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Curso EFA NS – CLC7 P Formadora: Elsa Roque


Nome:_____________________________________________________________________Data:____/____/______

Cultura de globalização e cultura de preservação de identidades culturais

A
Globalização cultural ou cultura global

Segundo alguns autores a cultura de globalização ou a cultura global é algo residual, só vem por
acréscimo. Para outros, este aspeto vai ser a base do poder económico, político e militar. São os meios de
comunicação eletrónica especialmente a televisão, que tem sido um dos grandes temas de debate.
Embora a importância da globalização dos meios de comunicação social seja salientada por todos,
nem todos retiram dela as mesmas consequências. Vejamos o caso do nosso país, em que o grande número
de programas televisivos, essencialmente, de origem americana fazem com que haja uma mistura de
culturas, acabando por termos crenças e costumes muito similares, o exemplo mais famoso é a fast-food.
Esta temática articula-se com uma outra igualmente central no âmbito da globalização cultural: o de
saber até que ponto a globalização acarreta a homogeneização. Se, para alguns autores, a especificidade das
culturas locais e nacionais está em risco, para outros, a globalização tanto produz homogeneização como
diversidade.
No domínio cultural, o consenso neoliberal é muito seletivo. Os fenómenos culturais só lhe
interessam na medida em que se tornam mercadorias que, como tal, devem seguir o trilho da globalização
económica.
Assim o consenso diz, sobretudo, respeito aos suportes técnicos e jurídicos da produção e circulação
dos produtos das indústrias culturais como, por exemplo, as tecnologias de comunicação e da informação e
dos direitos de propriedade inteletual.
Boaventura de Sousa Santos, 26 julho 2008
http://denvolvimentoregionalelocal.blogs.sapo.pt/7267.html (adaptado), junho 2010

B
A outra globalização

(…) A globalização atual é técnica, mas não é social, cultural e política; informar em enxurradas
tem agravado a incompreensão do que se passa à nossa volta (porque informar não é comunicar); é preciso
aprender a coabitar e a respeitar os outros, pelo que importa repensar as condições da globalização, da
informação e da comunicação para gerar solidariedades e acabar com a incompreensão, fermento da
barbárie e da indiferença.

Para Wolton, o fim das distâncias físicas tem vindo a revelar a importância das distâncias culturais.
Não há choques de civilizações mas choques de culturas. A globalização tem exaltado a mobilidade (e daí
o sucesso do virtual), esquecendo a identidade. Na verdade, há indústrias culturais mundiais, mas não
existe, nem se prevê que venha a existir, cultura mundial. Como as indústrias culturais têm especificidade,
há que refletir nas questões geopolíticas da comunicação e reconhecer que estas indústrias gerem visões do
mundo. A diversidade pressupõe que se salvaguardem os laços culturais, impedindo a sua anulação.

É por isso que se pode dizer que a cultura é um recurso político, pois abarca estilos de vida,
celebrações, paisagens ou tradições, entre tantas outras manifestações. Há que discutir, pois, a emergência
da identidade cultural coletiva em contraponto com a sociedade individualista de massas em que vivemos.

Se no passado a identidade era um obstáculo à comunicação, hoje é condição da comunicação.


Contudo, a “identidade cultural-refúgio” pode levar ao fundamentalismo religioso ou às formas agressivas
de viver em gueto. É a “identidade cultural de relação” que melhor preserva a identidade coletiva, mediante
a coabitação. Pela coabitação cultural assume-se a diversidade das línguas, promove-se a laicidade,
garante-se o pluralismo mediático, associa-se a diversidade cultural aos Direitos do Homem e valoriza-se o
contributo da imigração, por exemplo. Esta coabitação é o pilar do multiculturalismo, uma das faces
visíveis da “outra globalização”.

Concluindo a enunciação teórica de Wolton, o desafio cultural é o horizonte da globalização, que é


tão decisiva para a paz quanto a relação Norte-Sul ou a preservação ambiental mundial. Em contrapartida, a
globalização da informação, em vez de aproximar os pontos de vista é, na maioria dos casos, um acelerador
das divergências de interpretação.

Para se pensar a globalização em termos de cultura-comunicação, impõem-se várias ruturas, a


saber: encarar o binómio cultura-comunicação como uma questão política fundamental; esta coabitação
cultural precisa de regulamentação jurídica, do reforço das instituições internacionais para regular a
globalização e da revalorização do papel do Estado-Nação. Nesta “outra globalização” a opção não passa
por escolher entre tradição e modernidade, é preciso preservar as duas sem hierarquia. É neste contexto que
os media de massas podem vir a ter um papel privilegiado para preservar as identidades coletivas em vez
de estarem ao serviço da tirania da sociedade de informação.

Beja Santos, Notícias da Amadora. Edição 1593, 21 de outubro de 2004

http://64.71.144.19/nad/artigo.php?aid=6116&coddoss=208

Trabalho de grupo:

1. Reflitam acerca da temática apresentada nos textos.

2. Apresentem aspetos negativos e positivos da globalização a nível geral. Seguidamente enunciem


argumentos a favor e contra a “globalização cultural”.

3. Com base nos argumentos encontrados e nos textos apresentados elaborem um texto onde
respondam à questão: “Estarão a cultura de globalização e a de preservação de identidades em
confronto ou em complementaridade?”

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