Doenças Infecciosas,
Parasitárias e Oncologia em
Medicina Veterinária
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 4
Introdução...................................................................................................................................... 7
Unidade i
AGENTES ANTIMICROBIANOS................................................................................................................. 9
Capítulo 1
Antibióticos.......................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
Quimioterápicos................................................................................................................. 29
Capítulo 3
Fármacos tuberculostáticos........................................................................................... 37
CAPÍTULO 4
Indicações gerais de agentes antimicrobianos............................................................ 40
Unidade iI
FÁRMACOS ANTIMICÓTICOS............................................................................................................... 43
Capítulo 1
Antibióticos antifúngicos................................................................................................ 43
Capítulo 2
Agentes antifúngicos sintéticos...................................................................................... 47
Unidade iII
ANTIVIRAIS.......................................................................................................................................... 52
Capítulo 1
Inibidores da síntese de ácidos nucleicos...................................................................... 53
Capítulo 2
Imunomoduladores.......................................................................................................... 55
Unidade iV
ANTIPARASITÁRIOS............................................................................................................................... 58
Capítulo 1
Agentes contra nematoides............................................................................................. 58
Capítulo 2
Agentes contra cestoides................................................................................................ 64
Capítulo 3
Agentes contra trematóides............................................................................................ 65
Capítulo 4
Agentes contra ectoparasitas......................................................................................... 66
Capítulo 5
Agentes contra protozoários......................................................................................... 70
Unidade V
Antineoplásicos.............................................................................................................................. 73
Capítulo 1
Agentes alquilantes........................................................................................................... 74
Capítulo 2
Antimetabólitos.................................................................................................................. 78
Capítulo 3
Antibióticos........................................................................................................................ 81
Capítulo 4
Derivados vegetais (alcaloides da vinca)....................................................................... 83
Capítulo 5
Hormônios......................................................................................................................... 85
Capítulo 6
Recentes descobertas em oncologia veterinária......................................................... 86
Referências..................................................................................................................................... 94
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
Iniciamos dando as boas-vindas aos alunos e apresentando o caderno de estudos e pesquisa da
disciplina farmacologia e terapêutica das doenças infecciosas e parasitárias, e oncologia em medicina
veterinária. Neste módulo estudaremos os fármacos mais utilizados em medicina veterinária para
o tratamento das diversas doenças infecciosas e parasitárias que atingem os animais. Além disso,
estudaremos também o comportamento farmacológico e terapêutico dos fármacos antineoplásicos
utilizados na clínica veterinária e os novos caminhos que estão se abrindo para que possamos chegar
a uma terapêutica cada vez mais eficaz no controle das neoplasias.
Objetivos
»» Apresentar as principais características farmacológicas desses agentes, e seus
principais usos, indicações e efeitos adversos observados na prática veterinária.
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AGENTES Unidade i
ANTIMICROBIANOS
Considerações gerais
Os agentes antimicrobianos se classificam, de acordo com a sua origem, em dois tipos distintos: os
antibióticos e os quimioterápicos.
Capítulo 1
Antibióticos
Antibióticos Beta-lactâmicos
Penicilinas
Foram extraídas inicialmente do fungo Penicilium notatum e, atualmente, a maioria delas é
semissintética.
Mecanismo de ação
A síntese de proteínas ocorre nos ribossomas, que são estruturas nucleoproteicas citoplasmáticas.
Os ribossomas diferem nos eucariotas e procariotas, fornecendo a base para a ação antimicrobiana
seletiva de alguns antibióticos.
As drogas desse grupo são mais ativas contra bactérias em multiplicação. Podem ser divididas em
dois grupos: as naturais que correspondem à benzilpenicilina e derivados e as semissintéticas que
compreendem todas as demais.
9
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Figura 1: Esquema com representação de uma camada única de peptidoglicano de uma célula bacteriana (p.
ex.. Staphylococcus aureus), mostrando o local de ação dos antibióticos beta-lactâmicos. No Staphylococcus
aureus, as ligações cruzadas peptídicas consistem em cinco resíduos de glicina. As bactérias Gram-positivas
possuem diversas camadas de peptidoglicano. (NAMA, ácido N-acetilmurâmico; NAG, N-acetilglicosamina).
Cadeia lateral
de tetrapeptídeo
Os Beta-lactâmicos Ligações
impedem a ligação dos cruzadas
peptídeos de ligação peptídicas
cruzada às cadeias laterais
de tetrapeptídeos.
Fonte: Rang et al., 2003.
Resistência bacteriana
10
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
Benzilpenicilinas: Seu espectro de ação é reduzido, com exceção da penicilina V. Não são
resistentes à ação do suco gástrico.
Aminopenicilinas: diferem-se das anteriores por terem amplo espectro e possuírem resistência
ao suco gástrico. A amoxicilina é a mais viável em medicina veterinária devido ao fato de não sofrer
11
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
alteração pelo suco gástrico e poder ser administrada em intervalos maiores que as demais drogas
desse grupo.
Farmacocinética
Absorção e distribuição
A absorção pelas vias parenterais é rápida. Pela via oral só devem ser administradas as penicilinas
ácido-resistentes.
Essas substâncias apresentam ampla distribuição nos líquidos corporais, chegando até as articulações,
cavidades pleural e pericárdica, bile, saliva, leite e placenta. Por serem insolúveis em lipídios, não
penetram nas células dos mamíferos. Desse modo, não atravessam a barreira hematoencefálica,
a não ser que as meninges estejam inflamadas, nesse caso alcançam rapidamente concentrações
terapêuticas eficazes no líquido encefalorraquidiano (LER).
Eliminação
A eliminação da maioria das penicilinas é principalmente renal e ocorre rapidamente, sendo 90%
eliminados por secreção tubular e uma pequena parte eliminada pela bile e pelo leite. A meia-vida
plasmática relativamente curta constitui um problema potencial no uso clínico da benzilpenicilina,
todavia, como a penicilina atua impedindo a síntese da parede celular nos microrganismos em
divisão, a exposição intermitente, mais do que contínua, pode representar uma vantagem.
O tempo de eliminação pode ser diminuído associando-se a penicilina à probenecida, droga que
bloqueia sua secreção tubular. Porém com o desenvolvimento das penicilinas de depósito (penicilinas
G procaina e benzatina) esse recurso se tornou desnecessário.
Efeitos adversos
Em medicina veterinária os efeitos colaterais são raros, sendo as penicilinas, consideradas drogas
muito seguras.
Porém, tem sido observado em algumas espécies de aves, em cobaios, chinchilas, tartarugas e
cobras, uma grande sensibilidade à penicilina G procaína.
Quando administradas topicamente e depois utilizadas por via parenteral, pode ocorrer sensibilização
do indivíduo, levando até a um choque anafilático.
12
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
De forma geral, as penicilinas de depósito são mais perigosas no caso de algum efeito colateral
ocorrer. Isso porque, uma vez injetadas no organismo, permanecem por tempo prolongado,
dificultando assim, a reversão desses efeitos.
Cuidados na administração
Devemos ter cuidado com as apresentações veterinárias que associam penicilinas à estreptomicina,
pois a maioria delas apresenta erros de formulação fazendo com que se administre subdoses de
penicilina ou doses elevadas de estreptomicina.
Devemos prestar atenção às apresentações que associam mais de uma penicilina G. Nesses casos a
dose deve ser sempre calculada a partir da substância que possui maior meia vida plasmática.
Base Dose
Penicilina G cristalina
(sódica* ou potássica) 20.000 a 40.000 U/Kg, 6/6 hs - IM, IV.
*Apenas disponível no mercado na forma de associações.
Base Dose
Base Dose
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UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Base Dose
Penicilina G benzatina (600.000 U), Penicilina G procaína (300.000
U), Penicilina G potássica (300.000 U), sulfato de dihidroestreptomicina 1 ml da solução, IM, em dose única.
(250 mg) e sulfato de estreptomicina (250 mg)
Penicilina G sódica (500.000 U), Penicilina G procaína (2.500.000
U), Sulfato de Dihidroestreptomicina (3g), Tripsina (10.000 NFU), 0,5 ml da solução, 24/24 hs – IM, por 3 a 5 dias.
Quimiotripsina (5.000 NFU)
Base Dose
Ampicilina sódica 20 a 30 mg/Kg, 6 - 8/8 hs - IV, IM
Ampicilina sódica + 20 a 30 mg/Kg, 6 –8/8 hs - IV, IM
Ampicilina trihidratada 20 a 40 mg/Kg, 8/8 hs – VO
Amoxicilina trihidratada 10 a 20 mg/Kg, 8 – 12/12 hs - IM, SC, VO.
Base Dose
Carbenicilina dissódica 40 – 50 mg/Kg (até 100 mg/Kg), 6 – 8/8 hs - IV, IM, SC.
Ticarcilina 33 – 50 mg/Kg, 4 – 6 hs, IV, IM.
Cefalosporinas e Cefamicinas
As cefalosporinas N e C, são quimicamente relacionadas à penicilina e foram as primeiras isoladas
do fungo Cephalosporidium acremonium. A cefalosporina P, é um antibiótico esteroide.
Sua aplicação é limitada em medicina veterinária, em parte devido ao seu alto custo.
Mecanismo de ação
Resistência bacteriana
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AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
do que das penicilinas, Em diversos microrganismos, a ocorrência de uma mutação numa única
etapa pode resultar na produção constitutiva de altos níveis dessa enzima. Além disso, ocorre
resistência se houver menor penetração do fármaco em consequência de alterações nas proteínas
da membrana externa ou de mutações nas proteínas dos sítios de ligação.
As cefalosporinas são classificadas em gerações, de acordo com seu espectro de ação e distribuição.
Sendo assim, as de 1ª geração possuem espectro reduzido, atuando basicamente contra gram-positivos.
As de 2ª e 3ª geração possuem amplo espectro, porém as de 3ª geração apresentam melhor atuação
contra gram-negativos. As de 4ª geração, são mais resistentes à destruição pelas beta-lactamases.
Farmacocinética
Absorção e distribuição
Algumas cefalosporinas podem ser administradas por via oral, porém a maioria é administrada
por via parenteral, pela via intramuscular (que pode ser dolorosa com alguns agentes) ou por
via intravenosa. Após a sua absorção, exibem ampla distribuição pelo corpo. Algumas, como a
cefoperazona, cefotaxima, cefuroxima e ceftriaxona, também atravessam a barreira hematoencefálica.
Eliminação
A excreção ocorre principalmente através dos rins, em grande parte por secreção tubular; todavia,
40% da ceftriaxona e 75% da cefoperazona são eliminadas na bile.
Efeitos adversos
Os efeitos adversos são raros em medicina veterinária. Quando ocorrem, podem-se observar
reações de hipersensibilidade muito semelhantes às que ocorrem com a penicilina. Verifica- se a
ocorrência de algumas reações cruzadas; assim, cerca de 10% dos indivíduos sensíveis à penicilina
irão apresentar reações alérgicas às cefalosporinas.
Pode ocorrer diarréia com as cefalosporinas orais. A aplicação intramuscular é dolorosa, podendo
surgir abscessos estéreis ou apenas irritação local.
Base Dose
Cefalotina 20 – 40 mg/Kg, 6 – 8/8 hs – IV
Cefazolina 20 – 25 mg/Kg, 4 – 8/8 hs - IV, IM.
Cães: 10 – 30 mg/Kg, 6 – 12/12 hs, VO
Cefalexina Piodermite: 22-35 mg/Kg, 12/12 hs, VO
Gatos: 15-20 mg/Kg, 12/12 hs, VO
Cefadroxil 15 - 30 mg/Kg, 8 –12/12 hs, VO
15
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Base Dose
Cefoxitina 25 – 40 mg/Kg, 8/8 hs - IV, IM.
Base Dose
Cefotaxima 20 – 40 mg/Kg, 6/6 hs - IV, IM.
Cefoperazona 30 mg/Kg, 6 – 8/8 hs - IV, IM.
Carbapenens
O imipenem, antibiótico mais utilizado nesse grupo, atua da mesma forma que os outros
beta-lactâmicos. Apresenta espectro de atividade antimicrobiana muito ampla, sendo ativo
contra numerosos microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos, tanto aeróbicos quanto
anaeróbicos. Além de ser um antibiótico que deve ter seu uso reservado para combater infecções
resistentes a outros beta-lactâmicos, é uma droga cara, o que restringe seu uso em medicina
veterinária.
Resistência bacteriana
Farmacocinética
Absorção e distribuição
Não é absorvido pelo trato gastrointestinal, sendo administrado por via intramuscular ou
endovenosa. Sua distribuição é ampla, porém não atravessa a barreira hemotocefálica.
Eliminação
A sua eliminação é feita, em torno de 75 % por via renal. Os 25% restantes ainda não está
bem definido.
Efeitos adversos
Os efeitos adversos assemelham-se aos observados com outros beta-lactâmicos, sendo a náusea e os
vômitos os mais frequentes. Pode ocorrer neurotoxicidade em concentrações plasmáticas elevadas.
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AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
Monobactâmicos
O principal monobactâmico é o aztreonam, um beta-lactâmico monocíclico simples, que é resistente à
maioria das beta-lactamases. Este fármaco possui um espectro de ação muito específico, mostrando-se
ativo apenas contra bastonetes aeróbicos Gram-negativos, incluindo pseudomonas, Neisseria
meningitidis e Haemophilus influenzae. Sendo assim, não exerce nenhuma ação contra microrganismos
Gram-positivos ou anaeróbicos. Seu uso também não é comum em medicina veterinária.
Aminoglicosídeos
Eles inibem a síntese de proteínas bacterianas na unidade 30s dos ribossomos. Sua passagem pela
membrana celular depende, em parte, do transporte ativo oxigênio-dependente por um sistema
transportador poliamínico (figura 2). O cloranfenicol bloqueia esse sistema de transporte.
O efeito é dose dependente e possui uma atividade residual, o que explica a possibilidade de
administrá-los com intervalos grandes entre as doses.
Figura 2: Desenho esquemático das subunidades 50s e 30s do ribossomo bacteriano, onde ocorre a síntese de
proteínas bacterianas. A seta com a descrição indica o local onde os antibióticos inibem o processo.
O códon-anticódon
anormal resulta em
Subunidade 50s leitura incorreta da
mensagem.
Subunidade 30s
Resistência bacteriana
A resistência ocorre através de vários mecanismos diferentes, sendo o mais importante deles a
inativação por enzimas microbianas, das quais nove ou mais foram identificadas. Esta resistência
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UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
ocorre rapidamente quando esquemas posológicos inadequados ocorrem, como quando são
administradas subdoses ou quando se administra as doses com intervalos muito longos.
A amicacina foi desenvolvida como substrato inadequado para essas enzimas, porém, alguns
microrganismos desenvolveram enzimas que também são capazes de inativar este agente. A
resistência em decorrência da impossibilidade de passagem do fármaco pela membrana celular
pode ser superada, em grande parte, pelo uso concomitante de penicilina e/ou vancomicina.
Farmacocinética
Absorção e distribuição
Esses fármacos não atravessam a barreira hematoencefálica, não penetram no humor vítreo do
olho nem alcançam concentrações elevadas nas secreções e líquidos corporais. Os fármacos atingem
concentrações elevadas nos líquidos articular e pleural e podem atravessar a placenta.
Eliminação
A meia-vida plasmática é de 2-3 horas. A eliminação ocorre quase totalmente por filtração
glomerular no rim. Se houver comprometimento da função renal, verifica-se um rápido acúmulo
do fármaco, com consequente aumento dos efeitos tóxicos. Como os efeitos tóxicos estão
relacionados com a dose, em casos de pacientes portadores de insuficiência renal deve-se realizar
um ajuste da dose. Em recém-nascidos a meia-vida plasmática dos aminoglicosídeos aumenta
assim, também devemos ajustar a dose nesses casos.
Efeitos adversos
Os aminoglicosídeos podem produzir graves efeitos tóxicos. Esses efeitos estão relacionados com
a dose e podem aumentar com a duração prolongada do tratamento. Os principais efeitos são a
ototoxicidade e a nefrotoxicidade.
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AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
A nefrotoxicidade consiste em lesão dos túbulos renais, que pode ser revertida com a interrupção
do tratamento. A nefrotoxicidade tem mais tendência a ocorrer em pacientes com doença renal
preexistente ou em condições nas quais o volume urinário encontra-se reduzido.
Devemos tomar cuidado com o uso concomitante de outros agentes nefrotóxicos (por exemplo,
cefalosporinas). Como a eliminação desses fármacos é renal, a sua ação nefrotóxica pode
comprometer a sua própria excreção. Desse modo, as concentrações plasmáticas devem ser
monitoradas regularmente.
A paralisia causada por bloqueio neuromuscular constitui uma reação tóxica rara, porém grave,
que habitualmente só é observada quando os agentes são administrados concomitantemente com
bloqueadores neuromusculares. A paralisia ocorre devido à inibição da captação do íon Cálcio,
necessária para a liberação da acetilcolina por exocitose.
Dosagens
Base Dose
Estreptomicina e
8 – 15 mg/Kg, 8 – 12/12 hs, IM, SC.
Dihidroestreptomicina
Amicacina 4 – 10 mg/Kg, 8 – 12/12 hs, IM, SC.
Neomicina 10 – 20 mg/Kg, 6 – 12/12 hs, VO.
Cães: 2 – 4 mg/Kg, 6 – 8/8 hs,
ou 9-14 mg/Kg, 24/24 hs, IV, IM, SC.
Gentamicina
Gatos: 3 mg/Kg, 8/8 hs,
ou 5-8 mg Kg, 24/24 hs, IV, IM, SC.
Tobramicina 1 – 2 mg/Kg, 6 – 8/8 hs, IV, IM.
Netilmicina 4 – 8 mg/Kg, 8 – 12/12 hs, IV, IM.
Macrolídeos
Mecanismo de ação
Os macrolídeos inibem a síntese de proteínas bacterianas através de um efeito sobre a translocação
(figura 3). Sua ação pode ser bactericida ou bacteriostática, dependendo da concentração
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UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Figura 3: Desenho esquemático das subunidades 50s e 30s do ribossomo bacteriano, onde ocorre a
síntese de proteínas bacterianas. A seta com a descrição indica o local onde os antibióticos
inibem o processo.
Inibição da translocação
Resistência bacteriana
Pode ocorrer resistência, em virtude de uma alteração controlada por plasmídios no sítio de ligação
da eritromicina no ribossoma bacteriano.
Farmacocinética
Absorção e distribuição
Os macrolídios são administrados geralmente por via oral. A eritromicina também pode ser
administrada por via parenteral, embora as injeções endovenosas possam ser acompanhadas de
tromboflebite local. Todas sofrem rápida difusão na maioria dos tecidos, porém não atravessam a
barreira hematoencefálica e têm pouca penetração no líquido sinovial.
Eliminação
A eritromicina é metabolizada em sua maior parte pelo fígado. A azitromicina mostra-se mais
resistente à inativação pelo fígado e a claritromicina é convertida em metabólito ativo. A principal
via de eliminação é a bile.
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AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
Efeitos adversos
O efeito colateral mais comum são distúrbios gastrintestinais, porém não são graves. Devemos evitar
o uso em ruminantes, roedores, coelhos e equinos adultos, devido a possibilidade maior de enterites
e diarreia. No caso da eritromicina, podem ocorrer reações de hipersensibilidade, como erupções
cutâneas e febre, distúrbios transitórios da audição e, raramente, icterícia colestática quando um
tratamento se prolonga por mais de duas semanas. Não devemos utilizar azitromicina em gatos
devido a sua sensibilidade, podendo causar mielossupressão. A azitromicina não é indicada para
grandes animais.
Dosagens
Tabela 11: Macrolídeos mais utilizados em medicina veterinária.
Base Dose
Eritromicina (base, estolato) 10 – 20 mg/Kg, 8 – 12/12 hs, VO
Azitromicina Cães - 10 mg/Kg, 24/24 hs, VO, por 7 dias
Claritromicina Cães, gatos e potros - 7,5 mg/Kg, 12/12 hs, VO
Lincosamidas
As lincosamidas sao bacteriostaticas ou bactericidas, dependendo da concentração. Possuem
atividade contra muitos Gram-positivos e Bacteroides spp. São representadas pela lincomicina e
clindamicina, a última apresenta maior atividade in vitro e maior absorção oral.
Mecanismo de ação
Seu mecanismo de ação envolve a inibição da síntese de proteínas na unidade 50s dos ribossomos
bacterianos. O mecanismo é semelhante ao dos macrolídios e do cloranfenicol desse modo os
antibióticos desses grupos não devem ser associados.
Resistência bacteriana
O uso repetido desses fármacos determina um rápido aparecimento de resistência bacteriana.
Farmacocinética
A clindamicina pode ser administrada por via oral ou por via parenteral. Distribui-se amplamente
pelos tecidos (incluindo os ossos) e líquidos corporais, porém não atravessa a barreira
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UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Efeitos adversos
Dosagens
Base Dose
15 – 25 mg/Kg, q 8 – 12h, PO
Lincomicina
10 – 20 mg/Kg, q 12 – 24h, IM, IV
Tetraciclinas
As tetraciclinas são antibióticos de amplo espectro. O grupo inclui a tetraciclina, a oxitetraciclina, a
doxiciclina e a minociclina.
22
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
Figura 4: Desenho esquemático das subunidades 50s e 30s do ribossomo bacteriano, onde ocorre a síntese de
proteínas bacterianas. A seta com a descrição indica o local onde os antibióticos inibem o processo.
As tetraciclinas são bacteriostáticas, não tendo efeito bactericida. O espectro de ação é muito
amplo e inclui bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, espiroquetas e protozoários (erlichia
e anaplasma).
23
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Resistência bacteriana
Existem, atualmente, diversas cepas que se tornaram resistentes a esses agentes, diminuindo a sua
utilidade. A resistência é transmitida principalmente através de plasmídios. Os genes que controlam
a resistência às tetraciclinas estão estreitamente associados aos genes para a resistência a outros
antibióticos. Sendo assim, os microrganismos ao adquirirem resistência às tetraciclinas, podem
tornar-se simultaneamente resistentes a diversos fármacos.
Farmacocinética
Absorção e distribuição
Em geral, as tetraciclinas são administradas por via oral, mas também podem ser administradas
por via parenteral. A absorção da maioria das preparações pelo intestino é irregular e incompleta,
porém é melhor na ausência de alimento. Como as tetraciclinas são quelantes de íons metálicos
(cálcio, magnésio, ferro, alumínio), formando complexos não absorvíveis, ocorre diminuição da
absorção na presença de leite, certos antiácidos e preparações de ferro. A minociclina e a doxiciclina
possuem uma melhor absorção que as demais tetraciclinas.
Eliminação
A principal via de eliminação das trtraciclinas é renal, com exceção da doxiciclina. As tetraciclinas
também se concentram no fígado e são eliminadas pela bile. Após a excreção pela bile, elas são
parcialmente reabsorvidas pelo intestino. A eliminação pelo trato intestinal ocorre mesmo quando
são administradas por via parenteral.
Efeitos adversos
Os efeitos colaterais mais comuns consistem em distúrbios gastrintestinais provocados, inicialmente,
por irritação direta e, posteriormente, pela modificação da microbiota intestinal.
Pode ocorrer deficiência do complexo da vitamina B, bem como supra-infecção. Como dito
anteriormente, por serem quelantes de cálcio, as tetraciclinas depositam-se nos ossos e dentes em
crescimento, causando manchas e, algumas vezes, hipoplasia dentária e deformidades ósseas. Desse
24
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
modo, não devem ser administradas em filhotes, gestantes ou em fêmeas em lactação. Um risco
importante observado em gestantes é a ocorrência de hepatotoxicidade.
Dosagens
Base Dose
Tetraciclina 15 – 20 mg/Kg, 6 – 8/8 hs, VO.
20 mg/Kg, 12/12 hs, VO
Oxitetraciclina
10 mg/Kg, 12/12 hs, IV, IM
Doxiciclina 3 – 5 mg/Kg, 12/12 hs, VO
Minociclina 3 – 5 mg/Kg, 12/12 hs, VO
Cloranfenicol
Mecanismo de ação
O cloranfenicol foi originalmente isolado de culturas de Streptomyces. O mecanismo de ação
consiste em inibição da síntese proteica (figura 5). O cloranfenicol liga-se à subunidade 50s do
ribossoma bacteriano, no mesmo local que a eritromicina e clindamicina.
Figura 5: Desenho esquemático das subunidades 50s e 30s do ribossomo bacteriano, onde ocorre a síntese de
proteínas bacterianas. As setas com a descrição indicam o local onde os antibióticos inibem o processo.
Inibição da transpeptidação.
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UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Resistência bacteriana
Farmacocinética
Absorção e distribuição
Quando administrado por via oral, o cloranfenicol sofre absorção rápida e completa e atinge
concentrações máximas no plasma dentro de 2 horas. Além disso, pode ser administrado por
via parenteral. Distribui-se amplamente pelos tecidos e líquidos corporais, incluindo o LER,
onde sua concentração pode atingir níveis equivalentes a 60% dos níveis sanguíneos. No plasma,
30-50% do cloranfenicol encontram-se ligados às proteínas. Em ruminantes, além do risco natural
de inibição da flora ruminal, quando utilizado por via oral, a droga normalmente é inativada
no rúmen.
Eliminação
Cerca de 10% são excretados em sua forma inalterada na urina, sendo o restante inativado no fígado.
Efeitos adversos
O efeito adverso mais importante do cloranfenicol consiste em grave depressão da medula óssea,
resultando em pancitopenia (diminuição de todos os elementos figurados do sangue). Esse efeito,
apesar de raro, pode ocorrer até mesmo com doses muito baixas, em alguns indivíduos.
O cloranfenicol deve ser utilizado com muita cautela em recém-nascidos. Em humanos a inativação
e a excreção inadequadas do fármaco podem levar ao desenvolvimento da “síndrome do bebê
cinzento”. Os sintomas incluem vômitos, diarréia, flacidez, baixa temperatura e pigmentação
acinzentada. A taxa de mortalidade, nesses casos é de 40%. Se a sua administração for essencial,
é preciso determinar as concentrações plasmáticas, devendo- se ajustar a dose de acordo com
os níveis alcançados. Podem ocorrer reações de hipersensibilidade, e também distúrbios
gastrintestinais.
Os felinos tem grande possibilidade de se intoxicar com o fármaco, devido a sua natural insuficiência
da glicorunil-transferase. Nos equinos a meia-vida plasmática é muito curta, sendo desaconselhado
seu uso, no caso de infecções sérias. Apesar dessas particularidades as doses fixadas para gatos
e quinos estão descritas na tabela 14. O fármaco, no entanto, só deve ser administrado em gatos
quando não houver a possibilidade do uso de outros antimicrobianos.
26
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
Dosagens
Base Dose
Vancomicina
Farmacocinética
A vancomicina, que não é absorvida pelo intestino, é somente administrada por via oral no
tratamento da infecção gastrintestinal por C. difficile. Para uso parenteral, é administrada por via
intravenosa (não deve ser administrada por via intramuscular) e apresenta meia-vida plasmática de
cerca de 8 horas.
Eliminação
Efeitos adversos
27
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Dosagens
Base Dose
20 mg/Kg, 12/12 hs, IV, diluída em pelo menos 200 ml de soro glicosado.
Vancomicina
5 – 10 mg/Kg, 12/12 hs, VO
Polimixinas
Os antibióticos da polimixina em uso incluem a polimixina B e a colistina (polimixina E).
Farmacocinética
Não são absorvidas pelo trato gastrintestinal. Por via tópica e intramamária são muito pouco
absorvidas (devido a esse fato são seguras quando administradas por via tópica).
No Brasil apenas estão disponíveis apresentações de uso tópico da polimixina B. A colistina pode ser
encontrada apenas como aditivo alimentar.
Eliminação
A principal via é a renal. Sendo assim, pacientes com distúrbios renais tem ainda maior possibilidade
de apresentar efeitos adversos.
Efeitos adversos
Devido à sua extrema toxicidade quando administradas por via parenteral, seu uso é restrito a
infecções de pele, otológicas e oftálmicas. Quando administradas topicamente, não apresentam
efeitos adversos importantes. Os principais efeitos adversos observados quando administrados
parenteralmente são neurotoxicidade e nefrotoxicidade, além de hipersensibilidade.
28
CAPÍTULO 2
Quimioterápicos
Sulfonamidas
As sulfonamidas foram os primeiros fármacos a serem utilizados para combater uma infecção
sistêmica e foram sintetizadas a partir de um corante chamado prontosil. Após a descoberta, foram
desenvolvidas numerosas sulfonamidas. Algumas delas continuam sendo utilizadas na terapêutica
antimicrobiana atualmente.
As sulfonamidas atuam por intermédio de inibição competitiva (ou antagonismo metabólico) com
o PABA pela enzima diidropteroato sintetase, e o efeito da sulfonamida pode ser superado pela
adição de PABA em excesso. Este é o motivo pelo qual alguns anestésicos locais, como, por exemplo,
a procaína, que são ésteres do PABA podem antagonizar o efeito antibacteriano desses agentes.
A ação das sulfonamidas é bacteriostática. Possui amplo espectro de ação, sendo mais eficientes no
tratamento de infecções agudas. A sensibilidade bacteriana é variável devido à resistência, mas de
maneira geral atuam contra Gram-positivos, Gram-negativos e também contra Toxoplasma, Eimeria
e Nocardia.
A sua ação é anulada pela presença de pus e produtos de degradação tecidual, pois contêm timidina
e purinas, que podem ser utilizadas pelas bactérias para escapar da necessidade de ácido fólico.
Na prática clínica, as sulfonamidas têm sido indicadas para o tratamento de infecções cutâneas,
gastrointestinais e urinárias.
Trimetroprima
29
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Antagonistas
Todos os fármacos que tenham PABA ou moléculas similares em suas fórmulas possuem efeito
antagônico ao das sulfonamidas. Entre eles podemos destacar: os anestésicos locais, vitaminas do
complexo B, cafeína e teofilina.
Interações medicamentosas
Resistência bacteriana
A resistência bacteriana é comum, e ocorreu principalmente devido ao seu uso de modo excessivo e
muitas vezes desnecessário ao longo dos anos.
Há bactérias que possuem resistência natural a esses fármacos, como é o caso do gênero Leptospira,
que não precisam sintetizar seu próprio ácido fólico.
Existe também a adaptação enzimática, em que as bactérias passam a utilizar vias metabólicas
alternativas para a obtenção de metabólitos essenciais. Essa adaptação é mediada por plasmídios.
Farmacocinética
As sulfonamidas são, em sua maioria, rapidamente absorvidas pelo trato gastrintestinal e alcançam
concentrações máximas no plasma em 4-6 horas. A principal via de administração é a via oral. Porém,
essa via não é indicada para herbívoros adultos, pois as sulfas reduzem a flora do trato gastrointestinal,
podendo determinar sérios problemas metabólicos para o animal. Desse modo, só estão indicadas
quando o objetivo terapêutico é a redução da flora microbiana do trato gastrointestinal.
As vias parenterais não são muito utilizadas devido à grande incidência de efeitos adversos. A
endovenosa pode ser utilizada com cautela e em infecções graves. Pode-se iniciar o tratamento
30
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
com uma sulfa sistêmica que favorece elevados níveis plasmáticos rapidamente, e depois continuar
o tratamento por via oral. É necessário ter muito cuidado na administração endovenosa, devendo
ser esta feita bem lentamente (com duração mínima de 10 minutos), e tendo sempre certeza de
que o fármaco está indo para dentro da veia, pois ao sair da veia o fármaco causa irritação e até
necrose tecidual.
As sulfas de uso tópico são utilizadas com mais segurança, pois são pouco absorvidas e não irritam
tecidos lesados. São indicadas principalmente para uso oftalmológico (sulfacetamida) e em
queimaduras (mafenida e sulfadiazina de prata).
Os fármacos penetram nos exsudatos inflamatórios e atravessam a barreira placentária, bem como
a barreira hematoencefálica. As sulfonamidas são inativadas principalmente no fígado. Porém uma
parte desses fármacos é eliminada em sua forma inalterada.
Eliminação
A eliminação é principalmente renal, mas também ocorre pelas fezes, bile, leite, suor e lágrimas.
Efeitos adversos
São contraindicadas em pacientes com insuficiência hepática ou renal e discrasias sanguíneas. Em
altas doses podem ser teratogênicas, devendo ser evitado seu uso em gestantes.
Os efeitos adversos graves que exigem a interrupção da terapia incluem hepatite, reações de
hipersensibilidade (exantemas, febre, reações anafiláticas), depressão da medula óssea e cristalúria.
Esta última é resultado da precipitação dos metabólitos acetilados na urina.
31
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Prescrever que o paciente beba água em grandes quantidades, se necessário manter hidratação
parenteral ou forçar o consumo de água. Desse modo, estimula-se a função renal, diminuindo o
risco de cristalúria.
Fornecer doses dobradas nas primeiras 24 horas, para atingir níveis plasmáticos ideais mais
rapidamente.
Dosagens
Tabela 16: Sulfonamidas mais utilizadas em Medicina Veterinária.
Base Dose
Sulfadiazina de prata Tópico
Sulfacetamida sódica Tópico (apresentações sempre associadas a outros agentes antimicrobianos).
Mafenida Tópico
Sulfametoxazol + Trimetoprima 15 mg/Kg, IV, VO, 12/12 hs,
Sulfadiazina + Trimetoprima 15 mg/Kg, IV, VO, 12/12 hs. 14 a 21 dias
Quinolonas
Primeira geração: possuem espectro reduzido, apenas contra Gram-negativos. São mais indicadas
nos casos de infecção urinária e como aditivos para rações de suínos e aves, porém atualmente estão
em desuso.
32
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
Mecanismo de ação
As quinolonas são bactericidas, por inibição da síntese do DNA bacteriano. Esses agentes inibem
a topoisomerase II (uma DNA girase), enzima que produz uma superespiral negativa no DNA,
permitindo, assim, a transcrição ou replicação (Figura 6).
Figura 6: Diagrama esquemático da dupla hélice (à esquerda) e da dupla hélice na forma superespiralada
(à direita). A DNA girase desenrola a superespiral positiva induzida por RNA (não mostrado) e introduz uma
superespiral negativa.
Resistência bacteriana
A resistência é transmitida principalmente por plasmídios, e, visto que os genes que controlam
a resistência às quinolonas estão estreitamente associados aos genes para a resistência de outros
antibióticos, os micro-organismos podem tornar-se simultaneamente resistentes às demais quinolonas.
Alguns autores citam a possibilidade de haver resistência cruzada também com cefalosporinas,
tetraciclinas e com o cloranfenicol. Já foram verificadas cepas resistentes de S. aureus e P. aeruginosa.
Farmacocinética
As fluoroquinolonas administradas por via oral são bem absorvidas, porém exigem 2 horas de
jejum prévio. Podem ser administradas também por via SC, IM e EV. Devemos ter cuidado com
algumas apresentações injetáveis da enrofloxacina, pois, quando administradas por via SC, podem
causar abscessos. Esse fato ocorre principalmente quando o fármaco é administrado por descuido
na via intradérmica.
33
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Eliminação
As concentrações encontradas na urina são elevadas. Devido a esse aspecto, são especialmente
indicadas para o tratamento de infecções do sistema urinário.
Efeitos adversos
Podem ocorrer distúrbios gastrintestinais, erupções cutâneas, fotossensibilização e cristalúria (em
indivíduos desidratados), porém essas reações ao uso das quinolonas são raras.
As quinolonas devem ser evitadas em animais jovens, devido à possibilidade de artropatias, com
lesões irreversíveis na cartilagem. Desse modo, o uso das quinolonas é contraindicado em filhotes
em fase de crescimento. No caso dos cães, deve ser utilizada, somente após os 8 meses e em raças
grandes após um ano de idade.
Também são contraindicadas em gestantes, podendo levar a lesões na cartilagem dos fetos e ao aborto.
Além disso, ocorrem sintomas do SNC como cefaleia e tonteira. Com menos frequência, leva a
convulsões, que têm sido associadas a patologias preexistentes do SNC ou ao uso concomitante de
teofilina ou de anti-inflamatórios não esteroides.
As quinolonas de primeira geração são extremamente tóxicas para caninos, felinos e carnívoros
de um modo geral, não devendo ser utilizadas de modo algum nessas espécies. Esses fármacos são
neurotóxicos para essas espécies e levam, na maioria dos casos, ao óbito do animal.
Dosagens
Base Dose
2,5 a 5,0 mg/Kg, 12/12 hs, VO, IM.
Enrofloxacina
5,0 mg/Kg, 24/24 hs, VO, IM.
Norfloxacina 22 mg/Kg, 12/12 hs, VO
Ciprofloxacina 5 – 15 mg/Kg, 12/12hs, VO
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AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
Nitrofurantoína
É utilizada como antisséptico urinário, principalmente em cães. Pode também ser utilizada em
equinos com infecções baixas do sistema urinário produzidas por micro-organismos sensíveis.
Porém deve ser utilizada somente em casos de infecções leves e nas subclínicas.
Farmacocinética
Os efeitos tóxicos são raros e estão relacionados ao uso sistêmico e incluem diáteses hemorrágicas
com trombocitopenia, anemia, aumento do tempo de sangramento, efeitos ao nível de SNC, anorexia
e vômitos.
Furazolidona
Atualmente, a furazolidona não é considerada um fármaco de primeira escolha em situação alguma.
Em Medicina Veterinária ela é utilizada adicionada à ração, como promotora de crescimento.
Existem apresentações comerciais do fármaco para o tratamento de mamites, porém sua eficiência
não está comprovada.
As características farmacocinéticas não foram bem estudadas, mas sabe-se que a furazolidona
é absorvida pelo trato gastrintestinal, porém não ocorre distribuição adequada do fármaco no
organismo para que se utilize no tratamento de infecções sistêmicas.
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UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Nitrofurazona
É utilizada, com relativo sucesso, no tratamento tópico de feridas contaminadas. Possui a vantagem
de ser inócua aos tecidos e ocorre uma frequência baixa de resistência bacteriana a esse fármaco. A
nitrofurazona também pode ser utilizada em lavagens uterinas.
Dosagens
Tabela 18: doses dos derivados nitrofurânicos mais utilizados em medicina veterinária
Base Dose
Nitrofurazona Tópico
Cães: 4,4 mg/Kg, 8/8 hs, VO
Nitrofurantoína
Gatos: 4,0 mg/Kg, 6/6 hs, VO
Furazolidona 2 – 4 mg/Kg, 12/12 hs, VO
36
Capítulo 3
Fármacos tuberculostáticos
Isoniazida
Farmacocinética
O fármaco é rapidamente absorvido tanto por via oral como pelas vias parenterais. Atinge níveis
adequados em todos os tecidos e líquidos do organismo. É metabolizada no fígado e a eliminação
é renal.
Reações adversas
As mais frequentes incluem erupções cutâneas, febre, icterícia e neurite periférica. Raramente
pode ocorrer artrite, alterações hematológicas e convulsões em indivíduos predispostos. A neurite
periférica pode ser evitada com a administração concomitante de piridoxina.
Rifampicina
O mecanismo de ação é a inibição da biossíntese do RNA bacteriano. Embora tenha ação contra
diversas bactérias, sua utilização é quase exclusiva para o tratamento da hanseníase e da tuberculose,
em associação com a estreptomicina e isoniazida, pois é muito rápida a emergência de resistência
bacteriana. A causa mais comum de resistência bacteriana é a mutação na subunidade beta da RNA
polimerase, em que ocorre a ligação da rifampicina.
37
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
Farmacocinética
A rifampicina é bem absorvida pelo trato gastrintestinal, porém absorção se torna reduzida quando
é administrada com alimentos. Tem ampla distribuição orgânica incluindo o sistema nervoso.
Atravessa a barreira placentária e é encontrada no leite materno. A metabolização é hepática. A
eliminação ocorre pelas fezes e urina.
38
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
39
CAPÍTULO 4
Indicações gerais de agentes
antimicrobianos
Tabelas de indicações
40
AGENTES ANTIMICROBIANOS │ UNIDADE I
41
UNIDADE I │ AGENTES ANTIMICROBIANOS
www.microbiologia.ufrj.br/informativo/novidades-sobre-microbiologia/541-
bacteriocinas-antibioticos-do-futuro>.
42
FÁRMACOS Unidade iI
ANTIMICÓTICOS
Capítulo 1
Antibióticos antifúngicos
Anfotericina B
Farmacocinética
Quando administrada por via oral, a anfotericina B é pouco absorvida. Sendo assim, só é administrada
por esta via no tratamento de infecções fúngicas do trato gastrintestinal. O fármaco também é pouco
absorvido pela pele e mucosas, podendo ser administrado topicamente.
43
UNIDADE II │ FÁRMACOS ANTIMICÓTICOS
Para as infecções sistêmicas, é administrada na forma de suspensão por injeção endovenosa lenta. Os
efeitos colaterais significativos levaram ao desenvolvimento de novas apresentações que pudessem
reduzir os efeitos colaterais do fármaco. Desse modo foram utilizados lipossomas de circulação
prolongada, contendo a anfotericina B. Essa formulação acarretou efeitos colaterais mais brandos
do que a formulação original.
Eliminação
O fármaco é excretado muito lentamente pelo rim, e são encontrados traços na urina durante 2
meses ou mais após a interrupção do tratamento.
Efeitos adversos
A toxicidade renal constitui o efeito adverso mais comum e mais grave da anfotericina B, atingindo
80 % dos pacientes. Geralmente, há recuperação após a interrupção do tratamento; porém, em
alguns casos, pode permanecer algum comprometimento da filtração glomerular.
A hipocalemia ocorre em 25% dos pacientes, exigindo suplementação com cloreto de potássio.
Além disso, podem ocorrer hipomagnesemia e anemia. Outros efeitos adversos consistem em
comprometimento da função hepática, trombocitopenia e reações anafiláticas.
Além disso, o fármaco é irritante para o endotélio das veias, podendo causar tromboflebite local
após injeção endovenosa. As injeções intratecais podem causar neurotoxicidade. As preparações
encapsuladas em lipossomas e complexadas com lipídios causam menos reações adversas, porém
seu custo é consideravelmente mais elevado.
Interações medicamentosas
A anfotericina B potencializa o efeito antifúngico da flucitosina. Não deve ser associada a digitálicos,
pois leva a grave hipocalemia. Ocorre aumento da nefrotoxicidade se utilizados diuréticos depletores
de potássio concomitantemente com a anfotericina B. Potencializa ainda, os efeitos depressores de
medula óssea quando administrada com outras drogas que possam causar discrasias sanguíneas.
44
FÁRMACOS ANTIMICÓTICOS │ UNIDADE II
Nistatina
A nistatina é um antibiótico macrolídio poliênico de estrutura semelhante à da anfotericina B, com
o mesmo mecanismo de ação. Praticamente, não ocorre nenhuma absorção pelas mucosas do corpo
ou a partir da pele. O uso do fármaco limita-se a infecções fúngicas da pele e de mucosas por
Candida albicans.
Griseofulvina
Farmacocinética
A griseofulvina é administrada por via oral e é bastante lipossolúvel. A sua absorção pode ser
otimizada ao administrarmos o fármaco junto com gorduras, ou utilizando as apresentações
45
UNIDADE II │ FÁRMACOS ANTIMICÓTICOS
A griseofulvina pode ser administrada no tratamento de infecções da pele ou das unhas por
dermatófitos. A ação do fármaco depende da impregnação da pele das camadas mais profundas
para as mais superficiais, portanto o tratamento deve ter uma duração mínima de 40 dias.
Efeitos adversos
Os efeitos adversos associados à griseofulvina são pouco frequentes em animais, porém raramente o
fármaco pode causar distúrbios gastrintestinais, cefaleia e leucopenia discreta. Os animais tratados não
devem ser expostos ao sol, pois pode ocorrer fotossensibilidade. Além disso, podem ocorrer reações
alérgicas (exantemas e febre). O fármaco é contraindicado para gatas gestantes, pois determina o
nascimento de filhotes com fenda palatina.
46
Capítulo 2
Agentes antifúngicos sintéticos
Seu mecanismo de ação consiste em inibir enzimas fúngicas responsáveis pela conversão do
lanosterol em ergosterol, o principal esterol encontrado na membrana celular dos fungos. A depleção
de ergosterol altera a fluidez da membrana. O efeito final consiste em inibição da replicação. Os
azóis também inibem a transformação das células leveduriformes de Candida em hifas, a forma
invasiva e patogênica do parasita. A depleção do ergosterol da membrana reduz os sítios de ligação
da anfotericina B.
Cetoconazol
Farmacocinética
O cetoconazol foi o primeiro do grupo a ser administrado por via oral no tratamento das infecções
fúngicas sistêmicas.
Atualmente sua indicação principal é o tratamento da Malassezia. O fármaco tem boa atuação
contra diversos outros fungos, como nas dermatomicoses, porém não apresenta grandes vantagens
sobre a griseofulvina, além de ser mais caro e mais tóxico. Além disso, é comum a ocorrência de
recidiva após tratamento aparentemente bem sucedido.
O cetoconazol é bem absorvido por via oral, mas é solúvel em pH baixo, sendo indicada sua
administração nos intervalos entre as refeições. Distribui-se amplamente por todos os tecidos e
líquidos teciduais, porém não atinge concentrações terapêuticas no sistema nervoso central (SNC),
a não ser que sejam administradas altas doses.
47
UNIDADE II │ FÁRMACOS ANTIMICÓTICOS
A principal contraindicação do fármaco é a gravidez, por ser teratogênico. Também não deve ser
administrado na lactação, em casos de trombocitopenia e insuficiência hepática.
O principal risco de cetoconazol é a hepatotoxicidade, que é rara, mas que pode ser fatal. Pode
ocorrer sem qualquer evidência clínica e evoluir até mesmo após a interrupção do tratamento.
Outros efeitos colaterais observados consistem em distúrbios gastrintestinais, prurido, erupção
cutânea e exantema, também podendo ocorrer tontura sonolência e fotofobia.
Podem ocorrer interações adversas com outros fármacos. A ciclosporina causa elevação das
concentrações plasmáticas do cetoconazol, o inverso também pode ocorrer ou a concentração de
ambos pode aumentar. A rifampicina, os antagonistas dos receptores de histamina H¹ e os antiácidos
diminuem a absorção do cetoconazol.
Miconazol
Farmacocinética
O miconazol pode ser administrado por via oral no tratamento de infecções fúngicas do trato
gastrintestinal. Além disso, pode ser administrado topicamente. O fármaco atinge rapidamente o
estrato córneo na pele e persiste por 4 dias após a aplicação. Menos de 1% vai para o sangue. Possui
meia vida plasmática curta devendo ser administrado a cada 8 horas. É inativado no fígado.
Itraconazol
Farmacocinética
48
FÁRMACOS ANTIMICÓTICOS │ UNIDADE II
Os efeitos adversos mais comunmente observados são distúrbios gastrintestinais, cefaleia e tontura.
Os efeitos indesejáveis raros incluem hepatotoxicidade e hipocalemia. Foi relatada a ocorrência de
reações cutâneas alérgicas
Fluconazol
Farmacocinética
O fluconazol pode ser administrado por via oral ou por via intravenosa. Atinge concentrações
elevadas no LER e nos humores oculares e pode constituir o fármaco de primeira escolha na maioria
dos tipos de meningite fúngica. Também alcança boa distribuição na mucosa vaginal, na saliva, na
pele e nas unhas. Em Medicina Veterinária tem indicação para Cândida, Histoplasma, Blastomyces
e Criptococcus. Sua eliminação é 90% renal, 10% é eliminado nas fezes.
Os efeitos indesejáveis, que geralmente são leves, consistem em distúrbios gastrointestinais, cefaleia
e dor abdominal. Foram observadas lesões cutâneas esfoliativas em alguns indivíduos e raramente
pode ocorrer hepatite. O fluconazol, nas doses habitualmente administradas, não produz a inibição
do metabolismo hepático de outros fármacos.
Flucitosina
Mecanismo de ação e espectro antifúngico
A flucitosina é convertida no antimetabólito 5-fluorouracil nas células dos fungos, mas não nas
células humanas. O 5-fluorouracil inibe a timidilato sintetase e, portanto a síntese de DNA.
49
UNIDADE II │ FÁRMACOS ANTIMICÓTICOS
Podem surgir rapidamente mutantes resistentes, de modo que a flucitosina não deve ser utilizada
isoladamente.
Farmacocinética
Em geral, a flucitosina é administrada por infusão intravenosa, mas também pode ser utilizada
por via oral. Distribui- se amplamente por todos os líquidos corporais, incluindo o LCR. Cerca de
90% do fármaco é eliminado de modo inalterado pelos rins, e a meia-vida plasmática é de 3 a 5
horas. É preciso reduzir a dose na presença de comprometimento da função renal.
A flucitosina não deve ser utilizada em pacientes com insuficiência renal ou hepática, discrasias
sanguíneas e gestantes.
Os efeitos adversos são raros. Podem ocorrer distúrbios gastrintestinais, anemia, neutropenia,
trombocitopenia e alopecia, porém esses efeitos são habitualmente leves e revertidos com a
interrupção do tratamento. Foi relatado que o uracil diminui os efeitos tóxicos sobre a medula
óssea, sem afetar a ação antimicótica. Também já foi relatada a ocorrência de hepatite.
Terbinafina
A terbinafina é um dos mais recentes antimicóticos. Ainda não foram realizados estudos de sua
eficácia em animais, Porém devido aos bons resultados terapêuticos e poucos efeitos adversos em
humanos é interessante conhecermos suas propriedades farmacológicas e terapêuticas.
O fármaco tem ação fungicida contra uma ampla variedade de patógenos cutâneos. Atua ao inibir
seletivamente a enzima esqualeno epoxidase, que está envolvida na síntese de ergosterol a partir do
esqualeno na parede celular dos fungos. O acúmulo de esqualeno no interior da célula é tóxico para
o fungo.
50
FÁRMACOS ANTIMICÓTICOS │ UNIDADE II
Farmacocinética
A terbinafina é utilizada no tratamento de infecções fúngicas das unhas. Quando administrada por
via oral, sofre rápida absorção e é captada pela pele, unhas e tecido adiposo. Quando administrada
topicamente, penetra na pele e nas mucosas. É metabolizada no fígado, e os metabólitos são
excretados na urina. Quando administrada topicamente, a terbinafina penetra na pele e nas mucosas.
51
ANTIVIRAIS Unidade iII
Considerações gerais
Em Medicina Veterinária, devemos sempre instituir as medidas profiláticas necessárias para evitar as
doenças virais. Devem ser seguidos corretamente os protocolos vacinais para as diferentes espécies
e ter especial cuidado no manejo. Esses cuidados incluem o isolamento dos animais infectados,
descarte e desinfecção correta de material infectado.
De um modo geral, o uso de antivirais é extremamente caro, o que inviabiliza, em muitos casos, seu
uso na clínica veterinária.
Nos animais de companhia, a profilaxia realizada para prevenção de doenças virais também é de
extrema importância. Quando as infecções ocorrem, geralmente o tratamento é sintomático. Nas
doenças virais em cães, como na Cinomose, Parvovirose e Coronavirose, entre outras, não há um
medicamento que atue diretamente no vírus causador da infecção.
Na infecção por herpes vírus, por exemplo, o tratamento consiste no uso do interferon e
suplementação com l-lisina. Pode-se utilizar o aciclovir ou idoxuridina em apresentação oftálmica,
quando o paciente apresenta conjuntivite causada por herpes vírus.
52
Capítulo 1
Inibidores da síntese de ácidos nucleicos
Aciclovir
O fármaco é um derivado da guanosina, e possui alta especificidade contra o herpes vírus simples e
o vírus varicela-zoster. O aciclovir exerce, também, efeito contra o citomegalovírus, um herpes vírus
que pode afetar o feto e afetar, principalmente indivíduos com respostas imunológicas diminuídas
(devido a doenças ou agentes imunossupressores).
O herpes vírus é o mais suscetível ao aciclovir e pode causar herpes simples, conjuntivite, úlceras
bucais, infecções genitais e, raramente, porém de forma muito grave, encefalite. Em pacientes
imunocomprometidos, o herpes vírus é muito mais agressivo.
O aciclovir é fosforilado em monofosfato pela timidina quinase viral. Sendo assim, o fármaco é
ativado apenas nas células infectadas. Então, as quinases das células do hospedeiro convertem o
monofosfato em trifosfato. O trifosfato do aciclovir inibe a DNA polimerase viral, interrompendo a
cadeia de nucleotídios. O fármaco é trinta vezes mais potente contra a enzima do herpesvirus do que
contra a enzima do hospedeiro.
O trifosfato do aciclovir sofre degradação bastante rápida no interior das células do hospedeiro,
presumivelmente por fosfatases celulares. Foi relatado o desenvolvimento de resistência ocasionada
por alterações dos genes virais que codificam a timidina quinase ou a DNA polimerase.
Farmacocinética
O aciclovir pode ser administrado por via oral, intravenosa ou tópica. Quando administrado
por via oral, apenas 20% é absorvido. O fármaco distribui-se amplamente, inclusive no líquido
cefaloraquidiano, atingindo concentrações que correspondem a 50% das concentrações plasmáticas.
53
UNIDADE III │ ANTIVIRAIS
Também podem ocorrer aumento da ureia e creatinina e ainda pequenos decréscimos nos índices
hematológicos.
Idoxuridina
O fármaco bloqueia a DNA polimerase, inibindo a replicação do herpes vírus simples na córnea,
ajudando no processo de cicatrização da ceratite herpetica. É utilizado em medicina humana e,
também, pode ser administrado em animais.
Seu uso é apenas tópico, devido aos seus efeitos tóxicos sobre a medula óssea, fígado e rins, quando
utilizado por outras vias.
54
Capítulo 2
Imunomoduladores
Os imunomoduladores são fármacos que atuam melhorando a resposta imunológica aos vírus ou
que utilizam um mecanismo imunológico para combater uma infecção viral.
Imunoglobulina
A imunoglobulina misturada contém anticorpos contra diversos vírus patogênicos. Os anticorpos
agem no envelope viral e podem “neutralizar” alguns vírus e impedir a sua fixação nas células
do hospedeiro.
Quando utilizada antes do aparecimento dos sinais e sintomas, pode atenuar ou evitar o sarampo, a
hepatite infecciosa, a rubéola, a raiva ou a poliomielite. Existem globulinas hiperimunes, específicas
contra a hepatite B, a herpes-zoster e a raiva.
Interferon
Os Interferons (IFNs) constituem uma família de proteínas induzíveis, que são sintetizados por
células de mamíferos. Atualmente são produzidos pela tecnologia do DNA recombinante. Constituem
uma família de hormônios envolvidos no crescimento celular e na regulação e modulação das
reações imunes.
Tem se observado que gatos tratados com interferon humano tiveram melhora clínica e os valores
do hematócrito retornaram ao normal, porém não preveniu o óbito.
Os IFNs atuam ao induzir, nos ribossomas das células do hospedeiro, a produção de enzimas que
inibem a tradução do mRNA viral em proteínas virais, interrompendo, assim, a reprodução dos
vírus. Estudos in vitro têm demonstrado a inibição da replicação de grande parte dos vírus.
55
UNIDADE III │ ANTIVIRAIS
Farmacocinética
Os Interferons podem ser administrados por via endovenosa e intramuscular. Os IFNs distribuem-se
bem no organismo e não atravessam a barreira hematoencefálica.
Adamantanaminas
Inibe o desnudamento de mixovirus. Tem ação efetiva contra o vírus da Influenza A e do vírus da
doença de Aujeszky em suínos.
56
ANTIVIRAIS │ UNIDADE III
57
ANTIPARASITÁRIOS Unidade iV
Capítulo 1
Agentes contra nematoides
Benzimidazóis
Possuem ação inibitória sobre a fumarato-redutase, levando à quebra na produção de energia dos
helmintos, e consequentemente paralisia e morte do parasita. A ação desses fármacos é 250-400
vezes mais potente nos helmintos do que no tecido dos mamíferos. O efeito leva tempo para se
manifestar, e os vermes podem ser expelidos apenas depois de vários dias.
Mebendazol
Farmacocinética
É administrado em dose única para oxiúros e duas vezes ao dia, durante três dias, para infestações
por ancilóstomos e nematoides. Deve ser repetido após 15 dias por não atingir as larvas teciduais. É
amplamente utilizado na clínica veterinária por ser um fármaco eficiente e barato.
O mebendazol é, em geral, administrado por via oral tendo apenas 10% de sua dose absorvida. Sua
absorção é otimizada quando administrado com gorduras. O metabolismo é rápido, e os produtos
são eliminados na urina e na bile dentro de 24 a 48 horas.
Efeitos adversos
O uso do mebendazol apresenta poucos efeitos adversos, sendo mais comum a ocorrência de
distúrbios gastrintestinais.
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ANTIPARASITÁRIOS │ UNIDADE IV
Tiabendazol
Farmacocinética
O tiabendazol é também administrado por via oral e é rapidamente absorvido pelo trato
gastrintestinal. Sua eliminação é feita por meio da urina sob a forma conjugada.
Sua posologia costuma ser: administrar duas vezes ao dia, durante três dias, para infestações por
estrongiloides, e por um período de até cinco dias para infestações por ancilóstoma e nematoides.
Costuma ser classificado como um fármaco seguro na gestação, porém alguns autores têm relatado
a ocorrência de toxemia em cabras.
Os efeitos adversos do tiabendazol não são raros, e ocorrem mais em cães, especialmente os da
raça Dachshund que são particularmente sensíveis. Os mais comuns consistem em distúrbios
gastrintestinais, embora já se tenha relatada a ocorrência de letargia, podendo ocorrer também
reações alérgicas (febre, exantema). Raramente pode ocorrer necrólise epidérmica tóxica,
principalmente quando se realiza tratamentos prolongados e doses altas. Devido á sua toxicidade,
atualmente, seu uso tem sido evitado.
Albendazol
Farmacocinética
O albendazol é administrado por via oral e sofre rápida absorção e metabolismo a sulfóxido e sulfona,
que provavelmente são responsáveis pelas suas ações anti-helmínticas. A concentração plasmática
do metabólito ativo é 100 vezes maior que a do mebendazol.
O fármaco não deve ser administrado em bezerros lactentes e em vacas nos primeiros 45 dias de
gestação e lactantes.
Os efeitos adversos consistem, em geral, em distúrbios gastrintestinais, porém não são muito
comuns. Cães podem apresentar anorexia e gatos, uma discreta letargia.
Oxibendazol
É o mais utilizado para equinos, porém não deve ser administrado em cavalos com cólica, debilitados,
com toxemia ou doenças infecciosas. É um fármaco seguro para éguas em gestação.
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UNIDADE IV │ ANTIPARASITÁRIOS
Fenbendazol
O fármaco é utilizado amplamente em equinos, bovinos, cães e animais silvestres, por ter baixíssima
toxicidade e alta eficiência anti-helmíntica. Os carnívoros devem ser tratados por três dias seguidos.
Uma pequena fração do fármaco é absorvida.
Imidatiazóis
Levamisol
O fármaco é eficaz nas infecções por nematoides gastrintestinais e pulmonares, sendo o fármaco de
escolha para os pulmonares. O levamisol apresenta também uma ação imunoestimulante. É capaz
de estimular a fagocitose e restaurar o número de linfócitos T.
Farmacocinética
O fármaco, que é administrado por via oral, sofre rápida absorção e distribui-se amplamente.
Atravessa a barreira hematoencefálica. O levamisol é metabolizado no fígado a metabólitos inativos.
Sua eliminação é principalmente renal, uma pequena parte é eliminada nas fezes e no leite.
Os efeitos adversos observados são, em geral, excitação e sialorreia, nas doses terapêuticas. Nunca
devemos usar doses mais altas, pois o fármaco é extremamente tóxico, causando sintomas graves
como convulsões, dispneia, hiperestesia e micção e evacuação invonluntárias.
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ANTIPARASITÁRIOS │ UNIDADE IV
Febantel
O fármaco, quando é metabolizado, produz substâncias semelhantes ao febendazol. No Brasil, só
existem apresentações em associação com outros anti-helmínticos.
Avermectinas
A ação das avermectinas, provavelmente, consiste na sua ligação aos canais de cloreto ativados por
glutamato, encontrados nas células nervosas e musculares dos helmintos. Essa ação causa uma
hiperpolarização, devido ao aumento da permeabilidade da membrana ao cloreto, resultando na
paralisia do parasito.
Farmacocinética
As avermectinas, em geral, são administradas por via oral. Podemos encontrar a moxdectina em
spot on (aplicação tópica), em associação com a imidacloprida, para cães e gatos.
São contra indicadas em cães pastores e seus mestiços (como o Collie e Old English Sheepdog). Essas
raças possuem uma maior permeabilidade na barreira hematoencefálica, desse modo o fármaco
chega ao SNC, causando intoxicação.
Os efeitos adversos não são comuns, geralmente as avermectinas são bem toleradas. Quando
ocorrem consistem em erupções cutâneas, febre, vertigem, cefaleia e dor muscular e articular.
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UNIDADE IV │ ANTIPARASITÁRIOS
Pirantel
Farmacocinética
Administração é realizada por via oral, ocorrendo pouca absorção pelo trato gastrintestinal. É mais
eficaz em monogástricos, devido ao pH gástrico que favorece a absorção do fármaco. O metabolismo
é hepático e a eliminação ocorre de maneira quase exclusiva pelas fezes.
Efeitos adversos
Em geral, o pirantel é considerado um fármaco seguro. Os efeitos adversos quando ocorrem são
leves e consistem em desconforto abdominal e distúrbios gastrintestinais. Também podem ocorrer
tonteira e febre.
Piperazina
A piperazina é um dos fármacos mais antigos utilizados em Medicina Veterinária e atualmente pode
ser utilizada em porcos, aves, bovinos, ovinos, cães e gatos. Porém o uso do fármaco vem sendo
substituído pelos benzimidazóis que possuem amplo espectro e são mais modernos.
O fármaco atua apenas contra infecções por ascarídeos e por oxiúros. No tratamento de infecções
por ascarídeos, é eficaz em dose única. Para os oxiúros, o tratamento tem duração de 7 dias e as
doses são menores.
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ANTIPARASITÁRIOS │ UNIDADE IV
Farmacocinética
A piperazina é administrada por via oral, e parte do fármaco é absorvido. Ocorre metabolismo parcial
no fígado e o restante é eliminado pelos rins em sua forma inalterada. O fármaco é totalmente
eliminado em um a três dias após a administração. Porém, nas aves de postura, podemos detectar
resíduos nos ovos até 17 dias após a administração do fármaco.
Efeitos adversos
São incomuns, podendo ocorrer distúrbios gastrintestinais. Em alguns pacientes foram observados
urticária, broncoespasmo, tonteira, parestesias, vertigem e incoordenação.
Arsenamida Sódica
O fármaco é utilizado exclusivamente no tratamento da dirofilariose canina, tendo efeito apenas
contra os vermes adultos.
A droga tem como efeitos colaterais hepato e nefrotoxicidade, sendo assim é contra indicada em
animais que já apresentem alguma alteração hepática ou renal. Seu uso deve ser descontinuado
imediatamente em casos de vômito, hematúria e icterícia.
Outra desvantagem do fármaco é seu grande efeito sobre os vermes adultos, o que pode levar a
embolia e morte do hospedeiro, devido à morte de muitos vermes simultaneamente.
Milbemicina Oxima
Atua de maneira similar às avermectinas. Sua principal indicação é a prevenção da dirofilariose,
por meio da administração mensal do fármaco. Tem ação também contra Ancylostoma, Toxocara
e Trichuris.
Há poucos casos de efeitos colaterais com seu uso, sendo considerada uma droga segura.
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Capítulo 2
Agentes contra cestoides
Praziquantel
Espectro e mecanismo de ação
O praziquantel é um fármaco anti-helmíntico de amplo espectro. Trata-se do fármaco de escolha
para o tratamento de todas as espécies de esquistossomas em humanos. Também é eficaz nos casos
de teníases e cisticercose, Dipilidium e Equinococcus. O fármaco atua contra os vermes adultos e
também contra as formas imaturas e cercárias.
Seu mecanismo de ação tem correlação com o aumento da permeabilidade ao cálcio, causando
contração da musculatura, paralisia e morte do parasita. O fármaco também é capaz de tornar o
parasita suscetível às respostas imunes do hospedeiro.
Farmacocinética
O fármaco é administrado por via oral e sofre rápida absorção. Grande parte do fármaco é rapidamente
metabolizada pelo fígado e os metabólitos são eliminados na urina.
Efeitos adversos
É considerado um fármaco seguro. Os efeitos adversos, quando ocorrem, costumam ser anorexia,
letargia e vômitos em cães, e salivação e diarreia em gatos. Não deve ser administrado em cães com
menos de 4 semanas e em gatos com menos de 6.
Nitroscanato
É uma substância nova não tendo nenhum parentesco com qualquer outro grupo dos anti-
helmínticos conhecidos. Tem amplo espectro de ação, atuando contra cestoides (Dipylidium,
Echinococcus e Taenia). E também contra Toxocara, Ancilostomas e estrongiloides.
O fármaco é bem absorvido após administração oral. Seu metabolismo é feito por via hepática e a
eliminação é renal. Já foi verificado o aumento de enzimas hepáticas com seu uso em doses terapêuticas.
Niclosamida
A niclosamida, apesar de ser um fármaco seguro, com poucos efeitos colaterais, está praticamente
em desuso devido a seu espectro de ação reduzido. O fármaco tem ação apenas em tênias, e não tem
ação contra as formas imaturas. Por essa razão, vem sendo substituído pelo praziquantel.
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Capítulo 3
Agentes contra trematóides
Nitroxinil
É indicado no tratamento e controle da Fasciola hepatica, porém só atua contra a forma adulta do
parasito. Também age contra Haemonchus, Bunostomum e Oesophagostomum em bovinos, ovinos
e caprinos. Além disso, tem ação contra o Oestrus ovis, o “bicho da cabeça” dos ovinos.
O nitroxinil age desacoplando a fosforilação oxidativa, o que interfere na obtenção de energia e mata
os parasitos por inanição.
O fármaco determina aumento do metabolismo do hospedeiro, mas, em geral, é bem tolerado, não
ocasionando efeitos adversos sérios. Deixa resíduos na carne, sendo o período de carência de 30 dias.
Rafoxanida
O fármaco atua contra a Fasciola hepática, tendo efeito em todas as fases de desenvolvimento do
parasita. A via de administração é oral e é bem absorvida e distribuída. O metabolismo é hepático e
a eliminação renal.
A rafoxanida é um pouco mais tóxica que o nitroxinil, podendo causar lesões oculares, anorexia e
diarreia. O fármaco não pode ser administrado em vacas lactantes.
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Capítulo 4
Agentes contra ectoparasitas
Organofosforados
As principais substâncias dessa classe, comercializadas para uso veterinário são: o triclorfon,
malation, clorpirifós, coumafós, diazinon, diclórvos, dimetoato e fention.
Essas substâncias atuam contra uma ampla variedade de ecto e endoparasitas. mNo entanto, devido
à altíssima toxicidade, encontram-se praticamente em desuso. Ainda existem várias apresentações
no mercado, principalmente as tópicas para o tratamento de infestações por carrapatos, sarnas
e piolhos e também contra bernes e miíases. Porém quando usadas topicamente causam sérias
intoxicações, principalmente quando a área de aplicação possui tecidos lesados. Isso ocorre porque,
grande parte é absorvida pela pele, mesmo estando íntegra.
Efeitos adversos
As intoxicações por organofosforados causam alterações no sistema nervoso autônomo. Os sintomas
em geral incluem: cólica, diarreia, tremores musculares, ataxia, sialorreia e broncoespasmo. Além
disso, podemos observar miose, que consiste em sinal patognomônico de intoxicação.
O antídoto é a atropina, que deve ser administrada por via subcutânea o mais rápido possível, na
dose de 0,2 mg/Kg. O uso da atropina deve ser feito com muita cautela porque, como é um fármaco
parassimpatolítico, também é passível de causar intoxicações. A atropina é contra indicada em
equinos, pois causa diminuição da motilidade e íleo paralítico. Seu uso em ruminantes deve ser
evitado por causar, também, diminuição da motilidade.
Carbamatos
São substâncias que agem inibindo reversivelmente as colinesterases.
Os carbamatos são menos passíveis de causar intoxicações que os organofosforados, mas quando
ocorrem a sintomatologia é a mesma. Os carbamatos não consistem em tratamento de escolha para
ectoparasitoses em pequenos animais, porém em grandes animais ainda são bastante utilizados
devido ao seu baixo custo. Têm indicação para o tratamento de infestações por Anocentor nitens
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ANTIPARASITÁRIOS │ UNIDADE IV
(carrapato da orelha dos equinos). Nesses casos, utiliza-se uma apresentação com o propoxur em
associação com um organofosforado (coumafós).
Imidinas (Amitraz)
Seu mecanismo de ação consiste em inibir a enzima monoaminoxidase (MAO) e interagir com
receptores adrenérgicos, deprimindo o SNC do parasito.
O amitraz é contraindicado em equinos por causar nessa espécie efeitos adversos severos como o
íleo-paralítico.
Quando ocorre intoxicação, esta é caracterizada principalmente pela depressão do SNC, ocorrendo
sintomas tais como sedação, perda dos reflexos, letargia e incoordenação motora.
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UNIDADE IV │ ANTIPARASITÁRIOS
Piretroides
Sua principal ação consiste em alterar a ação da bomba de sódio e potássio nas células nervosas,
induzindo a uma paralisia temporária do parasito.
São muito utilizados em aves, sendo a primeira escolha contra ectoparasitos nessas espécies.
Monossulfeto de tetraetiltiuram
Também chamado de monossulfiram é absorvido, após sua aplicação, pela pele e metabolizado pelo
fígado. Depois de sofrer metabolismo, gera metabólito semelhante aos carbamatos. Sendo assim,
apresenta ação e efeitos adversos semelhantes.
Pode ser utilizado apenas para o tratamento da escabiose. Porém, está em desuso em medicina
veterinária, devido à dificuldade de aplicação, necessidade de vários dias para se atingir eficiência
terapêutica, e baixa eficácia do tratamento. Atualmente, o fármaco de escolha para o tratamento da
escabiose, assim como o da sarna otodécica e demodécica são as avermectinas, por via oral, como
vimos anteriormente.
Fipronil
O Fipronil é altamente efetivo contra pulgas, piolhos e carrapatos. Seu mecanismo de ação baseia-se
no bloqueio pré e pós-sináptico da passagem dos íons cloro pelos neurotransmissores GABA,
matando os parasitas por hiper-excitação.
Uma particularidade do fármaco é sua afinidade por gordura. Sendo assim, ele é absorvido e
constantemente eliminado junto à secreção sebácea sobre a pele e pelo dos animais, o que resulta
em seu longo período de efeito residual. Pode ser administrado em gestantes e em recém-nascidos.
Nitempiram
Esse fármaco atua bloqueando os receptores nicotínicos de acetilcolina, provocando a paralisia e
morte das pulgas.
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ANTIPARASITÁRIOS │ UNIDADE IV
Após a administração por via oral, é rapidamente absorvido a partir do trato gastrointestinal.
As concentrações sanguíneas máximas são alcançadas entre 15 minutos e uma hora após a
administração. Mais de 90% do princípio ativo é eliminado por via urinária, dentro de 24 horas, em
cães, e 72 horas em gatos, principalmente na forma de molécula não metabolizada. Sendo assim, é
um pulicida potente e eficaz, porém não apresenta efeito residual.
É interessante começar o tratamento com o nitempiram e continuar com o fipronil, uma vez ao mês,
para prevenir novas reinfestações.
Também é o fármaco de escolha na clínica veterinária para eliminar miíases e bernes, pois as larvas
saem vivas da área lesionada, diminuindo a reação inflamatória local, com baixíssima incidência de
efeitos adversos. Pode ser administrado em gestantes e em filhotes acima de 4 semanas.
Lufenuron
Seu mecanismo de ação bloqueia a síntese de quitina, o principal componente do exoesqueleto dos
artrópodes, evitando assim com que o inseto consiga eclodir do ovo.
O lufenuron não tem ação sobre a pulga adulta, porém interrompe o ciclo de vida do inseto. As fezes
produzidas pelas pulgas expostas ao fármaco exercem ação larvicida sobre as larvas do ambiente,
pois as pulgas alimentam-se de fezes produzidas por elas próprias.
Também é interessante associar o lufenuron ao fipronil, assim realizamos o controle das pulgas no
animal e no ambiente.
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Capítulo 5
Agentes contra protozoários
Considerações gerais
Diversos tipos de coccidiostáticos são adicionados às rações de aves como tratamento preventivo,
pois esses parasitos constituem os maiores causadores de morte nessas espécies. Quando o
indivíduo parasitado começa a apresentar sintomas os níveis de parasitos no organismo
já estão muito elevados tornando-se difícil e caro o seu tratamento. Os principais agentes
coccidiostáticos utilizados são: clopidol, nicarbazina, nitrofurazona, toltrazuril,maduramicina
e narazina.
É importante ressaltar que essas substâncias são extremamente tóxicas para equinos, podendo ser
fatal mesmo em pequenas quantidades.
Metronidazol
Age principalmente contra Giardia, Entamoeba e Trichomonas. Seu mecanismo de ação consiste
na inibição da síntese de ácido desoxirribonucleico e na degradação do DNA.
Farmacocinética
O fármaco é bem absorvido por via oral, principalmente na presença de alimentos. O metronidazol
distribui-se rapidamente por todos os tecidos, atingindo altas concentrações nos líquidos corporais,
incluindo LER. Parte do fármaco é metabolizado no fígado, enquanto a maior parte é eliminada por
via renal.
São observados poucos efeitos adversos com o uso de doses terapêuticas. Há maior incidência
de efeitos colaterais nos carnívoros. Nesses casos, podem ocorrer letargia, anorexia, distúrbios
gastrointestinais, além de neutropenia e hepatotoxicidade. O fármaco é contra indicado em
gestantes, animais debilitados e portadores de insuficiência renal ou hepática.
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ANTIPARASITÁRIOS │ UNIDADE IV
Pirimetamina
Seu mecanismo de ação é o mesmo da trimetoprima. Em humanos, pode ser utilizada no tratamento
da malária; porém, na clínica veterinária, sua única indicação é o tratamento da toxoplasmose, em
associação com sulfonamidas.
A farmacocinética é similar a das sulfonamidas. A pirimetamina é menos eficaz e mais tóxica que
a trimetoprima. Seu uso pode levar a deficiência de ácido fólico também no hospedeiro, levando a
sintomas como anorexia, emese, letargia e depressão da medula óssea. Esse efeito é revertido com a
administração de ácido fólico na dose de 5 mg/Kg/dia.
Amprólio
O fármaco é um análogo estrutural da vitamina B1 (tiamina). É indicado para tratamento e
prevenção de eimerioses e age causando deficiência de tiamina no parasito. Porém, não possui
muita seletividade e, quando administrada por períodos longos, causa deficiência de tiamina no
hospedeiro. Os sintomas observados são: sinais neurológicos, anorexia, letargia, diarreia e emese.
Dipropionato de imidocarb
O imidocarb atua provocando alterações morfológicas e funcionais do núcleo e do citoplasma do
parasito.
Seus efeitos colaterais são semelhantes aos do diminazeno, porém possui maior eficácia terapêutica.
Seu espectro de ação engloba todas as bebesias e também Erlichia e Anaplasma.
Os efeitos colaterais que podem ser observados com o tratamento com imidocarb ou diminazeno
são: depressão, vocalização contínua, opistótono, ataxia, rigidez extensora, nistagmo e convulsões,
salivação transitória, diarreia, dispneia, lacrimejamento, depressão e vômitos. Também podem
apresentar dor no local da aplicação.
Para evitar efeitos colinérgicos, recomenda-se o uso do sulfato de atropina, na dosagem de 0,04mg/
kg, dez minutos antes da aplicação do imidocarb.
71
UNIDADE IV │ ANTIPARASITÁRIOS
Aceturato de diminazeno
O aceturato de diminazeno interfere na glicólise aeróbica e também na síntese de DNA do parasita,
ocasionando dilatação da membrana de organelas, dissolução do citoplasma e destruição do núcleo.
Seu espectro de ação inclui as pequenas babesias. Nas grandes atua apenas inibindo sua
multiplicação. Deve ser utilizado em associação com tetraciclinas para tratar anaplasmose e
erliquiose. É recomendado na dosagem de 3,5 mg/kg, por via intramuscular ou subcutânea, sendo
efetivo para o tratamento da B. canis em dose única e para o tratamento da B. gibsoni, em dose a ser
repetida após 24 horas.
O fármaco possui altos índices de toxicidade, provocando sintomas nervosos semelhantes aos
apresentados pelo imidocarb. Também pode causar degeneração hepática e renal.
Primaquina
O fármaco age interrompendo a função mitocondrial do parasita. Na clínica veterinária, é utilizado
no tratamento de babesiose em gatos.
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Antineoplásicos Unidade V
Esquemas de tratamento
O tratamento com combinações de vários agentes antineoplásicos aumenta a citotoxicidade contra
as células cancerosas, sem aumentar necessariamente a toxicidade geral. Assim, por exemplo, o
metotrexato, com toxicidade principalmente mielossupressora, pode ser utilizado em um esquema
com vincristina, que exibe principalmente neurotoxicidade. Os poucos fármacos com baixa
mielotoxicidade, como a cisplatina e a bleomicina, são candidatos apropriados para esquemas de
combinações. O tratamento com combinações de fármacos também diminui a possibilidade de
desenvolvimento de resistência a agentes individuais.
Com frequência, os fármacos são administrados em altas doses de modo intermitente, em vários
cursos, com intervalo de 2 a 3 semanas entre eles, em vez da administração contínua de pequenas
doses, visto que isso permite a regeneração da medula óssea durante os intervalos. Além disso, foi
constatado que a mesma dose total de um agente é mais eficaz quando administrada em uma ou
duas grandes doses do que em múltiplas doses pequenas.
73
Capítulo 1
Agentes alquilantes
Ciclofosfamida
Indicações
Farmacocinética
Em geral, a ciclofosfamida é administrada por via oral ou por injeção intravenosa, mas também
pode ser administrada por via intramuscular. É inativa até ser metabolizada no fígado, local
em que é ativada a aldofosfamida, então convertida em mostarda de fosforamida (a molécula
citotóxica) e acroleína.
Como sofre fosforilação de enzimas microssomais hepáticas, seu grau de toxicidade aumenta na
presença de fármacos que ativem o sistema microssomal hepático (cloranfenicol e barbitúricos)
e se torna menos tóxica na presença de corticosteroides, por exemplo, que inibem a ação
desse sistema.
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Antineoplásicos │ UNIDADE V
Efeitos tóxicos
Os efeitos tóxicos importantes consistem em náusea e vômitos, depressão da medula óssea e cistite
hemorrágica. Este último efeito é decorrente do metabólito acroleína e pode ser atenuado por
meio de aumento na ingestão de líquidos e administração de compostos doadores de sulfidrila,
como a N-acetilcisteína. Esses agentes interagem especificamente com a acroleína, formando um
composto atóxico.
Bussulfano
O bussulfano exerce efeito seletivo sobre a medula óssea, reduzindo a formação de granulócitos e
plaquetas, quando administrado em baixas doses, e dos eritrócitos, em doses mais altas. Tem pouco
ou nenhum efeito sobre o tecido linfoide ou o trato gastrintestinal. É utilizado no tratamento da
leucemia granulocítica crônica e desordens mieloproliferativas.
Dacarbazina
Indicações
Tratamento de melanoma maligno metastático, adenocarcinoma renal, sarcomas de tecidos moles,
fibrossarcomas, rabdomiossarcoma, carcinoma medular da tireoide, neuroblastoma, tumores sólidos
e linfoma malignos.
Farmacocinética
A dacarbazina é um pró-fármaco, sua atuação depende de sua ativação pelo fígado. O composto
resultante é clivado na célula- alvo, liberando um derivado alquilante.
A absorção por via oral é lenta e variável, sendo assim é preferencialmente administrada por via
endovenosa. Uma parte chega ao LER. A eliminação é renal e biliar.
Cuidados na administração
Principalmente em pacientes com depressão da medula óssea, insuficiência renal ou hepática, é
importante manter adequada alimentação e hidratação. Evitar sempre exposição excessiva ao sol.
É eliminada no leite, recomenda-se descontinuar a amamentação. É necessário ajuste de dose para
insuficiência renal e hepática.
Efeitos adversos
Os mais comuns são náusea, vômito e diarreia. Também já foram observados: alopecia, febre,
mialgia, anorexia, mielossupressão, leucopenia, trombocitopenia, parestesia, reações anafiláticas
e hipocalemia.
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UNIDADE V │ ANTINEOPLÁSICOS
Mais raramente pode ocorrer: hipotensão ortostática, polineuropatia, convulsões, visão turva,
trombose da veia hepática, necrose hepatocelular, hepatotoxicidade, reações de fotossensibilidade,
hemorragia cerebral, estomatite, fraqueza generalizada.
Interações medicamentosas
A carbamazepina aumenta o metabolismo da dacarbazina, diminuindo seus efeitos terapêuticos.
Clorambucil
Indicações
Farmacocinética
Sofre biotransformação hepática, originando vários metabólitos, dos quais pelo menos a mostarda
do ácido fenilacético é ativa. Também sofre degradação espontânea, formando derivados mono
e diidroxilados.
Efeitos adversos
Pode ocorrer supressão da medula óssea (leucopenia, trombocitopenia e anemia), náusea, vômito,
diarreia e ulceração na cavidade oral.
Mais raramente foram observados: agitação, ataxia, confusão mental, febre, convulsões,
alteração cromossômica em homens, esterilidade reversível e permanente em ambos os sexos,
hepatotoxicidade, necrose hepática, fraqueza, tremor, contração muscular, neuropatia periférica,
fibrose pulmonar, neoplasias secundárias, incidência aumentada de leucemia mielógena aguda
e hipersensibilidade.
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Antineoplásicos │ UNIDADE V
Cisplatina
Mecanismo de ação
O fármaco age mudando a conformação do DNA por intermédio de ligações cruzadas intra-
filamentos, em particular com guanina e citosina, inibindo sua síntese. Também pode ligar-se a
bases, formando pares anormais que determinam desenrolamento do DNA.
A cisplatina tem sido classificada como agente alquilante não-específico sobre o ciclo celular.
Embora cause imunossupressão, a estimulação da resposta imune do hospedeiro contra o tumor
pode contribuir para a sua ação antineoplásica. Também possui propriedades mutagênicas. A
cisplatina não tem exibido resistência cruzada com outros agentes alquilantes.
Indicações
É indicada nos osteossarcomas, linfoma e carcinomas.
Farmacocinética
A ligação a proteínas plasmáticas (albumina, transferrina e gama-globulina) é superior a 90%.
Quantidades mínimas chegam ao SNC. Há alta captação em rins, fígado, ovários, útero e pulmões.
Os metabólitos estão extensamente ligados a proteínas e possuem atividade citotóxica mínima, mas
a fração não ligada à proteína (inalterada) é citotóxica. Excreta-se em mais de 90% na urina e em
10% na bile.
A inibição do DNA persiste por vários dias após a administração. A platina pode ser detectada nos
tecidos 4 meses ou mais após a dose.
A hemodiálise, mesmo quando iniciada 4 horas após superdosagem, parece ter pouco efeito na
remoção da platina, devido ao alto grau de ligação às proteínas.
Efeitos adversos
Apresenta baixa mielotoxicidade, mas provoca náusea e vômitos intensos e pode ser nefrotóxica.
Não deve ser utilizada em gatos, pois é extremamente tóxica para essa espécie.
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Capítulo 2
Antimetabólitos
Indicações
Tem indicação no câncer de mama, cabeça, pescoço, pele e ovário, linfomas, sarcoma osteogênico,
carcinoma colo-retal, leucemias, carcinoma de esôfago e estômago, carcinoma de pulmão, tratamento
gestacional de coriocarcinoma, corioadenoma.
Farmacocinética
Pode ser administrado por vias oral, intramuscular, intravenosa e intratecal. Quando administradas
doses maiores que 100 mg/m2, requer o uso concomitante de ácido folínico e alcalinização da
urina. A presença de alimentos pode retardar a absorção. Ácido folínico deve ser administrado
concomitantemente ou após 24 da administração de metotrexato.
A absorção oral é excelente em doses inferiores a 30 mg/m2 e em doses maiores, é incompleta. Por
via intramuscular, é absorvida por completo, independentemente da dose.
Efeitos adversos
Podem ocorrer: encefalopatia, convulsões, febre, leucopenia, trombocitopenia, azotemia, insuficiência
renal, náuseas, diarreia, anorexia, fotossensibilidade, despigmentação ou hiperpigmentação
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Antineoplásicos │ UNIDADE V
Indicações
Carcinoma colo-retal, gástrico, pancreático e de mama, em pacientes considerados incuráveis por
cirurgia ou outros tratamentos. Carcinoma prostático, de bexiga, do epitélio ovariano, cervical,
endometrial, anal, esofágico. Tumores metastáticos de carcinoma de pele, hepáticos, de cabeça
e pescoço e hepatoblastoma. Carcinoma adrenocortical, vulvar, peniano, tumores carcinoides
gastrintestinais e neuroendócrinos em terapia combinada.
Farmacocinética
A absorção por via oral é muito variável, com biodisponibilidade variando de 0 a 80%. Por via
tópica, a absorção sistêmica é mínima (6%), com início de ação em 2 a 3 dias. Após administração
intravenosa, o fármaco é distribuído nos tecidos e fluidos extracelulares, incluindo, mucosa
intestinal, medula óssea e fígado. Atravessa a barreira hematoencefálica e a placenta.
A eliminação ocorre principalmente por via respiratória (aproximadamente 90% como dióxido de
carbono em 8 a 12 horas) e em menor proporção por via renal.
Efeitos adversos
Podem ocorrer dermatite, alopecia, náuseas, vômitos, anorexia, diarreia, granulocitopenia,
trombocitopenia e, mais raramente, neurotoxicidade central.
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UNIDADE V │ ANTINEOPLÁSICOS
Indicações
Citarabina convencional: tratamento de leucemia não-linfocítica aguda e leucemia mielocítica
crônica (fase blástica).
Farmacocinética
Citarabina convencional
A via oral não é utilizada, devido à presença de enzima inativadora no trato gastrintestinal.
Utilizando via subcutânea, o pico é atingido entre 20 e 60 minutos. Aproximadamente 15% da dose
são ligados a proteínas plasmáticas. É rápida e amplamente distribuída aos tecidos. É eliminada
na urina.
Citarabina lipossomal
Administra-se por via intratecal. Metaboliza-se no plasma a metabólito inativo. É eliminada na urina.
Efeitos adversos
Os principais efeitos adversos observados são mielossupressão (granulocitopenia, anemia),
disfunção hepática, conjuntivite, ceratite córnea, erupção cutânea, náusea, vômitos e diarreia.
Na citarabina lipossomal, a araquinoidite química é o efeito adverso mais comum. Pode incluir dor
no pescoço, rigidez na nuca, cefaleia, febre, náusea, vômito, dor nas costas e, raramente, anafilaxia.
80
Capítulo 3
Antibióticos
Essa classe de antineoplásicos é assim designada por serem substâncias isoladas de culturas de
fungos do gênero Streptomyces.
Doxorrubicina
Mecanismo de ação
Intercala-se na dupla hélice do DNA, formando complexo ternário com topoisomerase II e DNA.
A estabilização do complexo de clivagem inibe nova ligação do DNA e provoca quebras na dupla
hélice. Também inibe diretamente a topoisomerase II, interage com as membranas celulares e
mitocondriais, perturba a transmissão de sinais intracelulares e forma radicais livres. Finalmente,
desencadeia o processo de morte celular por apoptose.
Farmacocinética
É pouco absorvida por via oral, razão pela qual é administrada por via endovenosa. É distribuída
rapidamente ao fígado, baço, rim, pulmão e coração. Não atravessa a barreira hematoencefálica.
Sofre metabolismo hepático, produzindo vários metabólitos, entre os quais um ativo,
o doxorrubicinol.
É eliminada principalmente pela bile, 50% na forma integra e 23% como doxorrubicinol; menos de
10% da droga são eliminados pela urina.
Efeitos adversos
Alopecia, náusea, vômito, ulceração e necrose do cólon, anorexia, diarreia, mielossupressão (60 a
80% dos pacientes desenvolvem leucopenia). A ocorrência de infecções oportunistas é frequente,
destacando-se candidíase, citomegalovirose, herpes simplex e pneumonia.
Bleomicinas
Mecanismo de ação
Inibe a incorporação de timidina no DNA, diminuindo sua síntese. Além disso, liga-se ao DNA,
causando quebras de suas hélices. Há inibição menor na síntese de RNA e proteínas.
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UNIDADE V │ ANTINEOPLÁSICOS
Indicações
Tratamento de carcinoma testicular, linfomas, carcinoma celular escamoso, melanomas, sarcomas.
Farmacocinética
A absorção por vias intramuscular e intrapleural produz nível sérico correspondente a 30% do obtido
com administração intravenosa. Administração por vias intraperitonial e subcutânea induz níveis
equivalentes aos da via intravenosa. É distribuída para o fígado, rins, intestino, pele e pulmão. Não
atravessa a barreira hematoencefálica. Sofre, em parte, metabolismo hepático. Cerca de 50% a 70%
do fármaco são eliminados, de forma íntegra, na urina.
Efeitos adversos
Diferentemente da maioria dos agentes antineoplásicos, a bleomicina provoca pouca mielossupressão.
Seu efeito tóxico mais grave consiste em fibrose pulmonar, que é observada em 10% dos pacientes
tratados, sendo fatal em 1% dos casos. Também podem ocorrer reações alérgicas.
82
Capítulo 4
Derivados vegetais (alcaloides da vinca)
Considerações gerais
Os alcaloides da vinca estão naturalmente presentes em ínfimas quantidades na planta Catharanthus
roseus (Vinca rosea Linn).
São agentes antimitótico específico, e agem impedindo a divisão mitótica durante a metáfase ao se
ligar à tubulina, impedindo sua polimerização para formar microtúbulos do feixe mitótico.
Interferem também, na síntese proteica e de ácidos nucleicos por bloquear a utilização do ácido
glutâmico. A interrupção da mitose leva à morte celular. Os microtúbulos também, têm sido
associados à fagocitose e a funções do sistema nervoso central que são interrompidas pelo uso
desses fármacos, explicando reações adversas a eles associadas.
Dentro desse grupo químico existem vários fármacos utilizados como antineoplásicos na medicina
humana, porém em Medicina Veterinária, apenas a vincristina é amplamente empregada.
Vincristina
Indicações
O fármaco é utilizado principalmente no tratamento do tumor venéreo transmissível (TVT), tendo
indicação também para linfomas, neoplasia mamária felina, e alguns sarcomas. Além disso, pode
ser associado a outros fármacos no tratamento de neoplasias hematopoiéticas e linfoides.
Cuidados na administração
Somente deve ser utilizada a via endovenosa. A administração intratecal é fatal. Por ser vesicante,
o fármaco não deve extravazar para fora da luz do vaso durante a aplicação. Evitar contaminação
ocular.
É necessário modificar a dosagem em pacientes com disfunção hepática ou que tenham doença
neuromuscular preexistente; efetuar a contagem de células sanguíneas antes de administrar nova
dose; prevenir nefropatias do ácido úrico, utilizando alopurinol e não administrar em pacientes que
estejam recebendo terapia de radiação. Deve ser realizada profilaxia contra constipação.
Farmacocinética
Após administração endovenosa, deixa a corrente sanguínea rapidamente, sendo distribuída aos
tecidos após 15 a 30 minutos. Penetra pouco a barreira hematoencefálica. Liga-se em 75% a proteínas
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UNIDADE V │ ANTINEOPLÁSICOS
plasmáticas. A metabolização ocorre no fígado pelo citocromo P450. Cerca de 80% são eliminados
pela bile e fezes, e 10 a 20 %, pela urina.
Não se usa a administração por via oral, pois a absorção é muito pequena.
Efeitos adversos
As reações adversas são geralmente reversíveis e dependentes da dose. A administração de doses únicas
semanais pode causar leucopenia, neuropatia periférica, parestesias e constipação, sendo estas reações
de curta duração. Em cães, ainda podemos observar: anorexia, vômitos e diarreia sanguinolenta.
Além disso, pode causar danos fetais quando administrada em grávidas. Não se sabe se a droga é
eliminada no leite materno.
84
Capítulo 5
Hormônios
Considerações gerais
Os glicocorticoides, andrógenos, estrógenos e progestágenos são os hormônios esteroides mais
utilizados no tratamento de neoplasias em humanos. Em Medicina Veterinária, apenas os
glicocorticoides tem sua eficácia comprovada no tratamento de algumas síndromes paraneoplásicas.
Prednisona
Indicações
Na clínica veterinária, até o momento, os corticoides não são indicados primariamente para o
tratamento de neoplasias, mas têm sido empregados no controle de síndromes paraneoplásicas.
Sendo assim, a prednisona pode ser empregada na trombocitopenia imunomediada e na anemia
hemolítica auto-imune.
Além disso, os corticoides têm eficácia na redução da inflamação associada a certos tumores e no
estímulo do apetite, o que melhora as condições gerais do paciente.
Efeitos adversos
Com o uso contínuo, leva, em geral, ao hiperadrenocorticismo e à insuficiência adrenocortical
secundária.
85
Capítulo 6
Recentes descobertas em
oncologia veterinária
Ainda assim, as terapias não são capazes de erradicar por completo as neoplasias, principalmente
devido às grandes limitações destas e das dificuldades do paciente em desenvolver uma resposta
imune adequada que seja capaz de atingir de forma seletiva as células cancerígenas.
»» a eliminação total das células malignas em muitos tumores não é possível com o uso
de doses terapêuticas e a resposta imunológica do paciente, frequentemente, não é
adequada para lidar com as células remanescentes.
A busca de métodos terapêuticos e profiláticos mais eficazes contra o câncer resultou em grande
impacto no entendimento das bases imunológicas da oncologia.
O texto a seguir é uma revisão das mais recentes descobertas realizadas em oncologia veterinária,
e nos mostra como as pesquisas realizadas em imunologia tumoral vêm demonstrando resultados
promissores para uma terapia oncológica eficaz e menos invasiva do que a que dispomos atualmente.
Adaptado de PIEKARZ, C. H.; BIONDO, A. W.; BARROS FILHO, I. R.; RODASKI, S. Imunologia
tumoral como ferramenta na oncologia veterinária. In: Arq. Ciênc. Vet. Zool., v. 9, no. 2, pp. 141-
145, 2006.
Introdução
Uma célula com proliferação descontrolada originará clones destas células alteradas, formando uma
neoplasia. Elas surgem a partir de uma falha na regulação da divisão e sobrevida celular, e podem
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Antineoplásicos │ UNIDADE V
ser resultado de uma exposição a determinados produtos químicos, processos físicos, e agentes
infecciosos. Estas células podem permanecer no local com crescimento restrito, ou desprender-
se e atingir a circulação sanguínea ou linfática, podendo causar metástases (TIZARD, 2004). A
imunidade tumoral é o resultado da interação entre estas várias células tumorais com as do sistema
imune (CULLEN et al., 2002).
As células tumorais em indivíduos imunocompententes podem ser reconhecidas pelo sistema imune
porque muitas vezes apresentam antígenos tumorais específicos, que surgem de mutações de genes
celulares, formando proteínas anormais expressas na superfície celular ou ainda pela expressão
anormal de genes. Mas, muitas vezes, estes antígenos podem não ser exclusivos, podendo aparecer
também em outras células do organismo (CULLEN et al., 2002).
Hoje, muitos pesquisadores baseiam-se na ideia de que as respostas que conferem pressão seletiva
sobre as células tumorais, muitas vezes levam a uma seleção de variantes de células tumorais que
escapam do reconhecimento imune (YAMSCHIKOV et al., 2005).
A imunoterapia das neoplasias compreende tanto a imunização ativa quanto passiva, e a identificação
dos antígenos neoplásicos citados tem impacto sobre essas duas áreas (ROSENBERG, 2001).
Antígenos tumorais
Atualmente, a identificação de antígenos tumorais, os quais a expressão é essencial para a
sobrevivência das células neoplásicas é o novo caminho para prevenir a perda emergente de
variantes antigênicas devido à imunoseleção, principalmente durante a imunoterapia (ANDERSEN
et al., 2005).
Os antígenos tumorais podem ser definidos como sendo substâncias expressas pelas células
neoplásicas capazes de induzir resposta imune específica celular e/ou humoral. Além disso, podem
sugerir o diagnóstico do tumor (CARNEIRO; PRADO, 1998).
Segundo estudos em animais, a resposta imune celular, e não a humoral, foi a responsável pela
rejeição de tumores transplantados ou tecidos alogênicos (geneticamente diferentes). Por isso,
esforços significativos têm sido direcionados rumo à identificação dos antígenos reconhecidos pelos
linfócitos T. A exceção citada e dos anticorpos direcionados contra receptores do fator de crescimento
nas células neoplásicas, pois a administração de anticorpos tem tido um pequeno impacto sobre o
crescimento de tumores sólidos (ROSENBERG, 2001).
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UNIDADE V │ ANTINEOPLÁSICOS
Escape tumoral
Muitos fatores como o crescimento progressivo, desregulação gênica e distúrbios metabólicos, podem
atuar como sinais de alarme para recrutar e ativar células da resposta imune inata local, tais como
células dendríticas (DC), macrófagos, neutrófilos e células Natural Killer (NK). Todas estas, por sua
vez, ativam as células T, induzindo a uma resposta imune adaptativa (KHONG; RESTIFO, 2002).
Embora sob algumas condições ocorra uma supressão do crescimento tumoral precoce, vários
mecanismos que fundamentam o escape da neoplasia ao sistema imune têm sido propostos
(MOCELLIN et al., 2004; DUNN et al., 2005). Acredita-se que quando os tumores evoluem,
superando o sistema imune, há uma ação moduladora do fenótipo imunológico tumoral (KHONG;
RESTIFO, 2002), promovendo, assim, a emergência de tumores com reduzida imunogenicidade
(ROSENBERG, 2001).
Esta seleção de células com baixa poder imunogênico é conhecida como “revisão imune do câncer”
(DUNN et al., 2005). Existem basicamente três critérios que são requeridos para a destruição de
tumores já estabelecidos:
III. as células imunes precisam ser ativadas no local do tumor para manifestar
mecanismos efetores apropriados tais como lise direta ou secreção de citocinas,
como a interleucina-2 (IL-2), capazes de causar a destruição tumoral (ROSENBERG
et al., 2004).
Entretanto, existe uma variedade de mecanismos ativos que podem limitar respostas efetoras.
Alguns mecanismos dos quais as células imunes utilizam para evadir da detecção e destruição do
sistema imune são:
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Antineoplásicos │ UNIDADE V
Um dos exemplos de escape da resposta imune e da progressão tumoral em cães pode ser observado
nos tumores de mama, por meio de um antígeno associado ao tumor denominado RCAS1. Este
antígeno de superfície, ausente nas células normais, se encontra, altamente expresso nos tumores
mamários, e inibe o crescimento de importantes células de defesa como linfócitos T citotóxicos e
NK, além de induzir apoptose e morte celular (OKAMURA et al., 2004).
A expressão deste mesmo antígeno de membrana também é descrita como potencial mecanismo
de escape imune por células do carcinoma gástrico humano (NAKAMURA, 2004). As células
dentríticas também parecem importantes no mecanismo de imunotolerância tumoral.
Dois mecanismos foram criados para escapar do ataque do sistema imune aos próprios
componentes, tolerância central e periférica, ambos controlados e mantidos pelas DC (PACZESNY
et al., 2003). Outro mecanismo importante pode ser a morte celular programada (apoptose) das
células T, quando encontra o tumor (ANDERSEN et al., 2005).
Uma variedade de células tumorais expressam FasL, a qual induz a apoptose de células Fas+-
suscetíveis, como as células T (KHONG; RESTIFO, 2002). A oligomerização do receptor Fas pelo
seu ligante (FasL) ativa uma cascata de sinalização que leva à apoptose das células que possuem
Fas (TAN; HUNZIKER, 2003). Recentemente, uma expressão excessiva do FasL foi apresentada
por favorecer a apoptose do melanoma Fas(+), e esta observação suporta a ideia de que preparando
as células imunes de resposta com células tumorais apoptóticas pode-se melhorar respostas
antitumorais (GYORFFY et al., 2005).
Além destes mecanismos, a diminuição ou perda da regulação do MHC também pode ser efetiva no
escape tumoral (YAMSCHIKOV et al., 2005). A expressão do MHC de classe I é parte de um cenário
convencional para a imunidade antitumoral, pelo qual as células T citotóxicas têm um potencial
para interagir como MHC de classe I da célula tumoral e destruir o tumor via perforina ou Fas-
ligante (Fas-L) (BLANCK, 2004).
Imunoterapia
A imunoterapia é, muitas vezes referida como uma terapia biológica, bioterapia, ou modificação
da resposta biológica. Estas duas últimas referências são utilizadas para substâncias produzidas
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UNIDADE V │ ANTINEOPLÁSICOS
natural ou sinteticamente, ou para métodos que alteram a relação entre o hospedeiro e o tumor,
com resultado terapêutico benéfico (WITHROW; MACEWEN, 2001).
Ao mesmo tempo, anticorpos monoclonais recombinantes também são projetados para “atacar”
antígenos tumorais específicos, e podem destruir células tumorais diretamente por meio de lise
ou carreando um agente citotóxico conjugado (LAHERU; JAFFEE, 2005). Portanto, a evidência
de que linfócitos T citotóxicos, linfócitos T auxiliares e células B podem atuar sinergicamente
para a rejeição imune da neoplasia, tem contribuído para o desenvolvimento da imunoterapia
(MOCELLIN et al., 2004).
Para LAHERU; JAFFEE (2005), os anticorpos monoclonais têm sido a imunoterapia clínica mais
bem-sucedida, pois são usados como ferramentas para diagnóstico, como indicador de prognóstico,
e para o tratamento de muitos cânceres. As vantagens incluem: seu “ataque” específico à célula
tumoral, poupando o tecido normal, sua administração relativamente fácil e seu perfil de baixa
toxicidade. A principal desvantagem inclui a ausência de ativação da célula T, impedindo a destruição
mediada pelas células T citotóxicas e a geração de uma resposta imune de memória.
Outro modulador importante é o IFN- α, pois segundo Steele e Hauser (2005), ele pode ser um
mediador da atividade antitumoral neste sistema de terapia. Baseados na ideia de que alguns
vírus são conhecidos por destruir células tumorais seletivamente e que o reovírus, em especial, é
conhecido por ser um potente indutor do interferon tipo I, o IFN- α pode desempenhar um papel na
erradicação do tumor no sistema de terapia com reovírus.
90
Antineoplásicos │ UNIDADE V
tratamentos de transferência adaptativa. Entretanto, ainda não foi desenvolvida uma imunoterapia
consistentemente efetiva para nenhum tipo de malignidade. E ainda não está claro se a falha ocorre
por causa do escape tumoral ou se a ausência de observações de regressões tumorais ocorre devido ao
fato da imunoterapia que está sendo utilizada estar inadequada (KHONG; RESTIFO, 2002).
Várias hipóteses têm surgido para explicar esta falha, e é descrito que os desafios que deverão ser
enfrentados para o desenvolvimento de vacinas anticancerígenas eficazes incluem: a identificação e
caracterização dos antígenos alvos; a definição da resposta imune desejada a ser obtida pela vacina;
e a escolha do sistema de aplicação da vacina mais apropriada (HENDERSON et al., 2005).
De uma forma geral, a vacina contra o câncer pode ser dividida em duas categorias: as constituídas
por células tumorais (ou lisados derivados de células tumorais); e as de antígenos cancerígenos
definidos. Estas são, geralmente, de um antígeno simples que é transportado por um dos sistemas
carreadores que incluem as proteínas recombinantes e vetores virais, peptideos ou células dendríticas
tratadas (HENDERSON et al., 2005).
Um exemplo deste tipo de vacina que tem sido empregada em estudos humanos e animais é o
uso das DCs tratadas que trabalham como carreadoras do adenovírus inativado que, por sua vez,
expressam o antígeno tumoral, funcionando como vetor deste antígeno (RODRIGUEZ-LECOMPTE
et al., 2004). Além disso, casos de melanoma em cães têm sido experimentalmente tratados com a
ativação de macrófagos alveolares caninos, com a produção de anticorpos monoclonais antitumorais
e, recentemente, com a administração do FasL para promover apoptose em células tumorais; todos
sendo considerados de potencial valor na terapia deste tipo tumoral (GYORFFY et al., 2005).
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Para (não) finalizar
O MDR1 (Multi Drug Resistance 1), também conhecido como ABCB1, é responsável pela expressão
de uma proteína transportadora de membrana, da superfamília ATB Binding Cassete (ABC),
denominadas P-glicoproteínas (P-gp).
A P-gp vem ganhando relevância clínica particular em função, justamente, de sua expressão limitar
o acesso das drogas ao cérebro e interferir na absorção intestinal quando da administração por via
oral (MEALY, 2004; LINARDI; NATALINI, 2006), e o consequente reflexo prático de tal evento, em
especial, a toxicidade e a resistência a drogas.
A proporção de animais da raça Collie, citada na literatura que apresentam ou não sinais clínicos de
intoxicação, respectivamente, foi de 66% e 33%, aproximadamente.
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para (não) finalizar
Atualmente correlaciona-se esta sensibilidade aos fármacos a uma mutação de deleção na sequência
genética, denominada mutação MDR1-1Δ ou MDR1-nt230(del4). Estudos mostram que diversas
raças de cães com origem comum, possivelmente de um cão da raça Australian Shepard podem
apresentar essa mutação (FECHT et al., 2007).
A hipótese existente sugere que os portadores de um ou dos dois alelos mutados (heterozigotos e
homozigotos mutados, respectivamente) têm uma maior permeabilidade da barreira hematoencefálica
às moléculas, permitindo a passagem e chegada da ivermectina ao encéfalo e a consequente intoxicação.
Populações de animais aparentemente similares podem apresentar diferentes reações a uma terapia
idêntica. Essa resposta clínica variável pode ser devida, em muitos casos, a fatores genéticos.
Hoje, as avaliações são baseadas apenas no fenótipo dos indivíduos, observando-se a relação entre
as reações medicamentosas e raça, idade, ambiente e sexo. Entretanto, em breve, esta conduta
deverá ceder espaço à triagem genotípica dos pacientes potencialmente em risco.
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Referências
ADAMS, H.R. Farmacologia e terapêutica em veterinária. 8. ed. São Paulo: Guanabara
Koogan, 2004.
BRUNTON, L.L.; LAZO, J.S.; PARKER, K.L. Goodman & Gilman: As bases farmacológicas
da terapêutica. 11. ed. Porto Alegre: Mcgraw-Hill, 2006.
KATZUNG, B. G. Farmacologia básica e clínica. 10. ed. Porto Alegre: Mcgraw-Hill, 2010.
PAPICH, M. G. Manual sauders terapêutico veterinário. 2. ed. São Paulo: MedVet, 2009.
RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M.; MOORE, P.K. Farmacologia. 5. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004.
Sites
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<http://www.capes.gov.br/periodicos>.
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/>.
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