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RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA:

A INDISSOCIÁVEL RELAÇÃO CONTEMPORÂNEA ENTRE


SOCIEDADE, GESTÃO DEMOCRÁTICA ESCOLAR E POLÍTICA
PÚBLICA

RESUMO

O presente trabalho foi desenvolvido a partir da necessidade de estudarmos a relação família e


escola, promovida principalmente pelos gestores escolares, estabelecida, em sua maioria, por
classes populares e a parceria do assistente social nesse contexto. Objetivou-se apresentar
resultados de pesquisas que tiveram como foco a investigação das possibilidades de partição familiar
na gestão escolar e, por meio desta ação, garantir a efetividade da relação família e escola e estudos
acerca de políticas públicas que permeiam a gestão escolar democrática. Concluiu-se por meio desta
pesquisa que a interação familiar contribui para melhoria da qualidade do serviço prestado pela
escola e para o progresso na vida acadêmica do aluno.

Palavras-chave: Relação família-escola. Gestão Democrática. Educação.

1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem foco na Educação e tem a intenção de contrapor-se às


abordagens que desconsideram questões que envolvem a relação família e escola
como influenciadora da trajetória escolar dos alunos, colocando essa última como
espaço de interação, de uma sociedade mediatizada, na qual aprendizagem se dá
através das interações sociais.
Objetivou-se nesse trabalho: possibilitar a compreensão o espaço escolar
como meio de interação com a família; evidenciar que a questão social compõe o
contexto escolar; conhecer o processo histórico de atuação do assistente social,
expor as possibilidades de parceria entre gestão escolar e assistente social no
ambiente escolar. Esta investigação foi norteada pela abordagem social e
educacional.
Esta investigação torna-se interessante pela possibilidade de melhor
compreensão do espaço escolar como meio de interação e aponta a necessidade de
se examinar a relação família escola de forma a rever expectativas, estereótipos, e
práticas e as demais barreiras através da reflexão das metas e ações com objetivo
de aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem que se dá também de forma
coletiva.
A parceria entre gestão escolar e serviço Social no espaço escolar deve
colaborar para ações para efetividade da inclusão social por meio da formação da
cidadania e emancipação dos atores sociais. Educadores e assistentes sociais
atuam diretamente em educação, por meio da consciência, da oportunidade de
possibilitar aos sujeitos que sejam atuantes na construção da sua própria história.
Amaro (1997) reflete que educadores e assistentes Sociais compartilham
desafios semelhantes, e tem na escola como ponto de encontro para enfrentá-los.
Tem-se a necessidade de fazer algo em torno dos problemas sociais que
repercutem e implicam de forma negativa no desempenho do aluno e leva o
educador pedagógico a recorrer ao Assistente Social.
Propõe-se, neste estudo, apresentar resultados de estudos que tiveram
como foco buscar fundamentação acerca da importância da participação da família
nos processos escolares.
Estabeleceu-se como hipótese que, o fracasso escolar é uma característica
do nosso tempo, como um sintoma, uma patologia que pode ser associada às
promessas de gozo, inerente a algumas ações políticas.
Evidenciou, a respeito dos problemas de comportamento, incoerência e
descontinuidade entre família e escola, demonstrando a existência de fronteiras
entre os sistemas, expressas pelo desconhecimento entre os mesmos acerca das
ações educativas, no que tange à sua aplicação, conjunta e individualmente, a
situação em que ela dever ser aplicada e quais práticas utilizar, dentro do contexto a
que se aplica
Os princípios metodológicos que nortearão este estudo estão enquadrados
nos procedimentos qualitativos de pesquisa. O tipo de pesquisa foi pesquisa
bibliográfica. Conforme Andrade (1997) uma pesquisa bibliográfica pode ser
desenvolvida como um trabalho em si mesmo ou constituir-se numa etapa de
elaboração de monografias, dissertações, etc. Enquanto trabalho autônomo, a
pesquisa bibliográfica compreende várias fases, que vão da escolha do tema à
redação final.
Segundo Marconi e Lakatos (1992), a pesquisa bibliográfica é o
levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas,
publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é fazer com que o
pesquisador entre em contato direto com todo o material escrito sobre um
determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na
manipulação de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro passo
de toda a pesquisa científica.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Escola e Sociedade contemporânea

A escola é um espaço social e pedagógico para aprender democracia e


prevenir comportamentos desviantes, atitude suspeita. A parceria com a assistência
social se dá por meio do Programa de orientação e apoio sócio familiar: realizado
pelo profissional de Serviço Social, por meio de atendimentos individuais, trabalho
com grupos, visitas domiciliares e encaminhamentos para os recursos da
comunidade. Serviços Especializados: Atendimento psicológico, fonoaudiológico,
odontológico e médico Interação com a família.
A educação nesta perspectiva, não é somente uma exigência que nossa
sociedade obriga para que a pessoa saiba se comunicar além da fala, mas
apresenta-se como uma possibilidade de desenvolver-se além do que ela mesma
pretende, por meio do conhecimento científico, alcançando então as múltiplas
oportunidades que surgirão a partir daquilo que ela conseguiu obter durante sua
formação. Além disso, a educação com inclusão social, possibilita a pessoa a fazer
parte e poder agir neste meio em que na maioria das vezes, só tem voz àquele que
possui o poder.
Abordagens que desconsideram a relação família e escola como
influenciadora na trajetória escolar tornam-se equivocadas, quando consideramos a
escola como espaço de interação social, por meio da qual o sujeito, adquire capital
social, que se dá através da diversidade de vivências e experiências, ou seja, a
bagagem que cada indivíduo traz para a instituição escolar, aprendizagem esta
constituída através das relações sociais, a aprendizagem mediática.
Não se pode conceber a criança como uma parte de um todo, que tem
sentido por esse todo, que seria a família, trata-se de um sistema incluído em outro
sistema. Para Fernández (1999), o fracasso escolar responde a duas causas,
externas à estrutura familiar e individual do que fracassa em aprender ou internas à
estrutura familiar e individual. Sendo que no primeiro caso, refere-se ao problema de
aprendizagem reativo, que afeta o aprender do sujeito em suas manifestações,
surgindo, geralmente, a partir do choque entre o aprendente e a instituição
educativa, que funciona expulsivamente. Uma vez gerado o fracasso o
psicopedagogo deverá também intervir, auxiliando por meio de indicações
adequadas, para que o fracasso escolar não se constitua em sintoma neurótico.
Portanto, deve-se considerar que a instituição escolar não é formada pela
equipe que atua profissionalmente nela, mas por todos os sujeitos e ações
envolvidos em sua prática cotidiana, lê-se família, comunidade, políticas públicas,
entre outros.
Esse processo torna-se fundamental à instituição escolar, a família e demais
envolvidos no processo educativo, uma vez que permite o olhar através de vários
ângulos sobre o contexto, objetivando reconhecer a origem do conflito.
A autora Resende (2008) investigou as práticas e concepções relativas ao
dever de casa, em camadas populares e nas camadas médias, buscando desvelar
aspectos do processo educacional referentes às relações família-escola e ao
currículo escolar. Para essa investigação de caráter microssociológico, voltada para
a descrição de práticas e estratégias dos atores, bem como para a análise de suas
concepções e perspectivas em relação ao assunto em questão. Selecionaram-se
para a pesquisa três turmas da 3ª série do ensino fundamental, sendo uma turma
formada por crianças das camadas populares e as outras duas por crianças das
camadas médias. Participaram da investigação os alunos, seus professores e seus
pais/mães. A análise dos dados revelou um consenso entre as famílias investigadas
quanto à importância dos deveres de casa e de seu acompanhamento pelos pais do
aluno; as desigualdades de condições familiares para esse acompanhamento, bem
como as desigualdades de ofertas educacionais das escolas.
Intitulado como Família e escola na contemporaneidade: fenômeno social,
Perez (2008) buscou compreender a dinâmica das práticas educativas
desenvolvidas nas famílias de camadas populares e na instituição escolar e a
influência que ambas exercem na aprendizagem de crianças do ensino fundamental.
A pesquisa foi realizada em uma escola pública de ensino fundamental, na cidade
de Bauru/SP, que atende crianças provenientes de famílias das camadas populares.
Como procedimento metodológico, utilizaram-se algumas técnicas de pesquisa:
questionário, entrevista semiestruturada, observação participante na escola durante
o ano letivo, algumas visitas às famílias, e coleta de registros escolares. A análise
qualitativa dos dados indicou alguns fatores para a condição de sucesso ou fracasso
escolar dos alunos das camadas populares, como a forma de envolvimento da
família na trajetória escolar dos filhos, o papel dos professores no incentivo à
aprendizagem e o empenho do educando na superação das dificuldades para a
concretização de seus projetos escolares. Concluiu-se que, dependendo do
incentivo da escola e da família nas atividades escolares, os alunos modificam o
desempenho de forma positiva quando há um intenso acompanhamento das duas
instituições ou de modo insatisfatório quando o aluno não é incentivado a melhorar
seu rendimento.
A relação família e escola e as práticas educativas utilizadas por pais e
professores foi tema da pesquisa Silveira e Wagner (2009). Os autores analisaram
as continuidades e descontinuidades na relação família-escola frente aos problemas
de comportamento da criança, investigando a utilização e as percepções sobre as
práticas educativas de pais e professores em ambos os contextos, bem como a
existência de ações conjuntas. Participaram do estudo quatro pais (três mães e um
pai) de crianças, entre 7 e 11 anos de idade, que apresentavam problemas de
comportamento na escola e quatro professoras. As crianças foram indicadas pelo
SOE (Serviço de Orientação Educacional) das escolas, entendendo os problemas de
comportamento como dificuldades de relacionamento/socialização de tais crianças.
Os pais possuíam entre 33 e 42 anos, sendo uma das famílias monoparental
(gerenciada pelo pai), uma cuja mãe é casada pela segunda vez e outros dois
originais. Foram realizadas duas entrevistas com cada um dos participantes. A
primeira, uma entrevista dirigida e a segunda semidirigida. Os resultados apontaram
heterogeneidade das práticas educativas parentais e diferentes níveis de
conhecimento entre os participantes acerca das práticas utilizadas, revelando
fronteiras rígidas entre a família e a escola. Identificou-se a supremacia do saber das
professoras sobre os pais, reforçada pelo fato das atitudes conjuntas enfocarem o
caráter curativo e orientador da escola sobre a família.
O traumático encontro com os outros da educação: a família, a escola e o
estado, artigo de Cohen (2004) que buscou discorrer, em uma revisão de literatura,
por meio da figura do professor e do diretor escolar, a tensão sofrida pela criança
diante da demanda do tecido social – família, escola e Estado. Propôs-se a defesa
da tese de que é possível uma economia de gozo, uma diminuição do fracasso
escolar pela via da contingência. Supõe-se o fracasso escolar como sendo um
sintoma contemporâneo, uma patologia que pode ser associada à promessa de
gozo, observadas em muitas escolas, que se oferecem à realização da fantasia
capitalista, obedecendo a uma ética que promove políticas educacionais
segregadoras e aponta o educador como potencial agente gerador de neuroses.
Sabe-se que, é no contexto da escola, no cotidiano de crianças e
adolescentes no seio familiar, que se formam as diferentes concepções da realidade
social. As demandas emergentes e consequentes da questão social é que justificam
a inclusão do assistente social. Neste sentido, Iamamoto (1998) afirma:
O desafio é re-descobrir alternativas e possibilidades para o trabalho
profissional no cenário atual; traçar horizontes para a formulação de
propostas que façam frente à questão social e que sejam solidárias com o
modo de vida daqueles que a vivenciam, não só como vítimas, mas como
sujeitos que lutam pela preservação e conquista da sua vida, da sua
humanidade. Essa discussão é parte dos rumos perseguidos pelo trabalho
profissional contemporâneo (IAMAMOTO, 1998, p.75).

Com a perspectiva de incluir aqueles que se encontram em processo de


exclusão social, a escola possibilita aos seus alunos fazerem parte da sociedade em
que vivem. A escola, enquanto equipamento social, precisa estar atenta para as
mais diferentes formas de manifestação de exclusão social, incluindo-se desde
questões que vão de violência, atitudes discriminatórias, de etnia, do gênero, de
sexo, de classe social, etc., reprovações, até a evasão escolar, que muitas vezes é
provocada pela necessidade do aluno de trabalhar para contribuir na renda familiar.
E, é nesse contexto, que se apresenta o fracasso escolar, pois mais do que nunca a
escola atual tem o dever de estar alerta à realidade social do aluno.

3. PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA EFETIVAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Os programas IDEB, FUNDEB e PAR tem como foco a Educação Básica, o


primeiro funciona como um indicador de qualidade, para a escola e a rede. As
informações fornecidas pelos resultados do IDEB, assim como os de outras
avaliações, possibilitam ter um norte para ponderar as estratégias didáticas
empregadas na escola e os critérios usados para o ensino e aprendizagem. Criou-
se para acompanhar as políticas públicas no país e intermediar o estabelecimento
de metas de qualidade para os sistemas de ensino.
Faz-se necessário que o gestor discuta os dados com sua equipe e
proponha uma reflexão para que sejam detectadas as variáveis responsáveis pelas
notas obtidas. O IDEB é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o
FUNDEB, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação, enquanto que o PAR é o Plano de
ações articuladas
O papel democratizador da coordenação pedagógica está mais que implícita
na terminologia que compõe o nome dessa função. Seu conceito pode ser definido
como articulador da educação no ambiente escolar, uma concepção certamente
ampla que exige a participação coletiva, uma gestão compartilhada e democrática,
que tem articulado à sua prática a descentralização, a autonomia e a participação,
que envolva os participantes diretos e indiretos dos processos que envolvem a
escola como todo, tendo uma função de ser espaço de aprendizagem e referência.
A criação de condições de participação de diferentes atores sociais contribui
para a melhoria da qualidade da educação, uma vez que a escola é um espaço
social privilegiado, como foi dito, de exercício de cidadania.
Abordar, pois a gestão democrática é abordar a escola cidadã que contribui
para a formação do cidadão participativo e, consequentemente, para o exercício da
cidadania emancipatória.

4. NECESSIDADE EDUCACIONAL ESPECIAL E INTERAÇÃO FAMILIAR

A interação entre as instituições escola e família é imperativa para a


melhoria dos serviços educacionais prestados pela escola. A família sendo esta um
espaço de estabelecimento progressivo da identidade dos sujeitos ao estabelecer
com a escola parceria, ambas contribuem para o desenvolvimento integral do aluno,
por meio da consciência social crítica e igualmente a percepção de cidadania para a
construção de um espaço democrático.
A família e a escola, nas palavras de Polonia e Dessen (2005):
Emergem como duas instituições fundamentais para desencadear os
processos evolutivos das pessoas, atuando como propulsores ou inibidores
do seu crescimento físico, intelectual e social, essa evolução torna-se muito
mais viável na medida em que exista uma parceria entre essas duas
instituições na elaboração dos objetivos educacionais. (POLONIA E DESSE,
2005, P. 87).

Em virtude, as amplas alterações que sobrevieram na formulação da


educação, depois longo período, as instituições passam a modificar suas políticas
pedagógicas.
Espelhando-se nas experiências que ocorreram no exterior, inicia-se no Brasil
no século XIX, a estruturação de serviços para portadores de deficiência visual,
deficiência auditiva, deficiência intelectual e deficiência física. Contudo, esses
atendimentos direcionam-se inicialmente somente em assistir essas pessoas em
suas necessidades médicas. O enfoque na aprendizagem dos mesmos ocorre
somente no final dos anos 50 do século XX. Anteriormente, as pessoas com
deficiências eram vistas como inábeis, ou impossibilitadas de produzir em
sociedade.
Enquanto “algumas culturas facilmente excluem as pessoas deficientes,
outras as internavam em ambas as instituições de caridade, junto com doentes e
idosos.” (SASSAKI, 1997, p.1).
No trajeto da educação inclusiva brasileira, segundo Mazzotta (2009)
destaca-se dois períodos: O primeiro se deu de 1854 a 1956 por meio de iniciativas
isoladas. Em 12 de setembro de 1854 Dom Pedro II fundou o Imperial Instituto dos
Meninos Cegos no Rio de Janeiro, por meio do qual atendia, através do ensino e
aprendizagem, os portadores de deficiência visual. Em 17 de maio de 1980 foi
assinado o decreto nº408 que alterou o nome do Instituto para Instituo Nacional dos
Cegos, e também aprovam seu regulamento. Em menos de um ano, em 24 de
janeiro de 1891, por meio do decreto nº 1.320 o Instituto passa a se chamar Instituto
Benjamin Constant.
No mês 09 de 1857, Dom Pedro II constituiu o Imperial Instituto dos Surdos-
Mudos, ainda na cidade do Rio de Janeiro. As instituições supracitadas recebiam
crianças de 7 a 14 anos. Depois de alguns anos da inauguração surge a
preocupação com o ensino de profissão para seus alunos. Para os meninos oficinas
de tipografia e encadernação, e às meninas eram ensinadas o tricô. Em 1874, o
Hospital Estadual de Salvador começa a assistir os deficientes intelectuais. No 1º
período da história da educação inclusiva no Brasil compreendemos progressos,
uma vez que em 1950 já existiam quarenta instituições que ofertavam determinado
tipos de atendimento educacional especial aos D.I., e três instituições especializadas
em atendimentos aos D.I., e outras oito especializadas nas outras deficiências.
Percebe-se que esse primeiro período, da história da educação inclusiva no
Brasil, foi um período, principalmente, das instituições especializadas, como
centros de habilitações e reabilitações, que atendiam os deficientes. Nestas
instituições, era priorizado a internação das pessoas com deficiência, e as
mesmas não participavam de uma vida cotidiana normal, pois passavam os
dias sendo assistidos como se não tivessem a condição de participar de
atividades e lugares para pessoas ditas normais. (TÉDDE, SAMANTHA.
2012, p. 16)

O segundo período caracterizado por ações oficiais que durou de 1957 a


1993, ficou marcado pela criação do Centro Nacional de Educação Especial
(Cenesp), uma vez que os alunos que acompanham o ensino regular continuam e os
demais dão continuidade para a educação especial. Os portadores de necessidades
educacionais especiais recebem atendimento a nível federal. Os progenitores dos
portadores de necessidades educacionais especiais foram os fundamentais por tais
transformações, por meio de luta por seus filhos alcançaram serviços e
atendimentos especializados para estes.
Por meio da Constituição Federal de 1988 que objetivou “promover o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação”.- “Educação para todos” (art.3º inciso IV). Em 1994, as diretrizes
assinaladas pelo Conselho Nacional de Educação, leis, decretos e resoluções
instituem as ações básicas para a implementação das propostas de educação
inclusiva. Para instituição de uma política nacional para educação, as ações
governamentais procuram estratégias essenciais para a efetivação dessas ações em
nível federal, estadual e municipal. (MEC/SEESP, 2007) O sistema público lança
políticas orientando-se pela inclusão, e as instituições de ensino empenham-se a
modificar em seus projetos políticos pedagógicos, os quais carecem dessas
alterações para incluir e não excluir os alunos. No mesmo caminho, o Ministério da
Educação e a Secretaria de Educação do Governo Federal estabelecem cidades-
pólo para ampliar e agilizar suas ações na área de Educação Especial.
(MEC/SEESP 2007).
A elaboração de determinada política educacional deve ser vista como
requisito necessário para efetivar o que se propõe, mas não é requisito suficiente.
Se não existir convicção de que a escola reflete uma compreensão de mundo e de
uma sociedade com suas peculiaridades e maneiras de organização própria; se não
forem vislumbrados os predicados políticos, essenciais à educação, estaremos à
mercê de dispormos de retóricas políticas de primorosa condição com práticas ainda
rudimentares e muito afastadas do alcance daquilo a que se propõe.
A inclusão escolar impetrou progressos expressivos ao longo de sua história,
contudo ainda existe a necessidade de envolvimento político, institucional e familiar
a fim de que esses progressos permaneçam acontecendo e com olhar fixo sempre
na criança especial, uma vez que lida-se com pessoas, seres humanos, que
possuem sentimentos e esperanças e de forma nenhuma.
Deficiência provém da palavra deficiência do latim e indica algo que possua
falhas, defeitos, não é completo. É o termo usado para determinar a ausência ou a
disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica. Diz respeito à biologia
da pessoa.
A convenção da Guatemala, internalizada à Constituição Brasileira pelo
Decreto nº 3.956/2001, no seu artigo 1º define deficiência como [... ] “uma restrição
física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a
capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada
ou agravada pelo ambiente econômico e social”. Essa definição ratifica a deficiência
como uma situação (MEC, 2007).
A deficiência não é uma categoria com perfis clínicos estáveis, sendo
estabelecida em função da resposta educacional. O sistema educacional pode,
portanto, intervir para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos
com algumas características que podem sinalizar deficiência.
A OMS avalia que 10% da população mundial possui algum tipo de
deficiência, entre elas, visuais, auditivas, físicas, mentais, múltiplas, transtornos
globais do desenvolvimento e superdotação ou altas habilidade. No Brasil, segundo
o IBGE de 2000, 14,5% da população possuí algum tipo de deficiência. (HONORA &
FRIZANCO, 2008)
A intervenção coletiva por profissionais que se inserem na prática da
efetivação da educação inclusiva é um movimento que precisa ser continuado, seja
em seus contextos e implica considerar as expressões da questão social no
exercício profissional.
Assim, ao estudar a educação inclusiva e refletir em uma educação como
processuais, e como um trabalho que envolve coletivamente outras áreas do saber,
associando uma educação que objetive incluir do que marginalizar aqueles que são
sujeitos de direitos da Política de Educação em suas especificidades.

5. PROPOSTAS DE INTERAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA

Através dos “tipos ideais” estabelecidos por Max Weber, entendidos como
uma maneira de classificar e comparar situações sociais produzidos em um mesmo
contexto social, a fim de pesquisar suas características singulares. As autoras Jane
Regattieri e Castro (2010) a propõe formas de interação, conforme segue abaixo
para nortear o dever de promoção da interação família e instituição escolar.

TABELA 2: Propostas de interação família e escola


FOCO OBJETIVOS ESTRATÉGIAS RESULTADOS
Educar as Estabelecer espaço Convite às famílias Familiares
famílias permanente de reflexão para assistirem a frequentando a
e construção sobre a reuniões, palestras escola com mais
importância da escola e e festas na escola. assiduidade.
da família na vida dos Organização de Aumento da
alunos. Conscientizar os encontros informação dos
responsáveis sobre temáticos para responsáveis em
seus papéis na ensinar às famílias relação a diversos
educação dos filhos. como lidar com assuntos que
Apresentar a proposta seus filhos. tocam a vida
da escola. familiar. Maior
informação sobre a
proposta e as
regras da escola.
Abrir a escola Fortalecer as condições
Valorização da Maior participação
para para que as famíliasatuação dos (quantidade e
participação participem da gestão da
representantes dos qualidade) dos
familiar escola. Construir
familiares nos responsáveis nas
relação de colaboração
conselhos decisões
das famílias no
escolares e outras pedagógicas da
ambiente escolar, por
instâncias escola. Maior
meio do envolvimentodeliberativas da participação dos
voluntário dos
escola. familiares e
responsáveis, em
Envolvimento dos comunidade nos
atividades da escola.
responsáveis em projetos da escola.
atividades para Maior
arrecadar recursos entrosamento
a serem aplicados entre pais e
na escola. professores com
Autorização de uso consequente
do espaço escolar fortalecimento da
para atividades de comunidade
interesse da escolar.
comunidade.
Reduzir as taxas de Reuniões Maior clareza
abandono e repetência envolvendo pais, sobre os papéis
Interagir com dos alunos. Reduzir os professores e familiares e
a família para episódios de indisciplina gestores escolares no apoio
melhorar os dos alunos. educacionais à vida escolar do
indicadores Conscientizar os focadas na aluno. Maior
educacionais familiares da aprendizagem dos credibilidade do
importância de seu alunos. Discussão trabalho da escola
envolvimento para o sobre os direitos e pela comunidade
sucesso escolar do deveres dos escolar e de
aluno. responsáveis em entorno. Melhora
relação à do índice de
escolaridade dos frequência e
filhos. Busca participação dos
conhecer melhor a alunos na escola.
organização e Organização de
condição das serviços de apoio
famílias – escolar aos alunos.
questionários e
visitas domiciliares.
Articulação com
conselho tutelar
para cuidar de
casos de
infrequência e
evasão.
Incluir o Garantir aos alunos o Participação da Alunos,
aluno e seu direito a educação de rede de proteção independente da
contexto qualidade e a salvo de social para ajudar condição familiar,
toda forma de no com melhores
negligência e de encaminhamento condições de
discriminação. Promover de problemas aprendizagem e
ensino de qualidade, familiares dos proteção social.
envolvendo a família no alunos. Políticas sociais
processo educativo. Educadores são mais coordenadas.
preparados para Identificação de
conhecer melhor políticas
as condições de necessárias e
vida de seus ainda inexistentes
alunos por meio de naquele território.
uma aproximação Práticas
da família (visita, pedagógicas e de
questionário, gestão
entrevistas etc.). enriquecidas.
As práticas
pedagógicas e de
gestão escolar são
revistas em
reuniões
periódicas que
incluem o
conhecimento
adquirido sobre o
contexto dos
alunos.
Fonte: REGATTIERI; CASTRO (2010). Adaptado.

A partir da proposta acima é possível contribuir para os gestores e


educadores a criarem metas e ações e, a medida que realizam atividades de
interação escola-família e reflitam como podem estende-las, redirecioná-las ou
começar outras propostas de ação de acordo com as necessidades diagnosticadas.

CONCLUSÃO

Por meio dos estudos apresentados constata-se que a instituição familiar e a


escola, são responsáveis pelo desempenho acadêmico das crianças e adolescentes.
As reflexões oportunizadas promoveram a concluir que é necessário avançar em
pesquisas que acercado contexto brasileiro, objetivando o estreitamento e a
efetividade da relação família/escola.
Dessa forma, considerando que a reflexão sobre o tema família e escola não
se esgota, em virtude de ambos serem constructos sociais, referendamos neste
artigo o que evidenciou que abordagens que desconsideram a relação família e
escola como influenciadora na trajetória escolar tornam-se equivocadas, quando
consideramos a escola como espaço de interação social, por meio da qual o sujeito,
adquire capital social, que se dá através da diversidade de vivências e experiências,
ou seja, a bagagem que cada indivíduo traz para a instituição escolar, aprendizagem
esta constituída através das relações sociais, a aprendizagem mediática.
Portanto, deve-se considerar que a instituição escolar não é formada pela
equipe que atua profissionalmente nela, mas por todos os sujeitos e ações
envolvidos em sua prática cotidiana, lê-se família, comunidade, políticas públicas,
entre outros.
Esse processo torna-se fundamental à instituição escolar, a família e demais
envolvidos no processo educativo, uma vez que permite o olhar através de vários
ângulos sobre o contexto, objetivando reconhecer a origem do conflito.

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