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Antifascismo

O antifascismo é uma forma de agir adotada por alguns movimentos sociais e


tem como objetivo combater o avanço do fascismo e de grupos políticos de
extrema-direita. Os grupos antifascistas que se originaram nesses locais
fracassaram, mas essa forma de resistência apareceu em outros locais e
continua atuando contra essa ideologia política na atualidade. Esses grupos
foram os que coordenaram a criação do antifascismo nas décadas de 1920 e
1930 na luta contra o totalitarismo fascista e nazista no continente
europeu. Atualmente, o antifascismo estendeu o seu campo de luta e não limita
a sua ação apenas contra os fascistas, mas contra toda prática política de
extrema-direita.

Além disso, coloca-se contra grupos políticos que representam ameaças para
determinados grupos da sociedade, como imigrantes, homossexuais e
negros, que são constantemente ameaçados por neonazistas e
supremacistas. As primeiras experiências antifascistas significativas
aconteceram na Itália e na Alemanha, países que tiveram os maiores regimes
fascistas da história. Entretanto, o historiador Mark Bray afirma que podemos
identificar um movimento «proto-antifascista» na França, no final do século
XIX. Na França foram formados pequenos grupos de defensores de
Dreyfus, os quais ocupavam as ruas para se defender de grupos antissemitas
que faziam ataques na França.

Logo após a Primeira Guerra, ergueram-se diversos grupos militarizados com


tendências ultranacionalistas, conservadoras e antissemitas. Os grupos
antifascistas que surgiram na Itália e Alemanha foram formados por ação de
social-democratas, socialistas, comunistas e anarquistas, que encontraram no
antifascismo uma forma de se defender do avanço fascista. O antifascismo
nesses países foi uma forma de autodefesa porque a violência promovida pelos
fascistas contra esses grupos era muito grande. Nesses dois países, o
crescimento das políticas fascistas ocorreu por meio da ação de grupos
militarizados que perseguiam e atacavam seus opositores políticos .

Essa violência era canalizada contra socialistas, comunistas e


anarquistas, principalmente, e o temor de muitos grupos da sociedade com o
socialismo, como liberais que faziam parte das classes médias e elites
econômicas, fez com que essa violência fosse bem recebida. No entanto, com
o tempo, os fascistas ganharam força suficiente para se voltar até mesmo
contra os liberais que apoiavam os ataques contra os socialistas. Agora nós
veremos como se deu a resistência antifascista nesses dois locais. Tudo isso
fez surgir os fascistas, grupo que formava milícias para atacar socialistas no
centro e norte da Itália, principalmente.

Nesses locais, os fascistas atacavam pessoas que participavam de greves


realizadas por socialistas e escritórios montados por estes, além de agredi-los
e ameaçá-los, obrigando muitos a fugirem de suas cidades para garantir a sua
segurança. O crescimento do fascismo e sua violência causaram uma reação
antifascista na Itália. Essas reações foram espontâneas e vinham de grupos de
trabalhadores, sindicalistas, socialistas, entre outros, que se organizavam e
adquiriam armas para se defender. A experiência antifascista mais significativa
da Itália foi o Arditi del Popolo, liderada por Argo Secondari.

Essa ação antifascista italiana foi autônoma e não tinha ligações


partidárias, porque os partidos de esquerda na Itália não aceitavam
experiências autônomas e não aprovavam a resistência armada proposta pelo
arditismo. Os arditistas formaram verdadeiras forças militares e promoveram
grandes combates de rua contra os fascistas. Além disso, a estrutura política
da esquerda italiana já tinha sido severamente destruída pelos
fascistas. Quando Mussolini chegou ao poder em 1922, a força do Estado foi
usada para esmagar a resistência antifascista.

O caso alemão foi um pouco diferente do caso italiano porque a resistência


antifascista na Alemanha foi, em alguns casos, diretamente controlada por
grandes partidos do país. Os nazistas, assim como os fascistas, usavam da
violência para combater os seus inimigos. A esquerda alemã até procurou
realizar ações para garantir maior presença entre ex-combatentes , mas os
desentendimentos entre diferentes grupos da esquerda impediam que uma
reação mais organizada surgisse. Nesse ano mesmo, as forças paramilitares
dos nazistas começaram a invadir bairros de socialistas e comunistas e atacar
locais de encontro de grupos da esquerda.

Foi o crescimento da violência nazista que fez com que os grupos de esquerda
organizassem uma resistência antifascista, sobretudo a partir de 1929. A
reação antifascista na Alemanha teve o envolvimento de diferentes grupos, que
foram formados com a finalidade de se colocar como uma frente de resistência
ao nazismo. Outro grupo antifascista que foi criado foi a Frente de
Aço, controlada pelo Partido Social-Democrata Alemão, mas ela teve uma ação
mais contida. O grupo antifascista mais expressivo da Alemanha naquele
contexto foi a conhecida Ação Antifascista, a Antifaschistische Aktion, criada
pelo Partido Comunista Alemão.

O objetivo da Ação Antifascista era criar uma frente que pudesse reunir
comunistas e social-democratas na luta contra o nazismo. As duas bandeiras
presentes no símbolo antifascista alemão tinham a cor vermelha. Esse
quadro, contudo, tem mudado radicalmente no século XXI, uma vez que os
neofascistas adotaram outra estratégia, o que tem feito os ideais fascistas
ganharem força no mundo. Além da luta contra a extrema-direita, o
antifascismo moderno abraçou novas pautas, incluindo ideais antirracistas e
anticapitalistas, além de sair em defesa das mulheres e dos direitos dos
LGBTIs, etc. Nesse momento, o confronto aberto contra os grupos fascistas e
de extrema-direita permaneceu como uma tática empregada em diversos
lugares.

Os antifascistas modernos começaram a se inspirar em grupos


autonomistas, isto é, aqueles que defendem a autogestão social como forma
de organização política da sociedade. A luta antirracista tornou-se um elemento
fundamental dos antifascistas, uma vez que, a partir da década de 1960, o
fascismo associou-se diretamente com pautas anti-imigração e com grupos de
supremacistas. Alguns desses movimentos tiveram ligação direta com o
movimento punk, e o confronto físico contra supremacistas e fascistas foi arma
frequente. A mudança de estratégia dos fascistas a partir do século XXI fez
com que essas formas de combate perdessem eficácia, além de ter ocorrido o
fortalecimento dos movimentos neofascistas em diferentes locais do mundo.

Em geral, os neofascistas negam uma associação direta com símbolos e ideais


fascistas, mas, na prática, importam as táticas, defendem os mesmos ideais e
secretamente possuem admiração por supremacistas e por figuras conhecidas
do nazismo e fascismo. Alguns grupos antifascistas têm utilizado o doxxing, a
exposição de informações pessoais de fascistas, sendo essa uma forma de
atingi-los ao demonstrar publicamente sua ligação com grupos fascistas ou
neonazistas. Ainda assim, existe certa dificuldade dos grupos antifascistas
modernos em encontrar formas de se combater esse crescimento da extrema-
direita e do neofascismo. Apesar de o movimento antifascista ainda ser
pequeno em número, a nova ameaça da extrema-direita e do fascismo tem
estimulado o crescimento da reação antifascista na Europa, América do Norte e
também no Brasil.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/antifascismo.htm

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