Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
700.7 L745a
ISBN: 978-85-67425-39-9
CDD 700.7
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
CRC
Ementa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Ensino da Arte antes da Cultura Digital. Investigação sobre a ideia de Arte. Cul-
tura Digital. Arte-educação e Cultura Digital.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Como já apontava McLuhan (1977), qualquer nova tecnolo-
gia cria seu respectivo meio ambiente humano. Com isso, entre o
moderno ambiente de informação elétrica e a sala de aula já havia
uma diferença brutal, pois a criança da televisão estava sintoni-
zada em notícias adultas e ficava desnorteada quando penetrava
no ambiente do século 19, que ainda caracterizava o organismo
educacional com informações escassas. O mote para o desenvol-
vimento dessas ideias foi a mudança de uma tecnologia mecânica
para uma tecnologia de circuitos elétricos.
O ambiente e o modo de pensar de um jovem que cresceu
diante da tela de um televisor são muito diferentes do ambiente e
8 © Arte Educação e Cultura Digital
Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu-
dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará
em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma
breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões
no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral
visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do
qual você possa construir um referencial teórico com base sólida
– científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profis-
são, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi-
lidade social.
Ritmo calmo
Dizemos que o ritmo de uma obra de arte é calmo quando
há predominância de linhas horizontais e verticais. Logo, é eviden-
te que em uma obra de ritmo calmo teremos linhas curvas, mas
não a ponto de predominarem na obra.
Na Unidade 2, observaremos que na Figura 3, Virgem entro-
nada com os anjos, de Cimbaue, predominam claramente linhas
verticais e horizontais. Portanto, trata-se de uma obra de ritmo
calmo. O interessante é que essa predominância de linhas hori-
zontais e verticais é essencial para a finalidade da obra. Ou seja,
para o propósito segundo o qual a obra fora concebida não haveria
espaço para outro ritmo que não fosse um ritmo calmo.
Movimento
Veremos na Figura 4 da Unidade 2 a obra O chamado de São
Mateus, de Caravaggio, para estudarmos o movimento. Podemos
perceber que o ritmo da composição é um pouco calmo, porque
há forte presença de horizontais e verticais. Esse fenômeno ocorre
porque, além de linhas horizontais e verticais, há a presença de
diagonais. Dizemos então que a obra possui movimento.
Nessa obra, Caravaggio utilizou a própria luz, que invade
a cena pela direita em diagonal, para, além de direcionar nosso
olhar para São Mateus, em torno do qual toda a narrativa é cons-
truída, dar movimentação à obra. No entanto, essa não é a única
linha em diagonal presente na composição: podemos identificar
várias outras.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15
Ritmo violento
Como vimos, uma obra de arte deixa de ter ritmo calmo e
passa a ter movimento quando há linhas em diagonais pela obra;
em outras palavras, quando há o predomínio de diagonais. E quan-
do vemos muitas curvas, como na Figura 6 da Unidade 2, A que-
da dos condenados, de Rubens? Estudaremos nessa unidade que,
quando predominam linhas curvas e diagonais, dizemos que o rit-
mo do quadro é violento.
Há outros aspectos que também podem ser levados em con-
sideração ao analisarmos uma obra de arte: a expressão, a forma e
o conteúdo, o contexto no qual a obra foi produzida etc.
E ao falarmos sobre uma obra de arte digital, o que devemos
olhar?
Inicialmente, devemos aceitar que estamos diante de novas
concepções artísticas; que as relações do homem com o mundo
não são mais as mesmas depois da revolução da informática.
Atualmente, como praticamente tudo passa pelas tecnolo-
gias, os artistas acabaram descobrindo novas possibilidades, uma
vez que estamos na iminência de repensar até mesmo nossa pró-
pria condição humana. Sendo assim, as mudanças decorrentes do
abandono de técnicas tradicionais, o afastamento da ideia de arte
como mercadoria, a reavaliação dos conceitos fundados na repre-
sentação de formas, no belo, na subjetividade, na individualidade
e na artistificação dos meios, deram lugar a novas formas de pro-
dução. Surgem novas formas de Arte: Net Art, Arte Interativa, Arte
Mídia e por aí vai!
Estudaremos na Unidade 3 o motivo pelo qual algumas ma-
nifestações artísticas são consideradas obras de arte. Para isso, te-
mos que nos inteirar dos conceitos que envolvem a Cultura Digital
e, para podermos falar sobre Cultura Digital é necessário analisar-
mos como se dá o processo de "digitalização", ou seja, de que ma-
neira surge um objeto digital.
plásticos, fios, e micro chips; "[...] essas novas tecnologias não são
inteligentes, estéticas, ou seres espirituais. Ninguém pode achar
as respostas dentro de uma máquina" (GREGORY, 1996, p. 54).
Portanto, o papel do professor será, entre outras coisas, aju-
dar os alunos a refletir criticamente sobre sua escrita e seu modo
de produzir imagens, além de ajudá-los a criar seu próprio currícu-
lo à medida que exploram a rede. Por outro lado, o papel do aluno
será tomar para si a responsabilidade pelo seu próprio aprendiza-
do, pela criação de imagens e de outras incumbências em termos
de significado, com menos ênfase nas qualidades formais e habili-
dades técnicas.
A utilização de qualquer meio tecnológico deve ser feita com
propósitos muito bem definidos, e não como um mero brinquedo.
Especificamente falando de arte-educação, a grande chance de
não mais perdermos o bonde da história da arte é participando,
pesquisando, mudando programas – juntamente com os alunos
– para descobrir novas possibilidades de educação artística a par-
tir da informática. Capturar imagens de obras de arte de sites da
internet facilita o trabalho do professor, além de não promover
gastos adicionais.
A utilização daquilo que Santaella define como mensagens
semioticamente diversificadas não geraria redundância, mas, sim,
uma "cooperação intercódigos, interlinguagens tanto na formação
da mensagem quanto no efeito de compreensão a ser produzido
no receptor" (SANTAELLA, 2003, p. 46). Por exemplo, quando o
primeiro avião se choca a uma das torres gêmeas do World Trade
Center no dia 11 de setembro de 2001. Ver a imagem é impactan-
te, mas muito mais impactante e significativo do que ver somente
as fotos estampadas nas primeiras páginas dos jornais, e muito
mais do que ler a descrição do ocorrido, é ver a imagem do acon-
tecido em movimento.
Portanto, a máxima segundo a qual "uma imagem diz mais
do que mil palavras", pelo menos nesse caso específico, é verda-
© Caderno de Referência de Conteúdo 21
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de
Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Arte interativa: os novos interesses repousam sobre um
conjunto de condições que favorecem cada vez mais o
diálogo homem/máquina. Um deles é o ambiente inte-
rativo, onde o espectador passa de mero contemplador
para coautor da obra. Ao falar sobre arte interativa, re-
Arte-Educação ARTE E
Proposta Triangular
como Disciplina TECNOLOGIA
CULTURA DIGITAL N
c
c
Internet Para todas as Do um ao O zero e o um:
o
coisas, números zero revolução numérica
O Ciberespaço
Complexidade Semiótica
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões pode ser uma
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará
se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além
disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe-
cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis-
sional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele
à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
© Caderno de Referência de Conteúdo 29
3. E-REFERÊNCIA
GUATTARI, F. L'hétérogenèse machinique. Disponível em: <http://netart.iv.org.br/portal/
referencias/11chi06.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2012.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A. M. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1999.
BELL, C. Art. Nova York: Capricorn Books, 1958.
BERNARD, Y.; CHAGUIBOFF, J. L’œuvre d’art picturale. In: Psychologie de l'art et de
l'esthétique. Paris: Presses Universitaires de France, 1979.
COLI, J. O que é arte? São Paulo: Brasiliense, 1990.
COUCHOT, E.; HILLAIRE, N. L'art numérique: coment la technologie vient au monde de
l'lart. Paris: Éditions Flammarion, 2003.
FELDMAN, E. B. Art as image and idea. Nova Jersey: Prentice-Hall/Englewood, 1967.
1
1. OBJETIVOS
• Conhecer e compreender o panorama histórico comum
do ensino da Educação Artística.
• Conhecer e compreender os desdobramentos do ensino
da arte no Brasil.
• Elaborar uma sequência didática.
2. CONTEÚDOS
• Panorama histórico comum.
• Arte-educação como disciplina (Discipline-Based Art Edu-
cation − DBAE).
• Algumas críticas à Arte-educação como disciplina.
• Um pouco da Arte-educação no Brasil.
• Movimento Escolinha de Arte.
32 © Arte Educação e Cultura Digital
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Podemos dizer, com total segurança, que a proposta triangu-
lar de Ana Mae Barbosa foi um divisor de águas no que diz respeito
ao ensino da Arte no Brasil.
Já com relação à Cultura Digital, não podemos dizer o mes-
mo, porque, evidentemente, a história do ensino da Arte não está
dividida em função de um "antes" e de um "depois" da Cultura
Digital, pois, mesmo após o surgimento dos primeiros computado-
res, o ensino da Arte seguiu seu rumo por um bom tempo sem ser
diretamente afetado por eles.
Agora, por meio de reproduções digitais, de combinações de
imagem, de texto e, em muitos casos, de som, vemo-nos forçados
a constantes reorganizações perceptíveis que fazem parte de uma
verdadeira revolução: a revolução numérica. Logo, é importante
analisar como a tecnologia entrou no mundo da Arte e, por con-
seguinte, avaliar qual foi o impacto dessa tecnologia no campo da
Arte-educação (se é que houve!).
Nesta unidade inicial, apresentaremos um panorama histó-
rico comum, a fim de verificarmos as transformações mais signifi-
cativas pelas quais passou o ensino da Arte até chegar ao estado
atual.
Ao mesmo tempo, gostaríamos de advertir que não se trata
de um estudo minucioso, que dará conta de todas as implicações
relativas ao ensino da Arte ocidental. Na verdade, apresentaremos
algumas observações baseadas no livro de Arthur D. Efland, A his-
tory of Art Education: intellectual and social currents in teaching
the visual arts (História da Educação Artística: correntes intelectual
e social no ensino das Artes).
Em seguida, veremos um pouco sobre o Discipline-Based Art
Education (DBAE), Arte-educação como disciplina, um importante
movimento cujo objetivo principal foi melhorar o ensino da Arte
nos Estados Unidos.
Mas alguns teóricos foram além dessas questões, que ficam mais
à superfície do DBAE, voltando-se para questões mais estruturais.
Conforme o que pudemos apurar, os princípios que nortea-
ram a DBAE remontam à filosofia aristotélica e à filosofia realista,
amplamente utilizadas por Harry Broudy, uma das avós da DBAE,
de acordo com Vincent Lanier (1987). Dentro de tal visão, o univer-
so material existe independentemente dos observadores.
Lanier (1987) aponta três características imediatas desse
pensamento:
• a estrutura mais profunda do mundo só é atingida por
meio de muito esforço – somente as obras de arte de mu-
seus e galerias teriam condições de cumprir tais obriga-
ções, ou seja, as belas artes;
• a propriedade promovida pela visão a partir da Arte é,
em si, estrutural – o que a estrutura retrata é secundária,
portanto, as qualidades formais constituem a essência da
obra de arte;
• como a estrutura última do mundo não muda, ela jamais
será afetada de modo significativo por alterações contex-
tuais – a história de uma obra de arte, enquanto não for
necessária para o entendimento da obra em questão, é
secundária.
Esses princípios transformaram-se em um dos problemas
mais sérios da DBAE, de acordo com Vincent Lanier (1987). A par-
tir dessas constatações, o autor propôs uma alternativa à DBAE
denominada Aesthetic Response Theory (A*R*T), Teoria do Efeito
Estético.
Conforme as proposições da Teoria do Efeito Estético, quan-
to mais o indivíduo entender o processo do efeito estético e o
mundo dos objetos que proporcionam tal efeito, mais ele acentua
a amplidão e o vigor desse efeito. Com isso, em vez de três discipli-
nas – Produção Artística, História e Crítica da Arte –, apenas uma
ganharia destaque. De acordo com o autor, a História e a Crítica da
© U1 - Ensino da Arte e Meios Analógicos 43
Proposta Triangular
Ana Mae Barbosa, adaptando a proposta do DBAE ao con-
texto brasileiro, desenvolveu uma metodologia "triangular". Tal
metodologia fundamentar-se-ia em três vertentes: o fazer artístico
(criação); a leitura da imagem (compreensão); e a História da Arte
(contextualização).
Sinteticamente, na metodologia triangular, há uma inter-
-relação entre o fazer artístico, a leitura da imagem e a História da
Arte, priorizando a Arte como forma de conhecimento e eviden-
ciando, dessa maneira, seus conteúdos específicos.
Sua proposta educativa, aplicada inicialmente em museus e
espaços expositivos, ampliou as discussões a respeito do papel da
Arte na Educação. Sua ação, apoiando-se em algumas concepções
de Paulo Freire, começou questionando o papel da Arte dentro do
processo educativo; ou seja, a Arte deixou de ser vista como mera
atividade e passou a ser encarada como um componente curri-
cular, com especificidades próprias e, sobretudo, com conteúdos
indispensáveis ao desenvolvimento pleno do educando.
Para enfatizar esse desenvolvimento, podemos citar uma ob-
servação feita por Ana Mae, em uma entrevista dada à TV Câma-
ra, sobre determinado exame feito nos Estados Unidos. De acordo
com ela, em um estudo feito com alunos durante dez anos segui-
dos, descobriu-se que a maioria dos primeiros colocados tinha
pelo menos um curso de Arte. Isso serve para justificar que a Arte
tem muito a contribuir na formação acadêmica dos educandos.
© U1 - Ensino da Arte e Meios Analógicos 51
Pluralidade cultural
Como um dos profissionais encarregados de aproximar os
alunos das questões que envolvem a cultura afro é o arte-educa-
dor, seria muito proveitoso estudar o que os PCNs falam sobre a
pluralidade cultural.
© U1 - Ensino da Arte e Meios Analógicos 55
Antes da leitura
O Referencial de Artes sugere, como uma das estratégias
para desenvolver habilidades interpretativas, que os alunos regis-
trem suas primeiras impressões e que as leiam em voz alta para o
resto da turma. A intenção, com esse tipo de registro, é:
[...] tomar conhecimento da primeira reação que uma imagem
causa nos alunos para depois confrontá-la com as interpretações e
reflexões que emergem de sua leitura, do contato mais prolongado
com ela (SÃO PAULO, 2006, p. 29).
Durante a leitura
Durante a leitura, o aluno deve fazer a descrição dos ele-
mentos que identificar na obra. É tarefa do educador, nessa fase,
estimular o aluno a olhar cuidadosamente para a imagem e dizer
Análise
Analisar uma obra de arte é tentar desvendar o processo
criador do artista, ou seja, é investigar como o artista trabalhou
com os elementos da composição, seus aspectos formais e estru-
turais, tais como: linhas, formas, cores, planos, equilíbrio, movi-
mento, temática.
Como sugere o Referencial, essa etapa é propícia para que
sejam introduzidos "alguns conceitos relativos à estrutura formal
da imagem e ampliar o repertório do aluno para os adjetivos que
auxiliam a caracterizar esses elementos" realizada (SÃO PAULO,
2006, p. 35).
Deve-se observar:
1) se a composição é abstrata ou figurativa;
2) se espaço é bidimensional ou tridimensional;
3) o que está em primeiro, em segundo ou em terceiro pla-
no;
4) a perspectiva, a simetria e a assimetria;
5) o equilíbrio, as direções, as distâncias;
6) os movimentos;
7) a predominância das linhas;
8) as cores: se são quentes ou frias, claras ou escuras, pri-
márias, secundárias ou terciárias;
9) as texturas: se são lisas, ásperas, sedosas, aveludadas,
porosas, macias, rugosas;
10) as formas: se são orgânicas, geométricas, arredondadas,
triangulares, retangulares, quadradas, cilíndricas, côni-
cas, piramidais, cheias, vazadas;
11) a luminosidade: luz, sombra, claros, escuros;
© U1 - Ensino da Arte e Meios Analógicos 67
Depois da leitura
Depois de os alunos terem passado pelo "antes" e pelo "du-
rante", chegou a hora do "depois", que, na verdade, é a realização
de uma atividade prática.
Nessa etapa, os alunos poderiam desenvolver um trabalho
que envolvesse pintura, por exemplo, tendo como referência algu-
ma passagem histórica. O importante é que a seleção do tema seja
feita seguindo a temática que foi desenvolvida durante a leitura da
imagem.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade.
2) Quais são as principais críticas que foram feitas à Arte-educação como dis-
ciplina?
10. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Parnasus. Anton Raphael Mengs (1728-1779). Disponível em: <http://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Mengs_Parnasus.jpg>. Acesso em: 26 jun. 2012.
Figura 2 A Balsa da Medusa. Théodore Géricault (1791-1824). Disponível em: <http://
www.wga.hu/support/viewer/z.html>. Acesso em: 2 set. 2010.
Figura 3 Exaltação da Cruz – Heráclito é quem leva a Verdadeira Cruz a Jerusalém. Sobre
a História da Verdadeira Cruz, São Francisco, Arezzo. Piero della Francesca (c. de 1412-
1492). Disponível em: <http://www.abcgallery.com/P/piero/piero33.html>. Acesso em:
26 jun. 2012.
Site pesquisado
BRASIL. Ministério da Educação. Parecer homologado. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2007/pces280_07.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2012.
© U1 - Ensino da Arte e Meios Analógicos 69
2
1. OBJETIVOS
• Compreender a ideia de Arte e seus elementos visuais.
• Analisar a estética e o ensino da Arte a partir da realidade.
2. CONTEÚDOS
• Para compreender a Arte.
• Elementos visuais.
• Linha.
• Ritmo calmo.
• Movimento.
• Ritmo violento.
• Pictórico e linear.
• Expressão.
• Estética e ensino da Arte.
72 © Arte Educação e Cultura Digital
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
De acordo com as pesquisas realizadas, não há diferença
quanto à definição de Arte entre alunos que tiveram instruções
artísticas com especialistas e alunos que não tiveram instrução
com especialistas. Isso, na verdade, é compreensível, ainda mais
tomando como base os estudos de Michel Parsons. Segundo o au-
tor, há cinco estágios de desenvolvimento estético e somente "al-
cançamos as percepções mais complexas da maturidade passando
por uma série de estádios" (1992, p. 26).
© U2 - Investigando a Ideia de Arte 73
Lexema––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
De acordo com Greimas, cada lexema caracteriza-se pela presença de certo nú-
mero de semas, e pela ausência de outros. Portanto, aquilo que falta em um le-
xema deve ser interpretado como uma "oposição sêmica que disjunta, a partir de
uma base sêmica comum, o lexema dado dos outros lexemas possuidores desse
sema" (GREIMAS, 1990, p. 48). Por exemplo: em "baixo e alto" encontramos a
presença do sema "verticalidade"; e em "comprido e curto" temos a presença do
sema "horizontalidade".
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
6. ELEMENTOS VISUAIS
Essa inesgotabilidade à qual Sartre se refere acontece por-
que o artista, ao criar uma obra de arte, não o faz porque conhe-
ce a "arte" de fazer certas coisas com arte. Essa inesgotabilidade
surge devido à organização dos elementos visuais − linha, forma,
cor, volume e textura −, de modo a criar uma forma significante; "e
‘Forma Significante’ é a única qualidade que é comum a toda obra
de arte" (BELL, 1958, p. 18).
A partir da organização dos elementos visuais, podemos
apreender alguns significados diretamente pela percepção, sem
© U2 - Investigando a Ideia de Arte 79
Linha
A linha surge quando os pontos estão muito próximos, crian-
do uma sequência impossível de ser identificada individualmente.
Com isso, aumenta a sensação de direção. Mas a linha também
pode ser utilizada para determinar o ritmo de uma obra de arte,
pois linhas formando ângulos retos sugerem estabilidade; linhas
diagonais dão a ideia de instabilidade, movimento incontrolado; e
linhas curvas sugerem bastante movimento.
Como bem observa Feldman, o estabelecimento "de uma
seqüência rítmica em arte não ocorre com o resultado de um aci-
dente: tem que ser planejado e calculado" (1967, p. 269). Vamos
começar, então, observando como a linha é capaz de determinar o
ritmo de uma obra de arte, pois ela pode ser de ritmo calmo, com
movimento ou ter ritmo agitado.
Ritmo calmo
Dizemos que o ritmo de uma obra de arte é calmo quando
há predominância de linhas horizontais e verticais. Seria interes-
sante ressaltarmos, no entanto, que falamos em predominância
de linhas verticais e horizontais; logo, é evidente que em uma obra
de ritmo calmo teremos linhas curvas, mas não ao ponto de predo-
minarem na obra. Vejamos os dois exemplos na Figura 3.
Movimento
Vamos utilizar O chamado de São Mateus, de Caravaggio
(Figura 4), e um detalhe da mesma obra, para falar sobre o movi-
mento. Podemos perceber que o ritmo da composição é um pouco
calmo, porque há forte presença de horizontais e verticais, mas
não chega a ser tão calmo quanto na obra de Cimabue, Virgem en-
tronada com os anjos, como você pode observar na Figura 3. Esse
fenômeno ocorre porque, além de linhas horizontais e verticais, há
a presença de diagonais. Dizemos, então, que a obra possui movi-
mento.
Ritmo violento
Como vimos, uma obra de arte deixa de ter ritmo calmo e
passa a ter movimento quando há linhas em diagonais pela obra;
em outras palavras, quando há o predomínio de diagonais.
E quando vemos muitas curvas, como na Figura 6, a Queda
dos condenados, de Rubens? Quando predominam linhas curvas e
diagonais, dizemos que o ritmo do quadro é violento.
7. PICTÓRICO E LINEAR
Lembremos ainda que a linha é a responsável por uma ca-
racterística muito interessante em uma pintura: se ela for a marca
expressiva principal, diremos que essa pintura é linear; já se os
contornos deixarem de ser indiferentes ao olho, estaremos diante
de uma obra pictórica. Isso quer dizer que, diferentemente da li-
A expressão
De acordo com Piaget (1998), há dois sentidos para "repre-
sentação"; um sentido mais amplo e um sentido mais estrito.
Em um sentido mais amplo, ela é confundida com o próprio
pensamento, ou seja, com a inteligência que se apoia em um sis-
tema de conceitos. Em um sentido estrito, ela se reduz à imagem
mental, às lembranças simbólicas da realidade ausente. A repre-
sentação, no sentido mais geral, é a "representação conceitual";
por exemplo: nenhum corpo pode ocupar o mesmo espaço ao
mesmo tempo (impenetrabilidade dos corpos). Já no sentido estri-
to trata-se de uma "representação simbólica", como representar
um objeto ausente ou mesmo um acontecimento.
Nós, na realidade, não pensamos exclusivamente por ima-
gens e nem exclusivamente por conceitos. Na verdade, há uma
interligação entre esses dois sistemas de representação: um siste-
ma conceitual e um sistema de representações simbólicas de re-
alidades ausentes. Piaget chamou de "sistema de representação
conceitual" as representações em seu sentido mais amplo, e de
"sistema de representação simbólica" as representações em seu
sentido mais estrito.
Rudolf Arnhein define expressão "como maneiras de com-
portamentos orgânico ou inorgânico revelados na aparência dinâ-
mica de objetos ou acontecimentos perceptivos" (1998, p. 437).
Isso quer dizer que as propriedades estruturais de determi-
nados comportamentos não devem ser limitadas àquilo que é cap-
tado pelas sensações externas, pois elas também estão ativas no
Autopsicografia–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Forma e conteúdo
Uma obra de arte não é como flores que vivem em flores-
tas virgens dos trópicos, que em muitos casos definham sem que
tenham sido apreciadas. "A obra de arte [...] não apresenta esse
isolamento desinteressado: é uma interrogação, um apelo dirigido
às almas e aos espíritos" (HEGEL, 1999, p. 96).
Disso resultam diferentes formas de arte, uma vez que as
diferenças que separam determinadas formas fundam-se nas dife-
renças que existem entre as maneiras de apreender e conceber a
ideia, pois a elas correspondem, naturalmente, diferentes modos
de expressão. As formas de arte correspondem às diferentes rela-
ções entre a ideia e o conteúdo, relações que provêm da própria
ideia e que fornecem, assim, o verdadeiro princípio de divisão do
sujeito (HEGEL, 1999). A atividade criadora descobriu na forma
humana a maneira mais adequada de exprimir o espiritual. Isto
porque a forma representa o desenvolvimento do conceito que
só naquela se exterioriza, se representa e se manifesta; o espiritu-
al, enquanto manifesto, só o é revestindo a forma humana. Para
Hegel, o espírito da Arte encontrou na forma humana sua forma
ideal. De acordo com o autor:
O conteúdo verdadeiro é um espiritual em que o elemento concre-
to reside na forma humana, a única capaz de revestir o espiritual
em sua existência no tempo. Enquanto existe, e de uma existência
sensível, o espírito só se pode manifestar na forma humana. É as-
sim que se realiza a beleza em todas as suas virtualidades, a beleza
perfeita. Afirmou-se já que a personificação e a humanização do
espiritual correspondem a uma degradação; a verdade é, porém,
que só humanizando-o a arte pode exprimir o espiritual de modo
a torná-lo sensível e acessível à intuição, porque só encarnado no
homem o espírito se nos torna acessível (HEGEL, 1999, p. 102).
11. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 A Santa Ceia (1495-1498), de Leonardo da Vinci. Disponível em: <http://cgfa.
acropolisinc.com/vinci/p-vinci17.htm>. Acesso em: 5 mar. 2012.
Figura 2 Juramento dos Horácios (1784), de Jacques-Louis David. Disponível em: <http://
www.wga.hu/support/viewer/z.html>. Acesso em: 5 set. 2010.
Figura 3 Virgem entronada com os anjos (1290-1295), de Cimbaue. Disponível em:
<http://www.wga.hu/support/viewer/z.html>. Acesso em: 5 set. 2010.
Figura 4 O chamado de São Mateus (1599-1600), de Caravaggio (adaptado pelo autor).
Disponível em: <http://www.abcgallery.com/C/caravaggio/caravaggio24.html>. Acesso
em: 5 mar. 2012.
Figura 5 Detalhe de o chamado de São Mateus (adaptado pelo autor). Disponível em:
<http://www.abcgallery.com/C/caravaggio/caravaggio24.html>. Acesso em: 5 mar. 2012.
Figura 6 A queda dos condenados (1620), de Rubens. Disponível em: <http://www.wga.
hu/frames-e.html?/html/r/rubens/index.html>. Acesso em: 1º set. 2010.
Figura 7 Detalhe de A queda dos condenados (adaptado pelo autor). Disponível em:
<http://www.wga.hu/frames-e.html?/html/r/rubens/index.html>. Acesso em: 5 set.
2010.
Figura 8 A grande odalisca (1814), de Jean-Auguste Dominique Ingres. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Ingre,_Grande_Odalisque.jpg>. Acesso em: 5
mar. 2012.
© U2 - Investigando a Ideia de Arte 131
Site pesquisado
RELEITURAS. Autopsicografia. Disponível em: <http://www.releituras.com/fpessoa_
psicografia.asp>. Acesso em: 6 mar. 2012.
3
1. OBJETIVOS
• Acompanhar a história e os pressupostos da Cultura Di-
gital.
• Compreender o desenvolvimento da internet.
• Entender as novas concepções artísticas oriundas da cul-
tura digital.
2. CONTEÚDOS
• Cultura digital: como tudo começou.
• Internet.
• Para todas as coisas, números.
• Do um ao zero.
• O zero e o um: revolução numérica.
• Ciberespaço.
136 © Arte Educação e Cultura Digital
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Com o advento das tecnologias digitais, há uma experiência
comum a todos, cuja raiz está na digitalização da sociedade e nos
modos de intercâmbio. Já não estamos, como antigamente, limita-
dos a uma só cultura, do mesmo modo que nossas pesquisas não
se resumem ao livro impresso, escrito em português. O volume
de informação que foi produzido nos últimos 30 anos ultrapassou
toda a informação acumulada durante os cinco mil anos preceden-
© U3 - Cultura Digital 137
Figura 2 Eniac.
Figura 3 Eniac.
A internet
Frank Rose afirma que a "computadorização" (computeri-
zation) da sociedade é o efeito colateral da "computadorização"
da guerra. Mas por que tal afirmação? Bem, conforme demonstra
Rabinovitz e Geil, a internet, como a conhecemos hoje em dia, foi
uma bem-sucedida estratégia de defesa do exército norte-ameri-
cano diante de eventuais ameaças durante a Guerra Fria. Vejamos
o que aconteceu.
Em 1950, o Departamento de Defesa Americano viu-se dian-
te de um dilema crucial: como manter uma rede de comunicação
em um possível ataque nuclear, uma vez que qualquer central de
comando tornar-se-ia um eminente alvo inimigo? O Departamento
de Defesa, então, buscou meios de criar uma rede de comunicação
que fosse, ao mesmo tempo, descentralizada e resistente a ata-
ques, garantindo, dessa maneira, a continuidade das operações,
mesmo se algum nó fosse destruído (RABINOVITZ; GEIL, 2004).
Todos os nós da rede teriam os mesmos status. Seriam capa-
zes de gerar, passar e receber mensagens. Essas mensagens seriam
divididas em pacotes, cada um com o endereço separado. Cada
um dos pacotes iria encerrar seu caminho em uma base individual.
O percurso dos pacotes seria o que menos importante, pois, de
uma maneira ou de outra, atingiria seu destino. Caso acontecesse
de grandes partes da rede serem destruídas, mesmo assim, os pa-
cotes de mensagens continuariam no ar.
Em 1968, o National Physical Laboratory (Laboratório Nacio-
nal de Física), na Grã-Bretanha, foi o primeiro laboratório a realizar
testes levando em consideração o envio de mensagens descentra-
lizadas. Logo em seguida, o Advanced Research Projects Agency
(Agência de Pesquisas em Projetos Avançados), do Pentágono, de-
cidiu investir em um projeto muito mais ambicioso.
Do um ao zero
O número "um" está ligado a um tempo em que ainda não
se sabia contar, mas isso não significa que os números não fizes-
sem parte do cotidiano das pessoas. Essa noção estava limitada
àquilo que os sentidos eram capazes de perceber com uma rápida
© U3 - Cultura Digital 151
O ciberespaço
A observação mais fascinante sobre o surgimento do cibe-
respaço é a que nos apresenta Werthein. Ela aponta semelhanças
entre o surgimento do universo – uma grande explosão (Big Bang)
ciar que uma cultura dominada pela mídia televisiva é tão poderosa
que a realidade midiática passa a ser mais real que a experiência
atual, que uma parte expressiva da população mundial é totalmente
invisível, aparecendo só em momentos de catástrofe natural, guerra
ou revolução e que a grande maioria das pessoas não possui tele-
fone, não tem poder de compra e que, portanto, não alcançará o
status de usuário/consumidor não é uma visão apocalíptica e, muito
menos, uma visão tecnofóbica (MACKENZIE, 2006). Trata-se, "ape-
nas", de uma constatação.
isso não acontece de modo tão simples, pois, mesmo que um in-
divíduo execute as mais variadas funções em um caixa eletrônico,
por exemplo, isso não significa que ele "domine" a cultura digital.
Ele continua um analfabeto digital, só que funcional. O sentimen-
to de pertencer à cultura digital vai muito além disso. Ele requer
"o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvol-
vem juntamente com o crescimento do ciberespaço" (SANTAELLA,
2003, p. 17).
Logo, o crescimento do ciberespaço, assim como tudo que é
produzido e distribuído digitalmente, acaba influenciando nosso
modo de vida: algumas mass mídia, televisão, música, filmes, o
World Wide Web (www), videogames etc.
Então, a princípio, podemos definir cultura digital como o
conjunto de experiências contemporâneas que só foram possíveis
com o advento da tecnologia digital; logo, o digital é o elemento
seminal capaz de definir um complexo conjunto de fenômenos.
Assim, a cultura digital deve ser vista como marca de uma cultura
que incorpora artefatos e sistemas de significação e comunicação
que demarcam nosso modo contemporâneo de vida.
O surgimento da cultura digital só foi possível a partir de de-
senvolvimentos tecnológicos recentes. Embora cheguemos facil-
mente a essa conclusão, Gere (2002) não entende dessa maneira.
Para ele, seria mais preciso sugerir que a tecnologia digital
é um produto da cultura digital e não o contrário. O digital não se
refere apenas aos efeitos e às possibilidades de uma tecnologia
particular. Ela, a cultura digital, define e abarca modos de pensa-
mentos e fazeres que são incorporados nessa tecnologia, tornando
possível seu desenvolvimento. Nisso, estão incluídas a abstração,
a codificação, a autorregulamentação, a virtualização e a progra-
mação.
A tecnologia teve um papel muito importante para o desen-
volvimento da atual cultura digital. Entretanto, a tecnologia é ape-
© U3 - Cultura Digital 161
Algoritmos
Algoritmo é um processo computacional muito bem defini-
do que toma alguns valores, ou conjunto de valores, como input, e
produz algum valor, ou conjunto de valores, como output. Na ver-
dade, algoritmo é uma sequência de passos computacionais que
transforma o input em output.
Conforme Penrose, a palavra "algoritmo" deriva do nome do
matemático persa Abu Já'far Mohammed ibn Musâ al-Khowârizm,
dividendo = 156
divisor = 36
resto (156/36) = 12
Figura 4 O detetive Del Spooner (Will Smith) inquirindo o robô Sonny no filme Eu, Robô.
guiria realizar uma obra de arte. Ora, muitos de nós também não
conseguimos!
Em outra cena, Sonny volta-se para o detective Del Spoo-
ner, fazendo um desenho e diz: "Estava certo, detetive. Não con-
sigo criar uma obra de arte". Sonny, no entanto, faz um desenho
magnífico, mostrando que fazer obras de arte não é privilégio dos
humanos. Mas será que isso é verdade? Robôs são capazes de pro-
duzir obras de arte? Observe as Figuras 5 e 6.
Figura 5 Théo (1992), realizado por Figura 6 Clarissa (1992), realizado por
Aaron. Aaron.
Net art
Só para lembrar: o que motivou o exército norte-americano
a criar uma rede telemática de comunicação foi a necessidade de
manter uma rede de comunicação em um possível ataque nuclear.
Entretanto, essa rede telemática de comunicação chamou a aten-
ção não só de acadêmicos, mas também de artistas.
Nos anos 1980 e no início dos anos 1990, juntamente com o
desenvolvimento tecnológico da internet, modelos de arte e tele-
comunicação foram desenvolvidos por vários artistas. O objetivo
desse tipo de projeto era estabelecer novas formas de interação
© U3 - Cultura Digital 173
Figura 13.
Arte interativa
Se quisermos investigar o cenário artístico contemporâneo
de maneira satisfatória, é essencial que voltemos nossas atenções
para a Midia Art. Pois se assim não o fizermos, corremos o risco
de deixar de fora valiosas pesquisas que combinam arte e ciência
a fim de explorar o potencial estético da arte interativa. Mas não
é somente isso. As mídias interativas "estão mudando nossa per-
cepção e nosso conceito de imagem rumo a um espaço multissen-
sorial, de experiências interativas com uma dimensão temporal"
(GRAU, 2007, p. 07).
© U3 - Cultura Digital 179
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) O que é Cultura Digital?
2) Explique como ocorreu o desenvolvimento da internet.
3) O que é Net art?
4) O que é arte interativa?
5) O que é ciberespaço?
9. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Harvard Mark I. Disponível em: <http://blog.makezine.com/fentari_mk1.jpg>.
Acesso em: 5 set. 2010.
Sites pesquisados
COHEN, H. Decoupling art and affluence. Disponível em: <http://www.kurzweilai.net/
decoupling-art-and-affluence>. Acesso em: 28 jun. 2012.
GIANNETTI, C. Agente interno: el papel del artista en la sociedad de la información.
Disponível em: <http://www.artmetamedia.net/pdf/4Giannetti_Agente.pdf>. Acesso
em: 28 jun. 2012.
______. Ars telematica: estética de la intercomunicación. Disponível em: <http://www.
artmetamedia.net/pdf/2Giannetti_ArsTelematicaES.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2012.
______. Arte electrónico: ciencia, redes e interactividad. Disponível em: <http://www.
artmetamedia.net/pdf/GiannettiArteCienciaRed.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2012.
______. WWWART.02: breve balance de la primera década del net art. Disponível em:
<http://www.artmetamedia.net/pdf/4Giannetti_WWWART.pdf>. Acesso em: 28 jun.
2012.
GUATTARI, F. L'hétérogenèse machinique. Disponível em: <http://netart.iv.org.br/portal/
referencias/11chi06.pdf>. Acesso em: 8 mar. 2012.
JODI. Home page. Disponível em: <http://www.jodi.org/>. Acesso em: 28 jun. 2012.
STERLING, B. Short history of the internet. Disponível em: <http://members.fortunecity.
com/jusdo/HTMLobj-822/Short_History_of_the_Internet_by_Bruce_Sterling.htm>.
Acesso em: 8 mar. 2012.
WEISSBERG, J. L. Auteur, nomination individuelle et cooperation productive. In: Revue
Solaris, n. 7, dez. 2000/ jan. 2001. Disponível em: <http://biblio-fr.info.unicaen.fr/bnum/
jelec/Solaris/d07/7weissberg.html>. Acesso em: 8 mar. 2012.
CREEBER, G.; MARTIN, R. Digital culture: understading new media. Nova York: Open
University Press, 2009.
DOMINGUES, D. (Org.). A arte no século XXI. São Paulo: Fundação Editora da Unesp,
1997.
GERE, C. Art, time and techonology. Nova York: Berg Editorial, 2006.
______. Digital culture. Londres: Reaktion Books, 2002.
GIANNETTI, C. Estética digital: sintopía del arte, la ciencia y la tecnología. Barcelona:
Associació de Cultura Contemporània L'Angelot, 2002.
GRAU, O. Arte virtual: da ilusão à imersão. Tradução de Cristina Pesacador et al. São
Paulo: Editora Unesp/Editora Senac, 2007.
HEIDE, A.; STILBORNE, L. Guia do professor para a internet. Tradução de Edson
Furmankiewz. Porto Alegre: Artmed, 2000.
KARAGANIS, J. (Ed.). Structure of participation in digital culture. Nova York: Social Science
Research Council, 2007.
KROKER, A.; KROKER, M. (Eds.). Digital delirium. Nova York: St. Martin's Press, 1977.
LEÃO, L. O labirinto das hipermídia: arquitetura e navegação no ciberespaço. São Paulo:
Iluminuras, 2001.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34.
______. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. 2 ed. São Paulo: Editora 34, 2000.
______. O que é o virtual? Trad. Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1996.
LIMA, F. O. A sociedade digital: o impacto da tecnologia na sociedade, na cultura, na
educação e nas organizações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000.
LOPES, D. M. A philosophy of computer art. Nova York: Routledge, 2010.
LUNENFELD, P. The digital dialect: new essays on new media. Cambridge: MIT Press,
1999.
LYOTARD, J. F. O pós-moderno. Tradução de Ricardo Corrêa Barbosa. 4 ed. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1993.
MACHADO, A. Arte e mídia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.
MACKENZIE, A. Cutting code: software and sociality. Nova York: Peter Lang Publishing,
Inc., 2006.
MCLUHAN, M. A galáxia de Gutenberg. Tradução de Leónidas Gontijo de Carvalho e
Anísio Teixeira. São Paulo: Companhia Editorial Nacional, 1977.
______. Os meios de comunicação como extensões do homem. Tradução de Décio
Pignatari. São Paulo: Cultrix, 1979.
MATUCK, A. Tecnologias digitais e o futuro da escrita: uma prospectiva para a informação
científica. In: MATUCK, A.; ANTONIO, J. L. (Orgs.). Artemídia e cultura digital. São Paulo:
Musa, 2008.
MOULIN, R. Le marche de l'art: mondialisation et nouvelles technologies. Paris: Éditions
Flammarion, 2003.
© U3 - Cultura Digital 195
4
1. OBJETIVOS
• Discutir os problemas da exclusão digital.
• Verificar os problemas que envolvem os tecnófobos e os
tecnófilos e a subutilização do computador em Arte-edu-
cação.
• Produzir sentido e compreensão da mensagem.
2. CONTEÚDOS
• Os problemas da exclusão digital.
• Tecnófobos e tecnófilos e a subutilização do computador.
• Complexidade semiótica.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Dadas as dificuldades e privações pelas quais passa uma par-
cela significativa da população brasileira, é comum que questões
sociais mal resolvidas se transformem em verdadeiros entraves ao
desenvolvimento educacional de alguns indivíduos. Não obstante,
o que poderia ser um empecilho para o crescimento intelectual do
homem se torna um estimulante, e muitos conseguem superar os
estorvos financeiros que, a princípio, eram vistos como barreiras
intransponíveis.
De acordo com Freire (1983, p. 109):
Desta forma, o próprio dos homens é estar, como consciência de
si e do mundo, em relação de enfrentamento com sua realidade
em que, historicamente, se dão as "situações-limites". E deste en-
frentamento com a realidade para a superação dos obstáculos só
pode ser feito historicamente, como historicamente se objetivam
as "situações-limites".
Complexidade semiótica
O fato de usar um editor de textos, de elaborar uma planilha
no Excel, montar apresentações no PowerPoint ou mesmo aces-
sar a internet já é suficiente para alimentar em algumas pessoas a
sensação de fazer parte do mundo digital. À primeira vista, essas
competências, embora necessárias, não garantem nossa participa-
ção na cultura digital.
Em relação ao arte-educador, mas não só a ele, antes de co-
meçar a lecionar, ele deveria ser capaz de acessar informações dis-
poníveis por meios tecnológicos; desenvolver projetos utilizando
softwares disponíveis; avaliar como o computador, o CD-ROM e
outros podem ser utilizados como ferramentas nas aulas de Arte.
© U4 - Arte-Educação e Cultura Digital 209
Metatexto e texto––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O objetivo foi procurarnainternet por textos q'contivessem o maior número
possível d'palavraschaves q', ao mesmo tempo, fossem comuns aos textos dos
© U4 - Arte-Educação e Cultura Digital 213
6. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) O que você entende por tecnófobos?
7. E-REFERÊNCIAS
Lista de figura
Figura 1 Caetano Veloso canta no Festival da Record em 1967. Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=Gz8UZZ-r-q0>. Acesso em: 12 mar. 2012.
Figura 2 Festival da Record em 1967. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=Gz8UZZ-r-q0>. Acesso em: 7 set. 2010.
Figura 3 Ataque às torres gêmeas do World Trade Center. Disponível em: <http://4.
bp.blogspot.com/_Lz9T5kSey08/RuRxUt3DwiI/AAAAAAAAAQM/ZRr86PBBDYU/s400/
Torres%2BGemelas.gif>. Acesso em: 28 jun. 2012.
Sites pesquisados
BEIGUELMAN, G. Admirável mundo cíbrido. Disponível em: <http://blog.desarte.com.br/
attachments/385_cibridismo.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2012.
GIANNETTI, C. Agente interno: el papel del artista en la sociedad de la información.
Disponível em: <http://www.artmetamedia.net/pdf/4Giannetti_Agente.pdf>. Acesso
em: 28 jun. 2012.
______. Ars telematica: estética de la intercomunicación. Disponível em: <http://www.
artmetamedia.net/pdf/2Giannetti_ArsTelematicaES.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2012.
______. WWWART.02: breve balance de la primera década del net art. Disponível em:
<http://www.artmetamedia.net/pdf/4Giannetti_WWWART.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2012.
______. Arte electrónico: ciencia, redes e interactividad. Disponível em: <http://www.
artmetamedia.net/pdf/GiannettiArteCienciaRed.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2012.
______. El espectador como interactor: mitos y perspectivas de la interacción. Disponível
em: <http://www.artmetamedia.net/pdf/4Giannetti_InteractorES.pdf>. Acesso em: 28
jun. 2012.
GUATTARI, F. L'hétérogenèse machinique. Disponível em: <http://netart.iv.org.br/portal/
referencias/11chi06.pdf>. Acesso em: 12 mar. 2012.
JODI. Home page. Disponível em: <http://www.jodi.org/>. Acesso em: 28 jun. 2012.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A. M. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C/Arte, 1998.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Introdução aos Parâmetros Curriculares
Nacionais. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.