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UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENHARIA
ENGENHARIA CIVIL

Materiais das construções II


Betão

Discentes: Docente:
Assane Damião Jamal Eng. Izak Nindi
Hija Momade Momade
João Paulo
Imelda Tacula

Pemba, Maio de 2021


UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENHARIA

ENGENHARIA CIVIL

Materiais das construções II

Betão

Trabalho científico de Materiais das construções


II, departamento de engenharia, curso de
engenharia civil, 2º ano, a ser entregue ao
docente da mesma cadeira para fins avaliativos.
Docentes: Eng. Izak Nindi

Pemba, Maio de 2021


Conteúdo
Introdução ....................................................................................................................................... 3

1. Origem de betão....................................................................................................................... 4

1.1.2. Vantagens do betão .......................................................................................................... 4

1.1.3. Desvantagens do betão ..................................................................................................... 5

1.1.4. Material constituinte de betão .......................................................................................... 5

Cimento ................................................................................................................................... 6

Adicções .................................................................................................................................. 6

Agregados ................................................................................................................................ 6

Água de amassadura ................................................................................................................ 7

Adjuvantes ............................................................................................................................... 8

1.1.5. Composição dos betões .................................................................................................... 8

1.1.6. Tipos de betões produzidos .............................................................................................. 9

Betão Autocompactável ........................................................................................................... 9

Betões leves ........................................................................................................................... 10

Betões pesados (massa específica elevada) ........................................................................... 11

Betões de alto desempenho.................................................................................................... 12

1.1.7. Propriedades mecânicas e físicas do betão ..................................................................... 13

Fluência e retracção ............................................................................................................... 13

Dilatação térmica ................................................................................................................... 14

Resistência à compressão ...................................................................................................... 14

Resistência à tracção .............................................................................................................. 15

Módulo de elasticidade .......................................................................................................... 15

1.1.8. Factores de degradação do betão .................................................................................... 15

Acção do gelo/degelo ............................................................................................................ 16


1.1.9. Especificação do betão ................................................................................................... 16

1.2. Classificação do betão........................................................................................................ 17

1.2.1. Classificação da Resistência a compressão .................................................................... 17

1.2.2. Classificação da consistência ......................................................................................... 17

1.2.3. Classificação da massa volúmica ................................................................................... 18

1.2.4. Ensaios dos betões .......................................................................................................... 18

1.2.5. Ensaios ao betão fresco .................................................................................................. 19

1.2.6. Amostragem do betão fresco .......................................................................................... 19

1.2.7. Ensaio de abaixamento ................................................................................................... 20

1.2.8. Massa volúmica e teor de ar do betão ............................................................................ 21

1.2.9. Ensaios ao betão endurecido .......................................................................................... 21

1.2.10. Ensaio de durabilidade ................................................................................................... 22

Conclusão...................................................................................................................................... 23

Bibliografia ................................................................................................................................... 24
Índice de figuras

Figura 1.Agregado britado .............................................................................................................. 7


Figura 2.Adição de adjuvante numa mistura de betão .................................................................... 8
Figura 3.Betão autocompactavel ................................................................................................... 10
Figura 4.Provete de barite (produção de betão pesado) ................................................................ 11
Figura 5.Betão reforçado com fibras ............................................................................................ 12
Figura 6.Betão de alto desempenho .............................................................................................. 13
Figura 7.Amostras de betão fresco................................................................................................ 20
Figura 8.Ensaio de abaixamento ................................................................................................... 20
Figura 9.Execução do ensaio da determinação do teor de ar do betão. ........................................ 21
Figura 10.Verificação da resistência à compressão de uma proveta de betão. ............................. 22

Índice de tabelas

Tabela 1.Classe de resistência à compressão ................................................................................ 17


Tabela 2.Classificação da consistência ......................................................................................... 18
Tabela 3.Classes de massa volúmica do betão leve. ..................................................................... 18
Introdução
A palavra betão deriva do francês “béton”, cuja origem pode estar relacionada com o termo do
latim “bitumen”, que significa betume (Montemor e Costa, 2005 cit. por Yan, 2013). Toda
mistura proporcionada de agregados, comentos, água adições ou adjuvante leva a designação de
betão, constituí um material muito importante no que diz respeito as construções e dependendo
da sua aplicação pode se ter estruturas de variadas dimensões e formas. O presente trabalho
debruça-se do betão procurando identificar a sua origem, vantagens, desvantagens, tipos de
betões, classificação e os ensaios que podem ser realizado sobre este material de forma a
averiguar a suas capacidades e limitações sob determinadas condições.
Para a realização do trabalho somente foi possível através de consultas bibliográficas.

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1. Origem de betão
A palavra betão deriva do francês “béton”, cuja origem pode estar relacionada com o termo do
latim “bitumen”, que significa betume (Montemor e Costa, 2005 cit. por Yan, 2013).
A utilização de betões ou misturas similares como materiais de construção parece ter tido origem
na Antiguidade, com os egípcios e mais tarde com os gregos e os romanos. Testemunhos deste
trabalho podem ser encontrados no Panteão e no Coliseu de Roma. Actualmente, totalmente
difundidos a nível industrial, estes materiais são usados em larga escala como um produto
privilegiado do sector da construção, podendo referir-se exclusivamente que já entraram no
terceiro século da sua existência (Pimentel, 2007; Montemor e Costa, 2005 cit. por Yan, 2013).

1.1.1. Definição de betão


O betão corrente é um material que resulta da mistura devidamente proporcionada de cimento,
agregados de diferentes granulometrias (areia, brita ou godo) e água. Para além destes
componentes o betão pode ainda conter adjuvantes que melhoram ou alteram, de acordo com as
necessidades, algumas das suas propriedades, nomeadamente a sua resistência. O betão desde o
momento da mistura até à fase de colocação passa por dois estádios distintos: o de betão fresco e
o de betão endurecido. O primeiro estádio corresponde ao betão ainda no seu estado plástico e
em condições de ser compactado, permitindo uma fácil colocação em obra, adoptando a forma
dos moldes e adequando-se à realização de estruturas com formas diversificadas, o
endurecimento faz-se tanto ao ar livre como submerso. O segundo estádio corresponde ao betão
endurecido, comportando-se como um material estável e duradouro, com a particularidade das
suas propriedades mecânicas melhorarem com o tempo (Montemor e Costa, 2005; Fernandes,
2005 cit. por Yan, 2013).

1.1.2. Vantagens do betão


O betão apresenta as seguintes vantagens (Pimentel, 2007 cit. por Yan, 2013):

 Facilidade e pouca energia subjacente ao seu fabrico;

 Economia relativa de produção e manutenção face aos outros materiais;

 Abundância e disponibilidade de matérias-primas na natureza;

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 Adaptabilidade arquitectónica que permite tomar inúmeras formas e encher espaços
diversificados;

 Endurecimento rápido e elevada resistência mecânica às solicitações correntes


(particularmente em relação à compressão e flexão);

 Aderência privilegiada ao aço constituinte do betão armado e do betão pré-reforçado;

 Incombustibilidade;

 Compatibilidade com outros materiais, permitindo novas soluções tecnológicas na


construção.

1.1.3. Desvantagens do betão


Em relação às desvantagens, o betão apresenta (Pimentel, 2007 cit. por Yan, 2013):

 Elevado peso próprio (cerca de 2400 kg/m3);


 Baixo poder de isolamento térmico;

 Dificuldade e custo relativamente elevado na distribuição e recuperação das obras que


necessitem de ser demolidas;

 Sensibilidade às variações higrotérmicas;

 Aumento das deformações dos elementos, com o decorrer do tempo de sujeição às cargas
instaladas (fluência).

1.1.4. Material constituinte de betão


A selecção racional dos constituintes do betão é uma fase importante da metodologia de
formulação de um betão. Deve ser realizada com base no conhecimento aprofundado das
propriedades de cada constituinte e da sua contribuição para as propriedades do betão fresco e
endurecido.

Na maioria dos casos, os requisitos para os materiais constituintes são cobertos individualmente
por normas europeias específicas (Gomes e Pinto, 2011a cit. por Yan, 2013).

5
 Cimento
O cimento (ligante hidráulico) é um material inorgânico finamente moído que, quando misturado
com água, forma uma pasta que faz presa e endurece em virtude das reacções e processos de
hidratação e que, depois de endurecer, mantém a sua resistência e estabilidade mesmo debaixo de
água (Costa e Appleton, 2002).

O cimento mais utilizado na produção de betão é o chamado cimento portland e a sua qualidade
é um factor determinante para a qualidade do betão. Esta matéria-prima é também conhecida
como ligante hidráulico. (Quaresma, 1997)

 Adicções
A NP EN 206-1: 2007 define adição, como um material finamente dividido, utilizado no betão
com a finalidade de lhe melhorar certas propriedades ou alcançar propriedades especiais. Na
composição do betão, a anterior referência considera admissíveis dois tipos de adições
inorgânicos: adições quase inertes (adição do tipo I) e adições pozolánicas ou hidráulicas latentes
(adição do tipo II) (Gomes e Pinto, 2011 cit.por Yan, 2013).

 Agregados
A forma dos grãos e a textura de superfície dos agregados tem influência significativa em
algumas propriedades do betão. Sob este aspecto, os agregados arredondados e lisos conferem
maior trabalhabilidade ao betão e os agregados britados aumentam a sua resistência à tracção.
A resistência do betão à compressão pode ser influenciada significativamente pelos agregados
Através da composição granulométrica, da sua resistência e da resistência da ligação pasta
decimento-agregado. (Costa e Appleton, 2002).

6
Figura 1.Agregado britado
Fonte: (Yan, 2013)

 Água de amassadura
A água é utilizada na produção do betão para assegurar o endurecimento do cimento e para
garantir a maleabilidade do betão. Quanto menor for a quantidade de água utilizada na produção,
maior a resistência do betão. De uma maneira geral, todas as águas potáveis e as não potáveis,
inodoras e insípidas, podem ser utilizadas na amassadura do betão. A qualidade da água
influencia as propriedades do betão através das substâncias dissolvidas e em suspensão que nela
existem (Coutinho, 1988 cit por. Quaresma, 1997).

A água de amassadura desempenha dois papéis importantes na massa fresca e na fase de


endurecimento do betão. No betão fresco, a água confere à massa a trabalhabilidade adequada
para permitir uma boa colocação e compactação. Na fase de endurecimento a água participa nas
reacções de hidratação do cimento que conferem a resistência necessária ao betão. (Costa e
Appleton, 2002).

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 Adjuvantes
Actualmente quase não se consegue conceber a formulação de um betão sem o recurso a um
adjuvante de modo a melhorar uma ou mais das suas propriedades, sendo as mais comuns as
seguintes (Montemor e Costa, 2005; Gomes e Pinto, 2011b cit. por Yan, 2013 ):

 Aumentar a trabalhabilidade, mantendo ou reduzindo a água;

 Reduzir a água com o objectivo de aumentar a resistência;

 Acelerar ou retardar o processo de presa;

 Acelerar ou retardar o endurecimento;

 Diminuir a permeabilidade à água, etc.

Figura 2.Adição de adjuvante numa mistura de betão


Fonte: (Yan, 2013)

1.1.5. Composição dos betões


Segundo NP EN 206-1:2007 a composição do betão e os materiais constituintes para betões de
comportamento especificado ou de composição prescrita, devem ser escolhidos de forma a
satisfazer os requisitos especificados para o betão fresco e endurecido, incluindo a consistência,

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massa volúmica, resistência, durabilidade, protecção contra a corrosão do aço embebido, tendo
em conta o processo de produção e o método previsto para a execução das obras em betão
(Gomes e Pinto, 2011ª cit. por Yan, 2013).

A composição ideal de um betão corresponde à obtenção de um produto final, conseguido a


partir de escolhas criteriosas das matérias-primas disponíveis (brita ou godo, areia, cimento e
água). A mistura deverá possuir uma boa resistência e durabilidade, com a trabalhabilidade
pretendida, ao menor custo possível (Fernandes, 2005 cit. por Yan, 2013).

Os parâmetros fundamentais que servem de guia à definição da composição do betão são


(Fernandes, 2005 cit. por Yan, 2013):

 A dosagem do cimento;

 Composição dos agregados (granulométria e máxima dimensão);

 Massas volúmicas dos componentes;

 Razão água/cimento (A/C) pretendida;

 Volume de vazios;

 Trabalhabilidade pretendida.

1.1.6. Tipos de betões produzidos

 Betão Autocompactável
O betão autocompactável (BAC) é um betão que é capaz de fluir e de compactar sob a acção do
seu próprio peso, enchendo completamente as cofragens com as respectivas armaduras, bainhas,
etc, sem perder a homogeneidade e sem necessitar de qualquer compactação adicional. No BAC,
a pasta é o veículo para o transporte dos agregados (Gonçalves, 2006 cit. por Yan, 2013).

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Figura 3.Betão autocompactavel
Fonte: (Yan, 2013)

Assim terá de cumprir com as seguintes propriedades:

 Capacidade de enchimento;
 Capacidade de passagem;
 Resistência à segregação.

 Betões leves
O betão leve é caracterizado por ter uma massa volúmica baixa, que pode variar de 300 a 1850
kg/𝑚3 e uma elevada resistência térmica, tendo um desempenho substancialmente diferente dos
betões tradicionais (com peso normal) (Melo, 2002).

A principal vantagem deste tipo de betão é o uso de secções menores e a consequente redução
das fundações. Além disso com o betão leve as formas devem suportar pressões menores do que
com o betão tradicional e, também o peso total dos materiais manuseados é diminuído resultando
num aumento de produtividade. O betão leve consegue, além disso, um isolamento térmico
melhor do que o betão tradicional (Neville, 1997 cit. por Yan, 2013)

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 Betões pesados (massa específica elevada)
O betão pesado é um betão constituído por agregados com massa volúmica elevada, acima dos
2600 kg/𝑚3 . São utilizados os agregados pesados naturais e artificiais. (Marques, 2013; Neville,
1997).
O betão pesado é usado, principalmente, como protecção contra radiações e quando o aumento
de massa é determinante para o bom comportamento estrutural. Essas propriedades implicam
num desempenho satisfatório em relação à condutividade térmica, retracção, dilatação térmica e
fluência (Marques, 2013; Neville, 1997 cit. por Yan, 2013).

Figura 4.Provete de barite (produção de betão pesado)


Fonte: (Yan, 2013)

 Betões reforçados com fibras

O betão reforçado com fibras é um material composto resultante de pasta de cimento, argamassa
ou betão, com fibras de asbestos, vidro, plástico, carvão ou aço. Este tipo de betão pode ser
vantajoso quando deve ser absorvida uma grande quantidade de energia, por exemplo, com
cargas explosivas, onde se pretende uma resistência à tracção elevada e fissuração reduzida, ou
ainda, onde não é possível a colocação de armadura convencional devido à forma das peças
(Neville, 1997 cit. por Yan, 2013).

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Figura 5.Betão reforçado com fibras
Fonte: (Yan, 2013)

No entanto, a sua trabalhabilidade é reduzida. Este tipo de betão é em geral produzido com um
elevado teor de cimento e uma razão A/C baixa. Quando devidamente fabricados estes betões
possuem uma excelente durabilidade (Montemor e Costa, 2005 cit. por Yan, 2013).

 Betões de alto desempenho


A adição de plastificantes e superplastificantes permite uma forte redução do teor de água
conduzindo a betões de porosidade reduzida, resistência mecânica elevada e excelente
desempenho. Atualmente conseguem-se fabricar betões com razão A/C de aproximadamente 0,2,
de porosidade muito baixa e resistências da ordem dos 150MPa. Estes betões são utilizados em
meios muito agressivos, onde é requerido um betão de elevada resistência e qualidade de modo a
aumentar o tempo de vida da estrutura.

Na Europa, um betão é considerado de alto desempenho se possuir uma resistência à compressão


(28 dias) superior a 60 MPa ou uma razão a/c inferior a 0,4 (Montemor e Costa, 2005 cit por
Yan, 2013).

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Figura 6.Betão de alto desempenho
Fonte: (Yan, 2013)

1.1.7. Propriedades mecânicas e físicas do betão


As propriedades mecânicas do betão são aquelas que caracterizam o comportamento estrutural,
quer em termo de resistência quer em termos de deformabilidade. Destes depende claramente a
resposta que uma estrutura de betão irá ter às acções que lhe foram impostas (Evangelista, 2007).

Algumas características mecânicas e físicas relevantes no betão são: resistência à compressão;


resistência à tracção; módulo de elasticidade; massa volúmica; fluência; retracção e dilatação
térmica, entre outras (Gomes e Pinto, 2009 cit. por Yan, 2013).

 Fluência e retracção
A retracção consiste na diminuição da dimensão de uma peça de betão na ausência de variações
de temperatura e de tensões aplicadas. Este fenómeno é originado pela variação de volume da
pasta de cimento devida essencialmente à evaporação da água de amassadura do betão e às
reacções de hidratação das partículas de cimento. A carbonatação do betão origina também
fenómenos de retracção (Costa e Appleton, 2002).

A fluência é um fenómeno que consiste no aumento progressivo no tempo da deformação


instantânea de uma peça de betão quando sujeita a uma tensão com carácter de permanência.

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Este fenómeno ocorre devido à variação de volume de pasta de cimento que envolve os
agregados (Costa e Appleton, 2002).

A fluência e a retracção podem causar os seguintes efeitos (Montemor e Costa, 2005):

 Aumento da deformação dos elementos estruturais, principalmente vigas e lajes;

 Perdas de pré-esforço em estruturas pré-esforçadas;

 Fendilhação;

 Aumento do esforço a que estão sujeitos elementos comprimidos e sujeitos a cargas


excêntricas;

 A fluência pode conduzir a uma redução dos esforços nos elementos estruturais
originados por deformações impostas e a eliminação das concentrações de tensões.

 Dilatação térmica
O coeficiente de dilatação térmica do betão de peso normal pode ser considerado igual a 10−5
/°C, nos casos em que não seja necessário grande rigor no cálculo. Caso contrário, o coeficiente
de dilatação deve ser determinado através de ensaios, pois depende do tipo de agregados e do
teor de humidade do betão (Costa e Appleton, 2002).

 Resistência à compressão
A resistência à compressão é determinada em provetas submetidos a uma solicitação axial num
ensaio de curta duração, isto é, com uma velocidade de carregamento elevada. Dado que a forma
das provetas, a velocidade de carregamento e outros factores tais como a idade do betão e as
condições de cura têm uma influência significativa na resistência medida, os métodos de ensaio
são normalizados (Costa e Appleton, 2002).

O valor de resistência à compressão no betão é uma propriedade que varia com o tempo, uma vez
que as reacções de hidratação são um processo lento.

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 Resistência à tracção
A resistência à tracção, é uma característica importante do betão em fenómenos tais como a
fendilhação e a aderência das armaduras (Montemor e Costa, 2005). Tal como acontece com a
resistência à compressão, a resistência à tracção depende do tipo de ensaio. Esta característica
mecânica pode ser medida directamente em provetes prismáticos traccionados ou medida
indirectamente por flexão de prismas ou compressão diametral de cilindros (Costa e Appleton,
2002).

 Módulo de elasticidade
O módulo de elasticidade do betão é um dos parâmetros utilizados nos cálculos estruturais, que
relaciona a tensão aplicada à deformação instantânea obtida. O módulo permite ter uma melhor
noção do comportamento da estrutura com relação à deformação ou a outras características
desejadas do betão (Pinheiro at al., 2010 cit. por Yan, 2013).

1.1.8. Factores de degradação do betão


O betão armado é um material compósito constituído por dois materiais sintéticos (betão e aço)
que, quando conjugados, se encontram perfeitamente estabilizados, o aço não reage com o betão
e este protege o primeiro, envolvendo-o (isolando-o dos agentes exteriores) e impedindo que este
se corroa em contacto com o ar e água presentes no betão, por criar um ambiente extremamente
alcalino, pouco propício às reacções químicas de oxidação necessária (Evangelista, 2003).

Segundo Coutinho (1997), citado por Evangelista (2003), diversos agentes atmosféricos podem
alterar esse equilíbrio, atacando o betão ou o aço. Esses agentes, fluidos na generalidade,
penetram na estrutura porosa do betão, reagindo com os seus componentes, alterando a sua
constituição química e desequilibrando o conjunto. As estruturas de betão estão sujeitas a um
conjunto de acções internas e ambientais de diversa natureza.

Quanto às acções internas, encontram-se essencialmente as reacções álcali-agregado, de entre os


quais assume especial relevância a reacção álcalis-sílica. Estas reacções apresentam-se como
uma das condicionantes da durabilidade das estruturas de betão armado, enquadrando-se nas
reacções expansivas de origem interna. Podem definir-se como uma manifestação patológica que

15
se desenvolve normalmente a longo prazo e para a qual não existem ainda soluções aceitáveis
mas apenas alguns métodos de mitigação (Barreto e Brito, 2008 cit. por Yan, 2013 ).

Em relação às acções ambientais as mais relevantes são (Duarte e Pato, 2012 cit. por Yan, 2013):

 Corrosão das armaduras induzida pela carbonatação do betão;

 Corrosão das armaduras provocada pela presença de cloretos;

 Degradação do betão, enquanto húmido, pela acção do gelo/degelo;

 Degradação do betão provocada pelo ataque de compostos químicos nas águas e/ou solos
em contacto com a estrutura.

 Acção do gelo/degelo
A exposição do betão, enquanto húmido, a ciclos de gelo/degelo, provoca uma degradação das
camadas superficiais do betão (Duarte e Pato, 2012 cit. por Yan, 2013).

A deterioração proveniente deste processo decorre, principalmente, da incapacidade do betão


absorver um acréscimo de volume que a água sofre ao congelar. Esta incapacidade deriva da
impossibilidade de redistribuição da água na massa do betão durante este fenómeno, seja pelo
elevado grau de saturação do betão, pelas dificuldades impostas pela sua estrutura porosa ou,
ainda, pela elevada velocidade de arrefecimento (Ferreira, 2000 cit. por Yan, 2013).

1.1.9. Especificação do betão


O responsável pela especificação do betão é o técnico que elabora o projecto de estabilidade de
estruturas nomeadamente o projectista, pois é este quem define quais os materiais a utilizar
(betão e armaduras).

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1.2. Classificação do betão

1.2.1. Classificação da Resistência a compressão


A classe de resistência à compressão deve ser seleccionada tendo em consideração o (s) ambiente
(s) a que a estrutura ou elemento estrutural vai estar sujeito ao longo da sua vida útil, de forma a
garantir a durabilidade pretendida.

Classe de resistência à Resistência Resistência


compressão característica mínima característica mínima
em cilindros em cubos
fck, cyl (N/mm2) fck, cube (N/mm2)
C12/15 12 15
C16/20 16 20
C20/25 20 25
C25/30 25 30
C30/37 30 37
C35/45 35 45
C40/50 40 50
C45/55 45 55
C50/60 50 60
Tabela 1.Classe de resistência à compressão
Fonte: (APEB, 2009 cit. por Yan, 2013)

1.2.2. Classificação da consistência


A classificação da consistência deve ser especificada através de uma classe ou, em casos
especiais, através de um valor pretendido, tendo em consideração o método de ensaio mais
adequado.

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Classe Abaixamento (mm)
S1 10 a 40
S2 50 a 90
S3 100 a 150
S4 160 a 210
S5 > 220
Tabela 2.Classificação da consistência
Fonte: (APEB, 2009 cit. por Yan, 2013)

1.2.3. Classificação da massa volúmica


A massa volúmica do betão leve ou do betão pesado pode ser especificada através de um valor
pretendido. No caso do betão leve a massa volúmica pode ser especificada igualmente através de
uma classe. No quadro a seguir estão apresentadas as classes de massa volúmica do betão leve.

Classe Massa volúmica


(kg/m3)
D 1,0 ≥ 800 e ≤ 1000
D 1,2 >1000 e ≤ 1200
D 1,4 >1200 e ≤ 1400
D 1,6 > 1400 e ≤ 1600
D 1,8 >1600 e ≤ 1800
D 2,0 > 1800 e ≤ 2000
Tabela 3.Classes de massa volúmica do betão leve.
Fonte: (APEB, 2009 cit. por Yan, 2013)

1.2.4. Ensaios dos betões


Para produzir um betão de qualidade são necessários conhecimentos e qualificações. Assim,
desde a escolha criteriosa dos materiais constituintes e da compatibilidade entre os mesmos, ao
seu fabrico, colocação, obra e endurecimento, vai um longo caminho de experimentação e
ensaios conducentes à avaliação da sua conformidade.

18
Os ensaios em betões são fundamentais para avaliar a consistência, a resistência mecânica e a
durabilidade do betão.

1.2.5. Ensaios ao betão fresco


Os ensaios ao betão em estado fresco visam avaliar algumas propriedades importantes para uma
boa aplicação do betão em obra, tais como a consistência, a trabalhabilidade, a massa volúmica e
o teor de ar do betão fresco (Brito et al., 2009 cit. por Yan, 2013).

Estes ensaios permitem garantir a fluidez adequada, sem separação dos diversos materiais
constituintes e avaliar parâmetros que são premonitórios relativamente à qualidade desses
mesmos betões após endurecimento (Evangelista, 2003).

1.2.6. Amostragem do betão fresco


Após o fabrico do betão fresco, deve-se proceder à sua amostragem na central ou depois de
transportado para a obra e antes da colocação do betão na estrutura. Este ensaio consiste na
recolha de uma quantidade de betão, que seja representativa da amassadura e ao mesmo tempo
suficiente para efectuar os ensaios requeridos (André, 2012).

As amostras de betão devem ser seleccionadas aleatoriamente e colhidas de acordo com a norma
NP EN 12350-1:2009, esta norma especifica dois procedimentos para amostragem do betão
fresco: amostragem composta e amostragem pontual. A amostra composta obtém-se, usando uma
colher ou dispositivo similar, retirando o número necessário de tomas uniformemente
distribuídas através da amassadura. No caso da amostra pontual, tal como o nome indica, deve-se
retirar as tomas da parte requerida da amassadura ou do volume de betão (André, 2012).

19
Figura 7.Amostras de betão fresco
Fonte: (Yan, 2013)

1.2.7. Ensaio de abaixamento


O betão fresco é compactado no interior de um molde com a forma tronco-cónica. Quando o
cone é removido subindo-o, o abaixamento do betão estabelece a medida da sua consistência.
(Coutinho, 2003)

 Máxima dimensão do agregado ≤ 40mm.


 Abaixamento entre 10mm e 200mm;

Se num minuto após a desmoldagem, o abaixamento continuar a variar, este ensaio não é
adequado à medição da consistência.

Figura 8.Ensaio de abaixamento


Fonte: (Yan, 2013)

20
1.2.8. Massa volúmica e teor de ar do betão
A massa volúmica é um requisito fundamental no controlo da produção, pois permite verificar se
a quantidade de betão ocupa o volume de 1 m3 (massa volúmica teórica igual à massa volúmica
real), quando compactado segundo o procedimento estabelecido na norma NP EN 12350-6.
Deste modo, é possível verificar se a central de betão está a fabricar o volume de betão solicitado
(André, 2012).

O teor de ar do betão fresco é um requisito crucial para verificar a existência de vazios


preenchidos por ar no interior do betão. Os vazios de ar aprisionado, que na maioria das vezes
são causados por deficiência nas dosagens e escolha dos materiais constituintes, são nefastos à
qualidade final do betão, ao nível das propriedades mecânicas de resistência à compressão e
módulo de elasticidade e aparência final do betão (Geyer e Sá, 2006 cit. por Yan, 2013).

Figura 9.Execução do ensaio da determinação do teor de ar do betão.


Fonte: (Yan, 2013)

1.2.9. Ensaios ao betão endurecido


Os ensaios a efectuar nos betões em estado endurecido visam avaliar o comportamento que estes
irão ter em condições de serviço, ou seja, quando estiverem a desempenhar as funções para os
quais foram concebidos (Evangelista, 2003). Tendo em consideração as propriedades gerais
exigidas ao betão, abordadas anteriormente, os ensaios ao betão endurecido dividem-se em:

 Ensaios mecânicos e físicos.

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O ensaio mecânico mais comum do betão endurecido é o de resistência à compressão dos
provetes;

Os ensaios mecânicos e físicos têm como objectivo determinar as características estruturais dos
materiais utilizados, anteriormente referidas, entre outras, e analisar o comportamento da
estrutura (Brito, et al, 2009 cit. por Yan, 2013).

1.2.10. Ensaio de durabilidade


Com base nas propriedades de durabilidade abordados anteriormente, os ensaios de durabilidade
determinam as características dos materiais e da estrutura que possam vir a provocar anomalias a
longo prazo (Brito, et al, 2009 cit. por Yan, 2013).

Figura 10.Verificação da resistência à compressão de uma proveta de betão.


Fonte: (Yan, 2013)

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Conclusão
Diferentemente de outros materiais como aço, o betão precisa de muito cuidado e maestria no
que diz respeito a sua produção. Com certeza que, a qualidade do betão é dependente de outros
factores como o tipo de cimento, a idade, quantidade de água utilizada na sua amassadura,
condições de produção, ambiente em que estará inserido mas, para betão endurecido as suas
propriedades podem variar consoante as técnicas empregues na produção, colocação,
compactação e cura.

Portanto, sempre que possível deve se recorrer a ensaios mecânicos e físicos para aferir as suas
propriedades quando endurecido e também deve se recorrer a ensaios de abaixamento,
determinação do teor de ar do betão para aferir a qualidade do betão fresco.

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Bibliografia

André, J. (2012) - Da Amostragem ao Ensaio de Compressão do Betão. Betão Nº 29, Revista da


Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto. Lisboa

Costa, A. e Appleton, J. (2002) - Parte II - Materiais. Folhas de Apoio à cadeira de Estruturas de


Betão I. Lisboa

Coutinho, S, J. (2003) – Ensaio do betão fresco. Lisboa

Coutinho, A.S. (1997) - Fabrico e Propriedades do Betão. 3º ed. Vol. 1 e 2.ª Lisboa

Evangelista, F. (2003) - Betões Executados com Agregados Finos Reciclados de Betão.


Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil: Instituto Superior Técnico

Quaresma.C,F,R. (1997). Avaliação do Impacte de Diferentes Configurações de Recursos no


Desempenho de um Sistema de Produção por Encomenda. lisboa

Yan. A,S,T. (2013). Técnicas e laboratórios de ensaio de betões. Dissertação para a obtenção do
Grau de Mestre em engenharia civil. Lisboa

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