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AVALIAÇÃO 2 – História da Filosofia Contemporânea II

Aluna: Giovanna Rodrigues Molina

1) Cite e explique três conceitos centrais da obra de Hannah Arendt que você
acredita que pode ajudar a pensar o mundo contemporâneo – e por que.

Na obra A Condição Humana (1958), a filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975)


trabalha teoricamente com os aspectos da ação e do fazer dos humanos no mundo. Para
ela, não existe nenhuma essência ou natureza humana, na verdade, somos seres
condicionados que modificamos o mundo. Há 3 conceitos trabalhados nessa obra que nos
ajudam a pensar o mundo contemporâneo: 1° - a Condição Humana na modernidade que
levou a humanidade apenas ao fazer, e nunca para a reflexão sobre o que se faz. Para
Arendt, o trabalho foi engolido pela ação e tudo agora se encontra na lógica da
sobrevivência, do Labor, uma lógica de consumo. De fato, na vida contemporânea, o
mercado dita as regras e empobrece a vida política. Ninguém possui mais um objetivo
plural com seu trabalho, ou reflete sobre como, por que e para que se trabalha. A única
coisa que é levada em conta é o poder de compra presente ou futuro, o poder de consumo
que o fruto do trabalho proporciona; 2° - a Massificação da Cultura onde o próprio Estado
e a sociedade entram nessa lógica do poder de consumo. Para a filósofa, o mundo da ação,
da política e da ética foram invadidos pelos interesses e linguagens do mundo privado.
Nesse sentido, quando se perde a relação de pluralidade dos seres humanos na vida
pública, os Estados-nação não conseguem proporcionar a igualdade de todos perante a lei,
pois preconizam uma certa unidade ideológica, baseada primeiramente na demarcação de
um território, para a garantia de direitos. No entanto, o fenômeno histórico da luta por
direitos visando a cidadania (direitos políticos, civis e sociais) necessitam de novas leis e
princípios que possibilitem um reconhecimento universal dos direitos. Na atualidade, isso
pode ser notado com tratados internacionais que visam incluir os humanos como membros
de uma sociedade política mundial, direcionando Estados-nações a reconhecerem as
necessidades de refugiados, indígenas etc; 3° - o conceito de Ralé Moderna, para Arendt,
perpassa uma sociedade sem classes e desorganizada que está pautada na invenção de um
inimigo em comum que é odiado e que só pode ser enfrentado por um líder forte. Esse
fenômeno é mais fácil de identificar na atualidade visto os movimentos de massa que
ocorrem desde a eleição de presidentes como Donald Trump e Jair Bolsonaro. Ambos
usam e abusam da imagem de herói nacional, mobilizando pessoas de variadas classes,
inclusive da intelectualidade, que odeiam a forma como a sociedade funciona ou como o
parlamento é representado. O objetivo desses fenômenos não é lutar por cidadania e
aprimorar a democracia, mas destruir e violar direitos já garantidos.

2) Explique como Hans Jonas articula o tema da liberdade com o tema da vida e
como, segundo ele, a ética da responsabilidade tem um fundamento ontológico. O
que isso significa, exatamente?

De acordo com o filósofo Hans Jonas (1903-1993) o fenômeno da vida é marcado pela
atividade constante, por uma obra de si mesmo. Durante o percurso evolutivo dos seres, a
vida teve o poder de fazer escolhas frente a precariedade e os desafios que se apresentam
na luta pela sobrevivência. Nesse sentido, para ele há uma relação de graus de liberdades
entre o mundo vegetal, animal e humano, todos relacionados com a maneira com que se
interage com o ambiente. Essas escolhas da vida são explicadas em 6 graus, em ordem
crescente, de níveis de liberdade: 1° - metabolismo; 2° - sensação; 3° - percepção; 4°-
emoção; 5° movimento; 6° - racionalidade. Ainda para Jonas, quanto mais difícil é
fragilidade em relação com o meio, como no caso dos humanos, maior é o nível de
liberdade de racionalidade. No mais, para ele a vida é auto afirmativa e possui valor. Ela é
formada por uma solidariedade de interesses onde cada ser depende da vida de todos os
outros seres. É nesse sentido que ele criticou todas as éticas tradicionais que são
antropocêntricas e voltadas para o âmbito da cidade, propondo uma ética da
responsabilidade fundamentada numa ontologia, ou seja, nos princípios da vida. Esses
princípios consideram a vida como um valor intrínseco, pois todos que vivem tem valor
por si mesmo, sejam humanos ou extra-humanos, sejam as gerações futuras ou todos os
outros seres que existem na natureza. Além do mais, essa ética da responsabilidade
preconiza uma futurologia comparativa com capacidade de previsão e análise científicas
sobre o futuro, além de uma heurística do temor que propusesse prever as consequências
de nossas ações, objetivando uma mudança de hábitos no presente.

3) Explique por que, segundo Hans Jonas, a técnica é um problema ético.


De acordo com Hans Jonas, a técnica na modernidade é um problema ético porque ela é
carrega uma promessa utópica de eterno progresso que, na verdade, é sintetizada por uma
ameaça apocalíptica. O modo moderno da técnica é a tecnologia, e esse é um problema
central da vida humana contemporânea. O seu desenvolvimento ficou pautado sob um
impulso interminável de progresso e de hipernovidade, tornando-se um valor para os
humanos. Esses valores são pressionados pelas noções de competência e competitividade,
perpetuando um movimento de vontade ilimitada de poder. Além disso, a relação entre a
técnica e ciência transformou a natureza em um laboratório de larga escala, onde ela
mesma cria os problemas que depois precisa resolver, como o esgotamento das reservas
naturais. O seu processo tornou-se circular e dialético, alimentando somente necessidades
do modelo econômico e não necessidades vitais. Nesse sentido, a técnica que era um fim
tornou-se um meio. Por isso, para Jonas, a técnica após o século XVII não foi e não é mais
orientada por objetivos e necessidades pré-determinadas pois, para além de sua dinâmica
formal e substância, ainda lhe falta uma dinâmica ética que exige responsabilidade
humana em seu fazer.

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