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Os Atributos do Ser Humano

 Daniel Conegero

Os atributos do ser humano revelam que Deus o criou de tal forma que ele é
diferente de qualquer outra criatura. Isso quer dizer que o homem reúne certas
qualidades que somente ele possui no reino criado.

Os atributos do ser humano estão diretamente ligados ao fato de que Deus criou o
homem à Sua imagem e semelhança. Isso quer dizer que de certa forma somos
parecidos com Deus – ainda que exista uma diferença enorme entre a natureza de
Deus e a natureza humana.
Ao longo do tempo os estudiosos têm discutido o que realmente significa ser feito
à imagem e semelhança de Deus. Nesse ponto alguns atributos do ser humano são
apontados como sendo a definição do que isso quer dizer. Alguns dizem que se
trata da racionalidade do homem; outros acreditam que se trata de sua volição e
pessoalidade; outros defendem que se trata de sua capacidade e responsabilidade
moral; e ainda outros pensam que se trata de sua posição de governança na
natureza ou mesmo de sua espiritualidade.
Mas como alguns teólogos muito capacitados também afirmam, talvez a melhor
posição seja entender que Deus criou o homem e a mulher como seus
representantes e vice-regentes sobre toda a criação. Então ser a imagem de Deus é
ser um refletor da glória e do caráter de Deus no domínio da criação – e para tanto,
obviamente todos os atributos do ser humano estão envolvidos nisso. Portanto,
isso implica no fato de que esses atributos derivam de Deus, que resolveu
comunicá-los ao ser humano quando o fez à Sua imagem.

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Quais são os atributos do ser humano?


 O ser humano possui espiritualidade: a natureza humana é uma unidade
complexa que é constituída de uma parte material e outra imaterial. A Bíblia diz
que depois de Deus ter formado o homem do pó da terra, soprou em suas
narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente (Gênesis 2:7).
 O ser humano possui imortalidade: uma vez criado, jamais o homem deixa
de existir. É incrível que mesmo sabendo que a morte é algo inevitável, o ser
humano tem extrema dificuldade em aceitá-la. Isso acontece porque a morte
veio por causa da maldição do pecado. Ela quebra temporariamente a unidade
da natureza humana que deveria ser indissolúvel, ou seja, ela separa o espírito
do corpo. Portanto, a morte não é a aniquilação da natureza humana; não é a
cessação da existência. A morte é uma separação dolorosa, mas que não
extingue o atributo da imortalidade com o qual o homem foi criado.
 O ser humano possui intelectualidade: historicamente esse atributo do ser
humano tem sido apontado como a principal identificação da imagem de Deus
no homem. O homem possui uma capacidade singular de raciocinar; de pensar e
agir de forma complexa.
 O ser humano possui capacidade de escolher: Deus criou o homem como
uma criatura volitiva. Isso significa que o homem possui uma vontade e a
capacidade de tomar decisões e fazer escolhas.
 O ser humano possui capacidade moral: sendo uma criatura intelectual e
volitiva, o homem possui responsabilidade moral sobre seus raciocínios, ações e
decisões. Ele possui a habilidade de entender que deve agir conforme certos
princípios morais e que assume responsabilidade por isso.
 O ser humano possui pessoalidade: o homem é uma criatura que tem
personalidade. Ele é uma pessoa e possui caráter, traços emocionais, e
capacidade de relacionar-se afetivamente de forma interpessoal num nível
especial que não é encontrado em outras criaturas.
 O ser humano possui criatividade: sendo uma criatura intelectual, volitiva,
pessoal e moral, obviamente o homem também é um ser criativo.

O pecado afetou os atributos do ser


humano?
A Bíblia não deixa qualquer dúvida de que o pecado afetou todos os atributos do
ser humano. É verdade que algumas teorias surgiram ao longo da história da Igreja
com o objetivo de promover a ideia de que o homem nasce puro e com todos os
seus atributos intactos, perfeitos e livres dos efeitos da Queda.
Mas esse tipo de pensamento é completamente contrário à verdadeira doutrina
bíblica. A doutrina do Pecado Original é amplamente ensinada nas Escrituras que
afirmam a total depravação da natureza humana decaída.
Citando o Antigo Testamento, o apóstolo Paulo explica de forma muito clara como
os atributos do se humano foram afetados pelo pecado (Romanos 3:10-12). Ele
escreve:
1. “Não há um justo, nem um sequer” – a pureza moral foi perdida.
2. “Não há ninguém que entenda” – num certo sentido a capacidade intelectual
foi afetada.
3. “Não há ninguém que busque a Deus” – o homem tornou-se espiritualmente
morto. Sua comunhão com Deus foi quebrada.
4. “Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis” – sua pessoalidade
foi infectada; suas emoções foram contaminadas e seu caráter foi maculado pelo
pecado.
5. “Não há quem faça o bem, não há nem um só” – o coração do homem
tornou-se inclinado ao mal e sua vontade foi comprometida.

Os resultados da corrupção do pecado nos


atributos do ser humano
Vimos que o pecado afetou os atributos do ser humano. Isso, porém, não significa
que a imagem de Deus no homem foi completamente perdida. Apesar do pecado,
o homem continua sendo uma criatura feita à imagem de Deus – ainda que essa
imagem tenha sido terrivelmente danificada.

Vamos a um exemplo mais prático: a intelectualidade do homem foi contamina


pelo pecado, mas ele ainda é capaz de pensar e raciocinar. Como diz R. C. Sproul,
nós raciocinamos falaciosamente, mas ainda temos essa capacidade.

O mesmo princípio se aplica aos outros atributos. O homem caído não-regenerado


está morto espiritualmente, mas ele ainda possui um espírito. Ele não tem mais
pureza moral, porém ainda é capaz de entender que existem princípios morais que
devem ser obedecidos, e continua responsável por suas decisões atitudes diante
deles.
Seus relacionamentos são profundamente prejudicados pelo pecado, mas o
homem ainda possui afeições e tem a condição de estabelecer relacionamentos
interpessoais. Na maioria das vezes a criatividade do homem é usada a serviço do
pecado, mas ele ainda é um ser criativo. Sua vontade é inclinada ao mal, mas ele
ainda é capaz de fazer escolhas e tomar decisões livres conforme o padrão de sua
natureza decaída.

Mas a obra redentora de Cristo aplicada pelo Espírito Santo no ser humano vivifica-
o espiritualmente, liberta-o da culpa do pecado, restaura sua comunhão com Deus
e capacita-o a ficar livre do poder do pecado através da santificação. Então seus
atributos passam a ser condizentes com sua nova natureza.

O redimido possui a mente de Cristo; sua conduta moral reflete o caráter de Cristo
– em quem se cumpre plenamente o propósito de ser a imagem de Deus
(Colossenses 1:15-22; Hebreus 1:3); sua personalidade e seus relacionamentos
revelam as virtudes do fruto do Espírito; e sua vontade não está mais escravizada
pelo pecado. Agora ele é capaz de desejar o bem espiritual e sentir prazer em
agradar a Deus.

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