Sidney Cerqueira
Bispo dos Santos
Introdução aos
microcontroladores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O emprego de componentes sólidos na eletrônica passou por uma revolu-
ção tecnológica sem precedentes na história dos dispositivos eletrônicos.
Os circuitos integrados evoluíram e hoje há computadores completos
em um único chip. É o caso dos microcontroladores.
Imagine um computador muito pequeno, com custo muito baixo e
encapsulado em um chip: esse é o microcontrolador. Ele traz embutido
o próprio gerador de clock, memórias ROM, flash e RAM, interfaces de
entrada e saída, processador, conversores de sinais e outros componen-
tes próprios de cada modelo. Os microcontroladores são utilizados em
sistemas específicos ou em aplicações embarcadas, como brinquedos,
controles remotos, eletrodomésticos e máquinas industriais.
Neste capítulo, você vai ver a diferença entre microprocessador e mi-
crocontrolador. Também vai conhecer os elementos da arquitetura interna
de um microcontrolador e as aplicações básicas dos microcontroladores.
Microprocessadores e microcontroladores
Na década de 1960, engenheiros de uma empresa japonesa encomendaram à
INTEL circuitos integrados para calculadoras. Nesse contexto, um engenheiro
da INTEL teve a ideia de projetar um circuito integrado cujo comportamento
fosse determinado por um programa armazenado no chip. Desse modo, nasceu
2 Introdução aos microcontroladores
Microprocessador
Arranjo de Unidade
registradores de controle
Figura 2. Microcontrolador.
Fonte: Adaptada de Sena (2017).
Circuitos lógicos
O funcionamento dos microcontroladores é baseado em circuitos lógicos ou
portas lógicas. As portas lógicas são conjuntos de transistores, diodos, resistores
e capacitores, interligados, que realizam operações matemáticas binárias e
lógicas com os números 0 e 1. As portas lógicas básicas são as portas E ou
AND, OU ou OR, NÃO ou NOT e OU-exclusivas ou XOR. A partir delas, você
pode definir outras portas e efetuar arranjos para obter resultados específicos.
Introdução aos microcontroladores 5
O conceito dessas portas pode ser estendido para a programação. Por exemplo, quando
a operação OR faz parte de um programa, a operação lógica é efetuada pelas instruções.
A saída da porta XOR, dependendo do número de entradas, pode gerar certa confusão.
Se a porta possuir só duas entradas, então a saída será o nível lógico 1 apenas quando
suas entradas apresentarem níveis lógicos diferentes. Se ela possuir mais do que
duas entradas, a saída só será nível lógico 1 quando o número de níveis lógicos 1 nas
entradas for ímpar. Por exemplo, para uma porta XOR de três entradas, se a entrada
for 100 (número ímpar de nível 1), a saída será 1. Se a entrada for 110 (número par de
nível 1), a saída será 0.
Registradores
O registrador é um dispositivo eletrônico que armazena os níveis lógicos dos
bits. É semelhante às memórias, só que, enquanto as memórias só armazenam
os bits, os registradores controlam algumas ações.
Em um microcontrolador, existe um número muito grande de registradores
e algumas partes são controladas por dezenas de registradores. Devido à grande
6 Introdução aos microcontroladores
Os pinos das portas I/O são controlados por SFR. Seus níveis lógicos
normalmente possuem em torno de 0 V ou 5 V. Por exemplo, se um regis-
trador escrever o bit 1 no pino de uma porta de I/O, a tensão nesse pino irá
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para 5 V e esse pino será configurado como uma entrada. Por outro lado, se
o registrador apresentar o bit 0 nesse pino da porta, a tensão irá para 0 V e
ele será configurado como uma saída.
Unidade de memória
O microcontrolador precisa de vários tipos de memória para armazenar dados.
Cada posição dessas memórias é acessada por um endereço de memória e seu
conteúdo pode ser lido ou escrito. Os diversos tipos de memórias são utilizados
pelos fabricantes de acordo com seu projeto. A seguir, você pode ver os tipos
de memórias mais comuns.
ROM (Read Only Memory): é utilizada para gravar programas que são
permanentes. Só permite a leitura.
OTP ROM (One Time Programmable ROM): é utilizada para gravar
um programa apenas uma vez. É a memória em que o projetista carrega
seu programa de controle para efetuar a tarefa que ele projetou. Só pode
ser gravada uma vez. Se o projetista precisar efetuar alterações, terá
de gravar outro chip.
UV EPROM (Ultra Violet Erasable Programmable ROM): é mais
flexível do que a anterior, já que os dados podem ser apagados com
luz ultravioleta e o chip pode ser reaproveitado.
FLASH: é muito flexível. Seu conteúdo pode ser escrito e apagado
eletricamente muitas vezes.
RAM (Random Access Memory): é utilizada em quase todos os pro-
cessos do microcontrolador como memória temporária. É uma memória
volátil, ou seja, quando a alimentação é desligada, seus dados são
apagados.
EEPROM (Electrically Erasable Programmable ROM): é mais uti-
lizada no armazenamento de valores criados durante a operação do
microcontrolador, já que os dados armazenados não são perdidos quando
se desliga a alimentação. Seu conteúdo pode ser apagado eletricamente.
O acumulador possui um SFR que é chamado de status. Esse SFR armazena todas as
informações sobre os dados armazenados no acumulador.
Barramento
Para que o microcontrolador acesse a memória e os dados trafeguem entre
as diversas unidades, existem os barramentos. Eles são trilhas ou linhas cujo
número depende do tamanho da palavra dos dados ou do número máximo
de endereços que se precisa acessar. São de dois tipos: o de endereçamento
e o de dados.
O barramento de endereçamento é por onde a CPU envia o endereço da
memória que deve ser lida ou escrita. O barramento de dados liga todos os
circuitos internos do microcontrolador e depende de quantos bits devem ser
acessados ou transmitidos de uma vez.
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Interfaces seriais
O microcontrolador permite comunicações paralelas entre suas portas I/O e
periféricos. Entretanto, para grandes distâncias, a transmissão paralela é cara
e depende de vários parâmetros, principalmente de sincronismo. Atualmente,
a maior parte dos microcontroladores já traz embutidos, de fábrica, diversos
sistemas de comunicações seriais. A seguir, você pode ver os mais utilizados.
Oscilador
O oscilador, que normalmente utiliza um cristal de quartzo, produz um sinal
de relógio estabilizado para que todos os circuitos do microcontrolador tra-
balhem de forma síncrona. Quando a aplicação não exige grande estabilidade
na geração do sinal do oscilador, pode-se utilizar um microcontrolador com
circuito RC (resistência e capacitor), que é mais barato.
Existem microcontroladores em que todas as instruções são executadas
no mesmo número de ciclos e existem outros em que o número de ciclos por
instrução pode ser variável.
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Conversor análogico/digital
Os sinais externos com que o microcontrolador trabalha normalmente são
analógicos. Como ele só “compreende” sinais digitais, há necessidade de um
conversor do sinal analógico para o sinal digital. O conversor A/D recebe um
sinal de tensão em um dos pinos, o converte em um sinal digital e encaminha
os bits à CPU para processamento.
Arquitetura interna
Atualmente, existem dois tipos de arquitetura interna mais utilizados pelos
microcontroladores: a arquitetura Harvard e a arquitetura von Neumann. Na
Figura 3, você pode ver, de forma esquemática, as duas arquiteturas.
Existem diversas aplicações práticas dos controladores. Você pode explorá-las por
meio das leituras recomendadas deste capítulo.
Leituras recomendadas
GIMENEZ, S. P. Microcontroladores 8051. São Paulo: Pearson, 2005.
GIMENEZ, S. P.; DANTAS, L. P. Microcontroladores PIC18: conceitos, operação, fluxograma
e programação. São Paulo: Érica, 2015.
HAUPT, A. W. Eletrônica digital. São Paulo: Blucher, 2016.
TANENBAUM, A. S.; AUSTIN, T. Organização estruturada de computadores. 6. ed. Porto
Alegre: Prentice Hall, 2013.
TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas digitais: princípios e aplicações. 11. ed.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
TOKHEIM, R. Fundamentos de eletrônica digital: sistemas sequenciais. Porto Alegre:
AMGH, 2013. v. 2.
VAHID, F. Sistemas digitais. Porto Alegre: Bookman, 2008.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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