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Dourados
2021
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS RECURSOS
INTRODUÇÃO:
PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE:
O presente principio dispõe que para todo e qualquer pronunciamento de decisão judicial
recorrível cabe uma, e apenas uma, espécie de recurso. Para cada ato judicial recorrível
há um só recurso permitido para impugná-lo.
O Código Processual Civil prevê duas espécies de atos decisórios emitidas pelo juiz: uma
a sentença, é o ato que finaliza, põe fim, á fase de cognição do procedimento comum ou
da extinção da execução, havendo decidido o mérito ou não; a outra é a decisão
interlocutória, que tem por função resolver, durante o percurso do processo, seu
andamento, questão incidente. Para cada ato desses há um remédio recursal singular e
adequado que os recorrentes deverão utilizar para impugnar. Contra sentença o único
recurso previsto é a apelação; contra as decisões interlocutórias previstas no artigo 1015
do CPC só poderá interpor agravo de instrumento; para impugnar decisões monocráticas
do relator em tribunal deverá propor agravo interno; já contra os acórdãos, poderá ser
utilizado o recurso ordinário, ocorrendo o previsto no art. 102, inciso II e art. 105, inciso
II da CF/88; o recurso extraordinário, nos casos hipotéticos expresso no art. 102, inciso
III da CF e o recurso especial, desde que seja o previsto no art. 105, inciso III, também
da CF.
Como toda regra não pode ser absoluta, o princípio da unirrecorribilidade comporta
exceções. Uma delas está prevista no artigo 1029 do CPC que permite a propositura de
recurso especial- para o STJ (matéria de questão federal) - e de recurso extraordinário-
para o STF (questão constitucional) - simultaneamente, tudo para impugnar o mesmo
acórdão em questão. Também, há no artigo 1009, §1°, do CPC, uma liberalidade
concedida à parte para que, após sair prejudicada por uma decisão interlocutória proferida
no percurso do processo, e não cabendo agravo de instrumento, possa suscitar a questão
em sede de preliminar em recurso de apelação ou nas contrarrazões.
Entretanto, mesmo que possa existir variados atos judiciais pronunciados num mesmo
processo e, portanto, considerados por si, são passíveis de variados tipos de recursos, a
regra continua sendo a da unirrecorribilidade e deverá ser buscado, por parte do juiz,
dentro dos processos, a unidade, a essência do princípio da singularidade, devendo cada
ato, quando impugnado, e mesmo que complexo, receber o devido, e único, recurso.
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE:
Tal princípio foi adquirido pelo processo civil direto do direito material civil na qual é
amplamente utilizado. Fungível é o bem- ou a coisa- que pode ser trocado por outro de
igual espécie, qualidade e quantidade. Diz respeito ao ato de substituição de algo por
outro que nada viole ou desqualifique o bem anterior pelo novo. No direito processual
recursal a fungibilidade se tornou princípio, podendo um recurso, portanto, ser substituído
por outro.
Todavia, não é simples tal substituição dentro dos recursos processuais civis. Se
considerar que, de acordo com o princípio da singularidade, cada decisão judicial possui
um respectivo e adequado recurso, pode se indagar a consistência da fungibilidade.
Ademais, deve-se ater a regra da adstrição do juiz para com os pedidos formulados pelas
partes. O juiz não pode apreciar ou dar procedência á algo diferente do que consta no
pedido, podendo cair em vício ao sentenciar de forma extra petita ou ultra petita. Porém,
o legislador permite, em certos casos, que o magistrado possa conceder algo diferente do
pedido inicialmente sem sobrevir em vício.
Daí que se apreciará o exercício do princípio da fungibilidade. Tal exercício ocorrerá
quando o litigante tiver dificuldade na escolha da medida adequada para o problema que
tiver em questão, quando o juiz confirmar que parte não esteja cometendo erro grosseiro.
Para que se utilize a fungibilidade há de estar presente uma dúvida objetiva, e deve ser
fundamentada. Mesmo com a Codificação mais moderna e atual ainda existem
pronunciamentos judiciais na qual se apresenta séria dúvida objetiva sobre o recurso
adequado. E a parte não pode sair prejudicada, nesses casos, pela dificuldade de
interposição do recurso.
Nelson Nery Junior, doutrinador processualista, define o momento certo que se
configurará a dúvida objetiva, a saber:
‘‘Essa dúvida pode ser de três ordens: a)o próprio código designa uma
decisão interlocutória como sentença ou vice-versa, fazendo-o obscura ou
impropriamente; b) a doutrina e/ou a jurisprudência divergem quanto á classificação de
determinados atos judiciais e, consequentemente, quanto à adequação do respectivo
recurso para ataca-los; c) o juiz profere um pronunciamento em lugar do outro’’.
Por fim, os artigos 277 e 283 do CPC estabelecem que a adoção de um recurso ao invés
do outro, desde que preservados todos os requisitos sobre o conteúdo necessários para o
recurso correto e adequado, cairá em erro de forma, considerando juntamente, também, a
ausência de má-fé ou erro grosseiro. Para os dispositivos mencionados tais aplicações
inadequadas não são anuláveis, devendo ser corrigidas para a devida forma, ao ato
processual correto. Serão anulados somente os atos que não possam ser aproveitados.