇÕES PRECONIZADAS
A LUTA ARMADA
57
O Governo minimizou o deflagrar da guerra, fazendo crer que se tratava apenas de uma
“operação política”. No entanto, a guerra alastrou e teve custos muito elevados. 7% da
população activa foi mobilizada para a guerra, despendeu-se 40% do Orçamento de
Estado para a guerra e, no fim, contabilizaram-se 8000 mortes e 100.000 feridos.
O ISOLAMENTO INTERNACIONAL
várias vezes, da política de Salazar e, por isso, previa-se uma política mais liberal, de
maior abertura.
Logo no seu discurso de tomada de posso, assegura dar continuidade à obra se Salazar,
mas admite proceder às reformas necessárias.
De facto, nos primeiros meses do seu mandato, o Governo dá sinais de abertura.
Permite o regresso do exílio a personagens como Mário Soares e o Bispo do Porto.
Modera a actuação da PIDE, que passa a chamar-se Direcção Geral de Segurança (DGS)
bem como o da Censura, que passava a chamar-se Exame Prévio. Abre a União Nacional
a sensibilidades mais liberais, rebaptizada, em 1970, Acção Nacional Popular. Este clima
de mudança fiou conhecido como “Primavera Marcelista”.
As eleições que se realizaram em 1969, voltam a ser fraudulentas, mas as menos
manipuladas de todas que ocorreram durante o EN, uma vez que se admitem deputados
da ala liberal (Francisco de Sá-Carneiro, Pinto Balsemão e Miller Guerra), se alarga o
sufrágio feminino (letradas), se permite a consulta dos cadernos eleitorais e a fiscalização
das mesas de voto e que a oposição faça campanha eleitoral. Mas o resultado é o mesmo
de sempre: 100% de votos para a ANP e 0% para a oposição.
O quadro de oposição cresce. A hostilidade em relação ao regime originou uma enorme
agitação estudantil, onda de greves e acções bombistas, o que leva também a DGS a
voltar a prender os opositores políticos.
Marcello Caetano começa a inflectir a sua política inicial.
Os deputados da ala liberal, como Sá-Carneiro e Miller Guerra demitem-se, pois todos
os seus projectos de lei eram rejeitados pela facção conservadora.
Em 1974, o general António Spínola publica a obra “Portugal e o Futuro), que
proclamava abertamente a inexistência de uma solução militar para a guerra em África.
No entanto, quando Marcello Caetano teve consciência disso, já “o golpe militar era
inevitável”.
2 – DA REVOLUÇÃO À ESTABILIZAÇÃO DA
DEMOCRACIA
59
OPERAÇÃO “FIM-REGIME”
A operação “Fim-Regime” do MFA foi planeada por Otelo Saraiva de Carvalho, que
orientou a sua execução do posto de Comando da Pontinha (Lisboa).
O sinal era dado pelas canções-senha “E Depois do Adeus” (de Paulo de Carvalho) e
“Grândola Vila Morena” (de José Afonso). Seguidamente, o MFA ocupou, sem
resistência, os principais pontos estratégicos de Lisboa (RTP, aeroporto, etc.).
O capitão Salgueiro Maia cercou o Quartel do Carmo, onde se encontrava Marcello
Caetano. O PC só aceitava render-se a Spínola. Este desloca-se ao Quartel do Carmo
onde recebeu a rendição de Marcello Caetano. Às 19h50, o MFA anunciou a queda do
regime.
A revolução recebeu um enorme entusiasmo popular e pelo seu carácter não-violento
(morreram 4 pessoas por disparos sobre a população civil) ficou conhecida como a
“revolução dos cravos” (cravos que eram colocados nos canos das armas).
O DESMANTELAMENTO DS ESTRUTURAS DO EN
Após a revolução, o poder ficou a cargo da Junta de Salvação Nacional, que tomou,
desde logo, um conjunto de medidas tendentes à liberalização da política partidária e ao
desmembramento das estruturas do EN.
Quanto ao desmembramento das estruturas do EN, foram destruídos todos os cargos e
Marcello Caetano e Américo Tomás partem para o exílio no Brasil. São extintas todas as
organizações ligadas ao regime salazarista (PIDE-DGS, ANP, MP e JP, Censura, etc.) e
os presos políticos são amnistiados, sendo que as personalidades no exílio puderam
regressar a Portugal.
Fomentou-se, também, a criação de um novo sistema político. Para tal, foi autorizada a
formação de partidos políticos (PPD, com Sá-Carneiro e CDS, com Freitas do Amaral) e
a legalização dos já existentes (PS e PCP). Foram legalizadas as organizações sindicais e
agendaram-se, para 25 de Abril de 1975, as eleições para a Assembleia Nacional
Constituinte.
60
• O “período Spínola”
O poder político está fraccionado em dois pólos opostos: o PR, general Spínola, por um
lado, e por outro, a comissão coordenadora do MFA.
É neste contexto que Adelino da Palma Carlos se demite, terminando, assim, o I
Governo Provisório, apenas dois meses após ter começado.
Mais moderado, Spínola vai perdendo terreno face às forças esquerdistas do MFA,
sobretudo quando o brigadeiro Vasco Gonçalves é nomeado para chefiar o II Governo
Provisório.
Spínola, em Setembro de 1974, convoca a “Manifestação da Maioria Silenciosa” (a
maioria silenciosa era a expressão com que Spínola designara aqueles que não queriam
que o sistema político em Portugal inflectisse para a esquerda radical), uma manifestação
em seu apoio.
No entanto, esta manifestação é boicotada pelas forças de esquerda e Spínola demite-se
a 30 de Setembro.
Costa Gomes é nomeado PR.
A partir daqui, a Revolução tende a radicalizar-se. Otelo Saraiva de Carvalho, cada vez
mais afecto à extrema-esquerda, comandava o COPCON (Comando Operacional do
Continente), criado com o objectivo de dotar o poder de uma força de intervenção militar
eficiente.
A 11 de Março de 1975, numa tentativa de contrariar a orientação esquerdista da
revolução, Spínola tenta um golpe militar que fracassou.
Este acontecimento é tomado como uma “ameaça contra-revolucionária”. O MFA
acentua, então, o seu radicalismo, criando o Conselho da Revolução, órgão executivo do
MFA, que concentraria os poderes da JSN e do Conselho de Estado, que se extinguiriam.
O Conselho da Revolução inicia, a partir de então, uma tentativa de “construção de uma
sociedade socialista”, como exprime no Plano de Acção Política (PAP) de Junho de 1975,
através do PREC (Processo Revolucionário em Curso), assumidamente marxista, que
defendia a via revolucionária rumo ao socialismo.
61
O MFA, que se diz “suprapartidário”, acaba por assumir uma clara posição política de
extrema-esquerda.
Entretanto, a agitação social cresce a olhos vistos, orientando-se por uma filosofia
igualitária e pela miragem do poder popular (poder directo do povo, que toma nas suas
mãos a resolução dos seus problemas e a gestão dos meios de produção, sendo um
conceito revolucionário de ideologia marxista). Os saneamentos sumários de professores
e outros funcionários, considerados de direita, as empresas privadas ocupadas pelos
trabalhadores, que expulsam os patrões e assumem o controlo das empresas, a ocupação
das casas vagas para fins habitacionais e instalação de equipamentos sociais e a reforma
agrária, no sul, que transforma as grandes herdades em unidades colectivas de produção
(inspiradas nos Kolkhozes estalinistas) foram algumas das formas que o poder popular
tomou.
A Constituição de 1976 estabelece como órgãos de soberania, na forma que lhe deu a
revisão de 1982, o Presidente da República, a Assembleia de República, o Governo e os
Tribunais.
Estabelece, ainda, o poder tripartido: legislativo (AR e Governo), executivo (Governo e
PR) e judicial (tribunais).
O PR é eleito por sufrágio universal para um mandato de 5 anos. Este zela pelo bom
funcionamento das instituições, tendo o poder de dissolver a AR e demitir o governo e o
poder de vetar leis.
A AR é eleita nas eleições legislativas, sendo que são eleitos deputados dos diferentes
partidos políticos, consoante o número de votos. É o órgão legislativo por excelência e
cada legislatura dura 4 anos. Os deputados organizam-se por grupos parlamentares.
O Governo é o órgão executivo por excelência. O PM é designado pelo PR, de acordo
com o resultado das eleições legislativas, pelo que a escolha recai no chefe do partido
mais votado.
Os tribunais são um órgão de soberania independente, de forma a que não estão
submetidos ao poder político, proporcionando-se, assim, as condições para a sua
imparcialidade. O Tribunal Constitucional, criado em 1982, assegura o cumprimento da
Constituição.
A QUESTÃO DE TIMOR
A ilha leste de Timor era uma colónia portuguesa desde o século XVI que não era ainda
independente no século XX. É após a revolução do 25 de Abril que se formam, não
movimentos de libertação, mas sim partidos políticos: UDT (que defendia a união com
Portugal num quadro de autonomia), APODETI (favorável à integração na Indonésia) e
FRETILIN – Frente Revolucionária de Timor-leste Independente, com um programa
independentista ligados aos ideais de esquerda.
No entanto, os diferentes partidos não chegam a um consenso e a administração
portuguesa retira-se da ilha sem reconhecer a independência proclamada pela FRETILIN.
Em 1975, o ditador indonésio, Mohamed Suharto, dirigiu a invasão de Timor-leste,
impondo um governo autoritário. Esta situação é denunciada por Portugal à ONMU, que
condena a ocupação da Indonésia. Contudo, o país continua a impor o poder pela força e
repressão e anexa Timor-leste em 1976.
A anexação permaneceu ilegítima e a resistência timorense continuou activa pelos
guerrilheiros da FRETILIN, encabeçados por Xanana Gusmão, desde 1980. Foi também
importante para a resistência a pressão de D. Ximenes Belo, Bispo de Díli.
Só em 1991, perante a mediatização do massacre de civis que se haviam refugiado no
cemitério de Santa-Cruz é que a questão timorense ganhou novo avanço. A prisão de
Xanana Gusmão, em 1992, e a atribuição do Prémio Nobel da Paz a D. Ximenes Belo e
Ramos Horta (líder da resistência timorense no exterior), em 1996, tiveram um impacto
fulcral na mobilização da opinião pública internacional.
65
PROSPERIDADE ECONÓMICA
• Sectores da economia
O DINAMISMO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO
Liderando a corrida tecnológica, os EUA são o país que mais gasta em investigação
científica. A ligação entre as descobertas científicas e a sua aplicação à economia de
mercado é feita por meio dos tecnopólos – parques tecnológicos que concentram, numa
mesma área, universidades, centros de pesquisa e empresas, que trabalham de forma
articulada. Por exemplo, o tecnopólo de Silicon Valley, perto de S. Francisco, onde
nasceu a Internet.
Nos EUA, a tecnologia é colocada ao serviço da defesa e do sector civil, em parcelas
mais ou menos iguais, donde se conclui a extrema importância que a política militar
reveste para a economia nacional.
A HEGEMONIA POLÍTICO-MILITAR
O colapso da Guerra Fria fez com que os EUA passassem a deter a hegemonia político-
militar a nível mundial. Os vários presidentes dos EUA desde os anos 80 tiveram
consciência desse imenso poder, que utilizaram na política internacional.
Ronald Reagan (1981-89) implementou um programa de defesa antimíssil, conhecido
como “guerra das estrelas”. Na guerra Irão-Iraque (1980-88), os EUA apoiaram o Iraque.
68
George Bush pai (1989-93) iniciou a Guerra do Golfo, em 1991, para libertar o Kuwait
da invasão iraquiana e apoiou a operação humanitária “Devolver a Esperança”, na
Somália, entre 1992 e 1994.
Durante a presidência de Bill Clinton, as tropas americanas envolveram-se em diversos
conflitos, influenciando, pela presença militar, o curso dos acontecimentos,
nomeadamente no Haiti e na ex-Jugoslávia.
Bush (filho) liderou a invasão ao Afeganistão em 2001 e procedeu à invasão do Iraque
com base na suposição de que se escondiam, no território, armas de destruição maciça.
Têm sido considerados, nas últimas décadas, os “polícias do mundo”, em virtude do
papel preponderante e activo que têm desempenhado na geopolítica mundial.
Apesar de os EUA invocarem a defesa da liberdade e da democracia como justificação
para o envolvimento nas guerras, o mundo ocidental viu crescer o anti-americanismo nos
anos mais recentes, argumentando que as intervenções militares americanas se prendem
com fortes interesses económicos.
No início dos anos 80, vigorava a Europa dos Nove, mas desde a criação da União
Aduaneira, em 1968 (prevista no Tratado de Roma), o projecto europeu encontrava-se
estagnado.
A partir de 1985, Jacques Delors tornou-se presidente da Comissão Europeia,
imprimindo no seu mandato (até 1994), um impulso de renovação à CEE, centrando-se
no aspecto que oferecia mais consenso: o avanço da união económica.
Em 1986 foi assinado o Acto Único Europeu, que previa a criação de um mercado
único, no qual não existiam qualquer tipo de barreiras, sendo que a circulação de
mercadorias, capitais, pessoas e serviços era livre. O mercado único entrou em vigor em
1993.
Esta dinâmica permitiu que se iniciassem negociações com vista ao aumento das
competências da Comunidade (moeda, política migratória, política externa e de defesa).
Assim, celebrou-se o Tratado da União Europeia, em Maastricht, em 1992. Entrou em
vigor em 1993 e estabelece uma União Europeia fundada em três pilares: o primeiro
pilar, o da Comunidade Europeia, de cariz mais económico; o segundo pilar seria o da
política externa e de segurança comum (PESC) e o terceiro pilar seria o da cooperação
nos domínios da justiça e dos assuntos internos (CJAI) – criminalidade, terrorismo
internacional e pressões migratórias.
O Tratado da UE veio também instituir a cidadania europeia: é cidadão europeu
qualquer pessoa que tenha nacionalidade de um Estado-membro, estatuto que lhe concede
direitos como de circulação e permanência em todos os Estados-membros, de
participação na vida política (a nível municipal de cada país onde resida e para o
Parlamento Europeu), de protecção consular e o direito de petição.
69
A união política tem encontrado resistências e tem havido uma grande divisão quanto
ao futuro da Europa: há os que se opõem a qualquer tipo de união, os que defendem
exclusivamente um quadro de colaboração entre Estados soberanos (unionistas) e os que
apostam numa espécie de Estados Unidos da Europa, com um governo federal único e
supranacional (federalistas).
Todos os assuntos introduzidos pelo Tratado de Maastricht interferem com as políticas
nacionais, logo, a polémica instalou-se.
Alguns países (Reino Unido, Dinamarca e Suécia) recusam-se a adoptar a moeda única
e há uma fraca implantação popular do sentimento europeísta, apesar dos símbolos,
provada pela forte abstenção nas eleições para o PE.
As dificuldades de uma união política viram-se acrescidas com os alargamentos, que
obrigam à revisão das instituições e do seu funcionamento (democraticidade) e à
conjugação de diferentes interesses (operacionalidade), gerando muitos problemas na
criação de uma verdadeira política externa, harmonizada.
O projecto de uma Constituição Europeia, resultante da Convenção para o Futuro da
Europa, em 2002, que previa a criação de um Ministro dos Negócios Estrangeiros
Europeu, responsável pelas posições em matéria de política externa, acabou por não ser
aprovado, por não ter sido ratificado por todos os países.
70
A zona da Ásia-Pacífico, tornou-se, nos anos 90, num pólo de desenvolvimento intenso,
em três fases consecutivas: 1º o Japão (“milagre japonês”), 2º os 4 Dragões (Hong Kong,
Singapura, Taiwan e Coreia do Sul) e, finalmente, os 5 Tigres (Tailândia, Malásia,
Indonésia, Vietname e China).
OS QUATRO DRAGÕES
Após a morte de Mao Tsé-Tung, em 1976, a República Popular da China passou a ser
governada por Deng Xiaoping (até 1997). Apesar de manter em vigor um regime
autoritário, controlado pelo PC, Deng Xiaoping instaurou uma economia de mercado nas
71
régies costeiras da China, da qual resultou a descolagem económica da China, nos anos
80.
• A “era Deng”
Logo no fim da 1ªGM, o P. Wilson fala do princípio das nacionalidades, dizendo que “a
cada Nação deve corresponder um Estado”. Também a Carta das Nações Unidas concede
o direito de autodeterminação de todos os países.
No século XX, os Estados-Nação registam uma forte expansão (em 1945 a ONU tem
78 membros e em 1998 já são 185), o que se explica pelas vagas de descolonização do 2º
pós-guerra e o desmoronamento de Estados hegemónicos como a URSS.
Embora a fórmula do Estados-Nação seja um modelo de organização coerente e justo,
esta tem sofrido uma crise devido a um conjunto de factores, tais como os conflitos
étnicos que dificultam a construção de uma identidade nacional (vários países da África
Negra, como o Sudão), os nacionalismos separatistas (por exemplo, o basco e o catalão
que, no caso de Espanha, colocam a identidade espanhola em causa).
72
MIGRAÇÕES
No ano de 2000, contavam-se cerca de 150 milhões de pessoas que não viviam no país
onde tinham nascido.
Os factores que explicam as migrações são os de ordem económica (procura de
emprego, fuga à miséria) e política (conflitos regionais, guerras civis – 20 milhões).
No século XXI, os países industrializados constituem o destino favorito da imigração a
nível mundial: os fluxos migratórios orientam-se, sobretudo, do hemisfério sul, mais
pobres, para os países do hemisfério norte (EUA, Europa Ocidental).
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SEGURANÇA
AMBIENTE
OS MECANISMOS DA GLOBALIZAÇÃO
DA INTEGRAÇÃO A 1992
DE 1993-2000
Cada um que passa na nossa vida passa sozinho, mas não vai só... Levam um
pouco de nós mesmos e deixam-nos um pouco de si mesmos. Há os que
levam muito, mas não há os que não levam nada. Há os que deixam muito,
mas não há os que não deixam nada. Esta é a mais bela realidade da vida...a
prova tremenda de que cada um é importante e que ninguém se aproxima do
outro por acaso.