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Sinopse

Sienna é uma lobisomem de dezenove anos com um segredo: ela é virgem. A


única virgem do bando. Ela está decidida a passar por Bruma deste ano sem
ceder aos seus impulsos primitivos - mas quando ela conhece Aiden, o alfa, ela
se esquece de seu autocontrole.
 
Classificação etária: 18 +
 
E-book Produzido por: SBD e Os Lobos do
Milênio
 
Esse Arquivo contém os Livros 1 e 2
Capítulo 1 - O Alfa do Rio
Sienna
Tudo que eu via era sexo.
Pra onde quer que eu me virasse, via corpos tremendo. Membros se
deslocando. Bocas gemendo.
Corri através de uma floresta, ofegante, tentando escapar dos fantasmas
carnais ao meu redor, que pareciam estar me convocando. Dizendo junte-se a
nós...
Mas quanto mais para dentro da floresta eu corria, mais escura e mais
escura e mais viva ela se tornava.
Algumas árvores balançam como amantes, outras, com raízes nodosas e
galhos espigados pareciam predadores. Prendendo-me. Perseguindo-me.
Algo lá fora, no escuro, estava me perseguindo.
Alguma coisa desumana.
E agora as bocas não estavam gemendo. Elas estavam gritando.
Orgias grotescas por toda parte iam se tornando violentas. Sangrentas.
Próximas da morte.
A qualquer momento, a escuridão ia me pegar.
O sexo ia me estrangular.
Ao sentir a raiz enrolar em minha perna, tropecei e caí em um buraco
aberto no centro da floresta, mas não, era um buraco.
Era uma boca. Com dentes afiados e uma língua preta, lambendo seus
lábios, prestes a me engolir inteira.
Eu tentei gritar, mas não tinha voz.
Eu caí.
Mais longe.
Mais fundo.
Até que eu me fundi com a loucura violenta e sexual... completamente
consumida.
***
Pestanejei. Que diabos eu estava desenhando?
Sentada à beira do rio, livro de esboços na mão, olhei para baixo, incrédula,
para o meu próprio trabalho. Tinha desenhado uma visão muito
perturbadora... e sexual.
Isso só podia significar uma coisa: A Bruma estava chegando.
Mas antes de pensar ou de desenhar outra coisa, o som de risadas próximas
me distraiu. Virei-me para ver um grupo de meninas, ao seu redor.
Aiden Norwood.
Eu nunca o tinha visto aqui antes. Não na margem do rio onde eu vou para
desenhar e me distrair, não há muitos de nós por aqui...
Por quê? Eu não sei.
Talvez seja a calma quando sempre se espera de nós que sejamos selvagens.
Talvez seja a água quando cada um de nós arde com um incêndio interno. Ou
talvez seja apenas um lugar que eu só tenha pensado como meu.
Um lugar secreto onde eu não sou só mais uma na matilha, onde sou
apenas eu, Sienna Mercer, uma artista autodidata ruiva de dezenove anos. Uma
garota aparentemente normal.
O Alfa caminhou em direção a água, ignorando o bando de moças que o
seguiam. Ele parecia que queria ser deixado sozinho. Isso me deixou curiosa.
Fez-me querer atrai-lo.
Claro, eu sabia que era um risco desenhar o Alfa.
Mas como eu poderia resistir?
Comecei a esboçá-lo. Com uma altura de 1,80m, cabelo preto desgrenhado
e olhos verde-ouro que parecia mudar de cor cada vez que ele virava a cabeça.
Aiden era a definição de lindo de dar água na boca.
Eu tinha começado a trabalhar nos olhos quando ele virou a cabeça e
farejou.
Eu congelei, fiquei paralisada. Se ele me visse agora, se visse o que eu
estava desenhando...
Mas então, para meu alívio, ele olhou para água, perdendo-se novamente
em algum devaneio escuro. Mesmo rodeado por outros, o Alfa estava sozinho.
Então eu o desenhei sozinho.
Eu sempre o observava de longe. Eu nunca tinha estado tão perto, mas
agora eu podia ver como os bíceps dele saltavam de sua camisa, como sua
coluna vertebral se curvava para acomodar sua transformação.
Me perguntei o quão rapidamente ele poderia se transformar. Dobrado,
com os olhos em busca, como os de um animal selvagem, ele parecia neste
caso, já na metade do caminho.
Um homem, sim. Mais que isso; um lobisomem.
Sua beleza me lembrou que a Bruma estava se aproximando rapidamente.
Era a época do ano em que todo lobisomem a partir dos dezesseis anos de
idade enlouquece com a luxúria, a estação em que todos e quero dizer todos
trepam como loucos.
Uma ou duas vezes por ano, esta fome imprevisível, esta necessidade física
infecta a todos até os ossos...
Aqueles que não tinham companheiros encontram um parceiro temporário
para se divertirem com os outros.
Em outras palavras,não havia ninguém na matilha com mais de dezesseis
anos que fosse virgem.
Olhando agora para Aiden eu me perguntava se os rumores que giravam
em torno dele eram verdadeiros.
Se por acaso era por isso que ele estava ali, ignorando as garotas, refletindo
à beira do Rio.
Alguns disseram que haviam passado meses desde que Aiden havia levado
qualquer mulher para a cama, que ele estava se distanciando de todos.
Por quê? Uma companheira secreta? Não, as fofoqueiras da matilha já
teriam descoberto.
Então, qual era o problema, o que seria do nosso Alfa se ele não tivesse
nenhuma parceira quando a bruma atacasse.
Não é da sua conta, eu mesma me repreendo. O que importa para mim
quem Aiden comia?
Ele era 10 anos mais velho e, como a maioria dos lobisomens, só estava
interessado em alguém de sua própria idade.
Para Aiden Norwood, o alfa da segunda maior matilha nos Estados
Unidos, eu não existia. Colocando de lado minha paixonite de adolescente
boba resolvi seguir sem pensar no assunto.
Michele, minha melhor amiga, estava decidida a me encontrar um pau
amigo. Ela já tinha um parceiro, coisa comum entre os lobos solteiros antes da
bruma.
Tentando me arranjar com 3 amigos de seu irmão, todos que pareciam
perfeitamente decentes e que tinham sido diretos em me considerar boa para
uma transa, Michelle não conseguia entender porque eu tinha recusado cada
um deles.
"Ugh.." Eu ouvi a voz de Michelle reverberando em minha cabeça.
"Por que você é sempre tão fresca, garota?"
Porque a verdade era que eu tinha um segredo.
Aos dezenove anos de idade, eu era a única Loba virgem em toda a nossa
matilha. Tinha passado por 3 estações, e por mais sedento por sexo que
ficasse, nunca havia cedido aos meus desejos carnais.
Eu sei. Muito pouco inteligente da minha parte em se preocupar com
"sentimentos" e "primeiras vezes", mas eu prezava os meus.
Não era que eu fosse uma puritana. Em nossa sociedade não havia tal
coisa. Mas, ao contrário da maioria das meninas, eu recusava a me entregar até
encontrar meu companheiro.
Eu sabia que ia encontrá-lo.
Eu estava guardando minha virgindade para ele.
Quem quer que fosse.
Continuei a esboçar o alfa quando olhei para cima e vi, para minha
surpresa e pavor repentino, que ele não estava lá.
"Nada mal." Eu ouvi uma voz baixa ao meu lado.
"Mas os olhos podiam estar um pouco melhores."
Virei-me para o ver, parado bem ao meu lado, olhando para o meu esboço.
Aiden.
Norwood.
Porra.
Antes que eu pudesse recuperar meu fôlego, ele olhou para cima e nossos
olhos se encontraram. Eu arfei, muito ciente que estava fazendo contato visual
direto. E imediatamente olhei para o lado.
Ninguém em seu perfeito juízo se atreve a olhar um alfa nos olhos.
Isso só poderia significar uma das duas coisas, ou você estava desafiando o
domínio do Alfa, praticamente uma tentativa de suicídio, ou você estava
convidando o Alfa para o sexo.
Como eu também não tenho essa intenção, minha única opção era desviar
o olhar antes que fosse tarde demais e rezar para que ele não interpretasse mal
o significado do encontro.
"Perdoe-me" eu disse calmamente, só para garantir "você me pegou de
surpresa."
"Peço desculpas", ele disse. "Eu não quis te assustar."
Essa voz, mesmo dizendo as palavras mais educadas que se possa imaginar,
elas soavam carregadas de ameaça. Como se a qualquer segundo, ele pudesse
cortar sua garganta mesmo com os dentes em forma humana."Tudo bem,
mesmo”, ele disse. "Eu não mordo... Só de vez em quando." Eu estava tão
perto que pude alcançar e tocar seus músculos ondulantes de sua pele dourada.
Levantei os olhos e pesquei.
Um rosto brutal, recortado, que não deveria ser bonito, mas era.
Sobrancelhas grossas que pareciam ásperas ao toque, como uma pitada de sua
forma de lobisomem e um nariz, ainda que ligeiramente torto — sem dúvida
quebrado em alguma luta passada — não maculava em nada seu sex appeal de
tirar o fôlego.
O Alfa deu um passo mais próximo, como se fosse para me testar. Eu
podia sentir cada pêlo em meu corpo se eriçar com o nervosismo. Ou... será
que era desejo?
"Da próxima vez que você me desenhar" disse Aiden, "chegue mais perto."
"Oh... ok" eu balbuciei como uma idiota.
Então, tão rapidamente quando ele apareceu, Aiden Norwood se virou e
sumiu, deixando-me junto ao rio, sozinha. Eu suspirei, sentindo cada músculo
do meu corpo se acalmar.
Não era nada comum ver o Alfa fora da Casa da Matilha, a sede de todos
os negócios dos grupos. Na maioria das vezes, nós víamos o Alfa em reuniões
ou bailes, sempre algo formal. O que tinha acontecido hoje era raro.
Eu já podia ver, pelo olhar invejoso das fãs de adoradoras de Aiden que o
haviam seguido até o rio, apenas para serem ignoradas, que isso podia sair do
controle.
Até mesmo o cheiro de interação com o Alfa. Especialmente para uma
jovem plebeia como eu, seria suficiente para mandar as novinhas mais
histéricas à loucura, derrubando as paredes da Casa da Matilha, só por mais
um gostinho dele.
Um evento dessa magnitude certamente irritaria o Alfa e um Alfa
estressado significava um alfa disfuncional, o que significa uma alcateia
disfuncional... deu para entender. Não ia ser bom para ninguém.
Decidi, com a pouca luz que restava do dia, que terminaria de desenhar
para me distrair, só eu e o rio — em paz, mas tudo que pude ver foram os
olhos de Aiden Norwood e como eu os tinha desenhado muito mal, o alfa
estava certo, eu podia fazer melhor.
Se eu pudesse chegar mais perto... mais perto, mas quando eu poderia estar
tão perto outra vez?
Eu não sabia então o que sei agora, que dentro de algumas horas a Bruma
estava prestes a começar.
Que eu estava prestes a me tornar um animal parado por sexo e que Aiden
Norwood, o Alfa da matilha da Costa Leste, iria desempenhar um papel muito
proeminente no meu despertar sexual. Só a ideia era o bastante para fazer
qualquer uma uivar.
Capítulo 2 - O Perigo
Mãe: Querida Sienna. Onde você está?
Sienna: Mãe, quantas vezes eu tenho que te dizer
Sienna: Você não precisa começar as msgs usando querida
Mãe: Mas é mais especial assim! Como uma carta só para você.
Sienna: emoji revirando os olhos
Mamãe: Vem logo para casa!
Mãe: Sua irmã está aqui.
Mãe: Trouxe o Jeremy
Mãe: Você sabe o que isso significa
Mãe: FOFOCA FRESQUINHA
Sienna: ... legal?
Sienna: Chego em breve
Mãe: Ótimo. Com amor, mamãe.
Sienna
Você não pode decidir quando e onde a Bruma ataca.
Dirigindo? É melhor encostar rápido ou você causará um engarrafamento
de cinquenta carros.
No trabalho? Bata o ponto e corra para as colinas ou você e seu chefe
podem se tornar muito mais que colegas.
Quando me sentei para jantar, rezei para que ela não me atingisse enquanto
estivesse com minha família — o pior lugar possível, na minha opinião.
Enquanto ajudava a pôr a mesa e servia um prato de lasanha caseira para
Selene, olhava para a porta traseira, caso tivesse que fazer uma fuga
improvisada.
Sentei-me para comer com toda família, que já estava no meio de uma
conversa animada.
"O que é, Jeremy?" disse minha mãe, acenando com a cabeça para o
companheiro da minha irmã. "Você mal disse uma palavra desde que entrou.
Como vai o trabalho?"
"Você não tem que responder a isso, conselheiro." disse Silene, disparando
um brilho divertido sobre a mãe.
"Bem" — Jeremy riu — "se você está pedindo fofoca sobre nossa
liderança, Melissa, você sabe que eu não posso divulgar essa informação.
"Nem um aceno de cabeça para confirmar ou negar?"
"Mãe." disse Silene. "Ele é o advogado principal da matilha, seu trabalho é
guardar segredos."
"Mas..." A mãe suspirou, "Eu não preciso saber nada confidencial. Só um
pouco de conversa. Como... é verdade que nosso Alfa e Jocelyn não estão mais
juntos agora ela estaria namorando com seu beta, Josh?"
"Mãe", Selene e eu dissemos em uníssono.
Jeremy sorriu. "Tenho o direito de permanecer calado."
"Ah, mas vocês não têm graça nenhuma mesmo."
A mulher agia mais como uma adolescente do que as duas filhas juntas,
mas nós a amávamos por isso, quase sempre.
"Você poderia perguntar sobre o meu trabalho sabia", disse Selene.
"Eu perguntei não foi?" ela perguntou através de uma boca cheia de
lasanha. "Tenho certeza que sim." Selene rolou seus olhos. A mãe sempre quis
que Selene seguisse uma carreira estável. A moda, pensava minha mãe, não era
uma profissão, era um hobby.
"Num dia está em alta, no outro, em baixa." ela diria "É assim com as
roupas e toda a indústria, Selene! Pense a longo prazo."
Bem, agora Selene havia conseguido, provando que anos de conselhos da
mamãe estavam errados, e estava trabalhando ativamente em uma das
principais empresas de design de moda da cidade.
Mas Selene sempre deixou os insultos da mamãe passarem batido. Em
todos os níveis, ela era a versão mais bonita, mais inteligente e mais bem
sucedida de mim.
Sempre que eu dizia isto em voz alta, o que eu fazia — muitas vezes — a
Selene me empurrava suavemente e dizia apenas: "Você ainda é jovem, Si, dê
tempo ao tempo."
Mas quando se tratava dos meus sonhos, da minha futura carreira como a
maior artista do mundo, eu nunca tinha sido paciente. Um dia, eu ia abrir
minha própria galeria.
Um dia em breve, prometi a mim mesma. Eu não me importava com o que a
mãe dizia. Selene havia provado que ela não estava certa sobre tudo.
"Não tem problema mãe", disse Selene, mudando de assunto. "As fofocas
são mais interessantes mesmo... Por falar nisso…” Os olhos de Selene
piscaram para mim, eu fiz que não com a cabeça veementemente. Não. Não.
"Tem ideia de quem poderia ser seu parceiro para a temporada, Si?"
"Aaaah, sim", disse mamãe, voltando-se para mim. "O que eu devo dizer
— quem está no cardápio este ano?"
"Uma loba nunca revela seus segredos", disse eu, bancando a tímida.
Por um segundo, minha família realmente parecia que ia deixar para lá.
Eu tinha uma maneira de mudar essa conversa de direção, assumindo o
controle, mantendo a atenção em qualquer um, menos em mim, embora eu
fosse a mais jovem, sempre tive essa habilidade autoritária, mas minha mãe
percebeu.
"Lá vai ela novamente" disse mamãe, balançando a cabeça. "Nossa
pequena dominante sempre nos obriga a submeter aos seus caprichos. Anda,
Si, diga-nos, tem algum menino?"
"Alguns de nós gostamos de manter nossa vida privada, mãe", disse eu.
A mãe encolheu os ombros. "Não há nada a esconder. Eu sei que seu pai
certamente está ansioso pela Bruma deste ano, não é, querido?"
"Estou contando os segundos", disse papai, segurando seu copo de vinho,
sorrindo maliciosamente.
"Gente" POR FAVOR. Que nojo." Foi grosseiro, claro, mas essa não foi a
razão pela qual isso me incomodou tanto. Minha mãe sempre havia sido uma
criatura sexualmente liberada. Não, o que eu não gostava era da mentira.
Quando eu disse que minha virgindade era meu segredo, eu falava sério.
Nem mesmo minha mãe sabia.
O que era estranho por que sempre fomos tão abertos uns com os outros,
sobre tudo, Ela nunca me escondeu a verdade.
Não sobre como ela conheceu o pai, que era um humano. Não sobre como
os dois tiveram sua única filha, Selene. E certamente não sobre como eles me
encontraram.
Eles não são de fato meus pais biológicos.
Fui descoberta em um carro abandonado em frente ao hospital onde
minha mãe trabalhava. Não que isso importasse, mamãe sempre tinha dito.
Eu estava prestes a mudar o assunto para qualquer outra coisa além da Bruma
quando algo aconteceu.
Eu congelei. Um calor derretido lento e pulsante inflamou-se dentro do
meu ser, fazendo meu corpo sentir como se estivesse em chamas.
A respiração tornou-se impossível, o suor cobriu cada centímetro da minha
pele, e antes que eu pudesse resistir, a costura do meu jeans apertou
firmemente na minha virilha.
Eu tremia de desejo de forma repentina e insuportável.
CACETE
Um arfar forte deixou minha boca antes que eu pudesse pará-lo, e quando
abri meus olhos, que eu não conseguia lembrar de fechar, vi que todos na sala
de jantar tiveram a mesma reação que eu.
Não, não, não.
Não aqui.
Não com a família
A maneira como minha irmã olhou fixamente para Jeremy. A maneira
como minha mãe se levantou de seu assento, inclinando-se para meu pai.
Eu não podia suportar isso. Corri da sala o mais rápido que meus pés
podiam me levar.
A cozinha.
O corredor.
A porta da frente.
E na noite fria que eu desmaiei de joelhos.
A Bruma rastejou pelo meu corpo como uma cobra venenosa, meus
mamilos enrijeceram e meu estômago estremeceu, apertado de tanto desejo
sexual. Minha garganta estava entupida e eu lutei para respirar, mesmo na noite
ventosa, minhas roupas estavam grudando na pele, eu queria me despir.
Eu queria as mãos de alguém nos meus seios, na minha barriga, no meu
sexo...
Oh, Deus. A Bruma nunca havia sido tão forte.
Foi provavelmente um acúmulo de todas as necessidades e frustrações
sexuais que reprimi durante as três últimas estações.
Eu devia ter esperado isso. É claro que isto ia acontecer. O que eu estava
pensando? Eu não estava. E agora eu estava pagando o preço.
Olhei atrás de mim em minha casa, um lugar onde normalmente eu
encontraria segurança e conforto, mas não nesse momento. De jeito nenhum.
Meus pais provavelmente já estavam aproveitando a Bruma ao máximo.
A ideia de Selene e Jeremy não foi muito melhor, mas eles agiam mais
como pessoas, menos como lobos, respeitando limites, privacidade, normas
sociais. Provavelmente conseguiriam voltar ao seu apartamento no centro da
cidade antes de finalmente agirem em função do impulso.
Eu tirei todos da cabeça e corri para a trilha em direção ao bosque.
Passei por humanos, totalmente alheios, cuidando de seus próprios
negócios, e alguns lobos que estavam, como eu, na primeira etapa da bruma
tentando se orientar, mas é fácil para eles, eles não eram virgens, tinham tido
muito sexo durante as estações passadas, eu não. Eu estava perdendo a cabeça.
Na entrada da floresta, eu me despi. Eu não me importava se alguém me
visse. Eu precisava me transformar.
Aqui mesmo.
Agora mesmo.
Normalmente, eu só me transformava apenas quando gozava das
faculdades mentais — não quando a Haze estava assumindo o controle. Não.
Eu não podia mais permanecer nesta forma humana.
Fechei os olhos e senti o êxtase da mudança.
Normalmente, eu sentia cada pedaço da transformação: os membros se
esticando, o corpo crescendo alto, o pelo vermelho, que brotou da minha pele.
Cobrindo-me por inteiro.
Mas não agora. Agora, eu não senti nada além da bruma.
Eu respirei e minha voz saiu como um rosnado. Meus dedos, agora garras
pretas como carvão. Através dos olhos de um lobo, tudo era mais agressivo,
mais violento.
Especialmente agora. Quando a bruma estava só começando.
Agora em plena forma de lobo, eu corria para dentro da floresta.
O vento frio soprava meu pelo, o chão duro era úmido sobre minhas patas
e os odores do bosque enchiam meu focinho.
Um uivo ressoava na floresta. Do tipo livre. Do tipo que estava
procurando um parceiro.
Eu me amaldiçoava interiormente. Na fúria da bruma, tinha me esquecido
de pensar nas implicações. Entrar na floresta no início da temporada foi como
pedir para transar. Estes bosques eram como um bar universitário, cheios de
sede e impulsos estúpidos.
A qualquer momento, um lobo ia sentir meu cheiro e reconhecer que eu
não tinha nenhum apego. Eles iam me perseguir até que eu cedesse. Mais de
um, eu tinha certeza disso.
Um jogo, um desafio, para quem poderia ganhar a loba sem parceiros,
mesmo se meu corpo implorasse para discordar, eu não cederia tão facilmente.
Estes lobos poderiam ter o tanto de sexo que quisessem, eu não estava
julgando, mas eu estava esperando. Esperando aquele momento, aquele
instante, aquele súbito e indescritível olhar de reconhecimento quando duas
pessoas fazem contato visual e sabem que são companheiros para a vida.
Eu mal podia esperar para que isso acontecesse.
Mas aqui na floresta, no início da bruma? Era improvável, para dizer no
mínimo.
Tornei-me hiper consciente dos lobos machos, de cada movimento, de
cada cheiro.
Corri descaradamente, liberando feromônios no ar, atraindo-os para mais
perto, e logo soube que eles teriam me encurralado. Cinco deles. Todos lobos
machos famintos.
Meu corpo gostou. Gostou de mais. Por um segundo, eu me perguntei se
este seria o ano.
Será que eu finalmente cederia? Será que eu cederia a estes cinco machos,
levando-os todos de uma só vez? Será que eu finalmente perderia minha
virgindade, ali mesmo, no meio da floresta?
Quando a bruma assumiu o controle e todos os meus desejos de esperar
pelo meu companheiro começaram a derreter, eu me perguntei: O que me
impedia? Honestamente? Eu era o que eu queria.
Ou será que era?
Capítulo 3 - Um Convite
Sienna
Nunca na minha vida eu quis tanto sexo
Não só atrai os lobos com meu cheiro... Eu podia vê-los.
Vi um grande lobo loiro, uma visão estranha se você não soubesse que ele
era loiro em forma humana, contornando uma árvore, perseguindo lentamente
na minha direção. Ele era grande, mas não o suficiente para ser um alfa. Seus
olhos, como a maioria dos lobos, eram de um ouro brilhante. Eu era uma
exceção, meus olhos eram tão azuis gelados em forma de lobo como em
forma humana.
Pelo olhar de apreciação que o lobo loiro me deu, ele também reconheceu
essa singularidade.
Vi os outros quatro circularem ao meu redor. Um chegou tão perto que
pude sentir seu nariz no meu traseiro, farejando minha excitação.
Os dois à minha direita estavam rosnando de luxúria sem esconder, o da
minha esquerda lambendo seus lábios, e o grande loiro a minha frente se
agachou em antecipação, pronto para atacar.
A maioria dos lobisomens prefere fazer sexo na forma humana, mas estes
cinco estavam na bruma e queriam agora.
Eu estava prestes a fechar os olhos e ceder a esta orgia violenta e
animalesca.
Meu corpo gemeu enquanto o lobo atrás de mim lambia minha perna
traseira. Eu queria que estes machos me tomassem, que me comessem até eu
esquecer quem eu era... até que me lembrei do rosto dela.
O rosto de Emily.
Apenas um flash e foi o suficiente. Como um balde de água gelada
derramado por todo meu corpo, eu saí da névoa. Era apenas um calor tedioso
no meu estômago agora.
Eu tinha o controle.
Eu rosnei o mais alto que pude, fazendo com que estes lobos soubessem
que eu não estava interessada, mas — típico de homem, aliás — eles não
gostavam de seguir ordens. Eles continuaram lambendo e se aproximando.
Cansada dessa merda, rosnei novamente. O tipo de rosnado que dizia:
"Ponha uma pata em mim, e você vai perdê-la."
O lobo loiro diante de mim podia ver minha expressão. Eu não estava
brincando. Ele virou as costas. Os três lobos para o meu lado perceberam um
segundo depois e recuaram.
O único que parecia ter problema para entender sinais — ou melhor, de
cheirar — sinais — era o que estava atrás de mim. Aquele que tinha conseguido
dar uma fungada. Ele se inclinou para frente novamente.
É isso aí, pensei eu.
Eu me virei rapidamente e afundei meus dentes afiados em seu pescoço.
Eu me fixei com força, fazendo-o sangrar.
Ele gritou de dor, lutando para se afastar, mas eu não larguei. Este lobo
aprendeu sua lição hoje.
Somente quando senti que estava prestes a rasgar sua jugular é que eu
soltei. O lobo não para de olhar fixamente.
Ele sabia quem estava no comando agora, virando e arrancando dali para
fora. Quando olhei para trás, os outros quatro tinham desaparecido.
Satisfeita, eu corri mais para dentro da floresta. Eu podia sentir o cheiro do
sexo no ar.
Minha bruma começou a rastejar e eu continuei correndo, tentando
reprimi-la. Não consegui deixá-la sair. De novo não.
Quando voltei ao local onde havia jogado minhas roupas fora, me
transformei de volta.
Desta vez, eu senti cada detalhe excruciante, os desbastes de ossos, o
pescoço ficando esbelto, as pernas traseiras se esticando, os braços dobrando e
se desdobrando.
Tomei fôlego, arfante, ali parada, nua como no dia em que nasci.
Agradecendo a Emily por ter vindo em meu auxílio... por mais dolorosa que
fosse aquela memória.
Eu não estava prestes a ir para lá. Agora não. Não, o que importava é que
eu tinha resistido.
Minha virgindade estava intacta. Salva para quem eu chamaria de meu
companheiro. Mesmo que a bruma estivesse apenas começando...
"Deus", eu pensei e vesti rapidamente minhas roupas.
 
Selene: A barra está limpa, mana.
Selene: Um pouco surpresa porque foi bem rápido, pelo que eu ouvi.
Sienna: Eca
Sienna: Sem detalhes
Selene: Você é uma quadrada. Estou feliz que a mãe e o pai ainda...
Sienna: PARA. PFVR...
Selene: Emogis de sexo
Sienna: Obg por isso
Sienna: Você não foi para casa?
Selene: Saindo agora
Selene: Você achou seu parceiro hj?
Sienna: Não é da sua conta
Selene: Tenho a sensação que você vai conhecer seu companheiro nessa
temporada.
Selene: Pode-se chamar de instinto loba.
Sienna: Duvido
 
Selene sempre teve um dom de ver o futuro, uma espécie de coisa do sexto
sentido animal, mas eu não via como esse futuro poderia ser possível.
Eu encontrar meu companheiro? Eu tinha passado a noite fora e não tinha
encontrado um único lobo que se encaixasse na descrição. Ainda havia tempo,
é claro. Uma temporada inteira.
Quando cheguei em casa, meus pais já tinham resolvido as pendências para
passar a noite.
Meu pai estava sentado na sala de estar, vendo as notícias locais, enquanto
minha mãe dobrava a roupa.
"Você mal comeu, hein?" perguntou papai.
"Estou bem", disse eu, dirigindo-me para as escadas.
"Ela está bem cheia... aposto", sorriu mamãe.
"Que nojo, mãe."
Mais uma vez, senti uma pontada de culpa por não dizer a verdade à minha
mãe, sobre minha virgindade, sobre tudo, mas eu me livrei disso.
"Por que Selena e Jeremy se apressaram? Eles acabaram de chegar aqui".
"Uma reunião urgente na casa da matilha", disse mamãe. "Ficou curiosa,
não ficou?"
Pensei novamente no alfa, que eu tinha encontrado à beira do rio. Com
seus olhos brilhantes. O que estava acontecendo que eles precisavam para
envolver Jeremy, o advogado da alcateia?
"Fico pensando", disse minha mãe com os olhos brilhando, "Você acha
que as histórias são verdadeiras? Sobre a vida do alfa? Isso explicaria por que
ele anda tão estranho."
"Mãe. Pare de se intrometer na vida de outras pessoas."
"Ah, mas é tão divertido. Você deveria tentar um dia desses."
Com Aiden Norwood, tive que admitir o desejo de fofocar, de me
intrometer, de saber tudo o que havia para saber, fez minha imaginação correr
solta, o próprio pensamento dele fez com que a bruma ressuscitasse. Corando,
eu subi as escadas.
"Eu vou para cama."
"Bons sonhos, minha querida" mamãe gritou. "Espero que sejam doces...
se é que você me entende." Eu revirei os meus olhos e não pude deixar de rir.
Mas quando tranquei a porta, apaguei as luzes e desmaiei na minha cama.
Tudo o que pude imaginar foi Aiden Norwood.
Foi uma tortura. Ao adormecer, rezei para que eu nunca mais tivesse que
ver o alfa.

***
Michelle: OMG. Você ouviu...
Siena: Ouviu o que?
Sienna: ????
Sienna: Você não pode enviar uma mensagem dessas e não falar mais
nada.
Sienna: MICHELLE
Sienna: Olá?
Michelle: Convite para todo mundo para ir para a casa da matilha.
Siena: Não acredito. Mas não tem nenhum baile acontecendo.
Michelle: É um sorteio.
Michelle: Os convites já foram feitos.
Siena: Então só umas 5 famílias devem ir.
Michelle: Nunca se sabe.
 
Eu rolei meus lençóis desligando a tela do celular. Michelle era
absolutamente obcecada — por estar — por dentro das fofocas, dito isso,
geralmente, os seus furos estavam mais para boato que qualquer coisa...
Isto. Este foi um daqueles artigos que você nem leu, apenas escaneou
enquanto continuava bebericando seu café e adiando a ida ao trabalho ou à
escola.
Quem se importava que o alfa tivesse algumas famílias aleatórias
convidadas para a casa da matilha?
Claro, era fora do comum, mas era apenas uma forma de a liderança
mostrar que se importava com todos os que estavam na alcatéia.
Era política, imaginei. Nada além.
Nada digno de um texto das sete horas da manhã.
Fantástico, eu pensei. Agora eu não conseguiria voltar a dormir mesmo que
tentasse. Michelle tinha mesmo que trazer o alfa à tona.
Aiden e o perigo — Não é uma boa combinação.
Levantei-me desci as escadas, surpresa ao ver Selene, Jeremy, mamãe e
papai reunidos em volta da mesa da cozinha, todos olhando para alguma coisa.
"O que está acontecendo?" perguntei esfregando meus olhos, ainda
grogue.
"Ah, nada", disse Selene. "Estamos aqui parados feito bobos por diversão."
"Do que você está falando?"
"Venha ver, boba."
Caminhei. Olhei para o centro da mesa e paralisei.
Sem chance.
Não podia ser.
Só poderia ser uma brincadeira.
Era um convite para a casa da matilha.
"Porquê... porque a gente?" era tudo que eu conseguia dizer.
"Você sabe como funciona", disse Selene. "É uma loteria. Isso ou... Jeremy
manipulou."
"Eu nunca faria isso", disse Jeremy com uma risada.
Ocorreu-me então uma ideia irracional. Uma suspeita tola que não poderia
ser verdadeira. Mas que, por apenas um instante, parecia tão real que tinha que
ser.
E se. Eu me perguntava... "E se Aiden Norwood manipulou a loteria só
para me ver novamente."
Vamos lá. Quem eu estava enganando? Não havia como o alfa sequer se
lembrar de mim, muito menos chegar no extremo destes.
Eu era apenas uma garota que ele tinha pego desenhando-o... certo?
Mas quando olhei para Jeremy, havia algo que eu não conseguia ler em sua
expressão algo suspeito. Como se a coisa toda fosse relacionada a mim de
alguma forma.
Mas como?
Não tive tempo de analisar demais o olhar de Jeremy porque a minha mãe
agarrou eu e a Selene pelos ombros transbordando de excitação.
"Dá para acreditar nisso? Uma audiência privada com alfa!".
"Não é bem privada”, lembrou Jeremy. "Há algumas outras famílias vindo."
  "Oh, qual é a diferença? Vai ser muito divertido. Quem sabe quão
interessante essas coisas podem ficar? Declarou ela se entusiasmando com o
convite.
Diversão? Toda a minha família era louca? Não, não ia ser divertido.
Nós tínhamos acabado de começar a Bruma e enquanto meus pais e minha
irmã tinham um parceiro para, aham, e você-sabe-como, eu não tinha. Um fato
que seria óbvio, para todos lobisomens macho sem par dentro do meu radar
de cheiro.
Eu não era anti-sexo. A única coisa que eu queria era encontrar meu
companheiro, mas pensar o que eu encontraria na casa da matilha, de todos os
lugares? Por favor. É coisa demais para uma pobre loba virgem suportar.
Eu não sabia sobre as outras famílias que estavam participando do jantar,
que ia ter alguém solteiro e à procura.
Eu engoli em seco. Ia ser um desastre.
Capítulo 4 - O Vestido
Aiden
Festas. Deus, eu odiava festas. Não me entenda mal. Elas têm sua
importância. Dar à matilha uma chance de conhecer seu líder? Conhecer,
respeitar e temer seu Alfa?
Essencial.
Mas, normalmente, tínhamos que nos preocupar com apenas dois eventos
por ano. O Baile de Inverno e o Solstício de Verão. Este jantar foi ideia do
meu beta, o Josh.
E, embora eu amasse o pentelho loiro, a última coisa que eu queria era
planejar uma festa extra.
"Então, queremos a plataforma elevada ou não?" Josh perguntou, andando
e olhando para sua prancheta. "Por um lado, dar a você um assento acima dos
plebeus vai cimentar ainda mais sua superioridade. Por outro lado, estar no
mesmo nível deles tornará sua relação mais familiar..."
"Josh, por favor." eu rosnei, balançando minha cabeça. "Podemos falar
sobre outra coisa além da disposição dos assentos?"
Josh parou, largou a prancheta e me olhou bem nos olhos.
Ele era provavelmente o único lobisomem em toda a matilha que tinha
coragem suficiente para fazer contato visual direto com seu Alfa, mas isso só
acontecia porque quando Josh me encarava, não era um olhar desafiador. Era
o olhar do meu melhor amigo. Eu sabia a diferença.
"Normalmente, você gosta de repassar cada detalhe."
Era verdade. Eu me preocupo com os detalhes. Não sou implicante, mas se
você é o Alfa, tem que ser assertivo o tempo todo, em relação a tudo.
Mas agora?
"Só não estou no clima. Josh." eu disse. "Pode ser?"
"Claro. É só que... acho que esta noite será boa para você, para o moral da
matilha. E, quem sabe, talvez para alguma garota de sorte..." Ele sorriu
maliciosamente.
"Você está bancando o casamenteiro comigo, de verdade? Ou foi ideia da
Jocelyn?"
Notei o corpo de Josh enrijecer com a menção da sua parceira atual. Ela
tinha sido minha na temporada anterior, mas não havia ressentimentos. Nós
dois éramos adultos.
Agora com uma ligação a mais.
Josh se sentou à minha frente, e eu soube pelos braços cruzados, que ele
estava prestes a me dar uma lição de moral, sua marca registrada. Ótimo.
"Olha. Aiden." disse ele, agitando os braços animadamente. "Eu sei que
você tem passado por muita coisa ultimamente, cara. A Matilha da Costa Leste
enfrentou muitos desafios nos últimos meses. Agora você está em outra
temporada sem companheira. Cacete, você nem escolheu uma nova parceira."
Eu senti meu lábio curvar. Josh deve ter notado porque olhou para baixo e
mudou rapidamente de assunto.
"A questão é", Josh continuou, "você não tem sido você mesmo
ultimamente. Estou dizendo isso não apenas como seu beta, mas como seu
amigo, cara. Estou preocupado com você. Se você não encontrar uma
companheira logo... se sua vida amorosa está desequilibrada, então..."
Eu olhei para o lado. Josh estava certo em estar preocupado, quando os
alfas não tinham uma parceira durante a Bruma — mesmo que fosse uma
amizade colorida — a liderança inteira ficava abalada, mas, eventualmente,
todos os alfas tiveram que achar uma parceira ou então seus poderes
enfraqueceriam lentamente e eles seriam substituídos por um alfa mais forte.
Mas Josh não sabia de tudo.
Eu tinha um segredo que valia a pena guardar nesta temporada. Um
motivo para esperar.
"Entendo sua preocupação, Josh." eu disse, voltando-me para ele." Mas
não meta seu nariz em minha vida privada, entendeu? Estou falando agora
como seu Alfa."
Então, eu encarei Josh nos olhos. Havia uma tensão palpável entre nós. Por
um segundo, seu olhar permaneceu. E não apenas como meu amigo.
Ele ousaria desafiar meu domínio?
Mas, finalmente, Josh olhou para baixo e acenou com a cabeça.
"Certo, meu Alfa", ele disse calmamente.
"Isso." eu disse, já me sentindo melhor.
Levantei-me e dei a volta na mesa para considerar a prancheta de Josh,
dando uma olhada na disposição dos assentos, uma ideia começando a tomar
forma.
 "Se estamos falando de detalhes, há um pequeno ajuste que eu gostaria de
fazer..."
 
Sienna: Ok, pessoal.
Sienna: hora da confissão
Michelle: você foi convidada para a casa da matilha, todo mundo sabe
Sienna: O quê?? Como???
Erica: emoji de festa
Mia: AEEE MIGAAA
Michelle: foi mal, miga. Vc sabe que eu nunca fico de boca fechada
Sienna: Você é a pior, Michelle.
Mia: Então, já que estamos jogando as bombas
Mia: Harry e eu
Mia: é possível que a gente tenha... acasalado
Sienna: WHAAAATTT?!?
Michelle: 3 emojis de coração
Michelle: parabéns garota! (zero chocada mas ok)
Sienna: Tão feliz por você, Mia!!!
Erica: yay mia!
Erica: por que eu sou a única sem novidades
Mia: obrigada, pessoal.
Mia: Mas Si, é melhor você nos enviar atualizações esta noite.
Michelle: especialmente se for sobre o nosso alfa sexy...
Sienna
Eu sei que provavelmente deveria ter me distraído com o evento na casa da
matilha, mas não conseguia parar de pensar em Mia e Harry. Eu não podia
acreditar.
Mia acasalou-se com o maldito Harry Milton.
Por anos, os dois foram melhores amigos. Cem por cento amizade sincera.
O fato de que agora, de repente, os dois não estavam apenas ficando...
acasalados pra valer?
Era quase inédito.
Normalmente os companheiros sabiam na primeira vez que se olhavam
nos olhos. Eles reconheceram a conexão em algum nível animal mais
profundo.
Isso acontecia com meus pais, com Jeremy e Selene, com quase todo
mundo que eu conhecia.
Mesmo as pessoas que acabaram se tornando companheiros após anos
sendo amantes eram mais comuns do que o que aconteceu com Mia e Harry.
Que vaca sortuda, pensei.
Admito que fiquei com um pouco de inveja. Que sonho encontrar um
companheiro que já sabia tudo sobre você, em quem você confiava. Parecia
tão lindamente simples.
Ao contrário da minha situação sem sexo, sem companheiro, totalmente
nebulosa.
Abri meu armário e procurei algo para vestir no jantar. Eu não tinha nada
nem perto de elegante o suficiente.
Uma batida na porta do meu quarto chamou minha atenção.
"Eu sabia que você era um caso perdido, mana", Selene disse, entrando. "É
por isso que vim preparada..."
Em suas mãos estava um lindo vestido de noite, feito de seda verde-claro,
tão longo que parecia não ter fim. Eu só precisava dar uma olhada para saber
que era perfeito.
"Como você..." eu disse.
"Comprei para um baile há dois anos, mas com o meu tom de pele?
Simplesmente não ficou bom. Eu nem usei. Então, eu guardei para uma
eventualidade."
Eu podia ver por que não teria funcionado. Selene era uma loira platinada.
Verde pedia cabelo ruivo, como o meu.
"Bem", pressionou Selene",você vai ficar olhando o dia todo ou
experimentá-lo?"
Eu não hesitei. Nunca tive vergonha de ficar nua perto da minha irmã, tirei
minhas roupas e coloquei o vestido. Parecia que tinha sido feito para mim.
Mesmo que Selene e eu fôssemos tamanhos diferentes. Ela era alta e
esguia, enquanto eu era mais curvilínea.
Então, como é que este vestido parecia ter sido embalado à vácuo?
"Eu fiz umas adaptações, só para você”, Selene disse, piscando, como se
estivesse lendo minha mente.
Eu dei uma olhada no espelho e não pude acreditar no reflexo que olhou
para mim.
O vestido terminava graciosamente nos meus tornozelos, com as costas
generosamente abertas afinando logo acima da minha bunda e a frente
acentuando meu decote.
Eu estava certa sobre a cor. Meu cabelo ruivo e olhos azuis brilhantes
faziam o verde se destacar positivamente.
"Papai vai ter um ataque cardíaco." Selene riu. "Você está maravilhosa.
Mas..."
Sim. Eu podia ver o que Selene estava dizendo. O vestido era
inegavelmente sexy, mas agora, eu não me importava. Nada parecia mais certo
no mundo.
"É perfeito", eu disse.
Selene sorriu e me deu um abraço.
"Vamos, vamos mostrar à mamãe."
Não demorou muito para que mamãe e papai tivessem suas reações
previsíveis.
"Vocês. Veja. PEDAÇO DE MAU CAMINHO!" Mamãe disse.
Eu fiz uma careta, essa escolha de palavras não poderia ser pior.
"Uh, sim", papai disse, olhando para qualquer lugar, menos para mim
diretamente." Muito lindo. Eu acabei de..."
"Tudo bem, pai. " Eu ri.
"Sabe", disse mamãe, dando um passo em minha direção",olhando para
você assim, quase consigo esquecer por um segundo que você tem apenas
dezenove anos. Isso me faz pensar... se um certo Alfa concordaria."
"Mãe”, eu disse, revirando os olhos. "Esta é apenas uma chance para os
locais conhecerem sua liderança. Dá pra trocar o disco?"
Mais uma vez, meu domínio da conversa sobre a família parecia estar
funcionando.
Eles já estavam perguntando a Selene o que ela estaria vestindo, mas então
minha mãe sacudiu a cabeça, lembrando-se de seu tópico favorito: fofoca.
"Sienna", ela disse, "sua mãe intrometida ouviu um pequeno boato, no
entanto, essa é a razão pela qual nosso amado Alfa estar convidando todos
esses estranhos para a Casa da Matilha? É encontrar uma amante para a
temporada."
E assim meu humor murchou de uma vez.
A última coisa no mundo que eu precisava era Aiden Norwood
procurando por uma amante esta noite e se decidindo por mim. Especialmente
depois de nosso encontro casual na margem do rio.
Eu não ia ficar na sombra de nenhum lobo, alfa ou não. Eu queria um
companheiro para a vida toda.
Eu fiz uma careta para minha mãe."Sério, mãe? Só por uma vez, você não
poderia..."
"Estou apenas dizendo!" ela disse, com as mãos para cima, na
defensiva."Ele não tem companheira para esta temporada. É proibido sonhar
agora, Sienna?"
Sim mãe. Estava errada, e não era uma fantasia. A ideia de estar com o Alfa
era ridículo. Já havíamos feito contato visual e nada havia acontecido. Então
não tinha como ele ser meu companheiro. Se qualquer coisa, ele só queria —
PORRA. Agora, eu estava pensando na gente transando.
Apenas a ideia por si só foi o suficiente para acender a Bruma adormecida.
Estava silenciosa até então — exatamente como eu gostaria que ela ficasse
pelo resto da noite.
Eu não poderia aparecer na Casa da Matilha cheia de lobos famintos...
daquele jeito.
"Eu preciso ir me trocar", gaguejei, virando-me e correndo para fora da
sala.
"Espere. Sienna." minha mãe gritou atrás de mim. "Eu só estava
brincando!"
Corri para o meu quarto e bati a porta, tentando tirar o vestido. Mas estava
tão apertado. E eu precisava de ar.
E...
E...
"Sienna." Eu ouvi a voz de Selene do outro lado da porta. "Não deixe a
mamãe entrar na sua mente. Vai dar tudo certo. Vai ser ótimo. Como você
disse, é perfeito. Não é?"
"Certo." Eu disse, acalmando minha respiração. "Obrigada. Selene."
Peguei um xale, para cobrir no mínimo meus ombros e minimizar a
sensualidade do vestido.
Eu só esperava que quando chegássemos à Casa da Matilha, a Bruma
estivesse diminuindo...
Enquanto dirigíamos, para a enorme mansão, longe da atividade de nossa
cidade, a única fonte de iluminação no tranquilo campo, e minha família
conversava ativamente, zumbindo de excitação, aconteceu de novo.
A Bruma pulsou, cutucou e penetrou cada canto do meu ser. Como se
soubesse, apenas por ver a Casa da Matilha, o que aguardava lá dentro... Era
um despertador e tanto.
  Por favor, não faça isso, implorei ao meu corpo. Por favor, não aqui.
Agora não, mas, como eu estava prestes a descobrir, meu corpo tinha outros
planos...
Capítulo 5 - A Festa
 
Sienna: Eu acho que não consigo
Sienna: Não posso entrar
Sienna: Estou perdendo o controle, Michelle
Michelle: ?!?
Michelle: tá falando sério doida?
Michelle: o mundo inteiro e a família MATARIAM para entrar na casa da
matilha
Michelle: o que tá pegando?
Sienna: Esse vestido é um exagero
Sienna: E com a Bruma...
Michelle: miga, pare, você é tá gatíssima. vá lá e se divirta
Michelle: você pode até encontrar um parceiro para a temporada!
Michelle: qual a pior coisa que pode acontecer?
Sienna
O pior que poderia acontecer? Ah. Michelle. Você não tem ideia. pensei.
Tínhamos acabado de estacionar e estávamos caminhando em direção às
altas portas da frente da Casa da Matilha.
Todo mundo estava vestido com esmero. A cada passo, eu podia sentir
minha condenação se aproximando.
Eu queria dar meia-volta e correr para casa.
Sim. mesmo de salto. Eu estava tão desesperada.
"Ah. que maravilha para nossa posição na Matilha." mamãe disse, alheia.
"Mal posso esperar para conhecer o Alfa. Eu juro que se eu fosse alguns anos
mais jovem..."
"Mãe, por favor." Eu implorei. "Pare."
Felizmente, minha mãe rapidamente se distraiu novamente e eu não tive
que explicar por que eu precisava que ela calasse a boca tanto.
A Bruma estava me dando trabalho agora. Durante todo o dia, tentei
reprimi-la, mas agora... Agora a Bruma decidiu que era uma boa hora para
tentar se apossar do meu corpo.
No momento em que estávamos no jantar. Por favor, eu implorei mais uma
vez ao meu corpo aquecido. Eu não tenho tempo para isso.
Foda-se, meu corpo estalou de volta. Ugh. eu estava conversando com meu
corpo agora. Estava perdendo a cabeça. Maldita Bruma.
Uma recepcionista humana nos cumprimentou e nos conduziu até a sala
de jantar.
Lustres, velhos retratos de antigos Alfas com uma dúzia de mesas com
talheres de prata dignos da realeza. Não para um bando de plebeus como nós.
Quando nos sentamos, percebi que nossa mesa era a mais próxima da
mesa do Alfa.
Coincidência? Lembrei-me do olhar estranho e demorado de Jeremy
quando ele trouxe o convite para nossa casa, mas eu ignorei isso. Sim. Era uma
coincidência. Tinha que ser.
Da minha cadeira, eu finalmente tive uma boa posição para julgar as outras
mulheres presentes.
Eu definitivamente não era a mais bonita, disso eu tinha certeza. Havia
outras mulheres jovens, mais ou menos da idade do Alfa, em seus vinte e
tantos anos, que eram simplesmente deslumbrantes. Com suas pernas longas e
delgadas, seus lábios carnudos e protuberantes e olhos dourados cintilantes, eu
sabia que não havia como comparar.
Eu tinha curvas. meu cabelo vermelho fogo caia descontroladamente nas
minhas costas e meus olhos azuis gelados eram menos comuns, eu acho, mas o
que me faltava em sofisticação, eu sei que compensava, em intensidade crua.
Ninguém naquela sala brilhava tanto, para melhor ou pior. "... o que uma
garota assim está fazendo aqui" Eu ouvi uma das mulheres sussurrar para suas
amigas. Eles riram.
Vacas maldosas.
Não era como se eles fossem da realeza também. Simplesmente se
enxergavam assim.
Eu sabia exatamente o que eu era, e não era uma loba me arrastando de
quatro, implorando para ser comida por um lobo importante da Casa da
Matilha.
Na verdade, eu representava algo.
Em algum lugar lá fora, havia um companheiro pelo qual valia a pena
esperar. Alguém que olharia nos meus olhos e realmente me veria. Alguém
que, à primeira vista, me amaria. E eu, a ele.
Aqui na Casa da Matilha? Não havia nada para ver.
Eu quase considerei ir embora, ali mesmo, quando notei um dos meninos
em outra mesa olhando meu decote. Não consigo explicar porque, mas fiquei
lisonjeada.
Nesse momento, uma mulher apareceu pela porta e os olhos do menino se
voltaram para ela imediatamente. Todos, até as mulheres, olhavam para ela.
Bronzeada, alta, com um pescoço longo, ela usava seu vestido vermelho com a
graça de uma rainha, não de uma loba.
"É ela! " Selene sussurrou. "Essa é Jocelyn, a ex de Aiden Norwood. E aí
está seu novo homem."
Ao lado de Jocelyn estava um gostosão loiro de cabelo espetado que todos
conheciam. Ele era o Beta do Alfa, seu número dois. Josh Daniels. Ele a beijou
na bochecha e sentou-se ao lado do Alfa.
Eu me perguntei se ele e Aiden ainda poderiam ser amigos, já que Josh
estava namorando Jocelyn agora.
O pensamento não demorou muito porque, a próxima coisa que vi, foi
Selene e Jeremy me pegando pela mão e me conduzindo.
O que?!
Por quê?!
Eu não tinha pedido para ser apresentada a ninguém.
"Jocelyn, você está radiante como sempre", Selene arrulhou.
"Oh. Selene, assim você me mima. Você está absolutamente deslumbrante
nesse vestido, respondeu Jocelyn. "E quem é essa garota linda? Sua irmã?"
Jocelyn agarrou minha mão e de repente me senti cheia da energia mais
quente e assertiva que se possa imaginar. Tanto que até minha Bruma deu uma
aliviada.
"É um prazer conhecê-la." Ela sorriu. "Eu sou Jocelyn."
"Sienna." consegui dizer.
Eu sabia, por aquele toque, que Jocelyn devia ser uma curandeira. Apesar
de sua beleza, ela era duas vezes mais legal do que a maioria das garotas aqui,
mas antes que pudéssemos continuar falando, fomos interrompidos por
suspiros por todos os lados.
Eu me virei para ver a vida da festa, o Sr. Aiden Norwood, Alfa da Matilha
da Costa Leste, entrou no salão.
Ele usava um smoking caro com uma gravata verde escuro, o que tornava
o verde em seus olhos dourados ainda mais evidente. Seu cabelo negro estava
despenteado, como se ele tivesse acabado de sair da cama. Sua mandíbula
estava cerrada, em um sorriso agressivo.
Eu tinha que admitir... só de vê-lo ali foi o suficiente para me deixar
molhada.
"Bem-vindos, meus membros do bando", ele disse, incapaz de esconder
um pouco do rosnado em sua garganta. "O jantar vai começar em breve,
então, por favor, sentem-se."
Embora sua declaração tenha sido simples, até mesmo como um
cavalheiro, eu senti uma corrente ameaçadora dentro de cada palavra. Isso me
deixou tensa. Isso me deixou com fome.
Isso fez com que a Bruma emergisse de seu sono temporário.
Com um sorriso torto, o Alfa se voltou para seu assento. Eu mal podia me
controlar. Faíscas percorreram meu corpo, colidindo entre minhas coxas,minha
garganta secou, minhas bochechas coraram com o calor renovado e eu tive que
morder meu lábio para evitar ofegar.
Controle-se! Eu gritei dentro da minha cabeça. Você não vai perder o controle na
frente de todos, entendeu?
Aiden se sentou ao lado de Josh e Jocelyn e, para minha surpresa,
conversou calorosamente com os dois. Portanto, os rumores não eram
verdadeiros. Não foi isso que o torturou. Então o que?
Eu sabia uma ou duas coisas sobre tortura agora. A Bruma estava me
destruindo sorrateiramente. Durante a temporada, era de conhecimento
comum que um lobisomem não casado poderia farejar se alguém por perto
estivesse na Bruma. Se eu não tomasse cuidado, se deixasse minha Bruma
assumir o controle, aqueles homens não acasalados começariam a me farejar.
Qualquer coisa menos isso, eu implorei mentalmente. Eu não posso suportar a
humilhação. Estar na Bruma em público era como dar ao mundo um convite
para te foder.
Quando o primeiro prato foi servido, o lobisomem solteirão que servia a
nossa mesa me cheirou e seus olhos brilharam, o que significava que eu
comecei a exalar o cheiro de Bruma.
Com o rosto em chamas, estreitei meus olhos em advertência e segurei seu
olhar, mostrando a ele que não estava interessada. Ele era bonitinho, não me
entenda mal, mas eu não estava me reservando para um garçom em um jantar.
Ele recuou imediatamente — cara inteligente — se distanciando de mim. Eu
estava prestes a soltar um suspiro de alívio quando senti os olhos de alguém
em mim. Não ousei erguer os olhos.
Esse olhar, de onde quer que estivesse vindo, tinha uma atração poderosa,
parecia estar intensificando a Bruma, ampliando-a. Fazendo-me queimar ainda
mais forte, se isso fosse possível.
Eu gemi, incapaz de suportar. Minha calcinha ficou melada de repente e
meu estômago apertou, fazendo todos os outros músculos do meu corpo
ficarem tensos também.
"Você não vai comer?"
Quase pulei quando mamãe falou. Eu me virei para dar a ela um sorriso
tenso e assenti, cerrando os dentes.
"Já, já."
Mamãe, sem notar meu desespero, deu de ombros e deu uma mordida em
seu salmão. Parecia delicioso, mas minha fome era fixada em algo diferente de
comida.
Os olhos ainda estavam em mim. Eu podia sentir. E pior, agora eu podia
sentir outros me olhando também. Meu cheiro estava flutuando por todo o
corredor, atraindo a atenção de todos os lobos não acasalados, exigindo um
escape.
Eu não tive escolha.
Eu tinha que me retirar.
Agora.
Levantei-me e murmurei um tenso "com licença." deixando meu xale sobre
a mesa e sai o mais rápido que pude daquela maldita sala de jantar. Eu sabia
que ia contra as regras pedir licença no meio da refeição, especialmente na
presença do Alfa. Era semelhante a um insulto a Sua Alteza Real.
Eu não dei a mínima.
Praticamente corri para o banheiro. Felizmente, estava vazio. Eu tranquei a
porta do box e me inclinei em sua parede, respirando pesadamente, a fina
camada de seda que me cobria era demais. Minha calcinha era demais. Tudo
era demais. Antes que eu pudesse me conter, puxei a bainha do vestido até a
cintura. Eu deslizei minha mão sob a minha calcinha, e com o toque do meu
dedo no meu clitóris, quase explodiu.
Comecei a massagear e não conseguia parar. O calor era totalmente
sufocante, por dentro e por fora, me consumindo.
Eu já tinha me masturbado muitas vezes antes disso. Era a única maneira
de passar por cada Bruma sem perder a cabeça, mas sempre fiz isso na
privacidade do meu quarto.
Nunca estava perto de tantos lobos famintos.
Nunca no banheiro da maldita Casa da Matilha.
Eu não pude segurar o gemido que escapou da minha boca com o toque
dos meus lábios molhados. A tensão, a necessidade, o fogo, era agonizante. Eu
ia explodir — de verdade dessa vez.
Mas então eu ouvi. A porta do banheiro se abriu e os passos ecoaram no
chão de ladrilhos. Não o clique agudo dos saltos femininos. O baque surdo
de... sapatos masculinos.
Eu congelei e meu coração bateu forte no meu peito.
Bem quando eu estava prestes a gritar com quem decidiu entrar no
banheiro e dizer a eles para me deixarem em paz. uma voz profunda e rouca
me deu um soco.
"Consigo farejar seu gozo, fêmea."
Minha respiração parou. Ai. Caralho. O Alfa estava parado do lado de fora
da cabine.
Capítulo 6 - A Marca
Sienna
Ele tinha me farejado no salão de baile. Ele sentiu o cheiro da Bruma e me
seguiu até o banheiro, mas será que Aiden Norwood podia farejar, agora, a um
metro de distância, apenas separado por uma frágil porta de metal, que eu
estava sentada com minha calcinha em volta dos tornozelos, meus dedos
dentro de mim, bem pertinho do orgasmo?
"A Bruma pode atingir você nos lugares mais imprevisíveis", ele rosnou,
mas havia uma diversão casual em seu tom que me enfureceu. Antes que eu
pudesse me conter, eu rosnei de volta. "E daí?"
Nossa, ninguém falava com o Alfa dessa maneira. Qual era o meu
problema, queria morrer? Eu lentamente puxei meus dedos. Meu corpo gemia
de frustração, mas minha mente — graças a Deus ainda funcionava — estava
assumindo o controle.
Quando me inclinei para puxar minha calcinha, Aiden sussurrou, e foi
como se não houvesse nenhuma porta entre nós: "E então, mulher? Por que
você não está resolvendo o problema?"
Mas ele não estava perguntando. Ele estava ordenando.
Um puro macho alfa do alto do seu pedestal, ordenando que um de seus
membros de escalão inferior entrasse na fila. Me chamando de "mulher" como
se eu não tivesse nome. Condescendente. Julgando.
Eu me endireitei, reajustando meu vestido, incapaz de controlar meu
temperamento. "O que te dá o direito de falar comigo dessa maneira?" Estava
enfurecida. "Para entrar em um banheiro feminino, me dizendo como devo me
recompor? Quem diabos você pensa que é?!"
Não tive a chance de pensar duas vezes, de me arrepender de minhas
palavras ou de implorar perdão porque, a próxima coisa que percebi, a porta se
abriu.
E lá estava ele.
Aiden Norwood, em toda a sua glória, aterrorizante e belo. Ele olhou
fixamente, os olhos verde-dourados brilhando, todo o seu comportamento
cheirando a agressão.
Graças a Deus eu puxei minha calcinha a tempo, ou quem sabe o que teria
acontecido. "Quem eu acho que sou?" ele perguntou. "Preciso te lembrar?"
Agora, enquanto o cheirava, percebi que o Alfa não estava apenas irritado.
Ele estava confuso. As perguntas sacudiram meu cérebro, mas não houve
tempo para respondê-las, porque a sua Bruma fez a minha ressurgir com uma
intensidade repentina e pulsante insuportável.
Logo minha raiva estava derretendo com o puro calor dela. Sucumbindo.
Querendo, implorando, precisando que ele se aproximasse.
Como se pudesse ler minha mente nublada, ele o fez, entrando na cabine.
Meu coração ameaçou abrir meu peito e minhas pernas ficaram bambas.
"Oq-o que você está fazendo? " Eu gaguejei.
"Você sabe quem eu sou", disse ele, dando mais um passo. "Diz."
"Você é o... o Alfa."
"O meu nome."
Será que eu ousaria? Ninguém deveria pronunciar esse nome além de seus
conselheiros mais próximos e parceiros sexuais.
Não. Eu balancei minha cabeça, me recusando a ceder. Forçando minha
Bruma a resistir. Não.
Tentei desviá-lo da cabine e ele levantou a mão, me bloqueando.
"Do que você tem medo? " ele perguntou.
Tentei afastar sua mão e ele agarrou meu pulso.
Eu deveria estar com medo. Eu deveria estar apavorada, sendo encurralada
por um lobisomem — pelo Alfa, nada menos que isso — em um banheiro.
Mas, na verdade, não acho que Aiden Norwood pretendia me forçar a
fazer nada contra a minha vontade. Acho que ele podia sentir a necessidade
absoluta de minha Bruma por ele.
Ele queria saber por que eu estava resistindo quando nenhuma garota havia
resistido a ele antes.
"Por favor... me deixa ir", eu pedi, a voz trêmula.
"Você ousa dar ordens ao seu Alfa?"
"Eu disse por favor, não disse?"
Não pude acreditar na minha própria audácia.
Pela primeira vez, pude ver seu rosto de perto. O tormento nadou dentro
daqueles olhos verdes dourados. Parecia que ele estava realmente considerando
meu pedido. Mas foi quando suas narinas contraíram.
Ele trouxe meus dedos — os mesmos dedos que estiveram dentro de mim
— até seu nariz.
Enquanto ele sentia o cheiro deles, eu senti sua Bruma pulsar dentro dele.
"Você estava... " ele começou.
"Tentando cuidar disso. Como você disse."
"Por que, quando um homem pode fazer muito mais?" Ele disse em um
sussurro rouco. A insinuação por si só fez meus olhos rolarem para trás. Eu
não pude evitar.
Eu grunhi.
Isso foi o bastante.
Um segundo depois, o Alfa me prendeu contra a parede da cabine. Minhas
pernas deixaram o chão e se enrolaram em seu torso.
Ele me pressionou mais perto e eu senti seu volume intumescido.
Uma onda quente de excitação brutal tomou conta de mim. Esta foi a
primeira vez que um homem me tocou dessa maneira. Eu me sentia tonta e
louca, fora de mim.
Então ele pressionou seus lábios no meu pescoço e, em vez de me beijar,
ele lambeu. Cada gota brilhante de suor que ele devorou.
Era demais para aguentar.
"Não... eu..."
Mas eu era impotente para resistir à névoa que nos prendeu.
Senti sua ereção pressionada contra minha calcinha úmida e gemi de
prazer, de dor, em tudo entre, minha mente embaçada com nada além de sexo.
As mãos dele. Deus, suas mãos. Eles deixaram meus pulsos, serpentearam
sob meu vestido e agarraram minha bunda nua.
Cada centímetro de suas mãos grandes, quentes e calejadas parecia que se
encaixavam ali.
Antes que eu soubesse o que estava fazendo, minha parte inferior do corpo
começou a investir contra o dele, fazendo-o rosnar.
Meus braços em volta do pescoço. Eu precisava tocá-lo, abraçá-lo,
pressionar cada parte de mim contra ele.
Eu o queria como nunca quis nada no mundo antes.
E então eu vi em seus lábios: um sorriso malicioso. Um olhar de
cumplicidade que parecia dizer: Eu sabia que ia conseguir te dobrar. A
satisfação, a presunção... quebrou o encanto, de uma vez.
Cega de raiva e nojo, rosnei e me esgueirei para fora de seus braços. A
Bruma ainda estava acesa, mas minha mente finalmente clareou. Eu conseguia
pensar de novo.
"Qual é o problema, mulher?" ele rosnou, divertido. Mulher. Mais uma vez,
fazendo de mim apenas mais um ninguém com quem ele pudesse foder e se
livrar.
"Me solta", eu disse entre os dentes cerrados. "Falo sério dessa vez."
"Você tem certeza?"
Mais uma vez, ele empurrou seu membro latejante para baixo de mim. Eu
tive que resistir à vontade de suspirar.
Aiden Norwood, o Alfa da Matilha Costa Leste, estava levando um fora
meu, Sienna Mercer, aqui em um banheiro da Casa da Matilha.
Como eu poderia ter me perdido assim? Por três anos de Brumas, fui capaz
de me controlar. Me focar e recusar toda tentação. Até agora.
Como eu poderia ter cedido, e com o Alfa, além de tudo?
Parte de mim se perguntou por que eu não podia simplesmente aproveitar
o momento. Mas outra parte, uma parte mais inteligente, sabia o motivo. Este
homem não era meu companheiro.
Disso, eu tinha certeza.
"Eu sei que você é o Alfa", eu rosnei. "Eu sei que devo me submeter, mas
—""Você não vai." Ele sorriu. "Eu sei. É disso que eu gosto."
Eu fiz uma careta. Aquilo foi uma surpresa. Ainda mais surpreendente foi
que, um momento depois, ele de fato cedeu. Ele me deixou no chão e abriu a
porta, gesticulando como se dissesse, pode ir. Mas seus olhos disseram algo
totalmente diferente. Eles pareciam dizer, isso está apenas começando.
Não hesitei em interpretar o significado. Eu tinha conseguido uma fuga e
ia aproveitar a chance.
Baixando os olhos e assumindo uma postura submissa, para mostrar meu
respeito por sua disposição de cooperar, endireitei meu vestido e corri para
fora do banheiro.
Quando a porta se fechou, eu ainda podia sentir os olhos verdes dourados
de Aiden Norwood perfurando minhas costas. O que diabos tinha acontecido?
Quando voltei para o meu lugar, notei alguns olhos me seguindo com uma
suspeita muda. O fato de eu ter fugido da sala de jantar e o Alfa ter me seguido
alguns minutos depois claramente não tinha passado despercebido.
Minha mãe foi a primeira a me olhar de cima a baixo.
"O que foi que.... Querida, seu cabelo” — Merda! Com meus olhos no
chão, eu não tive a chance de avaliar meu reflexo e ter certeza de que estava...
sei lá. Decente? Não como se eu tivesse acabado de me atracar com o Alfa?
Envergonhada, prendendo fios de cabelo atrás das orelhas e olhando para
o meu prato, tentei forçar minha mãe a deixar a coisa passar, mas eu sabia que
se ainda pudesse sentir o cheiro do Alfa em mim, minha mãe provavelmente
também podia.
"Podemos comer em silêncio?"
Depois de um segundo, felizmente, foi o que ela fez, me deixando em paz.
E logo a sala estava de volta a um ambiente barulhento, onde eu poderia
desaparecer no fundo e fingir que nada tinha acontecido.
Quando Aiden voltou para a sala, ninguém me deu atenção.
Talvez, eu pensei, eu escaparia desta Casa da Matilha com minha reputação
e meu corpo ilesos.
Quem sabe...
Quando o jantar acabou e tínhamos concluído com algumas das
formalidades, inclusive aquela em que as famílias encontram o Alfa e seu Beta
individualmente, o que evitei a todo custo, nossa família se dirigiu para a saída.
Eu estava quase escapando impune.
Foi então que percebi que havia deixado meu xale na sala de jantar. Cacete!
"Gente, esqueci uma coisa. Eu já volto", eu disse a eles. "Podem ir ligando
o carro."
"Claro, querida", disse meu pai.
Ele, minha mãe, Selene e Jeremy saíram enquanto eu corria de volta para
pegar meu xale. Eu estava morrendo de medo de que Aiden Norwood ainda
estivesse no corredor, que eu teria que encontrá-lo individualmente
novamente.
Mas, para minha surpresa, a sala estava deserta.
Peguei meu xale e fiz meu caminho de volta para as portas da frente da
Casa da Matilha.
O corredor que levava para fora estava vazio agora. Eu podia ouvir
algumas das famílias, do outro lado da porta, conversando entre si, prestes a
voltar para casa.
Meus dedos tocaram a maçaneta da porta quando eu senti. Uma presença
iminente diretamente atrás de mim. Um cheiro que reconheci.
Não, não, não...
"Antes de ir", Aiden Norwood sussurrou em meu ouvido",Eu tenho algo
para você." Sentir seu hálito quente no meu pescoço me fez estremecer de
prazer e nojo.
"Eu disse a você", eu disse, prestes a me virar",Eu não estou” — Mas antes
que eu pudesse dizer outra palavra, o Alfa trouxe sua boca para a curva do
meu pescoço e ombro. E, antes que eu pudesse impedi-lo, ele foi em frente.
Ele me mordeu.
O tipo de mordida que levaria meses para desaparecer.
O tipo de mordida que tornou óbvio para cada lobisomem no mundo
exatamente a quem eu pertencia. O tipo de mordida que gritava que eu
pertencia a ele.
Aiden Norwood tinha acabado de me marcar. "Você é minha para a
temporada", ele sussurrou. "Outro homem toca em você e eu o matarei."
Então ele se virou e me deixou lá na entrada da Casa da Matilha.
Eu não sabia se queria fazer amor com ele ou matá-lo.
Uma coisa era certa; um dos dois ia acabar acontecendo.
Capítulo 7 - As Meninas
Sienna
Quando alguém sorri em público, sozinho, sem motivo aparente, sem nenhuma
preocupação no mundo, isso só pode significar uma coisa: paixão na certa.
Isso foi o que eu vi quando olhei para Emily, minha melhor amiga, sentada no ponto de
ônibus, esperando por mim, chutando seus sapatos distraidamente. Um grande sorriso bobo
no rosto.
"Em!" Eu gritei, acenando.
Ela se virou, abalada por seus devaneios, e se levantou. Ela sorriu para mim, mas era
um sorriso diferente. Um sorriso mais moderado e familiar.
Nem perto do brilho do sorriso que ela guardou para si mesma.
"Ei, Si" ela disse, me dando um abraço rápido. "Então, o que está na agenda para
hoje?"
"Uma nova galeria que estou morrendo de vontade de conferir. Vamos!"
Achei melhor interrogá-la no caminho. Dê-lhe um segundo para se orientar primeiro.
Afinal, o amor não era uma prioridade na minha vida atualmente. Eu tinha apenas quinze
anos. A Bruma só começaria no ano seguinte. Nada no mundo poderia me preocupar agora.
Mas isso não significa que eu não estava curiosa. Enquanto caminhávamos por um
atalho panorâmico no meio da cidade, descobri que não conseguia mais me conter
"Então", eu disse, olhando para Emily, "tem alguma coisa pra me contar, Em?"
"O quê? "Emily disse rápido demais. "Eu... não sei do que você está falando."
Nada convincente. Suas bochechas vermelhas e olhos penetrantes traíram qualquer
segredo que ela estava escondendo.
"Qual é, Em!” eu disse, cutucando-a. "Sou eu. Você sabe que pode me contar qualquer
coisa"
Emily suspirou, olhos no chão, chutando uma pinha. Mas eu sabia que ela iria desabar.
Éramos melhores amigas. Nunca guardamos segredos. Por que Emily iria começar agora?
"Você jura não contar a ninguém?"
"Juro por tudo."
E eu falei sério. Os olhos de Emily finalmente encontraram os meus, e eu vi uma
sugestão daquele sorriso radiante nos cantos de sua boca. Ela mal conseguia se conter.
"Lembra como eu disse que queria dormir com alguém antes de começarmos o Trote?"
"Sim", eu disse. "Pra ser menos chocante, né?"
"Certo. Bem... acho que posso ter... conhecido alguém."
Eu parei, de queixo caído, agarrando o braço de Emily.
"Tá falando sério?! "Eu exclamei. "O QUÊ? Quando? Como? Quem? Eu quero
detalhes”.
"Eu vou te contar tudo, Si". Emily riu. "Uma coisa de cada vez."
Eu sabia, por aquele olhar no rosto de Emily antes, que havia alguém. Mas eu nunca
teria esperado que fosse... aquele tipo de pessoa. Do tipo com o qual você perde a virgindade.
"Só me diz uma coisa", eu disse, ficando séria.
"Tem certeza de que ele é o cara certo?"
"Não", Emily admitiu. "Mas ele é mais velho. Mais experiente, e isso me agrada.
Porque isso significa que pelo menos um de nós saberá o que estamos fazendo."
Nós rimos por um segundo e continuamos andando. Mas eu tinha tantas perguntas.
"Espera aí. Mais velho quanto, Em?"
"Dez anos?"
"Uau. Mais velho mesmo."
"Mas não importa. Ele é alto, bonito e tão confiante, meu Deus. Quando falo, é como se
ele realmente ouvisse. Com tanta... intensidade."
E eu pude ver pelo olhar de Emily, pelo sorriso em seu rosto, que ela estava certa. Sua
idade não importava nem um pouco.
Minha amiga estava se apaixonando.
E eu estaria lá para ela.
Eu agarrei a mão dela. "Estou tão feliz por você, Em". "Quero dizer, veremos", disse
ela. "Quem sabe se ele quer o mesmo."
"Olhe para você, Em", eu disse, empurrando seu braço de brincadeira. "Como ele pode
resistir?"
"Olha só quem fala" disse ela, revirando os olhos. E agora nós duas estávamos rindo,
de mãos dadas, em nosso caminho para onde quer que a tarde nos levasse, nossos planos
para ver a galeria, há muito esquecidos. Nós duas éramos imparáveis. Juntas, deixaríamos
nossa marca no mundo.
***
Acordei assustada, a cabeça ainda nublada com as lembranças. Minha mão
imediatamente disparou para meu pescoço, inchado e machucado.
Merda. Emily pode ter sido um sonho, mas essa marca não era. O maldito
pesadelo era real.
Uma torrente de mensagens de texto iluminou meu telefone quando ele
começou a vibrar como um louco.
 
Michelle: garota!
Michelle: atenda já o maldito telefone!
Sienna: Ughh Michelle, tá cedo pra caramba
Sienna: O que é?
Michelle: você tem algumas explicações a dar
Sienna: ???
Michelle: pode correr para o Winston's
 
Eu rolei na cama, gemendo. A última coisa que eu queria fazer era
enfrentar um interrogatório das minhas amigas. Depois da noite passada,
depois de ser marcada pelo Alfa...
Oh Deus. Como eu iria cobrir aquilo?!
Quando dei uma olhada no espelho, só a visão foi o suficiente para me
fazer ofegar.
A mordida era uma mancha azul enorme e machucada em meu pescoço,
maior do que qualquer mordida que eu já tinha visto antes.
Não doeu. Na verdade, quase vibrou com uma sensação carnal. Cada vez
que o tocava, podia sentir os dentes de Aiden Norwood novamente. Sacudi a
sensação e comecei a me vestir. Peguei o maior lenço que encontrei e o enrolei
no pescoço. No mínimo, ver Michelle e as meninas tiraria o Alfa da minha
mente. Uma distração era exatamente o que eu precisava agora.
Quando cheguei ao Winston's, a nossa lanchonete, vi que toda a tripulação
já estava preparada.
Michelle, que tinha um novo parceiro a cada Bruma, estava conversando
com as meninas sobre sua última conquista. No momento, acho que o sortudo
era...
Ralph?
Russell?
Não, Ross. Era isso. Difícil lembrar de todos quando se tratava de Michelle.
Não me entenda mal. Não era que Michelle fosse vagabunda.
Ela estava incrivelmente confortável com sua sexualidade e não deixava
ninguém dizer o que ela podia ou não fazer.
Foi Michelle quem tentou me arranjar três de seus amigos e que mantinha
a fofoca sempre correndo solta.
"Lá está ela! " Michelle exclamou quando entrei.
"E aí meninas", eu disse, sentando-me, ajeitando o cachecol sem graça.
Eu tinha conseguido escapar da Casa da Matilha sem ninguém perceber na
noite passada e pretendia manter a marca do Alfa em segredo enquanto eu
pudesse.
Antes que eles pudessem começar a me interrogar sobre o evento, notei
Mia. Ela estava positivamente brilhando. Eu agarrei suas mãos.
"Mia, estou tão feliz por você e Harry."
"Obrigado, Si". Ela sorriu. "Eu mal posso acreditar que é real. Em um
segundo vocês são melhores amigos, no próximo..."
"Vocês estão se esfregando um no outro", provocou Michelle, cutucando
as costelas de Mia.
Mia começou a empurrar os quadris, simulando sexo no meio da
lanchonete. "Muito bem!"
"Então, quando é a cerimônia de acasalamento? Você já escolheu o lugar? "
Eu perguntei.
"Alguns meses. Não estou realmente preocupada com isso. A família de
Harry tem um monte de propriedades. As vantagens de acasalar com o filho
de um magnata do mercado imobiliário", ela sorriu.
"Ruim não deve ser", eu disse, rindo.
"Isso com certeza", disse Erica, sem rir.
Erica nunca foi boa em esconder sua amargura. Outra temporada sem
parceiro parecia estar deixando-a mais frustrada sexualmente do que o normal.
Todos nós tentamos ignorá-la, sabendo que era apenas o efeito da Bruma.
Normalmente, Erica era a garota mais doce do mundo.
Não era fácil ficar sozinha durante a Bruma, disso eu sabia. Mas agora eu
tinha problemas ainda maiores. E parecia que Michelle estava prestes a
descobri-los.
"Certo", disse Michelle, retomando a conversa. "Já evitamos o assunto por
tempo suficiente. Vamos, Sienna. Desembucha."
"Foi..." eu comecei, tentando descobrir minha melhor estratégia de
deflexão. "Normal. Não muito diferente do Baile de Inverno ou do Solstício
de Verão. Apenas menos pessoas. Um pouco mais íntimo."
"Íntimo, hein? " Michelle perguntou, sorrindo.
Eu não gostei do olhar penetrante dela. Mas não era como se ela pudesse
saber. Ninguém soube. Ninguém tinha visto o Alfa me marcar. Disso eu tinha
certeza.
"Sim. Minha família teve algum tempo cara a cara com a liderança da Casa
da Matilha. Foi bom para a nossa posição. E só."
"Não foi isso que Michelle disse..." Erica cortou.
"Como assim? " Eu me virei para Michelle.
"Que droga, Erica",Michelle zombou. "Você não poderia simplesmente
manter a boca fechada e deixar Sienna nos contar por si mesma?"
"Contar O QUÊ?!"
Não percebi que estava gritando até que toda a lanchonete ficou em
silêncio e se virou para olhar para nós. Eu não estava brava. Eu estava furiosa.
Como isso pôde acontecer? Como alguém poderia saber?
"Sienna", disse Michelle suavemente. "Não é nada de mais. Ouvimos dizer
que você e o Alfa podem ter tido um momento, só isso. Algumas pessoas
viram vocês dois saindo do salão na mesma hora e..."Eu estava com tanto
calor que tive de afrouxar meu lenço e, ao fazer isso, vi os olhos de Michelle se
arregalarem.
"Opa", disse ela. "O que é isso?"
Merda! Como pude ser tão estúpida?
Eu devia ficar trancada no meu quarto pelo restante da Bruma. Sair em
público com essa marca enorme e feia no meu pescoço?
Eu poderia muito bem usar uma placa que dizia: "Estou ferrada, obrigado
por perguntar."
A pior parte era que, enquanto eu estivesse marcada assim, a maioria dos
lobos machos me evitaria. Isso significava outra temporada sem encontrar meu
verdadeiro companheiro.
Outra Bruma sem ninguém para chamar de meu. Com uma mordida,
Aiden tirou tudo isso de mim.
Percebendo que não conseguiria manter o disfarce por muito tempo,
suspirei e lentamente desembrulhei meu cachecol. Quando as meninas viram,
todas se engasgaram e colocaram as mãos na boca.
"Isso não é.. " Michelle começou, incrédula.
"Sim", eu disse. "O Alfa me marcou ontem à noite. Eu sou dele para a
temporada. Sorte minha, certo?"
Essa última parte eu disse pingando sarcasmo. Mas eu percebi pela
expressão no rosto de Erica que ela não gostou nadinha. Ela fez uma careta.
"Você poderia ser mais grata", disse Erica. "Ser marcada pelo Alfa entre
todas as pessoas? Isso é muito importante, Si."
"Eu sei, eu só…"
"Você está brincando, isso é INCRÍVEL! " Michelle exclamou.
"Droga, Sienna, sempre tentando me superar!" Mia provocou.
Suspirei, sem saber como explicar isso.
O problema era que nenhuma das meninas sabia meu segredo. Ninguém
sabia que eu ainda era virgem. Então, como eu poderia enquadrar isso de uma
maneira que eles entendessem?
"Ele não perguntou", eu disse. "Ele só… me mordeu, como se eu fosse
sua propriedade e ponto final."
"Si", disse Michelle, balançando a cabeça. "Eu sei que você gosta de fazer
suas próprias regras. Mas, cara, eu mataria por uma chance de transar com o
Alfa. Está brincando? Eu faria o que ele quisesse. Além disso, agora que ele
marcou você, não é como se você tivesse escolha, certo? Não há ninguém com
quem vocês possam dormir pelo resto da temporada."
E agora eu podia ver que, apesar de Michelle ser dupla com Ross para a
Bruma, havia um pouco de ciúme em seus olhos. Principalmente pelo status,
imaginei.
Ninguém, nem Michelle, nem Mia, nem Erica, entendería.
Eu estava tentando encontrar um jeito de mudar de assunto quando recebi
um texto que deixou tudo ainda pior.
Se isso fosse possível.
 
Selene: Adivinha o que acabou de chegar pelo correio, mana.
Selene: Um convite do Alfa dirigido a VOCÊ.
Selene: Eu falei pra mamãe parar, mas você sabe que ela é tão intrometida
Sienna: O que é?
Sienna: O que ele quer?
Selene: Si...
Selene: Ele quer que você vá morar com ele.
 
Eu não aguentei.
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, me levantei de um salto e
corri da lanchonete sem me despedir das meninas. Mesmo o ar frio lá fora não
conseguia controlar a raiva crescendo dentro de mim.
Primeiro, ele me marcou sem minha permissão. Ele tirou qualquer
esperança que eu tivesse de encontrar meu verdadeiro companheiro.
Então, ele me chamou como se eu fosse seu animal de estimação. O
mundo estava virando de cabeça para baixo e só eu parecia ser capaz de ver
com clareza.
Por um segundo, pensei que poderia me transformar ali mesmo. Rasgar
minhas roupas no meio de um cruzamento movimentado. Tornar-me meu eu
mais animal e violento.
Era assim que eu queria machucá-lo.
Eu podia imaginar minhas presas rasgando sua garganta.
Mas assim que comecei a me mexer, quando vi os cabelos começando a
brotar em minhas mãos, minhas unhas se alongando, minha espinha se
dobrando, parei.
Não.
Eu iria enfrentar Aiden Norwood cara a cara em sua Casa da Matilha e
colocar um fim nisso de uma vez por todas. Ele era o Alfa, sim, mas isso não
era desculpa.
  O Alfa estava prestes a descobrir exatamente com quem ele estava se
metendo.
Capítulo 8 - O Confronto
Sienna
Marchei direto para a Casa da Matilha, onde tinha certeza de encontrar
Aiden. Quando cheguei ao portão de entrada, parei para cheirar o ar.
Tudo cheirava a lobisomens e humanos, a vegetação e veículos fumacentos.
Eu fiz uma careta. Eu senti o cheiro de tudo, exceto o cheiro que eu estava
procurando. Seu perfume.
Era possível que as fêmeas marcadas não pudessem farejar? Isso não seria
uma bela cereja no topo do já chauvinista mundo dos lobisomens?
O guarda me lançou um olhar desconfiado, então abri um sorriso feminino
e fui até lá. "Com licença", eu disse suavemente,"o Sr. Norwood está aqui?"
"Por que você quer saber?"
"Porque eu gostaria de vê-lo. "Normalmente, meu domínio de
conversação, meu traço dominante mais eficaz, teria feito o truque, mas este
guarda parecia ter sido treinado para resistir a isso.
"Você já marcou hora?" ele perguntou em um tom condescendente.
"Muitas meninas querem ver o Sr. Norwood."
Eu não tinha tempo para aquela conversa. "Você vai me deixar entrar", eu
rosnei. "Agora." Quando minha expressão escureceu, permiti que um dos
meus dedos se transformasse em uma longa garra negra. Eu não precisava
ameaçá-lo. O guarda sabia exatamente com o que estava lidando.
Atrapalhando-se para mostrar seu cartão-chave, o guarda abriu o portão.
"Obrigada", eu respondi, minha mão retornando à sua forma humana.
E com isso, passei por ele, entrando nas instalações da Casa da Matilha.
Eu invadi as portas da frente com uma nova raiva queimando dentro de
mim, meus olhos de lobo brilhando em azul dentro da minha forma humana.
Aiden saberia que ele marcou a mulher errada.
A multidão se separou enquanto eu me dirigia para as escadas. Antes de
subir os degraus, parei e farejei por ele novamente.
O primeiro cheiro a me atingir foi o odor estéril da sala, em seguida, os
cheiros dos outros lobisomens e humanos.
Soltei um rosnado frustrado até que, de repente, uma lufada de essência
amadeirada, aroma de grama e coquetel de frutas cítricas me atingiu. A
fragrância era hipnotizante. Isso picou minha pele e me deu água na boca, mas
eu sacudi esses encantos aromáticos.
Aiden Norwood pensou que poderia me dar ordens como uma fã babona
porque ele era o Alfa. Ele não poderia estar mais errado.
Segui o cheiro até o terceiro andar, onde cheguei a uma grande porta de
carvalho. Eu ouvi vozes abafadas do outro lado. Eu coloquei meu ouvido na
porta. Eu o tinha encontrado. O Alfa.
Aiden
Eu me inclinei na minha cadeira enquanto Josh andava pela sala,
preparando-se para algum tipo de grande discurso.
Eu estava apenas prestando atenção pela metade. Outra coisa havia
estimulado meus sentidos.
Jocelyn, Nelson e Rhys olharam em silêncio. Eles sabiam que não deveriam
interromper Josh quando ele estava prestes a entrar em ação.
"Josh, desembucha", eu rosnei.
"Aiden", ele começou, inclinando-se na minha mesa", estamos
preocupados com você, e não somos apenas nós. Outros membros do bando
estão começando a notar. Não são apenas boatos e fofocas agora. As pessoas
estão questionando sua capacidade de liderar. Eles acham que você está
comprometido. Um bando não pode funcionar quando seus membros
começam a questionar seu alfa."
Eu me mexi na cadeira, flexionando meus músculos, caso ele tivesse
esquecido minha força. " Josh, não há razão para se preocupar. Eu encontrei
alguém."
"Você marcou uma garota de dezenove anos que mal conhece. Como não
devo ficar preocupado depois disso? Você deveria estar procurando uma
companheira, não brincando com uma adolescente deslumbrada."
"Você também não a conhece", interrompeu Jocelyn. "Não é justo para
você julgá-la."
Josh olhou para Jocelyn, franzindo os lábios. "Não estou tentando colocar
a garota em julgamento. Só estou dizendo que o futuro da Matilha é mais
importante que qualquer um de nós."
"Aiden faria qualquer coisa pela Manada. Você está questionando sua
liderança? " perguntou Rhys, ficando na defensiva.
 Como sempre, Jocelyn foi rápida em acalmar a todos. "Duvido que Josh
quisesse questionar a lealdade de alguém, mas ele menciona um ponto
importante. Aiden, o que você vai fazer?"
"Essa melancolia ficou para trás agora, eu prometo."
Pensei em dizer a eles a verdade, mas talvez ainda fosse cedo. Eu não podia
me dar ao luxo de deixar isso escapar. Mas eu conhecia Josh e não podia
continuar contando com ele.
"Tudo que eu quero é que você seja honesto com a gente", respondeu
Josh. "O que está acontecendo com você ultimamente?"
Antes que eu pudesse responder, um estrondo estilhaçou o ar e a porta do
escritório se abriu.
Sienna
Com meu lobo em total controle, entrei na sala. A vinte passos de
distância, atrás de uma mesa enorme, estava sentado o homem que eu vim ver.
Ele não estava sozinho, mas eu não me importei.
Os olhos de todos se voltaram para mim, incluindo os de Aiden, que
estavam lindos como sempre.
Apesar da minha entrada, ele não parecia surpreendentemente surpreso
com a minha chegada. Ele deve ter me cheirado no momento em que entrei
pelas portas da Casa da Matilha.
Minha raiva finalmente atingiu o ponto de ebulição e soltei um uivo feroz
que sacudiu a sala.
"Você", eu rosnei, mostrando meus dentes e sustentando seu olhar,
desafiando-o. Os olhos de Aiden se estreitaram quando ele se levantou e saiu
de trás da mesa para me encarar.
"Eu estava me perguntando quando você iria aparecer", disse ele. "Mais
cedo do que eu previ. Fico lisonjeado."
Se eu estivesse totalmente mudada, meu pelo teria arrepiado com sua
arrogância. "Lisonjeado? É isso que você pensa que é? Que estou aqui por
você? "Eu rosnei, sem quebrar o contato visual.
"Por que mais você estaria aqui? No meu escritório? Cercado pela minha
liderança?"
"Para te mostrar", cuspi", não tenho medo de você.
Agora, Aiden levantou uma sobrancelha, dando um passo lento para
frente. "Não? " ele disse. "Talvez você devesse ter."
Senti um tremor de mal-estar descer pela minha espinha. Os olhos do
homem eram inebriantes. Mas seu rosnado era o de um predador carnívoro.
Eu não seria sua presa.
"Você pode ser o Alfa", eu disse lentamente, mas eu não pertenço a você."
"Essa marca em seu pescoço diz o contrário."
Eu tive o suficiente de seus jogos. Alfa ou não, ninguém falava assim
comigo e se safava.
Minhas garras cortaram seu pescoço, mas ele agarrou meus pulsos antes
que eu pudesse afundá-los em seu pescoço. Eu estava prestes a jogar um
joelho quando ele me girou e me prendeu em sua mesa.
Seus quadris pressionaram contra mim enquanto uma mão segurava a
minha e a outra segurava minha mandíbula fechada.
"Fora", ele retrucou, e por um segundo, pensei que ele se referia a mim até
que ouvi passos e me lembrei de que havia outras pessoas na sala. Agora
estávamos completamente sozinhos.
Ele se inclinou para que eu pudesse sentir o calor de sua respiração no meu
pescoço. "Controle o seu lobo", ele ordenou.
Eu não estava pronto para ceder e rosnei entre os dentes. Ele me agarrou
com mais força e se pressionou contra mim, fazendo minha Bruma ganhar
vida.
"Mulher", ele murmurou, pairando seus lábios sobre a marca que ele me
deu. "Eu disse que você era minha, e foi pra valer. Aceite, desista."
Rosnei de novo, mas desta vez com menos convicção.
Ele podia sentir minha Bruma assumindo o controle e estendeu um dedo,
provocando meu lábio inferior.
Um suspiro suave escapou da minha boca. Meus olhos se fecharam
enquanto a ponta do dedo dançava em meus lábios molhados.
"Assim está melhor", ele começou novamente, engolindo minha marca
com sua boca, fazendo meu abdômen se contrair, endurecendo meus mamilos,
me deixando em chamas.
Antes que eu percebesse, meu lobo havia recuado e tudo o que restou foi a
Bruma e suas demandas carnais. Maldito seja.
"Eu não quero lutar com você", disse ele, tirando os lábios da minha pele
quente",mas nunca me desafie publicamente novamente."
"Mas desafiá-lo em particular eu posso? "Eu murmurei, lutando contra os
tremores que me rasgaram enquanto a ereção crescente em suas calças
esfregava contra o meu sexo dolorido.
Ele riu, o som inebriante e o arfar em seu peito enviando arrepios pelo
meu corpo. "Ah, estou contando com isso",disse ele, sua voz me acariciando
em todos os tipos de lugares. "É por isso que eu marquei você."
"Então, isso é apenas um jogo para você?" Eu atirei de volta, tentando me
livrar de seu aperto. "Você não está se divertindo?" Ele provocou, dando um
beijo quente no meu pescoço.
Claro! Que idiota fui ao pensar que ele pode realmente estar interessado
em mim quando a realidade era que eu não era nada mais do que um novo
desafio.
Outra mulher submissa para ele dominar e então se gabar para seus
amigos. Bem, eu não estava prestes a ser sua diversão pequena diversão para a
temporada.
A Bruma que ganhou vida momentos atrás desvaneceu-se tão
violentamente quanto havia surgido. Se ele queria uma perseguição, ele
conseguiria uma.
De agora em diante, era minha missão fazer de Aiden Norwood o
lobisomem mais frustrado sexualmente em toda a América do Norte. "Não,
para falar a verdade, não estou", eu disse rigidamente. "Solte-me."
Ele se apertou mais perto. "Você vai morar comigo?"
"Não." Que idiota.
Ele riu de novo, só que dessa vez me deu vontade de socar seu rosto.
"Achei que não. Parece que vou ter que pegar você primeiro."
"Pelo menos um de nós acha graça", respondi. "Agora saia de cima de
mim. Não direi por favor de novo."
"Como você deseja", disse ele, aliviando a pressão em meu corpo",mas
mais cedo ou mais tarde, a Bruma vai bater em você novamente e você
desejará meu toque como nunca antes."
Eu me levantei e o empurrei para fora do caminho. Um leve sorriso em seu
rosto me provocou. "Você pode tentar me pegar, Alfa, mas não espere ter
sucesso."
Eu me virei e saí pela porta, ouvindo-o me insultar enquanto eu saía.
"A caça começou..."
Capítulo 9 - A Visita Surpresa
Sienna
Quando cheguei em casa, minha mãe estava radiante. "Selene me disse que
você fez uma pequena visita à Casa da Matilha hoje para ver alguém especial."
Sim, ele certamente era especial. Um tipo especial de repulsivo. Se ela
soubesse o idiota arrogante que Aiden era na verdade.
"Você não deveria acreditar em tudo que Selene diz", eu respondi, fazendo
uma pausa para o meu quarto, mas não fui rápida o suficiente.
"O que é isso no seu pescoço? "minha mãe gritou.
Merda, eu tinha esquecido completamente de me cobrir antes de voltar
para casa. "Eu... uh..."
"Oh, vamos lá, querida. Eu sou sua mãe. Eu sei de tudo." Ela riu.
"Michelle abriu o bocão, não foi? " Suspirei.
"Não culpe a Michelle. Eu teria preferido ouvir da minha própria filha, mas
alguém anda cheia de segredinhos ultimamente", ela repreendeu. "Mais alguma
coisa que você gostaria de contar?"
Eu olhei para minha mãe, me odiando um pouco.
Ela só queria estar perto de mim, saber o que estava acontecendo no meu
mundo. Era de seu feitio ser sempre franca. Selene herdou esses genes 100 por
cento.
Mas eu? Quando fui adotada, tinha alguns traços que eram completa e
totalmente meus.
Isso incluía meu cabelo ruivo, meu hábito de guardar segredos, e, é claro,
meu domínio não tão sutil sobre as pessoas.
Quando pensei sobre essas diferenças entre mim e minha mãe, meu
coração doeu um pouco.
Quem me fez assim? Meus pais misteriosos estavam por aí em algum lugar.
Eu me perguntei se eles eram igualmente ruivos. Eles também eram
secretos? Mais importante ainda, eles eram, como eu, excepcionalmente
poderosos?
"Não tenho mais nada para contar", eu menti, deixando de lado todos
esses pensamentos dispersos.
Eu não estava prestes a revelar que era o "desafio" de Aiden Norwood
para a temporada. Além disso, pessoas suficientes tinham me visto invadir a
Casa da Matilha pela metade que ela provavelmente tinha uma boa ideia do
que tinha acontecido.
"Por que você está tão mal-humorada? Você deveria estar radiante. Ser
marcada pelo Alfa, é grande coisa, e pouca gente tem chance de, bem, você
sabe", ela disse, piscando.
"Eca, nojento", eu cuspi.
"Sienna, eu não entendo. Ele é tão lindo. Qual é o problema?"
"Então, por que você não vai fazer sexo com ele?" Eu retruquei, passando
por ela e batendo a porta da frente atrás de mim.
Eu precisava ficar longe de todos antes de explodir. Eles só conheciam o
Aiden Norwood de suas fantasias, aquele que viam à distância.
Nenhum deles o conhecia como eu. O Alfa egocêntrico que marcava
garotas apenas para se divertir. Sem mencionar essa Bruma estúpida que me
fazia derreter sempre que ele chegava perto.
Queria voltar no tempo e nunca mais ir àquele jantar idiota. Minha vida
tinha sido muito mais fácil, meu segredo muito mais seguro.
Em tempos como esses, eu recuava para o rio para clarear minha cabeça,
mas aquele era mais um lugar que Aiden havia arruinado para mim.
Eu tinha apenas um refúgio para recorrer: a pequena galeria de arte na
parte alta da cidade que descobri com Emily durante uma de nossas
caminhadas.
O lado de fora não era nada mais do que uma velha porta de metal com
pintura azul escamosa. Você passaria direto se não estivesse procurando por
ele.
Corri para lá o mais rápido que minhas pernas conseguiram me levar.
Desabei no banco de couro vermelho da galeria, exausta. Meu peito arfou
enquanto tentava recuperar o fôlego. Eu comecei a tirar meu casaco quando
meu bolso vibrou.
 
Michelle: ei! Você está bem?
Michelle: sua mãe disse que você saiu correndo de casa chateada
Sienna: Sim, estou bem.
Michelle: certeza? você estava mal-humorada no brunch
Michelle: você está me escondendo alguma coisa
Michelle: tem a ver com o Aiden, não é?
Sienna: Já falei, não quero falar sobre isso
Sienna: Minha mãe estava me fazendo todas essas perguntas
Sienna: E eu tive que fugir
Michelle: Sim, o que está pegando de verdade?
Michelle: pode me contar
Sienna: Vou estar melhor amanhã, prometo
Sienna: Só preciso esfriar a cabeça
Michelle: cadê você?
Sienna: Eu fui passear na parte alta da cidade
Michelle: vamos nos encontrar e conversar
Sienna: Eu meio que quero ficar sozinha agora
Michelle: mande-me uma mensagem quando chegar em casa, ok?
Sienna: Claro
Michelle: Estou aqui se precisar, vaca xoxo
 
Michelle tinha boas intenções, mas era alucinada demais por homem para
entender. Foi por isso que sempre gostei de ter Emily a quem recorrer.
Eu poderia dizer qualquer coisa a ela, e ela apenas ouviria. Nunca me senti
sendo julgada quando conversava com ela.
A arte na galeria era uma colagem de várias mídias diferentes. Alguns eram
paisagens urbanas, enquanto outros eram retratos abstratos de pessoas
comuns.
Um em particular encapsulou perfeitamente minhas emoções atuais. Era
uma litografia de uma jovem em sua melhor roupa de domingo. Ela tinha um
olhar distante que se conectou comigo, uma confusão de lixo e objetos
variados, que a artista havia colado na tela, jorrando de sua cabeça.
A porta se abriu atrás de mim e eu senti uma lufada de ar frio atingir minha
pele. O cabelo da minha nuca se arrepiou. "Que jóia escondida", disse uma
voz familiar.
Virei-me para ver Jocelyn, ainda tão radiante quanto no jantar da Casa da
Matilha. Ela havia trocado o vestido e os saltos por jeans e um casaco de
inverno chique.
Eu me perguntei se ela estava usando isso quando entrei para confrontar
Aiden. Eu estava enfurecida demais para reparar. Seu cabelo castanho
ondulado caía em cascata por seus ombros, e o ar fresco do outono tingia suas
bochechas fortes de um rosa sutil que acentuava seus lábios de cereja.
"Não fique tão surpresa", disse ela, sentando-se ao meu lado no banco.
"Rastrear lobos faz parte do meu trabalho."
"Você estava procurando por mim? "Eu perguntei, sem saber o que alguém
como Jocelyn iria querer com alguém como eu.
"Eu não seria uma Curandeira lá muito boa se não soubesse que você
precisava de alguém com quem conversar depois do que acabou de acontecer."
Ela deu um sorriso lindo e de tirar o fôlego que imediatamente me deixou
à vontade. Ela não tinha vindo para me julgar. Ela tinha vindo para ouvir.
"O que ele te falou? "Eu perguntei, com vergonha de olhar nos olhos dela.
"Aiden não me disse nada. Mesmo se tivesse dito, seria apenas a versão
dele."
Ela fez uma pausa, esperando que eu dissesse algo, mas eu não tinha
certeza se estava pronta para confiar nela completamente. Afinal, ela era a ex-
amante de Aiden e ainda uma de suas conselheiras de confiança.
"Você conseguiu colocá-lo na coleira, algo que nenhuma mulher jamais
conseguiu fazer."
Eu pisquei. "Na coleira?"
Sua risada se intensificou. "Você tem noção, não é?"
Eu pausei. "Noção de que?"
Ela sorriu maliciosamente, o que estava fora de lugar em seu rosto
normalmente compassivo.
"Está todo mundo falando de você", ela continuou. "Você é a primeira
mulher a desafiar a Bruma do Alfa."
O que ela quis dizer com "a primeira"? Certamente, se alguém como eu
conseguia deixá-lo irritado, ele devia estar enlouquecendo com uma mulher
como Jocelyn.
"Não é todo mundo que sofre perigo na temporada?" Eu perguntei.
"Como poderia ser a primeira vez dele?"
O sorriso de Jocelyn se alargou. "A maioria das regras do lobisomem não
se aplica aos alfas. Eu curei alguns ao longo dos anos, e posso te dizer... no
meio da temporada? Alfas tendem a não ser afetados pela Bruma. Eles têm um
controle de ferro, e mesmo se não o tivessem, as mulheres que marcam quase
sempre aliviam sua Bruma antes que fique crítica... Pelo menos em geral"
"Então, o que você está dizendo é que sou a primeira mulher a rejeitá-lo e
agora ele está se sentindo... frustrado?"
"Exatamente." Ela acenou com a cabeça. "Você se tornou uma espécie de
lenda no círculo interno. Depois daquele show no escritório? Josh e o resto da
liderança mal podem esperar para conhecê-la adequadamente. "Mas",ela
continuou, seu rosto sério,"você não pode evitar a cama de Aiden para
sempre."
"Por que não? " Eu perguntei.
"Porque sua Bruma chegará a um ponto em que ele não poderá mais
controlá-la, e quando chegar no limite, bem..."
Ela não precisou entrar em detalhes. Aiden iria me caçar até que ele
conseguisse o que queria. Estremeci ao perceber que tinha perdido toda a ação
sobre meu corpo no segundo que aquele filho da mãe afundou os dentes em
meu pescoço.
"Ele não deveria ter me marcado", eu disse, irada. "Ele deveria ter me
conhecido primeiro e pedido meu consentimento."
"Honestamente, ele geralmente conhece suas parceiras primeiro",
respondeu Jocelyn. "Mas você realmente deve ter mexido com os sentidos
dele."
"Mesmo? " Meus olhos se arregalaram de descrença. "Então, por que essa
temporada foi a exceção? Ele ficava entediado com as mulheres se ajoelhando
para ele sempre que queria?"
Eu vi um toque de dor nos olhos de Jocelyn e imediatamente me arrependi
do que eu disse. "Me desculpe, eu não quis dizer isso. Eu estou apenas..."
"Está tudo bem. Eu sei que você não quis dizer isso como um insulto.
Estar com o Alfa é um prato cheio, especialmente agora. Aiden não tem sido
ele mesmo nos últimos meses. Tenho certeza de que você já ouviu falar a
respeito", disse Jocelyn.
"Sim, minha mãe é a fofoqueira da cidade", eu disse, revirando os olhos.
"O Alfa tem muito a fazer. E até que ele esteja acasalado, sua força, e a
força de nossa matilha, estará ameaçada."
"Mas Aiden e eu não somos companheiros", retruquei.
"Talvez, mas ele ainda tem uma Bruma que precisa ser controlada. É
divertido vê-lo se contorcer, eu sei, mas pense na Matilha."
"Isso é mesmo responsabilidade minha? "Eu perguntei, cética.
"Eu também me fiz a mesma pergunta, Sienna. Isso é você quem decide.
Eu posso te dizer isso. Eu amo meu Alfa e só quero o que é bom para ele. Ele
é um bom homem. Você verá se der a ele uma chance de provar isso."
A conversa não levou o rumo que eu esperava, mas eu poderia dizer que
Jocelyn era sincera em sua preocupação por Aiden.
Ainda assim, isso não desculpou sua atitude e o que ele disse para mim em
seu escritório.
"Vou considerar o que você disse, mas ele precisa ceder também. Ele tem
que me respeitar."
"Deixe-me falar com ele", respondeu Jocelyn. "Ele vai entrar na linha se
tiver algum juízo. Tenho a sensação de que você é diferente, Sienna." E antes
que eu percebesse, Jocelyn tinha seus braços em volta de mim em um abraço
reconfortante.
"A gente se vê por aí", disse ela, levantando-se.
"Sim, eu tenho certeza."
Quando Jocelyn saiu, eu ainda me sentia quente por dentro. Seu toque de
cura realmente fez maravilhas. Se uma mulher como aquela pudesse ser
amante de Aiden, ele não poderia ser de todo mau.
Eu não iria perdoá-lo, ainda não, mas entendia a realidade da minha
situação e, se tivesse que ir até o fim, poderia muito bem me esforçar para
conhecê-lo.
Meu telefone vibrou novamente. Desta vez foi minha mãe.
 
Mãe: Sienna, você precisa voltar para casa agora mesmo! É uma
emergência.
Sienna: O que aconteceu? Papai está bem?
Mãe: Papai está bem, mas venha pra casa rápido
Sienna: Ok, estou na parte alta da cidade
Mãe: Te vejo em breve!
 
Minha mãe não chamava nada de emergência, a menos que fosse sério.
Então decidi ir de táxi para casa.
Quando paramos em minha casa, notei um Audi preto estacionado do lado
de fora. Eu nunca tinha visto isso antes e me perguntei a quem poderia
pertencer.
Meu coração estava disparado enquanto corria para a porta da frente e a
abri.
"Mamãe? Mamãe? Estou em casa. Onde você está?"
"Estamos aqui!" ela chamou da sala, bastante calma e agradável.
Tinha algo de estranho. Eu cheirei o ar, e um almíscar amadeirado
perfurou minhas narinas, fazendo uma erupção de calor entre minhas pernas.
Virei a esquina e, com certeza, sentado no sofá apreciando uma xícara de chá
estava ninguém menos que Aiden Norwood.
Capítulo 10 - O Encontro
Sienna
"Achei que você tinha dito que era emergência", eu disse, fuzilando minha
mãe com o olhar.
"E estragar a surpresa? Eu estava mostrando ao Sr. Norwood algumas das
fotos de quando você era bebê. Ela não era uma graça?"
"Sim, mesmo assim, você poderia dizer que ela cresceu para ser uma
mulher forte e bonita", ele respondeu, lançando seus hipnotizantes olhos
verdes com listras douradas em minha direção. "Este chá é delicioso, Sra.
Mercer."
"Por favor, me chame de Melissa", ela respondeu com uma risadinha. Eu
queria vomitar. Minha própria mãe estava mais apaixonada pelo meu parceiro
do que eu. Aposto que ela pensou que eu iria acasalar com Aiden até o final da
temporada, mas eu olhei em seus olhos várias vezes agora, e o reconhecimento
nunca ocorreu.
Ele estava apenas me usando, afinal.
"Se divertiu na parte alta da cidade?" ele perguntou, exibindo um sorriso
diabolicamente bonito. Por que ele se importou? Ele sabia sobre Jocelyn?
"Foi tudo bem", eu respondi, tentando não deixar sua aparência me
hipnotizar.
Não ajudou que sua camisa agarrasse cada centímetro de seu peito largo e
braços protuberantes ou que sua calça jeans se ajustasse confortavelmente em
torno de suas pernas poderosas e definidas.
Por seu sorriso maroto, eu poderia dizer que ele sabia que eu estava
lutando para impedir que minha Bruma explodisse. "Acho que nunca te vi de
cabelo preso. Combina com você, especialmente com a marca no seu
pescoço."
Eu tinha esquecido completamente que puxei meu cabelo em um rabo de
cavalo frouxo quando cheguei à galeria. Fios crespos e varridos pelo vento
estavam por toda parte. O suor seco grudou em minhas têmporas.
Eu estava descabelada e feia, e ele sabia disso. E, claro, o filho da mãe
arrogante estava admirando o seu trabalho.
"O que você está fazendo aqui?" Eu perguntei, não me importando com as
formalidades. Acho que, depois desta tarde, seria inútil tentar agir
civilizadamente. "Vim com uma missão", disse ele, divertido. "Quero conhecer
mais sobre você e sua família. Percebi esta tarde que mal nos conhecemos."
Claro que não. Você me marcou do nada.
Ainda assim, essa mudança de tato me fez pensar que Jocelyn havia
transmitido minha mensagem de que era melhor ele se preparar. Foi bem rápido,
pensei. Eu cruzei meus braços e dei a ele um olhar irritado. "E qual é o
plano?"
Com os olhos arregalados, vi quando ele se levantou e pegou minha mão.
"Sienna, você gostaria de se juntar a mim para jantar esta noite? O idiota estava
me cortejando e, caramba, estava funcionando.
De repente ele estava tão educado. Provavelmente por causa da presença
da minha mãe. Ela parecia que poderia ter morrido ali mesmo e ido para o céu.
Minhas bochechas coraram e meu coração bateu tão forte que ele
provavelmente ouviu. Fiquei encantada. Profundamente encantada. Talvez
Jocelyn estivesse certa sobre ele.
Talvez Aiden Norwood merecesse uma chance.
"Não estou vestida para a ocasião", falei, tentando protestar.
"Nem eu", disse ele, sorrindo. "Nós cuidaremos disso. Vamos?"
Talvez possamos, pensei. Mas eu iria torturá-lo. Eu não ia desistir tão
facilmente. Finalmente, eu balancei a cabeça.
"Sim", respondi. Então, pensando que é melhor limitar minhas apostas,"Só
desta vez." Aiden riu e balançou a cabeça, divertido pela minha contenção
contínua. Sem outra palavra, ele me conduziu para fora em seu carro e
partimos.
Eu sabia que não deveria deixar o Alfa me pegar. Mas, até então ele tinha
sido educado, calmo, até mesmo um cavalheiro. Para que complicar as coisas
quando elas podiam ser simples?
O caminho foi silencioso e rápido. Aiden parou em uma boutique e
entramos.
Eu ainda estava em guarda, mas achando mais fácil a cada segundo estar
perto dele.
A vendedora deu um sorriso apaixonado. "Em que posso ajudá-lo, Sr.
Norwood? " ela sibilou. Nós duas nos encaramos, e seu sorriso mudou
imediatamente para uma carranca.
Acho que alguém queria o Sr. Norwood só para ela.
Vinte minutos atrás, eu teria deixado ele para ela, mas me senti
estranhamente possessiva por um segundo. Antes que eu pudesse me conter,
meu lábio se curvou em um rosnado.
A vendedora desviou o olhar rapidamente. Eu pisquei. O que havia de
errado comigo? Não valia a pena se preocupar com o alfa. Controle-se, Sienna!
"Você pode me ajudar a procurar algo?" Eu perguntei a ela, tentando
oferecer uma bandeira branca. Ela assentiu bruscamente e me levou a uma
fileira de lindas peças de seda.
Escolhi um vestido azul marinho e fui para o vestiário. O vestido era justo,
destacando todos os meus atributos e complementando minha pele de marfim.
A vendedora empurrou um par de sapatos brancos por baixo da cortina.
Eles se encaixaram perfeitamente. Soltei meu cabelo e corri meus dedos por
ele até que tudo estivesse domado.
Dei uma última olhada em mim mesma no espelho antes de sair. Eu estava
ótima.
Os olhos de Aiden não pareciam se mover. Seu olhar fumegante percorreu
meu corpo da cabeça aos pés, demorando-se em meus quadris e peito por um
segundo a mais.
"Você está... de tirar o fôlego", disse ele, os olhos brilhando.
Minha Bruma, graças a Deus, estava sob controle pela primeira vez. Não
que isso fizesse sentido. Nunca tínhamos compartilhado um momento como
este antes.
Deveria estar em chamas. Mas, em vez disso, me vi corando e desviando o
olhar. Não estava excitada. Foi estranhamente... legal. Quase fofo. Foi quando
percebi que Aiden também havia se trocado.
Ele usava uma calça azul justa que deixava pouco para a imaginação e uma
camisa branca de colarinho feita à medida da perfeição. O homem era
devastadoramente bonito.
Depois que ele pagou pelo vestido e pelos saltos, voltamos para o carro,
dirigindo em direção ao centro da cidade.
Estacionamos em frente ao restaurante mais badalado da cidade e, depois
de abrir minha porta, ele me conduziu para dentro com uma das mãos na
nuca. No momento em que passamos pela porta, os olhos de todos se
voltaram para nós.
Alguns ficaram chocados, outros com inveja, mas eu realmente não me
importei. Eu estava gostando tanto da noite que não havia nada que pudesse
me distrair.
A anfitriã nos levou a uma mesa íntima no canto mais distante, longe dos
olhos curiosos dos outros clientes.
Sentamos um em frente ao outro e meu corpo ficou tenso quando Aiden
se aproximou.
"Tão ruim assim? " ele perguntou.
"Depende", eu disse, e ele ergueu uma sobrancelha, "de quão boa é a
comida." E então rimos os dois. E percebi o quanto precisava aprender sobre
o Alfa. Eu nunca pensei que ele fosse capaz de ser tão descontraído. Ele era
um líder. Um homem a ser temido. Mas naquele momento, não.
Só então, Aiden pegou minha mão.
Eu hesitei por um segundo. Mas então eu o deixei pegar.
Nós dois estávamos no piloto automático, parecia. Não houve palavras,
motivos ou agendas claras para definir o que aconteceu a seguir.
Aiden trouxe minha mão até seus lábios macios e beijou as costas dela.
Eu respirei em choque, quando seu beijo fez a Bruma entrar em erupção,
espalhando-se pelo meu corpo, fazendo minha pele ficar tensa com
antecipação, inchando meu sexo, umedecendo minha calcinha.
Ele olhou para cima através de seus cílios, olhos cheios de surpresa e fome
aparente, sua Bruma faiscando com a minha.
Nenhum de nós planejou que acontecesse assim. Mas estava acontecendo.
E agora eu não sabia se seríamos capazes de pará-la.
"Sienna, você é..."
"Eu sei", eu respirei, lambendo meus lábios. "Você é muito... Sr.
Norwood."
"Aiden", ele rosnou de fome",me chame de Aiden."
"Aiden." Eu provei seu nome na minha boca, fechando meus olhos e
arfando. "Oh Deus, Aiden. Estou com tanto calor."
Ele rosnou mais forte desta vez. "Se continuar assim não vamos passar
nem do couvert."
Na verdade parecia boa ideia, mas algo dentro da minha cabeça continuava
me incomodando, cutucando, tentando me tirar da minha Bruma. Esta não era
uma Bruma normal. Não, era como se eu mal me reconhecesse agora.
Com um beijo na minha mão, Aiden apagou tudo que eu pensava como
eu. Meu passado. Meus desejos. Meus medos.
Todos eles se foram. Eu estava hipnotizada.
Uma parte de mim sabia que isso era errado, mas eu não queria que o
sentimento parasse. Eu não queria interromper a tensão que crescia dentro de
mim enquanto sentia o cheiro desse homem de dar água na boca.
Mal notamos quando o garçom que veio anotar nossos pedidos. Aiden
pediu algo chique, mas o único prato que eu queria provar não estava no
menu.
Ele estava sentado à minha frente.
Pare! A voz de Emily estava de volta. Pare, Sienna! Guarde-se para o seu
companheiro!
"Ah, pelo amor de Deus, cale a boca! " Eu disse em voz alta, sem querer.
Aiden me deu um olhar questionador. "Você está ficando louca?"
"Você me deixa louca", eu respondi sedutoramente, um conjunto de lábios
se abrindo, o outro apertando. "Então é assim?" ele disse, os olhos brilhando.
"Eu pensei que você queria ser caçada." Espere, ele pensou que eu queria ser
caçada? Foi isso que ele entendeu da nossa conversa?
Antes que eu pudesse protestar, sua mão enrolou em volta do meu pulso e
levou minha mão ao rosto. Tudo em minha cabeça se espalhou ao vento. "Sua
pele é tão macia", ele murmurou, beijando minha palma. "Tão sedosa e macia.
Quero colocar minha língua em cada centímetro do seu corpo."
Meu rosto corou e eu gemi quando ele deslizou um dos meus dedos em
sua boca.
Algo está errado! Pare!
Como algo pode estar errado?
"Sienna." O som do meu nome me fez pular. "Mal posso esperar. Eu
quero você agora."
Olhando em seus olhos, eu o queria também. Eu não me importava onde
ou como, mas queria cada centímetro dele. "Pode me levar."
Em um instante, fui arrancado da cadeira e tropecei em uma sala mal
iluminada dos fundos.
Abrindo minhas pernas, ele envolveu suas mãos fortes sob minhas coxas e
me prendeu na parede. Sua boca massageou a mordida.
Eu nunca tinha sido beijada na boca antes na minha vida. Mas nos últimos
dias, meu pescoço estava recebendo atenção mais do que o suficiente para
compensar isso.
Eu gemia de prazer quando uma das mãos de Aiden deslizou entre minhas
pernas, as pontas dos dedos provocando minha coxa.
Ele avançou mais e mais perto até que eu estava pronta para gritar. "O que
você está esperando? " Eu gemi, minhas pernas tremendo.
Seus dedos pressionaram contra minha calcinha molhada e uma onda de
prazer turvou minha visão.
Eu me toquei lá inúmeras vezes. Mas não era nada como sentir as mãos de
um homem, as mãos de Aiden, em mim.
Eu adentrei a Bruma mais forte que já experimentei quando a voz voltou,
clamando em minha mente.
Lembre-se da sua promessa!
Eu saí da minha Bruma como alguém saindo de um transe. O prazer que
senti foi transformado em puro terror quando empurrei Aiden de cima de
mim e corri para fora da porta.
Cheguei à floresta e continuei andando pelo que pareceram quilômetros.
Parei para descansar quando cheguei a uma clareira nas árvores, mas minha
trégua durou pouco. Uma rajada de vento trouxe um cheiro familiar ao meu
nariz.
Era Aiden, e ele estava vindo direto para mim.
Capítulo 11 - O Espectro
Sienna
Do outro lado da clareira, outro lobo irrompeu por entre as árvores. Ele
era enorme, o maior lobo que eu já tinha visto, e seus olhos castanhos
dourados estavam fixos em mim.
Eu rosnei, mostrando meus dentes. Eu não me importava se despertasse
sua ira. Ele não me teria. Ele não se incomodou com minha exibição e se
aproximou, tentando me fazer encolher com sua enormidade.
Mas o medo que se apoderou de mim não teve nada a ver com seu
tamanho ou minha segurança. Tinha tudo a ver com a maneira como ele podia
me controlar agora que eu estava marcada. Lembrei-me de meus amigos
falando sobre isso durante nossa primeira Bruma, mas obviamente nunca tinha
experimentado isso eu mesma.
Durante a temporada, uma fêmea marcada pode ser prejudicada de forma
não natural por seu macho marcador. Basta um toque especial e ele poderia
tornar sua amante tão perigosa quanto ele. No segundo em que Aiden beijou
minha mão no restaurante, foi isso que aconteceu. Eu vi em seus olhos.
Ele não se importou com os joguinhos, nem de me conquistar de forma
justa. Tudo que ele queria era me comer. Alfa típico.
Talvez fosse só isso que todo o encontro significava. Uma chance de me
ter no meu estado mais indefeso. Uma chance de liberar sua tensão para que
ele pudesse voltar para suas responsabilidades de Alfa.
A voz de Emily tinha sido forte o suficiente para me tirar da Bruma desta
vez, mas e da próxima vez? Como eu poderia escapar de sua cama se ele tinha
tanto poder sobre mim? Aiden se aventurou mais perto, esquecendo que eu
não era uma de suas lobas domesticadas.
Eu não conhecia meu poder total ainda, mas sabia que não o queria mais
perto.
Eu rosnei no fundo do peito do meu lobo. Cai fora, babaca. Cai fora.
Eu enrijeci meus músculos, esperando que ele atacasse.
Nós travamos os olhos, nenhum de nós recuando.
De repente, nossos ouvidos se animaram com o som de patas pisando no
chão da floresta.
Um enorme lobo loiro saltou da linha das árvores atrás de Aiden com uma
matilha de quatro lobos logo atrás. Era Josh, e ele parecia tenso. Algo estava
errado. O que eles estavam fazendo aqui?
O lobo de Josh olhou para Aiden. Fiquei surpresa que nenhum dos dois os
farejou, mas, novamente, estávamos focados nos cheiros um do outro.
Fosse o que fosse, deve ter sido importante porque, a princípio, Aiden
ficou furioso ao ver seu subordinado. Mas em segundos, ele estava circulando
ao redor de sua Matilha, reunindo-os e se comunicando através de grunhidos e
olhares carregados. Ele era um líder natural.
Eu queria saber mais. Será que tinha a ver comigo?
Mas, ao mesmo tempo, eu não ficaria por aí para descobrir se Aiden ainda
estava em perigo. Eu vi minha oportunidade de escapar e fugi para a floresta.
Quando os últimos raios de sol se dissiparam entre as árvores, uma figura
cintilante chamou minha atenção enquanto eu corria. Estar na forma de lobo
tornou minha visão muito mais aguçada do que quando eu era humana, então
parei e pude ver com grande clareza uma mulher com pele branca perolada e
olhos nebulosos de roxo elétrico, azul e cinza. Seu cabelo era preto como breu
e caía pelas costas em ondas angelicais.
Levei um momento para perceber que, enquanto eu estava olhando para
ela, ela estava olhando de volta para mim. Seu rosto de porcelana era
hipnotizante.
Achei Jocelyn linda, mas essa mulher a superou sem sombra de dúvida.
Suas feições e simetria foram formadas com tal perfeição que ela deve ser
algum ser sobrenatural e imortal que desceu à Terra.
Apesar de sua beleza sobrenatural, seu traje era estranhamente mundano.
Ela usava calças largas com estampas de camuflagem e coturnos para
combinar. Sua blusa era uma camiseta cinza simples com uma jaqueta jeans
desbotada jogada por cima.
Eu pensei que talvez ela fosse uma trekker, mas ela não tinha uma mochila
ou qualquer outro equipamento com ela.
Além do mais, não havia medo em seus olhos quando ela olhou para mim.
Ela não era um lobisomem, eu senti imediatamente, mas ela não cheirava
como um humano também.
Quem era esta mulher?
De repente, toda a floresta ficou em silêncio e um tom monótono
começou a ecoar em meus ouvidos. Eu balancei minha cabeça, mas não parou
o barulho.
Eu fechei os olhos novamente com a mulher encantadora. Minha cabeça
doía como se estivesse prestes a se abrir. Eu gritei e pensei que podia ouvir
uma criança gritando em uníssono.
Minhas pupilas dilataram e duas sombras pairaram sobre mim. Eu não
poderia dizer se eles estavam me alcançando ou tentando me machucar, mas
em um instante, eles se foram.
Eu olhei de volta para a mulher assim que ela também desapareceu na
noite, lentamente se tornando invisível como um espectro. O zumbido em
meus ouvidos parou e os sons da floresta voltaram.
A lua estava agora ascendendo ao seu trono noturno, e os sons da floresta
se estabeleceram em seus études noturnos.
Trotei cautelosamente até onde a mulher estivera e não consegui encontrar
nenhum vestígio dela. Eu coloquei meu focinho no ar, mas tudo que eu podia
sentir o cheiro era o almíscar úmido da floresta e as criaturas usuais que a
habitavam.
Eu realmente tinha visto alguém ou minha mente estava me pregando uma
peça?
Se ela fosse real, o que ela queria comigo? Por que ela se exporia e
simplesmente desapareceria? Nada fazia sentido.
Estremeci ao pensar o que teria acontecido se Josh e os outros lobos não
tivessem aparecido ou se tivessem chegado alguns minutos depois. A noite
toda me lembrou o quão pouco eu sabia sobre parceria e as regras que
governam uma loba uma vez que ela é marcada.
Eu conhecia Bruma há apenas três temporadas, enquanto Aiden era um
amante experiente que conhecia todos os truques.
E acima de tudo, ele era um alfa, então seus poderes eram mais fortes do
que os de um macho típico.
Se eu ia ter alguma chance contra ele, precisava descobrir uma maneira de
mantê-lo longe de mim enquanto nos conhecíamos.
Nada disso colaborava com o fato de que eu estava me guardando para
meu companheiro, e Aiden era a coisa mais distante de um companheiro que
eu poderia imaginar.
De que adiantava ter um alfa se ele não conseguia permanecer no poder
sozinho?
Tudo soou um pouco dramático para mim, como uma desculpa elaborada
para dormir com todo mundo até que ele "decidisse" que havia encontrado sua
companheira.
Eu gostaria de poder lutar contra minha natureza de lobo e nunca mais ter
outra Bruma. Foi o que levou Emily a fazer o que ela fez.
Eu nunca iria querer me tornar humano, mas durante a temporada, eu
tinha inveja de seu estado não afetado.
Mulheres humanas não precisavam aturar essa merda. Elas não tinham que
se submeter a serem marcadas e enganadas para dormir com alguém, amante
ou não. Elas nunca se perdiam de si mesmas.
O uivo de outros lobos me tirou dos meus pensamentos. Mesmo tendo um
parceiro, ainda não era seguro para mim estar sozinha em uma parte tão
remota da floresta.
Apenas os machos mais desesperados e não pareados estavam rondando
tão tarde da noite. Eu sabia me cuidar. Eu tinha literalmente acabado de
desafiar o Alfa, mas sabia que teria problemas se mais de um aparecesse em
busca de satisfação.
Da última vez, tive sorte. Era hora de ir embora.
Eu corri de volta para a floresta, em direção à minha casa.
Eu estava quase no limite da floresta quando me ocorreu que eu tinha
rasgado o vestido que Aiden tinha comprado para mim e jogado fora em
algum lugar ao longo da estrada.
Em outras palavras, eu estaria nua quando voltasse.
Não era exatamente um tabu andar pela cidade na forma de lobo, mas
também não era encorajado.
Eu nunca tinha feito isso antes, mas depois de parar na Casa da Matilha
meio transformada no início do dia, eu percebi que poderia lidar com alguns
olhares de desaprovação.
Ainda assim, não era da minha natureza chamar a atenção, então peguei
estradas vicinais e me mantive nas sombras até chegar à minha rua.
Quando me aproximei da esquina, as lâmpadas da rua começaram a pulsar
e minha visão ficou turva novamente. Fiquei desorientada, todos os meus
sentidos embotados. O que aquela mulher fez comigo?
Tentei pular a cerca para o nosso quintal, mas prendi minhas patas traseiras
em uma ripa e caí com um baque pesado. Eu olhei para cima para ver uma
figura sombria se aproximando de mim.
Corri para a porta dos fundos e arranhei impotente, minhas patas
incapazes de trabalhar a maçaneta, sem tempo de voltar à forma humana.
Eu estava encurralada, sem ter para onde correr. Eu queria uivar, agarrar,
lutar, mas estava paralisada de medo.
Capítulo 12 - A Conversa
Sienna
Eu me senti como uma cadela covarde, mas minha mente estava
queimando na floresta. Eu me sentia como se tivesse sido drogada e o que
quer que meu agressor estivesse prestes a fazer, eu não tinha forças para
impedi-lo.
A sombra se abaixou e começou a me envolver, mas parei de lutar ao sentir
um abraço familiar.
"Sienna", a voz do meu pai sussurrou suavemente. "Acalme-se, querida.
Aqui, eu trouxe um manto para você. Vamos entrar."
Seus dedos correram pelo meu pelo e tudo começou a parecer normal
novamente. Ele colocou o manto sobre a minha forma de lobo trêmula, e eu
me mexi, desabando em seus braços.
"O que aconteceu? Você foi atacada?" ele perguntou, preocupado.
Tinha sido? Eu honestamente não tinha certeza, mas parecia que minha
mente tinha acabado de travar algum tipo de guerra.
Eu me perguntei se isso tinha algo a ver com Aiden fugindo com sua
matilha. Eles devem estar conectados. Eu não conseguia pensar muito sobre
isso agora, ou provavelmente desmaiaria.
"Estou bem, pai. Eu só preciso descansar. Foi uma noite longa e estranha",
respondi.
Aiden
Meu escritório estava começando a parecer uma cela de prisão. Estava mais
inquieto do que nunca, mas não conseguia sair correndo sem que alguém
percebesse.
Josh e eu tinhamos estado no local onde a patrulha havia perdido o cheiro
do errante, mas não consegui descobrir nenhuma pista de para onde ele tinha
ido.
Admito que não parecia bom para mim vir de mãos vazias, mas a única
alternativa era mentir para Josh e os quatro soldados, e eu já estava fazendo
mais do que gostaria.
Não era anormal ter um estranho cruzando o território da Matilha, mas o
cheiro inexplicável e o desaparecimento subsequente deixaram todos que
sabiam a respeito agitados.
Até agora éramos apenas eu, Josh, Jocelyn, Nelson, Rhys e os quatro
soldados.
Fiz o último grupo jurar silêncio até que pudéssemos descobrir quem era
esse intruso e para onde estava indo. Para ser cauteloso, despachei pequenos
detalhes de guardas para qualquer lugar ou pessoa que eu achasse importante.
Fosse o que fosse, estaríamos prontos quando surgisse e, com sorte,
seríamos poderosos o suficiente para enfrentá-lo.
Quando ficamos sozinhos. Josh cruzou os braços indignado. "E aí? " ele
perguntou. "Vamos apenas sentar aqui na Casa da Matilha e esperar?"
"O que mais você sugere? Não posso mandar todo mundo vasculhar a
floresta se não souberem o que procuram. Nós nem sabemos o que estamos
procurando."
"Bem, de quem é a culpa? " Murmurou Josh enquanto começava a andar
em seu caminho usual no meu escritório. "Sua, tecnicamente", eu respondi,
secamente. "Cabe ao Beta manter nossas fronteiras seguras."
"Você não precisa me lembrar qual é o meu trabalho. Eu fiz exatamente o
que deveria. Quando ficou claro que estávamos lidando com algo novo, fui
procurar você. Você é quem está se esquecendo de seus deveres”. "Pare de
rodear o assunto e diga o que está pensando", eu disse, ficando impaciente.
"Você está comprometido, Aiden. Um alfa com força total teria sido capaz
de rastrear o errante". Outra vez a ladainha. Sua persistência estava começando
a me desgastar.
"Você mesmo disse que não sabemos com o que estamos lidando",
respondi. "Se for poderoso o suficiente para mascarar seu cheiro, é claro que
faz meus poderes parecerem diminuídos em comparação. Ou ainda é sobre
Sienna?"
 "Me diz você". "Eu perdi o controle da minha Bruma. Foi temporário."
"Meu ponto, exatamente. Você perdeu o controle. Isso nunca aconteceu
com você antes. Se o que você nos contou é verdade, por que não é honesto
com ela? Você está perdendo o tempo dela e o seu. Se você deixar as coisas
continuarem assim, um de vocês vai se machucar. Você precisa estar mais forte
agora do que nunca. Não estou dizendo isso apenas pelo bem da Matilha,
Aiden. Estou falando como seu amigo."
"Aprecio sua preocupação, mas vou fazer do meu jeito."
Josh soltou um grunhido e bateu com o punho contra a minha mesa.
"Droga, Aiden, podemos estar sob ataque agora, e você só se preocupa com
uma garota. Uma garota que está rejeitando seus avanços até agora”. "Cuidado,
Josh". "A questão é, Aiden", Josh fumegou",estávamos tão perto de descobrir
algo novo. Eu sei que você farejou o que eu farejei. Não humano. E não
lobisomem. Então, se é algo novo, quais são seus pontos fortes? Quais são
seus pontos fracos? Ele ainda tem pontos fracos? Eu sinto que você não está
levando essa ameaça a sério o suficiente."
Eu estava tão preocupado quanto Josh, mas não podia demonstrar. Ainda
havia um abismo de poder entre nós.
Por um momento, pensei no que meu irmão Aaron teria feito. Se ele estivesse
aqui. Uma pontada de dor passou por mim e eu empurrei essa memória de
lado.
Não havia tempo para pensar no passado quando o presente era tão
perigoso.
"A ideia do errante ser algo novo passou pela minha cabeça, mas não há
nada a fazer a não ser esperar. Seja o que for, a última coisa que quero é fazer
com que pareça ameaçado. Se for pacífico, quero que continue assim. Como
você disse, não temos ideia de quais poderiam ser os poderes deste errante.”
"E se não veio aqui a negócios pacíficos?"
"Ele já teria nos atacado se não fosse o caso. Provavelmente mascarou seu
cheiro para evitar o confronto."
"Ou está se preparando para um ataque surpresa."
"Já chega de teorias. Josh. Vá verificar as patrulhas e me avise se ouvir
alguma informação nova."
"Como desejar, meu Alfa. Lembre-se, você tem um trabalho, além de fazer
essa garota dormir com você.
Não respondi, dispensando Josh com um simples aceno de cabeça. Ele
estava certo em estar preocupado, no entanto. Desde que marquei Sienna,
minha cabeça estava nublada de desejo. Eu nunca reprimi minha Bruma por
tanto tempo, nem ela nunca foi tão forte quanto era quando eu estava perto
dela.
Talvez com uma distração, eu pudesse me reequilibrar. Este forasteiro era
uma distração bem-vinda.
Sienna

Eu estava sentada sozinha no escuro quando ouvi uma batida na minha


porta. Sentei-me e tirei os fones de ouvido. "Entre", eu disse.
"Ótimo, achei que você já tivesse adormecido", disse meu pai, fechando
suavemente a porta atrás de si. "Você se importa se eu sentar?" ele perguntou,
apontando para a minha cama.
"Claro que não", respondi.
Ele costumava ser bem esbelto quando meus pais se conheceram — minha
mãe me mostrou fotos — mas envelhecer, casamento e duas filhas
adicionaram alguns quilos ao seu corpo.
Quando ele se sentou ao meu lado, meu colchão arquejou sob a nova
carga.
"Eu queria falar sobre mais cedo esta noite", ele começou, mudando seu
olhar entre o chão e meu rosto.
"Eu sei que sua mãe está animada por você ter feito uma parceria com o
Alfa para a temporada."
"Esse é o eufemismo do século." Suspirei.
"Sim", disse ele rindo", ela não é muito discreta, é? "Houve um breve
silêncio antes de ele continuar." Sua mãe me contou sobre como você saiu
correndo de casa hoje cedo e... bem, achei que você poderia precisar de alguém
para conversar sobre tudo o que está acontecendo."
"Pai" — "Agora, eu sei que não sou um lobisomem e não consigo
entender exatamente o que você está passando, mas estou por aí há tempo
suficiente para saber que aparecer na casa em forma de lobo não é normal.
Você quer falar sobre o que aconteceu esta noite?"
De todas as pessoas na minha vida, a última em quem eu esperava abrir
meu coração era meu pai, mas ele estava certo. Minha cabeça estava uma
bagunça e eu precisava deixar um pouco sair.
Peguei meu edredom, sem saber como começar.
"Algo aconteceu no jantar esta noite que, bem... parece que agora que fui
marcada pelo alfa, todos têm essas expectativas. Quer seja mamãe, ou meus
amigos ou membros da Matilha, que eu nem conheço, todos eles querem algo,
e ninguém se importou em me perguntar o que eu quero."
Minha voz começou a tremer e eu podia sentir as lágrimas crescendo em
meus olhos. "Sinto que estou perdendo o controle e não gosto disso."
Finalmente, dizer em voz alta veio como uma liberação, como se um peso
de mil quilos tivesse sido tirado do meu peito.
As lágrimas brotaram dos meus olhos e escorreram pelo meu rosto. Meu
pai me puxou para perto e deixou meu rosto pingar em seu ombro.
"Está tudo bem", disse ele, esfregando minhas costas. "É perfeitamente
normal sentir o que você sente."
"Não, não é", eu engasguei. "Eu sou uma dominante. Dominantes não
permitem que coisas estúpidas como essa os afetem."
Eu geralmente não me chamo assim.
Eu sabia, no fundo, que era verdade, que eu tinha uma tendência
dominante que não podia ser domada. Era a razão de eu ter tido tanto sucesso
em resistir aos avanços do Alfa até agora. Mas dizer isso em voz alta quase o
tornava menos real. Como se tivesse desvalorizado a verdade.
Talvez eu estivesse apenas me enganando e minha natureza fosse ser mais
uma loba submissa que fazia o que ele mandava.
Mas então meu pai colocou a mão sob meu queixo e forçou meus olhos a
encontrar os dele.
"Eu não acho que o que você está sentindo é estúpido, Sienna", disse ele.
"E dominante ou não, todo mundo tem um coração."
A parte boa de ter um pai humano era que ele era muito mais sentimental
do que mamãe e Selene, ou qualquer lobisomem.
Normalmente, nós lobos olharíamos para isso como um sinal de fraqueza,
mas no momento, eu estava feliz por tê-lo lá.
"Sabe, quando trouxemos você para casa, eu logo soube que você era
especial. Você tinha essa confiança em tudo que fazia, mesmo quando era
bebê. Assistindo você crescer, eu vi essa confiança se manifestar em tudo,
desde como você se comporta até a sua arte. Chorar não tira isso de você,
Sienna. Você ainda é a loba mais forte que conheço."
"Você não pensaria isso se visse o que aconteceu esta noite."
"Você quer me contar?"
"Tudo o que importa é que eu fiz papel de boba. Eu nunca mais quero vê-
lo novamente. Eu gostaria que ele nunca tivesse me marcado, pai. Eu gostaria
que ele apenas tivesse me deixado em paz.
Uma nova rodada de lágrimas derramou dos meus olhos.
"Você já pensou que talvez ele não possa te deixar em paz? Que talvez ele
tenha visto a mesma mulher bonita e poderosa que eu vi e foi tão dominado
pela emoção que não teve escolha a não ser marcar você?"
"É sua obrigação falar essas coisas. Você é meu pai."
"Estou falando sério, Sienna. Você não é covarde, então não deixe que ele a
transforme em uma. Como sua mãe diz, ele poderia ter qualquer mulher na
Matilha, mas ele escolheu você. Lembre-se disso. Você não precisa dele. Ele
precisa de você."
O flash dos faróis inundou minhas janelas quando um carro parou na
garagem. Meu pai e eu olhamos para fora para ver Selene saindo de seu carro.
Nós não estávamos esperando por ela, e ela raramente aparecia sem avisar
assim. Nós dois descemos para cumprimentá-la.
Meu pai abriu a porta antes que ela tivesse a chance de bater e a envolveu
em um grande abraço que só os pais sabem dar.
"A que devemos este prazer? " perguntou papai, abrindo mais a porta da
frente. "Está tudo bem?"
Selene estava de pijama e trazia uma mochila nas costas. Era evidente que
ela deixou sua casa com pressa.
"Jeremy recebeu um telefonema da Casa da Matilha e teve que trabalhar. É
algo grande. Ele não me deu detalhes, a não ser que envolvia uma brecha na
fronteira. A última vez que isso aconteceu, a Matilha foi bloqueada. Desculpe
por aparecer sem avisar assim, mas eu sabia que me sentiria mais segura aqui
do que sozinha no apartamento."
Violação na fronteira? Confinamento? Tudo isso soava bem sério.
O Alfa só prendeu a Matilha quando houve uma ameaça séria e ele teve
que impor estado de sítio. E por que eu estava ouvindo sobre isso de Selene?
Aiden não se importava com minha segurança?
Acho que não deveria ter ficado surpresa por ser apenas um pedaço de
carne para ele, e um pedaço descartável, aparentemente. Idiota.
A misteriosa mulher da clareira ainda nadava em volta da minha cabeça.
Será que ela tinha algo a ver com isso?
Por um momento pensei que deveria contar a Aiden o que tinha visto, mas
se ele não achasse necessário me manter informada, eu também ia tratá-lo com
silêncio. Além disso, a perspectiva de vê-lo, especialmente depois do que
aconteceu esta noite, me abalou.
Eu não ia tomar a iniciativa. Se ele queria conversar, ele teria que vir me
encontrar.
Capítulo 13 - As Cores
Sienna
 
Michelle: e aiiiii sienna, o que você fez ontem à noite?
Mia: Sim, alguma coisa animada????
Erica: Prometemos não contar
Michelle: SIENNNAAAA
Michelle: emoji de carinha chorando
Erica: Se você não falar nada, vamos praí
Erica: Pegando minhas chaves...
Mia: Vou trazer a bebida!
Michelle: chegando em 5!
Sienna: OK! O que você quer saber?
Michelle: MUITA COISA!
Sienna: Ele me buscou e comprou um vestido
Sienna: Fomos jantar no centro
Sienna: Depois fui para casa
Mia: emoji com cara entediada
Erica: Entrando no carro...
Sienna: Já dei o que vocês queriam
Mia: Nah, você está escondendo coisas
Mia: Algo sobre vocês se atracarem em um almoxarifado???
Erica: Eu não tinha ouvido essa parte!
Sienna: Olha, a gente deu uns amassos
Sienna: mas não foi nada de especial
Michelle: pode ir dando detalhes
Michelle: ele é tão gostoso quanto parece?
Mia: figurinha de língua com um lobo
Sienna: Eca. PARE
Erica: É grande?
Sienna: Estou falando sério. Parem com isso
Erica:Lobinha sem parceiro aqui o!!!
Erica: Eu ficaria feliz em tomar conta dele por vc
Michelle: garota, o que há de errado?
Sienna: Nada, só não gosto de você transformar minha vida em uma
novela
Michelle: desculpe, pensamos que você ficaria mais animada
Mia: O que você está fazendo agora?
Sienna: Estou pintando em casa
Mia: Venha nos encontrar no Winstons, vadia!
Sienna: Não estou com vontade
Mia: Vamos, Si, estamos planejando (emoticon de noiva)
Mia: Eu preciso do seu olho de artista
Erica: emoji de unicórnio
Mia: EXATAMENTE!
Sienna: Tudo bem, mas, por favor, sem mais perguntas
Mia: Prometo!
Erica: Prometo!
Michelle: ... prometo ;)
 
O Winston’s estava lotado como de costume. Mesmo que ninguém
piscasse quando eu entrei, ainda sentia que todos estavam me observando. No
início, fiquei confusa sobre como as meninas sabiam sobre o meu encontro,
mas é claro que elas sabiam.
Não se vai ao centro da cidade com o Alfa sem ninguém perceber. Eu
estava tão envergonhada, repassando os eventos da noite passada na minha
cabeça.
Definitivamente havia alguns membros da equipe que o viram deslizar meu
dedo em sua boca, e eu sabia que não fomos discretos em nossa fuga para a
sala dos fundos.
Estremeci ao pensar no que minha mãe tinha ouvido. Felizmente, ela ainda
estava no trabalho e não voltaria, até mais tarde esta noite.
As meninas estavam amontoadas em torno de nossa mesa de costume com
pilhas de revistas de noivas e o laptop de Mia. Cerimônias de acasalamento
eram como casamentos humanos, mas ainda mais importantes porque os
lobos acasalavam para o resto da vida.
A família de Mia era enorme, então ela teve bastante exposição às
cerimônias de acasalamento, o que achei que tornaria o planejamento dela um
caso fácil.
Pela aparência das coisas, no entanto, ela estava perdida no abismo do
planejamento.
Manchas de ketchup e mostarda pontilhavam as revistas, e algumas páginas
estavam rasgadas e espalhadas como amostras de tinta.
Mia e Erica estavam em seus telefones procurando arranjos e talheres,
mostrando seus achados para Mia, que apenas olhou para seus telefones e
assentiu.
Seu cabelo caramelo não tinha condicionamento e estava preso em um
rabo de cavalo preguiçoso.
Mia sempre cuidou muito bem de seu cabelo, então seu estado
desgrenhado era um claro indicador de como ela estava estressada. "Aí está a
nossa megera tímida", gritou Michelle com um sorriso malicioso. " Erica,
chega pra lá."
"Estou tão feliz que você chegou", disse Mia, agarrando sua cabeça.
"Estou totalmente sobrecarregada. Precisamos de alguém que saiba o que está
fazendo."
Os gostos de Mia eram, como posso dizer isso bem, um pouco
espalhafatosos.
Eu olhei para os esquemas de cores que ela havia puxado em seu
computador e fiz o meu melhor para apontar a direção certa.
  Ela estava originalmente procurando cores quentes, que eu pensei que
seriam inadequadas para uma cerimônia de acasalamento de inverno, então,
depois de muito discutir, eu fiz com que ela decidisse por lilás, violeta e azul-
petróleo.
Michelle protestou porque não achava que ela ficava bem com aquelas
cores, mas eu a lembrei que não era sua decisão e que ela ficava bem em
qualquer cor que usasse, o que Erica e Mia apoiaram, então todos saíram
felizes.
Ajudar Mia me fez pensar sobre minha própria cerimônia e quanto tempo
levaria até que eu encontrasse meu par. Nem todo mundo teve tanta sorte
quanto Mia e Harry.
Eu fantasiei que iria encontrar meu companheiro enquanto passeava por
algum museu ou em algum lugar em um parque. Suponho que foi onde
conheci Aiden, mas depois de seu comportamento na noite passada, prefiro
simplesmente esquecê-lo. Pensar nele agora me deu vontade de vomitar.
"Honestamente, Si, não acho que teríamos avançado nada se você não
tivesse aparecido", disse Mia, mentalmente exausta e estressada comendo
batatas fritas.
"Quem diria que as cerimônias de acasalamento davam tanto trabalho?"
"Pelo menos você tem uma para planejar", lamentou Erica. "Por que um
dos meus amigos não consegue se apaixonar por mim de repente?"
"Eu nunca tive amigos homens de verdade. Eu me pergunto por que... "
Mia pensou em voz alta.
"Porque você transou com todos os seus amigos homens. " respondeu
Erica.
"Não foi", Mia protestou.
"Foi sim", todos nós respondemos em uníssono.
"A vida de solteira ficou pra trás", disse Mia, torcendo o nariz para fingir
refinamento. "Eu sou uma mulher acasalada agora."
Todos nós rimos porque, mesmo antes de começarmos a ter nossa Bruma,
Mia ia a festas com caras mais velhos, procurando homens com quem ela
pudesse fazer muitos "bebês fofos."
"Si, venha conosco esta noite", implorou Michelle. "Estamos celebrando o
acasalamento iminente de Mia. O irmão de Erica disse que pode nos levar a
esta boate badalada. Se chama Lupin. Vai ser noite das garotas."
O bloqueio havia sido cancelado, com certeza. Mas eu ainda estava exausta
do dia anterior e não tinha vontade de estar perto de pessoas ou enfiada em
uma sala escura e cheia de vapor com música tão alta que eu não conseguia me
ouvir pensar.
Eu precisava ficar sozinha e pintar. Apreciei o gesto e sabia que Michelle
tinha boas intenções, mas não estava com vontade.
"Talvez outra noite", eu disse.
"Por que você não quer vir? Você tem outro encontro com o Sr. Alfa?"
"Não, só estou cansada."
"Cansada de uma longa noite de bate-papo no fundo dos restaurantes?”
Michelle cortou de volta.
Eu poderia dizer pelo olhar que ela me deu que ela não estava mais
brincando e estava realmente começando a ficar chateada.
"Michelle, nós não fizemos sexo. Quantas vezes eu tenho que te dizer
isso?"
"Então qual é o seu problema, Sienna? Por que você não quer vir?"
"Não dá pra deixar pra lá?"
"Somos suas amigas e quase não nos vemos. Você está saindo com o lobo
mais foda de todos e não nos conta nada. Você está envergonhada por nós
porque não somos tão legais quanto todos os amigos de Aiden da Casa da
Matilha?"
"Não é nada disso, Michelle", respondi, tentando impedi-la de fazer uma
cena, que ela sabia que eu odiava. "Só não estou com disposição para sair."
As palavras mal tinham saído dos meus lábios quando meu telefone tocou
na mesa.
Eu o peguei e me encolhi. Eu não queria provar que Michelle estava certa,
mas, ao mesmo tempo, queria saber o que diabos estava acontecendo.
"É ele?" perguntou Michelle.
"Sim, você se importa se eu..."
"Vá em frente", disse ela, misturando friamente o milk-shake com uma
colher.
Levantei-me e fui até o balcão, onde havia um banquinho vazio, então abri
meu telefone.
 
Aiden: Ei, sobre a noite passada. Sinto muito, Josh interrompeu.
Aiden: Você chegou em casa bem? Você fugiu de uma vez.
Sienna: Ah, olha só quem se importa agora
Aiden: Você acha que não?
Sienna: Eu acho que você está apenas tentando me comer.
Aiden: Posso ter deixado minha bruma sair do controle.
Aiden: Não vai acontecer de novo.
Sienna: Você está certo. Não vai
Aiden: Sienna, me desculpe.
Aiden: Em minha defesa você também estava interessada.
Sienna: Estava fora do meu controle
Sienna: Você não era o único com problemas de Bruma
Aiden: Acho que você sabia o que estava fazendo.
Sienna: E eu pensei que você fosse um cavalheiro, não um filho da puta.
Aiden: Como posso compensar você?
Sienna: Mostre-me que sou mais do que apenas um troféu
Aiden: O que você quiser.
Aiden: é só falar.
Sienna: Diga-me o que está acontecendo com a violação da fronteira
Sienna: Por que você de repente chamou todo mundo para a Casa da
Matilha?
Aiden: Como você ficou sabendo disso?
Sienna: Não importa. Se eu for mais que qualquer uma, você vai me dizer
Aiden: É complicado.
Aiden: Eu quero te contar mais, sério.
Sienna: Então, pelo menos me diga uma coisa
Sienna: Eu estava em perigo na noite passada?
Aiden: Eu nunca deixaria nada te machucar.
Sienna: Não foi isso que perguntei
Sienna: Eu estava em perigo?
Aiden: Não sei.
Aiden: Estou sendo honesto
Sienna: Tchau, Aiden
 
Eu não podia acreditar que já tinha o considerado atraente. Quero dizer,
claro, ele tinha o corpo mais delicioso que eu já coloquei os olhos, mas se não
fosse por essa Bruma irritante, eu ficaria muito enojada com seu
comportamento para o querer perto de mim novamente.
Eu ainda estremeci ao pensar o que teria acontecido se Josh não tivesse
aparecido. Eu provavelmente corria mais perigo com Aiden lá, depois que ele
saiu.
Eu definitivamente não contaria a ele nada sobre o desaparecimento da
mulher agora também. Ele era um idiota e eu precisava desabafar.
Capítulo 14 - O Clube
Sienna
Usei minha minissaia xadrez vermelha e preta nova em folha, com botas de
couro preto de salto alto, meia-calça preta e um top curto com uma jaqueta de
couro preta por cima.
Pintei minhas unhas para combinar com o vermelho da minha saia e
separei meu cabelo em camadas bagunçadas que caíram pelas minhas costas e
ombros como uma cachoeira de cobre.
Eu apliquei meu delineador, rímel e batom cor de vinho. Para terminar,
coloquei meu ear cuff preferido e brincos de prata junto com anéis
combinando. Meu look era de pirigótica e eu estava amando.
Quando as garotas me viram, elas me encheram de elogios.
Michelle até disse que eu era sexy o suficiente para morder, o que para os
lobisomens era o melhor elogio que você poderia receber.
Como Michelle disse no Winston's, Lupin só estava aberto há algumas
semanas, mas todo o hype em torno dele significava que todas as noites da
semana havia longas filas de pessoas esperando para entrar.
Erica, no entanto, tinha conseguido passes VIP — um de seus irmãos
tinha conexões com todos os seguranças do centro, incluindo o do Lupin — e
nós entramos sem ter que esperar.
Sempre me senti um pouco culpada por pular a fila daquele jeito,
especialmente quando as pessoas que estavam esperando faziam cara feia para
você com inveja, mas esta noite eu não me importei.
Eu estava lá para me soltar e esquecer o lobisomem estúpido que colocou
essa marca no meu pescoço.
A entrada do clube tinha um teto baixo que dava a sensação de estar
entrando em uma caverna. A esquerda estava o bar, iluminado por LEDs que
piscavam com a música em padrões suaves.
À direita ficava o guarda-roupas, onde deixamos nossos casacos, e uma
escada que levava ao mezanino que dava para a pista de dança.
Era de forma circular e se abria para um átrio, onde grandes gaiolas
pendiam das vigas, abrigando belas dançarinas que se contorciam
sensualmente ao som da música.
Humanos e lobisomens se misturavam no enorme bar enquanto todos se
acotovelavam para pedir suas bebidas. Eu olhei para a pista de dança, que
estava cheia de corpos se esfregando.
O DJ mixava faixas de house de seu palco com vista para a multidão,
ocasionalmente incitando os clientes a fazerem mais barulho.
Michelle abriu caminho até o bar e pediu uma rodada de doses de vodca.
"Você acha que deveríamos conseguir mais já que estamos aqui? " ela
gritou por cima da música. Já tínhamos começado a beber no táxi, mas
Michelle nunca foi de ir devagar.
"Duas rodadas, pelo menos", respondeu Mia. "Estou fora do mercado
agora! Vocês ouviram isso, meninos? Você não tem chance com essa
gostosura", disse ela, sacudindo os quadris.
Bebemos shots no bar antes de encontrar uma mesa de pé para nos
amontoarmos com nosso bowl cheio de Curaçao azul, gim, tequila, rum e
vodca.
Fazendo a contagem regressiva juntas, cada um de nós pegou um canudo e
chupou o máximo que possível.
Michelle e eu duramos mais, mas eu venci. Ela se considerava a "garota
festeira" do nosso grupo, então foi um golpe para seu ego.
"Amanhã vai ser uma merda." Erica deu uma risadinha. "Eu sou fraca com
bebida."
"Então vamos para a pista de dança enquanto você ainda pode ficar de
pé", gritei, o que não era típico de mim porque eu não era, de forma alguma,
uma boa dançarina.
A única coisa em que eu era boa na vida era pintar, mas tinha ritmo
suficiente para mover meus pés e quadris com a batida.
Abrimos caminho até o meio da sala e começamos a nos exibir.
Os homens começaram a se aproximar de nós e a flertar com Erica, o que
não era problema, já que ela não estava marcada ou acasalada, mas para minha
surpresa, os homens estavam me atacando também.
Eles não me reconheceram ou não se importaram que eu tivesse a marca
do Alfa na base do meu pescoço.
Considerando os eventos recentes com Aiden, concluí, sem sombra de
dúvida, que os homens são porcos e estão dispostos a arriscar qualquer coisa,
incluindo suas vidas, se isso significar transar.
"Não entendo", gritei por cima da música para Mia depois de enxotar
outro homem. "Estou marcada como você, então por que os caras ainda estão
vindo em cima?"
Mia gritou de volta: "Porque minha marca é uma marca de acasalamento e
a sua não."
Novamente, minha inexperiência em ter um amante durante a temporada
significava que eu perdi algum conhecimento comum.
"A marca de acasalamento é um vermelho suave em torno das bordas,
enquanto a sua está mais machucada e roxa. Lobisomens machos também
podem sentir qual é qual, para evitar problemas sérios", ela explicou.
Quer eu tivesse uma marca de acasalamento ou não, qualquer um desses
caras teria sérios problemas se Aiden descobrisse que eles estavam tentando
me levar para casa. E eu adorei.
Depois de uma hora, Michelle levou Erica ao banheiro porque ela se sentiu
mal.
Eu fiquei na pista de dança com Mia, jogando meu corpo como se
estivesse em casa no meu quarto sem ninguém olhando.
As bebidas tinham nos atingido fortemente agora.
Mia e eu estávamos constantemente nos agarrando uma à outra para
manter o equilíbrio, e eu estava feliz por não ter decidido usar salto. Do
contrário, certamente teria torcido o tornozelo.
O DJ colocou um reggaeton sensual que fez todos formarem pares. Um
cara veio até mim com um sorriso sugestivo e estendeu a mão.
Ele era um lobisomem sem par que era claramente dominante, enquanto
segurava meu olhar sem problemas.
Ele também era muito gato, com cabelos dourados, olhos escuros sexy e
um físico esguio e talhado.
"Oi, mocinha sexy", disse ele, pegando minha mão e pressionando seus
lábios perto da minha orelha.
"Oi", respondi, olhando para Mia com o canto do olho.
Ela me deu uma piscadela e fugiu em direção ao bar, me deixando sozinha
com este lobisomem fofo. Eu não estava querendo muita privacidade.
Além disso, se ele tentasse qualquer coisa, eu poderia chutar sua bunda. Eu
lutei contra cinco homens sozinha na floresta. O que era um em um clube
cheio de pessoas?
"Qual o seu nome? " ele perguntou, erguendo as sobrancelhas para mim
em um convite aberto.
"Sem nomes", eu disse. Ele era simplesmente um rosto bonito de se olhar
e um corpo bonito para dançar. Eu queria manter assim.
Eu sei que provavelmente deveria ter recusado. Aiden só precisava dar uma
cheirada na minha pele para saber que outro homem tinha me tocado. O
imbecil. Ele claramente queria muito comer, mas não ia rolar.
Ele me girou e colocou as mãos nos meus quadris, puxando minha cintura
contra sua virilha.
No começo foi divertido ter as mãos de outro homem em mim, mas
quanto mais a música tocava, mais insistente ela se tornava.
Não era como o toque de Aiden, que deixou minha pele em chamas e me
fez doer. Eu não disse nada, mas continuei dançando. Afinal, eu estava lá para
me divertir, não para pegar ninguém.
Senti seu aperto se intensificar quando ele se pressionou contra mim com
mais força, balançando a parte inferior de seu corpo com o meu.
Quando sua ereção por debaixo do jeans cutucou em mim, eu sabia que
era hora de parar.
Tentei me desvencilhar de seu aperto, mas ele não me soltou. Ele apenas
me pressionou mais forte e começou a puxar minha saia.
"Solte! " Eu gritei, meu grito abafado pelo baixo.
"Qual é o problema, gatinha? " ele perguntou, tentando continuar o jogo.
"Vai se foder, cretino!" Eu gritei.
"Por quê? " Sua voz estava sombria de luxúria.
"Estamos nos divertindo."
"Não estou me divertindo com você", rebati, o coração martelando no
peito. "Então me solta, porra!"
De repente, percebi que, enquanto estávamos dançando, ele nos arrastou
em direção à borda da pista de dança e agora me puxou para um canto escuro
na saída dos fundos.
O sangue correu do meu rosto.
"Você devia ter pensado antes de provocar um homem na Bruma, gata",
ele rosnou, e de repente eu estava do lado de fora no ar frio de novembro,
minha transpiração congelando, o que, junto com a adrenalina bombeando por
mim, fez meu corpo tremer incontrolavelmente.
Ele me pressionou contra a parede de tijolos do beco vazio, seus olhos
luminosos e cheios de luxúria.
Agora eu não conseguia mais esconder meu pânico. "O que você pensa
que está fazendo?!" Eu gritei.
"Qual é, relaxa", ele disse, suas mãos como tornos, cavando em meus
lados.
"Eu quero voltar para dentro", eu atirei de volta.
"Não se preocupe, já voltamos. Vamos apenas ficar aqui um pouco,
aproveitar o ar fresco... nos conhecer."
Ele olhou para mim com uma intenção maliciosa. Eu sabia o que ele
procurava e precisava me afastar dele como pudesse.
"Estou com frio. Eu preciso voltar para as minhas amigas", eu respondi,
tentando empurrá-lo. Ele se inclinou, tentando me beijar. "Não!"
Ele enfiou a mão no meu seio e o apalpou violentamente. "Relaxe, querida,
eu não vou te machucar."
"Não! " Eu gritei, lutando contra seu aperto.
Tentei dar socos, cotovelos e joelhadas, mas ele era mais forte do que eu
pensava, e os efeitos do álcool me deixaram fraca e descoordenada.
Eu me senti impotente enquanto sua boca e mãos me violavam.
Ele apertou meu peito novamente e eu gritei. "Pare!"
Mas ele não estava parando agora e não estava falando. Ele só tinha uma
coisa em mente.
Ele me ergueu contra a parede e rasgou minha meia-calça, sufocando
minha boca com a mão.
As lágrimas queimaram meus olhos enquanto ele se atrapalhava com sua
braguilha, olhos selvagens.
Ninguém vai vir me salvar, pensei. As palavras me cortaram como o vento frio
que soprava pelo beco vazio.
Isso foi exatamente o que ela deve ter pensado.
Ninguém vem te salvar
E por um segundo, eu pude vê-la. Emily. Lutando, gritando, implorando
por ajuda.
Fechei os olhos e tentei afastar a imagem, ignorar seus dedos gelados
puxando minha pele, queimando-me com pontadas viscerais de raiva,
arrependimento e impotência.
Eu me senti deixar meu corpo, e quando olhei para baixo, era a forma de
Emily ao invés da minha.
Tentei gritar para o bastardo sair de cima dela, mas nenhum som saiu.
Tentei acertá-lo, mas minhas mãos passaram por seu corpo.
Emily. Não. De novo não. Estou aqui desta vez.
Eu voltei para o meu corpo. Alguém, qualquer um, me ajude!
Lutei para manter minhas pernas fechadas e enfiar minhas mãos sobre
minhas partes íntimas, mas ele usou sua coxa para separar a minha e puxou
minha mão com facilidade.
De repente, um rosnado profundo e horrível encheu o ar, e eu senti o peso
do corpo do meu atacante desaparecer com um grito angustiante.
Eu abri meus olhos e engasguei em choque. Era ele, de verdade?
Capítulo 15 - O Conto de Fadas
Sienna
Eu nunca tinha visto Aiden parecer tão assustador - cabelo arrepiado na
nuca, caninos saindo de sua boca rosnando, curvado sobre meu atacante com
sede de sangue em seus olhos.
O homem lutou de volta, mas Aiden facilmente o dominou, jogando-o
contra a parede.
Ele socou as costelas daquele bastardo uma e outra vez em uma raiva
animalesca até — BAM.
Eu engasguei em choque quando ouvi suas costelas quebrarem. Eu o
observei cair no chão, apenas um homem amassado e bagunçado agora —
patético.
Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.
Emily. Oh meu Deus. Isso foi o que ela passou quatro anos atrás.
Completamente desamparada e com medo, paralisada e incapaz de pedir
ajuda. Uma sensação de escuridão total. Ninguém estava lá para ela. Eu não
estava lá.
Enquanto eu observava Aiden arrastar o corpo inerte do homem pelo
beco, quase me senti culpada, culpada por ter sobrevivido e ela não.
Eu queria me levantar e sair correndo, mas duvidava que pudesse rastejar
agora.
Emily, seu estuprador, meu agressor, todos eles continuavam piscando
diante dos meus olhos. Eu queria vomitar os sentimentos distorcidos dentro
de mim.
Eu vacilei quando Aiden se ajoelhou e passou os braços em volta de mim.
"Eu não vou te machucar", ele disse suavemente.
Foi contra cada fibra do meu ser, mas eu o deixei me pegar e me levar para
seu carro.
Eu nunca me senti mais vulnerável com ele, mas algo sobre o calor de seu
peito e seu abraço apertado me fez sentir segura.
Minha Bruma não estava queimando. Esse sentimento era algo diferente.
"Para onde você está me levando?" Eu perguntei, meu corpo ainda
tremendo.
"Minha casa", ele respondeu calmamente. "Eu prometo que não tenho
intenção de tirar vantagem de você. Eu só quero te ajudar."
Minhas amigas ainda estavam no clube, sem noção dos horrores que
acabaram de acontecer do lado de fora, e eu preferia que continuasse assim.
Eu não queria enfrentá-las esta noite. Ir para casa também não era uma opção.
Meus pais olhariam para mim e saberíam que algo estava errado. Eu não estava
pronta para as perguntas, a pena ou o julgamento.
Ir com Aiden foi minha melhor opção. Eu ainda não confiava nele, mas o
que ele tinha feito por mim... Me deixou doente pensar o que teria acontecido
se ele não tivesse aparecido.
O comportamento de Aiden foi completamente mudado em relação ao
homem feroz que atacou meu atacante apenas alguns momentos atrás. Foi
atencioso e gentil.
Por mais que eu o desprezasse por me marcar e me forçar a assumir a
responsabilidade de ser sua companheira, eu não podia negar que queria que
ele estivesse lá para mim. Eu não sabia quanto tempo duraria, já que essa coisa
entre nós era imprevisível como o inferno, mas eu estava disposta a lhe dar
uma chance.
Ele disse que queria me ajudar? Tudo bem, eu o deixaria provar então.
Finalmente, cedi, deixando minha cabeça descansar em seu ombro. Ele me
colocou delicadamente no banco do passageiro e dirigimos em silêncio.
Enquanto eu observava os edifícios borrados e as árvores desaparecerem pela
janela, tentei fazer as memórias desta noite desaparecerem também, mas isso
parecia impossível.
Se eu me senti assustada com o que aconteceu, Emily deve ter ficado
absolutamente aterrorizada com o que ela passou.
Cravei minhas unhas nos assentos de couro caros de Aiden. Nunca mais
quis me sentir impotente dessa forma. Eu nunca deixaria um homem me fazer
sentir assim novamente.
Eu olhei de lado para Aiden e meu peito apertou. Eu não poderia mais
estar naquele carro. Eu precisava estar em outro lugar, em algum lugar seguro.
Assim que comecei a entrar em pânico, Aiden parou em sua garagem e
parecia que tínhamos acabado de entrar em um sonho, como se eu tivesse
manifestado o espaço mais seguro e convidativo que se possa imaginar.
Uma pequena ponte de paralelepípedos se estendia sobre um riacho,
levando a uma mansão modesta cercada por árvores frondosas e um jardim de
flores perfeitamente cuidado. Era um conto de fadas.
Talvez eu não soubesse tudo sobre Aiden, afinal? Ele deve ter percebido
minha surpresa, porque sorriu com minha expressão em transe.
"Não é o que você esperava?"
Eu não respondi, minha voz ainda estava presa na minha garganta.
Ele percebeu que eu não estava pronta para falar, então me ajudou a sair
do carro e colocou a mão nas minhas costas, gentilmente me guiando pela
porta. Eu não me importei.
Sua proximidade realmente me fez sentir segura, o que nunca foi um
sentimento que eu pensei que extrairia de Aiden. Isso não parecia como se
alguém estivesse tentando me controlar. Parecia que alguém estava tentando
me confortar.
O crepitar do café fervendo foi o único som que quebrou o silêncio
ensurdecedor entre nós enquanto nos sentávamos frente a frente sem fazer
contato visual.
Claro que nenhum de nós sabia o que dizer. O que devo dizer a um
homem que acabei de assistir quebrar outro homem ao meio? O que ele disse
a uma mulher que quase foi estuprada? As palavras realmente tornariam
alguma coisa melhor? Não, mas pelo menos sua presença era reconfortante.
Finalmente, Aiden quebrou o silêncio, mas seria melhor ter continuado
quieto.
"Por que você estava com aquele homem no clube?"
"O que você está perguntando exatamente? " Senti meu rosto esquentar.
"Você nunca deveria ter ficado sozinha com outro homem durante a
Bruma. E a porra da temporada. Por que você se colocaria nessa posição?" ele
respondeu.
Eu me levantei de repente. "Você está falando sério? Você está insinuando
que o que aconteceu comigo foi minha culpa?"
"Não rosne para mim. Eu não estava dizendo ISSO.
‘"Como você me encontrou? Você estava me seguindo?"
"É minha função saber onde você está o tempo todo, Sienna. Como uma
mulher marcada, você não deveria ser..."
"E de quem é a culpa? " Eu joguei de volta. "Foi você quem me marcou!
Contra minha vontade! Você me forçou a entrar na Bruma, Aiden! Você pegou
meu livre arbítrio e o torceu para atender às suas próprias necessidades
egoístas!"
"Você não entende que, uma vez que a temporada chegue e você seja
marcada, a Bruma não irá embora a menos que você ceda e faça sexo com
aquele que a marcou?"
"Eu sei!" Eu rebati, furiosa agora. "E por isso que eu nunca quis ser
marcada para começar!"
"Você me queria na Casa da Matilha. Não negue isso", ele rebateu.
Ele não estava vindo para cima de mim. Ele nunca ousaria depois do que
aconteceu no clube. Mas eu ainda estava me debatendo, incapaz de manter o
passado e o presente em ordem.
Ele se moveu em minha direção, não de uma maneira agressiva, mas ainda
parecia que eu estava ficando sem espaço para escapar, me encontrando presa
contra uma parede mais uma vez.
"Por favor, você está perto demais, você..." Eu chorei. A umidade encheu
meus olhos e eu desviei o olhar dele, com vergonha de mim mesma por me
sentir tão fraca.
Aiden parou em seu caminho, parecendo surpreso. Sua mão agarrou meu
queixo e o virou para encará-lo novamente. Ele não estava se movendo em
minha direção para me machucar ou me foder. Ele estava se aproximando para
me confortar.
"Sienna", disse ele. "Eu não vou tirar vantagem de você. Nem agora nem
nunca. Tudo que eu quero é proteger você."
Ele me puxou para um abraço e eu me rendi ao gesto. "Você não deveria
ter me marcado", eu disse, minha voz abafada por seu peito.
Ele suspirou e de repente me puxou para baixo até que eu estava sentada
em seu colo e ele estava me segurando ainda mais perto. "Há algo entre nós.
Não podemos negar. Senti quando te marquei, mas até senti na primeira vez
que te vi, na margem do rio."
"Você lembra disso?" Eu perguntei, um pouco incrédula.
"Claro que sim", disse ele calmamente, apertando seu aperto em mim. "Eu
senti seu poder desde então. Seu cheiro irradiava uma força e sensualidade que
eu não pude resistir."
Eu me retraí um pouco de seu aperto. "Eu não irradiei nenhuma força esta
noite. Eu estava fraca."
"Pare. O que eu disse um minuto atrás... eu estava errado. Deixe-me te
contar algo. Seu cheiro me atingiu no momento em que entrei naquele jantar.
Não é algo que acontece na forma humana, mas você me desequilibrou."
"A Bruma me atingiu, e eu tive que seguir você, para descobrir mais sobre
você, para apenas estar na sua presença. Eu nunca fui tão dominado por algo
mais poderoso em minha vida. Essa é a sua força, o tipo de poder você tem
sobre mim. É por isso que eu marquei você."
Levantei-me de seu colo e olhei para ele como se estivesse olhando para
um estranho.
O que diabos ele estava dizendo? Nenhum de nós estava na Bruma, mas
ele estava olhando para mim com desejo inconfundível em seus olhos, apenas
um tipo diferente de desejo, um desejo de estar perto de mim.
"Por que de repente você está me contando tudo isso?"
"Porque eu acho que você pode ser minha companheira."
Capítulo 16 – O Beijo
Sienna
O que Aiden disse não podia ser verdade, podia? O reconhecimento de seu
companheiro aconteceu no instante em que seu olhar se conectou com o
outro. Meu olhar tinha se conectado com o de Aiden dezenas de vezes, mas
geralmente os únicos sentimentos despertados dentro de mim eram raiva e
arrependimento.
"Você está mentindo", eu soltei, minha garganta seca. "Eu sei como
funciona o processo de acasalamento, e se fôssemos companheiros, já
saberíamos!"
"Eu sou o Alfa. As regras não se aplicam a mim. A única maneira de saber
se você é minha companheira é passar um tempo com você e ficar mais perto
de você."
"Chegar mais perto de mim? Claro", respondi com ceticismo, ”Na cama,
suponho?"
"Quando um Alfa encontra seu companheiro em potencial, suas emoções
ficam descontroladas. Ele tem que confiar em seus sentidos e nada mais.
Primeiro ele a marca, e então ele a deixa vir de boa vontade para sua cama para
sentir seu domínio e ver se ela é capaz de lidar com ele."
Meu coração começou a bater no meu peito quando Aiden se aproximou.
"Nós dois sabemos que você é mais do que forte o suficiente para liderar
um bando. Você é linda, dominante, e me faz dobrar como nunca ninguém
conseguiu. Ninguém me faz curvar assim, a não ser você."
Ele estava realmente sendo submisso a mim? Suas palavras estavam me
tocando de uma forma que me fez querer que ele me tocasse em todos os lugares.
O que havia de errado comigo? A Bruma estava se tornando insuportável.
Ele podia sentir minha necessidade física, mas ele também sabia o que eu
tinha passado esta noite. Ele gentilmente colocou os braços em volta da minha
cintura.
"Você quer mais? " ele perguntou.
Sim, eu queria mais, porra. Eu estava cansada de reprimir tudo, mas esta
era a Bruma, não eu. Havia uma chance de que ele fosse meu companheiro,
mas e se ele não fosse?
Quando comecei a me afastar, Aiden deve ter sentido minha apreensão,
porque ele aliviou e gentilmente me colocou na beira da cama, descansando a
mão no meu rosto.
Sem aviso, ele se inclinou e seus lábios encontraram os meus. Tudo
derreteu, e meu mundo se tornou uma explosão sensorial de sentimentos
enquanto cada um dos meus sentidos aguçados enlouqueciam com o estímulo.
Foi tudo que eu esperava — meu primeiro beijo.
Fiquei emocionada, não só por causa do beijo, mas do clube, da Bruma, de
tudo. Quando eu desabei, Aiden me segurou.
Caímos de costas na cama e me aninhei em seu corpo até que as lágrimas
correram. Minha mente finalmente desligou, permitindo-me adormecer em
seus braços.
Eu mantive minha distância de Aiden por vários dias após o incidente no
clube. Eu precisava de espaço para processar o que quase aconteceu comigo e,
como a Bruma não se importava com o que era apropriado, parecia a melhor
decisão.
Mas depois daquele beijo, Aiden era tudo em que eu conseguia pensar. Eu
realmente não tive a chance de agradecê-lo depois que ele me trouxe para casa
naquela noite, então agora eu me encontrei na porta dele mais uma vez.
Antes que eu pudesse bater, ele abriu a porta.
"Sienna." Ele sorriu. "Eu pensei que tinha farejado!!!”
"Eu... uh... eu só vim agradecê-lo pela outra noite", gaguejei. "Você
realmente me deu suporte quando eu precisei de você."
Aiden me puxou pela porta e me pegou em seus braços. "Você não tem
que me agradecer. Eu nunca deixaria ninguém te machucar. Você precisa saber
disso."
Eu pude ver que ele quis dizer isso. E eu queria agradecer a ele. Eu
precisava agradecê-lo. Sem palavras.
Então, desta vez, eu o beijei.
E agora sua boca estava na minha, lambendo, beliscando e me mordendo
em um estado de êxtase.
Quando eu abri, deixando-o entrar, sua língua roçou a minha e eu sucumbi
ao calor poderoso.
O beijo começou lentamente, nossas bocas testando uma à outra, sentindo
o que o outro gostava, mas nenhum de nós poderia se conter mais, e antes que
eu percebesse, estávamos nos beijando como se fôssemos dois lobos famintos
e vorazes.
Nós tropeçamos para trás no quarto, e ele me jogou na cama, rastejando
sobre meu corpo com pura luxúria em seus olhos. Seus movimentos eram
lentos e metódicos, medindo meu corpo, decidindo onde atacar em seguida.
Ele acariciou a marca que havia feito no meu pescoço com seus lábios macios.
Os minúsculos cabelos do meu corpo se arrepiaram com a sensação dele
flutuando sobre a minha marca.
Ele deu um beijo na marca, em seguida, abriu a boca e deixou sua língua
brincar ao redor do hematoma, lambendo-o com golpes longos e profundos
que fizeram meu corpo estremecer incontrolavelmente.
Então ele mordeu, no mesmo lugar, e eu quase explodi com a sensação
brutal da Bruma. Minha visão ficou turva e gritei, não de dor, mas de prazer
incomparável que percorreu meu corpo.
Eu tinha certeza de que esse tipo de sentimento só poderia vir do poder de
um verdadeiro Alfa. Perdi o controle do meu lobo e minhas unhas se
transformaram em garras, que cavei em suas costas, rasgando sua camisa,
fazendo-o rosnar de surpresa.
Eu deixaria minhas próprias marcas, finas e vermelhas, em toda a suas
costas.
Ele me virou de bruços em retaliação, subindo meu vestido até minha
cintura e pressionando sua protuberância contra minha bunda enquanto
agarrava meus quadris. Sua mão voltou para o meio das minhas pernas,
deslizou minha calcinha de lado e entrou fundo desta vez.
Depois de anos me masturbando com meus próprios dedos, nunca percebi
como seria melhor quando os dedos de outra pessoa estivessem dentro de
mim. Agora eu sabia o que estava perdendo.
O orgasmo me rasgou em dois, e isso foi apenas com seus dedos. De
repente, estava ansiosa para descobrir como seria a sensação de algo muito
maior dentro de mim.
Deus, a Bruma estava me dominando completamente. Eu não estava
pensando direito. Eu só sabia que o prazer era tão bom que não queria que
acabasse.
Por que não deixei isso acontecer antes? Minha mente estava tão confusa
que não conseguia me lembrar. Aiden começou a abrir o zíper de suas calças.
Seria esta a minha primeira vez?
Não, ele ainda não é meu companheiro.
Mas por que isso importa?
Minha cabeça começou a doer. Aiden começou a abrir minhas pernas e
uma sensação de náusea entrou na boca do meu estômago.
Não... Emily. Não assim.
"Não, pare... PARE. Não quero continuar", gritei.
Aiden ergueu a sobrancelha, pensando que ainda estávamos jogando.
"Você ainda está confusa", ele murmurou, se aproximando de mim
novamente, sua boca a uma polegada de distância da minha, "É eu também.
Você não quer que eu te ajude a aliviá-la?"
"Não! Eu não sei se você é meu companheiro ainda, e eu não sei se você
algum dia será!" Culpei a Bruma por ser tão dura, mas não tive forças para
lutar contra meu desejo naquele momento.
Aiden parecia um cachorrinho assustado quando me sentei ao acaso e
tentei me recompor. Sua surpresa rapidamente mudou para realização
enquanto ele me olhava de cima a baixo.
"Sienna", ele rosnou, "você é virgem?"
Meu coração parou. Eu queria dizer a ele qualquer coisa, exceto a verdade
naquele momento, mas por algum motivo, abri minha boca e proferi um
tímido "Sim."
Sua expressão de confusão disse tudo. Era inédito um lobisomem ser
virgem na minha idade. O sexo estava embutido em nossos próprios seres,
mas eu tinha meus motivos para permanecer virgem, e Aiden não precisava
conhecê-los.
Esse era meu fardo a carregar, minha promessa de cumprir.
"Por quê?" ele perguntou de repente.
Baixei meu olhar para minhas palmas suadas. "Aiden..." eu disse hesitante.
"Responda minha pergunta, Sienna."
A névoa estava morrendo e minha clareza estava voltando, mas a resposta
à pergunta de Aiden nunca seria clara. Ele não conseguia entender o quão
profundamente Emily me afetou e como eu fui cúmplice do que aconteceu.
Fechei meus punhos com força, cravando minhas unhas em minha pele,
tentando bloquear as memórias amargas.
"Eu tenho me guardado para o meu companheiro", eu disse, não
totalmente convincente. "Só posso amar verdadeiramente meu cônjuge e não
quero dar algo especial a alguém que não o é."
Ficou imediatamente claro que Aiden podia ver que eu não estava
contando toda a história. Ele se aproximou de mim e abriu minhas palmas. O
sangue escorreu enquanto minhas garras se retraíam. Ele olhou para mim com
profunda preocupação, mas tudo que eu pude fazer foi me virar.
"Sienna, preciso que você me diga o que está acontecendo. Eu não vou
conseguir deixar pra lá."
"Isso está claramente rasgando você por dentro, seja o que for isso", Aiden
rosnou. "Como você espera que eu ignore isso e finja que nada está errado?"
"Eu não sou sua companheira. Não é sua responsabilidade cuidar de mim",
retruquei.
"Eu a tornei minha responsabilidade quando te marquei!"
Eu vi que ele não iria recuar, mas eu também não iria. Quando duas
pessoas chegaram a um impasse, uma teve que se comprometer e eu estava
cansada.
"Olha, se você deixar pra lá, eu..." Hesitei. "Eu farei qualquer coisa."
"Mesmo?"
A contragosto, eu balancei a cabeça que sim.
"Você vai se mudar para cá amanhã para que eu possa ficar de olho em
você. Sem desculpas, sem atrasos. Amanhã."
"Eu não vou fazer sexo com você", eu disse a ele, apenas para que ele
tirasse qualquer ideia de sua mente confusa "Não até que saibamos se você é
meu companheiro ou não. Além disso, você não consegue me dominar. Eu
não vou deixar você mandar em mim, então se você está pensando que eu me
torno sua propriedade ao me mudar, então as garras estão saindo e eu vou
parar de jogar bem."
Sua boca se curvou em um sorriso diabólico. "Não ia querer que fosse
diferente."
Capítulo 17 – O Compromisso
Sienna
"Diga-me novamente por que isso tem que acontecer?" Meu pai
questionou, nem mesmo tentando esconder a preocupação em sua voz.
"Já falamos sobre isso, Peter." Minha mãe suspirou. "O Alfa não pode ser
o companheiro de Sienna se a mantivermos trancada aqui. Ela precisa de
espaço para respirar."
"Nós não sabemos se ele é meu companheiro", eu a corrigi.
A escolha de palavras da minha mãe foi dolorosamente irônica,
considerando que eu ficaria muito mais sufocada e confinada na casa de Aiden
do que aqui.
Meu pai me puxou para um abraço de urso. "Eu sei que você tem que
descobrir se ele é seu companheiro ou não, mas isso não significa que eu não
vou ficar muito preocupado com a minha garotinha. Eu gostaria que você
ficasse."
Quanto mais eu pensava sobre isso, mas eu sabia que isso era algo que eu
tinha que fazer, quisesse ou não. Eu nunca saberia se Aiden e eu tínhamos uma
chance real de um relacionamento se eu pelo menos não desse uma chance,
embora eu tivesse minhas dúvidas sobre suas intenções.
Abracei meus pais com força. "Vocês não precisam se preocupar comigo.
Eu prometo."
"Sim, é claro... você vai ficar bem", disse mamãe, começando a chorar.
"Minha última filha saindo de casa e acasalando com um Alfa. Eu não posso
acreditar que você está crescida!"
Lembrei-me de como meus pais agiram quando Selene se mudou. Foi
exatamente a mesma coisa. Mesmo que ela fosse sua filha de sangue e eu
tivesse sido adotada, isso não fazia a menor diferença para eles.
Isso me fez amá-los ainda mais por isso. Eu ia sentir falta deles. Pais
biológicos ou não, eles eram meus. E talvez minha mãe estivesse sendo
melodramática, mas, agora, eu gostava disso.
"Volto logo, relaxe", eu disse, abraçando-os uma última vez. O abraço da
minha mãe foi um pouco apertado demais para meu conforto.
Felizmente, uma buzina de carro buzinou do lado de fora, oferecendo uma
fuga.
"Deve ser meu motorista! Eu tenho que ir, mas eu amo muito vocês! "Eu
gritei enquanto saía pela porta.
Lá fora. Josh estava esperando por mim. Ele tinha um sorriso quase
suspeito no rosto. Ele pegou minhas duas malas e as colocou no porta-malas
enquanto eu me sentei no banco do passageiro.
Josh entrou no carro e acelerou o motor como um garoto de fraternidade
prestes a dar um passeio. Embora eu duvidasse que seria um passeio agradável.
Nós dirigimos em um silêncio constrangedor por um tempo antes de Josh
finalmente virar a cabeça para olhar para mim.
"É um prazer conhecê-la oficialmente, Sienna Mercer", ele disse com
aquele sorriso estranho. "Eu sou Josh Daniels, o Beta da Matilha da Costa
Leste."
"Sim. eu sei", eu disse, ainda tentando lê-lo. "Deve ser bom ser escolhido
para essa posição."
"Deve ser bom estar na sua posição também", Josh disse com um tom
acusatório. "Então, enquanto estamos aqui, por que você não me diz como
você fez isso?"
"Desculpe?" Eu sabia que havia algo estranho naquele sorriso falso.
"Não seja modesta." Sua voz estava encharcada de sarcasmo agora. Você
precisa me dizer sua técnica. Como você enganou o Alfa para marcá-la?"
Eu não ia sentar aqui e aceitar essa merda. "Enganá-lo? Eu nem tive
escolha em nada disso. O que lhe dá o direito de questionar meus motivos?"
"Eu sou o Beta. É meio que meu trabalho, e se você está se aproveitando
dele quando ele está em um estado vulnerável, eu serei o primeiro a saber
sobre isso."
"Se você está tão curioso sobre mim, então por que não pergunta ao seu
melhor amigo por que ele me marcou?" Eu atirei de volta.
"Bem, eu faria, mas Aiden se recusa a responder qualquer uma das minhas
perguntas sobre você." Sua carranca se aprofundou. "Ele tem sido tão
reservado sobre porque ele marcou você. Todo mundo está perplexo."
Ele olhou para mim. "Eu me ofereci para buscá-la na esperança de que
você me desse uma pista sobre este pequeno relacionamento que vocês dois
começaram."
"Se Aiden não te disse nada, então por que diabos eu contaria? Talvez você
esteja apenas tentando obter informações para usar contra ele."
Josh massageou sua têmpora em frustração. "Eu realmente deveria ter
deixado Jocelyn lidar com isso. Ela está acostumada a lidar com pessoas
delirantes."
"Isso faz sentido, considerando o histórico de namoro dela", retruquei.
Josh estreitou os olhos para mim. "Vou ser franco com você. Eu não acho
que você seja forte ou madura o suficiente para lidar com um domínio tão
poderoso quanto o dele, e não importa se você pensa que é uma loba durona
ou sei lá."
"Você está me subestimando", eu disse, desafiando-o.
"O tempo vai dizer. Agora saia do meu carro", Josh disse
presunçosamente.
Durante nossa discussão, não percebi que já havíamos chegado à casa de
Aiden.
Saí do carro de Josh, batendo a porta atrás de mim. Peguei minhas malas e
atravessei a ponte para o meu feriado Bruma do inferno.
Uma coisa era certa, porém. Eu não deixaria Josh ou qualquer outra pessoa
me subestimar.

***
Quando Aiden abriu a porta, meus olhos foram imediatamente atraídos
para seu peito brilhante sem camisa. Seus músculos incharam com cada
movimento menor.
Minha Bruma começou a brilhar.
Porra, isso já está realmente acontecendo?
Ele tentou me agarrar e me puxar para dentro, mas consegui passar por
baixo de seu corpo enorme e entrar na casa. Ele se achava inteligente, mas não
me pegaria tão facilmente.
"Você pode trazer minha bagagem para o quarto de hóspedes". Eu disse
timidamente enquanto caminhava pelo saguão, certificando-me de estar vários
passos à frente dele. "Você vai me mostrar o tour ou terei que fazer tudo
sozinha?"
"Oh, você tem feito tudo sozinha por muito tempo. É hora de você deixar
outra pessoa te ajudar", ele disse, sorrindo com aquele sorriso sexy e irritante.
Eu apenas rolei meus olhos. "Eu disse a você — nada de sexo. Isso fazia
parte do nosso acordo."
"Nós concordamos que não faremos sexo", ele disse, começando a fazer
uma carranca. "Isso não significa que não podemos nos entregar a outras
atividades."
Apesar de minhas tentativas de suprimi-lo, minha Bruma continuou a
crescer. Eu estava tentando o meu melhor, mas era quase impossível com seu
cheiro por todo o lugar, e com ele sem camisa e suado, a apenas alguns passos
de distância.
Eu poderia muito bem ter apenas me entregado em uma bandeja de prata.
Isso não significava que eu não lutaria de volta, no entanto. "Aiden, estou
falando sério", disse. "Eu não vou dormir com você. Não somos
companheiros e também não somos amantes. Preciso do meu próprio quarto e
isso não é negociável."
Nós travamos os olhos em uma batalha de vontades, ambos afirmando
nosso domínio. Recusei-me a recuar, especialmente depois do que Josh tinha
dito. Para minha surpresa, Aiden, rosnando levemente baixinho, pegou minhas
malas e me levou para a sala mais próxima, jogando-as dentro.
Eu não conseguia acreditar nos meus olhos. Eu realmente tinha acabado
de fazer Aiden se comprometer sobre algo? Eu fiz o Alfa do Matilha da Costa
Leste assumir um compromisso!
Talvez eu tivesse uma chance de sobreviver a isso, afinal. Acontece que
minha empolgação foi minha traição final. No entanto, a Bruma me atingiu
com força total no meio da minha vertigem.
Os sentidos de Aiden explodiram imediatamente, e ele estava na Bruma.
Foda-se, lá vamos nós.
Nós nos encontramos no meio da sala, e seus braços estavam em volta de
mim em meros segundos enquanto minhas mãos estavam agarrando seus
cabelos negros desgrenhados. Ele me empurrou na cama e caiu em cima de
mim.
Ele puxou as alças do meu vestido, expondo meu sutiã, e começou a
chupar minha marca, me deixando louca. Sua boca desceu para os meus seios
e eu engasguei quando senti sua língua e dentes vagando em torno dos meus
mamilos.
Eu queria que ele tirasse minha roupa. Eu queria que nós dois estivéssemos
nus com nossa pele suada se tocando. Era uma forma de tortura tê-lo tão
perto, mas não perto o suficiente. Eu precisava dele dentro de mim, e
precisava agora.
Eu não podia esperar até descobrir se éramos companheiros. Eu tinha que
tê-lo bem aqui, agora, ou ficaria louca.
Merda, fique sob controle, Sienna! Eu finalmente ganhei a vantagem e fiz com
que ele se comprometesse. Eu não poderia simplesmente jogar isso fora agora.
"Pare!" Eu gritei. "Me larga! Por favor. Dê-me espaço para pensar."
Aiden parecia exasperado. "Sienna, você não pode continuar fazendo isso.
É uma coisa natural querer que seus desejos sexuais sejam realizados."
"Saia", eu ordenei enquanto as lágrimas brotaram em meus olhos.
"Esta é a minha casa", rosnou Aiden. "Você é só uma convidada aqui."
"Eu sou sua convidada?" Eu perguntei, engasgada. "Ou eu sou apenas uma
prisioneira da porra do seu ego de Alfa?"
Antes que ele pudesse responder, corri para o banheiro e tranquei a porta.
Tirei minhas roupas e sentei no chuveiro, deixando a água correr pelo meu
rosto, escondendo minhas lágrimas. Eu sabia que estava amaldiçoada por
sempre me sentir assim por causa do passado.
E talvez eu merecesse essa maldição. Alfa ou não, ninguém poderia tirar
esses demônios de mim.
Para piorar as coisas, agora eu tinha que estar perto de Aiden todos os dias.
Eu não poderia passar por isso novamente diariamente. Apenas alguns
minutos se passaram desde que eu cheguei. Se não pudéssemos sobreviver
menos de uma hora juntos, como poderíamos sobreviver às próximas
semanas?
Em dez minutos, tínhamos conseguido lutar, inflamar nossa Bruma e ter
uma sessão de rebatidas secas e cheia de raiva da qual eu fugi com um ataque
irregular.
Isso não era saudável.
Quando me levantei do chão do chuveiro, percebi uma linha fina de sangue
circulando pelo ralo. Senti uma pontada de esperança no peito.
Minha menstruação.
Eu pulei fora do chuveiro e rapidamente verifiquei meu calendário. Era
aquela época do mês. Minha menstruação significava sem sexo, e sem sexo
significava manter minha virgindade e minha sanidade intacta por mais uma
semana sem ter que enfrentar as tentações de Aiden.
Nunca, em toda a minha vida, senti tanta gratidão pela Mamãe Natureza.
Capítulo 18 – A Ruptura
Sienna
A expressão no rosto de Aiden quando ele me cheirou quando saí do meu
quarto à noite foi hilária. Seu nariz estava enrugado em insatisfação, e ele
rosnou, "Merda", antes de retornar para seu próprio quarto e bater a porta.
Sangue era um problema óbvio para os lobisomens, mas por alguma razão,
o sangue de menstruação fazia os machos correrem para as colinas com o rabo
entre as pernas. E por isso, eu estava grata.
Pelo menos eu poderia evitar mais encontros sexuais por um tempo
enquanto descobria um novo plano, sem mencionar o bônus adicional de
mexer com Aiden.
Enquanto apreciava minha pequena vitória, meu telefone começou a
zumbir.
 
Michelle: Ei garota, você vem amanhã?
Sienna: Vem pra onde?
Michelle: Sienna...
Michelle: sério?
Sienna: Me desculpe, eu realmente não tenho ideia
Michelle: vamos comprar o vestido da cerimônia de acasalamento de Mia
Michelle: você sabe disso há muito tempo.
Sienna: Meu Deus, esqueci completamente
Sienna: As coisas têm estado tão agitadas
Sienna: Desde, você sabe...
Michelle: eu percebi...
Michelle: você não tem saído muito ultimamente
Sienna: Eu sei, eu sei
Sienna: É só
Sienna: Aiden
Sienna: e a Bruma
Sienna: e toda essa coisa de morar juntos
Sienna: Sinto que estou ficando louca
Michelle: entendi
Michelle: você tem muita coisa acontecendo
Michelle: estou bem por falar nisso
Sienna: O quê?
Michelle: nada
Michelle: Então você vem ou não?
Sienna: Vou tentar
Michelle: Sienna
Sienna: Ok, estou indo
Michelle: vejo você aí
 
Uma anfitriã humana nos serviu champanhe enquanto Mia experimentava
vestidos diferentes em uma boutique reconhecidamente chique. Erica e
Michelle cuidaram de seu véu, elogiando suas escolhas de estilo.
Fiquei sentada no canto, olhando para minha taça de champanhe como se
fosse algum poço mágico que contivesse todas as respostas para meus
problemas.
"Ei, Terra para Sienna", Erica chamou do outro lado da sala. "Estamos
entediando você?"
"Desculpe, só estou um pouco distraída", pedi desculpas.
Michelle estalou a língua em aborrecimento e começou a beber seu
champanhe como se para manter a boca ocupada para não dizer algo de que se
arrependesse.
"Venha aqui e me ajude a tirar este vestido antes que eu desmaie", Mia
resmungou, respirando pesadamente. "Essa coisa é mais apertada do que
minha amiguinha antes da minha primeira Bruma."
"Você já deu suas voltas, sem dúvida." Michelle riu. "Há algum homem
nesta cidade em que você não cravou suas garras em algum momento?"
"Ei, estou comprometida agora, ok?" Mia respondeu. "Pelo menos eu
ainda posso viver através de vocês, meninas. Principalmente Sienna. Você deve
estar sendo devastada todas as noites por aquele Alfa sexy. Estou com tanta
inveja, você não tem ideia."
"Você está se unindo ao seu melhor amigo" Erica disse em tom de censura.
"Sim, eu acho que isso é bom também. Deixe-me fantasiar um pouco,
certo?" Mia derramou seu champanhe em um dos vestidos.
Eles não tinham ideia de quão desconfortável toda essa conversa de sexo
me deixou, mas eu não estava prestes a revelar que era virgem para um grupo
de lobas embriagadas e loucas por sexo.
"Nossa, totalmente", tentei dizer de maneira convincente. "Quase não há
um momento em que Aiden não me deixe de quatro."
"Oh meu Deus, conte-nos tudo. " Erica praticamente desmaiou.
Droga, eu não tinha pensado nisso. Enquanto Mia se espremia para fora de
seu vestido, notei um unicórnio pintado olhando para mim de forma
extravagante por cima de sua bunda. Oh, graças a Deus pelas decisões erradas
de Mia.
"Não, Mia precisa me contar tudo sobre aquela tatuagem, e eu preciso
saber agora" eu gritei, tentando mudar de assunto.
Mia ergueu as sobrancelhas sugestivamente. "Ei, o que acontece na feira do
condado fica na feira do condado. Talvez você e Aiden possam conseguir
tatuagens iguais quando forem juntos este ano."
Prefiro morrer. "Deus, Mia, você é demais." Eu fingi rir.
"Por que você não nos conta por que você deixou o clube com Aiden
durante a noite das meninas sem nem mesmo dizer adeus", Michelle
perguntou, fazendo com que toda a sala ficasse em silêncio. Todos olharam
para mim com expectativa, como se essa fosse uma discussão inevitável que
iria acontecer.
"Eu... eu uh, eu estava.."
Droga, eu não poderia contar a elas sobre como quase fui estuprada. Eu já
estava diminuindo o clima do jeito que estava. E isso apenas traria outras
questões que eu não estava pronta para responder. Então, eu acho que minha
única opção era — "Aiden pode ser meu companheiro", eu deixei escapar.
O queixo de Erica e Michelle caiu no chão.
"Cale a boca, porra", Mia gritou."Você está falando sério? Oh meu Deus,
isso explica tudo, porque você tem estado tão distante e estranha ultimamente.
Isso é SUPER IMPORTANTE."
"Sim, eu não tinha ideia. Essa é uma razão totalmente válida para nos
abandonar", Erica falou quando Michelle lançou-lhe um olhar sujo.
"Está tudo acontecendo tão rápido", eu disse, dando minha melhor
impressão de Selene. "Eu pensei que ia morrer quando ele me disse. Ainda
estamos descobrindo."
"Parece que você pode ser a próxima no altar", provocou Erica.
"De jeito nenhum, definitivamente vai ser Michelle", eu disse, sorrindo,
mas quando olhei para ela, ela não estava sorrindo de volta.
Michelle agarrou sua bolsa e se levantou repentinamente. "Você está
realmente vivendo em seu próprio mundo atualmente, não é, Sienna? "Ela saiu
da boutique, me deixando totalmente confusa.
"Michelle, espere! " Eu chamei por ela. "O que foi que eu disse?"
Mia e Erica trocaram olhares.
"Michelle está um pouco nervosa agora. Ela está tendo alguns problemas
com Ross", explicou Erica.
"Merda, eu não tinha ideia", eu disse. "Eles ficarão bem, certo?"
Mia apenas encolheu os ombros. "Talvez, mas você pode ver por que ela
está brava. Se você tivesse mais presente nas últimas semanas, saberia o que ela
estava passando."
Droga, ela estava certa? Eu tinha estado tão absorta em tudo que acontecia
que negligenciei completamente minha melhor amiga? Doeu muito esconder a
verdade das meninas, mas eu tinha que fazer isso sozinha. Esperançosamente
elas entenderiam em algum momento, mas agora simplesmente não era a hora
certa.
Eu estava cozinhando o jantar, pensando em Michelle, quando Aiden
voltou do trabalho, ainda com a mesma expressão irritada daquela manhã.
"Eu pensei que você não queria ser considerada uma mulher submissa que
não fazia nada além de cozinhar para seu homem", ele comentou secamente.
Eu atirei-lhe um olhar furioso. "Cozinhar não é um traço submisso. Se
você não pode fazer sua própria comida, é você quem depende de outra
pessoa."
Ele sorriu como um lobo. "Estou te irritando, Sienna?" ele perguntou, um
brilho malicioso em seus olhos.
De repente, ele estava atrás de mim, as mãos na minha cintura,
pressionadas contra minhas costas. Seus lábios estavam roçando minha orelha
quando ele disse: "Você quer punir o grande alfa mau?"
Eu fiz, mas eu me conteria por enquanto. "Saia de cima de mim", eu
rosnei, mas em vez disso, ele me beijou. Desta vez, o beijo não foi tão
apressado como antes.
Sua Bruma estava completamente sob seu controle e ele me deixou louca.
Eu queria que ele pressionasse com mais força, me empurrasse contra a ilha e
me devorasse.
Ele provocou meus lábios para aceitar os seus, chupando e mordendo-os.
Quando estremeci e não consegui mais manter minha boca fechada, sua
língua escorregadia rompeu e zombou da minha, me deixando louca de paixão.
De repente, ele parou e se afastou com um sorriso no rosto.
"Eu acho que é o suficiente por esta noite", ele disse, ecoando minhas
próprias palavras, que eu usei contra ele várias vezes.
Esse idiota. Então é assim que ele queria jogar este jogo? Bem, bola pra
frente, vadia. Ele não é o único que tem controle sobre sua Bruma.
"Sente-se. O jantar está servido, eu disse bruscamente.
"Bem, olhe para você, uma dona de casa tão fofa. Combina com você..."
Aiden soltou um uivo agudo enquanto eu despejava uma pilha de
espaguete à bolonhesa quente em seu colo.
"Opa. desculpe, querido. Deixe-me limpar isso para você", eu sorri.
Enquanto pegava uma toalha e fingia limpar a comida em seu colo, fiz
questão de dar atenção especial à sua virilha. Eu o senti ficando duro, e sua
Bruma explodiu quase imediatamente.
Eu o massageei cuidadosamente enquanto seus olhos se fechavam e um
olhar de puro prazer apareceu em seu rosto. Eu abruptamente parei de tocá-lo
e joguei a toalha coberta de molho em seu rosto.
"Você está um pouco bagunçado aí embaixo", zombei. "É melhor limpar
isso. Não gostaria de tocar em você durante a menstruação."
Aiden disparou, rosnando, e enfiou o garfo na mesa. Olhamos um para o
outro, afirmando nosso domínio ao mais alto grau até...
Minha boca se abriu quando Aiden abriu um sorriso enorme. Ele começou
a rir histericamente, dobrando-se e segurando o estômago. Sua risada foi baixa
e grave, e foi tão contagiante que eu mesma comecei a rir. O que diabos
estávamos fazendo?
Quando a risada diminuiu, sorrimos um para o outro e pude ver seus olhos
se suavizando. O silêncio após as risadas foi o silêncio mais confortável que eu
já senti com alguém, e enquanto nos olhamos, sorrindo assim, parecia que
tudo se encaixava.
Finalmente tudo fez sentido. Foi um momento surreal, mas não o
questionaria.
Comemos no mesmo silêncio, nenhum de nós ousando quebrá-lo. Ele
parecia adorar minha comida pela maneira como devorava a refeição inteira e
voltava por alguns segundos.
Assistir Aiden comer minha comida com tanta fome, tanta satisfação, foi
um tipo diferente de prazer.
Ele olhou para cima e encontrou meu olhar, olhos intensamente
penetrantes nos meus, e meu coração deu um pulo. Ele olhou profundamente
nos meus olhos, como se tentasse me ler, me apreciar, e eu me vi fazendo o
mesmo com ele, tentando decifrar seu olhar repentinamente inescrutável.
O que ele estava pensando? O que ele estava sentindo? Talvez um dia nós
realmente nos entendêssemos.
De repente, ele abriu um sorriso e voltou a atacar seu jantar.
"Bom apetite", eu sussurrei suavemente.
Capítulo 19 – Os Iguais
Aiden
Estou profundamente envolvido. Não há mais volta agora, não que tenha existido para
mim.
Sienna tinha-me na coleira. Como um cachorro domesticado. Mas ela me odiava
ou sentia algo por mim?
Eu nunca poderia dizer com ela. Se ela finalmente decidiu me rejeitar...
Porra!
Passei minhas garras na minha mesa, jogando tudo, desde pilhas de
documentos assinados até velhos troféus de esportes, no chão com um
barulho.
Josh se encolheu especialmente quando eu espalhei centenas de convites
do Baile de Natal pela sala, alguns deles batendo no ventilador de teto e caindo
no esquecimento.
"Aquela garota", eu rosnei. "Eu não posso tirá-la da porra da minha
cabeça. Ela assumiu completamente cada pensamento meu, e isso está me
deixando louco."
"Tenho certeza de que é apenas a Bruma", disse Josh com cautela,
enquanto tentava recuperar o que restava dos convites.
A maldita Bruma. Parecia sem fim. Eu provoquei Sienna implacavelmente
sobre seu controle, mas a verdade é que eu mal conseguia me controlar.
Quando eu estava na presença dela, todo o resto parecia turvo — eu não
conseguia me concentrar.
Mas para eu me sentir assim quando ela nem estava por perto? Isso me fez
querer arrancar meus olhos.
"Como diabos você está lidando com isso? " Eu perguntei, andando em
círculos. "Jocelyn não distrai você de suas tarefas mais importantes, se enterra
em seu cérebro como um parasita e faz você querer rasgar algo ao meio,
porra?"
"Uhhh..." Josh rapidamente puxou um mural vintage da minha árvore
genealógica fora do meu alcance.
Ele parou por um momento para pensar sobre minha pergunta. "Na
verdade, não." disse ele, parecendo um pouco confuso. "Quer dizer, Jocelyn é
ótima e tudo, mas não posso dizer que senti algo parecido com o que você está
descrevendo."
"Bem, você tem sorte então", eu rosnei. " Porque isso é uma tortura."
Meu telefone começou a zumbir no bolso e eu o puxei com cautela,
sabendo exatamente quem seria.
 
Sienna: Olá Aiden
Sienna: Vi seu bilhete
Sienna: Espero que você tenha um bom dia no trabalho
Sienna: Parece ocupado
Sienna: Talvez eu possa encontrar uma maneira de tornar o seu dia menos
estressante
 
Eu joguei meu telefone do outro lado da sala quando minha Bruma
começou a acender novamente, vendo-o quebrar contra a parede.
"Josh, eu não tenho mais acesso ao meu planejador." eu disse sem um
pingo de ironia. "O que está na minha agenda para o resto do dia?"
"Só o almoço", respondeu Josh. "Você quer que eu cancele?"
"Inferno, não, isso é exatamente o que eu preciso. Uma sala cheia de
testosterona. Sem mulheres e especialmente sem Sienna."
Sienna
Acordei com uma casa vazia, mas o cheiro de Aiden ainda pairava no ar.
Ele deixou um bilhete preso por um ímã na geladeira. Dizia que ele tinha saído
para algum negócio alfa e ficaria na Casa da Matilha o dia todo e poderia não
chegar em casa para o jantar.
Por algum motivo, um sorriso idiota se espalhou pelo meu rosto enquanto
eu me vestia. Quando me olhei no espelho e puxei meu cabelo ruivo para trás
em um rabo de cavalo, vi minha marca sob uma luz diferente.
Pela primeira vez, isso não me incomodou ou enfureceu. Na verdade, eu
estava meio orgulhosa disso.
Decidi enviar uma mensagem de texto para Aiden e dizer a ele para ter um
bom dia no trabalho, talvez até paquerar um pouco, mas depois de algumas
mensagens, ele parou de atender e ele não respondeu. Ele provavelmente
estava sobrecarregado de trabalho e teve que desligar o telefone.
E se eu o surpreendesse na Casa da Matilha para o almoço? Parecia uma
boa ideia, considerando que ele não teria um momento livre de outra forma,
hoje.
Eu estava praticamente radiante e queria tirar meu próprio sorriso bobo do
rosto, mas talvez esse sentimento não fosse tão ruim.

***
Quando cheguei ao portão, vi o guarda que estava lá da última vez que
atravessei a Casa da Matilha. Ele olhou para mim e ficou branco como um
fantasma. Sem nem mesmo um "alô", ele abriu o portão e me conduziu,
tentando evitar o contato visual.
"Desculpe pela última vez", eu disse timidamente, fazendo-o pular.
"Posso ter alguns problemas de controle da raiva."
Com os olhos arregalados, ele sorriu nervosamente, balançando a cabeça
como um boneco quebrado. Talvez eu precise pagar por sua terapia.
Quando eu entrei, peguei o cheiro de Aiden, mas estava um tanto
obscurecido por vários outros cheiros masculinos. Eu me perguntei se ele
poderia me cheirar ou se o meu também estava mascarado? Enquanto estava
farejando o ar, quase esbarrei em Jocelyn.
"Ei, Sienna", disse ela enquanto sorria. "O que você está fazendo aqui?"
Droga, eu sempre me esquecia de como ela era linda. "Ei, Jocelyn", eu
disse, sorrindo timidamente de volta.
Eu ainda não tinha certeza se podia confiar nela ou não. Michelle sempre
me dizia que era obscura, mas Jocelyn sempre foi gentil e prestativa comigo.
Normalmente eu confiava no julgamento de Michelle, mas desta vez não tinha
tanta certeza.
Especialmente porque o momento da desconfiança de Michelle em Jocelyn
se aliou ao fato de ela namorar Josh, por quem tenho certeza de que Michelle
tinha uma queda, apesar de nunca ter conhecido oficialmente.
"Você está aqui por Aiden?" Ela perguntou maliciosamente.
"Ele está ocupado? Sempre posso voltar mais tarde."
"Não, ele está apenas no almoço da matilha.
"Homens apenas "ela disse, revirando os olhos." Josh também está lá."
"Parece importante", eu disse, começando a perder minha coragem.
"Talvez eu não deva interromper."
Jocelyn agarrou meu braço, rindo. "Eu acho que é exatamente o que você
deve fazer. Espere, tente isso."
Ela se inclinou e puxou meu cabelo para baixo do rabo de cavalo, brigando
e bagunçando até ficar com uma aparência sexy de que acabei de acordar.
Droga, sua bela aparência era uma coisa, mas ela também tinha um cheiro que
poderia matar. Era absolutamente inebriante. Ela puxou para baixo o ombro
da minha camisa, expondo minha marca.
"Você tem certeza? " Eu perguntei.
"Sienna, Aiden é louco por você. E se o que Josh tem me contado for
verdade, então ele pode estar literalmente enlouquecendo por sua causa. Você
é provavelmente a loba mais dominante que já conheci, e está muito sexy
agora. Abrace isso! Vá para aquele almoço e mostre a ele sua força."
Ela me deu um sorriso malicioso e colocou a mão acima do meu coração.
"Confie em mim... e boa sorte."
Enquanto ela se afastava, senti que realmente podia confiar nela
implicitamente.
Um domínio de fogo começou a queimar dentro de mim assim que ela me
tocou. Era como se ela tivesse ativado algum poder enterrado dentro de mim.
Com o queixo para cima e o domínio irradiando de todos os meus poros,
eu irrompi pelas pesadas portas da sala de reuniões, caminhando em direção a
Aiden e os outros homens com total confiança.
Todos eles levantaram suas cabeças, perplexos, mandíbulas caindo e olhos
cheios de luxúria, exceto Josh, que apenas fez uma careta.
A Bruma de Aiden chamejou quando ele sentiu meu cheiro, mas havia um
olhar voraz de orgulho e posse em seus olhos que não tinha nada a ver com a
Bruma.
Despertar Aiden na frente de seu bando foi uma das coisas mais arriscadas
que eu já fiz, mas eu poderia dizer que estava funcionando pelo jeito que ele
estava suando e cravando suas garras na mesa.
Foi uma jogada ousada, mas Jocelyn acertou o alvo. Não era qualquer um
que poderia fazer isso.
Aiden tentou lutar contra sua Bruma, mas pela primeira vez, eu não queria
que ele lutasse. Eu queria que isso o engolisse completamente. Não era
exatamente vingança — eu também o queria — mas estava aproveitando cada
doce segundo de seu desconforto.
Inclinei-me sobre a mesa e lambi meus lábios.
"Senti sua falta quando acordei esta manhã. Comecei a me tocar, mas não
era tão divertido sem você. Seus dedos são muito mais satisfatórios."
Isso era tudo que ele precisava. Antes mesmo que eu soubesse o que estava
acontecendo, ele me pegou e me jogou na mesa, fazendo com que o resto de
sua matilha se sacudisse.
Ele rastejou sobre mim, rosnando em antecipação, enquanto eu estava
deitada esparramada sobre a mesa à vista de todos os outros.
"Fora", ele rosnou para sua matilha sem quebrar o contato visual comigo.
"Todo mundo fora AGORA."
O bando rapidamente se levantou da mesa e se dirigiu para a saída, mas
Aiden estava em cima de mim antes mesmo de eles terem saído.
Ele agarrou meus seios através da minha camisa, apertando quase
dolorosamente. Eu o beijei de volta, mas ao contrário dele, eu tinha controle
sobre minha Bruma agora. Consegui provocar sua boca até que um grunhido
explodiu de sua garganta, fazendo seu peito roncar.
Estremeci com a sensação da vibração e ri baixinho. "Ah. alguém está com
raiva", eu disse sedutoramente.
"Você não tem ideia", ele rosnou e me beijou novamente. Desta vez, eu o
deixei me beijar tão possessivamente quanto ele queria enquanto eu envolvia
meus braços em volta de seu pescoço e colocava minhas pernas em volta de
sua cintura. Eu agarrei um punhado de seu cabelo e puxei o mais forte que
pude até que ele mostrou suas presas.
"Me morda, porra", eu ordenei.
"O que?" ele respondeu, perplexo. " Desde quando você..."
"Faça o que eu digo a você. Crave seus dentes em mim!"
Aiden me pegou e me colocou suavemente na beirada da mesa, me
examinando com preocupação. "Sienna, o que está acontecendo?"
"O que você está falando? Você não me quer?" Eu respondi, irritada.
"Claro que sim", disse ele. "Mas não assim."
O que eu estava fazendo? Me jogando no Alfa? Esta foi uma ideia tão
idiota.
A dúvida começou a afundar, e tudo o que Jocelyn tinha feito estava
desaparecendo rapidamente. Todas as minhas inseguranças vieram à tona.
"Você ao menos acha meu cheiro atraente? " Eu cuspi. "E se eu não fosse
sua companheira em potencial? Você prestaria atenção em mim? Você é um
alfa, um pedigree diferente. Sou apenas uma plebeia, uma garota que foi
abandonada pelos pais. Eu não sou ninguém."
Eu comecei a chorar. "Eu não posso estar com alguém que é superior a
mim. Não posso estar em um relacionamento em que sempre me sinto
insignificante e com o fardo de corresponder às suas expectativas. Isso
simplesmente não vai funcionar."
Aiden parecia atordoado, mas ele suavemente colocou a mão na minha
bochecha e olhou diretamente nos meus olhos.
"Sienna, eu não vejo você como uma plebeia que tem que se curvar a todos
os meus caprichos." Ele sorriu. "Eu vejo você como uma igual."
Agora, era eu que parecia atordoada. Uma igual?
"Olha, não posso explicar, mas... - disse Aiden, franzindo a testa. "Mas,
ultimamente, me sinto conectado a você, ao que você quer. Posso sentir seus
desejos e suas dúvidas como se fossem meus. E eu sei que você não quer isso
aqui — em meu escritório, na mesa de conferência."
Aiden começou a andar agora, claramente nervoso, uma emoção que eu
não pensei que Aiden possuísse.
Isso era estranho como o inferno, e eu me senti completamente perplexa,
sem saber o que viria a seguir nesta peça de um homem só.
"O que estou tentando dizer é... " Ele se virou para mim com uma
explosão de confiança. "Acho que é hora de fugirmos."
Ai. Meu. Deus.
Capítulo 20 – A Fuga
Sienna: Ei, Selene
Sienna: Você está acordada?
Selene: Ugh, mais ou menos
Selene: É melhor ser vida ou morte
Selene: são 2 da manhã
Selene: O que está acontecendo?
Sienna: Quando você soube pela primeira vez
Selene: Soube o quê??
Sienna: Que você estava apaixonada por Jeremy
Selene: Espere, o quê?
Selene: Sienna...
Selene: Isso realmente não poderia esperar até amanhã?
Sienna: Aiden me pediu para fugir hoje à noite
Selene: O QUE
Selene: OH MEU DEUS
Selene: Por que você não começou com isso??
Selene: Eu estou hiperventilando aqui
Selene: Espera aí, deixa eu ir para a sala
Selene: Jeremy está roncando
Selene: emoji cara de tédio
Sienna: Hum, tudo bem, respire fundo
Sienna: Sou eu quem vai fugir
Selene: ENTÃO VOCÊ VAI??
Sienna: Sim, e preciso do seu conselho
Sienna: Tipo... agora
Selene: Ok. o que você precisa saber?
Sienna: Sua primeira fuga com Jeremy
Sienna: Como foi? O que você vestiu? Foi intenso ou íntimo?
Selene: Bem, foi mágico
Selene: E o que você veste não importa
Selene: Já que você vai tirar suas roupas
Selene: É íntimo e intenso
Selene: É realmente uma experiência espiritual mais do que qualquer coisa
Selene: Deixando o lobo assumir o controle e cedendo aos seus instintos
mais primitivos
Sienna: E se nossas formas de lobo não se conectarem?
Sienna: Isso pode arruinar tudo se não estivermos prontos
Selene: Eu não posso te dar uma resposta para isso
Selene: Mas se você já disse sim, acho que tem sua resposta
Selene: emoji de coração
Sienna: Obrigado, mana
Sienna: Tenho que ir
Sienna: Aiden acabou de entrar
Sienna
Eu olhei para o homem com quem eu estava prestes a sair em uma corrida
— a experiência mais íntima que dois lobisomens poderiam compartilhar — e
de repente eu senti uma onda de ansiedade nervosa.
Rumores diziam que uma corrida foi o que encerrou o relacionamento de
Aiden e Jocelyn. Eles não se conectaram de forma alguma na forma de lobo.
E se isso acontecer conosco também?
"Preparada?" Aiden perguntou.
Essa foi uma pergunta maldita carregada. Quando Aiden me pediu pela
primeira vez para fugir, meu lobo assumiu e eu deixei escapar "sim" antes
mesmo que pudesse processar o peso desse compromisso.
Sua expressão estava tão sinceramente satisfeita com a rapidez da minha
resposta que não tive coragem de desistir.
Agora minha cabeça gritava para que eu corresse o mais longe possível na
outra direção enquanto meu lobo uivava por cima, afogando minha apreensão
e me dizendo para sair da minha bunda e ir com ele.
Eu balancei a cabeça e me levantei enquanto ele pegava minha mão e me
levava para fora da floresta. Demos o primeiro passo juntos, cruzando o limiar
para uma experiência sobrenatural que mudaria tudo.
"Espere", gritei de repente. "Podemos caminhar um pouco primeiro?"
Aiden sorriu para minha ansiedade óbvia. " Claro."
Começamos a caminhar em silêncio pela floresta, minha inquietação
começando a desaparecer enquanto seguíamos o riacho mais fundo na floresta.
Havia algo calmante na maneira como a água fluía tão livremente.
Eu olhei para Aiden. Esta foi talvez a primeira vez que me senti livre para
fazer minhas próprias escolhas — sem pressão, sem manipulação. Aiden estava
me deixando fazer isso no meu próprio ritmo, do meu jeito.
Eu engasguei quando chegamos a um lago iluminado pelo luar. Suas
bordas eram suaves e musgosas, e o reflexo da luz fazia a água cintilar como
um eco do céu estrelado.
Nós dois sabíamos que aquele era o lugar. Foi perfeito. Meu coração
começou a bater forte no meu peito.
Não houve mais protelação.
Já era tempo.
Aiden começou a tirar sua camisa, revelando seu abdômen perfeito. Ele se
encostou em uma árvore e sorriu enquanto eu agarrava minha própria camisa
com mais força.
"Vire-se." eu disse, corando. "Eu não quero que você veja."
"Por que? "Ele riu." Eu vou te ver nua de uma forma ou de outra. É
natural."
Ele estava certo. Era outro código não falado entre os lobos. A nudez
antes e depois da mudança era inevitável, então os lobisomens não faziam
muito disso. Foi o mesmo que perder a virgindade quando surgiu a primeira
Bruma. Mas as regras tomaram-se diferentes para mim depois da Emily.
"Já estabelecemos que eu não sou como todas as outras lobas que você
conhece", eu atirei de volta enquanto me atrapalhava com o zíper da minha
calça jeans.
"Acredite em mim, eu sei", disse Aiden, de repente olhando para mim com
olhos calmantes. Aquele olhar era puro Alfa, não de uma forma intimidante,
mas tranquilizadora.
Ser um Alfa não era apenas uma questão de controle. Às vezes, tratava-se
de manter a manada lúcida. "Não se preocupe, você está linda."
Eu me virei, mas lentamente deslizei minhas calças até os tornozelos e tirei
minha blusa. De pé apenas com a minha calcinha, respirei fundo. Tirei meu
sutiã e calcinha e me virei para enfrentar Aiden.
Ele já estava nu, deixando tudo sair sem um pingo de vergonha. Afinal, ele
era o Alfa. Ainda assim, enquanto estávamos completamente nus, olhando os
corpos um do outro, não parecia da maneira que eu pensei que seria.
Não era uma aura de luxúria entre nós, mas de conexão. Éramos um e o
mesmo.
Selene estava certa sobre ser uma experiência espiritual e eu estava
começando a entender.
"Você primeiro", ele persuadiu.
Eu dei um passo à frente e fiquei diretamente sob o luar em cascata.
Deixando meu lobo me consumir, eu me transformei, pousando
graciosamente de quatro. Eu olhei para o meu reflexo na lagoa para ver minha
pele marrom-avermelhada acesa como um fogo ardente. Eu nunca tinha visto
isso brilhar assim.
Aiden mudou em seguida, e sua forma de lobo era tão grande quanto eu
lembrava.
Seu pêlo preto sedoso e olhos castanhos penetrantes eram lindos sob o céu
noturno. Nossos olhares permaneceram um no outro em reconhecimento, e
quaisquer dúvidas que eu tinha sobre nossos lobos não se conectando
desapareceram em um instante.
Ele se virou regiamente e acenou com a cabeça para a floresta, e essa foi a
minha deixa. Cravei minhas patas na terra e corri para o mato. Agora eu só
tinha que ter certeza de que ele não me pegaria.
Era um jogo de intimidade, mas também um desafio. Eu tinha que mostrar
a ele o quão dominante eu era para provar que poderia me defender contra o
Alfa.
As árvores ficaram borradas ao meu redor enquanto eu corria pela floresta,
e o vento em minha pele era estimulante. Se Aiden ia me pegar, eu não ia
facilitar para ele. Eu sabia que a primeira coisa que tinha que fazer era mascarar
meu cheiro.
Eu mergulhei em uma poça de lama e rolei antes de me levantar
rapidamente e mudar de direção. Minha melhor aposta era confundi-lo e
encobrir meus rastros da melhor maneira possível.
Enquanto eu disparava para frente e para trás, um uivo agudo penetrou no
silêncio da noite. Aiden queria que eu soubesse que ele estava se aproximando.
Ele estava brincando comigo, mas também me deu uma vantagem. Eu sabia
sua localização agora.
Eu mergulhei no rio e remei para o outro lado. Com sorte, ele estava com
vontade de se molhar. Eu balancei meu pêlo para secar uma vez que estava na
outra margem e continuei mais fundo na floresta.
Horas se passaram desde que começamos nossa perseguição. Eu só podia
imaginar a frustração que ele estava sentindo. Alguns podem dizer que você
deveria deixar seu parceiro sentir que ele estava na liderança, mas foda-se, este
era um jogo de dominação.
Encontrei uma colina rochosa onde não deixaria rastros. Subi até o topo e
tentei me orientar. Com todo o ziguezague, até eu havia me perdido um pouco.
Meus ouvidos dispararam quando, sem aviso, uma batida pesada começou
a ecoar do leste, e estava se aproximando rapidamente de mim. Aiden saltou
para fora do arbusto, as garras cerradas, a baba voando para fora de suas
mandíbulas abertas.
Eu tive apenas um momento. Eu joguei meu corpo para o lado enquanto
seus dentes beliscaram meus calcanhares. Ele parecia selvagem e indomado,
sujeira e detritos cobrindo seu pelo anteriormente sedoso. Eu me perguntei o
quanto eu também estava assim.
Começamos a fazer uma espécie de dança, circulando um ao outro,
esperando para ver quem daria o primeiro passo. Nós rosnamos de brincadeira
um para o outro.
Finalmente, chegamos ao fim.
Um galho quebrou e eu me deixei distrair por apenas um milissegundo. Era
tudo que Aiden precisava. Ele investiu contra mim, me acertando bem nas
costelas.
Nós dois caímos colina abaixo, quebrando pedras e amoreiras, caindo em
uma pilha no fundo.
Ele se recuperou primeiro e imediatamente me imobilizou. Eu gritei e me
debati, tentando escapar, mas ele me tinha bem onde ele me queria. Seu rabo
balançou de excitação enquanto ele mostrava suas presas.
Ele soltou um uivo triunfante e cravou os dentes no meu ombro, bem
onde minha marca estaria em forma humana.
Este foi o ato final de uma fuga entre parceiros em potencial. Eu agora
estava marcada tanto na forma humana quanto na forma de lobo.
Eu era total e completamente dele agora. Um amante e um companheiro
em potencial. Nenhum outro homem ousaria se aproximar de mim durante a
Bruma na minha marca. Olhamos um para o outro sem nos mover, sem falar,
sem fazer nada, na verdade.
Foi o momento mais íntimo e intenso de toda a minha vida — assim como
Selene havia dito — e eu nunca teria pensado em um milhão de anos que
estaria compartilhando isso com Aiden Norwood.
Ele me ajudou a ficar de pé e me conduziu até a água. Eu nem estava mais
ciente da minha nudez, apenas da minha conexão com Aiden.
Nós entramos profundamente no lago até a cintura, e ele suavemente lavou
o sangue da minha marca. Doeu, mas uma marca não era tanto uma dor física,
mas uma conexão mental. O que eu senti naquele momento, Aiden também
sentiu.
E o que eu estava sentindo era meu coração sendo preenchido com um
desejo por alguém como nunca antes.
Eu me apaixonei pelo Alfa.
Capítulo 21 – Dura Realidade
Sienna
Três dias se passaram desde a fuga, e o período posterior foi como descer
do alto, o que significava que minhas emoções estavam uma bagunça.
Às vezes, eu sentia um lampejo de euforia, lembrando-me da emoção da
perseguição, enquanto outras vezes atingia um ponto fraco emocional,
pensando que nunca mais me sentiria assim.
Aiden também sentiu. Ele ficou mais distante nos últimos dias, enterrando-
se no trabalho. Selene convenientemente deixou de fora que a melhor
experiência da minha vida seria seguida por uma sensação paralisante de mal-
estar.
Eu precisava fazer algo para tirar nós dois do medo, então decidi assar para
Aiden sua sobremesa favorita, torta de maçã.
Jocelyn me disse que o Alfa gostava muito de doces e que eu ainda não
tinha usado essa arma em meu arsenal contra ele. Desta vez, porém, usaria
comida para sempre.
Eu me encontrei cantarolando e movendo meus quadris enquanto vagava
pela cozinha, derramando farinha em todos os lugares. Eu não esperava que
um coro de criaturas da floresta aparecesse pela janela e começasse a me
envolver em seda ou algo assim, mas essa sensação? Foi ótimo pra caralho.
O cronômetro do forno apitou, sinalizando que a torta de maçã estava
pronta. Cheirava a céu. Se eu pudesse ter escolhido um perfume permanente
para mim, seria este. Eu enviei uma mensagem de texto com entusiasmo para
Aiden para ver quando ele estaria em casa. Eu não sabia quanto tempo eu
poderia esperar para ver a expressão em seu rosto.
 
Sienna: Ei, você está vindo para casa?
Sienna: Eu tenho uma surpresa
Sienna: :)
Aiden: Ainda preso no trabalho
Aiden: Tivemos nossa própria surpresa hoje
Aiden: Um convidado VIP de última hora para o Baile de Inverno
Aiden: Vou trabalhar até tarde
Sienna: De novo?
Sienna: É a terceira vez esta semana
Aiden: Eu sei
Aiden: Não é ideal
Aiden: Mas é o momento
Aiden: O Baile de Inverno é em duas semanas
Aiden: Está o caos aqui
Sienna: Você pelo menos volta antes de eu dormir?
Aiden: Não sei
Aiden: Eu não esperaria acordado
Sienna: Tudo bem
Sienna: Falo com você mais tarde, eu acho
 
Todo o entusiasmo foi imediatamente drenado do meu corpo. De repente,
fiquei furiosa. Com raiva de mim mesma, por colocar tanto esforço na
cozinha, como uma dona de casa submissa. Eu não tinha nada melhor para
fazer do que cozinhar para um homem? Para esperar por sua validação?
Mas eu estava tão brava com o quão chateada suas mensagens me
deixavam. Que sua ausência estava me afetando muito.
Eu costumava orar por esse tipo de distância entre nós. Inferno, às vezes
eu desejava que estivéssemos em lados opostos da Terra. Mas agora eu não
aguentava estar longe dele por um dia inteiro.
E eu não gostei.
À medida que o calor da torta de maçã diminuía, seu cheiro também
diminuía. O odor inconfundível de Aiden — uma mistura de amadeirado e
viril — encheu a sala novamente. Aparentemente, era forte o suficiente para
fazer isso, mesmo quando ele não estava em casa.
O cheiro dele sozinho foi o suficiente para enviar uma pontada visceral de
sentir falta dele através de mim. Desde a corrida, quando chegamos perto como
lobos, meu lobo interior tinha esse desejo constante de estar perto dele. Era
como se ele irradiasse algo que nos conectasse, e eu queria estar amarrada a
essa conexão o tempo todo.
Lágrimas inundaram meus olhos. Coloquei minha mão sobre minha marca
enquanto meu corpo tremia.
Eu sabia que estava sendo dramática. Eu me sentia uma adolescente tola.
Mas não me importei. Eu só queria ele aqui comigo, me segurando, me
beijando, me dizendo que tudo daria certo entre nós.
Mas em vez disso, eu estava aqui sozinha.
Aiden
Larguei meu telefone de volta na mesa. "Droga", eu murmurei baixinho.
Eu odiava fazer isso com Sienna. Eu mal a tinha visto nos últimos três dias
porque parecia que estava morando na Casa da Matilha. Tudo estava em
completa desordem desde o anúncio surpresa de que o Alfa do Milênio
compareceria ao nosso Baile de Inverno.
Por um lado, foi uma honra ter um convidado deste calibre presente em
nossa humilde celebração. O Alfa do Milênio era o imperador de, bem, da
porra toda. Ele era o farol de poder que todos reverenciavam e agraciar-nos
com sua presença era uma honra que talvez não recebêssemos novamente.
Mas, por outro lado, era suspeito. Por que o Alfa do Milênio decidiria vir
ao nosso Baile de Inverno, e de última hora? Ele estava apenas interessado na
celebração anual, em visitar nosso bando, ou havia algo mais em seu motivo?
Não sabia dizer. Mas eu estava planejando manter meus sentidos aguçados
até o baile terminar para ter certeza de que estava preparado para qualquer
coisa.
Já tinha ordenado que a segurança fosse multiplicada por dez, tanto no
Baile como nos dias que o antecederam. Ser o homem mais poderoso do
mundo — e isso era o que o Alfa do Milênio era — significava que você
construía uma lista impressionante de inimigos. E com a recente violação do
perímetro, ficou claro que havia falhas em nosso sistema.
Eu certamente não iria correr nenhum risco.
Quando eu ordenei o aumento da segurança, alguns membros do bando
me olharam como se eu fosse paranóico. Mas estava disposto a lutar pelo time
defensivo de que sabia que precisávamos. Mesmo se tudo correr conforme o
planejado, prefiro prevenir do que remediar.
Eu tinha total confiança em meu bando, em sua habilidade de seguir
ordens e alcançar resultados, mas ultimamente eu estava me perguntando se
eles tinham a mesma confiança em mim.
Eu vi a maneira como seus olhos se conectavam quando eu dava ordens e
ouvi os sussurros que flutuavam ao meu redor de vez em quando.
Paranóico.
Não tão forte.
Solitário.
Não é que eles estivessem me desobedecendo ou desrespeitando. Isso teria
sido inaceitável. Eles teriam sido punidos e substituídos imediatamente. Eu era
o Alfa e estava no comando.
Era mais... eles estavam preocupados comigo. Eles queriam o melhor para
seu Alfa e não sabiam como me ajudar a consegui-lo.
Sempre voltava para encontrar um companheiro. Isso estava claro. Os
olhares, os sussurros, nada disso aconteceria se eu já estivesse acasalado.
Mas, novamente, talvez eles estivessem certos em se preocupar comigo. Eu
não podia deixar minha mente vagar para Sienna por um minuto maldito. Eu
deveria estar focado na Matilha, no Baile de Inverno e no aparecimento do
Alfa do Milênio, mas em vez disso, estava preocupado com umas mensagens?
Meu lobo interior rosnou. Chega. Eu era o Alfa. O Alfa não se questiona.
Virei-me para olhar para a mesa da sala de reuniões, onde Josh estava lendo
alguns documentos. Tínhamos concordado em passar pelo processo legal e
fazer as assinaturas, mas Jeremy estava atrasado.
"Josh, esqueça a papelada. Chame uma reunião da Matilha. Temos algumas
coisas para discutir." Josh olhou para mim e acenou com a cabeça.
Ele caminhou até o telefone da sala, apertou um botão e gritou: "Conselho
para a sala de reuniões. Conselho para a diretoria. Ordens do Alfa."
Ordens do Alfa. Pode ter certeza.
Sienna
Eu já tinha me jogado debaixo das cobertas várias vezes, mas essa atividade
pouco fez para me confortar. Isso me fez sentir apenas mais isolada.
Eu precisava de alguém para conversar. Alguém que entenderia essa
ansiedade de separação. Normalmente, esse alguém seria Michelle, mas não
tínhamos conversado desde que compramos o vestido de cerimônia de
acasalamento de Mia.
Eu brinquei com meu telefone por vários minutos, tentando criar coragem
para mandar uma mensagem de texto para Michelle. Meu lobo interior estava
dando cambalhotas na minha cabeça.
Anda logo, vaca.
 
Sienna: Ei
Sienna: Como você está?
 
Eu pausei. Olhando para a tela. Um minuto se passou, depois dois. Eu
sabia que não podia fingir que nada tinha acontecido, como se não tivéssemos
acabado de ter nossa maior briga. Eu tinha certeza de que, se não pedisse
desculpas agora, ela não responderia.
E então como eu recuperaria minha amiga?
 
Sienna: Mich, eu sei que não estamos nas melhores condições agora
Sienna: Mas estou com saudades
Sienna: Eu deveria ter estado lá para você
Sienna: sinto muito
Sienna: De verdade, sinto muito
 
Eu respirei fundo. Espera. Nada ainda. Então eu segui em frente,
decidindo falar tudo de uma vez. Eu não tinha mais nada a perder.
 
Sienna: Eu sei que não tenho o direito de pedir isso a você. Mas há tanta
coisa acontecendo entre mim e Aiden
Sienna: E eu só... preciso muito de um amigo
 
Larguei meu telefone na cama, puxando o cobertor sobre os olhos. Eu
coloquei tudo em aberto, mas parte de mim pensou que ela não iria responder,
de qualquer maneira. Eu não estava lá para ela quando ela realmente precisava
de mim.
Eu fui muito egocêntrica para perceber que ela esteve.
Então, eu não tinha permissão para ficar surpresa, ou chateada, quando ela
não estava lá para mim também. Exatamente quando estava repetindo isso
para mim mesma, senti meu telefone vibrar. Meu coração saltou do meu peito.
Peguei o telefone e virei, vendo a tela iluminada.
 
Michelle: desculpe, sienna
Michelle: eu preciso de um pouco de espaço agora
 
Meu estômago caiu como se eu estivesse em uma montanha-russa. Toda a
esperança que brotou dentro de mim... estourou. Como um balão.
Eu sabia que não podia culpá-la. Eu não me permitiria fazer isso. Mesmo
assim, perceber que fui eu quem a afastou... isso me fez sentir ainda mais
isolada.
Era como se todos ao meu redor precisassem de espaço. Longe de mim.
Olhei para o canto, onde todos os meus materiais de arte não usados e
pinturas semiacabadas estavam acumulando poeira. Pelo menos meu material
de arte estava lá para mim. Saí da cama, estiquei uma nova tela e coloquei-a
sobre um cavalete.
Se todas essas emoções estivessem girando dentro de mim, eu poderia
muito bem colocá-las em bom uso. Já fazia algum tempo desde que comecei
uma nova peça.
Eu não tinha ideia do que aconteceria, mas pelo menos a pintura
forneceria uma distração temporária de como eu estava me sentindo péssima.
Comecei com preto, o que combinava com o que eu estava sentindo.
Pinceladas longas e onduladas.
Em seguida, um branco cremoso. Macio e delicado.
Roxo, eu precisava de roxo. Dois círculos. Pupilas penetrantes.
Por último, uma moldura esguia e esguia, iluminada pelo luar.
Eu dei um passo para trás. Eu pintei uma mulher. Uma mulher bonita, mas
triste. Ela parecia estranhamente familiar. Por que ela estava tão assombrada?
Eu engasguei quando fiz a conexão.
Era a mulher misteriosa da floresta.
Eu quase me esqueci dela, então por que ela estava olhando para mim da
minha tela agora? Parte de mim se perguntou se ela era mesmo real. Talvez
minha mente estivesse tão desesperada por interconexão que estava fabricando
alucinações que pareciam reais o suficiente para o resto de mim acreditar.
Mas eu sabia melhor do que isso. Ela era real.
Eu podia senti-la, não fisicamente, mas sua energia. Havia algo único sobre
ela. Algo que eu nunca tinha sentido antes.
Aiden
Eu pulei na mesa da sala de reuniões que atualmente acomodava meus
membros do bando. Andei para frente e para trás olhando cada um deles nos
olhos, afirmando meu domínio.
"Todo mundo, ouçam", eu ordenei. "As coisas vão mudar aqui a partir de
agora. O Alfa do Milênio está chegando, e eu preciso que esta Matilha seja
uma frente coesa. Tão forte que nenhuma ameaça pode romper.
Entenderam?"
Eu olhei em volta, vendo os rostos solenes acenando de volta para mim.
"Este bando sempre terá minha atenção total, nunca duvidem. Mas se vocês
não confiarem em minhas decisões, todos estaremos em apuros. Se algum de
vocês não sente que minha liderança é digna de sua obediência", eu disse,
apontando para a porta, "a saída é por ali."
Eu respirei enquanto olhava de rosto em rosto. Ninguém moveu um
músculo. Então continuei. "Se estamos divididos, somos fracos. E se
estivermos fracos, algo como a violação do perímetro acontecerá novamente.
Isso não é uma possibilidade. Vocês entendem? Estamos falando do Alfa do
Milênio. Se não podemos protegê-lo, então não somos uma matilha de
verdade." Eu lati.
Eu fui até o assento de Josh e me abaixei, então eu estava agachado. Olhei
bem nos olhos dele. "Josh, meu Beta. Preciso saber que você está totalmente
comprometido com seu Alfa. Que você seguirá minhas ordens, sem fazer
perguntas."
Ele olhou ao redor da sala, tentando manter sua expressão neutra.
"Por que você está olhando para eles? Estou bem aqui", eu disse, rosnando.
"Sim, meu Alfa", ele disse, olhos finalmente fixos nos meus "Eu tenho
plena confiança em você como líder da Manada. Vou te seguir."
"Sem dúvida."
"Sem dúvida", ele repetiu.
"E o resto de vocês? " Eu perguntei, levantando-me e olhando ao redor da
mesa.
"Sim, meu Alfa!" Eles gritaram.
"Qual Matilha é o mais forte de costa a costa? " Eu gritei, pisando forte na
mesa.
"Matilha da Costa Leste", eles ecoaram, batendo os pés de volta.
"Mais alto, porra!"
"MATILHA DA COSTA LESTE!"
A Matilha uivou como os guerreiros que eram, e eu senti uma onda de
orgulho que não sentia há meses. Esta era a nossa casa, e nós a protegeríamos
com nossas vidas.
Meu telefone começou a zumbir e eu o tirei, a adrenalina ainda pulsando
em minhas veias.
 
Sienna: Um verdadeiro Alfa não deixaria sua mulher sozinha
 
Droga. Eu estava todo irritado, cercado por pura energia alimentada por
lobo, pronto para ir para a batalha. E lá estava ela, questionando meu domínio.
Questionando minha masculinidade.
Eu não aceitaria.
"Josh, como Beta, você comandará a segurança do Baile de Inverno. Você
está disposto a isso?
"Absolutamente. Com certeza. Alfa", ele gaguejou. Claramente ele não
esperava uma promoção depois do questionamento que eu acabei de empurrar
para ele.
"Você tomou a iniciativa durante a violação e o bloqueio foi ideia sua. Você
merece", eu disse com um aceno de cabeça. Tinha que manter os soldados
orgulhosos, supus.
"Não vou decepcionar você", respondeu ele.
"Você não vai", eu disse de volta. E com um aceno final para o resto do
bando, saí da sala de reuniões com minha cabeça erguida. Prestes a entrar em
um outro tipo de batalha.
Capítulo 22 – A Torta de Maçã
Sienna
Assim que enviei a última mensagem, me enterrei mais profundamente sob
suas cobertas. Não tinha a intenção de acabar aqui, na cama dele, mas depois
que terminei a pintura... comecei a vagar.
Parecia que eu não aguentava mais, o desejo dentro de mim de encontrá-lo,
de mantê-lo ao meu lado. Então enviei a maldita mensagem de texto. E agora
eu estava em seu quarto, em sua cama, porque era o mais perto que eu podia
chegar dele agora.
O que está acontecendo comigo?
Eu estava enviando mensagens passivo-agressivas. Eu estava fantasiando
sobre abraços. Eu me tornei o tipo de garota que jurei que nunca seria — o
tipo que depende de um cara. A verdade dessa constatação fez com que as
lágrimas começassem a cair. Ótimo. Eu sou ainda mais um clichê agora.
Eu estava virando o travesseiro, tentando me dar um recomeço e me
acalmar um pouco, quando a porta do quarto se abriu. Eu não tinha ouvido
um carro estacionar na garagem. Eu não tinha ouvido a porta da frente abrir
ou fechar. Mas não importa.
Porque Aiden estava aqui.
Ele rosnou, e o som causou arrepios na minha espinha. Seus olhos
castanhos estavam em mim, eu podia senti-los, mas meus próprios olhos
estavam fechados. Não que eu estivesse com medo de enfrentá-lo depois do
que enviei. Eu era um dominante. Eu sempre poderia me cuidar.
Não, era o constrangimento que eu não queria reconhecer. A vergonha que
encheu a sala e deixou o ar pesado, dificultando a respiração.
Porque agora não era só eu que sabia o quanto o Alfa me afetou. Não,
agora o Alfa também sabia.
E então ele estava perto de mim.
"Olhe para mim", ele rosnou novamente, e eu podia sentir o calor em suas
mãos irradiando pelos meus ombros enquanto ele me puxava para cima. Eu
estava sentada agora, olhando diretamente para ele, e ele não tinha deixado
meus ombros fora de seu alcance. " Você está chorando." Limpei
imediatamente as lágrimas dos meus olhos, ou tentei, pelo menos. Eu sabia
que se tentasse responder, minha voz me trairia e ele ouviria a vergonha em
alto e bom som. Então, eu apenas me concentrei em seu rosto. Seu lindo rosto,
aquele que era quase demais para se olhar.
Mas agora, com as mãos nos meus ombros, ele garantiu que meu olhar
permanecesse nele.
Tentei olhar para baixo, mas ele colocou o polegar sob meu queixo e
ergueu meu rosto de volta. "Me conte", ele ordenou.
"Eu não deveria ter..."
"Você não deveria ter questionado minha masculinidade." Ele rosnou para
mim, tão baixo, tão sincero, que o peso do que eu fiz permaneceu entre nós.
Eu havia questionado o Alfa.
"Mas o mais importante", ele continuou, "você não deveria ter estado aqui
sozinha. Chorando. Triste. Chega disso."
E em um instante, ele pulou sobre mim e me puxou para ele, de modo que
ficamos deitados de lado, pressionados um contra o outro. Seus braços me
puxaram para perto dele e eu pude senti-lo cheirar meu cabelo.
"Estou aqui. E estarei aqui." Sua voz estava bem no meu ouvido e me fez
sentir como se todo o meu corpo estivesse envolto em veludo. Tudo quente e
suave.
Eu me mexi para que ficássemos de frente um para o outro, entrelaçando
meus braços em suas costas. Nossas bocas estavam a centímetros de distância.
Nossos olhos estavam bem abertos, fixos um no outro.
"Eu odeio isso", eu disse suavemente.
"Você.. odeia?" ele perguntou incrédulo.
Eu revirei meus olhos. "Isso não. Você não. Mas sim, isso. E sim, você. Eu
não sou essa garota! Eu nunca fui essa garota. E agora estou chorando, estou
com saudades de você e não gosto dessa sensação. De precisar de você."
"Precisar de mim não é a pior coisa do mundo."
"Com certeza parece."
"Bem, eu poderia ficar ofendido", disse ele, deslizando o dedo pelo meu
nariz. O contato fez meu corpo estremecer. "Mas, como um homem de
verdade, direi apenas... que nunca vou deixar minha mulher sozinha. De novo
não. Eu prometo."
Algo sobre ouvir minhas palavras saindo de sua boca, sobre a proximidade
de como éramos, todos enredados em seus lençóis, fez a tristeza de antes
desaparecer.
Era como se tudo dentro de mim estivesse me dizendo para deixá-lo
entrar, confiar nele, me entregar.
Ainda era assustador, mas parecia controlável agora. Como se eu pudesse
superar o medo, desde que ele estivesse ao meu redor. Eu olhei para ele
novamente, me sentindo segura e robusta com um homem que tinha sido um
estranho poucas semanas atrás.
Cordialidade. Luz difusa. Envolvido em... alguma coisa.
"Mmmm. " Soltei o som antes que pudesse detê-lo, antes que meus olhos
pudessem abrir. Era tudo muito... muito delicioso. Como uma torta de maçã
quente.
Meus olhos se abriram. Torta de maçã quente.
Tudo voltou para mim. As lágrimas, a mensagem, o rosnado. E o homem
ao meu lado, ainda enrolado em volta de mim, dormindo profundamente.
O sol brilhava pelo espaço da janela que a cortina não cobria. "Ei", eu
disse, cutucando o bíceps de Aiden. Ele parecia tão em paz, tão calmo, que eu
não queria acordá-lo. Esta pode ter sido a primeira vez que ele ficou mais
vulnerável do que eu.
Mas eu sabia que ele havia saído do trabalho mais cedo para ficar comigo
ontem e que tinha que cuidar dos negócios.
Afinal, ele era o Alfa. "Aiden." Eu o cutuquei novamente, e desta vez ele se
mexeu.
Seus olhos se abriram lentamente e ele soltou um grande suspiro, esticando
os braços no ar. "Bom dia", disse ele, e então me puxou de volta para ele.
"Eu não consigo... respirar..." eu disse, rindo e me contorcendo contra ele.
Eu podia senti-lo ficar animado enquanto movia meus quadris, tentando me
libertar, mas ele apenas me segurou com mais força. " Aiden! " Eu soltei e ele
me soltou.
Eu me virei para ficar de frente para ele, para poder sentir sua respiração
em minha bochecha. "Você tem que ir trabalhar", eu disse suavemente,
tentando esconder minhas emoções.
Eu tinha sido carente o suficiente na noite passada. Eu não queria que ele
pensasse que eu seria assim o tempo todo. E eu não queria pensar isso de mim
também.
"Não, eu não sei", disse ele, saltando sobre mim. Ele estava montado em
mim agora, prendendo minhas mãos acima da minha cabeça.
"Você não quer?" Tentei lutar com as mãos dele, tentei me libertar de suas
garras, mas era como se ele fosse o Hulk. Ou um Alfa, pensei, rindo. Claro que
ele era mais forte do que eu, mesmo se eu fosse um dominante.
"Tirei o dia de folga. Eu te disse, não deixo minha mulher sozinha. " Ele se
abaixou até o meu pescoço e começou a beijar, passando os lábios pela minha
marca.
Eu imediatamente senti a névoa começar a me atingir. Lentamente no
início, mas continuou crescendo, me importunando para reconhecê-lo.
"Você vai ter que sair em algum momento", eu disse como uma forma de
me distrair, para distraí-lo. Eu ainda estava menstruada e ainda não ia fazer
sexo com ele.
Repita isso, eu me ordenei.
Eu ainda estou no meu período. Eu ainda não vou fazer sexo com ele.
Mas então ele agarrou a parte de trás da minha cabeça e me içou para que
estivéssemos sentados peito a peito. Ele arrastou os dedos pelo meu pescoço,
ainda molhado com seus beijos, e pela minha clavícula. Ele os moveu pelos
meus braços, todo o caminho até a ponta dos dedos, e a suavidade de seu
toque me fez querer explodir.
"Aiden... " Eu parei, meus olhos fechando. E então ele estava perto da
minha orelha, mordiscando minha orelha.
"Sim?" ele rosnou. Mas não. Eu tive que pensar em uma distração. Então
eu disse a primeira coisa que me veio à mente.
"Eu fiz torta de maçã."

***
Torta de maçã no café da manhã. Em frente a um Alfa sem camisa. Eu
poderia me acostumar com isso, pensei.
"Está deliciosa", disse ele, enfiando o garfo em outra fatia, sua terceira fatia
— eu estava contando — mas não me importava que ele estivesse comendo a
maior parte da torta. Eu estava com fome de outra coisa.
Pare com isso, Sienna.
Eu o observei mastigar bocado após bocado, mal parando para respirar. Eu
gostava de cozinhar para ele. Gostei de vê-lo curtir as coisas que eu fiz. Parecia
íntimo. Como se ele estivesse gostando de mim.
"Sério, como você sabia que este era o meu favorito?" ele perguntou, já
colocando outra fatia em seu prato.
"Jocelyn me contou."
"Vocês duas andam fofocando sobre mim?" ele perguntou, mastigando,
um sorriso no rosto.
"Tire suas conclusões. " Isso foi ousado, mesmo para mim, e Aiden deixou
o garfo cair em seu prato antes de pular sobre a mesa e me jogar no chão. Eu
estava rindo tanto que não conseguia recuperar o fôlego.
"Respondona hoje, né?"
Mais uma vez, minhas mãos estavam presas atrás de mim, mas desta vez
ele tinha uma mão livre para fazer cócegas em mim. Seus dedos cobriram
minha caixa torácica e achei que fosse desmaiar.
"PARE! " Tentei gritar, mas soou mais como uma risada. " Se não..."
"Ou então o quê? " ele rosnou, e eu senti a névoa ressurgir.
Ele estava entre minhas pernas e comecei a mover meus quadris contra ele
sem pensar nisso. Ele percebeu, seus dedos fazendo cócegas diminuindo, me
tocando de uma maneira diferente. Ele tirou a alça da minha blusa do meu
ombro e beijou o local onde estava.
Esta é minha chance. Com um movimento rápido, eu libertei minhas mãos de
seu aperto desavisado e nos virei para que eu fosse a única montada nele. Suas
sobrancelhas se arquearam, surpreso com minha força ou minha iniciativa ou
qualquer outra coisa.
"Ou então isso " eu disse, me abaixando para beijá-lo. Eu o beijei
suavemente, brevemente, e então me movi mais abaixo de sua boca.
Suas mãos estavam nas minhas costas, me empurrando para mais perto
dele, e a Bruma estava torcendo por eles.
Não. pensei, então peguei suas mãos nas minhas e as tirei, desta vez
prendendo suas mãos acima dele. Algo sobre se sentir no controle estava me
deixando ainda mais quente. E eu podia sentir que isso tinha o mesmo efeito
sobre ele.
"Sabe", ele começou, sua voz cheia de desejo", se você é realmente minha
mulher, e eu realmente sou seu homem, então você tem que me marcar
também."
No próximo segundo eu estava em seu pescoço, meu instinto primordial
garantindo que todos soubessem que ele era meu. Quando terminei, olhei para
o meu trabalho. Essa foi a primeira vez que marquei alguém, e tinha sido um
Alfa. Eu me sentia selvagem de orgulho e luxúria.
Então eu me abaixei ainda mais, deixando minhas mãos percorrerem seu
peito musculoso, sobre seu abdômen tenso. Comecei a beijar um caminho para
baixo.
"Sienna", disse ele, em algum lugar entre um gemido e um aviso. Eu estava
na cintura de sua calça de moletom quando olhei para ele.
"Eu quero fazer isso. Por você."
O olhar que ele me deu depois que eu disse isso foi o suficiente para fazer
uma lenha molhada acender o fogo.
Capítulo 23 – A Feira
Sienna
Parte de mim não conseguia acreditar no que estava para acontecer. O que
eu estava prestes a fazer. Esta foi a primeira vez que estive tão perto de tocar
um homem e me senti pronta.
Parecia certo.
"Eu quero fazer isso. Por você", eu disse, e seu olhar perfurou-se em mim.
Bem dentro de mim. Minha Bruma estava com fome e, se eu não conseguisse
cumprir tudo, isso daria certo. Então eu abaixei meus lábios em seus quadris e
continuei deixando beijos suaves ao longo da borda de sua calça de moletom.
E então meus dedos lentamente puxaram o cós para baixo até que eu pudesse
ver tudo dele.
E quando eu pude, minha respiração engatou na minha garganta. Ele era
grande e gordo, exatamente o que você esperaria que um Alfa se parecesse. Eu
já tinha assistido pornografia antes, claro, então sabia o que era normal para as
estrelas pornôs terem. Mas vendo de perto, com um homem que eu conhecia
— um homem de quem gostava — era diferente. Muito diferente.
Corri meus dedos ao longo dele primeiro, observando-o ficar cada vez
mais duro.
- Merda, Sienna, — Aiden murmurou. " Você já...?"
"Não", eu disse suavemente, respirando ar quente nele. E então eu
coloquei minha língua para fora, provando-o. Eu ouvi Aiden soltar um suspiro
e tomei isso como motivação para colocar o topo dele em minha boca. Eu
chupei suavemente por alguns momentos, e então tomei mais dele. Tanto
quanto pude.
Eu estava me movendo para cima e para baixo em um ritmo. Eu não tinha
feito isso antes, por si só, mas era uma garota de dezenove anos. Eu não era
surda para ouvir histórias sobre sexo oral dos meus amigos e, dessas, eram
muitas. Então, eu tinha quase certeza de que sabia exatamente o que fazer, e
pelo jeito que ele estava respondendo, eu não estava nada mal.
Ele estava ficando mais alto. Eu gostava de ser responsável por isso. Era
bom deixá-lo louco.
Depois de mais alguns minutos disso, senti suas mãos alcançarem minha
nuca. Ele estava tentando me tirar de cima dele. Eu sabia por quê.
Ele não queria que eu engolisse o que viria a seguir. Mas eu queria. Não, eu
precisava. Eu queria provar tudo dele, conhecer cada pedacinho do que ele era.
Então, dei um tapa em suas mãos e movi minha cabeça para cima e para
baixo ainda mais rápido, usando minha língua para girar em torno dele.
Demorou apenas alguns segundos, mas então ele estava gozando, e uma
substância espessa e salgada, de gosto não ruim, encheu minha boca.
Eu engoli e olhei para ele, para o homem que foi o primeiro a entrar em
minha boca daquele jeito.
Ele estava recuperando o fôlego, mas seus olhos estavam dançando. Ele
me puxou para perto dele e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha
orelha.
"Você é espetacular", disse ele, a palavra de alguma forma contendo mais
lisonja do que todos os elogios que eu já recebi juntos.

***
Aiden
Josh: alfa se apresse
Josh: já estávamos todos aqui
Aiden: Estou indo
Josh: alfas não se atrasam
Josh: lol
 
Sienna tinha acabado de fazer minha cabeça explodir. Não havia outra
maneira de expressar isso. Claro, eu sabia que ela era gostosa pra cacete. Essa
nunca foi a questão.
Mas sabendo o quão inexperiente ela era, o quão inocente ela parecia ser,
eu não esperava isso. Nem mesmo as garotas que já tinham muita experiência
me fizeram me sentir assim.
Ela estava no quarto de hóspedes se preparando agora. Eu podia ouvi-la se
mexendo ali, e minha imaginação estava pensando nela se vestindo. A maneira
como seu corpo parecia completamente descoberto, a maneira como ela
parecia enquanto puxava uma calcinha para cima...
Pare, eu me ordenei. Era como se eu não conseguisse me controlar quando
estávamos na mesma casa. Deve ser a Bruma.
Eu coloquei um suéter e depois me dirigi para o corredor, batendo uma
vez na porta que Sienna estava atrás. "Sienna? Pronta?"
Nem mesmo um segundo depois, a porta estava se abrindo e lá estava ela.
Em uma blusa preta elegante e jeans, o cabelo ruivo caindo sobre os ombros.
Suas curvas... a maneira como o tecido se agarrou a ela de todas as maneiras
certas... era demais. Eu rosnei, puxando-a para mim.
"Não vamos. Vamos ficar aqui e... " Eu parei, minha sugestão persistindo
entre nossas respirações pesadas.
"Ok, Sr. Alfa." Ela revirou os olhos." Como se você pudesse perder a
feira."
Ela estava certa. Eu não pude.
"Se dependesse de mim, ficaríamos aqui o dia todo. Foda-se a
oportunidade de foto." Eu disse, beijando-a.
"Foda-se a oportunidade de foto", disse ela de volta, olhando-me nos
olhos. Mas não conseguimos. Porque eu era o Alfa e a feira era o evento pré-
baile de Inverno que reunia toda a comunidade. E o que era uma comunidade
sem seu líder?
Sienna
No segundo em que nos aproximamos da feira, senti meus nervos
dançando na minha corrente sanguínea. Eu nunca tinha sido uma pessoa tão
nervosa, nunca em toda a minha maldita vida. Mas eu estava segurando a mão
do Alfa, morando em sua casa. Então, eu não era mais apenas uma adolescente
normal.
Eu era a garota ao lado de Aiden Norwood. A garota que seria examinada
e observada, que seria assunto de fofoca, até que todos parassem de se
importar.
E eu aposto que demoraria um pouco para que todos parassem de se
importar.
Tínhamos acabado de chegar aos jardins fora da feira, e fiquei surpresa.
Alguém havia colocado luzes por entre as árvores, dando ao céu do crepúsculo
um lindo brilho.
Mesmo daqui eu podia ver como estava lotado. Enquanto o Baile de
Inverno era o principal evento da temporada de férias todos os anos, a feira
era a versão para toda a família que levava todos da cidade para beber
chocolate quente e jogar carnaval. Algo sobre estar aqui sempre me fazia sentir
como uma criança.
Então eu senti minha mão sendo apertada e minha mente se voltou para o
homem ao meu lado. O homem que enviou arrepios na minha espinha uma e
outra vez. E de repente eu não me sentia mais criança.
"Está pronta?" ele perguntou, olhando para mim.
Eu dei a ele um aceno de cabeça. Eu estava pronta — Sienna Mercer, se
apresentando para o dever de papel cerimonial. E então ele estava me levando
pelos jardins, por entre as pessoas de todas as idades rindo e se amontoando, e
me levando direto para a mesa sob a tenda de dossel.
A mesa que abrigava toda a elite da Matilha, incluindo Josh e Jocelyn.
Eu os vi dividindo uma cadeira — bem, Jocelyn tratando o colo de Josh
como uma cadeira, mais especificamente — e eles acenaram para nós.
"Finalmente. Eu me pergunto por que eles demoraram tanto." Josh piscou
para Jocelyn e eu senti minhas bochechas queimarem.
"Cuidado", Aiden ordenou a ele, colocando um braço protetor em volta
dos meus ombros. Aproximei-me dele, gostando do calor.
"Monica do Matilha News estava procurando por você. Ela quer uma
entrevista", Josh disse para Aiden, e Aiden apenas balançou a cabeça. Ele
pegou algumas xícaras de chocolate quente do bar atrás da mesa e me
entregou uma antes de me guiar de volta ao centro da feira.
"Espero que você não se importe que estou puxando você comigo para
fazer negócios", ele rosnou em meu ouvido.
Algo sobre o jeito que ele disse fez parecer sexy, embora fosse um assunto
bem mundano. Eu olhei para ele, para a maneira como seu cabelo caía tão
forte, para a nuca em suas bochechas.
Havia algo tão sexy sobre ele o tempo todo. E então ele me beijou, no
meio da feira, rodeado de famílias. E tudo que eu conseguia pensar era, deixe-os
ver.
O flash da câmera me tirou do beijo. "Ei, Alfa, aqui!"
Virei-me para encontrar a origem da combinação flash-grito e vi uma
mulher baixa, seu cabelo escuro encaracolado parecendo um vulcão em
erupção em todas as direções de seu couro cabeludo. Mesmo que ela estivesse
parada, eu poderia jurar que ela estava se movendo a uma milha por minuto.
"Monica", Aiden a cumprimentou, estendendo a mão para um aperto. Ela
apertou com gosto, e eu pensei ter visto um rubor subindo por suas
bochechas.
"Diga-me, diga-me", disse ela, olhando entre ele e eu. "É sério?"
"Achei que você queria uma entrevista sobre a feira?"
Ela acenou com esse sentimento. "Feiras vendem cacau. Sexo vende
jornais." Ela soltou uma piscadela e uma gargalhada de sua própria piada, e
Aiden ergueu a sobrancelha para mim antes de se virar para ela. Ele tirou a
jaqueta e, puxando a gola do suéter para longe do pescoço, expôs a marca que
eu tinha dado a ele na noite anterior.
Monica engasgou e eu mal me impedi de fazer o mesmo. E então o calor
subiu para minhas bochechas, me enchendo com um tipo distinto de orgulho,
que deixou claro que eu era desejada. Pelo Alfa.
"Então, está fechado?" Monica pressionou. Eu endireitei meus ombros. Eu
não estava revelando nada. Este era o seu mundo, sua plataforma. Ele poderia
dizer o que quisesse.
"Nada é certo neste mundo", disse Aiden.
"Então, pode haver espaço para outra dama?"
Com essa pergunta, Aiden me puxou para perto dele, envolvendo os
braços em volta do meu peito por trás. "Neste momento, esta é toda a dama
de que preciso."
Monica rosnou — sim, rosnou — e antes que ela pudesse fazer outra
pergunta, Aiden pegou minha mão e me guiou para longe.
"Eu vou te encontrar mais tarde para essa entrevista! " ele falou por cima
do ombro para ela.
E então estávamos na beira da feira, perto das árvores.
"Desculpe por isso", ele disse, seus olhos procurando os meus. "Você foi
ótima."
"Eu? Eu não disse uma palavra."
"Exatamente. Foi profissional. Que tal eu compensar você?"
"E como você planeja fazer isso?"
Ele examinou a feira em busca de uma resposta e então me virou para que
eu estivesse olhando para a mesma coisa que ele. A roda gigante.
"A roda-gigante é, na verdade, minha favorita", eu disse. Era verdade.
Todos os anos, era o que eu mais esperava. Algo sobre estar acima do mundo,
alto o suficiente para se sentir como se estivesse acima de todos os perigos,
todas as ameaças, era revigorante. " Você pode tirar sarro de mim por isso, se
quiser."
"Tirar sarro de você amando a roda-gigante?"
"Eu não disse que amei isso. Eu simplesmente gosto mais." Ele balançou a
cabeça e sorriu para mim, como se não pudesse acreditar que eu era um
humano totalmente funcional.
"Vamos", disse ele, puxando-me para lá.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, vi algo com o canto do meu
olho. De volta às árvores.
Um rosto. O mesmo rosto que eu tinha visto antes na floresta.
A mulher com olhos roxos misteriosos, a beleza de outro mundo. O tipo
de rosto que você não pode simplesmente esquecer. Mas então, ela se foi.
"Você viu aquilo? " Eu perguntei, de repente sem fôlego.
Aiden apenas olhou ao redor com curiosidade. "O que?"
"A mulher!"
"Que mulher?"
"Ela estava bem ali!"
"Sienna, você está bem?"
Capítulo 24 – A Confissão
Sienna
Estávamos nos aproximando da roda-gigante e eu tentava tirar a imagem
da mulher de olhos roxos da minha cabeça. Aiden claramente não a tinha visto,
e se eu a trouxesse de novo, tinha certeza de que ele iria me internar em uma
ala psiquiátrica ou algo assim.
''Vamos lá", eu disse, puxando Aiden até o adolescente que comandava a
bilheteria da roda gigante.
Enfiei a mão na bolsa para comprar uma carona para nós dois, mas o
adolescente apenas ergueu a mão.
"Alfa, cara, você é bom", disse ele para Aiden. Então ele acenou para mim.
"Ela também."
Huh. Parecia que viajar com o Alfa tinha algumas vantagens.
O adolescente nos acompanhou além da linha — eu me virei para avaliar a
reação de Aiden e ele apenas deu de ombros — e então estávamos entrando
em nosso próprio carro particular. Eu deslizei pelo banco e Aiden veio se
sentar ao meu lado. O adolescente nos ajudou a derrubar a barra, certificando-
se de que estávamos seguros.
"Aproveite a roda do amor", disse ele com uma piscadela, e então ele
desapareceu de volta na multidão.
"Não foi chamado de Roda do Amor no ano passado", eu disse a Aiden,
sentindo um rubor espalhar-se por minhas bochechas antes que eu pudesse
impedir.
"Talvez algo esteja diferente este ano", ele disse, e sua mão se entrelaçou
com a minha. Antes que eu pudesse ler muito sobre isso, começamos a nos
mover. Nosso carro subiu rapidamente até que estávamos bem no topo da
roda, olhando para a cidade abaixo de nós.
"É lindo."
"Isto é. " Eu olhei para ele quando ele disse isso e tive uma sensação
esmagadora de que ele não estava falando sobre a vista. Eu olhei para o meu
colo. Eu ainda não estava confortável com toda a atenção.
"Quem é Emily? " Ao som de seu nome, minha cabeça chicoteou para
cima. "Eu ouvi você dizer o nome dela enquanto você estava dormindo. Você
ficava repetindo."
Seus olhos procuraram respostas em meu rosto, mas eu não estava pronta
para falar sobre isso. Eu não tinha falado sobre isso com ninguém antes.
"Eu não posso... " eu disse, não querendo mentir para ele.
Ele suspirou e olhou para a vista, e eu pensei que o tinha perdido. Mas
então ele começou a falar.
Aiden
Eu ouvi Sienna choramingando em seu sono na noite passada, quando eu a
estava segurando em meus braços. Eu podia sentir seu corpo tremendo e não
conseguia ver as lágrimas na escuridão, mas não ficaria surpreso se houvesse
algumas em suas bochechas.
Ela chamou por uma Emily, uma e outra vez, alto o suficiente para que eu
fosse acordado. Eu não me importei, é claro. Talvez fosse o Alfa em mim, mas
eu gostava de me sentir necessário.
Eu a abracei com mais força e alisei seu cabelo até que ela parou de
choramingar, e então caí no sono.  Eu tinha quase certeza de que ela tinha
estado profundamente adormecida durante a coisa toda, mas eu sabia que esse
tipo de emoção inconsciente não vinha apenas de algum personagem arbitrário
em sua imaginação. Havia mais coisas sobre o que ela choramingava do que eu
sabia, e minha curiosidade me dominou.
Então, quando estávamos trancados em nosso carro com roda gigante,
olhando para a feira, lá embaixo, eu trouxe o assunto à tona. Algo mudou
imediatamente dentro dela. Ela se afastou um pouco de mim, mas não acho
que ela fez de propósito. Acho que o instinto dela, quando alguém lhe
pergunta algo pessoal e importante, é criar espaço.
Sendo Alfa, eu aprendi há muito tempo como colocar aqueles ao meu
redor à vontade. Uma coisa que meu pai me ensinou quando eu era jovem foi
nunca esperar nada de graça. " Dê algo para conseguir algo", ele dizia, e essa
ideia ficou comigo.
Então, na roda-gigante, preparei-me para dar algo.
"Eu tinha um irmão", comecei, olhando para longe. Eu podia sentir seu
olhar cair sobre mim quase imediatamente. "O nome dele era Aaron."
"Tinha?" ela engasgou. Eu olhei para ela agora, balançando a cabeça.
"Ele era mais velho do que eu. Por alguns anos. Ele sempre soube que eu o
ultrapassaria como um Alfa, disse que podia sentir isso o tempo todo que
éramos crianças. Mas ele não se importou. Ele me atacaria e vinha pra cima
mesmo assim. " Eu sorri, lembrando-me dos tempos que passamos juntos
enquanto cresciam. Éramos apenas nós dois e nossos pais, então sempre
fomos próximos.
"O que aconteceu? " Sienna sussurrou.
"Ele conheceu sua companheira", eu disse. "O nome dela era Jen. Ela era
humana. Uma cientista. Linda e inteligente, ela era sua combinação perfeita.
Eu nunca o tinha visto tão feliz como quando ele estava com ela."
Era verdade. Vê-los juntos foi o que me deu a inspiração para manter
minha esperança intacta — a esperança de que, um dia, eu encontraria minha
companheira também.
"Então, um dia, no laboratório em que ela estava trabalhando, houve uma
explosão. Estava na estação ao lado dela, uma mistura de produtos químicos
que não deveriam estar juntos. Um acidente. Erro humano, eles disseram. Mas
era tarde demais. Ela se foi."
Eu vi os olhos de Sienna se encherem de lágrimas. Ela estava esperando
que eu terminasse, em silêncio.
"Você sabe o que acontece quando perdemos nosso companheiro. O
coração de Aaron não aguentou. Quebrou-se em pedaços, desintegrando-se
dia após dia, até não sobrar mais nada. E então ele se foi também."
Sienna envolveu a mão na minha, puxando-a para o colo. Então ela olhou
para mim, seus olhos de alguma forma me proporcionando algum tipo de
alívio. Como se ela estivesse acalmando minha alma sem dizer uma palavra.
"Sinto muito", disse ela depois de um momento. E então ela respirou
fundo, como se estivesse se preparando para enfiar a cabeça em um novo
mundo. Um que ela não tinha estado antes.
Sienna
Respirei fundo e seu rosto encheu minha cabeça. Algo sobre a maneira
como Aiden tinha sido tão aberto comigo, tão cru, deixou todas as minhas
memórias livres. Como se ele tivesse sido capaz de dizer a eles que estava tudo
bem — não precisávamos ter medo, não mais.
A última vez que vi Emily, foi no dia seguinte. Eu não sabia por que ela
estava com tanto frio naquela manhã, por que ela estava hesitante sobre eu vir.
Ela teve um grande encontro na noite anterior, com o cara que ela estava
por um tempo.
Ela estava nervosa, com certeza, mas tínhamos quinze anos. Que garota
não estava nervosa para ir a um encontro? Eu a ajudei a se preparar,
garantindo que sua roupa fosse sexy o suficiente para chamar sua atenção.
Eu até trouxe a loção com glitter da Selene, o tipo que, quando aplicado,
deixava um rastro de brilho para trás. Eu ajudei Emily a esfregar em seu
pescoço e peito e então dei a ela um sorriso de aprovação.
"Você tá super comível" eu disse, rindo. E então eu a mandei embora.
Ela me mandou uma mensagem algumas vezes quando eu estava jantando
com minha família, dizendo que ele estava sendo muito sensível, muito
agressivo, mas eu não pensei em nada disso. Eu era um dominante, então
sempre pensei que todos ao meu redor deveriam ser também.
Quer dizer, eu não poderia imaginar um companheiro submisso. Na minha
opinião, essa era a pior opção possível.
Adormeci cedo e, quando acordei na manhã seguinte, meu telefone
mostrou que tinha quatro ligações perdidas dela. Novamente, eu não liguei
muito. Achei que minha amiga quisesse falar sobre como ela teve seu primeiro
beijo ou como ele era sexy. E eu ainda não tinha uma queda por ninguém,
então não fiquei tão chateada por ter perdido as ligações.
Mas então eu apareci na casa dela, como fazia todos os sábados. E sua mãe
me cumprimentou na porta, dizendo que Emily não estava se sentindo muito
bem. Mas eu fui para o quarto dela de qualquer maneira, a vi escondida sob as
cobertas, a maquiagem da noite passada por todo o rosto.
"O que foi?" Eu perguntei, correndo até ela.
"Nada." Sua voz estava cortada e seus olhos pareciam vagos. Mas então
eles viraram para mim, e ela empurrou os cobertores de cima dela. Meus olhos
se moveram sobre o brilho em seu peito, mas também vi as marcas de garras,
o rastro de sangue seco.
"Emily!" Eu chorei, agarrando suas mãos. "Você está bem? O que
aconteceu?"
"Ele pensou... " ela começou, e seus olhos se encheram de lágrimas. "Ele
também me achou comível."
Eu tinha deixado minha melhor amiga sair com um cara que queria uma
coisa. E quando ela não quis dar a ele, ele pegou de qualquer maneira.
"Ela foi estuprada", eu disse, finalmente olhando para Aiden. Descrevi os
detalhes da minha memória em voz alta, pela primeira vez. "Eu a incentivei a
sair com o cara que a estuprou. E eu não estava lá quando ela pediu ajuda."
Ele estendeu a mão para enxugar uma lágrima que havia caído. "Não é sua
culpa", disse ele. "Aquele lobisomem de merda é quem deveria estar
chorando."
"Ela se matou. Dois dias depois." Eu olhei diretamente para Aiden,
querendo ver como ele reagiria. Era algo que eu mantive dentro por tanto
tempo, e eu não sabia como compartilhar isso me faria sentir.
Ele respirou fundo, fechando os olhos. Quando eles abriram novamente,
eles estavam vermelhos. Como se ele estivesse sentindo a dor junto comigo.
"Eu entendo", disse ele, e levou minha mão aos lábios. Ele a beijou
suavemente, tão suavemente que me perguntei se, se meus olhos estivessem
fechados, eu teria sentido.
"O que?"
"Porque você está mantendo sua virgindade. É sagrado e deve ser
respeitado. Vou respeitar isso, Sienna. Vou respeitar você."
Eles não escrevem livros didáticos para esse tipo de conversa, mas se o
fizessem, essa seria a resposta que toda criança deveria memorizar.
Eu senti a facilidade surgir em mim, como se todo o estresse que eu estava
nervosa em sentir na primeira vez que tive a conversa com Emily tivesse
desaparecido. E foi por causa do homem sentado ao meu lado, segurando
minha mão.
O Alfa.
O Alfa fez meu coração bater mais devagar, me fez sentir em casa em um
carro a trinta metros do chão. E quando a roda começou a girar, quando
fomos baixados de volta para onde pertencíamos, não pude deixar de pensar
que Aiden...
Aiden talvez pudesse ser o companheiro que eu procurava.
Capítulo 25 – A Conexão
Sienna
"Sienna, você pode pegar o champanhe?"
Olhei para o outro lado da sala de jantar para Aiden, que estava trazendo
um prato de queijo e biscoitos para a mesa. Quase me belisquei. Parecia
surreal. Estávamos dando um jantar, nosso primeiro jantar, como um casal.
Não um casal acasalado, é claro, mas um casal para a temporada.
A coisa toda de acasalamento... isso levaria um pouco mais de tempo para
descobrir.
Eu ainda não tinha tido o momento ah-ha que estava procurando, aquele
que sempre assumi que viria quando visse meu companheiro. Selene disse que
às vezes leva mais tempo para perceber.
Como com Mia e Harry. Eles foram melhores amigos por anos antes de
acasalar. Mas eu precisava ter certeza de que Aiden era meu companheiro ou
não antes de decidir algo drástico. Eu estava esperando por um sinal.
"Claro", eu gritei de volta para ele, entrando na cozinha e puxando uma
garrafa de champanhe da geladeira. Enquanto eu caminhava de volta para a
sala de jantar, a campainha tocou.
"Lá vamos nós", ele gritou. E então ele abriu a porta.
Houve abraços e beijos, exclamações e risos, e quando a porta se fechou
novamente, havia mais quatro rostos familiares na sala.
"Sienna, querida", Jocelyn me cumprimentou.
"Você está linda."
Eu abracei Josh e então beijei Mia e Harry nas bochechas. " Gente,
obrigado por terem vindo! " Exclamei para o casal recém-acasalado.
"Não perderíamos", disse Harry, e eu não pude deixar de me sentir muito
feliz por meu amigo. Harry era um cara tão bom, e eu sabia que eles realmente
deveriam ser. Nesse momento, Erica agarrou meu braço, forçando-me a girar,
e vi que ela havia localizado a garrafa de champanhe.
Em um movimento rápido, ela estourou, entregou a cada um de nós uma
taça de champanhe e despejou uma boa dose de espumante nos copos. 
"Saúde!" ela disse, e nós trouxemos nossas flute juntas. Eu olhei para Mia e
nós trocamos um olhar. Desde que Erica foi a única de nós a ficar sem uma
verdadeira captura para a temporada, ela tem bebido muito mais. Não achei
que fosse motivo de preocupação, mas ainda esperava que ela encontrasse
alguém. Olhei por cima do ombro de Harry e encontrei Aiden conversando
com Rhys, um de seus amigos mais antigos.
"Ei, Aiden, temos champanhe aqui!" Eu gritei e observei enquanto seu
pequeno grupo veio se fundir com o nosso. As apresentações foram feitas,
conforme meu plano. Aiden tinha mencionado que Rhys estava solteiro para a
temporada, então eu queria que ele e Erica conversassem.
"Erica, acho que Rhys quer uma bebida."
"Você?" Ela perguntou a ele. Ele sorriu para ela, pegando uma flute da
mesa e a estendendo para ela servir. Bom.
Senti um toque em meu ombro e me virei para encontrar Mia. "Onde está
Michelle? " ela perguntou.
"Não sei. Achei que ela estava vindo com vocês."
Mia balançou a cabeça." Ela deveria estar vindo com Ross. Tentei ligar para
ela antes de sairmos, mas ela não atendeu."
"Esquisito. Eles provavelmente vão se atrasar. Você sabe como eles são
quando estão juntos."
"Não posso ficar cinco segundos sem..." Olhamos um para o outro e
explodimos em risadas. Algo sobre o champanhe e ter todos os meus amigos
juntos, com Aiden, meio que me deixou tonta.
 
Michelle: estou aqui
Sienna: ??
Sienna: Entre, boba
Michelle: você pode sair
Sienna: Mich
Sienna: O que está acontecendo
Michelle: por favor, Siena
Michelle: eu preciso que você venha
 
Eu escapei da sala de jantar enquanto todos estavam se sentando à mesa,
fechando a porta da frente suavemente atrás de mim. "Michelle?" Gritei
baixinho, não querendo que ninguém ficasse preocupado.
Eu não vi ou ouvi nada no começo. Mas então, alguns segundos depois, vi
algum movimento na beira do gramado. Michelle saiu da sombra de uma
árvore.
"Estou aqui", disse ela, e percebi que ela estava chorando. Imediatamente
minha mente foi para o pior — o que aconteceu com Emily e como eu tinha
chegado tarde demais para isso também.
Corri até ela. "Você está bem? O que aconteceu?" Eu perguntei tão
rapidamente que as palavras eram incoerentes.
"Ele..."
"Shhh, venha aqui. Respire fundo", eu disse, guiando-a para a grande pedra
ao lado da garagem. Nós duas nos apoiamos nela enquanto eu esfregava suas
costas. Observei Michelle, geralmente muito segura, durona e franca amiga,
levantar a mão trêmula para enxugar as lágrimas da bochecha. "Ele te
machucou?"
Ela olhou para mim, seus olhos cheios de dor, mas um tipo diferente de
dor do que Emily tinha sentido naquele dia.
"Ele me largou."
"O que?"
"Por outra garota. Ele disse que ela... ela é mais gostosa. E melhor na... na
cama." Eu mal conseguia entendê-la através das fungadas, mas sabia que era a
pior coisa que Michelle podia ouvir. Ela estava acostumada a conseguir o que
queria, especialmente com os meninos e Ross era um cara em quem ela
confiava.
"Eu sinto muito. Sinto muito, Mich", eu disse, abraçando-a. Ela me
abraçou de volta. Então ela se afastou.
"Eu não acho que posso entrar..."
"Pare com isso. Claro que você vai entrar."
"Olha pra mim, estou um desastre."
"Se você for para casa, ele ganha. Você precisa ter uma noite divertida.
Você merece."
Ela sorriu para mim. "Senti sua falta, Si", ela disse." Sinto muito por
termos..."
"Sim. Eu também", eu disse, agarrando a mão dela. "Podemos não brigar
mais? Nunca mais?"
"Prometo", ela disse, e nós duas rimos. Então ela se levantou, jogou os
ombros para trás e tirou o cabelo do rabo de cavalo.
"Como estou?"
"Linda", eu disse. E então voltamos para dentro.
Aiden
Não parecia que conhecia Sienna há apenas algumas semanas. Olhando ao
redor da sala de jantar, vendo todos os nossos amigos se misturando, parecia...
normal. E agradável.
"Ei, cara, este gouda é goudci", Josh disse, batendo no meu ombro enquanto
mastigava um pedaço de queijo. Eu não pude deixar de rir. Algumas coisas
mudaram, mas outras... nunca mudariam.
"Você quer outra bebida? " Eu perguntei a Josh.
"Cerveja", ele respondeu, então me levantei para pegar algumas cervejas na
geladeira. Josh era meu amigo mais antigo, meu melhor amigo e, agora que
deixamos algumas coisas claras na semana passada, um Beta em que eu podia
confiar.
Quero dizer, ele sempre foi um cara em quem eu podia confiar. Ele sabia
tudo o que tinha acontecido com Aaron, como isso me deixou confuso por
um tempo.
Mas agora, com toda a estranheza acontecendo ao redor da Matilha —
com o incidente com a ameaça desconhecida e agora o surgimento do Alfa do
Milênio — eu finalmente senti que seria capaz de me apoiar nele de uma
forma transparente para assuntos relacionados aos problemas de trabalho
também.
Ele era mais inteligente do que seu comportamento de lobisomem playboy
deixava transparecer, afinal.
Peguei algumas cervejas e as trouxe de volta para a mesa. Levamos as
garrafas à boca — parte de ser um lobisomem significava que você nunca
precisava de um abridor de garrafas — e prendemos nossos dentes em volta
da tampa.
Josh abriu em menos de um segundo, mas por algum motivo, o meu não
estava se mexendo.
"Qual é, mano, o que está acontecendo?"
Eu acenei para ele, tentando mexer a tampa, mas ainda nada. As pessoas
estavam começando a notar.
"Ele está fraco! " Josh berrou do assento ao meu lado, e agora todos na
mesa estavam me observando me contorcer contra a tampa.
"Vamos, Alfa! " Rhys gritou do outro lado da linha.
"Alfa versus tampinha! Alfa versus tampinha! " Josh cantou, batendo as
mãos contra a mesa.
Agora eu estava chateado. Peguei a tampa entre meus molares traseiros e a
arranquei, cuspindo-a sobre a mesa. Josh me deu um tapinha nas costas.
"Olha só você, amigão. Achei que você estava realmente perdendo o seu
poder por um segundo." Eu olhei para ele antes que ele fosse mais longe.
Claro, não estávamos no trabalho ou na Casa da Matilha, mas eu ainda era seu
maldito Alfa. Ele recuou para seu assento.
"Era uma garrafa quebrada", eu murmurei.
"Sim, ou talvez ela não seja sua companheira."
Antes que ele pudesse ir mais longe, eu estava em sua garganta." O que
você me disse?"
Ele me olhou, meio nervoso, e então seu olhar disparou ao redor da mesa.
Rhys tinha notado, mas todos os outros ainda estavam conversando
profundamente. Eu recuei, não querendo causar uma cena.
Josh se inclinou. "Só estou dizendo, se ela fosse sua companheira, você
teria toda a força que você já teve. Você saberia."
Antes que eu pudesse responder, Sienna estava entrando na sala, sua amiga
a reboque. E eu percebi que não a via há algum tempo, que ela tinha saído da
sala.
Para onde ela foi? Por que não percebi?
E assim, Josh entrou na minha mente. Me fazendo me questionar de um
jeito que nunca tinha acontecido antes.
Sienna
Levei Michelle para a sala de jantar, observando enquanto ela se
transformava na garota que eu conhecia. Aquela que mantinha a cabeça
erguida em todas as situações, que se recusava a aceitar qualquer merda de
ninguém.
Eu travei o olhar nos olhos com Aiden. Eu sabia que deveria estar
acostumada com sua aparência agora, a forma como sua nuca iluminava seu
queixo marcante e como sua boca se curvava em um pequeno sorriso que fazia
minhas borboletas dançarem.
Mas não estava. Ele ainda me dava arrepios.
"Michelle está aqui", eu disse a todos na mesa, e todos se viraram para ver.
E então algo que não consegui explicar bem aconteceu.
Foi como uma onda de eletricidade disparada pela sala, mas atingiu apenas
duas pessoas.
O ar ficou mais rarefeito, todo o barulho ficou mudo e Michelle e Josh
foram conectados por alguma corrente de outro mundo. Seus olhos estavam
fixos um no outro com uma intensidade tão distinta que todos na sala
imediatamente souberam o que tinha acontecido.
Michelle e Josh, a primeira vez que se viram, se acasalaram.
Eu não pude deixar de ficar feliz — um tanto egoísta, já que fui eu quem
convenceu Michelle a entrar, e agora eu faria parte de sua história de
acasalamento para sempre. Olhei ao redor da sala, querendo compartilhar
minha alegria, mas então meus olhos pousaram em Jocelyn.
Caramba. Jocelyn.
Lentamente, mas com segurança, todos, exceto Michelle e Josh — cujos
olhos ainda estavam travados — desviaram sua atenção para ela. Ela sabia o
que estava acontecendo. Ela não estava no escuro. De jeito nenhum. Mas em
vez da reação que esperávamos, com lágrimas, gritos ou dramas, Jocelyn
apenas se levantou.
Ela pegou a taça de champanhe em uma das mãos e a ergueu no ar. "Um
brinde. Aos dois novos companheiros", ela disse, sua voz elegante como uma
cristal. Michelle e Josh tinham saído do transe, e Josh correu ao redor da mesa
para trazer uma taça de champanhe para Michelle.
"A Michelle e Josh", disse Aiden, e todos ergueram os copos, fazendo o
mesmo.
Eu lancei outro olhar para Jocelyn depois que todos nós nos sentamos de
volta, e eu não pude deixar de me perguntar se havia algo menos elegante sob
a superfície. Ela estava sorrindo e dizendo as coisas certas, claro, mas o
homem com quem ela tinha estado naquela temporada acabara de se apaixonar
por outra mulher, uma mulher que ele nem conhecia dez minutos atrás, bem
na frente dela.
Jocelyn pode ser uma curandeira, mas uma coisa que minha mãe sempre
me disse é que você não pode encher o copo de outra pessoa se o seu estiver
vazio. E se o copo de Jocelyn estava vazio, eu estava me perguntando quando
ela notaria.
Eu esperava que fosse antes de quebrar.
 
Capítulo 26 - O Baile de Inverno
Sienna
Em vez de causar uma cena na noite passada depois que Josh e Michelle se
acasalaram publicamente, Jocelyn apenas aceitou. Ela se levantou à mesa e
ergueu o copo, propondo um brinde ao novo casal. E assim, todos ficaram à
vontade.
A curandeira havia curado.
Mas quando acordei esta manhã, não senti nada curado de forma alguma.
Porque havia um espaço vazio ao meu lado, onde Aiden geralmente estava.
Normalmente eu era a primeira a levantar, então era mais do que estranho. Ele
não tinha acabado de acordar. Ele foi embora.
E então me dei conta: hoje não era um dia qualquer. Hoje era o Baile de
Inverno.
Aiden estaria na Casa da Matilha o dia todo se preparando, certificando-se
de que tudo estava preparado para o maior evento da cidade do ano. Este foi o
baile para o qual todos com mais de dezesseis anos foram convidados, tanto
humanos quanto lobisomens. Era o evento festivo que reuniu todos para
celebrar o ano que passou e para ter esperança e alegria pelo ano que se
aproxima.
E era um espetáculo. Todos se vestiam com esmero, certificando-se de que
seus filhos / acompanhantes / companheiros fizessem o mesmo. Era o lugar
para ver e ser visto e um evento especialmente popular para os jovens solteiros
em busca de seus companheiros.
Mesmo que nos anos anteriores eu nunca tivesse realmente olhado, meu
subconsciente tinha ficado de olho, só para garantir. Mas este ano seria
diferente. Este ano eu tinha uma mão para segurar — a do Alfa. Se você
tivesse me dito isso há um ano, eu teria rido da sua cara. Mas agora, o
pensamento parecia... certo.
Só então, meu telefone vibrou na mesa de cabeceira. Peguei-o, olhando
para a tela.
 
Michelle: olá??
Michelle: estou aqui fora
Michelle: to batendo!!!
 
Ops. Pulei da cama e desci as escadas correndo, abrindo a porta da frente.
Michelle olhou para mim e se dobrou de tanto rir.
"Seu cabelo..."
"Cale-se!"
Fui até o espelho no corredor e, ao ver meu reflexo, comecei a rir também.
"OK tudo bem. Tá péssimo."
Meu cabelo estava caindo em tufos em todas as direções e eu tinha uma
marca estranha na minha bochecha. Devo ter adormecido na minha mão ou
algo assim.
"Você acabou de acordar?"
Michelle me entregou um café e eu balancei a cabeça, tomando um gole
agradecido.
"São dez e meia. Desde quando você dorme até tarde?"
Quase cuspi meu café." São dez e meia?! "Eu perguntei. Como isso
aconteceu?
"Vamos, arraste sua bunda mole pro chuveiro. Selene estará aqui em breve
com os vestidos, e precisamos arrumar nosso cabelo com antecedência."
Estávamos subindo as escadas de volta quando me virei para Michelle e fiz
a pergunta que vinha pesando em minha mente desde o jantar. "Você
conversou com Jocelyn?"
Michelle concordou com a cabeça. "Sim, fomos tomar um café."
"E?"
"Não sei o que há com aquela garota, Sienna. Ela é tão... adorável. Isso me
mata."
"O que você quer dizer?"
"Quando Ross me largou, eu perdi o controle. Você me viu. Você deveria
ter me visto quando ele me disse. Eu estava tentando nocauteá-lo.
Literalmente. Era tudo apenas raiva cega. Mas Jocelyn... era como se ela tivesse
essa sensação, como se ela tivesse previsto. Ela me disse que o amor é a coisa
mais importante para ela. Que ela está honestamente feliz por termos
encontrado."
"Deus."
"Eu sei. Eu nunca poderia ser esse tipo."
"Não diga isso. Você é gentil", eu disse, pegando uma toalha e indo para o
banheiro.
"Sim. Meio de uma vadia! " ela chamou do corredor. Eu não pude deixar de
rir. Eu estava tão feliz por minha amiga ter voltado a ser quem era. E que ela
tinha encontrado seu par perfeito.
Tive um bom pressentimento sobre o baile. Quem sabe tudo daria certo.
"Você parece louca".
"Oh meu Deus, Sienna!"
"Deixe ela olhar!"
Michelle e Selene me fizeram evitar o espelho enquanto faziam minha
maquiagem e me ajudaram a colocar o vestido, mas agora estávamos todas em
pé na frente dele. Bem, foi o que elas disseram, de qualquer maneira. As mãos
de Selene estavam cobrindo meus olhos.
"Ok, pronto? Um dois três! " Ela tirou as mãos.
De repente, pude me ver de novo e não pude acreditar no reflexo na minha
frente. Era eu, eu sabia que era, mas era muito mais... sofisticado. E sexy. Não,
não só sexy.
Um show.
Michelle havia arrumado meu cabelo para que caísse em ondas suaves
pelos meus ombros, e ela conseguiu fazer meus cachos geralmente rebeldes
caírem suavemente, sem frizz.
O estilo de alguma forma deixou meu cabelo ainda mais vermelho. Era
naturalmente um vermelho profundo, mas agora parecia veludo vermelho. E
estalou contra minha pele.
Passei muitas noites sonhando em ter a pele bronzeada, mas minha tez
nunca cooperou. Mas agora eu não me importava com minha palidez porque
parecia fazer tudo sobre mim se destacar.
Meus lábios pareciam extremamente vermelhos, devido ao batom que
Selene havia escolhido para combinar com meu cabelo. E meus olhos, meus
olhos azuis, pareciam claros como sempre, grandes e brilhantes. Michelle fez
mágica com sua paleta de sombras neutras, fazendo meus cílios parecerem
centímetros mais longos do que antes, também.
E então havia o vestido.
Um dos designs originais de Selene, ela insistiu que eu o usasse esta noite.
"Só não derrame nada nele, ou eu vou te matar", ela avisou, mas então ela
abriu o zíper da bolsa e eu soube que se eu derramasse alguma coisa, eu me
mataria antes que ela pudesse.
Foi tão lindo.
Era um azul profundo, como safira, e justo, com um decote de gola alta e
sem mangas. A parte de trás estava completamente aberta e o vestido era tão
longo que batia no chão.
Acentuou minhas curvas como nada que eu usei antes. Ele se agarrou e
caiu em todos os lugares certos, e quando coloquei os sapatos de salto agulha
combinando, me senti como uma pessoa completamente diferente.
"Como você está se sentindo?" Selene perguntou, puxando meu cabelo
para trás dos ombros. Ambos os olhos delas ainda estavam em mim, mas,
novamente, eu não conseguia tirar meus próprios olhos de mim também.
"Parece que não sou eu."
"Oh, é você, Sienna", disse Michelle, com as mãos na cintura. "Aiden vai
enlouquecer."
"Você é definitivamente a dama de um Alfa", Selene acrescentou, pegando
sua bolsa da cadeira.
"Obrigada. Vocês duas", eu disse, finalmente me virando do espelho para
encará-las. " Eu não poderia ter feito nada disso sozinha."
Michelle estava calçando seus sapatos plataforma prateados, mas parou
para me mandar um beijo. Ela estava espetacular em um elegante vestido de
cetim preto e um profundo batom cor de vinho, o cabelo preso em um coque
perfeito.
E Selene estava imaculada como sempre, usando um vestido rosa pastel
com fendas ao longo da caixa torácica que só ela poderia tirar.
"Estamos prontas, senhoras?" Selene perguntou, enxugando uma mancha
final de blush em suas maçãs do rosto salientes.
"Prontas!" Michelle exclamou, levantando-se.
As duas olharam para mim. Empurrei meus ombros para trás e ergui meu
queixo.
''Vamos lá", eu disse.
 
Aiden: Não vou ter tempo de te ver antes
Aiden: Me encontre lá dentro?
Sienna: Claro
 
Eu estava tão feliz que nem me importei de entrar no baile sem Aiden. Eu
me sentia invencível, como se nada pudesse dar errado quando eu estava
assim, quando tinha essas mulheres ao meu lado.
Nós estávamos no carro. Selene estava nos levando porque Jeremy e Josh
já estavam na Casa da Matilha também.
Passamos pela cabine do guarda de segurança e ele acenou para que
continuássemos. Todos os anos antes, estacionávamos no estacionamento
normal, aquele pelo qual estávamos passando agora, onde inúmeras famílias e
encontros estavam começando a caminhada do carro para o salão de baile.
Mas este ano, Aiden arranjou para nós estacionarmos no estacionamento
da Casa da Matilha. Era muito mais perto do salão de baile, o que tornaria o
andar com esses sapatos muito mais suportável.
Selene parou em uma vaga no estacionamento da Casa da Matilha e saímos
do carro, endireitando nossos vestidos. Já era tempo.
Poucos minutos depois, estávamos passando pelas portas do salão de baile.
O lugar estava incrível. Árvores de Natal alinhavam-se nas paredes e lustres
brilhantes pendurados no teto. Cada mesa tinha um candelabro magnífico no
centro, e toda a sala tinha um brilho suave.
Selene encontrou Jeremy quase imediatamente, e ele a pegou em seus
braços, beijando-a intensamente. Então ouvi Michelle gritar e me virei para
encontrá-la correndo em direção a Josh, que vinha em nossa direção.
Eu podia ouvir o "droga!" Que ele deixou escapar de onde eu estava.
Senti uma pontada de ciúme, olhando em volta para ver se conseguia
localizar meu Alfa. Mas eu não conseguia vê-lo em lugar nenhum e, antes que
pudesse perguntar a Josh, ele e Michelle desapareceram na multidão.
Peguei meu telefone, pensando em mandar uma mensagem para ele, mas vi
que não tinha nenhum serviço lá dentro.
Eu voltei pelas portas, para fora, e estava andando para o lado do salão
tentando encontrar um sinal. Nada ainda.
Então eu andei alguns passos pelo beco ao lado do salão de baile — olhos
grudados no meu telefone — e foi quando eu vi algo.
Minha cabeça se levantou, mas não havia nada lá. Voltei minha atenção
para o meu telefone. Mas então, com o canto do olho, vi de novo. Eu girei
minha cabeça e lá estava ela.
A mesma mulher com os olhos roxos que eu tinha visto na floresta e na
feira.
Só que desta vez ela não desapareceu.
"Você", eu falei, sentindo que deveria estar com medo. Mas havia algo
sobre ela que era calmante. Como eu sabia, no fundo, ela não me machucaria.
"Sienna Mercer." Era como se suas palavras estivessem envoltas em
cashmere.
"Como você sabe meu nome? Quem é você?"
Ela deu um passo em minha direção, a seda que envolvia seu corpo
brilhando a cada movimento. E então seu dedo estava sob meu queixo, e seus
olhos estavam a centímetros dos meus.
"Quem eu sou não é importante. Mas quem você é... quem está atrás de
você... isso é algo que você deve saber."
Capítulo 27- A Mulher Mistériosa
Aiden
Eu estava na sala dos fundos, a única a que só eu, e quem quer que eu
convidasse, tínhamos acesso. Era uma espécie de sala entre uma biblioteca e
um camarim, aonde eu poderia vir para me arrumar ou ficar um momento
sozinho durante os movimentados eventos de salão.
Eu estive no salão de baile brevemente esta noite, mas o Baile de Inverno
tinha apenas começado. Eu organizei e dirigi mais do que o meu quinhão de
bailes, mas nesta noite havia mais em jogo.
Esta noite, o Millenium Alfa estava aparecendo, por algum motivo,
nenhum de nós sabia.
Foi por isso que tentei ir mais longe com os preparativos, porque estive
trabalhando tantas horas e me sentindo mais estressado com isso do que
nunca. Não fazia sentido porque ele insistiu em vir esta noite.
Claro, fiquei mais do que feliz em recebê-lo. Ele era o Alfa do Milênio.
Havia um grau inerente de orgulho ligado a ele querer vir ao meu baile.
Mesmo assim, parecia que algo não fazia sentido.
Eu ouvi uma batida, então parei de andar e caminhei até a porta, abrindo
uma fresta. Quando vi que era Josh, eu o deixei entrar.
"Cara, o que você ainda está fazendo aqui?"
"Ele está aqui?"
"Ainda não, mas vamos. As pessoas estão esperando." Foi quando notei os
dois copos nas mãos de Josh. Ambos continham uísque puro. Ele me entregou
um. É para isso que serve um Beta,  pensei.
"Para o Baile de Inverno", eu disse.
"Para o baile."
Abaixamos as bebidas e Josh se virou para sair, mas eu agarrei seu ombro.
"Josh", eu comecei, deixando meus nervos mostrarem ao meu Beta pela
primeira vez. " Por que ele está vindo? Por que agora?"
Por um segundo, vi algo brilhar atrás de seus olhos, como se ele soubesse
de algo que eu não sabia. Mas então ele piscou e olhou para mim com o
mesmo sorriso de sempre. — " Aiden, acalme-se. Até o Alfa do Milênio adora
um bom bar aberto."
Ele me deu um tapinha no ombro e passou pela porta, parando alguns
passos no corredor para esperar por mim. " Você vem ou o quê?"
Talvez ele estivesse certo. Talvez eu estivesse pensando demais nisso.
Coloquei o copo vazio sobre a mesa, fechei a porta da sala dos fundos
atrás de mim e comecei a ir para o salão de baile ao lado do meu Beta.
Sienna
Seu dedo ainda estava sob meu queixo. Parecia que estava lá há horas,
como se tivesse estado lá minha vida toda. Havia algo sobre seu toque, a
maneira como ele permeou minha pele e alcançou todo o caminho. Para
minha mente.
"Calma agora. Não se preocupe."
"Não estou preocupada", eu disse, tentando manter meu nível de voz "Mas
de onde você me conhece?"
"Não nos conhecemos", disse ela, seus olhos viajando sobre minha figura e
me deixando constrangida por um motivo que não pude explicar. "Mas eu vim
avisá-la. Uma ameaça está se aproximando rapidamente."
"Uma ameaça? O que você está falando?"
"Cuidado. Ele não vai descansar até que você seja dele."
"Quem?" Eu sussurrei, de repente me sentindo desconfortável. Senti a cor
sumir do meu rosto quando meus olhos se concentraram nos dela, tentando
encontrar uma resposta dentro deles. Mas não consegui. Seus olhos eram tão
roxos, tão infinitos, que seria necessária uma chave que eu não precisasse
destrancá-los.
"Você deve saber que tem poder. Poderes misteriosos."
"Por que... por que você está aqui?"
"Eu estou aqui", ela começou, cada palavra segurando sua própria força",
pelo Alfa. " Um arrepio percorreu meu corpo, dos dedos dos pés ao couro
cabeludo.
Aiden.
"Mas não seu Alfa", ela declarou claramente.
"Por que — eu não entendo", eu disse, confusa. Mas a mulher apenas
desviou o olhar, seus olhos focalizando algo à distância.
Virei minha cabeça para ver o que ela estava olhando, mas não havia nada
lá. Apenas uma calçada vazia.
"Qual o seu nome? " Eu perguntei, voltando-me para ela, precisando de
mais respostas. No entanto, ela não estava mais lá. Era só eu no beco, sozinho.
Quando comecei a sair, parei quando ouvi um sussurro final de um nome
ecoando no ar fresco da noite...
"Eve."
Aiden
Eu estava cumprimentando os habitantes da cidade que haviam feito fila
para me encontrar no topo do salão de baile, em frente à mesa principal,
quando ouvi meu nome ser falado na outra direção.
Eu me virei e vi um cara confiante, de aparência atlética, com cabelo preto
azeviche e um carisma natural. Sem tentar, ele chamou a atenção de todos ao
nosso redor. Algo que eu estava acostumado a fazer, mas não a ver.
"Alfa do Milênio", eu disse, estendendo minha mão para ele.
"Alfa da Costa Leste", ele respondeu, e nos sacudimos. Em algum lugar ao
longe, uma câmera disparou.
"Bem-vindo", eu disse. " Estamos felizes por ter você no Baile de Inverno
deste ano."
Ele sorriu, expondo dentes que não podiam ser tão brancos quanto eram
naturalmente.
"É uma honra ver a beleza de seu bando", ele respondeu.
"Vamos pegar uma bebida para você. "Eu sorri para a fila de moradores da
cidade esperando — nenhuma explicação adicional era necessária, já que ele
era o Alfa do Milênio — e então o guiei em direção ao bar.
Com o canto do olho, vi Josh conversando com sua nova companheira,
Michelle, e ele deve ter sentido meu olhar sobre ele, porque me encarou
instantaneamente. E então ele desviou o olhar. Estranho.
Voltei minha atenção para o homem ao meu lado. "Então me diga, o que o
traz aqui?"
"Além da festa?"
"Além da festa."
Ele suspirou. Olhou ao redor da sala. E então seus olhos pousaram de
volta em mim.
"Serei direto com você. Alfa. Vim verificar a liderança da matilha."
"E o que isso significa exatamente?" Eu perguntei antes que pudesse
morder minha língua. Mas o Alfa do Milênio apenas sorriu, dando um tapinha
no meu ombro e chamando a atenção do barman.
"Primeiro as bebidas, depois os negócios", disse ele. E, como todo mundo,
não tive escolha a não ser cumprir suas ordens.
Sienna
Eu estava voltando para o salão de baile, minha cabeça ainda cambaleando
com a conversa que acabei de ter com a mulher de olhos roxos. Como ela
sabia quem eu era? O que ela queria com Aiden? E como ela simplesmente
desapareceu?
Eu precisava encontrar Aiden, para dizer a ele o que ela disse. Que ela
estava aqui para ele.
Eu sabia em meus ossos que ela era a ameaça que o bando havia sentido,
aquela pela qual eles estavam pirando. E se ela estivesse aqui para lhe causar
mal?
Olhei em volta com urgência, tentando colocá-lo no meio de uma multidão
de habitantes bem-vestidos. Ele estaria vestindo um smoking, mas isso
realmente não restringia para mim. Assim como noventa por cento dos
homens aqui.
Eu estava na ponta dos pés, tentando ver mais longe na sala, quando notei
Josh e Michelle conversando perto do DJ. Corri até eles, o mais rápido que
meus pés vestidos de estilete conseguiram me levar.
"Ei! " Exclamei assim que estava ao alcance da voz.
"Sienna!" Michelle cumprimentou. "Onde está Aiden?"
"Eu não sei, mas eu preciso encontrá-lo. Josh, você o viu?"
Josh terminou sua bebida com um gole. "Ele estava com o Alfa do Milênio
da última vez que o vi."
"Onde?" Eu perguntei, impaciente.
"Perto do bar. " Eu me virei, prestes a marchar, quando Josh agarrou meu
braço. " Você não pode interrompê-los. Esse é o Alfa do Milênio de que
estamos falando."
"Eu sei, mas Aiden está com problemas. Josh. Eu tenho que avisá-lo."
"O que?"
"A mulher que vi lá fora disse…" Josh ergueu um dedo, sinalizando para
eu segurar. Então ele se virou para Michelle. " Nós já voltamos, gatinha, ok?"
"Ok", ela gritou, o gim com tônica em seu copo claramente a deixando
feliz. Eu sabia que o gim-tônica era o seu favorito. Mas então Josh estava me
puxando para a frente do salão de baile, perto do guarda-volumes. Longe de
ouvidos curiosos.
"O que você estava dizendo?"
"Eu vi essa mulher. Lá fora, com olhos roxos. Ela parecia... assustadora.
De alguma forma. E ela disse que estava aqui por Aiden."
"Você tem certeza?"
Eu balancei a cabeça freneticamente." Eu senti essa... sensação dela, Josh. Eu
tenho que avisá-lo."
"Eu vou fazer isso. Vou puxá-lo de lado agora mesmo."
"Por que não posso?"
"Eu sou o Beta dele, Sienna. É uma coisa política." Uma coisa política. Era
uma grande besteira. Mas isso era muito urgente para lutar, então deixei para
lá.
"Tudo bem", eu disse. "Mas rápido." Ele estava prestes a ir quando se virou
para olhar para mim. Ele abriu a boca, como se estivesse prestes a dizer algo,
mas fechou depois de um segundo e balançou a cabeça.
"O que? " Eu perguntei.
"O que você quer com ele?"
"Com quem? Aiden?"
Josh acenou com a cabeça.
"O que você quer dizer com o que eu quero com ele?"
"Olha, você é jovem. Você não experimentou muito."
"Tenho a mesma idade que Michelle, se você está se esquecendo."
"Mas eu sei que ela é muito mais experiente do que você", ele disse com
algum tipo de olhar pomposo. Eu queria dar um tapa nele. " Só não quero ver
você se machucar."
"Por que Aiden me machucaria?" Eu perguntei, ignorando a rotina de falso
irmão mais velho que Josh estava usando. Ele desviou o olhar para a pista de
dança lotada e depois de volta para mim.
"Ele tem estado sob algum escrutínio. Do Pack."
"OK..."
"Sabe, quanto mais tempo um Alfa fica sem uma companheira, mais força
ele perde. Alguns acham que ele não é forte o suficiente para liderar, já que
está sem uma companheira."
"Josh, você não está fazendo nenhum sentido."
"Você veio em um momento muito conveniente, Sienna. É tudo o que
estou dizendo."
Meu estômago embrulhou. " Mas Aiden e eu nem estamos acasalados."
"Então é apenas diversão casual? Ele não falou com você sobre qualquer
tipo de futuro?"
Olhei para o chão, com a sensação de que ia vomitar. Eu o deixei entrar.
Eu disse a ele coisas que nunca disse a ninguém antes. Eu dormi ao lado dele e
cozinhei para ele e... e se ele estivesse apenas me usando?
E se tudo fosse um show para seu bando?
Aiden
Eu estava bebendo com o Alfa do Milênio — e o homem podia beber,
deixe-me dizer — quando a vi.
Sienna.
Do outro lado do salão de baile, ela estava irradiando. Minha pulsação
acelerou imediatamente e eu senti uma atração tão magnética que pensei que
seria carregado pela sala sem mover um músculo.
Eu podia ver a forma como seu corpo se curvava a partir daqui, a forma
como seu cabelo caía em mechas sedutoras. Eu queria correr minhas mãos por
seus cabelos, descendo por seu corpo, em todos os lugares. Ela estava me
consumindo. Mas então eu vi que ela estava conversando com Josh, e os dois
estavam imersos na conversa.
Eu estava me perguntando o que poderia ser quando a vi olhar para mim.
Mesmo a alguns metros de distância, o poder de compartilhar um olhar com
ela era inacreditável.
Mas era como se ela não sentisse ou não se importasse. Porque, sem outra
palavra para Josh, ela fugiu dele, correndo direto para fora das portas do salão
de baile.
Capítulo 28 – A Questão
Sienna
Eu corri em direção às portas principais, correndo tão rápido quanto meus
saltos altos podiam coordenar. Corri pelas portas, para o gramado, passei pelo
estacionamento da Casa da Matilha e saí para a estrada.
Eu não pude acreditar. Eu tinha sido um adereço o tempo todo. Lá estava
eu, tentando avisá-lo sobre algum perigo iminente, e ele estava me usando
como uma maldita boneca de pano.
Foi por isso que ele me fez morar com ele, porque ele me disse para ir para
a feira. Foi tudo uma oportunidade de foto gigante.
E eu era a adolescente idiota que se apaixonou por isso.
O ar fresco estava atingindo meu rosto, mas não estava ajudando muito.
Minha dor — minha raiva — ainda estava florescendo.
Olhei em volta, vendo a orla da floresta alguns metros à minha direita.
Corri em direção a ela e então parei para abrir o zíper do vestido de Selene
com cuidado. Se algo acontecesse com ele, eu não me perdoaria.
Mas eu precisava estar livre de tecido, livre de qualquer coisa remotamente
humana.
Minhas emoções não seriam reprimidas, não mais. Eu precisava deixá-los
sair.
Tirei o vestido e o pendurei no primeiro galho limpo que pude encontrar
ao nível dos olhos, para que a cauda não batesse no chão lamacento.
Então eu chutei os sapatos e deixei a raiva me consumir.
Senti meu corpo mudar enquanto corria. Eu zumbia por entre árvores e
troncos, folhas e lama, meus membros esticando e meus músculos tensos até
que eu não estava mais correndo em dois pés, mas nos quatro.
Senti minha cauda balançando atrás de mim e percebi o vento batendo no
cabelo ruivo e espesso que agora cobria cada centímetro de mim.
A donzela de vestido de baile se foi. Não, eu não era a porra da donzela em
perigo.
Eu era um lobo.
Um dominante.
E a floresta estava prestes a ver o quão louca eu estava.
Aiden
Eu ainda estava no bar. Com o Alfa do Milênio. Eu assisti Sienna sair sete
minutos atrás e sabia que algo estava errado. Mas ele continuou falando,
continuou nos pedindo outra rodada de bebidas.
Eu não poderia deixá-lo. Eu sabia disso... mas tinha que saber.
"Você me daria licença por alguns minutos? Meu Beta... aí embaixo, deixe-
me apresentar vocês dois. Ele é um grande parceiro de bebida", eu disse,
apontando para a parede onde Josh estava se misturando.
"Não há necessidade", o Alfa do Milênio disse, me impedindo de dar mais
nenhum passo em direção a Josh. " Eu vou com você."
"Eu estava indo para fora, pegar um pouco de ar fresco."
"Eu poderia usar um pouco também." Huh. Ele não estava se mexendo do
meu lado.
"Ótimo", eu disse e o conduzi através do salão de baile e para fora das
portas. Olhei em volta quando saímos, mas não vi ninguém. Tentei fechar os
olhos para senti-la — mas não consegui.
Pense.
Ela parecia chateada. Ela não teria saído do baile, não se não houvesse um
motivo real. Se ela estivesse realmente chateada, brava, ela mudaria. Na
floresta.
"Como você se sente ao ver a floresta? É lindo nesta época do ano."
"Estou pronto para qualquer coisa." Ele encolheu os ombros. Então eu
virei para a direita, andamos até a orla da floresta e então continuamos,
sentindo o cheiro distinto de carvalho e lama.
"Você está aqui por mim, não está?" Eu perguntei.
"Volte novamente?"
"Você vem ao Baile de Inverno sem nenhuma explicação... Desculpe minha
franqueza. Alfa do Milênio, estamos felizes em recebê-lo, mas não sabemos
nada sobre sua visita. E você não saiu do meu lado desde que chegou aqui.
Você está aqui para descobrir algo sobre mim ou para descobrir algo sobre
mim. Isso está certo?"
Ele parou de andar, olhando-me bem nos olhos. Eu podia sentir seu poder
através do olhar e sabia que poderia muito bem ter cruzado os limites. Mas
depois de um momento ele piscou e começou a falar.
"Sim. Isso mesmo."
Suspirei. Mas o alívio que senti por estar certo não durou muito. Foi
substituído por mais perguntas.
"Quem te mandou?"
"Ninguém me enviou. Mas eu estava ouvindo coisas. Sobre a possibilidade
de seu poder diminuir." Soltei um grunhido antes que pudesse me conter.
Alguém em minha matilha estava indo pelas minhas costas, questionando
minha força, para o maldito Alfa do Milênio?!
"De quem? " Eu fervi.
"Isso não é importante. O importante é que estou aqui. Para sentir você,
para ver se o problema potencial é realmente um problema potencial." Ele fez
uma pausa, olhando para as árvores antes de se virar para mim. "Você está
procurando?"
"Procurando?"
"Sua companheira."
Então era disso que se tratava. Minha força diminuindo, os rumores de que
eu não era tão dominante como costumava ser porque não tinha encontrado
ninguém.
Mas eu tinha.
"Não há necessidade. Eu já a encontrei."
"Já?" o Alfa do Milênio perguntou ceticamente.
"Eu não sinto isso em você."
Agora eu olhei para o chão." Ela não sabe ainda. Somos um par, para a
temporada. Mas estou indo devagar. Para o bem dela."
Eu poderia jurar que sua expressão se suavizou, apenas por um segundo.
"É por isso que você não consumou. Eu posso sentir isso. Sua frustração, sua
hostilidade. Isso é o que está interferindo no seu domínio."
"Esta noite ia ser a noite", eu disse sem pensar " Mas ela... ela fugiu do
baile. Algo deve ter acontecido..." E então, naquele momento, eu a farejei. Tão
claro como o cristal, eu tinha certeza de que o aroma era dela. E ela estava
perto.
"Ela está aqui. Ela partiu para a floresta. Eu só... tenho que encontrá-la. Eu
tenho que dizer a ela."
Ele me deu um aceno de cabeça, nada mais, nada menos.
"Obrigado, Alfa do Milênio."
"Aiden. É o Raphael. Te vejo lá dentro." E então ele se virou e começou a
voltar pelo caminho por onde tínhamos vindo. Sem perder mais um segundo,
tirei cada artigo do meu smoking e me mexi, dando uma cheirada mais
profunda.
Soltei um uivo, deixando-a saber que eu estava perto. Mas ela não
respondeu. Então comecei a correr.
Depois de alguns metros, comecei a ver o vermelho de seu pelo na minha
frente. Ela estava cerca de meia milha à frente, então aumentei meu ritmo. Eu
uivei de novo para que ela soubesse que eu estava lá, mas isso só pareceu fazê-
la correr mais rápido.
Em segundos, eu estava atrás dela, mas ela ainda não estava parando. Não
importa o quanto eu uivasse, ela não diminuiu a velocidade ou parou. Eu não
tinha outra escolha, então me lancei para frente e a agarrei.
Nós caímos por um tempo, seus membros tentando lutar contra mim, mas
quando paramos, eu a prendi embaixo de mim.
Eu rosnei. Shift. Ela balançou a cabeça. Não.
Eu rosnei mais alto. SHIFT! Mas ela apenas balançou a cabeça com mais
força.
Eu apertei meu aperto em suas mãos e rosnei diretamente em seu rosto.
Seus grandes olhos azuis giraram em um círculo completo.
E então ela começou a mudar. Observei enquanto o pelo desaparecia, seus
membros condensavam e seus músculos se contraíam até a forma humana.
Ela estava embaixo de mim, nua, de costas no chão lamacento da floresta.
Eu mudei também, segurando-a como humana.
Foi quando vi as lágrimas.
"Você mentiu para mim. Você estava me usando para... convencer o Alfa
do Milênio de que é forte..."
"O que? O que você está falando?"
"Josh me disse... ele disse que você sabia que não era meu companheiro."
"Josh disse o quê?"
"Ele disse que você não é meu companheiro. Que você está apenas
fingindo." Eu agarrei seu rosto em minhas mãos, forçando-a a olhar
diretamente para mim.
"Eu menti para você. Eu admito, eu fiz. Todo esse tempo." Mais lágrimas
acumularam em seus olhos e seu rosto ficou todo vermelho.
Eu continuei, minha voz falhando um pouco. "Porque eu sabia que você
era minha companheira no segundo em que coloquei os olhos em você, Sienna
Mercer. Eu sabia quando você estava desenhando perto do rio. E eu soube
disso a cada segundo que estivemos juntos desde então.
O vermelho em suas bochechas lentamente desbotou para rosa, e eu pude
ver a compreensão passando por seus olhos." Se você está mentindo para
mim, Aiden, juro por Deus, vou matá-lo."
Eu ri. Eu não pude evitar. "Eu sei. E é por isso que te amo."
Sienna
"Eu também te amo", respondi, e me senti bem. Como se fosse uma noção
familiar, algo que parecia em casa na minha língua.
E naquele momento, eu sabia que este homem não era apenas meu
parceiro para a temporada ou um alfa sexualmente frustrado.
Não, Aiden Norwood era meu companheiro.
Eu podia sentir a verdade daquelas palavras de todo o meu coração. Isso
me fez explodir positivamente de alegria e... necessidade dele.
Ele se inclinou para me beijar e eu pude sentir o gosto salgado de minhas
velhas lágrimas nele. Mas então algo mudou. Não estávamos nos beijando de
uma forma feliz e doce. Estávamos nos beijando em um eu preciso de você agora .
Era urgente e perigoso e... quente.
Embora um dossel de folhas nos cobrisse, senti uma onda de excitação por
estarmos completamente expostos.
Empurrei quaisquer reservas profundamente nos recônditos da minha
mente.
Normalmente, eu teria me sentido insegura sobre tomar uma decisão tão
precipitada. Eu gostaria que tudo fosse perfeito na minha primeira vez.
Mas naquele momento, tudo que eu conseguia pensar era como eu queria
que Aiden absolutamente devastasse meu corpo.
Ele me queria. E eu o queria. Cada maldito centímetro da minha pele
estremeceu com seu toque.
Eu podia sentir ele ficando cada vez mais duro enquanto eu me contorcia
em cima dele, nossos corpos nus se movendo bem em cima da terra e raízes
do chão da floresta.
Era tão natural, tão cru. Especialmente agora que eu sabia que éramos
amigos. Meu corpo, minha mente, meu coração, cada parte de mim ansiava por
ele.
Suas mãos começaram a se mover em cima de mim, me esfregando, me
apertando, e então eu as senti na minha bunda, controlando o ritmo de como
eu me movia sobre ele. Nas outras vezes, tínhamos ido mais longe do que
apenas transar a seco, tinha sido mais lento, mais intencional.
Mas agora eu precisava de uma liberação. Não tive tempo de esperar.
Oh meu Deus...
Estou realmente prestes a fazer isso?
Quando os olhos verde-dourados de Aiden se enterraram em minha alma,
ele me fez a mesma pergunta que eu estava me perguntando.
"Sienna... você está pronta?"
Capítulo 29 - A Promessa
Sienna
A resposta à pergunta de Aiden estava na ponta da minha língua.
Minha cabeça estava nadando com luxúria, desejo, paixão. Era uma
combinação inebriante e fui pego no redemoinho.
Eu sabia em meu coração o que eu queria, ou melhor, precisava.
Mas nenhuma palavra saiu da minha boca.
Então, em vez disso, agarrei o cabelo preto sedoso de Aiden e puxei com
força enquanto puxava sua cabeça para a minha.
Eu o beijei, não apenas com paixão, mas com um desejo insaciável.
Eu queria que nos uníssemos como um — para dar cada parte de nós um
ao outro.
Aiden levantou minhas pernas e eu senti seu pau esfregar contra o meu
sexo. A maneira como isso me provocou era quase insuportável.
Quando meu sexo começou a se separar, gemi de êxtase.
"Aiden. espere..." murmurei, cravando minhas garras em suas costas.
"Você quer que eu pare? " ele perguntou, acariciando meu cabelo e me
dando um olhar afetuoso.
"Eu... Sim... quero dizer, eu não sei", eu gaguejei, me sentindo em conflito.
Claro que eu não queria que ele parasse, mas ao mesmo tempo...
"Aqui, agora... Simplesmente não parece..."
Enquanto eu procurava as palavras certas, Aiden as encontrou para mim.
"Perfeito", disse ele calmamente. "Você tem razão. E a sua primeira vez.
Eu quero que seja tão especial quanto você."
O corpo de Aiden se afastou, e isso fez meu coração doer, embora eu
soubesse que era o melhor.
"Você me odeia por querer esperar?" Eu perguntei.
"Claro que não", respondeu ele. " Você já me fez esperar tanto tempo. Que
tipo de alfa eu seria se não pudesse esperar um pouco mais. Além disso, vale a
pena esperar."
Eu beijei seus lábios com ternura, saboreando sua doce saliva enquanto
nossas línguas rolavam em uma.
Eu me afastei e sorri. "Depois da nossa cerimônia de acasalamento, eu
prometo... sou toda sua."
"E eu posso prometer a você que será uma noite da qual você se lembrará
para sempre", ele disse em um rosnado suave.
Aiden me segurou em seus braços enquanto deitamos no chão musgoso da
floresta. Fechei meus olhos e ouvi o som de sua respiração estável.
Eu pensei no que o futuro reservava para Aiden e eu, e pela primeira vez
eu não estava com medo.
Na verdade, nunca me senti mais segura e protegida em toda a minha vida.
Com esse pensamento reconfortante, adormeci.
Duas Semanas Depois

"Puta merda", disse Aiden, seus olhos brilhantes olhando diretamente para
os meus. Ele estava do outro lado da sala e literalmente parou no meio do
caminho.
"Puta merda." Eu repeti. Ele estava parecendo mais afiado do que uma
maldita faca de carne. Vestindo um smoking azul marinho e barbeado
recentemente pela primeira vez que eu já vi. Suas maçãs do rosto eram tão
fortes quanto sua mandíbula, e ambas eram minhas. Todo meu, por toda a
eternidade.
Foi o dia da nossa cerimônia de acasalamento. Ao contrário dos humanos,
nós não tínhamos os mesmos rituais típicos de casamentos. Não havia
nenhuma regra contra os companheiros se verem antes de caminhar pelo
corredor, razão pela qual Aiden estava no meu camarim.
Era por isso que ele estava vindo em minha direção neste exato momento,
uma fome profunda em seus olhos. Eu o encontrei no meio do caminho, no
meio da sala, e nos abraçamos com tanta intensidade que pensei que ele fosse
me arrancar os lábios.
Não se eu morder primeiro, pensei.
"Você está espetacular", ele suspirou em meu ouvido. Eu também acreditei
nele. Eu estava usando outro Selene original, um vestido de cerimônia de
acasalamento especialmente desenhado que ela trabalhou horas extras para
deixar pronto para o meu dia especial.
Tinha um corpete sem alças e um vestido esvoaçante que se movia sempre
que eu o fazia. A longa cauda na parte de trás me fez sentir como uma deusa.
Era ainda melhor do que o vestido que usei no Baile de Inverno, e pensei
que seria impossível vencê-lo.
"Você também não está muito maltrapilho", eu disse, me afastando. "Mas
você tem que ir agora! Está quase na hora de ir."
"Sim, senhora", disse ele e se dirigiu para a porta. Mas não antes de dar
uma última olhada em mim e soltar um assobio suave. Eu não pude deixar de
sorrir, mesmo que meus olhos rolassem um pouco também.
Ele saiu e eu respirei fundo, me preparando para o que estava prestes a ver.
Um salão de baile cheio de nossos amigos e familiares e os membros sortudos
do bando que foram convidados para a cerimônia de acasalamento do alfa.
Seriam muitos olhos, todos voltados para nós.
Respirei fundo novamente e observei meus pés, usando salto agulha cor de
casca de ovo, dar um passo cuidadoso de cada vez para fora do provador.
"Uau", ouvi na minha frente. Eu olhei para cima e vi meu pai, segurando a
mão sobre a boca. "Você está linda, querida", disse ele.
Ver meu pai ficar tão emocionado estava me deixando emocionada
também.
Mesmo que ele não fosse meu pai biológico, ou mesmo um lobisomem, ele
era o homem mais importante da minha vida, ao lado de Aiden.
Eu ainda não tinha contado aos meus pais o que a senhora de olhos roxos
havia dito. Eu não tinha certeza de como eles reagiriam, ou se eles já sabiam.
Mas, novamente, eu sabia como eles me encontraram. Abandonada, em
um beco. Como eles poderiam saber que eu vim de alfas?
Independentemente disso, minha cerimônia de acasalamento
definitivamente não era o momento certo para trazer isso à tona. Ou mesmo
para pensar sobre isso. Então corri até meu pai e o abracei o mais forte que
pude.
Eu estava sentindo as emoções começando a tomar conta, mas desejei que
meus olhos segurassem as lágrimas. Se eu estragasse a maquiagem que
Michelle passara uma hora fazendo, ela me mataria.
Meu pai agarrou minha mão e olhou nos meus olhos. "Você está pronta?"
Eu não pude evitar, mas deixei um sorriso enorme se espalhar pelo meu
rosto enquanto eu assentia. " Você está?"
"Claro, querida." E então ele abriu as portas do salão de baile, as mesmas
portas que eu tinha saído correndo apenas três semanas atrás.
Minha respiração engatou. O salão de baile estava perfeitamente arrumado.
Havia um longo tapete branco, pelo qual eu desceria, e uma plataforma
elevada onde normalmente ficava a mesa principal.
As árvores que ladeavam a sala eram cobertas por luzes brancas e fitas
brancas, e cada mesa tinha uma pequena peça central floral.
Queríamos trazer a floresta para dentro, para fazer deste nosso próprio
país das maravilhas florestais.
Papai prendeu o cotovelo no meu e, quando a música começou,
começamos a andar. Eu sorri para todos os rostos familiares nos bancos que
foram arranjados.
Passei por Mia e Harry, que tinham acabado de fazer sua cerimônia de
acasalamento na semana passada, e Erica e Rhys, sentados ao lado deles.
Quando nos aproximamos da frente, vi mamãe, Selene e Jeremy, e ao lado
deles estavam Michelle e Josh.
Os bancos restantes da frente foram ocupados por outros membros da
matilha de elite, e o resto dos bancos cobrindo toda a sala foram ocupados
pelo que parecia ser metade da cidade. Aparentemente, o casamento do alfa foi
um bilhete quente.
Cheguei à plataforma e papai beijou minha bochecha e apertou a mão de
Aiden. E então Aiden me ajudou a subir na plataforma.
"Eu quero devorar você", ele disse em meu ouvido para que só eu pudesse
ouvir. Um rubor imediatamente subiu por minhas bochechas.
"Estamos reunidos aqui hoje para celebrar o acasalamento do Alfa da
Manada da Costa Leste, Aiden Norwood e Sienna Mercer", começou o Alfa
do Milênio.
Oh sim, eu mencionei que o Alfa do Milênio estava oficializando nossa
cerimônia de acasalamento?
***
Fui atacada com rosas, sim, rosas. Voando pelo ar, atingindo a mim e
Aiden bem no rosto. Isso era típico de cerimônias de acasalamento,
especialmente aquelas que tinham tantos acompanhantes: o ritual de jogar
rosas no casal antes de seu primeiro beijo como companheiros.
"Ok, ok", o Alfa do Milênio berrou, rindo e erguendo as mãos. "Está na
hora." A sala ficou em silêncio e as rosas pararam de voar no ar."
Companheiro Aiden Norwood. Alfa, você pode beijar sua Sienna."
E então suas mãos grandes envolveram meu pescoço e seu queixo se
inclinou para baixo. Seus lábios macios estavam nos meus em um instante,  e
eu pensei que as borboletas dentro de mim fossem explodir.
Todos nos bancos, todos que eu amava, com quem me importava, todos
eles ficaram em segundo plano. Eles não importavam. Não agora.
Quando paramos de nos beijar, Aiden agarrou minha mão e me puxou de
volta para o tapete branco. Ouvimos o que parecia ser uma torrente
interminável de aplausos e gritos de ambos os lados, e isso não diminuiu até
que estávamos na pista de dança.
O DJ mudou dos instrumentais que tocava para a música que Aiden e eu
escolhemos para nossa primeira dança. Tudo começou e Aiden me girou. Ele
pode ser bom em muitas coisas, mas dançar não era uma delas.
Eu estava rindo tanto que pensei que ia desmaiar. E então a música
terminou, e eu vi Michelle e Josh aparecerem atrás de Aiden.
"Ei!" Eu exclamei. Aiden me soltou e Michelle beijou minhas duas
bochechas.
"Eu nem sei. Si. Isso foi um conto de fadas. Parabéns! " ela gritou.
"Obrigada!" Eu gritei de volta. Eu não me importava que aparecêssemos
desagradáveis. Era o dia da minha cerimônia de acasalamento e eu poderia
gritar se quisesse.
Eu estava prestes a perguntar a Aiden e Josh se eles se importariam se
Michelle e eu dançássemos a nova música, apenas nós, meninas, mas vi que
eles já tinham ido para o bar. Clássico.
Aiden
Josh perguntou se eu queria beber alguma coisa, e eu não recusaria um
brinde de uísque no dia da minha cerimônia de acasalamento. Mesmo que
fosse com meu suposto Beta, que sempre ficava atrás de mim.
Eu não o confrontei. Ainda. Mesmo depois do que Sienna me contou na
floresta e da sensação que tive de que foi ele quem trouxe minha "força cada
vez menor" para o Alfa do Milênio.
Eu tinha certeza de que era ele. Eu não sabia o que ele queria. Era porque
ele queria ser alfa? O ciúme o levaria tão longe que ele estava traindo a si
mesmo?
"Para você e Sienna", disse ele, seu tiro no ar.
"Obrigada, Josh", eu disse, forçando um sorriso e aumentando minha
chance também.
"Vamos, anime-se! Você está acasalado!" ele exclamou.
"Não podia estar mais feliz." Eu engoli a dose, sentindo-a queimar. Era
estranho estar perto dele assim, sabendo o que eu sabia. Eu deveria ter lidado
com isso antes. Eu sabia que deveria. Mas eu simplesmente... não consegui.
Eu estava nas nuvens com Sienna desde o Baile de Inverno. E eu não
queria que nada me distraísse disso, nem a vida profissional, nem a vida
pessoal. Eu só queria pegar a onda de felicidade em que estávamos.
"Vamos, outro! " Josh gritou comigo, desnecessariamente barulhento. Ele
segurou mais duas doses de uísque e projetou uma na minha direção.
"Você realmente precisa de outro? " Eu perguntei, olhando diretamente
para o frasco em sua cintura. Seus olhos se estreitaram.
"O que isso deveria significar?"
"Pense na sua idade, Josh", eu disse, virando-me para voltar para Sienna.
Mas ele baixou os tiros e agarrou meu braço, me puxando para trás.
"Isso porque você teve sua cerimônia e eu não? Eu sou tão adulto quanto
você."
"Você está bêbado e a festa acabou de começar."
"Estou comemorando."
"Celebrando o quê? Agir pelas costas do seu alfa? Traindo seu amigo?" Eu
não pude evitar. As palavras simplesmente escaparam.
Seu rosto empalideceu imediatamente. "O que... do que você está falando?"
"Eu sei o que você disse a Sienna. Que eu estava apenas usando ela."
"Eu realmente não disse nada disso... merda... para machucar você. Eu sei
que era sombrio. Eu posso ver o quão inapropriado foi. Você é meu alfa,
porra; " ele disse, e eu pude ver seus olhos ficando vermelhos.
"Então por que você fez isso, Josh?" Ele estava olhando para seus sapatos.
Depois de um momento, seus olhos se ergueram para os meus. "Não sei.
Quero que você tenha sucesso. Eu quero que o bando tenha sucesso. Mas algo
dentro de mim... apenas... queria levar a glória de ter algo que você não tinha.
Pela primeira vez na minha vida, a primeira vez desde que te conheci, Aiden,
eu tinha algo que você não tinha".
"Uma companheira", eu disse, de repente entendendo. Josh sempre se
sentiu como se estivesse na minha sombra, e talvez eu estivesse um pouco
confortável demais mantendo-o ali, mesmo sendo seu alfa.
"Eu só queria saber como seria. Ser o respeitado, aquele a quem todos
recorrem para obter respostas", disse.
Eu exalei. Lá estava — a admissão de culpa do meu Beta.
Mas então ele continuou. "Entenda que, mesmo quando eu estava me
intrometendo, eu sabia que era errado. Eu não me senti bem. Não me fez
sentir melhor, de jeito nenhum. E eu entendo que este não é o lugar para falar
de negócios, que você terá que decidir o que fazer comigo com base no que é
melhor para o bando. Eu realmente sinto muito. Eu devia a você mais do que
isso. Você merece o melhor."
Depois de um momento, ele acenou com a cabeça e, em seguida, girou e
caminhou de volta pelo corredor.
Eu o deixei andar alguns passos antes de chamá-lo: "Josh".
Ele se virou e deu os passos em minha direção. "Você sabe que você fodeu
tudo", eu disse, um rosnado baixo escapando dos meus lábios.
"Sim, Alfa."
"Você jura por sua vida, pela vida da matilha, você nunca vai me trair ou a
matilha novamente."
"Sim, Alfa", ele disse, e pude ver a seriedade em seus olhos.
Eu estendi minha mão e ele a pegou, mas eu o puxei para um abraço em
vez disso. Foi preciso um verdadeiro alfa para mostrar perdão.
Eu não conseguia ficar bravo com Josh — ele tem sido como um irmão
para mim desde que Aaron morreu.
"Amo você, cara. Mesmo que você seja um pé no saco às vezes", eu disse.
"Também te amo, mano. E isso não é só o uísque falando", respondeu ele.
Quando nos separamos, Josh me deu um soco no ombro, tentando aliviar
o clima. — Ei, guarde um pouco desse sentimento para Sienna. É a sua
maldita noite da cerimônia de acasalamento."
Observei enquanto Sienna dançava com Michelle, sorrindo e girando, mais
feliz do que nunca.
Ela estava radiante pra caralho. A criatura mais linda que eu já vi.
E ela finalmente era minha.
Sienna
Eu não conseguia parar de rir quando Michelle me mergulhou na pista de
dança, depois me girou e me puxou para que ficássemos peito a peito.
"Por que sou eu quem está guiando?" ela perguntou, arqueando a
sobrancelha. "Você não deveria ser um dominante?"
"As vezes é bom deixar outra pessoa assumir o controle", respondi.
Quando Michelle me soltou, tropecei para trás, me sentindo tonta, mas fui
imediatamente estabilizado por um par de braços poderosos.
O cheiro de almíscar amadeirado e frutas cítricas de Aiden flutuou em meu
nariz enquanto ele pressionava em mim por trás.
"Encontro você mais tarde", disse Michelle, piscando para mim. " Devo ter
certeza de que Josh não está ficando muito bêbado."
Agora que ele me tinha só para ele, Aiden aumentou seu aperto, e eu podia
sentir sua ereção latejando através de suas calças.
"Vamos sair daqui", disse ele em um rosnado baixo.
"O que você tem em mente? " Eu perguntei sem fôlego quando senti meu
sexo formigar.
Seu cheiro estava se tornando tão inebriante que me senti tonta.
As mãos ásperas de Aiden cavaram em meus quadris. Ele se inclinou para
perto, de modo que seus lábios estavam pairando perto da minha orelha.
"Você se lembra da promessa que fez sobre a nossa noite de cerimônia de
acasalamento?" Ele sussurrou, mas não perdeu seu tom dominador.
"Sim", respondi, engolindo em seco.
Meu coração estava batendo fora do meu peito, e uma sensação mais forte
do que a Bruma estava tomando conta do meu corpo. Meu sexo estava
molhado de antecipação.
"Bom", ele rosnou, quase faminto. " Porque você estará uivando aos céus
por misericórdia quando eu terminar com você."
Capítulo 30 – A Noite de…
Sienna
Aiden me carregou como uma noiva em seus braços enquanto descia o
caminho de paralelepípedos que levava à nossa casa. Meu coração não tinha
parado de bater desde que saímos da recepção, e eu não sabia se pararia.
Minhas inseguranças eram como ondas crescentes, batendo contra as
bordas da minha mente.
E se eu não for boa de cama?
E se eu não atender suas fantasias?
E se eu não conseguir satisfazer um alfa?
Aiden parou na porta da frente, como se sentisse meus medos. E talvez ele
tenha. Os companheiros estavam conectados de uma forma tão intensa que
era quase indescritível.
"O que há de errado? " ele perguntou em um tom gentil que era incomum
para ele.
"Eu... eu só não quero decepcionar você", murmurei. Naquele momento,
eu nunca me senti menos dominante em minha vida.
Para minha surpresa, Aiden riu. "Oh, Sienna... você não tem ideia..."
"Não tem ideia sobre o quê? " Eu perguntei, um pouco irritada com a
risada dele.
"Não faz ideia de quanto poder você tem sobre mim."
Meu rosto ficou quente e um suspiro escapou dos meus lábios.
Ele continuou, segurando meu olhar. "Sim. eu marquei você. E sim, eu te
fiz minha, mas..."
Aiden respirou fundo enquanto pressionava sua testa na minha.
"Você me fez seu também. Não se engane — eu não sou apenas seu alfa,
sou seu companheiro. E não há nada que vá jamais mudar isso. Seu amor me
tornou mais forte do que qualquer sangue alfa poderia."
O calor em minhas bochechas se espalhou pelo resto do meu corpo como
um incêndio, e assim, meu domínio voltou.
Eu amava Aiden mais do que palavras poderiam expressar. Então, eu não
usaria minhas palavras.
Eu agarrei o cabelo da parte de trás de sua cabeça e pressionei febrilmente
meus lábios nos dele.
Eu queria que meu fogo se espalhasse. Eu queria consumir tudo até que o
mundo inteiro se transformasse em cinzas e nós fôssemos os únicos de pé.
O paletó do smoking de Aiden estava explodindo nas costuras enquanto
seus músculos inchavam por baixo. Ele estava praticamente mudando quando
deu um passo em direção à porta e levantou a perna.
CRACK!
Aiden chutou a porta para fora de suas dobradiças, enviando madeira
estilhaçada pelo chão de mármore.
Ele passou por cima dos escombros, me trazendo para dentro.
Bem, essa é certamente uma maneira de carregar seu cônjuge além do limite...
Quando ele entrou em nosso quarto, Aiden me colocou no chão, em
seguida, empurrou minhas costas contra a parede. Nosso beijo febril
recomeçou quando comecei a tirar seu smoking, peça por peça.
Uma vez que seu torso estava nu, corri meus dedos pelas profundas cristas
de seu abdômen, até a fivela do cinto.
Os próprios dedos de Aiden estavam ocupados correndo para desamarrar
meu espartilho. Ele estava ficando frustrado, e eu não pude deixar de me
divertir.
Finalmente, foi desamarrado e meu vestido caiu no chão. Eu tirei seu cinto
através das alças em um movimento rápido e, segundos depois, suas calças
seguiram enquanto Aiden as arrancava e as jogava do outro lado da sala.
Passamos um momento nos observando, oficialmente companheiros. Mas
um momento era tudo que estávamos dispostos a poupar. Nós dois esperamos
o suficiente.
Aiden me pegou como se eu fosse mais leve do que uma pena, e envolvi
minhas pernas em volta de sua cintura.
Caímos na cama de uma vez. Havia mãos e bocas em todos os lugares, nós
dois tentando agarrar e morder tudo o que podíamos.
As garras de Aiden estavam cavando levemente em minha carne nua, e eu
queria que elas cavassem ainda mais fundo. Eu segurei seu pescoço com força,
beijando-o, antes que meus beijos se movessem para seu peito.
Eu deixei meus dentes rasparem em seu estômago, e quando cheguei em
seu pênis rígido, coloquei-o direto na minha boca sem hesitar.
Comecei a me mover devagar, deixando-o louco, e então aumentei meu
ritmo até que ele começou a gritar. Era tão grande que eu mal consegui conter,
mas forcei mais fundo em minha garganta.
Quando subi para respirar, minha saliva escorregou por seu pau grosso
como uma teia de aranha translúcida e prateada. Aiden enxugou minha boca
com o polegar, em seguida, agarrou meu pescoço, me empurrando de volta
para baixo.
Eu poderia dizer por seus grunhidos de satisfação que ele estava sentindo
pura felicidade. Mas isso não foi suficiente. Eu queria levá-lo para a porra do
Nirvana.
Eu saboreei seu sabor salgado e doce enquanto minha língua trabalhava na
ponta, então coloquei a coisa toda em minha boca novamente até chegar à
base.
Meus lábios se apertaram em torno de seu pau enquanto eu os deslizava
lentamente por seu comprimento.
 Ele separou minhas pernas tão rápido que me fez respirar fundo.
Aiden usou seus dedos para abrir meu sexo, então ele inseriu sua língua,
habilmente sacudindo ao redor e lambendo minhas áreas mais sensíveis.
Eu gemia enquanto meu corpo convulsionava com rapsódia. Era como se
ele estivesse usando a língua para compor uma sinfonia na minha boceta. E
meus gritos involuntários de prazer eram o coro.
Sua língua continuou a trabalhar enquanto seus dedos deslizavam dentro
de mim, testando minha flexibilidade, preparando-me para sua enorme
masculinidade.
Enquanto seus dedos me exploravam, eu senti uma pontada de dor
misturada com o prazer. Eu só poderia imaginar o que estava reservado para
mim em apenas um momento.
Uma emoção percorreu minha espinha com o pensamento de Aiden
finalmente me penetrando. Eu estava assustada e animada ao mesmo tempo.
Enquanto o pau de Aiden esfregava o exterior do meu sexo com força,
seus beijos suaves contrastavam com a aspereza.
"Você está pronta?" Aiden perguntou, tirando meu cabelo dos olhos e
olhando para eles profundamente.
Foi a mesma pergunta que ele me fez antes. Mas desta vez, eu sabia minha
resposta sem sombra de dúvida.
"Sim", eu sussurrei enquanto meus braços embalaram seu pescoço.
Minha respiração engatou quando Aiden finalmente deslizou dentro de
mim.
No início, a tensão era quase insuportável, como se eu estivesse sendo
separada, mas lentamente, a dor se transformou em prazer. Quanto mais eu
relaxava, mais nos tornávamos um ajuste perfeito um para o outro.
"Está tudo bem?" Aiden perguntou, sem mover um músculo.
Eu balancei a cabeça, sorrindo com o quão sensível ele estava sendo às
minhas necessidades.
Mas quanto mais ele ficava dentro de mim, mais eu tinha certeza...
Minha boceta não era feita de porcelana.
"Você disse que ia me fazer uivar para os céus", eu rosnei sensualmente.
"Então, vamos. Alfa. Mostre-me do que você é feito."
Os lábios de Aiden se curvaram em um sorriso perverso que quase me fez
lamentar minhas palavras.
Quase.
Ele puxou para fora, então empurrou de volta. Com força.
Eu gritei quando o senti ainda mais fundo dentro de mim. Meu sexo cada
vez mais molhado o aceitou com fervor enquanto ele começava a se mover
cada vez mais rápido.
Mas ainda não foi o suficiente. Então eu o agarrei pelos ombros e rolei
perfeitamente em cima dele.
Agora eu estava montando nele, controlando o ritmo. Eu levantei meu
cabelo da nuca e girei o mais rápido que pude, certificando-me de que ele
pudesse ouvir o quanto eu estava me divertindo.
Parecia que o atrito entre nós era suficiente para nos incendiar.
Então não era apenas construção — aquele fogo por dentro — estava
vindo. Como um inferno furioso.
"Porra, Sienna", Aiden gemeu, e eu estava lá com ele.
"Oh meu Deus! "Eu gritei, uma sensação envolvendo todo o meu corpo
como uma explosão.
As luzes diante dos meus olhos estavam piscando como fogos de artifício,
e eu senti como se fosse desmaiar.
Aiden agarrou meus quadris e puxou, sua semente disparando no ar como
um gêiser.
Eu desabei ao lado dele, ofegante e tentando processar a euforia que
acabara de experimentar.
Ele agarrou minha mão na sua e levou-a à boca, beijando-a com ternura.
"Você é inacreditável", disse ele.
Viramos de lado e olhamos nos olhos um do outro. Tudo parecia
exatamente certo.
"Eu te amo", eu disse sem fôlego.
"Eu te amo mais do que tudo", respondeu ele, igualmente sem fôlego. "Eu
nem precisei te levar para o céu... Você é o céu."
Enquanto seus olhos verde-dourados piscaram na luz fraca da lâmpada,
cheios de adoração, eu me perguntei como eu tinha chegado lá. Acasalado com
o alfa.
Eu apenas me vi como uma garota normal, mas Aiden...
Ele me viu como uma deusa.
Eu mal podia esperar para começar o resto da minha vida com ele.

***
Quando acordei na manhã seguinte, ainda estava sentindo o barato da
noite anterior com Aiden.
Meu corpo doía, mas de um jeito bom. Serei capaz de andar direito de novo?
Eu me virei para ver como Aiden estava se saindo e fiquei surpresa com a
reentrância vazia ao meu lado.
Onde ele poderia ter ido?
Meu telefone começou a zumbir na mesa de cabeceira e me estiquei para
pegá-lo. Meu coração saltou na minha garganta quando vi uma mensagem de
Aiden.
 
Aiden: Tenho uma surpresa para você.
Aiden: Encontre-me na Avenida Furtaugh, 121.
Sienna: Uma surpresa??
Aiden: Quão rápido você consegue chegar aqui?
Sienna: To indo!
Aiden
Fiquei do lado de fora, esperando ansiosamente Sienna. Eu mal podia
esperar para ver a expressão em seu rosto quando ela visse a surpresa. O carro
dela parou na frente e eu dei a volta para abrir a porta para ela.
"Oi", ela disse, seus olhos brilhando enquanto ela pulava para me beijar.
"Oi, meu amor", eu disse, pegando sua mão e a guiando até a loja. Era um
local vazio. A loja de discos que costumava habitar havia acabado de fechar.
Um amigo meu no ramo imobiliário me contou sobre isso. Ele sabia que
eu estava procurando um espaço.
Abri a porta para ela e observei enquanto seus olhos se arregalaram,
olhando para o piso de madeira e as paredes vazias. "O que é?"
"Costumava ser uma loja de discos", eu disse. "O proprietário se aposentou
e colocou o espaço à venda."
"E daí? Vamos fazer um piquenique aqui?"
Eu passei meus braços em torno dela e puxei-a para perto de mim,
inclinando-me para beijar sua bochecha. "Podemos fazer um piquenique aqui,
se quiser."
Ela se virou para que ficássemos cara a cara.
"Aiden Norwood, o que estamos fazendo aqui?"
Eu olhei profundamente em seus olhos, tentando esconder o sorriso
puxando meus lábios. "Sienna Mercer-Norwood, achei que você gostaria de
ver sua nova galeria."
Sua boca formou um "o" mas nenhuma palavra saiu. Então sua cabeça
girou, absorvendo o espaço como se ela estivesse vendo pela primeira vez. Ela
se virou para mim, os olhos ainda arregalados.
"Feliz aniversário de uma semana, Sienna."
Ela gritou — eu nem sabia que sua voz poderia atingir aquela oitava — e
então ela correu ao redor de toda a circunferência da loja, olhando para cada
parede por um momento antes de passar para a próxima.
Algo dentro de mim brotou, algo feito de alegria e amor, de paixão e
familiaridade, como se meu coração finalmente estivesse batendo, batendo de
verdade, pela primeira vez.
Então ela voltou para mim. "Não acredito que você fez isso... por mim",
disse ela.
"Eu faria qualquer coisa por você."
Ela olhou para o chão e depois para mim. "Há algo que eu quero te dizer.
Eu descobri algo. Sobre meus... meus pais biológicos."
Eu sabia que Sienna tinha sido adotada por seus pais, mas nunca tínhamos
conversado muito sobre isso antes. Eu podia ver o quão importante isso era
para ela, o quanto deixava seu corpo todo tenso, como se ela estivesse
tentando manter a informação dentro de você.
"Eles eram alfas."
Minha mente ficou em branco. Eu pisquei. "Nós estamos? Onde?
Quando?"
"Eles se foram agora, mas... na Matilha Texana. Eles eram alfas, Aiden."
"Eles eram alfas", eu sussurrei de volta, e tudo começou a fazer sentido.
Seu poder, a maneira como podíamos nos comunicar, a maneira como ela se
sentia, o ajuste mais perfeito. Eu a agarrei e beijei porque hoje... não poderia
ficar melhor.
Sienna
Eu fiquei tão animada com a nova galeria que Aiden insistiu em me dar
algum tempo para conhecê-la sozinha.
Ele provavelmente só quer fugir de todos os meus gritos.
Eu já tinha feito uma parada na casa dos meus pais para pegar alguns dos
meus cadernos e pinturas na garagem. Ele serviu como meu estúdio
improvisado por um tempo, mas agora...
"Eu tenho minha própria merda de galeria" eu disse em voz alta para
ninguém. Eu ainda não conseguia acreditar que era real.
Peguei um dos meus velhos cadernos de desenho e comecei a folhear as
páginas para ver se havia algo com potencial.
Sorri quando vi um esboço inacabado de um homem bonito e musculoso,
parecendo ter o peso do mundo em seus ombros largos.
Foi desde a primeira vez que conheci Aiden.
Pensei naquele dia no rio. O dia que mudou tudo. Agora tudo estava tão
diferente, mas parecia que tudo tinha acontecido da maneira que deveria.
Ao passar para a próxima página, meu coração parou.
Era o outro esboço que eu havia desenhado naquele dia. A assombrosa
visão sexual que pairava sobre mim como uma nuvem negra.
Mas quando olhei para ele agora, não me encheu de pavor. Em vez disso,
tive uma sensação de paz.
Pensei em Emily e senti as lágrimas transbordando dos meus olhos. Eu
finalmente encontrei uma maneira de superar o passado. Eu sabia que Emily
ficaria orgulhosa de mim.
Eu esperava que, apenas talvez, ela estivesse lá em cima cuidando de mim.
Talvez minha paz também pudesse ser dela.
Enxuguei as lágrimas e peguei um lápis, em seguida, virei para uma página
em branco.
Um novo começo.
Enquanto estava sentada em minha galeria, observando meu lápis rabiscar
sobre a página em movimentos abstratos, tive um tipo diferente de
determinação. Um que não foi alimentado por nenhuma memória passada
traumática ou arrependimentos ou julgamentos de outra pessoa.
Não, agora minha determinação era para o meu futuro.
Eu tinha uma galeria para preencher — minha própria galeria, com paredes
tão vazias que gritavam possibilidade. Então, prometi a mim mesma que ficaria
aqui desenhando todas as manhãs até não sobrar espaço na galeria para novos
trabalhos.
De repente, senti uma rajada de vento me atingir, mas o frio que veio com
ela durou muito depois de ter passado. Eu deixei a porta aberta? Foi quando virei
para a esquerda. E a vi.
A senhora de olhos roxos.
Ela estava de volta.
"Olá, Sienna." Ela caminhou em minha direção, cada um de seus
movimentos mais graciosos do que o anterior.
"Você nunca me disse seu nome", respondi, mantendo minha guarda alta.
Algo sobre estar acasalado com um alfa estava me deixando mais confiante em
mim mesma.
"É Eve", ela disse, seus olhos roxos brilhando para mim. "Você estava
linda em sua cerimônia de acasalamento."
"Você estava lá?"
Ela apenas sorriu. Claro que ela estava lá. Ela estava em toda parte. Mas eu
fiz a pergunta errada...
"Por que você está aqui?"
"Estou saindo da cidade. Mas eu queria avisá-la sobre o caminho perigoso
à frente, visto que fui eu que a coloquei nele", ela respondeu enigmaticamente.
"Avisar? Qual caminho?"
"O caminho para encontrar a verdade sobre seus pais biológicos."
Fiquei atordoada em silêncio, mas Eve continuou falando." Basta ter
cuidado com quem você confia. Existem aqueles que não pensam nos seus
melhores interesses."
"Como quem?" Eu perguntei, mas Eve já estava deslizando de volta para a
porta. "Como faço para encontrar a verdade?"
"Só você pode responder isso, Sienna. Você pode até descobrir que a
resposta já está dentro de você."
Com essas palavras finais, Eve desapareceu, me deixando mais confusa do
que nunca.
Quando meus olhos voltaram para o meu caderno de desenho, aquela
confusão se transformou em um sentimento de mau agouro. O esboço
abstrato no qual eu estava trabalhando quando Eve entrou de repente tinha
uma forma muito clara.
Uma figura sombria com presas alongadas.
Um vampiro.
Capítulo 31 - Tradições
Sienna
A água batia contra nossos corpos nus enquanto estávamos de frente um para o outro
na chuva quente do verão.
Nossas silhuetas brilhantes foram banhadas por uma luz âmbar que bronzeou todo o
pasto.
Os olhos dele vagavam pelas minhas curvas num desejo descarado.
Corei, não acostumada à atenção.
A corrida durou horas e nos levou ao topo de uma colina com vista para toda a ilha.
Ao longe, mal se viam as torres brilhantes do resto no horizonte.
Só paramos quando tivemos certeza de que estávamos completamente sozinhos.
"Venha aqui", ele acenou, estendendo sua mão.
O meu coração disparou enquanto eu andava em sua direção. O vapor subia por seus
ombros salientes.
Senti sua mão áspera contra minha bochecha enquanto ele me puxava para um beijo.
Logo ele estava em cima de mim, nossos corpos deslizando um contra o outro sobre a
grama macia, como se estivéssemos tentando incendiar o lugar.
O volume dele se esfregava contra o exterior do meu sexo em um ritmo tentador, abrindo
meus lábios, mas recusando-se a entrar
Foi uma tortura que eu não pude suportar
Puxei-o para dentro de mim, ofegando de prazer e um pouco de dor. Ele estava mais
fundo do que eu jamais havia sentido antes.
Gemi de alegria, chamando seu nome, implorando para que ele não parasse enquanto a
chuva caía sobre nós.

***
Eu fechei o registro, deixando os últimos rastros de água escaparem pelo
meu peito.
Era inverno, e nossa lua-de-mel havia terminado há muito tempo, mas os
banhos quentes ainda me lembravam aquele dia na ilha com Aiden.
O vapor abraçou minha pele como um cobertor quente quando eu saí do
chuveiro.
Foi engraçado pensar que, um ano atrás, eu tinha ficado no mesmo
banheiro, furiosa por ter sido enganada para ficar com Aiden, mas agora aqui
estava eu, acasalada ao Alfa da Matilha da Costa Leste e querendo estar em
nenhum outro lugar a não ser nesta casa com o homem que eu amava.
"Você precisa de ajuda aí dentro?", perguntou ele através da porta com sua
voz grave.
"Não, sou perfeitamente capaz de me secar sozinha, muito obrigada",
respondi, sorrindo para mim mesma.
Nos últimos doze meses, ele havia se tornado mais brincalhão, baixando
sua guarda e me mostrando um lado que era diferente daquele Alfa dominante
que ele tinha que exibir para o resto da matilha.
"Fico feliz em ajudar", continuou ele, com uma persistência encantadora
que me fez rir. "Não é problema algum".
"Senta, rapaz", disse eu, me embrulhando em uma toalha e rindo.
"Mas eu tenho sido tão bonzinho ", protestou ele.
"Quem espera sempre alcança", respondi, limpando o vapor do espelho e
desembaraçando meus cabelos úmidos.
Abri a porta e dei um passo à frente, pressionando meu corpo molhado
contra seu peito aberto, envolvendo meus braços em torno dele, e agarrando
suas costas musculosas.
Ele inclinou a cabeça como se quisesse me beijar, e eu me afastei. "Eu disse
que quem espera sempre alcança... e você não esperou".
Eu o afastei e mergulhei dentro do meu armário, garantindo que ele tivesse
uma boa visão da minha bunda. Quando fiz a curva, tirei minha toalha para
que ele visse que eu estava nua e fechei a porta de correr.
Eu mal tinha vestido minha roupa íntima quando a porta se abriu e me vi
envolta nos braços de Aiden, seus lábios nos meus em uma paixão ardente.
Eu senti ele me puxando de novo, e caímos no colchão cheio de
travesseiros. O peso de Aiden pressionado contra mim com um forte desejo.
Eu podia sentir como ele estava duro, e eu já estava ficando molhada.
Ele rasgou sua camisa, revelando seu tronco definido e seus braços
salientes. Seu peito pesado de desejo e seus olhos verde-ouro cintilavam de
luxúria.
Eu me inclinei e beijei meu Alfa. Seus lábios estavam macios e quentes, e
cada vez que eu os tocava, parecia que eu estava derretendo neles.
"Eu quero começar uma família com você, Sienna", disse ele de repente.
"Eu sei", eu respondi. "Nós vamos".
"Quero dizer, agora mesmo. Eu quero começar a tentar".
As palavras de Aiden me pegaram desprevenida. Eu sabia que
eventualmente teríamos que falar sobre isso, mas nos últimos seis meses eu
tinha esquecido desse assunto.
Havia tanto para se acostumar depois de acasalar com o Alfa da segunda
matilha mais poderosa dos Estados Unidos. Eu não podia mais me vestir
como antes, não podia sair em público sem guarda-costas, e estava
constantemente sob vigilância.
Chega de encontros espontâneos com as garotas na Winston's.
Chega de tardes tranquilas no parque, onde eu poderia ficar sozinha com
meu caderno de rascunho e meus pensamentos.
Eu tinha tarefas agora, como a que eu tinha que cumprir esta tarde. Era o
primeiro dia do Festival de Fertilidade, e a tradição da matilha exigia que eu me
transformasse com Aiden na frente da matilha inteira e o deixasse montar-me.
Pensei que Aiden estava brincando quando ele me contou pela primeira
vez, mas acho que quando você é criado como um Alfa, não questiona o status
quo e as cerimônias ultrapassadas.
Mas eu não vim da realeza da matilha. Antes de ser sua cônjuge, eu era
uma adotada de dezenove anos com um pai humano e uma enorme aversão
aos holofotes.
A ideia de ser tão vulnerável em um ambiente tão público era absurda, para
não dizer humilhante.
Eu havia tentado confrontar Aiden sobre isso, mas toda vez que eu tocava
no assunto, ele desconversava dizendo que isso não era grande coisa, mas que
era importante para a matilha.
Não estávamos fazendo sexo nem nada, mas ainda assim o considerava
como um caso bastante íntimo e privado.
"Sienna? " perguntou Aiden, agarrando minha coxa.
"Sim, desculpe. Eu estava viajando."
"Você quer continuar?"
"Aiden, ainda não sei se estou pronta."
"O que você quer dizer? Já faz um ano. Alfas e seus companheiros devem
começar a tentar os filhotes no início da primeira Bruma depois de terem se
acasalado. É uma tradição".
Houve essa palavra novamente. "Tradição".
Deus, como eu estava começando a odiar o som dela. E a Bruma, aquela
loucura luxuriosa que possuía todos os lobisomens durante a época do
Acasalamento, estava prestes a piorar dez vezes a situação.
"Podemos falar sobre isso mais tarde?" perguntei, tentando resgatar o
momento romântico, que estava rapidamente escapando.
"Claro, podemos conversar após a cerimônia", respondeu Aiden, olhando
para mim com seus olhos suaves e inocentes. Quanto mais eu olhava para eles,
porém, mais confiante eu ficava de que não poderia continuar com o ritual esta
tarde.
Me matava fazer isso com ele, e eu sabia que era minha culpa por ter
deixado passar tanto tempo, mas algo dentro de mim não me parecia certo.
"Isso é algo mais que eu queria falar com você", disse eu, interrompendo o
olhar dele.
"O que você quer dizer? Você está nervosa?", perguntou ele, acariciando
meu braço.
Por que ele tem que ser tão doce logo agora?
Mas eu não poderia voltar atrás. Não havia mais tempo para adiar. Eu tinha
que dizer a ele como me sentia.
"Aiden, eu não quero fazer isso".
Um olhar confuso lhe passou pela cara, e eu esperava que pudéssemos
resolver isso sem que isso explodisse em uma briga.
"Por quê? E apenas uma pequena exposição para a matilha para que eles
possam nos dar suas bênçãos enquanto tentamos conceber".
"Se é só para a bênção da matilha, então por que precisamos nos
transformar e fazer todas as outras coisas"?
"É simbólico".
Eu esperava que Aiden tirasse um momento para ouvir a si mesmo e
perceber o quão fraco era o seu argumento, mas sua expressão era tão sincera
que me fez soletrar minha objeção.
"Talvez para você, mas eu acho que é degradante".
"Minha mãe o fez, assim como a mãe de meu pai. Você é minha
companheira, Sienna. Ninguém vai te julgar..."
"Não é o que as outras pessoas pensam, Aiden. É com o que me sinto
confortável".
"Escute", disse ele, saindo de baixo de mim e sentado em cima da cama.
"Isto só acontece uma ou duas vezes na vida". Vamos nos transformar por
menos de um minuto. A tradição é o que mantém a matilha unida. Sem ela,
perdemos nossa identidade".
Lá vem aquela palavra estúpida de novo. "Sinto que estou perdendo minha
identidade por ter que seguir todas essas regras estúpidas", eu retruquei.
Coloquei um olhar severo no meu rosto, deixando-o saber que eu não
mudaria de ideia "Olhe, Sienna, esqueça a matilha. Você pode fazer isso por
mim? E eu juro que nunca mais te pedirei para fazer algo assim".
Aiden era meu mundo, e eu faria qualquer coisa para fazê-lo feliz, mas
neste momento eu odiava que ele não estivesse me ouvindo. Como um Alfa,
ele não estava acostumado a comprometer-se, mas se nosso relacionamento
continuasse a crescer, ele precisaria descobrir como fazer isso.
"Você realmente não entende o meu lado?"
"É só desta vez, Sienna", respondeu ele. "Depois disto, você é que manda,
meu amor". Eu tinha certeza de que ele não ia ceder.
"Preciso terminar de me preparar", disse eu, saltando da cama e voltando
para o armário.
"Você precisa de ajuda?" ele disse com um tom lúdico.
"Não, eu consigo me virar sozinha", respondi sem entusiasmo.
"Não demore muito", disse Aiden, pegando sua camisa e me mandando
um beijo antes de sair do quarto.
Vesti o vestido do festival e me olhei no espelho, pensando em todas as
companheiras de Alfas que suportaram isso antes de mim e me perguntando
se elas se sentiam ou não tão enojadas quanto eu.
É menos de um minuto, Sienna. É menos de um minuto.

***
O palco foi construído em uma clareira na floresta. Árvores gigantes
tinham sido derrubadas e seus corpos unidos para criar a gigantesca
plataforma em que Aiden e eu agora estávamos. Atrás de nós estava o resto do
conselho e um convidado surpresa, Raphael Fernández, o Alfa do Milênio.
Não admira que Aiden não quisesse cancelar o festival.
Em todos os lugares, olhando para nós com excitação, estava praticamente
toda a Matilha da Costa Leste
Por um momento eu pensei ter visto um par de olhos roxos, mas deve ter
sido apenas minha imaginação.
Eu não tinha visto Eve desde que ela passou pela minha galeria há mais de
seis meses. Tampouco tinha recebido nenhum esclarecimento sobre aquele
aviso vago sobre meus pais biológicos com os quais ela me deixou.
Se meus pais realmente tivessem sido Alfas, eu me perguntava se eles
também teriam que participar deste ritual horrível.
Quando as declarações de abertura foram feitas, meu coração começou a
bater. Eu não podia acreditar que ia fazer isto. Eu fiquei pensando nisso
dezenas de vezes enquanto dirigia para o festival.
Senti a mão de Aiden agarrar a minha e apertá-la com tranquilidade. Ele
então retirou seu manto, revelando sua figura escura e estatuária, e começou a
transformação.
É isso. Não tem mais volta.
Eu fiquei no lugar, sem me mover. Um suspiro ondulou através da
multidão como uma onda.
O enorme lobo de Aiden agora estava ao meu lado, olhando com
expectativa para a minha forma humana.
Fui até o microfone e examinei os rostos estupefatos na multidão. Minha
mão tremeu enquanto eu puxava o microfone para baixo, apontando-o para
meus lábios.
Não é tarde demais. Você ainda pode se transformar.
Não, você consegue, Sienna.
Eu tentei forçar as palavras, mas elas se recusaram a ceder. Minha
adrenalina estava aumentando, apertando minha garganta e todos os músculos
do meu corpo.
Você também é uma Alfa, Sienna. Comece a agir como tal.
Fechei meus olhos, bloqueando o mar de pessoas e acalmando meus
nervos. Minha garganta relaxou, e as palavras saíram antes que eu tivesse a
chance de pensar.
"Estarei com meu companheiro, mas apenas como seu igual, não como seu
prêmio. Ainda peço a sua bênção, mas não vou me transformar ".
Houve um momento de silêncio enquanto minhas palavras surtiam efeito,
mas uivos furiosos logo romperam em um tumulto crescente. Eu me afastei do
pódio, sem saber o que fazer agora que havia feito meu protesto.
Os gritos se intensificaram, e os rostos dos espectadores estavam repletos
de malícia. Eu comecei a me sentir assustada, ameaçada.
Teria eu acabado de cometer um grande erro?
Capítulo 32 – Ninguém Humilha a Matilha
Sienna
Eu senti um empurrão nas costas, me virei e vi Aiden ainda em forma de
lobo.
"Sinto muito, não posso", disse eu, colocando minha mão em seu focinho.
"Esta é uma tradição que me recuso a manter".
Até mesmo os olhos de lobo do meu companheiro estavam cheios de
desapontamento. Aquilo apunhalou-me no coração como uma faca afiada. Era
demais para aguentar. Tive que fugir antes de me despedaçar completamente.
Virei e saí do palco o mais rápido que pude, sem correr.
Quando cheguei ao chão, Jocelyn estava lá esperando para me interceptar.
"Sienna, espere!"
"Jocelyn, não consigo. Eu preciso sair daqui".
"Certo", disse ela, olhando para mim e percebendo que eu não estava em
condições de ouvir nada do que ela tinha a dizer. "Venha comigo".
Ela pegou minha mão e me puxou para além das vans dos jornais. Já os
repórteres e operadores de câmera tinham começado a se aglomerar ao meu
redor, com lentes e microfones.
Quando minha equipe de segurança nos alcançou, já tínhamos chegado aos
carros da matilha. Um dos seguranças abriu a porta de uma limusine e colocou
nós duas lá dentro.
Fecharam a porta, e os sons do lado de fora foram instantaneamente
silenciados. Enquanto aceleramos, olhei para fora das janelas escurecidas para
a multidão de lobos furiosos gritando para o nosso carro. Acho que nunca
havia me sentido tão odiada em minha vida.
Felizmente, eu ainda tinha a Jocelyn.
Como curandeira, ela não apenas curava feridas físicas, mas também
emocionais.
Tínhamos nos tornado como irmãs no ano passado, e seu relacionamento
anterior com Aiden significava que ela o conhecia tão bem quanto eu, se não
melhor.
Dito isto, eu tinha mantido minhas apreensões em segredo. Ela tinha sido
criada no mesmo mundo centrado em matilhas que Aiden, e se ela estava do
lado dele, bem, eu decidi que preferia continuar sozinha a correr o risco de
rachar nossa amizade.
"Si, por que você não veio até mim?"
"Achei que você não entenderia. Pensei que você me diria o mesmo que
Aiden ".
"O que ele disse?"
"Que não era nada demais. Que é importante para a matilha. Que eu estou
exagerando. Mas agora vejo como foi estúpido manter tudo entalado. E agora
vocês dois me odeiam".
"Eu não te odeio, Sienna, e nem Aiden".
"Você não olhou nos olhos dele como eu olhei”, respondi, repondo as
lágrimas.
"Tenho certeza de que ele se sentiu envergonhado", respondeu Jocelyn. "E
certamente a presença do Alfa do Milênio não ajudou".
"Obrigada por me lembrar", eu chorei, enterrando meu rosto em minhas
mãos.
Jocelyn colocou seu braço ao meu redor e acariciou meus cabelos,
tentando me acalmar. Eu só podia imaginar com o que Aiden estava lidando
neste momento. Eu o havia abandonado ali, com a multidão, com Raphael.
Eu era uma companheira horrenda.
"Posso dizer que se trata de mais do que apenas o ritual", disse Jocelyn em
sua voz calmante de curandeira.
Às vezes eu odiava como ela era boa em seu trabalho, mas acabara de
testemunhar o que aconteceu quando guardei as coisas para mim mesma.
Além disso, eu não tinha motivos para ter medo do julgamento de Jocelyn.
Ela era minha melhor amiga. Senti-me envergonhada de que o pensamento
tivesse sequer entrado em minha mente.
"Aiden quer começar a tentar uma família agora, e eu não estou pronta de
jeito nenhum".
"O que a faz sentir que não está pronta?"
"Eu não sei. É esta sensação que está pairando sobre mim. Eu não consigo
explicar".
"Tem a ver com o Aiden?"
"Com certeza ele é uma parte importante. É como se ele só quisesse
filhotes de cachorro porque a tradição diz que começamos agora. Isso é uma
loucura, certo? Você deveria querer ter filhos porque quer ter filhos, não
porque algumas regras ultrapassadas dizem que você deveria".
"Você disse isso a ele?"
"Não quero que ele pense que sou ingrata ou que não quero ter filhos com
ele". O que eu quero dizer é que acho que uma grande parte do mundo em
que ele foi criado é uma grande bobagem".
"Talvez não deva usar essa palavra", respondeu Jocelyn, rindo, "mas todo
relacionamento saudável é baseado na comunicação aberta".
Sim, mas isso só funciona quando seu cônjuge está disposto a ouvir.
Me encolhi no banco frustrada, pensando na minha conversa com o Aiden
antes de sairmos para o festival, amaldiçoando-me por não ser mais assertiva.
"E a outra parte? " perguntou Jocelyn.
"O quê?" Eu respondi, voltando de meus pensamentos.
"Qual é a outra parte da sensação que está pairando sobre você?"
Eu não tinha certeza se sabia sequer, apenas que estava ali, pairando
ameaçadoramente acima de mim sempre que a conversa de ter filhos surgisse.
"É como este medo escondido no fundo da minha mente".
"Medo de quê?"
"Eu não sei. O desconhecido, eu acho".
"É normal ficar apreensiva quanto ao futuro. Si. Especialmente quando se
trata de começar uma família".
"Não, não se trata tanto do futuro, mas sim do passado de onde eu venho".
"Você quer dizer sua família?"
"Sim, mas não minha família adotiva, minha família biológica. Eu não sei
nada sobre eles".
"E quanto isso te assusta?"
"Quero dizer, fui encontrada em uma carruagem. Eles podem ser qualquer
um. Antes de passar seus genes, você não acha que deveria saber o que eles
estão carregando?"
"A família é mais do que genética, Sienna. Olhe para seus pais adotivos.
Você acha que eles se importaram com quem eram seus pais quando a levaram
para casa?"
"Isso é diferente", eu protestei.
"Mas será?", respondeu Jocelyn.
"Claro que é. Fui literalmente empurrada nas mãos deles. Eles deveriam
esperar por uma checagem de antecedentes de meus pais antes de me trazerem
para casa"?
"Si, eu acho que você está obcecada demais com isso. Qualquer criança que
você tenha com Aiden ficará bem. Você é uma loba perfeitamente saudável,
amorosa, e ele é um Alfa. Eles também recebem metade dos genes dele".
"Isso é fácil para você dizer. Você nem sequer acasalou ".
Lamentei imediatamente ter deixado sair as palavras da minha boca. Não
ter acasalado era algo que importava para Jocelyn, e embora eu não tenha dito
por mal, eu sabia que tinha soado mal.
"Jocelyn, eu não queria dizer isso. Eu estava tentando..."
"Está tudo bem, Sienna. Eu sei que sua cabeça está em um milhão de
lugares". Seu sorriso reconfortante me fez saber que ela não tinha levado isso a
sério. Eu respirei um suspiro de alívio.
"Você precisa falar com o Aiden, no entanto... sobre as duas partes ".
Como sempre, Jocelyn estava certa, mas como eu deveria abordá-lo depois
do que acabara de fazer?
"Bem, esse é o seu conselho sobre como reatar a relação com meu
companheiro. O que você prescreveria para reparar minha imagem com o
resto da matilha"?
"Sou uma curandeira, não uma milagreira", respondeu Jocelyn, levantando
suas mãos em protesto.
Eu tinha silenciado meu telefone quando entramos no carro, ignorando
uma enxurrada de notificações, mas olhei para baixo e vi que tinha novas
mensagens de minha mãe e Selene.
Além de Jocelyn, elas eram as únicas pessoas em minha vida com quem eu
me sentia à vontade para falar naquele momento. Eu sabia que elas não me
julgariam pelo que eu tinha feito.
"Fale com elas", disse Jocelyn. "Acho que já dei todos os conselhos que
tenho, seja como for".
Mãe: Querida, me ligue.
Mãe: Eu não estou com raiva. Eu só quero saber se você está bem.
Mãe: Não escute o que as pessoas horríveis da mídia estão dizendo.
Mãe: Si?
Sienna: OI
Sienna: Obrigada por perguntar, mãe
Sienna: Eu estou bem
Mãe: O que você fez foi tão corajoso.
Mãe: Seu pai e eu estamos aqui para você se precisar de nós. Nós te
amamos.
Sienna: Obrigada. Isso significa muito
Mãe: Tudo isto está me mostrando muitas coisas sobre meus amigos.
Mãe: Patty veio na hora e começou a dizer algumas coisas não agradáveis.
Mãe: Acho que não vou mais falar com ela.
Minha mãe estava perdendo amigos por causa do que eu havia feito? Essa
era a última coisa que eu queria que acontecesse.
Eu não tinha a intenção de dividir a matilha. E o que a mídia estava
dizendo sobre mim?
Selene: Irmã, todas as garotas no trabalho pensam que você é incrível
Selene: Estou tão orgulhosa de ser sua parente!
Selene: Não que eu não fosse antes rs
Sienna: Obrigada, mana (emoji de carinha rindo)
Sienna: Agradeço o apoio
Selene: Estou começando uma nova coleção
Selene: se chama "foda-se o "matriarcado"
Selene: exagerei?
Sienna: Muito bem, Cachinhos dourados
Então, eu estava destruindo amizades e liderando movimentos sociais.
Ótimo.

***
O carro nos deixou na Casa da Matilha. Pensei em ir para casa, mas as
inúmeras mensagens de Aiden deixaram claro que ele tinha que lidar com
aquela situação e que estaria lá pelo resto do dia.
Aiden estava ao telefone quando cheguei em seu escritório. Ele ergueu um
dedo para me avisar que estaria livre em apenas um momento.
Fiquei confortada com o fato de que ele me olhou com o rosto de um
homem mergulhado no trabalho, não de um companheiro enraivecido.
Ainda assim, sua distância me aborreceu.
Comecei a pensar no que eu diria a ele quando ele desligasse o telefone.
Como eu começaria? E se ele dissesse que estava trabalhando até tarde e que
eu deveria ir para casa sem ele?
"Olá, garotinha".
Ele já estava pronto? Eu ainda não tinha ideia de como deveria começar.
"Ei, Sr. Wolf," eu disse, empatando. "Eu queria saber se você precisava de
uma carona para casa hoje à noite".
O que? Uma carona para casa? Não, eu quero saber se podemos falar sobre como eu
acabei de virar nossa vida de cabeça para baixo.
"Depende de quem está dirigindo", respondeu ele, caminhando na minha
direção com uma sensualidade que me deixou com água na boca.
Foco, Sienna.
Ao invés de me beijar como eu queria, ele parou alguns passos e cruzou os
braços, esperando uma resposta.
Eu não podia suportar esta tensão entre nós. Era como se estivéssemos
cada um esperando que o outro tomasse uma atitude. Os flertes brincalhões
daquela manhã pareceram como se fosse um milênio atrás.
"Aiden, quero falar sobre esta tarde".
"O que que tem?"
"Não faça isso".
"O quê?"
"Não me faça soletrar. Você sabe que eu sinto muito por tudo isso. Não
era minha intenção..."
"Olhe, Sienna, eu entendo porque você não se transformou.
"Então por que você está agindo com tanta frieza?"
"Eu não disse que concordava com isso", respondeu ele, mudando sua
expressão para uma de desdém.
Não conseguia descobrir o que me machucava mais, o fato de que ele
entendia quanta dor aquilo me causaria, ou que, mesmo após o fato, ele estava
chateado com minha decisão.
Qualquer sentimento de reconciliação começou a evaporar e foi
imediatamente substituído por uma raiva fervente.
"Por que é tão difícil para você deixar de lado suas estúpidas tradições"?
Eu gritei. "Você não vê que eles estão nos despedaçando, Aiden? E para quê?
Para que a matilha possa dormir feliz, sabendo que seu Alfa e sua companheira
estão em casa fodendo todas as noites, tentando conceber o próximo Alfa?"
Eu não podia acreditar que ele quisesse deixar isso de lado como se fosse
um item trivial em sua agenda. Sua indiferença só alimentou o fogo que
jorrava da minha boca.
"Ou falamos sobre isso agora ou você encontra outro lugar para dormir
hoje à noite"!
Certamente ele saberia que eu estava falando sério agora.
"Vejo você pela manhã então", disse ele, sem hesitar.
Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.
O que foi que eu fiz?
Capítulo 33 - Visitantes Inesperados
Sienna
A noite anterior foi a primeira que passei sozinha desde que nos
acasalamos.
Eu mal conseguia dormir, fiquei deitada na cama lembrando do que tinha
acontecido no escritório de Aiden. Eu queria poder voltar atrás e lidar com
tudo de outra maneira.
Eu me sentia incompleta quando acordei naquela manhã. Eu mal
conseguia comer. As pontadas de arrependimento suprimiram qualquer apetite
que eu pudesse ter.
Eu não conseguia nem mesmo me obrigar a ir para a Casa da Matilha. Em
vez disso, passei o dia na casa dos meus pais pintando.
Quando eu precisava endireitar minha cabeça, geralmente recuava para o
estúdio anexo à minha galeria, mas esses dois lugares eram presentes de Aiden,
e eu não queria mais deixá-lo perturbar minha mente.
Mas eu sabia que não poderia evitá-lo para sempre. Não só porque ele era
meu companheiro, mas porque naquela noite era o chá de bebê da minha irmã.
Ela e seu marido, Jeremy, estavam esperando seu primeiro filho, e Aiden e
eu éramos os padrinhos lunares, então nós dois tínhamos que comparecer.
Uma hora antes de termos que estar no restaurante, ele parou em nossa
casa. Eu tinha voltado para casa mais cedo, com a intenção de consertar as
coisas e estava esperando por ele na cozinha.
A porta da garagem se abriu e ele entrou com a mesma expressão
indiferente de ontem à noite, antes de eu sair de seu escritório.
Ele me olhou, nem um pouco surpreso em me ver ali. "Você pintou
alguma coisa de que gostou?"
"Como você... " Então eu olhei para baixo e vi as pequenas manchas de
tinta seca em minhas calças. "Olha, Aiden, vamos só passar por essa noite?"
"Não acho que vamos ter problemas. Eu adoro bebês."
"Eu nunca disse que não queria um filho. Claramente, você não ouviu nada
do que eu disse."
"Ser minha companheira significa que nossa família não é só você e eu; é a
Matilha toda."
"Isso é engraçado vindo de um homem que nem fala com os próprios pais.
Quanto tempo se passou desde que eles navegaram em direção ao pôr do sol?
Dez anos?"
"É complicado, Sienna."
"É isso não é? Acho extremamente hipócrita da sua parte querer uma
família, considerando o pouco esforço que faz para manter contato com a sua.
Eles nem mesmo vieram para a nossa cerimônia de acasalamento."
"Não vou cometer os mesmos erros que eles." Ele fez uma pausa,
suspirando. "Se é assim que vai ser, eu não acho que devo ir esta noite. Você
pode dizer a eles que estou ocupado com o trabalho."
"Eu não vou fazer isso porque, ao contrário de você, eu me preocupo em
estar presente com a família, e você vai ser o padrinho lunar da minha futura
sobrinha, então você vai estar lá esta noite, goste ou não. A Matilha pode ser
minha família agora, mas vale para os dois lados, e Selene é sua família agora
também."
Eu não tinha notado até agora, mas minhas mãos estavam fechadas e
minhas unhas estavam cravadas nas minhas palmas.
Não tinha percebido até então que talvez a relação complicada de Aiden
com seus pais fosse a razão de ele ser tão inflexível sobre começar um
relacionamento para o bem da Matilha.
Eles eram a coisa mais próxima de uma família que ele tivera até eu
aparecer.
Talvez esta noite fosse algo bom para ele. Ele podia ver como uma família
saudável funcionava unida.
Eu só esperava que Selene e minha mãe não fossem tão loucas por bebês a
ponto de ficarem do lado de Aiden quando o assunto surgisse, o que eu sabia
que aconteceria.
Nós dois nos transformamos em silêncio. Um contraste gritante com
nossa brincadeira de duas manhãs atrás.
Eu não pude deixar de olhar furtivamente enquanto ele puxava a calça por
cima das coxas rasgadas e da bunda forte e musculosa. Posso ter ficado com
raiva dele, mas ele ainda era meu companheiro, e essa distância estava me
matando.
Eu o queria muito. Cada parte de mim ansiava por seu toque, fantasiava
sobre o gosto de seus lábios.
Quando a Bruma chegou, eu não sabia o que fazer. Aquilo nos
transformou em animais selvagens e completamente enlouquecidos por sexo.
No ano passado, meu sexo praticamente explodia sempre que Aiden olhava
para mim.
"Você vai ficar me olhando a noite toda ou vai terminar de se arrumar?"
ele perguntou, tirando-me do meu devaneio.
"Não se iluda. Eu só queria ter certeza de que sua roupa estava bonita."
"Então agora sou um tirano e ainda por cima não me visto bem?"
"Pare com essa maldade" eu disse, ficando um pouco chateada.
"Ei, Sienna", disse ele, arrumando a gravata.
"O quê? " Eu disparei, esperando pelo próximo comentário sarcástico.
"Você está linda."
Por mais que tentasse, não pude evitar de corar. Meu deus, ele era um
idiota, mas eu o amava por isso.
"Depressa, vamos nos atrasar", eu disse, pegando meu casaco. "Vejo você
no carro."

***
O lugar era um restaurante tailandês divertido, que, de acordo com Selene,
ficava na cidade onde ela e Jeremy conceberam minha futura sobrinha. Um
fato que minha irmã fez questão de me dizer quando ela estava planejando esta
noite.
Selene estava sempre me dando informações demais, provavelmente
porque ela sabia o quão desconfortável me deixava ouvir sobre sua vida
amorosa. Mas acho que irmãos são assim mesmo.
Aiden tinha um irmão mais velho também, Aaron, que morreu onze anos
atrás depois que sua companheira foi morta em um acidente de trabalho.
Esse era o poder do vínculo de acasalamento. Se um do par morresse, o
outro o seguia logo após. Um coração não poderia bater sem seu parceiro.
Isso foi na época em que ele parou de falar com seus pais.
Pelo que Aiden me disse, a morte de Aaron os afetou demais, os fazendo
mergulhar em viagens e extravagâncias para se distrair.
No que me dizia respeito, não me importava em não os ter por perto. Se
eles foram capazes de fazer uma lavagem cerebral em Aiden para seguir todas
essas tradições idiotas da Matilha, só deus sabe o que mais eles poderiam
manipulá-lo a fazer.
Do lado de fora do carro, os postes da rua passavam e as luzes da cidade
cortavam a noite como aglomerados de vaga-lumes, congelados em prisões
geométricas.
Virei-me para Aiden, seu rosto recém-barbeado piscando para dentro e
para fora das sombras enquanto avançávamos pela rua.
Ninguém me preparou para esse tipo de amor — o tipo em que você pode
olhar para seu parceiro por horas sem dizer uma única palavra e ficar
totalmente satisfeito.
Fui dominada pelo desejo de tocá-lo, de me conectar com ele.
Eu deslizei minha mão sobre a dele enquanto ela descansava no câmbio.
Ele pareceu ignorar isso, e eu imediatamente me senti uma idiota. Comecei
a me afastar quando ele me parou.
"Continua", disse ele, suavemente, deixando meus dedos caírem entre os
dele.

***
Antes que eu percebesse, estávamos no restaurante. Aiden deu ao
manobrista a chave e nós entramos.
Eu podia ouvir minha mãe antes de vê-la; sua risada foi imediatamente
reconhecível e carregada por pelo menos 400 metros.
Ela e Selene eram bem mais extrovertidas do que eu, mas acho que fazia
sentido, visto que Selene é sua filha biológica.
São pequenas coisas como essa que me deixam tão hesitante em ter meus
próprios filhos.
O que será que eu vou passar para meus filhotes? Eu precisava saber.
"Sienna! Ah, você está tão linda", gritou minha mãe quando entramos na
sala de jantar. "Aiden, você está perfeito, como de costume."
"Tudo por você, Melissa", ele respondeu, beijando-a na bochecha.
"Calma aí, " disse meu pai, aproximando-se e dando um abraço em Aiden.
"Eu posso ser humano, mas ainda posso sentir quando alguém está dando em
cima da minha companheira."
"Como vai, Robert? Ansioso para ser avô?"
"Sim, mas não tanto quanto Melissa está ansiosa para ser avó. Ela já
transformou o antigo quarto de Selene em um berçário e agora está adaptando
a casa inteira para proteger os bebês."
"Ah, pare", minha mãe respondeu, batendo no braço do meu pai. "Você
me faz parecer uma pessoa maluca. Gosto de planejar com antecedência, só
isso. Falando nisso, quais são as novidades em relação ao bebê com..."
"Melissa, por que você não vem me ajudar com os presentes?" disse meu
pai, agarrando-a pelo braço. "Deixe-a dizer olá para Selene."
"Aí, tudo bem. Continuaremos isso mais tarde", minha mãe disse, tomando
outro gole de vinho.
Meu pai me lançou um olhar compreensivo e agradeci a ele por garantir
que evitássemos uma conversa desconfortável. Ele sempre teve uma maneira
estranha de saber como eu me sentia, mesmo sem eu dizer nada.
"Mana!" gritou Selene, aproximando-se com sua barriga grande. Ela estava
simplesmente radiante. "Estou tão feliz por você estar aqui. Desculpe pela
mamãe. Eu não estava controlando quantos copos ela tomou."
"Está tudo bem", eu disse, rindo. "Deixe-a aproveitar a noite."
"Bem, ela vai poder fazer tudo de novo quando você tiver o seu. Não
importa quando for."
"Obrigado por esclarecer." Eu revirei meus olhos.
A conversa na mesa era obviamente sobre bebês, e nas poucas vezes que
começou a se desviar em minha direção, Selene era hábil o suficiente para se
intrometer.
Eu sabia que todos queriam perguntar sobre o festival, e acho que a única
razão pela qual eles não perguntaram foi porque Aiden estava sentado ao meu
lado.
Os lobos fofocavam tanto quanto os humanos, mas era praticamente
sentença de morte falar sobre a companheira do alfa bem na frente dele.
Apesar de tudo que estava acontecendo entre nós, Aiden estava com seu
jeito encantador de sempre. Apreciava o esforço que ele fazia para sempre
garantir que a minha família viesse em primeiro lugar nesses eventos, nunca
deixando-a ser superada por sua fama.
"Eu gostaria de fazer um brinde", disse Jeremy, pondo-se de pé. "A minha
adorável esposa, Selene, a futura mãe de nossa linda garotinha. Eu te amo,
querida, e mal posso esperar para criar essa lobinha tão especial com você."
"Olha só!" disse uma voz desconhecida.
Virei-me e dei de cara com um homem e uma mulher de meia-idade
parados na porta.
Ela tinha cabelos pretos ondulados que iam até os ombros e usava calça
pantalona vermelha e um blusa azul-marinho despojada. Ele era enorme e
usava um blazer xadrez com um ascot lilás horroroso.
Havia algo em seu rosto que parecia familiar, mas não tinha ideia do que
era.
"O que eles estão fazendo aqui?" disse Aiden.
"Você os conhece?" Eu perguntei um pouco confusa.
"Sim", respondeu ele, enrolando o guardanapo. "São os meus pais."
Capítulo 34 – Quanta Audácia
Sienna
Enquanto preparava o café, esforcei-me para ouvir qualquer boato que eles
pudessem deixar escapar enquanto eu estava fora da sala. O chá de bebê da
Selene estava bem mais quente do que eu imaginava.
Após o choque inicial, todos trocaram gentilezas; afinal, eles eram meus
sogros.
Aiden, no entanto, rapidamente os levou para longe.
Ele queria me manter longe, mas eu queria ir junto. Eles claramente tinham
um motivo para aparecer do nada, e eu não queria ficar de fora.
Terminei de preparar a bandeja e levei para a sala, onde todos se sentaram.
Eu sorri para a mãe de Aiden, e ela retribuiu meu gesto com um sorriso
educado. Eu sabia que ela estava me julgando.
"Charlotte, se você não se importa que eu pergunte, como você e Daniel
souberam sobre o chá de bebê da minha irmã?"
"Ah, querida, que pergunta mais boba," ela respondeu com uma risada
tolerante. Ela bateu seus óculos escuros de grife contra os lábios enquanto ria,
como se ela achasse que isso a fazia parecer pensativa.
"Nós sempre sabemos onde Aiden está", ela continuou, pegando a caneca
de café como se nunca tivesse visto uma antes. "Aiden, toda a sua porcelana
está lavando?"
Eu queria gostar dessa mulher, queria mesmo, mas com ela agindo desse
jeito, não tinha certeza de quanto mais eu aguentaria.
"Onde vocês estão hospedados?" perguntou Aiden, tentando mudar de
assunto.
"O que você quer dizer?" respondeu Daniel. "Você ainda tem a casa de
hóspedes, não é?"
Nem por cima do meu cadáver Eu sutilmente movi meu pé sobre o de Aiden e
pressionei seus dedos.
"Não tenho certeza se está de acordo com os padrões da mamãe", ele
rebateu.
Bom menino.
"Ah, nós podemos cuidar disso'', respondeu Daniel, tomando um gole de
café. "Além disso, ficar em outro lugar iria anular o propósito de nossa visita."
"E qual seria o propósito?" Eu perguntei o mais inocentemente possível.
"Ora, para conhecê-la, querida," respondeu Charlotte. "Eu queria ver que
tipo de mulher estava acasalada com meu filho."
"Se você estivesse tão interessada, você poderia ter vindo para a nossa
cerimônia de acasalamento", disse Aiden severamente.
"Não se irrite, Addy. As cerimônias de acasalamento são um monte de
pompa e lengalenga. Não é como se você tivesse que se transformar ou algo
assim."
Charlotte deixou as últimas palavras pingarem de sua língua como ácido.
Mas que bela vagabunda.
Então, tudo isso tinha a ver com o festival da fertilidade. Eu tinha causado
um escândalo, e agora ela queria ver quem tinha bagunçado o mundinho alfa e
perfeito de seu filho.
"Você mesmo decorou este lugar ou contratou alguém?" Charlotte
perguntou enquanto examinava a sala.
"Eu mesma decorei", eu disse.
"Foi o que pensei", respondeu ela, levando a caneca aos lábios. "Hm", disse
ela, sentindo o cheiro.
"Algo está errado? Posso trazer outra coisa para você beber" eu ofereci.
"Não, isso está maravilhoso", respondeu ela, pousando a caneca. "Só acho
que não estou mais com disposição para líquidos. Addy, o que deu em você
para comprar aquele quadro? É um pouco amador, ou era essa a intenção?"
"Sienna pintou, na verdade", respondeu Aiden. "Ela tem sua própria
galeria."
"Então, é isso que você faz quando não está nas manchetes", comentou
Charlotte, ainda mastigando seus estúpidos óculos de sol.
"Aiden, que tal você colocar esses músculos para trabalhar e me ajudar a
trazer nossas malas", disse Daniel, pondo-se de pé.
Aiden me lançou um olhar como se dissesse que não havia nada que ele
pudesse fazer, e eu respondi com um sorriso forçado.
Eu assisti ele e seu pai saírem da sala, e parecia que eu estava sendo
abandonada em uma ilha com uma leoa faminta.
"Você não tem ideia da sorte que tem", disse Charlotte, recostando-se na
cadeira. "Eu tinha vinte e quatro anos quando acasalei com Daniel. Quantos
anos você tem mesmo?"
"Vinte."
"Então você tinha apenas dezenove anos? Que beleza, " ela disse,
entusiasmada. "Agora tudo faz sentido. Dezenove, meu deus."
"Desculpe?"
"Eu estava tentando descobrir por que você sentiu que era importante
fazer o meu filho e toda a nossa Matilha de bobo. Mas agora está claro que
você não sabia de nada. Não se preocupe, vamos esclarecer tudo agora
mesmo."
"Na verdade, eu sabia exatamente o que estava fazendo", retruquei.
"E o que você achou que era, querida?"
"Protestar contra um ritual arcaico que me deixou extremamente
desconfortável."
"Você já se perguntou por que, nos milhares de anos em que a Matilha
existe, você foi a primeira a recusar a se transformar?"
"As coisas mudam."
"Sim, minha querida, elas mudam, mas as pessoas não."
"Claramente", eu murmurei baixinho. "Talvez eu deva ir ver se Aiden e
Daniel precisam de ajuda."
"Não precisa", respondeu Aiden, carregando duas malas de couro
ridiculamente grandes.
"Tem certeza? Posso colocar lençóis na cama."
"Não, eu posso fazer isso quando eu deixar essas malas", disse Aiden.
"Bem, nesse caso, se não precisam mais de mim, acho que vou dormir."
"São apenas nove e meia", protestou Daniel. "Eu estava prestes a fazer
Manhattans para todos nós."
"Podemos adiar para amanhã?"
"Claro. Vejo você de manhã, minha querida" ele respondeu.
"Quanto tempo você e mamãe vão ficar?" perguntou Aiden.
"Você já se cansou de nós? " disse Charlotte, brincando com seus óculos
de sol novamente.
Eu juro que queria pegar aquele negócio idiota da mão dela e parti-lo ao
meio. A audácia dessa mulher, entrando em nossa casa e me dizendo que meu
protesto era infantil.
Eu não me importava se ela era minha sogra; ela iria descobrir que tipo de
mulher eu era.
"Sienna e eu temos muitas coisas para cuidar", disse Aiden. "Vocês sabem
como é liderar a Matilha. Só quero ter certeza de que vocês entendem que não
estaremos por perto o tempo todo."
"Não se preocupe conosco, Addy. Seu pai e eu não precisamos de babá.
Nós sabemos que você já está cansado disso" ela disse, piscando seus olhos
para mim.
Essa vaca está pedindo para apanhar.
"Boa noite a todos. Charlotte e Daniel, vejo vocês pela manhã."
"Eu te encontro daqui a pouco", disse Aiden. "Vou tentar não te acordar."
"Aiden, não se preocupe comigo, querido," eu respondi, agarrando-o pelo
rosto e cravando meus lábios nos dele. Eu fiz de tudo para que minha língua
explorasse toda a sua boca antes de deixá-lo ir. "Não demore muito."
Eu lancei um olhar presunçoso para Charlotte, que estava fervilhando
silenciosamente.
Quando fechei a porta do quarto, sabia que não havia nenhuma maneira de
ficar em casa no dia seguinte.
Eu precisava encontrar uma desculpa para sair.
 
Sienna: O que você vai fazer amanhã?
Michelle: nada demais, na real
Michelle: pq?
Sienna: Os pais do Aiden apareceram no chá ontem
Michelle: O QUÊ?????
Michelle: mds, quer me ver agora?
Michelle: como eles são?
Sienna: Não, pode ser amanhã
Sienna: Pego você às 9
Sienna: O pai parece legal
Michelle: e a mãe?
Sienna: Te conto amanhã
Michelle: (emoji de boca aberta) AFF
Michelle: mal posso esperar
 
Sempre que Michelle e eu precisávamos de um momento só nosso,
tínhamos que dispensar os guarda-costas que me acompanhavam quando eu
saía da minha casa ou da Casa da Matilha.
Eu achava que ter seguranças era bobagem, considerando que eu era uma
loba dominante que podia cuidar de mim mesma, mas agora que havia
literalmente uma multidão fora da Casa da Matilha querendo acasalar, eu não
me importava de tê-los por perto.
Desde que Michelle se acasalou com o Beta de Aiden, Josh, nós duas
tivemos que lidar com a adaptação às nossas novas vidas. A transição dela foi
muito mais fácil do que a minha, no entanto. Michelle adorava todas as roupas
elegantes e regras de etiqueta.
Ao contrário de mim, ela sempre gostou de ser o centro das atenções.
Na manhã seguinte, enquanto calçava os sapatos, preparei uma desculpa
para não poder ficar para o café da manhã, mas quando desci, Aiden me
informou que seus pais já tinham saído, o que para mim era ótimo.
Para mim, a mãe dele nem precisava voltar.
Quando cheguei à casa de Michelle, ela já estava esperando do lado de fora.
Ela era movida a fofoca e sabia que estava prestes a receber o suficiente para
mantê-la satisfeita por um mês.
Ela se amontoou no banco de trás e imediatamente jogou os braços em
volta de mim.
"Si! Eu literalmente não consegui dormir ontem depois das suas
mensagens."
"Não é nada demais."
"Você está brincando? Isso é melhor do que quando Mia descobriu que
estava grávida de gêmeos!
"Todo mundo só quer saber de crianças?"
"Desculpe, desculpe! Eu esqueci."
"Para onde, senhoras?" perguntou meu guarda-costas. Eu gostaria muito
que eles não fossem trocados com tanta frequência, para que eu pudesse
lembrar seus nomes.
"Na parte alta da cidade, por favor, vamos experimentar alguns vestidos",
respondeu Michelle.
"Compra de vestidos? Não dava para ser mais criativa?"
"Você me avisou de última hora, Si. Fazer o quê."
"Vai ter que servir, " eu disse, sarcasticamente.
A loja de vestidos que Michelle escolheu era a mais feminina de todas. Meu
guarda-costas estava claramente desconfortável em pé entre as decorações
floridas e os manequins extravagantes.
''Vamos experimentá-los", disse Michelle, pegando alguns vestidos de verão
aleatórios da prateleira.
Depois que sumimos de vista, uma das garotas que trabalhava lá se
aproximou e Michelle entregou-lhe os vestidos e uma nota de cinquenta
dólares.
"Jas, finja que está pegando vestidos para nós, e depois de dez minutos,
você pode dizer a eles que desaparecemos para que você não tenha
problemas."
"Não é um problema", respondeu a adolescente corajosa.
Eu normalmente me apressava sempre que estávamos prestes a escapar,
mas desta vez tive um mau pressentimento.
"Michelle, talvez devêssemos ficar com meu guarda-costas desta vez. Irritei
muita gente no festival. Eu não me importo se ele nos ouvir conversar."
"Si, por favor", respondeu Michelle, tirando da bolsa um gorro, um
cachecol e um grande par de óculos de sol.
"Você não achou que eu levaria sua segurança em consideração? A gente
vai por apenas uma hora ou duas. Não seja uma gatinha assustada, Madame
Alfa."
Uma voz dentro da minha cabeça estava me dizendo para não ir, mas
talvez eu estivesse sendo cautelosa demais.
"Você está certa, vamos embora"’, eu disse, colocando o disfarce.
Jas nos conduziu pelo corredor e destrancou a saída de emergência.
"Ok, estou impressionada", disse eu enquanto corríamos para fora da loja,
até a traseira de um táxi em marcha lenta.
"Viu? Deixa comigo, garota."
"Mal posso esperar para que tudo isso passe."
"Eu que o diga. Josh ficou superirritado com isso, mas eu o acalmei."
"Você não precisava fazer isso, Michelle."
"Você está brincando? Quer dizer, se eu estivesse no seu lugar, teria
deixado Josh montar a noite toda em mim. Quanto mais pessoas, melhor. Eu
gosto desse tipo de coisa. Mas cada um com seu lobo. Isso que importa,
certo?"
"Isso também", respondi, rindo. "Como estou?"
"Está acabada", disse Michelle com um sorriso.
Quando saímos do shopping, não pude evitar a sensação de que estávamos
sendo seguidos.
Olhei pela janela traseira, mas não vi nada fora do comum.
Você está sendo paranoica. Relaxe.
"Então, Michelle, para onde estamos indo?"
"Onde você acha que vamos antes das onze em um dia de semana? mi-mo-
saaaaas, caralho!"
Capítulo 35 - Entrando na Fila
Aiden
Eu não era idiota. Eu sabia que meus pais não tinham vindo para a cidade
com o desejo de se reconectar.
Depois que Aaron morreu, eles deixaram claro quais eram suas
prioridades. Claro, eu era tão culpado quanto eles por não manter contato, mas
tinha dezoito anos quando eles começaram sua jornada pelo mundo.
Eu havia perdido meu irmão e precisava deles mais do que nunca. Em vez
de se certificarem de que eu estava bem, eles me entregaram à Matilha e, ao
mesmo tempo, me disseram adeus.
Posso ter sido o alfa, mas não significava que tinha todas as respostas.
Foi um alívio quando acordei e vi que o carro deles havia sumido.
Depois que Sienna foi para a cama ontem à noite, eu esperava algum tipo
de conversa séria, inferno, talvez até um pedido de desculpas. Em vez disso,
acabamos de falar sobre suas viagens e ouvi suas críticas e elogios a pessoas
que nunca havia conhecido antes.
Por que eu estava ficando nervoso com isso? Não é como se eles fossem
ficar para sempre. Dei a eles uma semana no máximo antes que fossem
obrigados a viajar novamente.
Talvez eu os visse novamente em mais dez anos. Até então, eu estava mais
do que satisfeito em receber um ou dois cartões postais aleatórios que eles
mandariam.
Eu poderia lidar com tudo isso mais tarde esta noite, no entanto. Agora eu
estava finalmente sozinho e podia começar a trabalhar na montanha de
papelada que estava na minha mesa.
Quando abri a primeira pasta da pilha, ouvi uma batida suave na porta do
meu quarto.
"Sim? Entre" eu disse.
"Espero não estarmos interrompendo nada'’, começou minha mãe,
entrando com meu pai como se fossem os donos do lugar. "Quando você se
livrou das secretárias? Eu me sinto tão rude em aparecer sem alguém para me
anunciar."
"Gosto do que você fez no escritório, filho", disse meu pai, examinando a
sala. "Você contratou alguém ou fez o trabalho sozinho?"
"Eu mesmo fiz. Acho que o papel de parede e as tapeçarias não
combinavam muito comigo."
"Você não jogou fora as tapeçarias, jogou, Addy? Aquelas eram peças
inestimáveis da herança da Matilha."
É claro que essa foi a primeira coisa que lhe veio à mente. Foi ela quem fez
com que eu crescesse conhecendo cada pedaço da tradição e história da
Matilha.
Quando eu era pequeno, ela me fazia recitar os nomes dos últimos vinte
alfas e o que cada um deles tinha feito para contribuir com nossa Matilha antes
que eu pudesse jantar.
"Onde está aquela sua esposa cabeça quente?" perguntou Daniel.
"Não sei", respondi.
"Eu a controlaria com mais vontade se fosse você", respondeu ele. "Ela
tem o pavio curto, e não há como adivinhar que outras 'declarações' ela possa
fazer"
"Eu não sou o dono dela, pai. Ela é uma mulher adulta."
"Bem, de acordo com as notícias, você deve ser o único que acha isso",
interrompeu minha mãe. "Aquela façanha no festival foi inescrupulosa.
Mesmo estando do outro lado do mundo, nós ficamos sabendo, pelo amor de
deus.
"Ela e eu estamos conversando sobre isso, mãe. Eu não preciso que vocês
interfiram."
"Pelo contrário, acho que é exatamente o que você precisa que façamos. É
claro que ela não tem conceito de dever ou tradição. Daniel, ajude a explicar ao
nosso filho a importância do que está acontecendo."
"Aiden, você tem que perceber que Sienna não cresceu como você.
Sabemos que você não pode escolher com quem acasalar, então não estamos
dizendo que nada disso é culpa sua, mas ela é muito jovem, filho.
"Ela simplesmente não entende o que significa estar à frente do grupo.
Quando o deixamos no comando, sabíamos que tudo estaria em boas mãos.
Você foi preparado para isso. Ela não foi."
"E daí? Você está dizendo que as coisas não estão em boas mãos?" Eu
perguntei, perplexo.
"Sinceramente, Addy, não estão. Esta família tem sido a cabeça da Matilha
por cinco gerações, e essa garota qualquer pode acabar manchando todo o
nosso legado."
Eu estava farto de seus insultos. Eles eram meus pais, mas havia um limite
que eu não os deixaria ultrapassar.
"É da minha companheira que você está falando, mãe."
"Sim, tenho plena ciência disso. Suas origens humildes são de
conhecimento comum, querido. Não há necessidade de ficar irritado."
"Estamos aqui para ajudá-lo com esse pequeno problema, Aiden. Se você,
sua mãe e eu nos sentarmos com Sienna, sei que podemos fazê-la entender
que a união da Matilha é mais importante do que seus protestos fantasiosos.
"Pai, eu já disse, estamos trabalhando nisso juntos."
"E você acha que está dando certo?" minha mãe respondeu. — Você tem
29 anos, Addy. O que você acha que acontece quando o alfa de uma Matilha
chega aos trinta e ainda não tem filhotes? As pessoas começam a ficar
preocupadas. Outros alfas começam a observar seu território."
"Você precisa colocá-la sob controle e tentar criar uma família, Aiden. É
sua responsabilidade como alfa."
Antes que eu pudesse dizer outra palavra. Josh entrou pela porta, sem
saber da briga que eu estava tendo com meus pais. Ele os viu e então olhou
para mim.
"Eu volto depois" ele disse, começando a recuar.
"Não, eles já estavam saindo", respondi, feliz por encerrar a conversa.
"Josh, é você?" perguntou minha mãe, radiante. "Ah, que homem bonito
você se tornou. Eu também ouvi que você acasalou."
"Olá, Sra. Norwood, Sr. Norwood. Sim, já faz um tempo. Na verdade, é
por isso que estou aqui. Aiden, nossas amáveis esposas escaparam do
segurança de Sienna. Meus rapazes estão meio que perdendo a paciência."
Ótimo, isso era exatamente o que eu precisava agora.
Olhei para minha mãe, que estava prestes a proferir algo presunçoso,
como: "Eu te avisei". Nós nos olhamos, e eu soube imediatamente que ela não
ficaria em silêncio. O momento era bom demais para ela desperdiçá-lo.
"Sim, parece que você tem total controle sobre sua companheira" ela disse,
mordendo a ponta de seus óculos de sol. "Bem, já que tudo está sob controle
por aqui, acho que podemos encontrar um lugar para almoçar, Daniel. Você
não acha?"
"Sim, vamos deixar Aiden em paz. Veremos você e Sienna esta noite, filho.
Manhattans às oito. Sem desculpas."
Fiz questão de acompanhá-los até a porta e a fechei prontamente após sua
saída.
Minha vida estava indo de mal a uma merda completa, mas a primeira coisa
a fazer era ter certeza de que Sienna estava segura.
Esta foi a quarta vez que ela e Michelle escaparam de seus guarda-costas.
Insisti neles desde que aquela mulher estranha, Eve, apareceu no Baile de
Inverno do ano passado e disse a Sienna que ela estava em perigo.
"Eu não sabia que seus pais estavam na cidade", disse Josh.
"Eu também não, até ontem à noite. E mal posso esperar que eles saiam."
"Você... quer falar sobre isso? " disse Josh, claramente se sentindo um
pouco estranho, mas também obrigado a perguntar. A comunicação
interpessoal nunca foi seu ponto forte.
"Está tudo bem", respondi, para grande alívio de Josh. "No momento,
precisamos descobrir onde nossas esposas estão."
"Como é o horário nobre do brunch, e estamos em uma quinta-feira,
tenho um bom palpite de onde Michelle levou Sienna."
"Ótimo, você pode ir buscá-las? Preciso resolver algumas coisas aqui."
"Sim, sem problemas. Eu as trarei de volta aqui imediatamente."
"Mande Sienna direto para o meu escritório. Vou ter uma longa conversa
com ela."
Sienna
A doçura borbulhante da mimosa era exatamente o que eu precisava. Mais
um motivo para eu estar feliz por não estar grávida.
"Então, como ela é? " perguntou Michelle.
"Ah, a Charlotte é um anjo, " eu respondi. "Ela basicamente falou na
minha cara que acha que sou muito jovem para estar com seu filho e que eu
estava sendo imatura por não seguir o ritual. Quem ela pensa que é para me
julgar sendo que foi ela quem basicamente abandonou seu filho por dez
anos?"
"E eles vão ficar aqui?"
"Sim, na casa de hóspedes, embora eu duvide que eles vão ficar só lá."
"E o pai do Aiden?"
"Ele não é tão nojento quanto a mãe, mas tem uma mente muito fechada.
Ela é literalmente a pior."
"Caramba, lembre-me de dar um grande abraço na mãe de Josh quando eu
a vir. A pior coisa que Nancy já fez foi me dizer que achava que minhas batatas
precisavam de mais sal."
"Eu nem quero ir para casa. Para você ver como é ruim, Michelle. Não há
como aguentar essa mulher. Ela está presa em uma máquina do tempo. É
como se ela tivesse sofrido tanta lavagem cerebral pela tradição que não tem
ideia de como ela é louca."
"Por que não juntamos as garotas e fazemos uma viagem neste fim de
semana? Isso manteria você fora de casa."
"Não, ela vai pensar que estou fugindo. Eu não posso dar esse motivo para
ela."
"E Aiden? O que ele pensa?"
"Na real, não tivemos um momento a sós desde que eles chegaram aqui."
"Sienna, querida, você precisa falar com ele", respondeu Michelle, virando
outro copo. "Você ainda nem resolveu toda a situação das crianças. Quanto
mais você esperar, mais difícil vai ficar.
"Eu sei, eu sei", respondi, servindo-me de outra mimosa. "Eu só preciso
que a Bruma aguarde mais alguns dias."
"Fale por você", disse Michelle enquanto passava manteiga em um bolinho.
"Mal posso esperar pela minha primeira temporada com Josh. Tenho todos os
tipos de surpresas sensuais planejadas para ele. Coitado, mal vai ter tempo de
dormir."
"Ai, Michelle, para," eu disse, rindo. "Minha imaginação é fértil."
"Quem sabe, você aprende alguma coisa", respondeu Michelle, dando uma
mordida sedutora em seu bolinho.
Eu estava me divertindo com Michelle, mas, ao mesmo tempo, não pude
deixar de sentir que estava passando a manhã inteira provando que Charlotte
estava certa.
Uma mulher forte não teria fugido de seu guarda-costas para fazer um
brunch. Uma mulher forte a enfrentaria de frente, e era exatamente isso que eu
pretendia fazer.
Michelle
Sinalizei para o garçom trazer outro jarro.
Eu amava Sienna, de verdade, mas às vezes ela tornava sua vida mais
complicada do que precisava ser.
No fim das contas, ela ainda estava acasalada com o alfa da matilha. Tipo,
olá, quão ruins as coisas podem realmente ser?
Claro, eu não poderia dizer isso a ela.
Agora, animá-la era a prioridade número um.
Razão pela qual eu me certifiquei de ficar longe de tudo relacionado à
Matilha esta manhã. Além disso, o suco de laranja e o champanhe curam todas
as feridas.
"O que você está fazendo? " Eu perguntei, pegando Sienna olhando por
cima do ombro.
"Nada, é só..."
"O que? Fale, garota." Sienna se inclinou sobre a mesa como se estivesse
prestes a me contar um segredo da Matilha. O espírito de fofoqueira que
habita nela começou a surtar de empolgação.
"Desde que saímos da loja, estou com uma sensação estranha... como se
estivéssemos sendo observados."
Capítulo 36 – Aumentandi as Apostas
Michelle
"Espera aí, você quer dizer que alguém está nos espionando?" Eu
perguntei. "Tipo, agora?"
"Não tenho certeza, mas não consigo me livrar dessa sensação sinistra que
começou assim que entramos no táxi."
Eu examinei a área atrás de Sienna e não pude ver nada incomum além de
uma mulher usando tons pastéis fora da estação.
"Si, eu acho que você está sendo paranoica. Além disso, é impossível
reconhecê-la com essa roupa.
Antes que Sienna pudesse responder, meu telefone explodiu com
notificações.
Porra, é o Josh.
Ele não é dos mais espertos, mas ele tinha uma habilidade incrível de saber
quando eu estava aprontando.
"Me dê um segundo. Acho que fomos pegas."
"Nossa sorte ia acabar uma hora", respondeu Sienna, virando sua taça de
champanhe.
Sienna
Peguei o morango do fundo do copo e coloquei na boca, rolando-o na
minha língua e deixando as últimas gotas de suco de laranja e álcool vazarem
antes de esmagá-lo entre os dentes.
A polpa doce tinha um gosto bom.
Pelo menos no meio de todo esse drama, eu ainda estava me lembrando de
tomar minha vitamina C.
Uma leve brisa agitou os guardanapos sobre a mesa e beijou meu nariz
exposto. Apreciei o ar fresco do inverno que envolvia a cidade nesta época do
ano. Sempre me pareceu mais saudável por algum motivo.
Observei as pessoas passando por trás de minhas lentes coloridas. Eu me
perguntei se algum deles tinha ideia de quem eu era. Todo o conceito de ser
uma figura pública ainda me confundia.
Por que eu tive que mudar quem eu era para me conformar com este
padrão que significava ser a companheira de um alfa? Eu não me importava se
todos me amavam. Não amo todo mundo e não acho que seja natural.
Se as pessoas cuidassem de seus próprios negócios e gastassem tanto
tempo focando em suas próprias vidas quanto gastam na minha, o território
seria preenchido com muitos lobos e humanos mais felizes.
Pelo canto do olho, percebi uma figura se movendo mais rápido do que o
resto das pessoas na rua. Ele estava vestindo um sobretudo e escondendo algo
em suas dobras.
Meu coração começou a acelerar e a adrenalina disparou em todos os
cantos do meu corpo.
Eu me senti uma idiota por deixar Michelle me convencer a abandonar
meu guarda-costas, mas não podia perder tempo.
"Michelle, levante-se."
"Tá, espera."
"Não, levante-se agora! " Eu gritei.
Todos do lado de fora se viraram para olhar para nós, mas eu não tive
tempo para me importar. Havia uma pequena cerca separando a mesa da rua,
então não pude confrontá-lo. Ele estava olhando diretamente para mim agora,
seu rosto contorcido em um sorriso diabólico.
Tudo entrou em câmera lenta quando ele puxou o casaco e eu me enrolei
em Michelle.
Clique! Clique!
Clique! Clique! Clique!
"Sorria, Sienna!" chamou o homem por trás de sua câmera, tirando
dezenas de fotos.
Levei um segundo para perceber o que estava acontecendo e, antes que eu
percebesse, todos no restaurante estavam com o telefone na mão e tirando
fotos de Michelle e eu.
Eu ouvi o rugido alto de um motor quando um carro da Matilha parou, e
Josh saltou com dois homens. Eles empurraram a multidão e ergueram as
mãos sobre as lentes do paparazzo.
"Entre agora!" ordenou Josh.
"Não grite conosco como se fôssemos crianças", rebateu Michelle.
"Onde está Aiden?" Eu perguntei.
"Ele disse que falaria com você quando chegarmos à Casa da Matilha.
Espero que vocês duas percebam quantos problemas vocês criaram."
Eu acho que Josh não queria parecer pouco profissional com os outros
dois homens no carro, então ele não falou muito no caminho. Mas pelos
olhares que ele e Michelle trocavam, era óbvio que uma discussão silenciosa
estava ocorrendo dentro do carro.
Quando chegamos à Casa da Matilha, eu saltei do carro e marchei direto
para o escritório de Aiden. Parecia que eu estava me reportando ao escritório
do diretor por faltar às aulas, mas, neste caso, eu é que queria dar uma bronca
nele.
"Tem um minuto para a sua companheira? " Eu disse, me intrometendo.
"Acho que posso dispensar dois ou três, na verdade", respondeu ele,
deixando de lado alguns documentos.
— "Chega de brincadeiras, Aiden. Por que você não veio com Josh esta
tarde?"
"Eu não vi a necessidade."
"Eu sou sua companheira. Eu não preciso de outra pessoa me
repreendendo por estragar tudo."
"Então você admite que deixar sua segurança para trás foi um erro?"
Caramba. Eu não queria falar disso. Foi o que ganhei por deixar meu
temperamento controlar a conversa.
"Olha, acho que você não lembra de tudo que desisti para ficar com você,
Aiden. Quando nos acasalamos, sua vida não mudou. Você continuou sendo o
alfa. A minha foi virada de cabeça para baixo. De repente, todos se importam
com o que eu visto, como eu falo. Têm guarda-costas me seguindo sempre que
eu saio de casa.”
"Eu tive que desistir de ser uma pessoa normal. E caso você não tenha
notado, não sou do tipo que gosta de holofotes. Esta... esta nova vida é muito
difícil para mim. E quando você me pressionou com o festival e todas as coisas
de família, foi demais para mim. Preciso de tempo para me ajustar."
"Você teve um ano, Sienna", Aiden disparou de volta. "Quanto tempo mais
você precisa? Toda matilha está revoltada com o que aconteceu no festival e
agora meus pais estão aqui fungando no meu cangote. Enquanto você estava
bancando a coitadinha com a Michelle, sabe com o que eu estava lidando?
"Meus pais decidiram fazer uma pequena inquisição aqui e me informaram
que é meu dever colocá-la na linha antes que você destrua a Matilha da Costa
Leste e manche o nome Norwood", ele rosnou. — E pensar que defendi você.
Eu disse a eles que você era uma mulher adulta e não precisava ser controlada,
mas me parece que eu estava errado."
Coitadinha? Ele só podia estar brincando. Se seu plano era me deixar ainda
mais irritada, estava funcionando.
"Você realmente acha isso?" Eu perguntei, prestes a entrar em colapso.
"Eu acho que se você realmente se importasse comigo, você saberia que
minha vida é a Matilha, então quando você a desrespeita e as tradições sobre as
quais ela se baseia, você me desrespeita." Eu não podia acreditar que ele estava
virando o jogo para sair como a vítima. Isso só pode ser resultado de qualquer
conversa que ele teve com seus pais naquela manhã.
"Sienna, você está me ouvindo?"
"Sim, eu ouvi cada palavra, Aiden."
"Isto não é um jogo, Sienna. A Matilha precisa saber que tem um
herdeiro."
"É você falando ou é sua mãe?"
"Ei, também não gosto da maneira como ela tratou você, mas ela tem
razão. Eles podem ser indelicados, mas são sinceros. Eles só querem o
melhor."
"Para nós ou para a Matilha?"
"Isso é o que você não entende, Sienna. E tudo a mesma coisa."
Eu estava cansada dessa conversa. Estava claro que ele não iria ceder,
especialmente depois de ser influenciado por seus pais.
Eu me virei e comecei a sair pela porta.
"Aonde você está indo?"
"Vou voltar para nossa casa. Eu prometi a seu pai que provaria os
Manhattans."
"Eu acho que você deveria se acalmar antes de ir lá."
"Eu não vou arranjar uma briga com sua mãe, se é isso que você quer
dizer" eu disse, irritada.
"Mesmo? Porque você explodiu comigo facilmente, e tudo que eu fiz foi
tentar dialogar com você."
Eu não estou acreditando nisso!
"Você chama isso de diálogo? Se não fosse por essas regras arbitrárias,
você gostaria de ter filhos? Quando foi a última vez que você realmente fez
algo porque queria e não porque foi ditado por algum livro empoeirado?"
Aiden fez uma careta para mim, e eu podia ouvir sua respiração aquecida
escapando por suas narinas dilatadas.
Ele se aproximou. Tive que inclinar minha cabeça para trás para poder
olhar nos olhos dele. Nos encaramos por um minuto inteiro, ambos esperando
que o outro falasse, até que finalmente Aiden quebrou o silêncio.
"Cresça, Sienna."
De todas as coisas que Aiden poderia ter dito, essa deve ter sido a que mais
doeu.
Eu poderia lidar com seus pais e a mídia pensando que eu era uma criança
mimada, mas ouvir isso de meu companheiro, a única pessoa que pensei que
sempre me amaria e me respeitaria, me magoou demais.
Estava claro para mim agora que eu nunca o convenceria apenas com
palavras. Eu precisava fazer algo que chamasse sua atenção. Eu teria que
cutucar a ferida.
Quando percebi seu olhar vagando pelo meu decote, eu encontrei a ferida.
"Escuta aqui. Eu me recuso a tolerar o desrespeito de seus pais por mais
uma noite. Ou você diz a eles para se adaptarem ou eu os quero fora de nossa
casa. E se você acha que estou brincando, é melhor se preparar..."
Espero que você esteja pronto, garotão.
"Até que você e eu cheguemos a um acordo sobre começar uma família e
seus pais decidam se atualizar ou permanecer no passado e nos enviar um
cartão-postal de vez em quando, não faremos sexo."
Aiden tentou manter a compostura enquanto olhava para mim, avaliando
se eu estava falando sério ou não.
"Você tá blefando. A Bruma vai chegar a qualquer momento."
"Eu passei por duas estações antes de te conhecer, Aiden. Tenho certeza
de que aguento uma terceira.
"Isso foi antes de você ter acasalado. A Bruma me permite fazer coisas
com você, que você não poderia imaginar."
"Você não me intimida. Fazemos amor há um ano inteiro. Mesmo se você
tiver alguns truques novos, eles não serão o suficiente para me encantar."
Aiden se inclinou para que seus lábios estivessem a centímetros da minha
orelha. "Veremos, então", ele sussurrou.  "Cai dentro." eu respondi, cerrando
meus dentes.
Capítulo 37 - Controle de Danos
Aiden
Então, isso é o que significa amar alguém...
Se qualquer outra pessoa tivesse criado tantas dores de cabeça quanto
Sienna na semana passada, eu já a teria chutado para fora da Matilha, mas não
importa o que Sienna parecesse fazer, esta pequena brasa de devoção ainda
brilhava dentro de mim.
Olhei para o outro lado da mesa. Josh, Jocelyn, Rhys, Nelson e, claro,
Sienna. Nossa, ela estava bem mais gostosa, e eu sabia que era de propósito.
Todos os outros pareciam inquietos e evitaram fazer contato visual
comigo. Eles podiam sentir a tensão que pairava no ar.
Eu tinha convocado essa reunião de emergência depois que o jornal da
tarde saiu. Eu sabia que todos já tinham lido a notícia, mas arranjei uma cópia
física, que agora estava enrolada em meu punho cerrado.
Eu a bati contra a mesa e deslizei sobre a superfície de carvalho polido
para que todos pudessem ler a manchete impressa em negrito na primeira
página:
COMPANHEIRA DE ALFA FOGE DE GUARDA-COSTAS E FAZ
BRUNCH ALCOÓLICO.
"Você está saindo pior do que a encomenda! " Eu rugi, olhando
diretamente para Sienna. "Agora temos que lidar com as consequências do
festival e deste fiasco."
"Não é tão horrível assim, Aiden", disse Rhys hesitante. "O título é
sensacional, mas se você ler o artigo..."
"Quantas pessoas você acha que realmente leram o artigo?" Eu gritei. "E é
horrível, sim, Rhys. Deixe-me ler algumas linhas."
Dei a volta na mesa e peguei o papel, quase rasgando-o em dois quando o
abri.
"Abre aspas: 'Tal desrespeito flagrante pelo protocolo da Matilha levaria
qualquer lobo racional a acreditar que Sienna Norwood não tem interesse em
cumprir suas responsabilidades como companheira de nosso alfa e, em vez
disso, prefere passar seu tempo cedendo às vantagens de sua posição.' Fecha
aspas.
"Este artigo inteiro faz Sienna parecer uma loba qualquer, obcecada por
festas e em gastar o dinheiro da Matilha. Essas acusações não apenas destroem
a imagem de Sienna, mas também prejudicam todo este conselho. Cada um de
vocês deveria estar tão furioso com isso quanto eu.
"Nós trabalhamos muito duro nesta Matilha, e eu não vou deixar um
jornalista qualquer manchar nossa reputação. Não é sobre Sienna ser minha
companheira. É sobre como a nossa matilha é vista pelo público."
"O que você acha que devemos fazer?" perguntou Josh.
"Não sei. E por isso que convoquei esta reunião, respondi, cruzando os
braços. Eu odiava a raiva que esse artigo estava me dando, mas foi a gota
d’água que me levou ao limite.
Entre meus pais, a obstinação de Sienna e a confusão do festival, eu estava
pronto para derrubar uma parede no soco.
"A Matilha precisa saber que você apoia sua companheira. Você deve fazer
uma declaração defendendo as ações de Sienna" respondeu Jocelyn. "Se você
ataca o jornal, só dá mais credibilidade à história".
Claro que era isso que Jocelyn iria querer. Seria bom para Sienna e para
mim, mas pioraria as coisas com a imprensa.
Eu tinha evitado propositalmente fazer qualquer declaração que pudesse
dar a eles uma pista de como eu me sentia sobre as ações de Sienna no festival.
Isso deixaria tudo muito claro.
"Se ele fizer isso, vai parecer que Aiden é facilmente influenciado", rebateu
Nelson.
Ele era um lobisomem magro e pálido que, apesar de sua estatura
moderada, sempre defendia qualquer opção que projetasse mais força. "Acho
que você deveria negar as acusações e, simultaneamente, anunciar algum
projeto importante do qual Sienna se encarregará."
"Talvez possamos matar dois coelhos com uma cajadada só", acrescentou
Josh. "Faça com que eles acreditem que Sienna teria se encontrando com
Michelle para anunciar secretamente que vocês dois vão começar a tentar ter
um filhote ou algo assim, sabe?
"Todos vão esquecer a história assim que souberem que você está tentando
formar uma família. As pessoas são loucas por bebês, então apenas dê a eles o
que eles querem."
Josh tinha razão. Pelo menos isso acabaria com toda a pressão pública. Ou
talvez apenas mudaria seu foco. Dava para ver vans de noticiários fora de
nossa casa, esperando para obter qualquer pista de que estávamos transando.
Até parece.
"Então, você quer que Aiden minta?" respondeu Jocelyn.
"Eu disse que eles vão 'começar a tentar'. Não que Sienna já está grávida"
respondeu Josh, irritado. "Além disso, foram esses tabloides que começaram.
Por que não dar a eles um gostinho de seu próprio remédio?"
"Vocês estão tentando?" perguntou Rhys. "Isso faria todo esse problema
desaparecer em um instante."
Sienna pigarreou com raiva. "Eu acho que tudo o que eu tenho a dizer não
importa?"
Lá vamos nós. Eu não estava a fim de brigar.
"Eu não preciso que você ou qualquer outra pessoa fale por mim" ela
continuou."
"Companheira de Alfa ou não, eles não têm o direito de se intrometer em
nossa vida."
"Não funciona assim", respondi, cerrando os dentes.
Os olhos azuis de Sienna acenderam quando ela me encarou. Eu tinha
certeza de que ela estava prestes a explodir pelo jeito que ela umedeceu os
lábios. Como um velocista se alongando antes de uma corrida, ela estava os
lubrificando antes de descarregar uma torrente de insultos em minha direção.
Os outros podiam sentir o que estava por vir e imediatamente se calaram,
desviando os olhares, sem saber se deveriam sair ou ficar.
Jocelyn, que normalmente mediava qualquer desavença entre os membros
do conselho, ficou em silêncio como o resto. Este era um confronto entre
companheiros, e apenas Sienna e eu poderíamos resolver isso.
As dobradiças da porta do conselho rangeram atrás de mim.
"Volte mais tarde. Estamos em reunião! " Eu lati.
"É isso que você chama de decoro?" cantou a voz da minha mãe.
Ótimo. Era a última pessoa que eu precisava nessa porra de sala.
"Mãe, você pode esperar por mim em meu escritório. Temos alguns
negócios para terminar."
"Se refere a como você vai responder a esse artigo terrível? Seu pai e eu já
cuidamos disso."
"O que você quer dizer?"
"Ainda temos contatos no jornal, então ligamos para eles e tomamos a
liberdade de divulgar um comunicado em seu nome e de Sienna", ela
respondeu, girando os óculos de sol contente.
"O que você disse? " Eu perguntei, enquanto um buraco começava a se
formar no meu estômago. Eu olhei para Sienna. Ela estava fervendo. Isso não
ia acabar bem.
"Dissemos a eles que Sienna iria emitir um pedido público de desculpas
por seu comportamento recente e que ela concordou em refazer o ritual do
festival da fertilidade durante a próxima lua cheia."
O buraco no meu estômago se transformou em um desfiladeiro enquanto
ela falava.
Eu sabia que ela e meu pai tinham um plano, mas nunca pensei que eles
iriam passar por cima de mim dessa forma. Eles podem ser meus pais, mas eu
ainda era o alfa, caramba.
"Você deveria ter falado comigo primeiro", respondi, ansioso para
interromper Sienna que estava prestes a explodir.
"Sabemos como é importante agir rapidamente nessas situações, querido."
"Você não pensou em ligar, talvez mandar uma mensagem?"
"Ah, Addy, você sabe que nunca vou entender como mexer nesses
smartphones. Por que parece tão chateado? Você se opõe a algo que
dissemos?”
Ela lançou um olhar confuso e inocente, mas ela sabia exatamente o que
estava fazendo. Ela estava me forçando a escolher lados na frente do meu
conselho, na frente da Sienna.
Nos últimos dez anos, tornei-me indiferente em relação à minha mãe, mas
nunca pensei que ficaria ressentido com ela como eu estava.
Mesmo que nós dois quiséssemos as mesmas coisas, seus métodos para
obtê-los eram baixos e desonestos.
"Você não vai me oferecer um assento?" ela perguntou.
Eu podia sentir os olhos de Sienna em mim, como adagas pairando em
volta da minha cabeça. Não ousei olhar para ela.
"Claro," eu respondi. "Você pode sentar onde quiser."
Sienna se levantou, sua cadeira praticamente voando para trás contra a
parede.
"Eu não vou sentar na mesma mesa que aquela mulher. Se você deixá-la
sentar, você está validando tudo o que ela fez para minar sua posição nesta
matilha."
"Sienna", disparei de volta, "não tivemos a chance de discutir..."
"Não parece que nada do que ela disse está aberto para discutirmos, Aiden.
Não vou emitir nenhum pedido de desculpas e certamente não tenho intenção
de seguir com o ritual de fertilidade na próxima lua cheia."
Sienna voltou sua atenção para minha mãe, que calmamente fixou os olhos
nos dela. "Quem você pensa que é?"
"Alguém que está cuidando do bem-estar desta matilha, minha querida."
"Se isso é o que você realmente se preocupa, você não estaria tentando
sabotar meu relacionamento com seu filho", respondeu Sienna friamente. —
Caso você tenha esquecido, sempre estarei acasalada ao Aiden, então você
pode aceitar isso ou dar o fora desta Casa e de nossas vidas.
"Só estou aqui por causa das escolhas erradas que você continua a fazer,
querida. Talvez eu não seja a única que tem dificuldade em aceitar os fatos.
Sem esta matilha, você não é nada."
Os olhos de cada membro do conselho se voltaram para mim, implorando
para que eu fizesse alguma coisa antes que aquelas duas voassem na garganta
uma da outra.
"Mãe, por que você não volta para casa. Podemos conversar sobre isso esta
noite, em família."
"O jornal espera que Sienna faça uma declaração esta tarde, Addy."
"Sienna e eu cuidaremos disso."
"Não precisa, querido, eu já tenho um rascunho. Tudo que ela precisa fazer
é ler" respondeu Charlotte, puxando um pedaço de papel dobrado do bolso de
seu casaco curto.
"Obrigado. você já fez o suficiente por um dia, mãe. O conselho tem
outros negócios que precisamos discutir."
"Oh, entendo", respondeu ela, visivelmente descontente. "Bem, vou deixar
isso aqui para você examinar. Acho que você descobrirá que não requer
nenhuma alteração."
Ela colocou o papel na mesa e se virou para sair. Apenas mais alguns
passos e ela estaria fora do meu alcance por algumas horas enquanto eu
controlava a Sienna.
"Pensando bem", ela disse, parando na porta, "você pode precisar fazer
alguns ajustes para dar conta de sua maneira rústica de falar. Ciao querido."
A porta se fechou com um clique gracioso da trava, mas o veneno de suas
palavras agarrou-se a todas as superfícies da sala.
Um olhar para Sienna e eu poderia dizer que as coisas iam ficar feias.
"Eu preciso de um momento a sós com Sienna."
"É claro", respondeu Josh, ansioso por qualquer desculpa para ir embora.
"Sim, estaremos em nossos escritórios", acrescentou Rhiys. "Vamos,
Nelson."
"Tem certeza de que não quer que eu fique? " perguntou Jocelyn. Seus
instintos de cura sabiam quanta discórdia minha mãe havia semeado, mas este
não era o momento de trazer uma terceira pessoa para o nosso conflito.
"Sim, eu tenho certeza. Voltaremos a nos reunir depois do almoço."
Todos saíram da sala em ordem rápida, exceto Sienna, que permaneceu em
pé na frente de sua cadeira.
A chama em seus olhos havia diminuído, mas o resto de seu corpo estava
tenso de agitação.
"E então?" ela perguntou, olhando para o papel e de volta para mim. Ela
estava esperando para ver se eu pegaria, esperando para ver de que lado eu
ficaria.
Ambos eram complicados. Ambos exigiam sacrifícios.
Eu ponderei minhas opções, soltei um longo suspiro e fiz minha escolha.
Capítulo 38 - Fricção Aquecida
Sienna
Eu assisti calada e com ódio quando a mão de Aiden alcançou o papel que
Charlotte tinha deixado sobre a mesa. Só o fato de ele estar curioso para ler fez
meu sangue ferver.
Ele estava realmente escolhendo sua mãe em vez de mim? Ele sabia que
estaríamos acasalados para o resto da vida, certo?
Com sorte, Charlotte tinha apenas mais alguns anos antes de bater as
botas.
Dei um passo em sua direção e separei meus lábios, mas antes que uma
única palavra pudesse escapar, ele ergueu um dedo e caminhou até a cesta de
lixo, deixando o papel dobrado cair dentro dela.
"Isso não significa que eu tenha ficado do seu lado", disse ele friamente.
Fiquei atordoada, mas principalmente aliviada. Talvez ele não tenha sofrido
uma lavagem cerebral como eu pensava. Ainda assim, o fato de eu ter dúvidas
sobre qual de nós ele apoiaria me deixou furiosa. Eu precisava saber o que ele
estava pensando.
"O que isso significa? " Eu perguntei.
"Sienna, eu te entendo, mas aquele artigo não te ajudou em nada."
"E nem seus pais", eu disparei.
"Deixe que eu cuido deles", ele disse, entrando no meu espaço.
Está bem, Aiden. Não é como se eles estivessem fazendo você de gato e sapato.
Era típico dele pensar que poderia me intimidar dessa maneira. Foi como
ele lidou com qualquer outra pessoa que o questionou, mas não funcionou
comigo. Eu o conhecia por quem ele realmente era.
Eu sabia de sua compaixão, sua doçura, e era por isso que todo esse drama
entre nós estava me matando.
Talvez se eu explicasse o meu ponto de vista, ele entenderia por que fui tão
hostil com sua mãe.
"Aiden, você está sob o controle deles. Dê um passo para trás e veja todas
as coisas que eles estão pressionando você a fazer."
"Eu não acabei de jogar fora a declaração da minha mãe? " ele protestou.
"Você acha que eu gostei quando minha mãe me acusou de ser incompetente
na frente de todo o meu conselho?"
Fala sério. Eu não conseguia acreditar que depois de toda aquela palhaçada,
ele se preocupou mais com a sua aparência na frente de seus amigos.
Talvez eu estivesse errada sobre haver esperança de que ele pudesse ver as
coisas através da minha perspectiva.
"Então, você acha que esse foi o problema? Não toda aquela história de
prometer me submeter a você na próxima lua cheia?"
"Ainda estou esperando que você proponha uma solução para esse
problema", respondeu ele. "Concordar em reagendar isso me pouparia muita
dor de cabeça."
"Tirar seus pais da nossa cola pouparia nós dois de muita dor de cabeça,"
eu disse friamente. "Não entendo por que você os deixou escapar impunes de
tudo isso."
"No fim das contas, eles ainda são meus pais, Sienna. Achei que você, entre
todas as pessoas, entenderia isso."
É sério que ele estava me chamando de hipócrita?
Se seus pais fossem pessoas adoráveis e eu fosse uma companheira louca e
ciumenta, tudo bem, mas o relacionamento de Aiden com Charlotte e Daniel
era tóxico. Me deixou completamente perplexa saber que ele não percebia isso.
Aiden estava redondamente enganado se pensava que sua mãe merecia sair
impune simplesmente porque ela era da família.
"Me desculpe, eu entendo o que significa ter um relacionamento saudável
com os pais. Um baseado no respeito e na empatia, não em legados e política.
Não é assim que famílias saudáveis tratam umas às outras, Aiden."
Eu percebi que o estava deixando desconfortável. Talvez eu tenha pegado
pesado demais.
Ele não tinha crescido em um lar amoroso como eu, e apesar do fato de eu
não compartilhar uma gota de sangue com o resto da minha família, eu sabia
que eles me amavam de uma maneira que Aiden não conseguia entender.
Quando nos acasalamos pela primeira vez, nosso relacionamento foi
dominado pela luxúria e paixão, mas conforme as semanas se transformaram
em meses, descobri o vazio emocional que existia no coração de Aiden.
Eu tinha feito o meu melhor para preenchê-lo, mostrando a ele o que
significava ter alguém que o amava incondicionalmente, que ele era valorizado
e desejado por algo além de ser o alfa.
Talvez eu não tivesse feito um bom trabalho remendando ele. Ou talvez eu
tivesse que enfrentar o fato de que nunca poderia substituir o amor que ele
buscava em seus pais.
Após meus últimos comentários, Aiden cruzou os braços e olhou
pensativamente para seus sapatos.
O silêncio estava começando a me incomodar.
"Sienna, desde que comecei a andar com seus pais e sua irmã, vi como uma
família deve funcionar. De certa forma, parece que seus pais também me
adotaram.
"Eles me lembram da família que eu costumava ter, aquela antes de Aaron
morrer. E agora que meus pais estão aqui de novo, quero tanto fazer
funcionar. Eu quero tê-los de volta na minha vida."
Eu podia ver a dor em seus olhos enquanto ele lutava para se abrir. Eu
sabia que não era fácil para ele.
Falar sobre rompimentos e paixões com as meninas era uma coisa, mas
isso era um trauma emocional sério. Eu me senti completamente perdida.
"Aiden, eles o abandonaram", respondi, decidindo ser franca. "O que o faz
pensar que pode fazer com que eles mudem agora?"
"Naquela primeira noite, quando você foi para a cama cedo, eles me
disseram que queriam estar aqui para cuidar de nossos filhos. Então, eu pensei
que se eu dissesse a eles que estávamos tentando..."
"Espere, você disse a eles que estávamos tentando engravidar para ganhar
seu afeto? Aiden, por que você não me disse isso?"
"O que você quer dizer?" ele respondeu amargamente. "Se eu te contasse,
você teria surtado. Achei que poderia ganhar tempo suficiente para fazer você
mudar de ideia, mas então este artigo foi publicado e virou tudo uma grande
bagunça."
Ok, eu tinha que admitir que provavelmente teria surtado, mas ele não
deveria estar fazendo promessas por nós dois.
Deveríamos ser parceiros e, agora, eu me sentia mais como um
aborrecimento do que como uma parceira. Uma linda garota jovem que ele
mantinha por perto para dar à luz bebês e ficar bonita em eventos especiais.
"O amor não é condicional, Aiden. Você não deveria precisar prometer
netos aos seus pais para ganhar o afeto deles."
"Porque você não... Aiden parou abruptamente, segurando o peito. Sua
respiração ficou pesada e ele virou a cabeça para o lado. "Droga, está
acontecendo."
Meu rosto ficou pálido quando o terror me atingiu.
O que ele quis dizer?
Ele estava tendo um ataque cardíaco?
"Aiden, o que está acontecendo? Diga-me! " Eu implorei, mas antes que
ele pudesse responder, eu tive minha resposta.
O calor pulsante e fundido da Bruma se acendeu dentro do meu peito e se
espalhou por todo o meu corpo como um incêndio. Minhas pernas
formigaram e meus seios incharam. Quando o cheiro de Aiden atingiu meu
nariz, foi como derramar gasolina em chamas.
Eu olhei para ele com um desejo enlouquecido.
Eu precisava ter ele.
Eu ansiava por ele estar dentro de mim.
A maneira como ele olhou para mim, aqueles olhos verde-dourados em
chamas de luxúria, me mostraram que ele estava lutando contra os mesmos
impulsos primitivos.
Seus músculos flexionaram e tensionaram enquanto ele tentava lutar contra
isso, mas com cada respiração, ele sentia mais e mais dos meus feromônios,
tomado por uma fome violenta induzida pela Bruma.
"Ainda quer tentar um desses truques de mágica?" Eu perguntei, tentando
firmar minha respiração.
"Pelo que parece, eu não preciso," ele disse com um sorriso irônico.
"Fale por si mesmo," eu disparei de volta, lutando com o desejo do meu
corpo de me jogar contra seus músculos protuberantes e começar a rasgar suas
roupas.
Ele diminuiu a distância entre nós, para que eu pudesse sentir sua
respiração no meu rosto.
Corri meus dedos por seus cachos negros bagunçados antes de torcer sua
cabeça para o lado. Ele cerrou os dentes em êxtase.
"Sinto muito, doeu?" Eu perguntei, de pirraça.
"Só fez cócegas."
"E isso aqui?" Eu disse, deslizando minha mão até sua virilha. Ele mordeu
a língua e bateu com o punho contra a parede.
"Isso é tudo que você tem? " ele gritou.
Eu sabia que tinha que ter cuidado com o quão longe eu levaria isso. A
sensação de seu membro rígido em minha mão estava quase me deixando
louca também. Ele latejava com o meu toque e eu o imaginei deslizando
dentro de mim, me alargando.
"Você não vai mesmo fazer nada?" Eu perguntei, apertando com mais
força.
"Você não é a única teimosa... nesta rela... relação, " ele conseguiu falar
entre as respirações.
Quanto mais eu olhava para ele, mais perigoso meu jogo se tornava. Senti
que estava ficando molhada e o ar em meus pulmões esquentou. Eu mal
conseguia respirar enquanto minhas roupas apertavam contra meu corpo.
Mas eu não podia recuar agora. Para isso funcionar, ele tinha que dar o
braço a torcer.
"Você está bem?" perguntou Aiden, soprando contra meu pescoço. "Você
parece meio febril."
"Estou perfeitamente bem", respondi, com a voz trêmula.
"Tem certeza de que não precisa de uma mão?" ele perguntou, guiando sua
mão para baixo, entre as minhas pernas, segurando meu sexo. "Porque você
está meio quente."
Seu toque enviou tremores pelo meu corpo e minhas coxas se apertaram
em torno de sua mão. Eu estava praticamente ofegante enquanto a Bruma me
devastava.
"Não se iluda, querido. Isso é normal para a primeira onda da temporada."
Eu precisava virar o jogo antes de perder todo o controle. Comecei a
esfregá-lo através das calças.
Seu aperto na minha virilha afrouxou quando ele se dobrou sob o estímulo.
"Essa é apenas a minha mão. Imagina como seria bom com a minha boca"
eu disse, lambendo atrás de sua orelha. Senti sua mão começar a deslizar de
volta para o meu sexo, mas não iria deixá-lo lutar. Eu o tinha nas mãos; era
hora do nocaute.
Em um movimento rápido, eu levantei sua camisa e mergulhei minha mão
em suas calças. Não havia barreira agora.
Meus dedos envolveram sua base lisa, deslizando suavemente para cima e
para baixo em seu comprimento.
O toque da minha pele contra a dele nos deixou em um frenesi. Aiden
agarrou meu braço, me empurrando contra a parede. Ele trouxe seus lábios
para um beijo, mas eu me afastei.
Ele tentou colocar as mãos em meus seios, minha bunda, em qualquer
lugar que pudesse ganhar a vantagem, mas eu apenas acariciei cada vez mais
rápido até que pude sentir que ele estava à beira do clímax.
Só mais um pouquinho.
Aiden estava respirando com dificuldade, perdido no prazer da minha
obra. Qualquer luta restante nele havia desaparecido, e ele se entregou
completamente à sua Bruma. Ele estava exatamente onde eu o queria.
"Já é o suficiente" eu disse, puxando minha mão para fora de sua calça.
"É o melhor que você tem?" perguntou Aiden, o suor escorrendo pelo
rosto.
"Nem perto, amor," eu respondi. "Estou apenas aquecendo."
Capítulo 39 - Lavagem de Roupas
Jocelyn
Desde aquela viagem de carro com Sienna, minha cabeça tinha virado uma
teia emaranhada de pensamentos e emoções. Tentei meditar, mas não consegui
clarear minha consciência. Sempre que ficava assim, tinha que apelar pros
velhos hábitos.
Eu precisava de uma bebida.
O Housman's era o meu lugar preferido quando eu precisava fugir. Era um
antigo bar escondido em um beco. Não tinha nada do brilho e do glamour dos
bares e clubes populares, mas isso que eu amava nele.
Eu nunca tive que me preocupar com um lobo da Casa da Matilha
entrando pela porta ou qualquer outra pessoa que pudesse me reconhecer.
A mulher atrás do bar era uma doce senhora chamada Clementine. Ela me
tratava como uma filha, sempre fazendo questão de me agarrar pela mão e me
perguntar como eu estava.
Ela sabia que eu só a visitava quando precisava resolver alguma coisa, e
cara, eu tinha muita coisa para resolver.
Sienna era como uma irmã mais nova para mim. Eu via muito de mim
mesma nela, e quando ela se acasalou com Aiden, meus sentidos de cura me
disseram que ela precisava de alguém para ajudá-la a viver na Matilha.
Eu cresci naquele mundo e podia ajudá-la de uma forma que sua mãe e sua
irmã não conseguiam.
Claro que a ironia não passou despercebida. Eu tinha 25 anos e não estava
acasalada, praticamente uma solteirona nos anos de lobisomem, aconselhando
uma garota de 20 anos sobre como planejar uma família e lidar com seu
companheiro.
Depois de minhas aventuras fracassadas com Aiden e Josh, eu estava
impaciente para encontrar meu companheiro. A cura era um trabalho solitário.
Fui a quem todos procuraram, mas para onde a Curandeira deveria ir quando
tinha problemas?
Era isso que eu estava tentando descobrir no Housman’s.
Tomei um gole da minha bebida.
Escorreu pela minha garganta e espalhou seu fogo pelo meu peito. Mas em
vez de parar ali, seu calor continuou descendo pelo meu corpo, estabelecendo-
se entre minhas pernas em um inferno inesperado.
Porra, a Bruma está perto.
Enquanto as explosões pulsavam na minha virilha, examinei o bar.
Nenhum dos homens estava me olhando.
A Bruma pode deixar as lobas com tesão, mas ainda deve haver alguma
atração entre os amantes.
Eu me virei e examinei as cabines. O frio na barriga começou a percorrer
todo o meu estômago. Isso não poderia estar certo.
Eu estava olhando para um casal que estava se tocando. Eles não eram
amigos, eu sabia disso, mas por que minha Bruma estava me puxando em
direção a eles?
Eles devem ter sentido o quão excitada eu estava ficando porque a mulher
parou de beijar o pescoço de seu parceiro e olhou em minha direção.
Nós nos olhamos, e então ela sussurrou no ouvido de seu homem. Ele me
deu uma olhada e sorriu antes de dar sua resposta.
A mulher se levantou e caminhou em minha direção. Ela tinha cabelos
crespos e ruivos e uma linda pele cor de café. Seus quadris balançavam de um
lado para o outro em um ritmo hipnotizante.
Talvez ela queira apenas pedir uma bebida no bar. Olhe para a sua bebida. Não faça
contato visual.
"Meu parceiro e eu não pudemos deixar de notar você."
Merda.
Meu rosto corou quando me virei para encará-la. "Eu sinto muito. Eu não
queria ficar olhando."
"Gostou do que viu?" ela perguntou com um sorriso brincalhão.
Espere, o que ela quer dizer?
Antes que eu pudesse pensar em uma resposta, minha Bruma explodiu.
Eu agarrei o balcão para me manter de pé. Algo nessa mulher e no seu
homem fez meu corpo derreter. Olhei para o parceiro dela, um dominante alto
e musculoso com cabelos castanhos esvoaçantes e barba áspera.
Eles eram tão lindos e sexy. Eu nunca tinha feito nada assim antes, mas
nada sobre isso parecia errado.
"Gostei muito", respondi, tocando a mão da mulher.
Nós três caímos na cama, arrancando as roupas um do outro em um
frenesi acalorado. Eu agarrei o homem e comecei a beijá-lo, mas a pressão
quente dos lábios da mulher em meus seios me fez ofegar.
Antes que eu percebesse, entreguei meu corpo às suas mãos e lábios. Eu
me torci e flexionei sob o intenso prazer que agarrou cada músculo e
terminação nervosa.
Eles se revezaram entrando em mim. Ele com seu pênis e ela com seus
dedos e sua língua.
Senti tudo apertar e uma pressão começar a crescer dentro de mim.
Eu estava com tanto calor, quase delirando. Minha pele estava coberta de
suor e eu mal conseguia recuperar o fôlego.
"Eu vou gozar!" Eu gritei.
Eu agarrei a mulher e puxei seu rosto para o meu. Nós fechamos os lábios,
nossas línguas se tocaram alegremente, sensualmente.
Naquele instante, tudo foi liberado em uma violenta erupção e ondas de
contrações quentes sacudiram meu corpo. Todo o ar saiu correndo dos meus
pulmões e minha boca se abriu, mas não consegui gritar.
Agarrei-me a ela e ela me abraçou, olhando para mim com seus olhos
escuros e reconfortantes.
O orgasmo me deixou completamente mole. Eu me sentia como se tivesse
acabado de correr uma maratona e as únicas partes de mim que ainda
funcionassem eram o coração e os pulmões.
"Você se divertiu?" ela perguntou.
"Você está brincando?" Eu disse, ainda recuperando o fôlego. "Sim. Eu me
diverti muito.
"Bom. Nós também, "ela respondeu, sorrindo. Ela e seu parceiro deitaram-
se um de cada lado meu e acariciaram meu corpo suavemente com a ponta dos
dedos.
Fiquei lá por meia hora e os observei fazer amor enquanto recuperava
minhas forças. Por alguma razão, eu me sentia à vontade com eles de uma
maneira que nunca havia experimentado com nenhum de meus amantes
anteriores.
Quando saí, os dois ofereceram um beijo de despedida.
"Talvez a gente volte a ver você", disse a mulher, puxando-me para seu
abraço.
Eu a cheirei uma última vez.
Eu não queria ir embora.
"Sim, eu adoraria", respondi, segurando-a com força.
Josh
Eu não me importava de ter Sienna no conselho. Como companheira do
Alfa, ela tinha todo o direito de estar envolvida na governança da Matilha. O
que me incomodava mesmo era todo o drama que isso estava gerando.
Eu sempre me achei um Beta bem tranquilo, mas ainda precisava fazer a
Matilha funcionar da maneira mais tranquila e eficiente possível.
Não apenas porque era meu trabalho, mas também porque Aiden era meu
melhor amigo, e se eu me saísse bem, isso tornaria a vida dele um pouco mais
fácil. Isso era o que os melhores amigos faziam um pelo outro.
Toda essa sobreposição entre sua vida doméstica e a vida da Matilha,
entretanto, estava causando alguns problemas importantes.
Isso não quer dizer que eu achasse que Aiden e Sienna deviam varrer suas
diferenças para baixo do tapete, mas dado o arranjo atual, quando eles
brigavam, a Matilha sofria.
"Aiden, você tem um minuto?" Eu perguntei, alcançando-o no corredor.
"Claro, Josh. O que aconteceu?"
"Eu estava procurando a lista de instituições de caridade para as quais
vamos doar neste feriado, e não consigo encontrar."
"Sienna está cuidando disso."
Isso ia ser mais difícil do que eu pensava. Como eu deveria dizer a ele que
sua companheira estava deixando a peteca cair sem irritá-lo?
"Ótimo, mas eu meio que preciso da lista até quarta-feira. Caso contrário,
as doações não serão entregues a tempo. Eu posso cuidar tranquilamente disso
se ela estiver ocupada."
"Não, vou lembrá-la esta tarde."
Ele ainda não estava entendendo. Se ele tratava a Sienna assim, eu
entenderia por que ela estava chateada com ele. Acho que precisava ser mais
direto.
"Acho que você a sobrecarregou com coisas demais, Aiden. Especialmente
quando está claro que a Matilha não é necessariamente sua prioridade número
um. Se ela quiser reduzir seu envolvimento, posso assumir o trabalho. Eu
estava fazendo tudo antes de qualquer maneira."
Prendi a respiração, esperando para ver qual versão de Aiden eu estava
prestes a encarar.
"Josh, ela precisa aprender que os negócios da Matilha são tão importantes
quanto qualquer outra coisa que ela faça. Ela é minha companheira, e isso faz
parte de suas responsabilidades."
"Certo, mas dado tudo o que está acontecendo entre vocês dois..."
"Eu disse que vou falar com ela sobre isso esta tarde. Você receberá sua
lista."
Eu sabia que não devia pressioná-lo quando ele ficava assim. Eu disse o
que queria e saí antes que ele explodisse.
Sienna
Winston's sempre foi o lugar onde meus amigos e eu frequentávamos antes
de Michelle e eu nos casarmos.
Era um restaurante mediano, sem nada demais, a não ser o fato de que era
consistentemente mediano.
No momento, Michelle e eu estávamos dividindo uma cesta de batatas
fritas enquanto cada uma de nós bebia um milk-shake. Depois de pintar no
parque, decidi que precisava de Michelle para minha dose de besteirol diária.
"Ter esses espantalhos por perto acaba com o clima", comentou Michelle
enquanto balançava uma batata em direção à nossa equipe de segurança.
"Vocês querem um pouco? " ela perguntou, oferecendo a cesta gordurosa de
batatas fritas. "Se você vai ficar aí, é melhor entrar na conversa."
"Estou bem, senhora, obrigado", respondeu friamente um dos guarda-
costas através de um drone.
"Como quiser", disse Michelle, revirando os olhos. — "Então, Si, você e o
Aiden já passaram pela Bruma? Josh e eu perdemos o controle enquanto ele
dirigia, então tivemos que parar e fazer ali mesmo, na beira da estrada. Não sei
se foi o espaço confinado, o fato de que as pessoas podiam nos ver, ou apenas
o fato de que eu estava montando no meu companheiro, mas foi o melhor
sexo que já fiz."
"Meu deus, Michelle, estamos em público."
"E daí? Quando você se tornou tão santa? ", disse ela, sorrindo.
A campainha pendurada acima da porta tocou, eu olhei para cima e
encontrei um homem elegante olhando ao redor curiosamente. Ao ver
Michelle e eu, ele imediatamente se animou e se dirigiu para a nossa mesa.
Pela primeira vez, fiquei grata por ter segurança. O homem mal conseguiu
chegar a dez pés antes de uma grande mão surgir e agarrá-lo.
"Nossa, sou apenas um mensageiro. Tenho uma carta para entregar a
Sienna Norwood de sua sogra", disse ele, segurando o envelope.
Ótimo, o que Charlotte queria comigo agora? O segurança pegou a carta e
me entregou. Rasguei a tampa e quase vomitei com o convite ostentoso.
"O que a velhota quer?" perguntou Michelle, saboreando o último pedaço
de milk-shake de seu copo.
"É um convite para um almoço amanhã à tarde," eu disse cautelosamente.
"Ela quer que eu seja a convidada de honra."
Capítulo 40 - Hora do Almoço
Aiden
"Mãe, este é exatamente o tipo de coisa que eu pedi para você não fazer."
"Não tenho a menor ideia a que você está se referindo, Addy. Estou
simplesmente organizando um bom almoço para sua companheira e alguns de
seus amigos e familiares."
Ela sempre fez isso, reformulando as coisas para se adequar a sua visão,
sua versão da realidade. Ela fez isso quando Aaron morreu, e ela estava
fazendo de novo agora.
Às vezes eu pensava que ela realmente acreditava, mas sempre houve uma
parte de mim que permaneceu cética. Ela era muito astuta para ser vítima de
tais delírios obstinados.
O almoço foi uma completa surpresa para mim.
Depois que Sienna e eu tivemos nosso momento na câmara do conselho,
conversei com meus pais e eles concordaram em se mudar para um lugar na
cidade. Certamente aliviou a tensão em casa, mas também significava que eu
não poderia controlá-los.
Naquele momento, eu estava observando o refeitório da Casa da Matilha se
transformar com talheres extravagantes e comidas que fariam você pensar que
o Alfa do Milênio estava vindo nos visitar.
"Isso fica aqui, querida", chamou minha mãe, apontando para um dos
funcionários. "Quem colocou esta colher? Você não viu que está manchada?"
Ela estava tramando alguma coisa, eu tinha certeza disso.
"Addy, xô! Este almoço é só para nós, garotas. Vá cuidar de sua Matilha."
Eu dei a ela uma última olhada, na esperança de flagrar qualquer truque
que pudesse estar escondido em seus olhos. Sienna pareceu estranhamente
receptiva quando me contou sobre o almoço, então talvez as duas estivessem
dispostas a seguir em frente.
Se fosse esse o caso, eu não iria atrapalhar.
Sienna
Corri minhas mãos sobre minha saia, alisando-a antes de seguir pelo
corredor em direção ao refeitório.
Eu queria usar calças, mas Michelle me convenceu de que seria muito
casual, então coloquei uma meia-calça e encontrei o vestido de inverno mais
pesado que eu tinha.
Ajudou o fato de Aiden manter a Casa da Matilha quentinha durante os
meses de inverno, mas eu ainda estava irritada sabendo que tinha me trocado
por causa de Charlotte.
"Boa tarde, Sra. Norwood", disse a funcionária ansiosa parada do lado de
fora da porta. Ela era uma jovem garota de olhos arregalados com cabelo loiro
escuro trançado em um coque elegante e duas pintas em sua bochecha
esquerda.
"Existe uma senha? " Eu perguntei depois que ela permaneceu imóvel.
"Aí, eu sinto muito, eu sou tão boba. Eu estava distraída com seu vestido.
É tão bonito. Ai, meu deus, será que falei demais? Eu sinto muito. Eu nunca
sei quando calar a boca."
"Tudo bem. Não tem problema" eu respondi, sorrindo. "Obrigado pelo
elogio. Eu adorei seu penteado."
"Mesmo?" ela disse, radiante. "Obrigada. Sra. Norwood. É uma honra
conhecê-la. Você é meu ídolo."
"Como assim?"
"Tudo o que você está fazendo por jovens lobas. Informando-nos que
podemos tomar nossas próprias decisões. É empoderador ver nossa senhora
alfa assumir a postura que você assumiu no festival."
Eu não tinha certeza de como responder. A ideia de ser um modelo me
pegou de surpresa. Selene tinha brincado comigo sobre isso, mas eu nunca
pensei em nada disso.
Além do mais, essa garota deveria ser só alguns anos mais nova do que eu.
Como ela poderia me admirar?
"Obrigado pelas adoráveis palavras", disse eu, "mas não quero deixá-los
esperando ali."
"Claro, sinto muito ter atrasado você, Sra. Norwood," ela respondeu,
abrindo a porta.
Eu esperava ver apenas Aiden e seus pais, mas em vez disso fui recebida
por uma mesa cheia de todas as minhas amigas mais próximas e familiares.
Minha mãe, Selene, Jocelyn, Michelle, Mia... até Erica estava lá.
"Bem, não fique aí parada como um poste, querida. Venha e tome o seu
lugar como nossa convidada de honra."
"O que vocês estão fazendo aqui? " Eu perguntei, caminhando em direção
à mesa.
"Agora que somos uma família, achei que seria bom para todas nós,
garotas, nos conhecermos. Afinal, todos nós sabemos quem realmente
comanda as coisas na Casa da Matilha" disse Charlotte com um sorriso
brincalhão. "Aqui, sente-se", disse ela, puxando minha cadeira.
Fiz uma careta para Michelle como se perguntasse "o que é que está
acontecendo", mas ela apenas deu de ombros.
"Agora, gostaria de fazer um brinde à minha nora", disse Charlotte,
erguendo o copo.
"Sienna, querida, você passou por tanta coisa na semana passada, e eu
admito que a chegada de Daniel e eu foi... um pouco chocante.
"Eu gostaria de me desculpar por isso. Acho que todos poderíamos ter nos
comportado melhor, por isso organizei este encontro. Acho que é hora de
começarmos do zero, Sienna. A novos começos e ao futuro desta família."
Todos aplaudiram e brindaram com as taças. Eu acho que Aiden estava
certo; talvez Charlotte tivesse um lado sincero, afinal.
"Selene, querida, quando é o parto?" continuou Charlotte. "Você está uma
grávida tão radiante".
"Ah, obrigada, Charlotte," Selene respondeu, corando. "Eu dou à luz em
três semanas. Então teremos mais uma mocinha para se juntar a nós na mesa."
"Tenho certeza de que você também está ansiosa, Melissa."
"Ansiosa é pouco", disse Selene.
"Ei, tenho sido muito boa em não meter o nariz nas coisas."
"Mãe, você almoça com meu obstetra três vezes por semana."
"Somos amigos médicos, Selene. Nem tudo gira ao seu redor" ela
respondeu com um sorriso culpado. "Mas, para responder à sua pergunta,
Charlotte, mal posso esperar pela chegada da minha primeira neta."
"O primeiro bebê de muitos, tenho certeza", respondeu Charlotte.
Quando os garçons saíram com o primeiro prato, Charlotte continuou sua
conversa.
"E, Mia, você já tem um filhotinho, não é?"
"Sim, gêmeos, na verdade. Eles estão com quatro meses agora.
"Você deveria tê-los trazido", disse Michelle. "Eles são os bebês mais fofos
que eu já vi na vida."
"Eles estão com o pai durante a tarde, então se eu estiver checando muito
meu telefone, é por isso."
"É muito corajosa por deixar Kyler e Emmett sozinhos com Harry."
"Eu sei, é por isso que estou voltando em duas horas. Estamos indo aos
poucos."
"E você, Michelle?" disse Charlotte. "As crianças estão no seu radar?"
"Veremos. Josh e eu queremos muito, e agora que a Bruma chegou, eu não
ficaria surpresa se tivesse um anúncio a fazer antes do ano novo."
"Meu Deus, parece que pode haver um bando de pequeninos correndo por
aqui em breve. Erica, quais são seus planos?"
"Não estou acasalada", respondeu Erica, um pouco na defensiva.
'Entendo", respondeu Charlotte. "Bem, a temporada está chegando, minha
querida. Talvez este seja o seu ano de sorte. Jocelyn, querida, o que você estava
me contando outro dia sobre como a saúde de uma Matilha se baseia na
preservação de sua posteridade?"
Eu lancei a Jocelyn um olhar interrogativo.
Ela tinha falado com Charlotte pelas minhas costas? Por que ela não
mencionou nada quando fui vê-la outro dia?
"Eu acho que você está interpretando minhas palavras um pouco fora do
contexto, Charlotte," respondeu Jocelyn calmamente. "O que eu disse foi: a
consciência coletiva de uma Matilha é melhorada quando eles sabem que o
futuro é estável, e parte dessa estabilidade envolve a criação de um grupo
saudável de filhotes."
"Sim, sim, mas resumindo, ter bebês é bom para a Matilha. Acho que todos
nesta mesa concordam. Você não acha, Sienna?"
Eu estava começando a ficar incomodada. Todo esse almoço não era para
nos conhecermos, mas sim para me lembrar de que todas ao meu redor
estavam tendo bebês.
"Claro", respondi com cautela. "Estou feliz que minhas amigas e irmã
tenham escolhido ter filhos. É uma decisão bem significante."
"Eu concordo plenamente," respondeu Charlotte. "Muita coisa pode
mudar quando você decide ter filhos ou não."
Ela fez uma pausa para se certificar de que tinha toda a minha atenção, e
de repente eu me senti como se fôssemos as únicas duas pessoas na sala.
"Outras áreas da sua vida que você pode nem pensar que estão
relacionadas podem ser afetadas. Seu trabalho, seus hobbies... seu
companheiro. Sim, começar uma família é uma decisão muito significante.
Aquela foi a gota d’água. Eu podia ver que atrás daquela pele de cordeiro,
havia uma loba.
Era impossível um mundo onde ela e eu nos reconciliássemos. Mesmo se
eu engravidasse amanhã, ela não daria a mínima para mim. Ela só queria ter
um neto, um neto Norwood.
"Charlotte, você não precisa fingir que gosta de mim."
"O que você quer dizer querida?"
"Este teatrinho não vai funcionar. Você não vai me pressionar a ter um
bebê me cercando de mulheres que querem ser mães. Amo cada uma dessas
mulheres de todo o coração e respeito suas escolhas, mas elas nunca me
pressionariam para começar uma família como você está tentando fazer
agora."
"Quando você vai parar de me ver como uma vilã, Sienna?"
"Quando você parar de agir como tal e começar a me respeitar".
"É difícil respeitar uma pessoa que só pensa em si mesma, querida."
"Engraçado" eu respondi. "A única razão pela qual você voltou aqui foi
para se certificar de que o legado de sua família não fosse manchado por uma
novata que não tem medo de ser sincera."
"Sienna. Charlotte, por favor, parem com isso," implorou Melissa, pondo-
se de pé.
"Tudo bem, você pode pensar que sou horrível, mas sempre serei a mãe de
Aiden e sempre o colocarei em primeiro lugar.
"Isso é o que significa ser acasalado, senhorita. Você faz sacrifícios. Aiden
está fazendo de tudo para atender às suas frívolas exigências, e o que você fez
em troca? O envergonhou na frente de toda a Matilha e o privou da maior
alegria que um lobo pode ter. Você não merece meu filho e nunca vai
merecer."
As palavras de Charlotte me consumiram como ácido enquanto meu
coração afundava em meu estômago. Eu não ia dar a ela a satisfação de me ver
chorar.
"Com licença, senhoras, mas acho que não posso continuar aqui."
Assim que saí do refeitório, corri para o meu escritório e tranquei a porta.
As lágrimas derramaram e eu deslizei para o chão, incapaz de controlar a
dor que me dominou. Eu não pude evitar, mas senti que havia um fiapo de
verdade nas palavras de Charlotte.
Naquele momento, eu não queria ver ninguém, exceto Aiden. Eu queria
senti-lo e ouvi-lo me dizer que eu era o suficiente, que era sua companheira e
que ele me amaria para sempre.
Capítulo 41 - Declarações
Sienna
Meu telefone vibrou sem parar pelo resto da tarde. Todo mundo estava
tentando falar comigo depois que eu fugi do almoço de Charlotte.
Achei que queria ficar sozinha, mas estava completamente enganada. Eu
precisava falar com alguém.
Pensei em Jocelyn, mas ainda não tinha certeza de qual era sua conexão
com Charlotte, e Michelle e Mia não entenderiam o que eu estava passando.
Eu precisava da minha mãe.
Sienna: Oi, mãe, posso passar aí?
Mãe: Sim! Claro!
Mãe: Eu vou estar em casa o dia todo.
Sienna: Obrigada. Em 20 minutos tô aí
Mãe: Combinado!
Mãe: Te amo, Si. Bjs
Antes mesmo que eu pudesse alcançar a porta, ela e Selene já estavam lá
fora me abraçando.
"Aí. Si, eu sinto muito. Não tínhamos ideia de que isso iria acontecer. A
gente tinha certeza de que seria um almoço normal."
"Eu briguei com ela depois que você saiu, mas mamãe me fez parar",
acrescentou Selene.
"Tudo bem", respondi. "Eu sei que você ficou tão surpresa quanto eu."
"Entre querida, e saia do frio. Tenho uma caneca grande de chocolate
esperando por você."
A familiaridade de estar dentro da casa da minha infância já bastava para
me fazer sentir melhor. Não tinha que pensar duas vezes antes de falar ou
olhar ao redor, como fazia na Casa da Matilha.
Eu me enrolei no sofá, e minha mãe me trouxe o chocolate e um prato de
biscoitos enquanto Selene me cobria com um cobertor.
"Pronto, maninha. Bem quentinha."
"Há mais alguma coisa que eu possa fazer por você?" Minha mãe
perguntou.
"Não. Está perfeito. Eu só preciso saber que vocês duas não me odeiam."
"Nossa, Sienna, por que nós odiaríamos você?"
"Não sei. Eu vejo como você está animada com o bebê da Selene, e eu
sinto que seria perfeito se nós duas tivéssemos filhos na mesma época para
que eles pudessem crescer juntos e..."
"Si, você está falando a maior bobagem" interrompeu Selene. "Você não
deveria ter filhos porque acha que seria fofo nossos bebês terem mais ou
menos a mesma idade. Há um motivo pelo qual Jeremy e eu esperamos até que
o fizéssemos. Tínhamos outras coisas que queríamos fazer antes de nos
estabelecermos."
"Sim, e não pense que eu te amo menos porque você não está me dando
um neto. Tudo o que me importa é que você seja feliz com qualquer caminho
que tomar na vida."
"Sim, não deixe aquela velha enrugada te perturbar, Si. Seu corpo, suas
regras."
Eu estava muito grata por ter aquelas duas em minha vida. Passamos o
resto da tarde assistindo a filmes e sem falar nada sobre crianças ou a Matilha.
Aiden
Sienna voltou para casa com um humor incomum. Pela primeira vez desde
o Festival, ela parecia à vontade.
Jocelyn já tinha me contado o que aconteceu no almoço, e eu esperava que
Sienna me desse outro ultimato em relação à minha mãe, mas em vez disso, ela
rastejou em meus braços e me perguntou sobre o meu dia.
Eu não conseguia entender.
Simplesmente deitamos nos braços um do outro e conversamos.
Conversamos sobre tudo e qualquer coisa. Conversamos até o sol nascer.
Foi tão simples e fácil. Era como se reconectar com um velho amigo
depois de passar décadas separados.
Isso me lembrou o quão louco eu era por ela, que companheira perfeita ela
era. Depois de ontem à noite, eu nunca poderia imaginar uma vida sem ela ao
meu lado.
Uma batida forte na minha porta me distraiu dos meus devaneios.
"Addy, a imprensa está aqui para você atualizá-los sobre o novo Festival."
"Sim, já vou, mãe."
"Bom. É péssimo manter a imprensa esperando. Mentes ociosas escrevem
histórias fantásticas."
Ela sempre tinha que transmitir um pouco de sua sabedoria? Ela sempre tinha que dar
a palavra final?
Caminhei em direção à sala de imprensa com o conflito se formando em
minhas entranhas. Eu não tinha certeza do que queria dizer, mas o que quer
que eu dissesse, precisava aguardar. Um alfa nunca vacila com suas palavras.
Cheguei para ver minha mãe, meu pai, Sienna e o resto do conselho
flanqueando o pódio em uma linha organizada. Os repórteres se amontoaram
na sala como sardinhas.
Senti seus olhos em mim, rastreando todos os meus movimentos e
expressões faciais.
Minha mãe e meu pai sorriram como se nada tivesse acontecido entre nós.
Então eu flagrei o olhar de Sienna, sua expressão mais reservada, mas dez
vezes mais genuína.
Ia doer, mas eu já tinha decidido.
Coloquei minhas mãos em cada lado do pódio e inclinei-me para o buquê
de microfones apontado para meu rosto.
"Bom dia", comecei. "Há alguns dias, Sienna e eu anunciamos que
concordamos em reagendar o ritual do Festival da Fertilidade para a próxima
lua cheia. Desde então, divulgamos muito poucas informações a respeito."
Com o canto do olho, vi minha mãe balançando a cabeça. Tudo estava
indo como ela havia planejado.
''Bem, a razão para isso é porque eu decidi respeitar a decisão de minha
companheira e adiar indefinidamente o ritual.
"Quando Sienna e eu estivermos prontos para começar a ter filhos, nós
avisaremos a Matilha, mas por ora, nossa decisão de começar uma família não
será ditada por nada, exceto por nossos próprios desejos pessoais. Obrigado."
Uma ladainha de objeções disparou da multidão junto com mãos ansiosas,
mas eu não tinha intenção de responder às suas perguntas. Tudo o que me
importava naquele momento era estar com minha companheira.
Eu me virei para Sienna, que estava radiante. Ela murmurou um silencioso
"eu te amo" que me encheu de orgulho e alegria.
Todos, incluindo meu conselho, ficaram pasmos. Eu podia ver meus pais
inquietos, seus olhos tremendo, tentando não perder o rumo na frente das
câmeras.
"Encontre-me no meu escritório em dez minutos," eu disse, beijando
minha mãe na bochecha. "Pai, você também está convidado." Os dois estavam
furiosos demais para proferir uma resposta adequada, mas eu não me
importava se eles aparecessem.
Peguei Sienna pela mão e dei um beijo suave em seus lábios. "Sinto muito
por ter demorado tanto."

***
"Ah, Addy! Eu não posso acreditar que você foi tão tolo!"
"Esta não é a decisão de um alfa forte, filho. Você está estabelecendo um
precedente perigoso."
Sentei-me em minha cadeira, encarando-os com uma alegria inesperada.
Havia algo de engraçado em como todas as críticas que eles estavam
guardando, acabaram sendo disparadas de uma forma desesperada.
"O que quer que aquela garota tenha feito com você", censurou minha
mãe, apontando o dedo para Sienna, "é o resultado de motivações egoístas. Ela
não se importa nem um pouco com a Matilha e com esta família."
"Sua mãe e eu tentamos tirar você da bagunça que ela criou, mas você
simplesmente mergulhou de cabeça dentro dela. Diga alguma coisa, inferno."
Eu contemplei as duas figuras fumegantes na minha frente.
Nada que eles pudessem fazer ou dizer me deixaria tão feliz quanto Sienna.
Nada que eles pudessem fornecer me faria sentir tão completo quanto eu
me sentia quando estava com ela.
"Mãe. pai, desde que vocês chegaram aqui, deixaram uma coisa bem clara
para mim: sua prioridade sempre será proteger o legado de nossa família.
Achei que isso poderia ter mudado quando mamãe ofereceu aquele almoço,
mas estava claramente enganado."
"Vocês estão tão envolvidos com o que é melhor para a família que não
têm ideia do que significa ser família. Sienna é minha companheira. Ponto final.
Fim da história."
"Não há mais ninguém neste mundo com quem eu queira viver. E nada vai
comprometer nossa parceria. Nem vocês, nem a matilha, e certamente nem se
tivermos filhos ou quando tivermos.
"Não espero que vocês entendam, então direi de outra forma:Eu não
quero ver nenhum de vocês mais."
O rosto de meu pai ficou sério e ele apertou a mandíbula. Eu não me
importei se ele estava chateado. Ele mesmo havia causado isso; ambos tinham.
"Entendo perfeitamente", disse Daniel, colocando as mãos nos ombros de
minha mãe. "Estou feliz que Aaron não está por perto para ver que tipo de
lobo você se tornou."
Os olhos da minha mãe lacrimejaram enquanto ela me olhava incrédula,
balançando a cabeça. "Addy... Ai, Addy. Estou tão desapontada."
Eles deixaram a sala rapidamente, mas fizeram questão de fechar a porta
atrás deles com um barulho frio e sem cerimônia.
Qualquer gota de culpa que eu pensei que pudesse ter falhou em se
materializar. A tentativa de meu pai de usar a morte de Aaron em seu benefício
apenas tornou a decisão mais fácil.
Voltei minha atenção para Sienna, que, pela primeira vez na memória
recente, estava sem palavras.
"Eu não fiz isso apenas por você," eu disse, desconfortável com o silêncio
dela." Já faz muito tempo que preciso enfrentá-los."
Sienna caminhou em minha direção e deslizou a mão em volta da minha
cintura, puxando-me para um beijo apaixonado. Fechei meus olhos e me perdi
em seu abraço.
Sienna
Eu senti seu cheiro enquanto nossos lábios se apertavam em uma fricção
feroz.
Eu me afastei, ainda saboreando seu sabor.
Eu estava pronta para cumprir minha promessa. Eu raspei sua bochecha
com meus dedos, deixando meu polegar descansar em seus lábios escuros e
deliciosos.
Ele abriu os olhos, silenciosamente implorando para libertá-lo dessa
agonia.
Ele cedeu. Eu não precisava ouvi-lo dizer isso. Nós dois sabíamos.
Pressionei meu polegar em seus lábios e ele o deixou mergulhar em sua
boca. Sua língua quente engolfou meu dedo, enviando tremores pelo meu
corpo.
Senti meus mamilos endurecerem e todo o meu corpo começou a
formigar. Minha visão ficou turva e senti minhas pernas cederem.
Quando desabei, senti seus braços fortes me envolverem, me puxando
com força contra seu corpo esculpido.
Cada centímetro de mim estava gritando por ele, e meu sexo doía em
antecipação.
Ele passou a mão pelo meu cabelo, em seguida, puxou minha cabeça para
o lado, expondo meu pescoço nu. Eu engasguei quando seus dentes morderam
minha pele e sua boca massageava a dor.
Eu me perdi no êxtase do toque de Aiden, rasgando sua camisa e
espalhando os botões pelo chão.
"É agora ou nunca," ordenei.
Aiden nunca teve problemas em seguir ordens desse tipo.
Ele agarrou a parte inferior da minha blusa e puxou pela minha cabeça.
Tirando sua própria camisa, ele me ergueu sobre a mesa de modo que minhas
pernas pendessem para o lado, montando nele.
"Anda logo" eu gemi.
"Paciência. Quem espera sempre alcança."
"Foda-se," eu protestei.
Uma de suas mãos agarrou minha perna e a outra puxou minha calcinha
para o lado. Ele se abaixou e pairou sua boca acima do meu sexo, seu hálito
quente batendo contra a superfície.
Fechei meus olhos, esperando, ansiando.
Eu não aguentava mais. Eu o queria dentro de mim.
Agarrando-o pelos cabelos, puxei sua cabeça para trás para que
travássemos os olhos.
"Venha aqui e me foda."
Sem dizer uma palavra, ele tirou as calças e subiu na mesa. Ela rangeu sob
seu peso, mas não importava se ela desmoronasse embaixo de nós.
Ele agarrou minha mão e a prendeu na minha cabeça. Antes que eu
pudesse protestar, o senti afundar em mim. A respiração voou para fora dos
meus pulmões e minha boca se abriu, ofegando por ar.
Suas estocadas poderosas me sacudiram e eu afundei meus dentes em seu
ombro para não gritar.
Eu podia sentir ele ficando mais duro dentro de mim, e eu sabia que ele iria
gozar.
Os golpes de Aiden ficaram cada vez mais rápidos enquanto nós dois
crescíamos em um orgasmo atômico que parecia que iria me dividir em dois.
Aiden rugiu quando chegou ao clímax, e eu gritei de tanto prazer.
Depois de me recompor, olhei para seu rosto suado e afastei o cabelo
grudado em sua testa.
Eu não podia acreditar que este homem lindo e sensível era meu
companheiro, e eu não via a hora de passar o resto da minha vida com ele.
Capítulo 42 - Pânico no Paraíso
Sienna
O encontro na câmara do conselho ajudou Aiden e eu a redefinir nossa
comunicação. Depois que seus pais fizeram as malas e deixaram a cidade,
passamos a semana seguinte reacendendo a paixão que tínhamos antes de todo
o drama do festival.
Deixamos nossas Brumas correr soltas, fazendo amor em todos os lugares
que podíamos. Realmente parecia que tinha meu companheiro de volta.
Uma coisa era certa; não podíamos usar sexo para resolver discussões.
Não apenas porque éramos loucos um pelo outro, mas não funcionou. Isso
só fez Aiden e eu nos ressentirmos.
Toda a experiência com o festival e os pais de Aiden realmente me forçou a
crescer.
Seguindo em frente, se tivéssemos uma diferença de opinião, o consenso
teria que vir de uma compreensão verdadeira e a mudança tinha que vir do
coração. Nada de ameaças maldosas.
Aiden tinha saído cedo, mas eu escolhi dormir. Meu corpo ainda estava
dolorido das atividades da noite anterior.
Eu comecei a adormecer novamente quando o som do meu telefone me
acordou de repente.
Aiden: Acorda, dorminhoca
Sienna: Você não me beijou quando saiu
Sienna: Maldade
Aiden: Você estava tão relaxada
Aiden: Além disso, sei como você fica quando acorda
Aiden: emoji de diabo
Sienna: Experimenta
Aiden: Claro. Adoro te experimentar (emoji de língua)
Sienna: Não é o que eu quis dizer, idiota rs
Aiden: Vem logo, minha linda
Sienna: Quem espera, sempre alcança...
Aiden: emoji
Sienna: Não me faça voltar com a castidade
As mensagens de Aiden me deixaram com vontade de tomar uma dose
matinal de Bruma. Definitivamente não havia como voltar a dormir agora.
Ele iria se ver comigo. Eu ia garantir isso.
Saí da cama e fui ao banheiro escovar os dentes. Eu olhei para o relógio
digital na prateleira. Eram quase dez e meia.
Você precisa ir para a cama cedo esta noite, garota.
Cuspi minha pasta de dente e estava limpando minha boca quando olhei
para o relógio novamente e o horror tomou conta de mim.
A data. Isso estava certo? Não pode ser. Fui para o quarto e peguei meu
telefone. A mesma data apareceu na minha tela de bloqueio.
Meu estômago embrulhou e uma onda de pânico tomou conta de mim.
Minha menstruação estava atrasada. 
Sienna: Você estará no seu escritório?
Jocelyn: Sienna, posso ir agora mesmo se precisar de mim
Sienna: Não, não se preocupa
Sienna: Não é uma emergência
Sienna: Só é meio pessoal, só isso
Jocelyn: Ok, se você diz
Jocelyn: Vejo você às 2 então! bjs
Sienna: Eu preciso pedir um favor
Jocelyn: Claro, o que é?
Sienna: Podemos falar pessoalmente?
Jocelyn: Estou livre depois das 2
Jocelyn: Quer passar aqui?
Sienna: Sim
Sienna: Você estará no seu escritório?
Jocelyn: Sim
Essa era a verdadeira beleza de Jocelyn. Ela podia olhar através do exterior
das pessoas e focar no que eles estavam passando por dentro.
Naquele momento, enquanto eu estava do lado de fora da porta de seu
escritório, eu precisava de seus serviços em dobro. Eu tinha muita coisa na
cabeça que precisava botar para fora, e também precisava que ela visse se
alguma criaturinha havia pegado uma carona dentro de mim.
A porta se abriu e o cheiro reconfortante de incenso e jasmim fluiu em
minhas narinas.
A ansiedade que tomou conta de mim durante toda a manhã começou a se
dissipar quando Jocelyn pegou minhas duas mãos nas dela e olhou para mim
com seus olhos cor de avelã esfumaçados, procurando o que poderia estar me
incomodando.
"O que te traz a mim, deusa? " ela perguntou, me conduzindo para dentro.
"Suas mensagens me preocuparam."
Certifiquei-me de que a porta estava fechada antes de dizer a ela o motivo
da minha visita.
"Minha menstruação atrasou, Jocelyn."
"Por quantos dias? A Bruma pode atrapalhar às vezes."
"Estou seis dias atrasada."
Jocelyn ficou quieta por um momento, então me convidou para sentar no
sofá. "Eu estou supondo que você e Aiden fizeram sexo recentemente."
Eu dei a ela um olhar como se dissesse: "Mentira, menina!". "Ei, eu tenho
que fazer essas perguntas," ela respondeu, sorrindo. "Estou feliz em saber que
vocês dois conseguiram consertar as coisas."
"Eu também. Quero dizer, estou feliz por Aiden ter progredido em toda a
questão da família, mas posso dizer que é difícil para ele. Ele ainda tem que
lutar contra a vontade de brigar comigo às vezes."
"Na verdade, sinto que há mais pressão agora porque ele é muito
compreensivo. Eu quero dar a ele o que ele quer, mas ainda tem toda aquela
história sobre meus pais biológicos atrapalhando."
"Claro," respondeu Jocelyn, "você não é a primeira loba que veio até mim
se sentindo pressionada a começar uma família. O vínculo de acasalamento é
uma coisa linda, e quando acontece pela primeira vez, ambos os parceiros
chegam a um pico de felicidade.
"E depois?"
"Depois os casais às vezes podem discordar sobre como manter essa
emoção. Um pode levar alguns anos para se ajustar ao acasalamento antes de
começar uma família, enquanto o outro vê os filhos como uma nova aventura
maravilhosa."
"E em alguns casos, um deles pode não querer filhotes de jeito nenhum. O
que estou tentando dizer é que os dois querem o melhor para o
relacionamento, mas podem não concordar sobre o que é."
"Eu quero começar uma família com Aiden, Jocelyn, eu quero de verdade.
Ele vai conseguir o que quer. Eu só me sinto culpada por estar esperando o
momento certo."
"Você não deveria. Aiden não está tentando enganar você."
"Eu sei," eu disse, me sentindo estúpida por ter sugerido que era esse o
caso.
"Então, o que acontece com seus pais biológicos que você quer saber? Se
eles realmente são o único obstáculo à sua frente, o que lhe daria a paz de
espírito que você está procurando?"
Eu tinha pensado na pergunta de Jocelyn mil vezes na semana anterior.
Havia muito que eu queria saber sobre eles, mas tudo se resumia a uma
pergunta.
"Eu quero saber por que eles fizeram aquilo, Jocelyn. Preciso saber por que
eles me abandonaram naquela carruagem."
"E por que essa é a pergunta mais importante para você?"
"Olhe para os pais de Aiden e como eles o abandonaram. Veja como isso o
deixou emocionalmente confuso e olhe para mim. Não consigo nem me sentir
confortável tendo filhos por causa dos meus problemas. Se eu não descobrir
por que eles me abandonaram, tenho medo de acabar fazendo o mesmo."
"Sienna, você não vai abandonar seu filho", respondeu Jocelyn, apoiando a
mão no meu joelho. "Ao mesmo tempo, não vou mentir para você. Ser pai traz
incertezas."
"É como qualquer outra decisão que você toma na vida. O resultado nunca
pode ser garantido. Então, se é isso que você está esperando, acho que nunca
se sentirá pronta para começar uma família."
Será que era isso? Eu estava usando meus pais como desculpa?
Mesmo se estivesse, não poderia evitar o fato de que a ideia de ter um filho
não parecia certa para mim. Não agora, pelo menos.
"Você acha que estou pronta?" Eu perguntei, captando o olhar de Jocelyn.
"Você é a única que pode responder a essa pergunta, Sienna."
"Mas você me conhece, Jocelyn. E se eu estiver grávida? Preciso saber se
estou pronta."
"Está tudo bem se você não estiver," ela disse de forma tranquilizadora.
"É isso? E se minha mãe não estivesse pronta? E se for por isso que ela me
abandonou?"
De repente, a ideia de ter um filho crescendo dentro de mim tornou-se
assustadora. E se foi assim que minha mãe ficou grávida de mim? Eu ficaria
com ele? O que eu diria a Aiden?
As coisas estavam começando a melhorar.
Tudo isso estava errado.
Parecia errado.
Eu deveria estar muito feliz por estar grávida. Mas por que eu estava
sentindo aterrorizada em vez disso?
Isso não era normal. Por que eu não podia simplesmente me sentir feliz
como deveria?
Comecei a hiperventilar.
"Calma, Sienna," Jocelyn disse, esfregando minhas costas. "Respire
lentamente pela boca. Respire fundo, enchendo sua barriga."
"Não estou pronta, Jocelyn, não estou. Vou ter esse bebê e não estou
pronta."
"Você não precisa ter se não quiser, Sienna."
"O que você quer dizer? Eu não tenho escolha."
"Você sempre tem uma escolha. É o seu corpo."
Ela estava dizendo o que eu pensei que ela estava? Eu olhei em seus olhos
para ter certeza.
"Como eu disse, você não é a primeira loba que veio até mim sem querer
começar uma família." Eu agarrei a mão de Jocelyn. Eu estava pronta para que
ela me contasse o que eu já havia me convencido de que era verdade. "Diga-
me se estou grávida, Jocelyn."
"Tudo bem, deite no sofá", respondeu ela, colocando um travesseiro atrás
da minha cabeça. "Você precisa ficar quieta."
Observei enquanto Jocelyn levantava minha camisa e colocava as mãos
logo abaixo do meu umbigo. Suas mãos pareciam suaves e limpas contra
minha pele. Eu tremi, não acostumada a ser tocada tão clinicamente.
"Tente não se mover," ela repetiu, profundamente concentrada.
Senti a área sob suas mãos ficar dormente. Logo depois, um calor
desconfortável irradiou entre meus quadris.
Olhei para o teto, esperando que ela dissesse as palavras que eu temia, mas
sabia que viriam.
Fiquei lá pelo que pareceu uma eternidade, minha mente pensando em
tudo o que podia mudar na minha vida.
Eu odiava a Bruma, odiava o que ela tinha feito comigo, o quão fraca eu
tinha sido.
Quando percebi, Jocelyn estava enrolando minha camisa.
Ela olhou para mim e agarrou minha mão, seus olhos cheios de emoção.
Capítulo 43 – Um Tempo a Sós
Sienna
Não importa como eu me envolvia nos lençóis, eles se agarravam a mim
como uma centena de mãos indesejadas.
Mas quando os tirava, me sentia nua e com frio.
Eu vim direto para casa depois de deixar a casa de Jocelyn, na esperança de
encontrar conforto na minha cama. Mas tudo que eu fiz nas últimas horas foi
vagar a esmo.
Eu não conseguia afastar a preocupação de que alguma parte da minha
constituição biológica pudesse ter predeterminado meu fracasso como mãe.
De repente, ouvi o carro de Aiden estacionar na garagem.
Eu não esperava que ele estivesse em casa até mais tarde. Eu não queria
que ele me visse reagindo dessa maneira.
E eu estava preocupada em não ser capaz de me comunicar direito porque
estava sentindo esse mal-estar.
Assim que ele abriu a porta, ele chamou meu nome.
"Estou aqui em cima", gritei, tentando me recompor antes que ele me
visse.
Quando ele entrou na sala, olhei para ele e fiquei impressionada com o
quão escultural e bonito ele parecia.
Sua camisa de colarinho engomada se agarrava ao peito e se esticava ao
redor de seus braços, estreitando-se perfeitamente até a cintura fina. Seus
cabelos negros selvagens descansavam perfeitamente em cima de sua cabeça,
implorando para que eu corresse meus dedos por eles.
E o rosto dele, aquele rosto único que era tudo que eu queria ver quando
acordasse e antes de ir para a cama... E eu estava completamente bagunçada,
agarrada aos lençóis como uma criança.
"Você chegou em casa cedo," eu disse, tentando mantê-lo no foco.
"Você não estava atendendo ao telefone. Jocelyn disse que você poderia
estar aqui."
"Eu precisava de um tempo sozinha. Me desculpe se preocupei você."
Aiden caminhou até a cama e se deitou ao meu lado, sua mão poderosa
pousando no meu quadril. "Diga-me o que há de errado, Sienna."
Aquele era o momento. Eu tinha que ser honesta com ele.
"Minha menstruação atrasou."
Seu rosto ficou em branco por um momento antes de processar as
implicações. "Espere, você está dizendo que..."
"Eu pensei que eu estava. Eu fui para Jocelyn. Ela não viu nada. Ela disse
que é a Bruma atrapalhando meu ciclo."
"Tem certeza? Quer dizer, talvez fosse muito pequeno para ela ver."
"Tenho certeza, Aiden."
A luz em seu rosto se apagou e ele olhou para o meu travesseiro.
Percebendo as manchas de lágrimas ali, ele disse: "Está tudo bem. Você
não precisa ficar chateada. Podemos tentar novamente."
"Não é por isso que estou chorando, Aiden. E se for minha culpa? E se eu
não for mãe? Você já desistiu de tanto por mim, eu não quero que você tenha
que sacrificar crianças também."
"Claro, adoraria ter filhos com você um dia. Mas você é a coisa mais
importante para mim. Além disso, acho que você está esquecendo que somos
amigos, Sienna. Você está presa a mim para o resto da vida."
"Eu sei. E por isso que estou tão assustada, Aiden. E se houver algo na
minha família biológica que signifique que não posso ter filhos?"
"Não faria diferença, Sienna" — respondeu ele, sentando-se. "Você é
minha principal prioridade. Achei que tinha deixado isso bem claro."
Ele tinha, e eu sabia que era bobagem da minha parte pensar o contrário.
"Sei que você está nervosa por ter filhos, mas não estará sozinha, Sienna.
Estou aqui; sua família está aqui."
"Honestamente, também estou com medo, mas sei que mãe maravilhosa
você será e que, juntos, podemos resolver tudo."
Como ele poderia ter tanta certeza? Não havia como saber. Ele estava
apenas me dizendo o que eu queria ouvir para me acalmar?
Acho que ele percebeu a dúvida que pairava na minha expressão, porque
ele estendeu a mão para acariciar meu braço.
"Sienna, você não sabe o que levou seus pais a deixar você. Você nem sabe
se foi decisão deles."
Ele tinha razão. Eu meio que parti direto para a pior hipótese possível. Eu
simplesmente odiava sentir que estava decepcionando Aiden.
"Você tem razão. Sinto muito", eu respondi.
Aiden deitou-se novamente e aninhou-se ao meu lado.
"Você não acha que eu sou como meus pais, acha? " ele perguntou.
"Claro que não!" Eu respondi, quase rindo de quão ridícula era essa
pergunta.
Claro, ele tinha a mesma testa severa de seu pai e o gênio forte de sua
mãe... mas Aiden não era nada parecido com seus pais.
"Então, veja", disse ele, parecendo presunçoso, "não importa quem são
seus pais biológicos ou por que eles a deixaram. Você não é eles e vai ser uma
mãe incrível, não importa quando isso acontecer."
Eu rolei e beijei sua bochecha.
"Interessada em tentar isso agora? " disse ele, levantando uma sobrancelha.
Eu bati nele de brincadeira. Ele sempre tinha que estragar um bom
momento com seus comentários pervertidos.
"Era um momento fofo!" Eu disse, rolando para o outro lado.
Por um tempo, apenas ficamos ali deitados, com os braços pressionados
um contra o outro.
Eu sabia que ele estava certo. Quem quer que fossem meus pais biológicos,
não definia quem eu era, ou que tipo de mãe eu seria.
Mas eu ainda sentia aquele espaço vazio em meu coração.
Eu ainda queria saber quem eles eram.

***
Nessa época do ano, as árvores do parque haviam perdido as folhas. Tudo
o que restou foram aglomerados de esqueletos finos amontoados para se
aquecer.
Enquanto estava sentada pintando no parque, também me senti nua.
Selene sempre me disse que relacionamentos exigem trabalho duro, mas eu
pensei que ela estava sendo dramática.
Ela e Jeremy eram constantemente felizes e agora, com o bebê a caminho,
eles teriam a família que sempre quiseram.
Eles esperaram, no entanto. Ela e Jeremy estavam casados há três anos
antes de ela engravidar. Talvez isso fosse tudo de que eu precisava para
acalmar meus medos: um certo tempo para respirar.
Perdi-me nas pinceladas da minha aquarela. Foi relaxante ver os pigmentos
se misturarem e secarem.
Eu poderia escolher quais cores eu queria e os limites de onde elas se
espalhavam, mas sempre havia um grau de imprevisibilidade na forma como
elas se misturavam.
Eu nunca estaria totalmente no controle.
Mas a pintura ainda era linda.
Talvez eu precisasse ser mais parecida com minhas aquarelas.
Eu ainda podia ditar as coisas maiores, mas tinha que aceitar que sempre
haveria uma parte da minha vida que eu não conseguia controlar, uma mistura
de possibilidades.
A pintura à minha frente provou que nem sempre isso era ruim, que
poderia levar a belos resultados.
"Uau, seu trabalho é excelente", disse uma voz atrás de mim.
Eu me virei, esperando ver um dos muitos aposentados que visitavam o
parque durante a semana, mas em vez disso estava um homem bonito e bem-
vestido.
Seu cabelo loiro-branco imaculado estava penteado para trás e seus
penetrantes olhos cinza quase me colocaram em transe.
Ele não podia ser muito mais velho do que Aiden, mas havia alguma
característica nele que me fez sentir como se ele já tivesse vivido uma vida
inteira.
"Perdoe minha intrusão", disse ele, exibindo um sorriso arrojado. "Eu
estava passando e algo sobre a sua pintura me impressionou. Você é uma
profissional?"
Este não foi o primeiro estranho a me elogiar, mas de alguma forma seus
comentários pareciam meio exagerados e propositais.
"Eu sou," eu respondi. "Quer dizer, eu vendo algumas peças de vez em
quando."
"Mesmo? Onde posso ver mais do seu trabalho?"
"Eu tenho uma galeria em que você pode passar."
"Eu adoraria", ele respondeu calorosamente. "Este estará à venda?"
"Este?" Eu disse, corando. "Isso não é nada. Não é tão bom."
"Eu achei incrível", ele comentou. "Meu nome é Konstantin, a propósito."
"Sienna", respondi.
"Sienna, que nome adorável", disse ele, estendendo a mão enluvada.
Eu estendi a mão e sacudi.
"Acabei de me mudar para a cidade e tenho um apartamento com muitas
paredes vazias. Eu adoraria marcar uma visita à sua galeria algum dia.
"Aqui está meu cartão," disse ele, colocando a mão no bolso do casaco e
tirando um pedaço de papel cartão branco e elegante com letras em relevo.
"Você encontrará meu número na parte inferior."
"Sim, claro", respondi, sem saber o que fazer com seu intenso interesse
pelo meu trabalho.
"Bom. Estou ansioso para ver o resto de sua arte, se for como este
quadro."
Ele me deu um sorriso e saiu pelo caminho.
Havia algo estranho nele que eu não conseguia identificar, e isso me fez
querer saber mais.
Ele se portava de uma maneira tão refinada, mas também tinha um ar
misterioso.
Eu olhei para o cartão que ele me entregou e fiquei surpresa com o que
estava impresso lá:
Konstantin, Doutor em Psicologia, Terapeuta.
Especialização em conexão de mentes e mapeamento de memória.
Sem dúvidas, parecia impressionante.
Eu tracei a borda de seu cartão com meu dedo indicador, pensando no que
eu faria. Foi emocionante ter um cliente potencial interessado no meu
trabalho.
Mas havia algo estranho nele que eu não conseguia identificar...
Algo me diz que verei Konstantin novamente em breve.
Capítulo 44 -  Arte Nebulosa
Sienna: Bom dia, Konstantin, aqui é Sienna
Sienna: A artista do parque
Konstantin: Claro! Como você está?
Sienna: Estou bem, obrigada
Sienna: Ainda tem interesse em passar na galeria?
Konstantin: Com certeza. Que horas é melhor para você?
Sienna: Hoje às 4?
Sienna: 1071 5th Ave
Konstantin: Perfeito. Até mais tarde, Sienna.
Sienna
Fiquei animada por conhecer um novo cliente, especialmente um com bom
gosto. Era uma boa distração de todos os meus pensamentos em torno de
meus pais biológicos.
Dito isso, eu ainda tinha que pôr em dia todas as tarefas administrativas
que havia atrasado, como a lista de caridade que Josh sempre me pedia.
Ele era um cara muito legal fora do trabalho, mas quando se tratava de
negócios da Matilha, acho que ele levava seu trabalho um pouco a sério
demais.
Eu tinha acabado de revisar as propostas e estava prestes a começar a
minha lista quando senti um formigamento estranho na minha coxa.
Parecia um espasmo muscular, mas não me lembrava de ter batido em nada
no início do dia e não fazia exercícios havia mais de uma semana.
Abaixei minha mão e comecei a massagear o local.
Ai, merda, então é isso.
O toque da minha mão contra a minha coxa desencadeou uma explosão de
prazer que se acumulou dentro do meu sexo e disparou pelo meu núcleo e em
meus seios, endurecendo meus mamilos e encurtando minha respiração.
Porra, cadê o Aiden? Não importa, eu não tenho tempo.
Eu voei para fora do meu escritório e me dirigi para as escadas, firmando-
me contra a grade enquanto seguia para os banheiros do porão. Não havia
escritórios naquele andar e, a essa hora do dia, todos haviam saído para
almoçar.
Eu precisava de privacidade urgentemente, e esse era meu melhor plano.
Eu pensei em resolver isso no meu escritório, mas eu estava exalando
hormônios, e toda a Matilha levaria dois segundos para saber o que estava
acontecendo atrás da minha porta.
O peso de cada passo foi ficando cada vez mais pesado, até que tive certeza
de que desabaria no chão.
Meu deus, essa escada ficou maior?
Eu tropecei no corredor e olhei para os dois lados do corredor de
mármore silencioso. A área estava limpa.
Naquela hora, minha pele estava em chamas, e todas as minhas partes
sensíveis estavam pulsando de tesão.
Encontrei o banheiro mais próximo e atravessei a porta.
"Olá?"
Perfeito, não havia ninguém aqui e, pela aparência e cheiro das coisas, todo
o lugar tinha sido limpo há menos de uma hora.
Eu me esforcei para entrar na cabine mais próxima e a fechei, então me
esforcei para puxar meu vestido para cima e tirar minha calcinha do caminho.
Merda, merda, merda.
Abrindo minhas pernas, mergulhei meus dedos profundamente em meus
lábios molhados e gemi na mesma hora.
Comecei a movimentar meus dedos para frente e para trás, acariciando
meu clitóris. Eu me segurei no vaso, massageando meus seios e imaginando
Aiden em cima de mim, empurrando para dentro, seus lábios dançando em
meu pescoço.
Fechando meus olhos, eu poderia jurar que comecei a sentir o cheiro dele,
seu almíscar flutuando em meu nariz, me excitando ainda mais. Eu acelerei
minha mão, esfregando-me desenfreadamente.
Isso! Porra! Isso!
"Eu sinto seu cheiro, mulher."
Minha mão parou. Prendi minha respiração. Aquilo era real?
Eu ouvi seus passos pesados se aproximando da porta.
"Você vai me deixar entrar?"
"Você vai ter que assoprar e assoprar se quiser que a porta se abra."
"Muito bem."
Em um instante, a porta foi arrancada de suas dobradiças e diante de mim
estava Aiden, enorme, as veias saltando de seus braços.
"Você está atrasado. " eu disse em um tom sexy. "Espero que não se
importe por ter começado sem você."
Um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto de Aiden. "Tenho certeza de
que posso encontrar algo que me satisfaça."
● Ele se lançou para frente, mas eu fui mais rápida e o joguei contra a
parede do box.
Eu estava com muita vontade.
Abaixei-me e agarrei seu volume. "Vejo que você veio preparado."
"Isso é um problema?"
"De jeito nenhum. " Eu puxei seu cabelo e pressionei meus lábios contra
os dele, prendendo seu lábio inferior entre meus dentes e mordendo.
Senti seu aperto em mim mais forte enquanto ele sentia a dor. Ele
devolveu na mesma moeda mordendo meu pescoço. Soltei um gemido e puxei
sua cabeça para trás.
Agora era ele quem tinha me jogado contra a parede. Toda a estrutura
estremeceu com o impacto do meu corpo, mas não me importei.
Prazer e dor eram a mesma coisa para mim.
"Tire a camisa," eu ordenei, e enquanto Aiden a puxava pela cabeça, eu caí
de joelhos e desafivelei seu cinto.
Eu já podia ver sua ereção lutando contra suas calças, esperando que eu a
libertasse.
Ele puxou minha cabeça para trás pelo meu cabelo, enquanto eu tirava sua
calça e cueca. Eu o agarrei pela base e coloquei sua ponta contra meus lábios.
A respiração de Aiden estremeceu e eu o senti enrijecer ainda mais em minha
mão.
Eu o provoquei com minha língua, correndo ao longo de seu mastro,
deliciando-me em como seu rosto se contraiu sob a tortura.
Então eu coloquei tudo em minha boca, deslizando meus lábios para frente
e para trás enquanto acariciava com minha mão.
"Caralho, Sienna. É assim mesmo."
Eu adorava quando ele mostrava que estava gostando, mas não o deixaria
terminar. Eu ainda precisava dele para outras atividades.
Eu me levantei e lambi seu rosto. Ele rosnou e me empurrou de volta para
a cabine.
Ele me levantou no corrimão e deslizou a mão entre minhas pernas. Apoiei
um pé contra o vaso sanitário enquanto ele enterrava seus dedos
profundamente dentro de mim. Soltei um suspiro quando ele começou a
balançá-los para dentro e para fora.
"Mais forte," eu sussurrei em seu ouvido.
Eu estava ficando tão molhada que mal podia sentir seus dedos deslizando
dentro de mim.
Aiden pegou o ritmo, pressionando seus dedos firmemente contra as
paredes do meu sexo enquanto seu braço inteiro balançava para frente e para
trás.
Cada vez que sua palma batia contra meu clitóris, eu deixava escapar um
grito de alegria.
Eu agarrei sua garganta.
Ele não vacilou.
Eu apertei com mais força.
"Isso é tudo que você tem? " ele gritou.
Enfurecida com o desafio de Aiden, eu empurrei seus dedos para fora de
mim e o joguei na tampa do vaso sanitário.
Eu joguei minha perna sobre seu colo, então eu estava montada nele e me
agarrei aos corrimãos que ficavam nas laterais da cabine. Comecei a balançar
meus quadris, esfregando meu sexo molhado contra o dele.
A cabine inteira começou a tremer e eu tinha certeza de que a parede iria
cair.
Ele estava muito dentro de mim, nunca tinha estado tão profundo antes.
Meus músculos se contraíram enquanto eu me sentia cada vez mais perto de
gozar.
Os dedos de Aiden cravaram em meus lados, e eu sabia que ele não estava
muito longe também.
A pressão continuou a crescer dentro de mim, fervendo pelo meu corpo.
Meu coração disparou e senti minha pele começar a formigar.
Eu o montei ainda mais forte, jogando todo o meu peso contra ele em uma
fúria estúpida.
"Aiden, não pare. Não pare!"
O orgasmo me rasgou como um raio.
Meus braços se transformaram em geleia e eu desabei sobre meu
companheiro.
Aiden saiu com um grunhido e disparou seu fluido quente na minha coxa.
Ele pressionou seus lábios macios contra os meus e eu segurei seu beijo,
não querendo que acabasse.
Nós dois ficamos sentados ali, ofegantes, o suor escorrendo de nossos
corpos exaustos.
Aiden colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e sorriu.
"Devemos voltar ao trabalho."
"Claro," eu respondi, deslizando para fora dele. "Eu não gostaria de privar
a Matilha de seu alfa. Vejo você mais tarde esta noite."
Eu dei um último beijo em sua bochecha e puxei meu vestido, então olhei
no espelho e ri.
Eu definitivamente precisava ir para casa e me limpar antes de encontrar
Konstantin na galeria.

***
Eu ainda estava organizando pinturas na parede quando ele entrou
vestindo um sobretudo azul-marinho elegante e um Fedora cor de carvão.
Cada vez que eu o via, ele parecia ter acabado de sair de um catálogo caro
de roupas masculinas.
"Não cheguei cedo demais, certo?"
"Não, de forma alguma. Estou atrasada. Por favor, entre."
Sua colônia cheirava a rosas e especiarias e tinha uma odor quase
inebriante.
Eu não sabia o que este homem tinha, mas ele não era como a maioria dos
lobisomens que eu conhecia. Na verdade, eu nem tinha certeza se ele era um
lobisomem.
"Este seu pequeno espaço é adorável."
"Obrigado, foi um presente do meu companheiro.
"Sim, ouvi falar dele. O estimado alfa."
Bem, parece que ele está por dentro do mundo dos lobisomens...
"Como você... "
"Você esteve em todas as notícias. A menos que eu esteja lendo sobre sua
irmã gêmea."
Claro, o que eu estava pensando? Eu tinha me desligado tanto daquela
zona que tinha esquecido que os jornais e blogs ainda estavam se recuperando
da coletiva de imprensa de Aiden.
Ser instantaneamente reconhecida era algo com o qual ainda precisava me
acostumar.
"Deve ser difícil", disse ele, lançando-me um olhar simpático. "Ter seu
histórico familiar examinado, ser desprezada, liderar uma Matilha sendo tão
jovem; é demais para uma pessoa só."
De repente, lembrei-me de que o cartão de Konstantin dizia que ele era
psicólogo e eu estava começando a me sentir meio examinada.
Eu queria mudar de assunto.
Mesmo que sua análise estivesse certa.
"Eu tento ignorar os tabloides," eu disse, evitando contato visual.
Ele deve ter percebido meu desconforto com o assunto porque não o
forçou mais.
"Você administra este lugar por conta própria? " ele perguntou.
"Por enquanto", respondi. "Talvez se eu começar a dedicar mais tempo, eu
contrate ajudantes. Agora é uma espécie de santuário pessoal."
"Adorável," ele respondeu, começando a caminhar ao longo da parede.
"Então, que tipo de peças você está procurando?"
"Como mencionei no parque, tenho uma cobertura que preciso decorar e
estou procurando algumas peças de destaque", respondeu ele, tirando o casaco
e o chapéu para revelar um terno preto ajustado.
Ele se aproximou de mim e começou a inspecionar as telas que eu acabara
de pendurar na parede.
"Você está procurando uma natureza-morta ou uma paisagem?" Eu
perguntei.
"Espero algo mais abstrato. Provocante. Assim", disse ele, apontando para
uma pintura no canto posterior da galeria.
Fiquei surpresa com sua escolha.
A pintura era uma que eu tinha feito há algum tempo: uma linda mulher
etérea com cabelos negros e olhos roxos assustadores.
Eve.
Eu não a via desde aquela noite, mais de um ano atrás, quando ela passou
na minha galeria. Eu não conseguia nem me lembrar do que tínhamos falado.
"Por que esse aqui? " Eu perguntei.
Ele acariciou o queixo ao se aproximar da pintura e ficar na frente dela.
"Ela fala comigo", ele respondeu enigmaticamente. "Acho que consigo ver
um pouco de mim mesmo nela."
Eve era a pessoa mais misteriosa que eu já conheci, então isso me deixou
ainda mais curiosa.
"Como assim?"
Konstantin se virou para mim e sorriu. Quando vi seus dentes, engasguei.
Presas.
"Pode-se dizer que há uma espécie de relação de sangue entre nós."
"Você... você é... um...", gaguejei.
Os olhos cinzentos de Konstantin brilharam entusiasmados.
"Eu sou um vampiro."
Capítulo 45 – O Elevador do Êxtase
Sienna
Fiquei parada na minha galeria, boquiaberta, enquanto Konstantin reprimia
uma risada.
De repente, todas as peças daquele misterioso quebra-cabeça se
encaixaram no lugar.
Seu comportamento atemporal...
Seu senso de estilo...
Seu nível de intuição quase psíquico...
Konstantin era um VAMPYRO.
"Vejo que deixei você sem palavras", disse ele, incapaz de conter a risada
por mais tempo.
Corei, me sentindo uma tola.
"Desculpe, eu só... nunca conheci ninguém como você antes," eu respondi.
Konstantin olhou para trás, para a pintura de Eve. "Você tem certeza
disso?"
"Espere, você quer dizer... ela era uma vampira também?"
Isso certamente explicaria muita coisa...
Konstantin assentiu. "Sim, mas ela é uma vampira com um i, não um y
como eu.
"Qual é a diferença? " Eu perguntei, percebendo que não sabia quase nada
sobre o mundo fora da minha bolha de lobisomem.
"Os vampiros nascem com o gene, enquanto os vampyros são transformados
por vampiros", explicou ele.
"Então alguém transformou você," eu disse, pensando em longas presas
afundando em meu pescoço.
Eu imaginei que fosse uma experiência muito diferente de ser marcada por
seu companheiro.
Konstantin sorriu melancolicamente. "Há muito tempo."
Eu estava morrendo de vontade de saber quantos anos ele tinha, mas não
tive coragem de perguntar. Eu não conhecia a etiqueta dos vampiros, e poderia
ser uma pergunta rude.
Ainda assim, eu tinha muitas outras perguntas a fazer.
"O que te trouxe aqui?"
Os olhos cinzentos de Konstantin quase pareceram prateados por um
momento, pois brilharam com intensidade. Ele parecia estar considerando a
resposta à minha pergunta, mas então ele finalmente falou.
"Estou abrindo meu consultório aqui", disse ele. "Viajei por todo o mundo
em busca de conhecimento e agora só quero ajudar outras pessoas a encontrar
o que procuram."
Ah, certo... Eu sempre esqueço que ele é um médico.
"Eu uso meus poderes para o bem", disse Konstantin. "Eu posso
desbloquear coisas na mente das pessoas que elas nem sabiam que estavam lá.
Posso agendar uma sessão com você, se desejar."
Meu coração começou a bater mais rápido.
Havia tanto sobre meu próprio passado que eu ainda não sabia.
Tantas perguntas pairando sobre a minha cabeça. De onde — e de quem
— eu vim.
Será que Konstantin poderia me ajudar a descobrir as respostas?
***
Deitei na cama olhando para o teto. Não conseguia parar de pensar na
minha conversa com Konstantin ontem.
Ele se ofereceu para me ajudar a resolver meus problemas como meu
terapeuta, mas eu estava meio insegura.
Eu nunca tinha pensado em fazer terapia.
Mas Konstantin não era um terapeuta comum...
Será que ele realmente poderia me ajudar a encontrar as respostas que eu
estava procurando?
Suspirei, tirando as cobertas e saindo da cama. Eu precisava me preparar
para uma reunião da matilha.
Coloquei meu vestido da noite anterior, que estava largado no chão, e
puxei-o sobre o meu corpo. Aiden entrou exatamente quando eu estava
fechando o zíper.
Ele se aproximou de mim por trás e puxou o zíper de volta para baixo.
"Aiden", eu disse em tom de censura. "É um milagre eu conseguir me
arrumar tendo você como meu companheiro."
Ele puxou a parte de cima do meu vestido para baixo e eu deixei meus
braços caírem nas mangas.
"Não vamos nos atrasar para a reunião?"
"Eles podem esperar", disse ele, colocando as mãos sobre meus seios
expostos. Eu não estava usando sutiã, e a sensação de suas mãos quentes
contra meu corpo acendeu minha Bruma.
Seus dedos brincaram com meus mamilos, circulando-os, esfregando-os.
Senti minha pele sendo apertada e o calor envolvente da Bruma começou a
me dominar.
Aiden trancou sua boca na minha e deixou nossas línguas dançarem uma
com a outra. Ele começou a me levar em direção à nossa cama.
Não tínhamos tempo para isso, mas meu corpo não deu a mínima para o
que eu estava pensando.
"Nós vamos nos atrasar," eu disse novamente.
"Vai ser rápido", respondeu ele, apertando minha bunda.
Meu vestido caiu no chão formando uma pilha novamente, e eu estava de
volta ao ponto de partida.
Em um movimento rápido, ele me empurrou para a cama e me prendeu
sob seu corpo. Senti o peso de seus quadris pressionando contra meu sexo.
Ele colocou sua boca em meus seios, sugando suavemente meus mamilos.
Eu gemi em êxtase.
Meu deus, por que a Bruma sempre me faz perder a cabeça?
Envolvi minhas pernas em torno de Aiden enquanto ele distribuía beijos
pelo meu abdômen até chegar ao meu sexo.
Sua língua me lambeu e eu ficava mais molhada a cada segundo.
Então seus dedos começaram a brincar com meu clitóris e meu corpo
parecia que estava voando através das nuvens.
"Aiden... nós... temos... que... ir." Eu mal conseguia falar entre meus
gemidos incontroláveis de prazer.
Ele finalmente afastou o rosto do meu sexo e olhou para mim.
"Amor, quando a Bruma chega, não dá para ignorar."
"Olha, a Bruma vai ter que esperar desta vez porque eu realmente quero
levar meus deveres a sério," eu disse. "A matilha está finalmente começando a
confiar em mim, e eu não quero perder isso."
Aiden suspirou, sentando-se e apertando minha coxa com ternura. "Certo.
Mas não diga que não te avisei."
Aiden
Eu não gostava dessas reuniões inúteis. Eu preferia agradar minha
companheira.
Josh, no entanto, insistiu nessas recapitulações semanais, onde todos no
conselho atualizavam uns aos outros sobre o que haviam conquistado durante
a semana e mencionavam todos os tópicos que gostariam de discutir com o
grupo.
Eles eram normalmente monótonos e não tinham muito valor para mim, e
era por isso que eu não ligava se Sienna e eu estivéssemos alguns minutos
atrasados.
Eu os tolerava porque podia sentir que Josh estava tentando provar a si
mesmo.
Essas reuniões deram a ele um pouco de controle — algo que ele poderia
possuir.
Eu não agi com nenhuma má vontade. Suas motivações faziam sentido.
Por grande parte de nossas vidas, ele era aquele a quem eu recorria quando
precisava de um conselho ou de alguém com quem desabafar. Mas isso mudou
no ano passado, quando ele me traiu.
Agora eu tinha Sienna para preencher esse papel e percebi que às vezes ele
se sentia posto de lado.
"Sienna, você terminou a lista de caridade?" questionou Josh, erguendo os
olhos da planilha.
Por todos nós, Sienna. Por favor, diga sim.
"Eu estava prestes a mandar para você, acabei me distraindo. Mas está
praticamente pronta. Amanhã cedo eu te entrego."
"O que te distraiu? " perguntou Josh.
Sienna corou e me lançou um olhar tímido. "Não me lembro exatamente."
"Tudo bem. Consegue enviá-la hoje antes de sair?"
"Claro."
"Se você precisar de ajuda para colocar em dia qualquer coisa, é só me
avisar e eu te ajudarei."
"Combinado. Josh. Obrigada."
Eu tinha que dar o braço a torcer. Sienna havia aprendido a ambiguidade
passivo-agressiva da Casa da Matilha mais rápido do que o esperado. Era
estranhamente atraente, na verdade.
"Terminou, Josh?" Eu perguntei, tentando acelerar as coisas para que eu
pudesse levar Sienna para casa e continuar de onde paramos.
"Sim, não tenho mais nada na minha lista, a menos que alguém tenha
outros tópicos", respondeu ele, olhando em volta. "Ótimo, nesse caso, reunião
encerrada."
Josh
Achei que estava sendo bastante razoável, mas Sienna me irritou. Eu não
sabia como ser mais legal.
Eu dei a ela uma saída fácil. Por que ela não aceitou?
Era como se ela não levasse sua posição a sério.
Uma posição que costumava ser preenchida por mim.
Eu precisava de Michelle. Ela sempre soube como me acalmar quando eu
ficava assim.
Josh: Ela ainda não tinha terminado a lista (emoji de raiva)
Michelle: Ah, relaxa rs
Josh: Foi mal, eu precisava desabafar
Josh: É como se Aiden nem se importasse
Josh: Eu tô dando o maior duro e ela não consegue fazer uma lista
Michelle: Muita coisa rolou com ela nos últimos meses
Josh: Eu sei, mas ela é a LUNA
Josh: Aparentemente, Aiden quer que ela seja sua nova beta também...
Josh: Eu gostaria que ele apenas dissesse
Michelle: você não foi o único que teve que se ajustar
Michelle: Si sempre foi quietinha, mas agora tá famosinha
Michelle: Eu basicamente vivo na sombra dela
Josh: Isso não é verdade
Josh: Você sempre será meu raio de sol
Michelle: para de graça
Josh: Você adora
Michelle: Vem logo pra casa. Eu tenho uma surpresa para você
Sienna
Eu não conseguia acreditar que estava fazendo isso. Josh não iria nem
olhar para isso até de manhã.
Na verdade, pelo jeito que ele estava me importunando, eu não tinha tanta
certeza. Ele realmente se importava em doar para instituições de caridade ou
estava tentando me dar uma bronca na frente de todos.
Tudo porque ele errou e estava tentando fazer as pazes.
Antes de Aiden e eu termos acasalado. Josh e eu já estávamos meio
brigados. Eu o achava um idiota, e ele me achava uma cabeça de vento.
Mas depois que passamos mais tempo juntos, aprendemos a tolerar um ao
outro. Quer dizer, nós fomos obrigados a isso.
Josh não era apenas o melhor amigo de Aiden, mas também estava
acasalado com minha melhor amiga, Michelle. Em outras palavras, nossos
relacionamentos pessoais dependiam de nós dois nos darmos bem.
E Josh não entendia que eu estava lidando com muitas dúvidas e
inseguranças.
Ninguém entendeu, realmente — eu incluída.
Eu estava dando o meu melhor para ser uma boa Luna, mas precisava
começar a aceitar ajuda.
Razão pela qual decidi que precisava finalmente confrontar meus
problemas em vez de varrê-los para debaixo do tapete.
Sienna: Oi Konstantin
Sienna: Sua oferta de agendarmos uma consulta ainda está de pé?
Konstantin: Claro!
Konstantin: Quando você pode?
Sienna: Você está livre agora?
Dentro do elevador, pressionei o botão da cobertura.
A julgar pelo hotel, o apartamento de Konstantin deveria ser mais luxuoso
do que eu imaginava.
Quando o elevador começou a subir, comecei a sentir uma sensação de
formigamento nas coxas.
Será que eu estava nervosa por causa da minha primeira sessão de terapia?
Você consegue, Sienna. Não há nada com que se preocupar
Além, é claro, do calor lento que começou a me derreter enquanto
rastejava pelo meu corpo. Meu estômago tremia e eu estava com dificuldade
para respirar.
O rosto de Aiden brilhou diante de mim e eu o senti. Senti suas mãos
acariciando meu pescoço, meus seios, minha barriga... meu sexo.
Que porra é essa?
O elevador continuou subindo, chegando cada vez mais perto do
apartamento de Konstantin.
Para meu horror, meu corpo abraçou o toque fantasma de Aiden.
Comecei a transpirar e me senti à disposição de suas carícias. Seu cheiro
encheu meu nariz e seu rosto preencheu minha imaginação. Eu não pude
escapar disso. Eu não queria escapar disso.
Eu estava queimando em minhas roupas. Se eu não as tirasse, iria sufocar.
Eu desabotoei minha blusa enquanto desabava no chão, ofegando por ar.
As pontas dos dedos de Aiden dançaram ao longo da minha coxa e
traçaram o lado de fora dos meus lábios.
Eu estava ficando louca de desejo e não conseguia parar o que estava
acontecendo.
Aiden estava certo antes...
Quando a Bruma chega, não dá para ignorar.
E agora minha Bruma estava ainda mais forte do que antes.
Tentei apertar minhas pernas o mais forte que pude, lutando contra a
sensação do toque de Aiden, mas minha calcinha estava ficando molhada.
O fogo estava ameaçando me consumir, e eu precisava de um alívio antes
que eu explodisse.
Aqui não! Agora não, cacete!
DING!
Ai, meu deus...
O elevador chegou ao último andar e as portas se abriram.
E Konstantin estava bem na minha frente.
Capítulo 46 – Perguntas
Sienna
Eu estava sentada no chão do elevador, minhas pernas abertas, a blusa
desabotoada, o suor escorrendo pelo meu peito e em meu decote.
E meu novo terapeuta estava parado ali na minha frente, completamente
confuso.
Tem como estar mais desesperada do que isso?
"Sienna... você está bem? " ele perguntou.
Eu me levantei, tentando ignorar as ondas de prazer implacáveis que ainda
estavam me balançando.
"Estou bem," eu disse rapidamente. "Posso usar seu banheiro?"
Mantenha a calma!
"Claro, fica no final do corredor, à esquerda", respondeu ele, ainda
parecendo preocupado.
Passei por ele imediatamente, mas cada passo me deixava mais tonta.
Concentre-se em outra coisa!
A entrada da cobertura era adornada com estátuas de mármore grego, que
pareciam ter sido realmente importadas do Partenon.
Na verdade, todo o seu apartamento estava repleto de arte rara de
diferentes épocas ao longo do tempo.
Como ele conseguiu tudo isso?
Acho que ser um vampiro tem suas vantagens.
Virei à esquerda no final do corredor e dei de cara com o banheiro. Depois
de entrar, fechei a porta e tranquei-a.
A Bruma se espalhou por cada centímetro do meu corpo, me fazendo
desistir.
Eu precisava de Aiden ao meu lado. Eu precisava de Aiden — dentro de
mim.
Era difícil demais aguentar.
Eu deslizei para o chão e respirei fundo.
Tudo que eu queria fazer era mergulhar meus dedos no meu sexo e fazer
ali mesmo, mas resisti.
1, 2, 3... e respira.
1, 2, 3... e respira.
1, 2, 3... e...
A Bruma finalmente começou a diminuir e, com ela, minha ansiedade.
Meu corpo parecia que tinha acabado de retomar da guerra — uma guerra
que quase perdeu.
Essa é a ÚLTIMA vez que vou adiar o sexo durante a temporada.
Eu vim aqui para fazer terapia, não para criar mais razões para precisar
dela.
Konstantin deve achar que sou louca.
Levantei-me e endireitei minhas roupas enquanto caminhava até o espelho.
Eu estava completamente bagunçada.
Eu rapidamente abotoei minha camisa e amarrei meu cabelo em um rabo
de cavalo.
Dá pro gasto.
Eu destranquei a porta e voltei para o corredor. Eu vi Konstantin sentado
no que parecia ser um escritório. Era tão impressionante quanto sua entrada.
Quadros e artefatos adornavam as paredes. Os móveis pareciam ter vindo
do Palácio de Buckingham. As prateleiras estavam cheias de centenas de livros
grossos.
"Você realmente leu tudo isso?" Eu perguntei, entrando no escritório e
passando meu dedo pelas lombadas do livro.
"Sou mais velho do que pareço", disse ele com uma risada. "Tive muito
tempo."
Konstantin apontou para uma cadeira em frente a ele e eu me sentei.
"Você está... melhor?" ele perguntou hesitante.
"Sim, é que eu precisava muito fazer xixi," eu respondi, tentando me
esquivar.
Konstantin sorriu para mim e juntou os dedos. "Desculpe pela
inconveniência. Eu não tive a chance de montar meu escritório ainda, então
estou conduzindo minhas sessões em casa por enquanto."
"Não precisa se desculpar. Este lugar é deslumbrante," eu disse.
Houve um momento de silêncio enquanto Konstantin me estudava. Era
como se ele estivesse tentando me ler, como se eu fosse um de seus livros.
"O que a traz aqui, Sienna?"
Bom, acho que vamos direto ao assunto.
Eu me sentia um pouco estranha por não saber como as sessões de terapia
funcionavam.
"Eu... eu não tenho certeza," eu disse.
Konstantin assentiu. "Tudo bem. Não há respostas certas ou erradas. Na
verdade, você não precisa ter respostas. É por isso que você está aqui."
Isso me fez sentir um pouco melhor, mais à vontade.
"Acho que... me sinto perdida", eu disse.
"Como assim?"
"Bem, você meio que acertou em cheio quando estava na minha galeria
outro dia."
Konstantin não falou, apenas ouviu, então continuei.
"Tornar-se Luna, forçada a ser o centro das atenções, sem saber quem são
meus pais biológicos..."
"Seus pais", disse Konstantin, me detendo. "Diga-me sobre eles."
"É esse o problema... eu não posso. Não sei nada sobre minha origem."
"Você não tem nenhuma memória deles?"
"Nenhuma", respondi. "Eu tentei cavar o mais fundo que pude para
encontrar nem que seja um fragmento de memória, mas nunca consegui."
"Isso deve ser frustrante," Konstantin disse, em um tom simpático.
"Eu sempre quis saber quem eram meus pais biológicos, mas não pensava
muito nisso", disse eu. "Mas quando me tornei Luna, esse meu desejo só
aumentou."
"Você acha que esse desejo veio à tona como resultado de sua relação com
a mídia?" Perguntou Konstantin.
Eu concordei. "Quando eles começaram a fazer perguntas... surgiram todas
aquelas que eu tinha medo de fazer a mim mesma."
Konstantin já estava começando a chegar à raiz dos meus problemas.
Eu deixei isso me afetar por muito tempo, e só falar sobre isso já estava me
deixando mais leve.
Inclinei-me para a frente e olhei Konstantin diretamente nos olhos. "Você
disse antes que usa seus poderes para ajudar a desbloquear a mente das
pessoas. Para encontrar coisas que eles nem sabiam que estavam lá."
"Sim", disse ele. "Mas não é tão fácil assim. O processo pode ser um
pouco... intenso. Não é para todos. Você deve ter certeza absoluta de que pode
lidar com isso."
Eu não queria que isso me impedisse mais.
Eu precisava da verdade.
Mas será que eu estava pronta de verdade para isso?
Aiden
Minhas patas batiam no chão lamacento enquanto eu ziguezagueava para
dentro e para fora da floresta densa.
Adorei a sensação do vento soprando em minha pele.
A sensação dos meus sentidos em seu ponto máximo.
A emoção da caça.
Eu sempre tinha pressa em sair em patrulha com meu beta, mas ainda mais
quando envolvia uma perseguição — e esta noite, não tínhamos a menor ideia
do que estávamos perseguindo.
"Josh, você está vendo alguma trilha?" Eu perguntei, me comunicando através de
nossa conexão mental.
"Nenhuma" respondeu ele, disparando de um arbusto próximo e se
juntando a mim em minha perseguição. "Não acho que essa coisa esteja a pé — se é
que ela tem pés."
"Estou sentindo o cheiro de alguém logo à frente. Há mais de um cheiro," eu disse,
farejando o ar. "Um é definitivamente um lobisomem. Mas o outro...
No ano passado, eu me tornei ciente da existência de outras criaturas, algo
anteriormente conhecido apenas pelos Lobos do Milênio, e com o que
Raphael me contou sobre o quão perigosos os vampiros podem ser...
Eu estava pronto para tudo.
Seguimos em direção a uma clareira. "Estamos quase che..."
De repente, um raio de luz explodiu em toda a floresta, nos cegando
completamente. Foi como se o sol tivesse parado bem em cima de nós.
Perdi o equilíbrio e bati em uma árvore, rolando no chão. Eu ouvi Josh
uivando; deveria ter acontecido o mesmo com ele.
"Que porra foi essa? Josh, continue uivando para que eu possa te encontrar!"
O flash sumiu de repente, mas minha visão ainda estava se ajustando.
Quando meus olhos finalmente voltaram ao normal, eu vi que Josh já havia
se transformado, ele estava nu e deitado no chão. Me transformei na forma
humana e o ajudei a se levantar.
"Você se machucou, amigo?"
"Apenas alguns arranhões." Josh sorriu. "Acho que precisamos informar
que é proibido tirar fotos com flash por aqui."
"Mantenha seus sentidos alertas. Podemos estar sob ataque" eu rosnei
quando comecei a me transformar novamente.
"Aiden, espere! " Josh me parou. "Atrás de você."
Eu me virei para ver o que Josh estava olhando.
Uma mulher, deitada sozinha na clareira, gravemente ferida e mal
conseguindo sobreviver.
Jocelyn
Na maior parte do tempo, não me deixava desconfortável ver meus dois
ex-namorados juntos.
Mas quando eles atravessaram a porta do meu escritório na Casa da
Matilha completamente nus, carregando uma mulher igualmente nua, eu fiquei
mais desconfortável do que nunca.
"Jocelyn, precisamos de sua ajuda,” Aiden gritou, colocando a mulher
machucada e ensanguentada na minha mesa. "Ela não está se movendo."
"O que foi que aconteceu?" Eu gritei.
"Não há tempo para explicar", respondeu Josh. "Ela está gravemente
ferida. Ela não vai sobreviver se você não fizer algo agora."
Ele estava certo. Não era hora de explicações. Eu entrei em ação e coloquei
minhas mãos acima de seu coração, transferindo um pouco da minha energia
para ela.
Ok, pelo menos há batimento cardíaco.
Quem quer que a tenha atacado assim deveria ser um verdadeiro monstro.
Ao examiná-la em busca de mais ferimentos, percebi que, apesar de sua
aparência selvagem, essa mulher era incrivelmente bela.
Quando abri suas pálpebras para verificar suas pupilas, engasguei de
surpresa. "Meu deus, ela é..."
"O quê? " Aiden questionou.
"Ela é uma loba ômega."
Uma ladina. Uma loba sem Matilha.
Capítulo 47 - Deixe-me Entrar
Jocelyn
Terminei de colocar as folhas de sálvia em volta da loba ômega e coloquei
um cristal de quartzo na base de seus pés.
Minha mãe me ensinou esse ritual quando eu era apenas uma criança. Ela
disse que se eu estivesse perdida ou sozinha, isso me guiaria de volta a um
lugar seguro.
Eu não sabia se o ritual dela se aplicava a esta situação, mas eu tentei de
tudo nas últimas vinte e quatro horas, e nada funcionou.
Aquela lobo ômega estava muito sozinha, e eu estava tentando trazê-la de
volta à consciência, então talvez isso bastasse. Ou talvez eu acabasse fazendo
papel de tonta.
Os lobisomens se curavam rápido, mas esta havia levado uma surra. Eu
não conseguia imaginar o que tinha feito isso, mas Aiden e Josh estariam
esperando respostas de mim, e agora, tudo que eu tinha eram perguntas.
"Quem é você?" Expressei meu pensamento em voz alta. "Eu não posso
simplesmente continuar chamando você de loba ômega, posso? Aposto que você
tem um nome lindo."
Esta mulher misteriosa me encantou. Eu me perguntei como ela soaria se
pudesse falar.
Como ela corria em forma de lobo.
Qual era sua refeição favorita.
Sua flor favorita.
Deus, o que há de errado comigo? Talvez eu mesma precise ir ver um curandeiro.
Comecei a arrumar minhas coisas. Já estava tarde, ou melhor, cedo demais.
Eu já estava delirando.
"Se eu continuar falando com pacientes inconscientes, posso ter meu status
de curandeiro revogado", disse a ninguém em particular.
"Bem, isso seria uma merda. Quem me faria companhia?"
Deixei cair minha bolsa, fazendo com que minhas ervas medicinais e
pomadas se espalhassem por todo o chão.
"Ai, meu deus, você é — você é...," gaguejei.
"Nina", disse ela, lutando para se apoiar em um cotovelo. "Ou você ainda
prefere loba ômega?"
Nina. Que nome lindo.
O lençol fino que a cobria começou a deslizar por seu torso nu, e isso me
fez corar.
Sua pele era escura e brilhante, como o céu noturno, e seus mamilos como
estrelas cintilantes — eu queria me perder em suas galáxias.
"Olá, chamando a Doutora Distraída. Meus olhos estão aqui" ela disse
vacilante.
"Eu só estava... apenas examinando suas feridas" eu gaguejei rapidamente,
tentando me recompor. "Escute... você não deveria tentar se sentar. Você ainda
está muito ferida."
"Ah, isso? É só um ferimento na carne" ela disse, apontando para um
enorme corte em sua coxa. "Nada que eu não possa..."
Nina estremeceu de dor ao tentar sair da cama e suas pernas se dobraram,
mandando-a diretamente para meus braços.
Eu tinha certeza de que todo o sangue em todo o meu corpo havia se
deslocado para o meu rosto enquanto eu segurava Nina em meus braços. Não
tinha como ela não perceber o maldito rosto cor de morango olhando para ela.
"Eu gostei do seu atendimento, doutora." Nina cerrou os dentes enquanto
transferia seu peso para mim e me permitia colocá-la de volta na cama.
"Você sempre faz piadas, mesmo quando está prestes a sangrar?" Eu
perguntei em tom de censura.
"Isso ajuda a esquecer da dor", ela respondeu. "Você tem alguma outra
maneira de me distrair da dor?"
Eu cruzei meus braços. "Se você está sugerindo drogas, saiba que eu
não…"
"Eu ia sugerir que você se sentasse aqui e falasse comigo por um tempo".
Nina sorriu.
"Ah, bem, ok. Acho que posso fazer isso", eu disse, me sentindo uma
idiota.
Falar não era uma ideia tão ruim. Eu precisava descobrir quem era essa
mulher pelo bem de Aiden e pela segurança da matilha.
Ou eu estava apenas dizendo isso a mim mesma para justificar minha
curiosidade? Eu não conseguia tirar meus olhos de Nina desde que ela havia
chegado.
"Então, quem começa? Você prefere verdade ou desafio?" Nina perguntou,
felizmente se cobrindo com um cobertor grosso.
"Eu começo, Nina, mas isso não é um jogo. Se você quer que eu continue
tratando você, precisa me dizer o que aconteceu", eu disse em um tom sério.
"Você quase morreu. Preciso saber o que fez isso com você e se ainda está
por aí."
Nina rolou, evitando contato visual comigo. "Caçadores", ela murmurou.
"Caçadores Divinos?"
"Sim. eles estavam me rastreando — quase me pegaram. Seu alfa deve tê-
los assustado", disse ela. "Qual o nome dele?"
"Aiden", respondi, já querendo falar sobre qualquer coisa além do meu ex.
"Conte-me mais sobre os Caçadores."
"Apenas humanos comuns que odeiam o que não entendem," ela rosnou.
Este foi o primeiro indício de raiva que vi em Nina.
Sentei-me na beira da cama, de repente sentindo uma atração emocional
por ela.
"Colocando minhas funções de curandeira de lado por um momento,
posso te perguntar algo pessoal?"
Nina parecia intrigada. "Claro, manda ver."
"O que aconteceu com sua mochila? Por que você está sozinha? Quer
dizer, sozinha na selva. Sem matilha."
Ela suspirou, parecendo desapontada.
Droga, eu poderia ter formulado isso de uma forma muito mais eloquente. Eu tinha
mesmo que perguntar a ela por que ela estava sozinha? Era uma pergunta que
eu tinha que responder com muita frequência.
"O que você está realmente tentando perguntar é por que fui exilada,
certo? Os lobos não correm por aí sozinhos, a menos que sejam forçados."
"Se você não se sentir confortável em dizer, não vou me intrometer", eu
disse, pensando em como Aiden provavelmente a estaria interrogando em uma
cela agora se soubesse que ela estava consciente.
"Não, está bem. Eu serei honesta. Eu fui pega roubando. Eu sou uma
ladra", ela disse abruptamente. "E das boas. Não me orgulhoso disso —A ok,
talvez me orgulhe um pouco — mas fiz o que tinha que fazer para minha
própria sobrevivência.
"Eu aprendi há muito tempo que ninguém vai cuidar de você, então é
melhor você aprender a fazer isso sozinho."
"Você não tinha alguns membros da família a quem pudesse recorrer para
pedir ajuda?" Eu perguntei, me aproximando dela.
Nina franziu a testa com a menção de família. "Eu estava morta para meus
pais anos atrás, e eles estão mortos para mim também. Eu não tenho família."
Aiden
Meu estômago roncou de expectativa com a propagação de macarrão e
pães assados colocados diante de mim.
A mãe de Sienna era uma cozinheira muito boa e, embora eu tenha
protestado contra esses jantares semanais em família inicialmente, sua família
se tornou algo importante para mim.
Comecei a considerá-los como parte da minha.
Eu iria devorar o espaguete, mas Melissa bateu na minha mão.
"Calma, Aiden, temos que esperar por todos", disse ela com firmeza.
"Selene e Jeremy ainda não chegaram."
Se for para comer mais cedo, posso dar menos trabalho para o Jeremy na Casa da
Matilha.
Eu me virei para Sienna, que estava perdida em pensamentos. Ela tinha
estado assim o dia todo. "Você está se sentindo bem?" Eu perguntei,
colocando minha mão na dela.
"Estou bem. Apenas repassando algumas artes para um cliente na minha
cabeça" ela disse, forçando um sorriso.
Os sons da porta da frente batendo e de saltos altos batendo no chão de
madeira ecoaram pelo corredor.
Pronto, chegamos. Desculpe pelo atraso — bufou Selene, puxando Jeremy
para a sala de jantar e sentando-se em sua cadeira sem respirar.
Jeremy me deu um aceno estranho. Ele ainda não havia se acostumado
com o fato de seu chefe estar no jantar de família.
"Tudo bem, eu declaro oficialmente esta refeição iniciada." Robert sorriu.
"Mandem ver!"
"Finalmente," eu rosnei. "A culinária da Melissa é uma obra de arte que
necessita ser apreciada."
"Ah, pare," ela riu. "Você devoraria qualquer coisa que fosse colocada na
sua frente."
Eu olhei para Sienna novamente. Ela mal tocava na comida.
O que diabos está acontecendo com ela hoje?
"Ei, mãe, pai, eu tenho uma pergunta", disse Sienna, falando com cuidado.
"O que aconteceu naquele dia em que você me encontrou abandonada do lado
de fora do hospital?"
A sala ficou desconfortavelmente silenciosa e os pais de Sienna se
entreolharam com apreensão.
"Por que perguntou isso do nada, querida? " Robert questionou.
Eu me perguntei o mesmo. Eu sabia que Sienna tinha pensado muito em
seus pais biológicos ultimamente, mas eu não tinha certeza se um jantar com
sua família inteira era o lugar certo para perguntar sobre eles.
"Eu só queria saber mais sobre de onde eu vim — de quem eu vim", ela
disse calmamente. "Meus pais... eles deixaram um bilhete? Eles se
arrependeram de me abandonar? Você nunca me contou detalhes."
Observei Melissa ficar tensa após Sienna usar a palavra pais para se referir a
outras pessoas.
"Por que isso importa?" Eu perguntei, irritado. "Quem quer que tenham
sido, eles foram uns merdas abandonando você, e eles merecem morrer de
arrependimento."
Os olhos de Sienna brilharam como um vulcão.
Foda-se.
Na verdade, esperava que as chamas começassem a sair de seus olhos a
qualquer segundo.
Selene e Jeremy trocaram olhares.
"Você não sabe nada sobre eles — gritou Sienna." Só porque seus pais
biológicos são um pesadelo, não significa que os meus sejam."
Sienna empurrou a cadeira para trás, raspando-a no chão, e se levantou
furiosa.
"Onde diabos você pensa que está indo?" Eu rosnei com raiva.
"Terapia! " ela gritou.
TERAPIA?!
Levantei-me para segui-la, mas ela já estava na metade do corredor.
"Sienna, espere!"
Ela parou, mas não se virou. Quando coloquei minhas mãos em seus
ombros, a senti relaxar ao meu toque.
"Sinto muito", eu disse. "Não sabia que era um assunto tão delicado."
Sienna se virou para mim e ela tinha lágrimas nos olhos.
Eu a puxei para perto do meu corpo, segurando-a com força. "Diga-me o
que se passa."
"Há muito tempo que estou lidando com essa dor sozinha", disse ela.
"E é por isso que você vai para a... " Foi difícil para mim dizer a palavra em
voz alta por algum motivo.
"Terapia", disse ela calmamente.
"É algo que eu fiz?" Eu perguntei. "Porque se eu …" —  "Não, Aiden...
não é sobre você. Eu prometo."
Seu tom era reconfortante, mas eu ainda sentia que estava falhando com
ela de alguma forma.
"Eu só preciso trabalhar alguns problemas e acho que a terapia é a melhor
maneira", disse ela.
Eu levantei o queixo de Sienna para que eu pudesse olhar em seus olhos.
Eu queria tirar toda a sua dor e tristeza sozinho. Jamais queria ver lágrimas
naqueles lindos olhos, a menos que fossem de felicidade.
Mas talvez eu precisasse dar um passo para trás desta vez — deixar Sienna
lidar com isso do seu próprio jeito.
Suspirei e dei um beijo na testa dela. "Eu vou te apoiar, se isso é o que
você acha melhor para você."
Sienna agarrou meu colarinho e ficou na ponta dos pés, pressionando seus
lábios contra os meus.
Depois que ela finalmente se afastou, ela sorriu. "Obrigada."
Sienna
Eu estava sentada em frente a Konstantin em seu escritório novamente,
mas desta vez eu sabia por que estava aqui.
Eu sabia o que queria.
"Você tem certeza disso? " Perguntou
Konstantin. "Eu já avisei, isso vai ser intenso. Você pode não gostar do que
encontrará — mesmo estando na sua própria cabeça."
"Tenho certeza", respondi. "Ajude-me a desbloquear minhas memórias.
Quero saber quem são meus pais biológicos."
Konstantin assentiu e então fixou seu olhar no meu. Seus olhos brilharam
com aquele prata intenso que surgia quando ele estava focado.
"Muito bem, vamos começar. Primeiro, você deve abrir sua mente para
mim."
Quase caí da cadeira quando a voz de Konstantin de repente ecoou em
minha cabeça.
"Você tem que me deixar entrar."
Capítulo 48 - Mémorie
Sienna
A Torre Eiffel parecia absolutamente deslumbrante do meu ponto de vista do Rio Sena
— a estrutura magnífica brilhando no céu noturno.
Eu imaginei que o ar estava realmente fresco naquela noite. Todo mundo estava
embrulhado em seus casacos e cachecóis.
Eu estava apenas de jeans e uma camiseta, mas não conseguia sentir nada de qualquer
maneira.
Ou cheirar.
Ou experimentar.
Foi uma sensação estranha, ser capaz de ver tudo, mas não ser capaz de sentir nada.
Essa era a desvantagem de estar na memória de outra pessoa.
Eu assisti enquanto Konstantin passeava de braço dado com uma bela mulher próximo
ao Sena. Eu me perguntei quem ela era.
Uma modelo?
Uma atriz?
Uma ex-amante, talvez?
Quando eles entraram em um beco, comecei a segui-los. Para onde eles poderiam estar
indo, tão tarde da noite?
Antes que eu pudesse descobrir, fui arrancada do chão novamente e senti a
terrível sensação de ser forçada a passar por um buraco de fechadura.

***
"Por que você me tirou tão cedo?" Eu perguntei, aborrecida, quando me vi
sentada em frente a Konstantin em sua poltrona de veludo. "Eu queria ver
mais de Paris. Foi incrível."
"Sim, sempre posso mostrar mais, Sienna. Posso mostrar a você quase
qualquer lugar que você possa imaginar. Existem poucos lugares neste mundo
que eu não tenha conhecido", disse Konstantin.
"Onde você estava indo com aquela mulher?" Eu perguntei. "Ela era
linda."
"Ah, apenas uma festa, tenho certeza", disse ele, acenando com a mão
como se não fosse nada.
"Parecia tão real," eu disse, ainda hipnotizada pela memória. "É assim que
vai ser quando eu entrar em minhas memórias?"
"Sim," Konstantin assentiu. "Eu queria mostrar a você como seria. Posso
usar meus poderes para ajudar a trazer memórias à vida, mas quando
estivermos em sua cabeça, você será a única no controle."
"Como vou saber que memória devo procurar?"
"Isso pode parecer bobagem, mas você seguirá seu coração — literalmente.
Sua mente criará um guia que assume a forma de alguém em quem você confia
e que a levará ao que seu coração mais deseja."
Minha cabeça estava girando. Essa coisa de vampiro era muito nova para
mim, e mesmo para um lobisomem, era meio fantástico.
"Eu nunca soube que vampiros eram tão... mágicos."
Konstantin riu da minha escolha de palavras. "Nem todo mundo pensa
assim. Por anos, os vampiros tiveram que viver nas sombras."
"Mesmo? Por quê?"
"Os lobos do milênio não se importavam muito com a minha espécie",
respondeu ele.
Os lobos do milênio? Isso incluía Raphael?
"Ninguém deveria ter que esconder quem é", eu disse.
"As pessoas geralmente odeiam o que não entendem. Tem sido assim há
séculos. Mas você não é como a maioria das pessoas, não é, Sienna?"
Konstantin sorriu para mim e eu sorri de volta.
Ele me entendia porque ele também sabia como era se sentir excluído.
"Espero poder ajudá-la a encontrar as respostas que está procurando",
disse ele.
Eu estava nervosa, mas também animada para finalmente descobrir de
onde vim.
Eu precisava saber quem eles eram...
Meus pais.
Eles foram a razão de eu estar aqui em primeiro lugar. As viagens para
Paris eram uma boa fuga momentânea, um truque de mágica, mas não era isso
que eu procurava.
"Estou preparada", eu disse. "Vamos examinar minhas memórias."
"Na hora certa, Sienna. Mas você deve ser paciente neste processo. Não
será bom se você agir de maneira muito rápida ou intensa".
"O que você quer dizer?"
"Quero dizer que a chave para encontrar seus pais está nas profundezas do
seu subconsciente", explicou ele. "E mergulhar tão fundo será difícil."
Konstantin se levantou e se aproximou de mim, passando suavemente o dedo
pelo perímetro da minha cabeça, como se estivesse me marcando para uma
cirurgia.
"Por favor, me mostre outra memória," eu disse. "Não me sinto nem um
pouco exausta."
"Muito bem, se você insiste," ele disse, suspirando.
Konstantin colocou a mão no topo da minha cabeça, com o polegar
pressionando minha testa.
A sala começou a girar novamente, mas apenas por um momento, porque
Konstantin de repente desabou no chão, gritando em agonia.
"Konstantin", gritei, ajoelhando-me ao lado dele. "O que aconteceu? Você
está bem?"
"Estou bem, estou bem... não precisa se preocupar comigo. É que... só
consigo usar uma certa quantidade de energia de cada vez, e hoje, infelizmente,
estou esgotado."
Sua pele parecia mesmo mais pálida do que o normal. Eu o ajudei a sentar,
desculpando-me.
"Eu sinto muito. Eu não teria insistido tanto se soubesse."
"Não, não se desculpe", disse ele. "Eu deveria saber meus limites."
"Espero que isso não o desencoraje de outra sessão", eu disse.
Konstantin balançou a cabeça e sorriu. "Não, claro que não. Eu prometo a
você que da próxima vez que nos encontrarmos... vamos investigar sua
mente."
E espero encontrar as respostas de que preciso...
Aiden
"Ela não tem ninguém a quem recorrer. Ela está completamente sozinha",
Jocelyn gritou na minha cara. "Você só vai jogá-la de volta lá para se defender
sozinha?"
"Ela se saiu bem sozinha até agora," eu rosnei. "De jeito nenhum vou
deixar uma ladina correr solta em meu domínio."
"Correr?" Jocelyn empacou. "Ela nem consegue andar direito."
"Esta é uma casa de Matilha, não um ponto de passagem para lobos
solitários em busca de esmola."
"Falou como um verdadeiro líder", Jocelyn disse sarcasticamente, me
encarando. "Desde quando a Matilha da Costa Leste se tornou tão egoísta?"
"Cuidado com o que fala", eu rosnei.
"Jocelyn, você confia facilmente nas pessoas. Não estou dizendo que isso é
uma coisa ruim — não mesmo — mas às vezes você acaba confiando demais,
e esta pode ser uma dessas vezes", Josh interrompeu.
"Não venha falar comigo sobre confiança, Josh. Ou você se esqueceu de
quando chamou o Alfa do Milênio porque não confiava em seu Alfa para fazer
o trabalho dele? " Jocelyn retrucou.
Droga, ela estava com as garras de fora esta noite.
Eu tinha perdoado Josh por seu erro, mas com certeza não tinha esquecido
disso. Ele me olhou nervosamente, verificando minha reação.
"Sim, Josh pode ser um idiota, isso não é novidade para nenhum de nós,
mas não tem nada a ver com agora."
"A loba ômega precisa ir embora", disse Josh.
"O nome dela é Nina," Jocelyn rosnou.
Eu nunca tinha visto Jocelyn expor suas presas antes.
Nunca.
Isso era importante para ela.
"Nenhum lobo é exilado sem uma boa razão — você sabe disso. É um
risco mantê-la aqui."
"É um risco pelo qual estou disposta a assumir a responsabilidade", disse
Jocelyn, mantendo-se firme.
"Como curandeira, tenho a obrigação de fazer o juramento de reabilitar
qualquer lobo que venha a mim e precise de ajuda, da melhor maneira
possível."
Não adiantava discutir com ela depois da cartada do juramento. Eu tinha
muito respeito por Jocelyn, embora discordasse dela em relação a isso.
"Tudo bem, ela pode ficar — mas apenas até que ela esteja saudável o
suficiente para ir embora. E espero um relatório diário sobre esse progresso,
junto com qualquer outra informação que você possa obter."
"Combinado" ela respondeu, balançando a cabeça.
Espero que saiba o que está fazendo, Jocelyn.
Nina
"É um risco pelo qual estou disposta a assumir a responsabilidade," Jocelyn
declarou enquanto eu estava no corredor escutando sua conversa com o alfa.
Ah, Jocelyn — por que você é tão inocente? Isso torna as coisas muito mais difíceis.
Doía muito saber que ela confiava tanto em mim, sendo que eu era
completamente indigna dessa confiança. Não tinha como ser mais baixa do
que eu.
Aquele anjo merecia o mundo, mas tudo que eu poderia dar a ela eram
mentiras.
Eu escapei de volta para o meu quarto e estiquei meus membros.
Nossa, ficar deitada na cama o dia todo realmente deixa você dolorido.
Os poderes do meu benfeitor fizeram um bom trabalho. Esses ferimentos
falsos pareciam reais. Eles eram o suficiente para enganar até mesmo uma
curandeira talentosa e um alfa.
Eu mesma teria acreditado que estava perto da morte, se esses hematomas
e fraturas não fossem completamente indolores.
Na verdade, gostaria que fossem reais.
Era o que eu merecia em reparação pelo que fui enviada para fazer aqui.
Mas eu não tinha escolha, não importa o que eu quisesse. Aquele era um
trabalho que eu precisava acompanhar até o fim.
E eu estava ficando sem tempo.
Capítulo 49 – Spotlight
Michelle: noite das garotas!!!!!
Mia: Nossa, eu preciso disso
Mia: Vocês vão ter que me carregar de volta pra casa
Erica: Nem a pau!
Erica: A gente prometeu se comportar, lembra?
Erica: (emoji de proibido) balada
Michelle: só vinho e jantar no Château
Erica: Ahhhhh, Château! Magnifique
Mia: Ok, em primeiro lugar
Mia: Se acham que não consigo dar P. T. com vinho
Mia: melhor se prepararem
Mia: Em segundo lugar
Mia: Vocês estão loucas achando que vamos entrar no Chateau em uma
sexta-feira
Erica: Pois é, eles não estão com agenda lotada, tipo, por vários meses?
Michelle: relaxem
Michelle: Eu tenho meus contatinhos
Mia: Cadê a Sienna? Tá viva, miga?
Sienna: Foi mal, galera
Sienna: Acabei de ver as mensagens
Sienna: Beleza, estarei lá, mas talvez eu atrase
Michelle: tá bom, gata, melhor não furar com a gente de novo!
Sienna: Não vou, prometo!
Michelle: chateauuuuu!!!!
Michelle
"Como assim não têm?" Eu disse desesperada.
"Como eu disse, não temos assentos disponíveis esta noite", disse o
anfitrião, sorrindo por entre os dentes. Apenas reservas"
"Eu te disse," Mia suspirou, reaplicando o batom pela quarta vez.
"Acabei de ver você deixar um casal entrar sem reserva", gritei.
"Ah, por que você não me disse que era o primeiro-ministro da França?
Por aqui, senhorita", ele zombou.
"Acho bom você saber que estou acasalada com o beta" eu sorri. Isso
sempre funcionava.
O anfitrião colocou a mão sobre os olhos e semicerrou os olhos por cima
de mim. "Ah sim, onde ele está? Porque tudo que vejo são três lobas bêbadas."
"Não estamos bêbadas", Erica respondeu, indignada.
"Fale por você mesmo," Mia arrastou.
"Se meu companheiro, Josh, ficar sabendo disso, ele... ele fará com que
você seja despedido."
"Bem, então você beta vá buscá-lo."
Eu queria socar aquele atrevido, mas aí é que não entraríamos.
Não grite.
Não dê show.
Respira fundo.
Eu me virei para as meninas, murchando. "O que fazemos agora? Eu tinha
certeza de que a gente iria entrar."
"Desculpe pelo atraso, pessoal!"
Sienna, saltando de um carro com chofer, correu até nós parecendo uma
beldade sem fôlego.
Seu vestido estava coberto com strass requintados, e o colar que ficava em
sua clavícula dizia: Ei, pessoal, agora estou rica pra caralho.
Ela está usando um original Wolfric? Aquela vadia.
"Sienna, garota, você está linda! " Eu gritei, provavelmente um pouco alto
demais.
"Obrigada, você também, Michelle! Adorei seus brincos", ela respondeu.
"Podemos entrar? Estou faminta."
"Então, sobre isso... " Erica começou.
Sienna passou por nós e se aproximou do anfitrião. "Reserva para quatro,
Sienna Mercer-Norwood."
"Ah sim, Sra. Mercer-Norwood, seu nome está bem aqui. Siga-me", ele
disse, lançando um olhar de soslaio para mim.
"Você tinha uma reserva? " Eu perguntei, pasma.
"Eu liguei no caminho até aqui e eles disseram que nos acomodariam em
uma mesa da varanda. Que sorte, não é? " ela disse com total sinceridade.
"Nossa, sim, quanta SORTE", eu disse.
Sra. Mercer-Norwood.

***
É difícil desfrutar de uma comida cinco estrelas quando seu estômago está
embrulhado.
Ouvir como Mia e Erica bajulavam cada palavra que saía da boca de Sienna
me deixava ainda mais enjoada.
"O Baile de Inverno deste ano será o seu primeiro como companheira de
Aiden. Vocês vão descer a grande escadaria juntos! " Erica suspirou.
"Sua vida é tão romântica, Sienna. Eu não consigo lidar com isso", Mia
jorrou.
Nem eu.
Não é que eu não estivesse feliz por Sienna. Ela era minha melhor amiga.
Claro que estava.
Mas ser completamente ofuscada pela minha melhor amiga enquanto ela
nem ligava para o seu tratamento especial era totalmente frustrante.
Eu tinha conquistado muitas coisas no ano passado também, mas minhas
realizações sempre ficariam em segundo lugar ou como vice-campeãs em
relação às de Sienna — até mesmo meu marido, o beta.
Sienna nem apreciava a atenção. Ela ficou com os olhos grudados no
telefone a noite toda, mandando mensagens de texto para alguém,
provavelmente para Aiden. Não poderia nem mesmo ter uma noite longe dele.
Sienna se levantou abruptamente, me assustando. Por um momento, pensei
que talvez ela pudesse ler minha mente, e fiquei vermelha.
"Sinto muito interromper os trabalhos mais cedo, meninas, mas tenho uma
reunião com um cliente", desculpou-se Sienna.
"Você faz reuniões a esta hora? " Eu perguntei, levantando minhas
sobrancelhas.
"Vá, seja brilhante, faça sua mágica", disse Erica, mandando beijos. "Estou
orgulhosa de você, amiga."
Acho que vou vomitar.
Meio bêbada, larguei minha bolsa no chão enquanto entrava cambaleando
em casa. Josh estava assistindo o Jornal da Matilha e nem mesmo ergueu os
olhos quando entrei.
Típico.
Aposto que quando Sienna chegou em casa, Aiden encheu a calçada com
rosas e a pegou em seus braços na entrada, beijando-a, como em um conto de
fadas do caralho.
Era completamente irracional para mim ficar com raiva de Josh, mas agora,
eu não estava pensando racionalmente.
"Josh, você vai apenas me deixar parada aqui? Me segura, caramba!"
Josh se virou, meio confuso. "Espere, o quê?"
"Por que você não faz algo. Porra, faça alguma coisa... Você sempre deixa
os outros te deixarem de fora", eu gritei.
"Ah, você só está bêbada", disse ele, Virando-se e me ignorando.
Eu marchei na frente da TV e encarei Josh. "Você está realmente contente
em ser sempre o segundo melhor? Sendo pisoteado enquanto outra pessoa o
substitui?"
"Ah, já entendi. Isso nem tem a ver comigo. Tem a ver com você e
Sienna", Josh respondeu presunçosamente.
"Não, não tem" eu recusei. "Tem a ver com você virar homem e dizer ao
Aiden que não quer que Sienna assuma todas as suas responsabilidades, agora
que ela está no conselho."
Josh saltou da cadeira, enfurecido. "Sabe de uma coisa, Michelle? Você é
uma hipócrita do caralho. Você está latindo para mim sobre confrontar Aiden
quando você nem mesmo fala com Sienna sobre como você se sente
ofuscada." Ele estava certo. Nós dois estávamos nos sentindo eclipsados e
nenhum de nós estava fazendo nada a respeito.
De repente, o fogo e a raiva que eu sentia por Josh começaram a descer
pelo meu corpo. Agarrei meu sexo enquanto sentia um desejo ardente pelo
meu companheiro.
Ele também sentiu — eu já podia ver que ele estava ficando excitado
através das calças.
A Bruma estava nos chamando e não poderia ter vindo em melhor hora.
Eu queria que Josh me pegasse? Bom, ele me pegou pra caralho, me
tirando do chão e me empurrando contra a parede.
Ele levantou minha saia sobre meus quadris e pressionou seu pau enorme
entre minhas pernas.
"Sem calcinha? " Josh sorriu.
"Cale a boca e coloca dentro de mim," eu rosnei, cravando minhas unhas
em suas costas.
Quando ele deslizou dentro de mim, gritei em êxtase. Nossa, era tão bom.
Eu não conseguia nem lembrar por que estávamos brigando.
Com cada impulso, a Bruma se tomou mais intensa e meus gemidos
ficaram mais altos. Os braços volumosos de Josh me prendiam, e tudo que eu
queria era que ele metesse —
"Mais forte!"
"Deixa comigo, amor" Josh disse enquanto começava a foder mais forte e
mais rápido.
Isso.
Isso, porra.
Josh podia ser um beta, mas fodia como um alfa.
Sienna
"Você está pronta?"
Os olhos penetrantes de Konstantin olharam através de mim enquanto eu
me sentava em frente a ele na cobertura. Parecia que ele podia me ver de uma
outra maneira que ninguém mais podia.
Será que eu estava pronta?
Parte de mim sentia que isso era errado — deixar alguém entrar em minha
mente, meus pensamentos mais íntimos que nem mesmo Aiden sabia.
Mas Konstantin era meu terapeuta e eu precisava aceitar que havia algumas
coisas que eu não poderia fazer sozinha.
Nada estava claro, mas se eu quisesse encontrar meus pais, tinha que
confiar nele.
"Estou pronta", eu disse. "Me diga o que fazer."
"Feche os olhos."
Ele estava falando comigo telepaticamente novamente. Eu segui suas
instruções.
"Agora, pegue minhas mãos."
Eu gentilmente agarrei suas mãos.
"Lembre-se... siga seu coração."
Sem nem mesmo uma ondulação, meu ambiente mudou completamente. Eu estava no
que parecia ser um castelo, vestindo um manto transparente sem nada por baixo.
Eu estremeci, meus mamilos endureceram sob o manto. Esta era definitivamente minha
mente.
Na mente de Konstantin, eu não conseguia sentir nada, mas na minha, tudo parecia
real — real até demais.
Comecei a descer uma escada à luz de velas, mas o caminho estava bloqueado por uma
porta trancada. Quando minha mão deslizou para o bolso do manto, encontrei uma chave.
Achei que essa fosse a minha mente. Por que eu não teria a chave?
Eu destranquei a porta e empurrei, tropeçando direto em um par de braços musculosos.
Eu olhei para cima e engasguei.
"Aiden?"
"Ah, aí está você. "Ele sorriu. "Eu estava me perguntando quando você viria me
buscar."
Mas aquele não era o Aiden real — era o guia que minha mente havia criado, a pessoa
em quem eu mais confiava.
Eu olhei ao meu redor...
Estranho, esta sala parecia uma masmorra; a porta destrancada era a única saída.
"Para onde vamos? " Eu perguntei.
Aiden acenou com a cabeça silenciosamente em direção às escadas.
Enquanto subíamos a escada em espiral, percebi como meu manto era transparente.
Amaldiçoei minha mente por projetar essa roupa. Por que diabos eu escolhi isso? Eu
estava praticamente nua.
Aiden não pareceu se importar, a julgar pela maneira como senti seus olhos seguindo
minha bunda.
A escada parecia não ter fim, e de repente percebi que não tinha demorado tanto para
descer.
"Sienna, acho que você está se segurando. Vamos continuar em um loop se você não se
abrir.
"Sinto muito, minha mente está uma bagunça. Eu não sei como controlar..."
Meu corpo foi sacudido por uma onda de choque de eletricidade que se espalhou por cada
centímetro da minha pele.
Ah não...
Não aqui.
Como isso está acontecendo aqui?
A Bruma me atingiu como um trem de carga. Ou alguma versão disso na minha
cabeça.
Como eu poderia estar tão desconfortável e tão excitada ao mesmo tempo?
Meu manto começou a afrouxar e meu peito começou a arfar. Meu sexo ansiava por
alguém estar dentro dele.
Aiden pareceu surpreso. "Sienna, o que está acontecendo? O que você está sentindo?
Diga-me."
Eu estava sentindo...
Tudo.
E era bom pra caramba.
Capítulo 50 - Restrições
Sienna
Acordei de repente, suando e ofegante. Konstantin ainda estava segurando
minhas mãos, e eu rapidamente as afastei e coloquei sob meus braços para
aquecê-las.
Eu estava bem molhada, mas não por causa de um orgasmo. Fora da
minha mente, eu estava úmida e encharcada de suor frio.
Konstantin correu para o meu lado, jogando um cobertor sobre meus
ombros.
"F-foi a Bruma", eu disse, batendo os dentes. "Não entendo o que
aconteceu."
"Fascinante", disse Konstantin, me estudando. "Então, é assim que isso se
manifesta em sua mente."
"O que você quer dizer?"
"Aquela não era a Bruma, pelo menos não a real. Sua mente vai tentar lutar
com você. É natural. Seu cérebro tem uma espécie de mecanismo de defesa —
como glóbulos brancos do sangue — para impedir que você vá longe demais."
"Não consigo controlar", tossi.
"Eu sei. É por isso que trabalharemos juntos, disse Konstantin com calma.
"Este mecanismo de defesa se manifesta de maneira diferente para cada
indivíduo e, no seu caso, deve estar se manifestando como uma Bruma."
É claro. Isso significava que toda vez que eu tentasse acessar minhas
memórias, iria sentir uma versão superintensa da Bruma.
Porra, que maravilha.
A última coisa que eu queria era ficar desconfortável e com tesão durante a
terapia.
"É importante lembrar que, embora pareça muito real, nada do que está
acontecendo em sua mente está realmente acontecendo fisicamente no mundo
real. Está tudo na sua imaginação."
"Por hoje já deu. É muita coisa para lidar."
"Eu entendo; amanhã continuamos. Eu não quero a pressionar se não
estiver pronta", ele disse, pegando minha jaqueta e me guiando até o elevador.
"Obrigada pela compreensão. " Eu sorri fracamente. "Eu me sinto
envergonhada."
"Absurdo. Vá para casa e descanse um pouco. Tentaremos novamente
amanhã. " A água quente rolou pelas minhas costas enquanto eu estava no
chuveiro, tentando entender o que estava acontecendo comigo.
Por que minha mente me colocou em uma posição tão vulnerável?
O que eu estava escondendo de mim mesma?
Seja lá o que fosse, estava enterrado profundamente.
Enquanto eu espirrava água no rosto, ouvi a porta do chuveiro se abrir
atrás de mim.
"Quer companhia?"
Eu me virei para encontrar Aiden, nu e totalmente ereto, sorrindo para
mim com antecipação.
Era a Bruma.
O tipo real de Bruma.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me prendeu contra a parede
e estávamos nos beijando.
Ele mordeu meus lábios e sua língua começou a se mover pelo meu
pescoço, depois meu torso, até que ele estava de joelhos e sua cabeça estava no
meu sexo.
Eu estremeci de prazer quando sua língua sacudiu dentro de mim. Fechei
meus olhos e cedi ao meu desejo quando minha Bruma apareceu.
Aiden conseguia trazê-la à tona apenas olhando para mim da maneira certa,
mas seu toque era ainda melhor.
"Você adora quando estou dentro de você, não é, Sienna?” Aiden disse,
olhando para mim.
"Nossa, sim," eu gemi.
Aiden se levantou e a cabeça de seu pau roçou meu sexo.
"Faz um tempinho que a gente não sente a Bruma” Aiden sussurrou em
meu ouvido.
Tirando a Bruma que tinha aparecido na minha cabeça.
"Desculpa, tenho trabalhado tanto", disse Aiden, seu pau começando a
violar meu sexo. "Deixe-me compensar isso."
Eu gemia em aprovação quando sua ponta escorregou.
Aiden se afastou, então me agarrou pelos ombros e me virou,
pressionando-me contra a parede.
Ele de repente entrou em mim por trás, e eu engasguei quando senti sua
masculinidade me preenchendo.
Caralho!
Eu coloquei minhas mãos na parede para me segurar quando Aiden
começou a meter em mim com sua força de alfa.
"Isso, me fode! " Eu gaguejei enquanto cada impulso me atingia exatamente
no lugar certo.
Meu corpo inteiro tremia de desejo, implorando por mais.
Eu senti como se estivesse prestes a desmaiar de prazer.
Era exatamente o que eu precisava para limpar minha mente — ser fodida
pelo meu companheiro.
Aiden: Você não me deu atualizações hoje
Aiden: Ela já está saudável o suficiente para ir embora?
Aiden: Eu quero uma data e hora
Jocelyn: Aiden, estou cuidando dela, mas ela não vai se curar da noite para
o dia.
Jocelyn: Você precisa me deixar fazer meu trabalho.
Aiden: E você precisa me deixar fazer o meu hoje
Aiden: Ela já está saudável o suficiente para ir embora?
Aiden: Eu quero uma data e hora
Jocelyn: Aiden, estou cuidando dela, mas ela não vai se curar da noite para
o dia.
Jocelyn: Você precisa me deixar fazer meu trabalho.
Aiden: E você precisa me deixar fazer o meu
Aiden: Não podemos confiar nela
Jocelyn
Exasperada, coloquei meu telefone virado para baixo na minha mesa. Nina
me lançou um olhar curioso.
"Problemas com o namorado?" ela perguntou provocativamente.
"Ex-namorado, na verdade."
"É o beta ou o alfa que está fazendo você parecer que acabou de provar
algo amargo?"
"Alfa," eu ri. "Espere, como você sabia sobre..."
"Você acha que não percebi toda a tensão no ar quando vocês três estão
juntos em uma sala? O clima fica tão tenso que não dá nem para respirar —
disse Nina, segurando seu pescoço e fingindo engasgar-se.
"Isso é passado. Não deu certo com nenhum deles.
"Alfa, beta... talvez você precise é de um ômega" Nina sorriu.
Eu me vi corando novamente. Por que isso sempre acontecia comigo
quando eu estava perto dela?
Ajudei Nina a se levantar e mancar até as barras paralelas para que
pudéssemos trabalhar em sua fisioterapia. Meu rubor só aumentou quando ela
agarrou meu braço com força.
"O alfa não gosta que eu esteja aqui, não é? Ele quer que eu vá embora."
"Aiden é muito protetor com sua matilha, como um bom líder deve ser,"
eu respondi. "Ele nem sempre é a pessoa mais aberta, mas geralmente se torna
mais gentil com o tempo"
"Foi o que aconteceu com sua companheira? Qual era o nome dela? Ouvi
dizer que eles têm um romance de contos de fadas."
"Sienna — e onde você ouviu isso? Nos tabloides?" Eu perguntei
cautelosamente.
"Quem me conhece sabe que eu leio umas revistas inúteis", admitiu Nina.
"Então, qual é o problema de Sienna? Eu não a vi na Casa da Matilha até
agora. Ela não trabalha aqui?"
"Normalmente, sim, mas ela não veio nos últimos dias. Por que você está
fazendo todas essas perguntas sobre Aiden e Sienna?" Eu perguntei.
Nina de repente perdeu o equilíbrio e caiu no chão com um baque,
gritando de dor.
"Nina!" Eu me joguei no chão e a ajudei a se levantar, inspecionando seu
tornozelo; estava roxo.
"Acho que o torci. " Ela estremeceu.
"Nós tentamos muito cedo. Eu não deveria ter te pressionado tanto", eu
me desculpei.
Nina colocou a mão na minha e olhou para mim com seus olhos
encantadores.
Meu coração começou a bater no meu peito, mas eu não movi minha mão.
Por que é que eu não estou movendo minha mão?
Eu finalmente consegui me afastar e recuperar minha compostura. "Eu
acho que devemos continuar amanhã," eu disse, limpando minha garganta.
"Tudo bem", disse ela, desapontada. "Mas, Jocelyn, às vezes é bom insistir.
Às vezes, você precisa tentar para descobrir se está pronta."
Sienna
Depois que Aiden ajudou a limpar minha mente e lidar com a minha
Bruma, me senti muito mais confiante em tentar outra sessão com Konstantin.
"Você está pronta para tentar novamente? " ele perguntou, sentando na
minha frente em seu escritório.
"Acho que sim."
Eu respirei fundo.
"Eu tenho certeza."
"Aconteça o que acontecer, não lute. Entende? Você tem que ceder", disse
Konstantin. "É a única maneira de descobrir o que sua mente esconde."
"Vou fazer o meu melhor."
"Me dê suas mãos."
Um exuberante jardim cheio de arcos floridos e fontes jorrando abriu o caminho para
uma linda mansão de tijolos. Eu levantei meu vestido enquanto caminhava em direção a ele,
tentando não sujá-lo.
Espere, o que eu estava fazendo? Isso não era real.
Enquanto eu acelerava meu ritmo, meus seios praticamente derramaram do corpete
apertado que os estava impulsionando.
Mais uma vez, isso foi obra da minha própria mente. Tudo na minha
cabeça foi projetado por mim. Da última vez, foi um castelo assustador, desta
vez, uma encantadora propriedade rural no período vitoriano.
Sinceramente, eu preferia este lugar
Quando cheguei à mansão, encontrei Aiden dentro, vestido com um terno elegante e
gravata.
Minha mente, de alguma forma, o tornava ainda mais bonito.
"Para onde?" Eu perguntei, examinando a enorme mansão.
"Este é o seu cérebro," respondeu ele. "Siga seus instintos. Onde está dizendo para você
ir?"
Sem pensar, comecei a subir a grande escadaria, com Aiden seguindo atrás. Passei por
dezenas de portas, mas sabia que nenhuma delas era a que eu estava procurando.
Corredores tortuosos.
Escadas mais estreitas.
Papéis de parede mudando constantemente.
Este lugar era mais um labirinto do que uma mansão. Eu estava começando a sentir
como se algo estivesse faltando até que me vi parando abruptamente no meio de um corredor.
"Acho que está aqui, mas não sei por quê," disse eu, confusa. "Não há nem portas
neste corredor."
Eu instintivamente olhei para o teto e encontrei uma porta do sótão, ligeiramente
entreaberta.
"É muito alto para alcançar. Dê-me um impulso."
Eu esperava de verdade que minha mente tivesse sido cortês o suficiente para me dar
roupas íntimas desta vez.
Quando Aiden me levantou, comecei a sentir um formigamento por todo o meu corpo.
A maldita Bruma de novo, o mecanismo de defesa do meu corpo. Isso significa que
devemos estar perto.
"Está acontecendo de novo", choraminguei.
O rosto de Aiden estava perigosamente perto da minha bunda.
"Não lute contra isso. Ceda a tudo o que sua mente lhe disser para fazer quando
entrarmos naquela sala."
Consegui puxar a escada para baixo e subi-la, tentando não pensar em como estava me
sentindo extremamente excitada.
Quando vi o que havia dentro do sótão, meu queixo caiu.
"Que porra é essa?"
Acessórios BDSM artigos de madeira enchiam a sala, junto com muitos chicotes e
correntes.
Eu tinha acabado de nos levar a uma maldita masmorra de sexo — exceto que era no
sótão.
A Bruma se espalhou pelo meu corpo como um incêndio. Eu queria arrancar minhas
roupas, e quando olhei para Aiden, parecia que o mesmo pensamento passava por sua
cabeça também.
Aproximei-me de uma das engenhocas de madeira, sem controle do meu próprio corpo,
como se estivesse sonâmbula.
Minha mente prendeu as alças em volta dos meus pulsos.
"O que você está fazendo?" Aiden perguntou com um sorriso malicioso.
"Sinceramente, não sei", eu disse, tentando não entrar em pânico.
Outra onda de Bruma me atingiu, e tudo que eu queria era sentir algo.
Sentir qualquer coisa.
"Pegue um chicote", ordenei.
Capítulo 51 – Mente Aberta
Sienna
Aiden desamarrou meu vestido até que minhas costas estivessem expostas, enquanto
minhas mãos permaneciam amarradas. Minha Bruma, ou melhor, meu subconsciente,
queria tanto isso que doía.
Seus dedos traçaram minhas costas nuas. Havia luxúria em seu toque. Suas
unhas estavam cravadas em minha pele. Eu estava sedenta por algo maior do
que apenas um leve arranhão.
Eu precisava sentir algo real.
"O chicote", eu disse novamente.
Aiden examinou a variedade de chicotes na parede e escolheu um com várias tiras. Ele
brincou com meu corpo antes de dar uma leve chicotada na minha bunda.
Ainda não era suficiente.
"Mais forte," exigi.
"Com prazer", respondeu ele, com um brilho diabólico nos olhos.
Ele bateu o chicote contra minha carne novamente. Doeu dessa vez, mas meu corpo
queria mais.
"MAIS FORTE", gritei.
Quando ele desceu o chicote novamente, eu estremeci.
O que eu estava fazendo?
Isso não parecia certo. Aquela não era eu.
E aquele também não parecia Aiden.
O que estava acontecendo na minha cabeça?
Meus desejos mudaram. De repente eu não queria mais isso.
"Aiden, pare," eu disse, lutando contra as amarras em que me coloquei.
Mas ele não parou.
Ele me chicoteou com o chicote novamente.
E de novo.
"Aiden," eu gritei. "Ouça-me!"
"Não, não podemos parar."
CHICOTADA
"Temos que continuar..."
CHICOTADA
"Precisamos saber"
CHICOTADA
Eu estiquei meu pescoço para olhar para Aiden, e não pude nem reconhecê-lo.
Ele parecia tão intenso e determinado, mas seus lábios estavam curvados em um sorriso
perturbador.
Ele estava gostando disso.
"Não lute contra isso," ele gritou.
Eu senti algo uivar dentro de mim — meu lobo interior.  Ele começou a ficar cada vez
mais alto até abafar todo o resto.
A sala começou a girar Então tudo desapareceu.

***
"Que porra foi essa? " Eu perguntei, voltando à realidade.
Eu me levantei e me afastei de Konstantin.
"Sienna, acalme-se. Eu entendo que você esteja incomodada, mas não era
real. Estava tudo na sua cabeça, e só você tem o controle lá," disse Konstantin,
erguendo as mãos e me dando espaço.
"Não me pareceu assim", disse eu.
"Esta foi apenas a sua maneira mental de pedir que você se submetesse. Se
vamos descobrir o que está nos recessos mais profundos do seu
subconsciente, você terá que ceder a tudo o que está se pedindo para fazer,
mesmo que pareça insano."
Eu balancei minha cabeça, não querendo ouvir nada disso. "Ele... ele se
transformou em algo... vil," eu disse, com lágrimas nos olhos. "Eu nem o
reconheci."
"Seu companheiro? " Perguntou Konstantin. "Aquilo era apenas sua
imaginação."
"Já chega."
"Sienna, estamos tão perto. Eu posso sentir isso."
"Não, eu não posso fazer isso."
Konstantin tinha me avisado que seria intenso, mas o que eu tinha acabado
de experimentar estava em outro nível. Eu não fui feita para isso.
Peguei meu casaco e corri para o elevador, apertando o botão de descer até
que a porta se abriu.
"Sienna, não fuja disso de novo", Konstantin gritou atrás de mim.
Quando o elevador fechou, jurei que esta seria a última vez que colocaria
os pés na terapia.

***
Konstantin: Sienna, estou preocupado com você.
Konstantin: Já se passaram três dias.
Konstantin: Se você não retornar às nossas sessões, todo o nosso
progresso será perdido.
Konstantin: Eu entendo que você se sentiu vulnerável.
Konstantin: Mas a verdade sempre nos faz sentir assim.
Konstantin: Não desista ainda.
Eu olhei para a sequência de mensagens e as ignorei, assim como tinha
feito nos últimos dias.
Eu sabia que ele tinha razão, mas simplesmente não conseguia voltar atrás.
Talvez eu não fosse tão forte e dominante quanto pensava...
Minhas sessões com ele exigiram mais de mim do que eu imaginava. Elas
minaram minha energia, meu impulso sexual e meu apetite e substituíram tudo
por melancolia.
Eu fiquei na cama a maior parte dos últimos dias, me recuperando. Aiden
até fez Jocelyn fazer uma visita domiciliar, mas ela não conseguia perceber
nada de errado comigo.
Eu não tinha como explicar que eu só estava com uma ressaca mental
muito forte.
Eu ouvi uma batida suave na porta, e Aiden entrou e sentou-se na ponta da
cama.
"Está se sentindo melhor hoje?"
"Estou me sentindo ótima. " Eu sorri.
"Bom, porque eu tenho uma surpresa para você", disse ele, lançando-me
um sorriso de lobo.
Aiden
"Para onde você está me levando?" Sienna perguntou enquanto eu a
conduzia pela floresta. "Você não tem que trabalhar esta noite?"
Trabalho — eu estive profundamente envolvido ultimamente. E isso estava
afetando Sienna. Eu nunca a tinha visto tão emocionalmente distante antes.
Eu me sentia fraco pra caralho sabendo que eu não pude ajudá-la e ela teve
que recorrer à terapia.
Eu sabia que de alguma forma eu tinha culpa. Então talvez isso nos desse a
chance de nos reconectarmos.
"Tecnicamente, estou trabalhando. E você também", eu disse. "Estamos
em patrulha."
"O que você quer dizer?" ela perguntou, cética. "A patrulha não é algo que
você só faz com o seu beta?"
"Normalmente, mas eu quero começar a fazer isso com você. Quero
envolvê-la mais na minha vida profissional."
Para minha surpresa, Sienna começou a tirar as roupas. Ela se virou e
sorriu para mim.
"Bem, é melhor nós irmos então. Tire suas calças."
Ninguém teve que me dizer duas vezes para ficar nu. Eu amei a sensação
de me livrar das roupas antes de transformar.
Enquanto eu observava Sienna remover sua calcinha tão casualmente,
comecei a ficar excitado. Ela não tinha mais vergonha de seu corpo há um ano.
Agora ela estava toda confiante e sexy pra caralho.
Ela se virou e me deixou ver sua silhueta sob o luar.
Sua pele branca e macia.
Seus seios perfeitos e mamilos rosados.
"Pensei que era uma patrulha," ela riu, vendo que eu estava excitado. "Ou
você está apenas nos apontando em que direção devemos ir?"
Nós dois nos transformamos e começamos a nos comunicar por meio de
nossa conexão.
"Tente acompanhar," incitei.
Sienna correu para a floresta em um piscar de olhos.
"O que você estava dizendo?"
Tudo bem, se era assim que ela queria brincar.
Corri atrás dela, alcançando-a e beliscando seus calcanhares, mas ela
conseguiu manter um passo à frente.
Ela correu mais rápido — muito mais rápido.
Lembrei-me de nossa primeira corrida enquanto ziguezagueávamos pela
floresta. Eu nunca esquecerei aquela perseguição emocionante — o jeito que
Sienna me fez caçá-la por horas.
Agora, estávamos correndo lado a lado — companheiros alfa — e era
perfeito.
De repente, Sienna me abordou com todo o seu peso e eu perdi o
equilíbrio, rolando por uma colina e caindo com toda força dentro de um rio.
Fiquei submerso por um momento e vi Sienna acima de mim, olhando
para baixo.
Minha cabeça surgiu na superfície e eu remei até a costa. "Que porra foi essa?
" Eu rosnei.
Sienna mudou de volta para a forma humana e começou a rir
histericamente.
"Vingança, pela nossa primeira corrida."
Eu sacudi meu pelo molhado na direção dela antes de também me
transformar.
"Ei, você está me molhando", ela gritou.
"Ainda não, não estou," eu disse, levantando-a e prendendo-a contra uma
árvore. "Mas vou te molhar pra caralho."
Começamos a nos beijar e morder como animais enquanto ela colocava as
pernas em volta da minha cintura.
Meu pau  pressionou contra seu sexo, fazendo-a gemer, e isso me deixou
louco.
A Bruma estava forte pra caralho, e tudo que eu queria era fazer ela se
sentir tão bem quanto eu.
"Tá sentindo? " Eu olhei para ela, esperançosamente.
Sienna me empurrou para o chão e começou a montar em mim sem
qualquer hesitação.
"Tô", disse ela com um sorriso.
Porra, foi incrível. Ela sabia exatamente como se mover quando estava em
cima de mim.
"Aiden... Isso!" ela gritou.
Ela balançava para frente e para trás no meu pau, assumindo o controle.
Cravei meus dedos no chão enquanto ela deslizava pelo meu membro com
precisão.
Isso, porra!
Ela estava louca de tesão.
E eu ia fazê-la sentir tesão...
A noite toda.
Jocelyn
Nina não estava progredindo da forma que eu esperava. Lobisomens
curam muito mais rápido do que humanos, mas os ferimentos de Nina me
deixavam perplexa.
Por fora, os hematomas e cortes pareciam terrivelmente doloridos, mas
meus sentidos me diziam que algo estava errado.
Eu estava ficando mais perto de Nina a cada dia, mas não pude evitar de
sentir que ela não estava sendo completamente honesta comigo.
Havia uma maneira — uma técnica de cura arriscada — que eu poderia
usar para descobrir a verdade...
"O que você está pensando?" Nina perguntou, mancando lentamente até
mim.
"Só estou tentando descobrir como podemos acelerar sua recuperação."
Eu sorri, mas Nina não retribuiu.
"Ih, você está ficando cansada de mim, né?
"Não, não estou me cansando de você. Eu só quero que você melhore", eu
a tranquilizei. "Sinto que não tenho feito tudo o que posso."
Ajudei Nina a se sentar à minha frente e agarrei suas mãos.
"Eu gostaria de tentar algo novo — se você me permitir".
Nina sorriu, interessada. "Estou sempre disposta a experimentar coisas
novas."
Merda, esta pode ser a pior ideia que já tive, mas preciso saber.
Havia uma técnica antiga que permitia aos curandeiros absorver a dor de
outro lobo em seus próprios corpos.
Era perigoso, mas se ela estava realmente ferida, então talvez isso pudesse
mudar as coisas, e se ela não estivesse...
Coloquei minhas duas mãos em sua perna quebrada e concentrei toda a
minha energia em seu ferimento.
Em seguida, inverti o fluxo de sua energia em meu corpo.
As veias dos meus braços começaram a brilhar e me preparei para a dor
excruciante que estava prestes a se infiltrar dentro de mim, mas...
Nada.
Sem dor.
Eu olhei para Nina, permitindo que a traição aparecesse em meus olhos.
"Você mentiu para mim," eu disse, chocada. "Você nem mesmo está ferida.
Você nem está com dor, porra."
"O que você quer dizer? É claro que estou..." — " Não... sem mais
mentiras, Nina. Você só vai piorar as coisas. Eu posso sentir o que está dentro
de você."
"Merda, Jocelyn. Eu queria te dizer", ela disse, enquanto seus olhos se
arregalavam. "Por favor, estou te implorando, não me odeie."
Sobre o que mais ela estava mentindo? Qual o real motivo de ela estar
aqui?
"Você precisa ir embora," eu disse, as lágrimas começando a rolar pelo
meu rosto. "Vá agora, antes que eu conte a Aiden."
"Jocelyn, por favor, me escute," ela gritou, mas eu já estava pegando meu
telefone.
Nina se lançou sobre mim e eu vacilei, fechando os olhos, mas congelei
quando senti seus lábios encontrarem os meus.
O que estava acontecendo?
Por que eu estava deixando isso acontecer?
Quando seus lábios macios se fecharam sobre os meus, senti uma onda de
emoção.
Em vez de me afastar, inclinei-me e ela me beijou ainda mais forte. Cada
pingo de raiva que eu sentia um momento atrás desapareceu.
Abri os olhos e Nina também tinha lágrimas nos olhos.
"É por isso que eu não disse que já estava curada," ela disse, colocando a
mão no meu rosto.
"Eu não queria que você me mandasse embora. Não antes de ter a chance
de dizer o que realmente sinto por você. Há uma conexão entre nós — é forte.
Você sente isso também?"
"Sim," eu respondi, enxugando suas lágrimas. "Eu também sinto."
Capítulo 52 – Inseguranças
Sienna
Depois de um tempo longe de Konstantin, minha Bruma estava correndo
solta, e Aiden e eu estávamos mais próximos do que nas últimas semanas.
A questão dos meus pais ainda me incomodava, mas minha mente estava
tão confusa que eu precisava limpá-la para tentar tomar qualquer decisão
racional.
Se meus pais estivessem por aí, eu encontraria uma maneira de rastreá-los
— uma maneira que não envolvesse exercícios mentais.
Claramente minha mente não ajudou, não importa o quanto eu quisesse.
Konstantin havia tentado o seu melhor, mas eu simplesmente não
consegui.
Aiden girou em sua cadeira e passou os braços em volta de mim, me
puxando para seu colo.
"O que podemos fazer hoje? " Aiden perguntou. "Que tal um encontro?"
"Aiden, esta é a primeira vez que trabalho no escritório durante toda a
semana. Não posso sair toda hora. As pessoas vão pensar que estou recebendo
tratamento preferencial."
"Você é a companheira do alfa. Claro que você está recebendo tratamento
especial. Na verdade, acho que vou dar isso a você agora", ele disse, deslizando
a mão pela minha perna e por baixo da minha saia.
"Para, Aiden, agora não. Tenho tanta papelada para preencher", eu disse,
mas não fiz nenhum esforço para impedi-lo de puxar minha calcinha até meus
tornozelos e calcanhares.
"Há algo que precisa ser preenchido bem aqui", ele rosnou, lentamente
mergulhando seus dedos profundamente no meu sexo.
Porra, era tão bom, e minha Bruma começou a atacar, deixando tudo ainda
melhor.
Estava ficando tão quente no escritório de Aiden que comecei a
desabotoar minha blusa, revelando meu sutiã de renda.
Eu dei a ele um olhar de aprovação e, em um movimento rápido, ele
limpou tudo de sua mesa e me deitou.
Aiden rastejou sobre mim e começou a puxar para baixo suas calças,
pronto para realizar sua fantasia de escritório, mas eu tinha a minha própria.
"Espere." eu exclamei. "Eu quero tentar algo."
Virei Aiden e subi em cima dele, sentindo meu domínio emergir pelo meu
corpo.
Inclinando-me o mais próximo possível de seu ouvido, sussurrei...
"Sou eu quem manda."
Michelle
"É um absurdo", gritei, andando de um lado para o outro no escritório de
Josh. "Como ele pode fazer isso com você?"
Josh apenas balançou a cabeça. "Ele a levou em patrulha quase todas as
noites esta semana. Era uma coisa nossa."
Ok, eu tive que admitir que o bromance do Josh com seu melhor amigo e
subsequente reclamação sobre ser deixado de lado era meio broxante...
Mas eu tinha meus próprios problemas com Sienna.
E agora ela estava interferindo no trabalho do meu companheiro também?
De jeito nenhum isso iria continuar.
"Josh, você tem que falar com Aiden hoje. Você é o beta dele, não Sienna,
e tem se esforçado tanto para mostrar seu valor. Você merece o melhor."
"Tudo bem, farei isso hoje — se você concordar em falar com Sienna e
parar de ser tão passivo-agressiva", disse Josh, cruzando os braços.
"Não sou passivo-agressiva", zombei.
Eu tinha que admitir que queria que as coisas melhorassem entre mim e
Sienna, mas queria que ela viesse até mim primeiro. Eu mal tinha ouvido falar
dela nas últimas semanas.
Às vezes eu me perguntava se estava sendo mesquinha, mas realmente doía
ver minha melhor amiga de toda a vida se distanciando cada vez mais de mim.
Uma batida forte no escritório de Aiden na porta ao lado me tirou dos
meus pensamentos e Josh pulou da cadeira.
"Estamos sob ataque?" ele deixou escapar, rasgando sua camisa, pronto
para se transformar.
Os sons inconfundíveis de gemidos e grunhidos começaram a sangrar pela
parede como se ela fosse feita de papel.
Meu queixo caiu. "Espere um segundo... eles estão?"
"Aiden."
"Ai, Aiden."
"Isso. Isso. Isso."
"AIDEN."
"Josh, temos que superá-los", gritei.
Ok, talvez eu fosse um pouco passivo-agressiva às vezes.
Empurrei Josh contra a parede e baixei suas calças. Ainda bem que ele
estava literalmente sempre pronto para agir.
Eu agarrei seu rosto e olhei profundamente em seus olhos.
"Eu quero que você me faça uivar, porra."
"Pode deixar", disse ele, rasgando minha camisa para que meus seios se
espalhassem em seu rosto.  Comecei a gemer o mais alto que pude, bem contra
a parede que dividia os escritórios de Josh e Aiden.
"Michelle, ainda nem estou dentro de você", disse Josh, confuso.
"Bem, então se apresse," eu gritei impaciente.
Sério que ele não estava entendendo o que estávamos fazendo? Graças a
deus ele era lindo.
Eu cravei minhas unhas no abdômen de Josh enquanto ele metia e a gente
gemia loucamente.
Foi alucinante.
Quem diria que a foda competitiva induzida pela Bruma seria tão boa?
Saí do escritório de Josh, ofegando bastante, no momento exato em que
Sienna saiu do de Aiden.
"Ótimo", eu murmurei baixinho.
"Ah, Michelle... oi," Sienna gaguejou.
Nós duas nos olhamos de cima a baixo, ficando vermelhas. Estávamos
completamente bagunçadas — cabelos amassados, roupas rasgadas, ambas
sem fôlego.
Percebi que minha calcinha estava pendurada no bolso da jaqueta e tentei
escondê-la discretamente.
Sienna ajustou a alça do sutiã que estava exposta por causa de vários
botões faltando em sua blusa.
Antes que eu percebesse, Sienna caiu na gargalhada e eu fiz o mesmo.
"Isso é estranho pra caralho". Eu estava chorando de rir.
"Não, é por isso que você é minha melhor amiga", respondeu Sienna.
Aquelas palavras me tocaram.
Talvez Josh estivesse certo. Era só eu falar com ela.
"Ei, e se a gente fosse..."
O telefone de Sienna tocou e ela o puxou, deixando escapar um suspiro
pesado.
"Si, o que foi?" Eu perguntei, estendendo a mão para tocar seu ombro, mas
ela se afastou.
"Desculpe, não é nada. Apenas uma coisa com um cliente. Só estou sendo
dramática — disse Sienna, se atrapalhando para puxar as chaves da bolsa. "Eu
tenho que ir para a galeria."
Algo estava claramente errado.
Sem nem mesmo se despedir, Sienna entrou no elevador, os olhos
grudados no telefone.
Eu olhei para a escada ao lado.
Eu estava cansada de segredos. 
Eu iria descobrir o que estava acontecendo, quer Sienna quisesse confiar
em mim ou não.

***
Konstantin: Sienna, você pensou no que eu disse?
Konstantin: Você estava tão perto de fazer uma descoberta.
Konstantin: Não quero que você jogue fora todo o seu progresso.
Sienna: Acho que não posso continuar com nossas sessões
Sienna: Não é saudável para mim
Sienna: Tem que haver outra maneira
Konstantin: Enfrentar seus medos é a única maneira.
Konstantin: Você não pode continuar correndo deles.
Konstantin: Prometo que se você voltar...
Konstantin: Farei tudo ao meu alcance para ajudá-la a encontrar as
respostas de que precisa.
Sienna: Não sei se sou forte o suficiente...
Konstantin: Você é.
Konstantin: Confie em mim.
Sienna: Ok...
Sienna: Vou tentar de novo. Mais uma vez.
Konstantin: Isso é tudo que você precisa.
Josh
Bati na porta de Aiden e entrei em seu escritório. Tudo que estava em cima
de sua mesa estava espalhado pelo chão, e o almíscar do sexo pairava no ar.
Ele ainda não tinha vestido a camisa e a gravata estava frouxa no pescoço.
Pelo menos ele estará de bom humor. Ele acabou de transar. "Ei, podemos
conversar? " Eu perguntei hesitante.
Esses momentos com Aiden sempre foram estranhos. Eu não sabia se
deveria cumprimentá-lo ou me curvar e chamá-lo de meu alfa.
Minha amizade com Aiden começou muito antes de ele se tornar o alfa da
Matilha da Costa Leste, mas na casa da Matilha, a linha entre nossa amizade e
relacionamento profissional era confusa.
"Parece que nós dois tivemos tardes produtivas." Aiden sorriu.
"Pois é, acho que sim", eu disse, coçando minha nuca. "Na verdade, é
sobre isso que eu queria falar com você — minha produtividade."
"O quê, vai me dizer que está sobrecarregado? " Aiden riu. "Porque parece
que Michelle estava mantendo você bem ocupado."
"Você fez de Sienna seu novo beta", eu gritei, incapaz de segurar mais.
Aiden parecia atordoado.
Ele claramente não esperava aquela explosão.
"Isso tem a ver com a patrulha?" Aiden perguntou.
"Sim, mas não tem a ver só com a patrulha. Eu me um sinto inútil do
caralho quando venho trabalhar e vejo todas as minhas tarefas nas mãos da
Sienna.
"Josh, para falar a verdade, tenho tentado envolver Sienna na minha vida
profissional porque ela tem estado distante ultimamente. Mas ela também tem
sido um grande trunfo para a Casa da Matilha."
"Eu tenho trabalhado tanto para mostrar a você que ainda me dedico a esta
matilha e a você."
"Eu sei, Josh. E eu agradeço. Mas depois do que aconteceu com a Sienna
no festival, preciso provar que esses fanáticos estão errados e mostrar à
matilha o quanto Sienna pode brilhar quando tem a oportunidade."
Ele suspirou profundamente e recostou-se na cadeira da escrivaninha.
"Com Sienna, estou começando a ver um novo caminho para nossa Matilha
que eu nunca teria visto por conta própria.
"Claro, mas onde me encaixo nessa visão do futuro? " Eu perguntei.
Houve um silêncio tenso entre nós.
Não importa se Aiden me perdoou ou não, as coisas estavam diferentes
agora. E isso era difícil de aceitar.
Michelle
Todas aquelas corridas com Aiden devem ter trabalhado bastante as pernas
da Sienna, porque as minhas estavam pegando fogo tentando acompanhar
aquela garota.
Minha melhor amiga definitivamente estava guardando segredos. Ela não
apenas não foi à galeria, mas chamou um táxi em vez de usar o motorista de
Aiden.
E de repente eu estava assistindo Sienna entrar no hotel mais caro da
cidade, tentando passar despercebida.
Graças a deus essa perseguição finalmente acabou, porque eu não fui feita
para essa merda.
Eu me agachei atrás de uma cadeira no saguão enquanto a observava entrar
no elevador. Eu queria ter visto pelo menos para que andar essa vadia
sorrateira estava indo.
"Que merda," eu murmurei para mim mesma quando a luz parou na
cobertura.
Por que diabos ela estava encontrando alguém em um hotel, a menos...
Sienna
Mal pude conter minha ansiedade enquanto esperava o elevador do hotel
de Konstantin. Eu finalmente obteria as respostas que estava procurando.
Fechei meus olhos e respirei fundo.
Eu finalmente saberia de onde vim.
De quem eu vim.
E eu poderia perguntar na cara deles por que eles me abandonaram...
Mesmo que fosse doloroso, eu precisava saber...
Porque eu não era boa o suficiente.
Capítulo 53 – A Ópera
Aiden
Faltando apenas alguns dias para o Baile de Inverno, eu estava preso
trabalhando até tarde no escritório novamente.
Meu único consolo foi que não teríamos nenhum convidado surpresa este
ano. O Alfa do Milênio ficaria na Costa Oeste para as festividades deste ano.
Sienna me mandou uma mensagem dizendo que estava indo para uma
sessão de terapia e depois indo para a galeria, o que pelo menos me fez sentir
menos culpado, mas eu não queria que essa fosse a nossa vida — ambos
trabalhando até tarde em lados opostos da cidade.
Eu não conseguia parar de pensar no que Josh havia me dito. Foi chocante
ver meu amigo, que sempre estava tranquilo, tão chateado e, embora eu não
quisesse admitir, muito do que ele disse fazia sentido.
Havia uma energia ruim no ar. Ela estava presente nas últimas semanas.
Não era algo que eu pudesse cheirar ou ver, mas podia sentir em meus
ossos.
E estava afetando todos com quem eu me importava.
Talvez o Baile de Inverno fosse a coisa certa para tirar todo mundo desse
clima. Ou talvez acabasse sendo um desastre ainda maior do que o do ano
passado.
Pelo menos uma coisa era certa: Sienna estaria linda.
Peguei uma caixa de vestido debaixo da minha mesa. Selene projetou isso
exclusivamente para a estreia de Sienna no Baile de Inverno como minha
companheira.
Eu não sabia absolutamente nada sobre vestidos, mas Selene tinha me
garantido que ela adoraria.
Quando apaguei as luzes do meu escritório, lembrei-me de que Sienna
tinha saído correndo. É melhor eu verificar se ela deixou alguma coisa para trás.

***
"Preciso de mais tempo."
Ao me aproximar do escritório de Sienna, percebi que a porta estava
entreaberta, apesar das luzes terem sido apagadas.
Havia alguém lá dentro, conversando, mas eu só conseguia ouvir uma voz,
e não era a de Sienna.
Eu preparei minhas garras e rastejei silenciosamente até a borda da porta
para ouvir.
"Isso não fazia parte do acordo... Faça seu próprio trabalho sujo... Por
favor, deve haver outra maneira... eu entendo."
O que era aquela baboseira? Era hora de acabar com aquilo.
Eu irrompi pela porta e encontrei Nina parada no meio da sala, sozinha.
Ela se virou para olhar para mim, assustada.
"O que diabos você está fazendo no escritório da minha companheira, loba
ômega? " Eu rosnei. "E-eu deve ter sido meu sonambulismo", ela balbuciou.
"Com quem você estava falando? Quem mais está aqui?" Eu cheirei o ar,
mas o único cheiro na sala era o de Nina.
"Juro, não sei como vim parar aqui", disse ela, começando a tremer.
"Mentira", eu cuspi, circulando-a. "Você é um ladrão. Então, o que você
veio roubar aqui?"
"Cometi erros na minha vida, mas não sou assim", disse ela, chorando.
Eu não acredito nessas lágrimas de crocodilo nem por um segundo.
"De qual matilha você foi exilada? " Eu investiguei.
"A matilha da Colômbia", ela divulgou. "Você não faz ideia... você não
sabe como era lá. Eu só roubei para me manter viva."
Eu duvidava que fosse uma coincidência ela ter escolhido uma das matilhas
mais distantes e remotas possíveis. Levaria uma semana para verificar sua
história.
"Volte para seus aposentos," eu rosnei. "Mas não se acostume. Você não
vai ficar aqui por muito mais tempo."
Enquanto ela mancava para fora do escritório de Sienna, ela se virou para
mim. "Lamento ser um inconveniente, meu alfa."
"Eu não sou seu alfa," eu cuspi. "Você pode ter enganado Jocelyn, mas sei
quem você é de verdade."
Sienna
Mais uma vez, encontrei-me sentada em frente a Konstantin enquanto ele
olhava através de mim, embora eu tivesse jurado nunca mais voltar aqui.
Ele conhecia meus medos mais profundos.
Meus maiores arrependimentos.
Meus desejos mais profundos.
Eu estava em desvantagem naquele jogo e nunca estive tão vulnerável
quanto ficava em suas sessões, mas se o que ele havia me dito fosse verdade,
eu finalmente descobriria quem eram meus pais.
"Você está pronta para entrar em suas memórias?" ele perguntou.
"Não, mas vamos fazer isso antes que eu mude de ideia," eu disse,
suspirando. "Se eu der a você acesso às minhas memórias, esta será a última
vez."
"Sim, eu posso te prometer isso. Eu sei como isso deve ser cansativo para
você."
Konstantin se inclinou e segurou minhas mãos. "Tudo bem, vamos
descobrir a verdade..."
Comecei a perder a consciência.
"... juntos."
Uma casa de ópera italiana desta vez — um teatro do tamanho do Coliseu.
Eu estava em um camarote olhando o espetáculo no palco. Um caçador, em uma
paisagem de inverno, estava de pé ao lado de seu prêmio, berrando uma enxurrada de
palavras melódicas que eu não entendia.
O simbolismo, entretanto, era dolorosamente claro — o prêmio daquele caçador?
Um lobo morto, sangrando de lado.
Meu cérebro não era sutil.
Senti meu lobo interior queimando dentro de mim. Isso me salvou da última vez que me
perdi em minha própria cabeça; talvez me protegesse desta vez também.
Usei meu mini binóculo para examinar a multidão, procurando por Aiden. Eu o
localizei na primeira fila. Ele estava indo para os bastidores.
Eu levantei meu vestido de baile magnífico e desci correndo as escadas enquanto ele se
arrastava atrás de mim.
Quanto mais perto eu chegava do palco, mais começava a sentir a Bruma.
Força, Sienna. Lembre-se, isso não é real.
Enquanto eu tentava me convencer de que era apenas minha imaginação, o prazer
avassalador que crescia em meu sexo me dizia o contrário.
Eu preciso ser tocada — agora.
Atrás do palco, passei por fileiras de figurinos e adereços detalhados, em busca de Aiden.
Ele apareceu por trás de uma cortina, usando uma máscara meia face dourada.
"Sua mente sempre traz você para mim. Toda vez", ele disse suavemente. "Você sabe o
que você quer, o que tem que ser feito."
Aiden estalou os dedos e a cortina de veludo gigante caiu, deixando-nos expostos no
palco na frente de milhares de pessoas.
Os atores haviam sumido; éramos apenas nós.
Meu lobo interior tentou uivar, como se quisesse me avisar de algo, mas a orquestra
começou a tocar e meu lobo foi afogado.
Aiden estendeu a mão e nós dois começamos a dançar quando a neve caiu do teto e
cobriu o palco.
Eu estava em transe, sem controle do meu próprio corpo, mas parecia uma adorável
canção de ninar. Eu não queria que acabasse.
Antes que eu soubesse o que estava acontecendo...
Nós nos beijamos.
Sob as luzes.
Na neve.
Com milhares de olhos em nós.
Era mágico.
"Você é realmente linda, Sienna. Agora, deixe-me entrar nessa bela mente."
Aiden me deitou suavemente em algumas peles escuras no meio do palco. Corri meus
dedos por sua maciez enquanto ele estava em cima de mim.
"Isso é real? "Eu perguntei, mergulhando mais fundo no meu subconsciente. "Parece um
sonho."
"Sim, minha querida, é apenas um sonho," Aiden persuadiu, desabotoando as calças e
rastejando em cima de mim.
Ele começou a beijar meu pescoço, mas isso estava errado.
"Deixe-me entrar."
Eu não queria.
Ele não se parecia com Aiden. Seu toque era estranho.
Esses não poderiam ser meus desejos — com ou sem Bruma.
Eu virei minha cabeça para evitar seus beijos e...
Ai, meu deus.
Gritei a plenos pulmões.
Eu estava deitada sobre a pele de um lobo.
O lobo de Aiden.
Sua língua estava pendurada grotescamente para fora de sua boca, e seus olhos mortos
me encararam com o vazio.
Quando me virei para Aiden, meu sangue gelou.
Meu coração afundou profundamente no buraco negro sem fim em que meu estômago se
tornou.
Porque não era mais Aiden deitado em cima de mim...
Era Konstantin.
Suas presas estavam estendidas e ele estava se movendo em direção ao meu pescoço.
"Dê-me o que eu quero," disse ele nervoso e irritado.
Eu lutei embaixo dele, mas ele me prendeu.
"Pare com isso! "Eu gritei. "Por que você está fazendo isso?"
"Apenas me deixe entrar! " ele gritou. "E tudo isso vai acabar."
"Saia de perto de mim," gritei.
Mudei e saltei sobre Konstantin, afundando meus dentes em seu ombro.
Enquanto ele gritava, não fomos apenas arrancados do chão. Fomos jogados no que
parecia um furacão.
Eu rompi nossa conexão.

***
Assim que recuperei a consciência, puxei minhas garras e passei-as pela
pele de Konstantin.
"Desgraçada, meu rosto! " ele gritou.
Eu deveria ter mirado mais baixo — entre suas pernas.
"Esse tempo todo era você", eu disse com minha voz tremendo. "Minha
mente nunca criou Aiden como meu guia. Sempre foi você."
Nunca senti uma traição tão profunda e condenatória.
Minha cabeça estava girando. Tive vontade de vomitar.
"Você estava apenas me usando", eu disse.
Konstantin deu um passo em minha direção e eu imediatamente recuei.
"Por quê?" Eu perguntei enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas.
"Porque você tem algo que eu quero", respondeu ele. "Bem no fundo de
sua mente."
Sua voz e comportamento mudaram completamente, e eu sabia que não
estava segura aqui.
Corri para o elevador enquanto ele tentava me seguir.
"Você não sabe o que está fazendo."
"Isso é porque você está mexendo com a minha cabeça, me manipulando,"
eu gritei, quase me transformando.
As costuras do meu vestido começaram a estourar.
Enquanto Konstantin caminhava em minha direção, soltei um rugido tão
poderoso que o desequilibrou.
Como diabos eu fiz isso? Eu nunca tinha visto nem mesmo Aiden derrubar
alguém antes.
"Nunca mais chegue perto de mim de novo", eu disse, com lágrimas
escorrendo pelo rosto.
Assim que a porta do elevador estava para fechar, vi o rosto normalmente
bonito de Konstantin se contorcer em uma carranca feia, cheia de ódio.
Michelle
Finalmente, lá está ela!
Eu estava prestes a adormecer esperando para emboscar Sienna no hotel,
mas pulei quando a vi correndo para fora do elevador.
Espere, por que ela está correndo?
E... ela está chorando?
Ela passou correndo, sem nem mesmo me notar...
Um homem bonito e de aparência distinta saiu correndo de um elevador
imediatamente depois, limpando o sangue da boca e olhando ao redor do
saguão com uma raiva selvagem nos olhos.
Que porra é essa?
Não era difícil de somar dois e dois.
Eu não me importava com os problemas que estava tendo com Sienna.
Este homem tinha feito algo à minha melhor amiga — e ele iria se arrepender.
Eu marchei até o homem, as garras em punho, pronto para uma luta.
Ele me olhou de cima a baixo com um sorriso sedutor. "Quem é você?"
"Que merda você fez com Sienna?" Eu rosnei.
"Por quê você se importa? " ele perguntou, divertido.
"Ela é minha melhor amiga, idiota. Agora me diga por que você a fez
chorar, ou você é quem vai chorar."
Ele sorriu calmamente e cravou as unhas no meu ombro, dando-me um
olhar hipnotizante.
"Por que eu não mostro a você?"
Capítulo 54 - Yuletide
Sienna
"Sienna, aqui!"
"Não, aqui, Sra. Norwood!"
"Esse vestido é lindo. Quem o desenhou?"
"Dê-nos um sorriso!"
Um sorriso.
O tapete vermelho se estendeu na minha frente, parecendo que continuava
por um milhão de quilômetros.
Flashes ofuscantes, perguntas invasivas, observadores cobiçando.
Eu poderia lidar com tudo isso.
Sorrir parecia impossível agora.
O que aconteceu com Konstantin estava me consumindo por dentro, sua
presença ainda persistia em minha mente.
Ele estava me usando.
Por quê, eu não tinha certeza, mas ele era poderoso e tinha exercido algum
nível de controle sobre mim que eu nem tinha percebido.
Eu precisava contar a Aiden o que tinha acontecido, mas o Baile de
Inverno não era o lugar. Ou talvez fosse e eu estava com muito medo de
reviver aquilo...
Aiden apertou minha mão. "Sienna, você está bem? Eu sei que isso é um
pouco demais, mas estaremos lá dentro antes que você perceba."
"Não, está tudo bem — você está certo," eu disse, forçando um sorriso.
"Vamos."
Eu praticamente puxei Aiden ao longo do tapete vermelho, parando o
mínimo de vezes possível. Talvez se apenas entrássemos, tudo seria...
Dez vezes pior.
Quando entramos no Casa da Matilha no topo da escada, todos pararam o
que estavam fazendo e olharam para nós.
Todos.
Eu vi minha mãe puxando a manga do meu pai e apontando para mim e
Aiden, parecendo que ela estava prestes a ter um derrame de emoção ao ver
sua filha fazer sua grande entrada no Baile de Inverno.
Selene sorriu para mim. Eu esperava estar fazendo justiça ao vestido dela.
Honestamente, foi a peça de roupa mais elegante que eu já vi.
Um vestido decotado, longo com lantejoulas douradas, que deve ter levado
semanas para ser feito. Ela até fez para Aiden uma gravata dourada
combinando.
Você realmente deveria ter passado mais tempo no tapete vermelho. Por que você é tão
egoísta, Sienna? Apenas pensando em si mesma.
Meu olhar começou a disparar para frente e para trás entre Mia, Erica, Josh
e Michelle. Eu senti como se todos eles pudessem ler minha mente, como se
conhecessem meus segredos.
Do jeito que Konstantin fez.
Aguenta firme, Sienna.
Eu joguei minha cabeça para o alto e acenei para a multidão, segurando a
mão de Aiden com força com a minha outra mão enquanto descíamos a
escada.
Eu sabia que poderia superar isso com ele ao meu lado.
Ele só está ao seu lado porque não sabe a verdade.
Que pensamentos horríveis que continuavam rastejando em minha cabeça?
Minha ansiedade estava gritando.
Quando chegamos ao fim da escada, a multidão voltou a tagarelar. Eu
tinha que contar a Aiden sobre Konstantin antes de explodir.
"Aiden, eu tenho algo para contar."
"Sienna, tenho que cumprimentar todos os dignitários e resolver alguns
assuntos antes do banquete. Você ficará bem por conta própria por um
tempo?"
"Claro," eu disse, tentando sorrir. "Vou encontrar minha família."
Enquanto ele se afastava, a voz voltou:
Veja, ele não consegue nem ficar perto de você. Ele odeia a maneira como você tira toda
a diversão e festividade da festa com o seu desespero.
"Pare... pare de me atormentar," eu murmurei, segurando minhas mãos na
minha cabeça.
Quando me virei, Michelle estava parada a poucos centímetros de mim e
quase gritei.
"Ai, meu Deus, Michelle, você me assustou. Mas estou muito feliz em ver
você," eu disse, aliviada. "Estou quase enlouquecendo."
"Sienna, você é uma maravilha", disse Michelle, acariciando meu cabelo. "E
esse vestido - ouro puro."
"Selene que fez. Ela provavelmente faria algo para você se..."
"Sua irmã sabe que você é uma vagabunda?" Michelle perguntou
abruptamente com um sorriso meio estranho.
"Como é? " Eu disse, recuando.
"E quanto ao Aiden? Ele sabe onde você tem passado as noites?"
"Michelle, não sei o que você viu, mas posso explicar. Na verdade, eu
preciso contar para alguém."
"Me poupe, Sienna. Eu sei quem você realmente é. Seus segredos não
permanecerão assim por muito tempo. Em breve, todos conhecerão sua
verdadeira natureza," disse ela.
Estreitando os olhos, ela apontou para a festa lotada cheia de minha família
e amigos.
Por que ela estava sendo tão cruel? Aquilo não parecia ser minha melhor
amiga de forma alguma.
A sala começou a parecer que estava se fechando sobre mim.
Todo mundo se tornou um borrão de lágrimas.
Eu não poderia estar ali. Eu não aguentaria.
Então eu corri.
É o que você faz de melhor.
Jocelyn
Tentei conter minha risada quando Nina me empurrou para a biblioteca e
nosso champanhe espirrou no chão.
"Nina, tenha cuidado. Este é um tapete persa. Você sabe como são caros? "
Eu disse, rindo enquanto tentava enxugá-lo com meu vestido.
"Não sabia. Obrigado pela dica." Nina sorriu. "Mas como vou colocá-lo na
minha bolsa antes de sair?"
"Para seus dias de ladra acabaram," eu disse, puxando-a para baixo no
tapete ao meu lado. "Você está no caminho de Deus agora."
"Hmm, definitivamente isso não é de Deus", disse ela, puxando-me para
um beijo.
Cada vez que seus lábios tocavam os meus, parecia mágica. Eu gostaria de
poder engarrafar aquele sentimento e usá-lo como um remédio, porque parecia
tornar tudo melhor — pelo menos naquele momento.
"Tive uma ideia", anunciei, embriagada. "Aqui, me ajude com isso."
Arrastei o tapete persa para perto da lareira crepitante e agarrei o máximo
de almofadas e travesseiros que pude encontrar, criando um covil macio para
desabarmos.
Nós seguramos as mãos e caímos para trás, caindo na pilha de travesseiros
em um ataque de risos.
"Obrigado por abandonar a festa comigo." Eu sorri. "Estou meio de saco
cheio com os bailes de inverno."
"Você não tem que me agradecer. Não sou uma garota que curte muito
multidões — afinal, eu sou uma ladina."
Nós nos viramos e olhamos uma para a outra. Os olhos ômega de Nina
brilhavam com as chamas dançantes e fizeram meu coração palpitar.
"Meus pais eram ambos ladinos", eu disse de repente. "Eu nunca disse isso
a ninguém antes."
"É sério?" Nina perguntou, surpresa. "Por que eles foram exilados?"
"Eles eram soldados na milícia da matilha. Eles discordaram de seu alfa —
pessoas inocentes estavam sendo feridas e não podiam mais ser cúmplices.
"Então eles escolheram ser lobos ômega. Eles passaram a vida inteira
tentando compensar os erros do passado."
"Eles parecem pessoas boas, não como eu", disse Nina, virando-se.
"Todos cometemos erros, mas eles não nos definem. A Matilha da Costa
Leste reconheceu isso e os acolheu. Eles podem fazer o mesmo por você.
Pressionei meu corpo contra o de Nina e a beijei novamente. "Você não
precisa mais ficar sozinha."
"Nem você", disse ela, beijando-me apaixonadamente de volta.
Minha Bruma se acendeu com desejo e comecei a morder seus lábios
enquanto suas mãos acariciavam meus seios.
Eu montei nela e puxei meu vestido pela cabeça enquanto ela tirava o dela.
O calor do fogo no corpo nu de Nina aqueceu sua pele, e quando minha
própria carne nua tocou a dela, desejei que nos fundíssemos em um único ser.
Eu belisquei e chupei seus mamilos, provocando um gemido suave.
Eu estava por cima, mas não por muito tempo. Nina gostava de me
dominar...
Ela assumiu o controle, me virando, deitando-me de costas e afastando
meus joelhos.
Ela foi beijando minha barriga até chegar no meu sexo e começou a
sacudir sua língua dentro de mim com tal habilidade que instantaneamente me
deixou molhada.
Comecei a gemer alto, incapaz de me controlar. Eu torcia para que
ninguém estivesse passando lá fora, ou eles poderiam ouvir.
Nina mergulhou seus dedos dentro de mim e começou a massagear partes
do meu sexo que a maioria dos homens nem sabia que existiam.
Enquanto ela movia os dedos ritmicamente, minha Bruma explodiu e
comecei a ter um orgasmo.
"Porra! " Eu gritei em êxtase.
Naquele momento, toda a maldita festa provavelmente poderia me ouvir.
E eu não me importava nem um pouco.
Aiden
Embora Raphael tenha perdido o evento deste ano, muitos outros alfas
notáveis estavam presentes.
Normalmente ficávamos bêbados com as melhores garrafas de uísque e
trocávamos histórias de caça a noite toda, mas este ano foi diferente.
Eu estava acasalado, e era Sienna, não esses dignitários, com quem eu
queria passar a noite.
"Aiden, seu cachorro velho, finalmente sossegou, hein? " George, o alfa da
matilha canadense, me deu um tapa nas costas. "Eu já estava ficando
preocupado com você sozinho chegando perto dos trinta."
Eu não estava com humor para aturar aquele idiota.
Notei Josh socializando com os outros betas, e uma ideia me ocorreu.
"Você me daria licença por um momento? " Eu disse, abandonando
George e correndo até Josh.
"Josh, precisamos conversar — sobre as coisas que você disse no meu
escritório outro dia."
"Ah, Aiden, ouça... Eu estava errado quando disse que você fez de Sienna
seu novo beta, — Josh se desculpou.
"Não, tenho pensado muito sobre o que você disse, e você está certo.
Tenho tirado suas responsabilidades a fim de tornar Sienna mais envolvida."
Josh parecia atordoado.
"Agora que estou acasalado, não posso viajar tanto quanto antes. Quero
que você seja meu novo embaixador — meu dignitário, que posso enviar ao
exterior em meu lugar quando surgir a oportunidade. O que acha disso?"
"Aiden, não sei o que dizer, seria uma honra", respondeu Josh,
boquiaberto.
"Ótimo," eu disse, apertando seu ombro. "Porque eu preciso que você
comece agora. Vá se embebedar com todos aqueles dignitários estrangeiros em
meu lugar e mantenha-os distraídos."
"Se esse é meu dever, então acho que não tenho escolha," Josh riu.
Enquanto eu inspecionava os alfas, um deles em particular chamou minha
atenção — um homem mais velho com pele marrom e uma túnica cerimonial
amarela. Havia algo familiar sobre ele, mas eu não conseguia identificá-lo.
"Josh, quem é aquele alfa de manto amarelo?"
"Aquele é Mateo, líder da matilha Colombiana."
A matilha Colombiana.
"Josh, venha comigo," eu disse, imediatamente marchando até Mateo.
"Mateo, já faz algum tempo que não vejo você no Baile de Inverno",
cumprimentei-o, esperando que não fosse óbvio que tinha esquecido quem ele
era.
"Aiden, sim, é bom ver você. E uma grande jornada para mim com nossas
Matilhas tão distantes uma da outra", Mateo disse, apertando minha mão.
"Eu coincidentemente tive um encontro recentemente com um membro
da sua matilha — bem, um ex-membro na verdade. Eu queria saber se você
poderia esclarecer algo para mim."
Mateo ergueu as sobrancelhas: "Um ex-membro? Um lobo ômega então.
Qual é o nome dele?"
"O nome dela é Nina — uma loba. Você a exilou por roubo."
"Receio que você esteja enganado, Aiden... Ninguém com esse nome, ou
por esse crime, jamais foi exilado da matilha colombiana."
Capítulo 55 - Correndo
Sienna
O ar gelado do inverno feria minha pele nua enquanto eu corria pela rua
com meu vestido e salto alto. Estava difícil de respirar, mas era mais fácil do
que no Baile de Inverno.
Lá, eu não conseguia respirar de jeito nenhum.
Minha mente estava me sufocando e eu precisava clarear a cabeça.
Aquelas vozes... as coisas horríveis que me disseram. Será que estavam
certas? Eu fui a causa da miséria de todos?
O que Michelle disse me assombrou mais — e a maneira como ela disse,
com aquele sorriso estampado no rosto.
Ela não era ela mesma. Não poderia ser...
Ou talvez você simplesmente não queira admitir que ela estava certa. Você é uma
vagabunda.
"PARE," eu gritei. "Saia da minha cabeça."
As luzes da rua piscaram assustadoramente ao meu redor quando parei e
segurei minha cabeça.
Eu acabei de fazer isso acontecer?
Eu não sabia mais o que era real e o que era fantasia.
Eu estava perdendo o controle da realidade.
A neve começou a cair enquanto eu prosseguia pela rua inquietantemente
silenciosa. Aquilo era real ou era outro truque que minha mente estava
pregando em mim?
Eu me lembrei daquele pesadelo horrível na minha cabeça:
Dançando com Konstantin.
Debaixo das luzes.
Deitado sobre as peles — o lobo de Aiden.
Eu fiquei tonta. Olhei para cima e todas as luzes da rua pareciam estar me
iluminando. Eu estava de volta ao palco.
"Não," eu disse, balançando minha cabeça. "Aquilo não era real."
Mas parecia real.
Eu precisava estar em algum lugar seguro. Em algum lugar onde eu
pudesse me esconder. Minha galeria.
Corre, Sienna.
Meus calcanhares começaram a bater na neve recém-caída.
Continue correndo.
Nina
Apenas.
Continue.
Correndo.
Não pare. Não olhe para trás.
Meus pés estavam ficando cansados. Eu poderia correr muito mais rápido se estivesse
transformada, mas não poderia fazer isso enquanto carregava um artefato inestimável.
Merda, o corredor à minha frente estava começando a fechar. Que sorte a minha.
Eu fui extremamente estúpida por pensar que roubar de uma divindade seria uma
tarefa fácil.
Foda-se. Eu não tinha escolha.
Me transformei em loba, arrancando minhas roupas.
Peguei minha mochila em minhas mandíbulas e corri enlouquecidamente até a luz no
fim do túnel.
Eu estava por um triz.
Pressionei minhas patas traseiras no chão e saltei pela abertura, assim que as paredes se
fecharam atrás de mim.
Eu rolei pela terra e caí em uma pilha na borda de uma floresta.
Eu me transformei em um humano e me levantei, olhando para trás, para o templo que
quase tirou minha vida.
Sorrindo, levantei meu dedo do meio para o céu e mostrei minha língua.
"Chupem, deuses. Sobrevivi para roubar ainda mais."
O ar úmido parecia pegajoso contra meu corpo nu enquanto eu olhava ao redor,
procurando por minha mochila descartada. Eu a encontrei alojada em um arbusto próximo,
enquanto o artefato captava o reflexo da luz do sol dentro dela.
"Ai está você," eu disse, puxando meu prêmio.
A Balança de Llinos. Ela não parecia nada demais, mas era feita de ouro maciço.
Uma balança como qualquer outra.
Ela custaria um preço alto no Covil, o maior mercado negro para lobisomens da
América do Sul.
Era um objeto sagrado, supostamente contendo algum tipo de poder divino, mas eu não
acreditava nessa besteira.
Eu acreditava no que eu podia ver. No que eu poderia gastar.
O poder do dólar todo-poderoso foi o que me manteve viva, não orações a divindades.
Eu coloquei a balança em uma pedra e comecei a incliná-la para frente e para trás.
"Você vai determinar meu destino?" Eu perguntei ironicamente.
"Não, criança, mas eu vou," retumbou uma voz profunda, mas feminina atrás de mim.
Uma figura alta, esguia e encapuzada pairou sobre mim. Embora seu rosto estivesse
obscurecido, seu corpo e características eram andróginos.
"Quem — quem diabos é você? "Eu perguntei, segurando a balança no meu peito nu.
"Sou eu quem mantém este mundo equilibrado, você alterou esse equilíbrio", explicou
ela.
As escamas dispararam de meus braços para a mão da mulher e fiquei paralisada. Não
importa o quanto eu tentasse, eu não conseguia me mover.
Será que era uma...
Ela colocou uma pedra em cada lado da balança. "A balança vai determinar se você
viverá ou morrerá."
Eu assisti com horror quando eles balançaram para frente e para trás, até que
finalmente o lado direito caiu.
Meu corpo descongelou e eu caí no chão. "O que — o que isso significa?"
"Significa que vou lhe conceder um favor. Você vive — por enquanto. Mas,
para restaurar o equilíbrio, você permanece em dívida comigo até que cumpra
um favor em troca," ela respondeu.
"E que tipo de favor você está sugerindo?" Eu perguntei, tremendo.
"Qualquer indulgência que atenda às minhas necessidades. Vou visitá-la novamente
quando chegar a hora," ela disse enquanto desaparecia no ar denso, me deixando sozinha.
***
"No que você está pensando?" Jocelyn perguntou, acariciando meu rosto
enquanto deitamos perto da lareira. "Parece que você está em algum lugar
longe."
"Eu estava por um minuto, mas estou de volta," eu disse, aconchegando-
me ao lado dela. "Não há nenhum lugar que eu prefira estar do que aqui, perto
de você."
"Nina, aquele sexo foi..."
"Incrível? Surpreendente? O melhor que você já experimentou?" Eu disse,
terminando a frase dela.
"Que presunçosa", Jocelyn riu. "Eu ia dizer que... foi perfeito."
"Também achei", eu corei. Eu nunca corei.
"Sabe qual a melhor parte de ser mulher? " Jocelyn perguntou timidamente.
"Talvez, mas me diga mesmo assim."
"Orgasmos múltiplos", respondeu ela. "E sabe o que mais? Minha Bruma
ainda está queimando."
"O que você está sugerindo, doutora?"
Jocelyn subiu em cima de mim e me deu um beijo longo e profundo — do
tipo em que parecia que sua alma estava deixando seu corpo por um plano
superior.
Droga, como aquela garota beijava bem.
"Você está pronta para a segunda rodada? " ela perguntou, olhando nos
meus olhos.
Porra, claro que estou.
Eu peguei Jocelyn enquanto ela colocava seus braços e pernas em volta de
mim. Caímos de costas em uma estante, derrubando dezenas de livros
históricos no chão.
Comecei a dedilhar seu sexo, deixando-a ainda mais molhada enquanto
continuava a empurrá-la contra a prateleira. Jocelyn agarrou minhas costas e
engasgou de alegria.
"Ai, meu Deus. Nossa. Esta é a melhor... a melhor sensação de todas", ela
gritou.
Tá aí algo que eles podem adicionar aos livros de história da Matilha da Costa Leste.
Jocelyn se soltou de meus dedos e ficou de joelhos.
"É a sua vez", disse ela, beijando meu umbigo.
Ela colocou a língua no meu sexo e começou a movê-la como se estivesse
falando a mil por hora.
Ela está recitando o maldito juramento hipocrático do curandeiro lá
embaixo?
O que quer que ela estivesse fazendo, era incrível.
"Não pare — continue," eu disse, agarrando seu cabelo.
Jocelyn começou a brincar com seu sexo enquanto me estimulava, e nós
duas gritamos de prazer em orgasmos simultâneos.
Caímos de volta no chão, rindo e respirando pesadamente ao mesmo
tempo.
"Eu vou ter um ataque cardíaco," Jocelyn ofegou enquanto colocava sua
calcinha de volta.
O jeito que ela me olhou com desejo enquanto eu prendia meu sutiã de
volta no lugar... Eu nunca tinha visto alguém me olhando assim antes, como se
eu fosse realmente desejada.
Ela era tão linda, e eu não a merecia. Eu me perguntei o que ela diria se
soubesse por que eu realmente estava aqui.
Talvez fosse melhor se eu apenas concluísse minha tarefa esta noite — e desaparecesse
como a covarde que sou...
Não importa o que eu fizesse, eu iria machucá-la.
"Nina, venha sentar-se comigo," Jocelyn me persuadiu com o sorriso mais
fofo do mundo.
Sentei-me em frente a ela, e ela agarrou minhas mãos, corando em um tom
forte de vermelho.
"Eu... eu quero, porra... eu não sei como dizer isso," ela disse, tropeçando
em suas palavras.
Espere um segundo, ela estava prestes a dizer...
Jocelyn
Meu deus, eu parecia uma idiota. Por que eu ficava tão nervosa perto dela?
É que... eu nunca disse essas palavras a ninguém antes.
E se ela não retribuísse?
A verdade é que eu nem sabia se Nina era minha companheira. Não
tínhamos tido aquele momento de confirmação ainda — aquele momento de
certeza.
Mas, apesar disso, havia uma coisa que se tornava cada vez mais clara para
mim.
"Jocelyn...," ela começou.
"Nina, acho que estou me apaixonando por você", deixei escapar.
Ela estava atordoada, completamente silenciosa e imóvel.
Aí, diga alguma coisa — qualquer coisa. Isso é insuportável.
"Eu... eu, bem... " Ela trouxe seu olhar para o meu.
A última coisa que eu queria fazer era assustá-la, mas nossa conexão era
tão forte que eu sabia que ela também sentia.
Quando eu estava com Nina, era como se eu estivesse realmente viva. Ela
acendeu um fogo em meu coração, e estava queimando mais forte a cada dia.
Ela colocou a mão sobre a minha e apertou. "Jocelyn, eu estou..."
A porta da biblioteca se abriu e Aiden invadiu com Josh e um enxame de
soldados.
"Jocelyn, saia de perto dela — Aiden rosnou. "Ela não é quem diz ser."
"Aiden, que merda você está falando? " Eu exigi. "Você não pode
simplesmente invadir aqui e..."
"Ouça, Jocelyn," Josh avisou. "Ela está mentindo para nós esse tempo
todo."
Dois soldados agarraram Nina e amarraram suas mãos atrás das costas
enquanto eu olhava com horror, incapaz de parar aquela loucura.
"Nina, o que está acontecendo?" Eu disse, engasgando.
"Sinto muito, Jocelyn. Sinto muito", ela disse, com lágrimas escorrendo
pelo rosto.
Eles a arrastaram para fora da sala enquanto eu me sentava em nossa pilha
de travesseiros, soluçando.
Aiden olhou para mim enquanto fechava a porta, me deixando sozinha.
Eu sempre acabo sozinha.
Capítulo 56 - Caminhos da Mente
Sienna
Trancada com segurança em minha galeria, me retirei para meu estúdio
pessoal nos fundos para trabalhar em uma nova peça. Pintar sempre foi a
melhor maneira de clarear minha cabeça.
Coloquei um avental sobre o vestido para evitar respingos de tinta nele.
Selene me mataria se soubesse que eu estava a menos de quinze metros do
meu estúdio usando um de seus originais.
Com meu telefone desligado e sem janelas ao meu redor, me senti
realmente isolada do resto do mundo, e era exatamente disso que eu precisava
agora.
Todas as minhas pinturas representavam memórias felizes, não toda aquela
merda que estava passando pela minha cabeça ultimamente.
Era bom ter um lembrete de que as coisas iriam melhorar eventualmente.
As coisas só vão piorar.
"Não," eu disse, balançando minha cabeça. "Isso não é verdade."
Ok, eu só precisava me concentrar, sair da minha própria cabeça.
De repente, estar em uma caixa isolada com apenas meus pensamentos
para me fazer companhia parecia a pior ideia que eu poderia ter.
Meu telefone começou a vibrar, mas era impossível. Ele estava desligado.
Eu cautelosamente estendi a mão até ele e abri as mensagens.
 
Konstantin: Estou na sua cabeça, Sienna.
Konstantin: Eu gosto bastante daqui.
Konstantin: Acho que vou ficar mais um pouco...
 
Joguei meu telefone longe e me virei, mas ainda estava sozinha.
"Saia da minha cabeça", gritei. "Eu não te dei permissão."
"Ah, mas você deu. Muitas vezes. E você ainda não me deu o que eu preciso."
"Então, vou ter que tomar à força."
Eu tropecei para trás, tropeçando em algumas telas e caindo em um balde
de tinta.
Meu lindo vestido estava arruinado - manchado em um tom escuro de
vermelho.
Mas aquilo não era tinta...
É sangue!
Eu gritei enquanto tentava enxugá-lo, mas momentos depois, não havia
nada em mim.
"Você nem sabe mais o que é real."
A risada de Konstantin ecoou em minha cabeça.
"Isso tudo vai acabar se você me deixar ter o controle. Vou desbloquear partes de você
que você nem sabia que existiam."
"Nunca", gritei. "Esta é a MINHA mente e NÃO vou dar-lhe acesso a
ela."
"Eu tentei ser bonzinho, Sienna, mas agora acabou. Você não tem escolha."
A sala começou a girar e minhas pernas ficaram bambas.
Não, não vou deixá-lo entrar de novo.
Pense, Sienna... como você pode bloqueá-lo?
São suas memórias.
São SUAS memórias.
As pinturas. Talvez se eu me concentrasse nas memórias das minhas
pinturas, isso o forçaria entrar em minhas boas memórias - e me manteria no
controle.
Comecei a correr pelo estúdio, reunindo pinturas que representavam os
melhores momentos da minha vida e colocando-as lado a lado contra a parede.
"Você é fraca e está sozinha. Seja qual for seu plano tolo, não funcionará. Você apenas
falhará de novo."
Dada a maneira como Konstantin começou a chiar, percebi que ele estava
ficando nervoso.
Peguei a primeira pintura, minha casa de infância, e fechei os olhos.
Meu deus, espero que funcione.
"Você quer entrar? " Eu gritei. "Então venha, porra."

***
Eu estava no meu antigo quarto na casa da mamãe e do papai. Eu me vi sentada na
cama chorando enquanto meu pai me confortava.
De quando é essa memória? Foi no ano passado?
"Está tudo bem", disse papai, acariciando minhas costas. "É perfeitamente normal
sentir-se assim."
"Não, não é," eu me ouvi dizer com raiva. "Eu sou uma dominante. Dominantes não
permitem que coisas estúpidas como essa os afetem."
Agora eu me lembrei - a noite em que Aiden me deixou sozinha na floresta.
"Eu não acho que o que você está sentindo é estúpido, Sienna," papai disse. "E
dominante ou não, todo mundo tem um coração.
"Sabe, quando trouxemos você para casa, eu pude perceber imediatamente que você era
especial. Você tinha essa confiança em tudo o que fazia, mesmo quando era bebê.
"Assistindo você crescer, eu vi essa confiança se manifestar em tudo, desde como você se
comporta até a sua arte. Chorar não tira isso de você, Sienna. Você ainda é a lobisomem
mais forte que conheço."
Uma sensação de calor começou a irradiar por todo o meu corpo. Era boa - não, não
apenas boa, era poderosa. Eu nunca senti esse poder antes.
A sala se transformou em aquarelas e, à medida que ela foi sumindo, eu me vi vagando
para outro lugar.

***
A Casa de Aiden. O quarto em que eu estava antes de nos acasalarmos.
"Há algo entre nós. Nenhum de nós pode negar. Eu senti quando te marquei, mas eu
até senti na primeira vez que te vi, na margem do rio", Aiden disse, me puxando parei seu
colo.
Fiquei com ciúme ao vê-la sentindo seu caloroso abraço, mas só de ver essa memória se
desenrolar me fez sentir mais poderosa.
"Você se lembra disso? "Meu eu da memória perguntou, um pouco incrédulo.
"Claro que sim", Aiden disse calmamente. "Eu senti seu poder desde então. Seu cheiro
irradiava uma força e sensualidade que eu não pude resistir."
"Eu não irradiei nenhuma força esta noite. Eu estava fraco."
"Pare. O que eu disse um minuto atrás... eu estava errado. Deixe-me te contar algo. Seu
cheiro me atingiu no momento em que entrei naquele jantar Não é algo que acontece na
forma humana, então você me desequilibrou.
"A Bruma me atingiu, e eu tive que segui-lo, para descobrir mais sobre você, apenas
para estar em sua presença.
"Eu nunca fui tão dominado por algo mais poderoso em minha vida. Essa é a sua
força, o tipo de poder que você tem sobre mim. É por isso que te marquei."
As palavras de Aiden me atingiram como um raio e fui catapultada através da tinta
pingando que começou a formar uma nova paisagem.

***
Eu estava em uma clareira iluminada pela lua na floresta. Um riacho silencioso correu
por ele enquanto dois lobos lutavam um com o outro de brincadeira.
Ai meu Deus, isso foi...
Nossa primeira corrida.
Eu assisti quando Aiden soltou um uivo visceral e afundou seus dentes no ombro do
meu lobo, bem onde minha marca estaria em forma humana - o ato final de uma corrida
entre parceiros em potencial.
Lembrei-me daquela noite como se fosse ontem. Cada detalhe.
Foi a noite mais íntima e intensa de toda a minha vida.
Eu assisti enquanto Aiden e eu nos transformamos e entramos na água para lavar um
ao outro. Aquele momento foi perfeito.
O mesmo sentimento que eu tinha em meu coração então... eu sentia agora.
O momento em que me apaixonei por Aiden pela primeira vez.

***
De repente, eu estava de volta à galeria.
Acabou?
Onde estava Konstantin?
As paredes - estavam todas vazias. As telas tinham sumido.
Não, deveria ser outra memória.
Um sino tocou quando a porta da galeria se abriu e eu me observei entrando no espaço
vazio com Aiden.
"Aiden Norwood, o que estamos fazendo aqui?"
"Sienna Mercer-Norwood, achei que você gostaria de ver sua nova galeria."
Eu me vi gritar de alegria e começar a correr pela galeria, me atravessando
eventualmente.
"Feliz aniversário de uma semana, Sienna. " Aiden sorriu.
"Eu não posso acreditar que você fez isso... por mim," eu disse.
"Eu faria qualquer coisa por você."
Eu murmurei as palavras junto com ele, e meu coração se encheu de poder
Foi como se eu tivesse desbloqueado algo profundo dentro de mim.

***
Eu estava de repente em outro espaço, algum tipo de laboratório, e Konstantin também,
mas ele estava vestido de forma diferente - e agindo como se eu não estivesse lá.
Isso era outra memória? Havia algo diferente das outras.
Uma porta se abriu e uma mulher entrou na sala, cumprimentando Konstantin.
"Quase deciframos as runas. Então vamos entender. Saberemos como aproveitar o
poder.
"Isso é motivo para comemorar, Vanessa. " A boca de Konstantin se curvou em um
sorriso.
Soltei um grito quando me virei para olhar para a mulher, mas ninguém teria ouvido de
qualquer maneira.
Por um momento, pensei que estava olhando para mim mesma. Aquela mulher tinha
cabelo vermelho-fogo, assim como o meu, e os mesmos olhos intensos. Com a maneira como
ela se movia pela sala, eu tinha certeza que ela era uma dominante como eu também.
Seus olhos não eram mais ferozes. Eles estavam cheios de tristeza.
De repente, ocorreu-me - esta mulher... será que era minha...
"Mãe? " Eu gritei para o ar vazio.
"O que estamos fazendo... é uma blasfêmia. As divindades vão destruir a
todos nós se não abandonarmos essa loucura", disse ela.
Minha mãe caminhou direto em minha direção, e eu vacilei quando ela passou por mim
como se eu fosse um fantasma.
Quando me virei, ela estava balançando algo na frente dela. Enquanto me movia para
olhar mais de perto, eu engasguei.
Era um bebê, em um berço.
Era eu.
Esta ERA minha memória.
"Vanessa, as divindades não podem nos tocar se tivermos sucesso," Konstantin rebateu,
esgueirando-se ao redor dela como uma cobra. "Teremos tanto poder quanto eles."
"Não vou arriscar a vida da minha filha," afirmou ela. "Nenhuma quantidade de
poder vale a vida dela."
Fui até minha mãe, um reflexo meu, e tentei segurar sua mão, para confortá-la, mas
simplesmente passei por ela novamente.
"O seu companheiro - o pai dela - tem algo a dizer sobre isso?"
"Konstantin... ele não é o pai", disse ela, sufocando as lágrimas.
"Então... quem? Quem é?" ele perguntou, horrorizado.
"O pai dela é... Rowan."
A reação de Konstantin foi extrema. Ele derrubou uma prateleira de frascos de vidro no
chão quando quase caiu.
"Não, eu nunca vou deixar ela se envolver nisso. "Ela olhou feio. ‘‘Nunca."
Eu estava de volta ao meu estúdio - de verdade dessa vez. Todas as
pinturas que reuni ainda estavam encostadas na parede.
Que porra foi essa?
Eu finalmente fui capaz de alcançar as memórias que eu estava
suprimindo?
Uma coisa era certa - Konstantin conhecia minha mãe. Ele estava
mentindo para mim desde que me conheceu.
Eles estavam trabalhando juntos em algo, mas ela não queria continuar.
Ela queria me proteger.
Mas de quem?
Meu pai?
Quem era Rowan?
Aproximei-me de uma pintura caída no chão e coloquei-a sobre um
cavalete.
Quando eu pintei isso? Quando eu estava em minhas memórias?
Era o retrato de uma linda mulher com cabelo vermelho-fogo caindo sobre
os ombros - minha mãe biológica.
Fechei meus olhos mais uma vez e ouvi sua voz.
"Não vou arriscar a vida da minha filha", afirmou ela. "Nenhuma quantidade de
poder vale a vida dela."
Abri meus olhos e senti como se eles estivessem brilhando. Eu estava
irradiando um nível de poder que nunca senti antes.
Eu não sabia o que era, mas não era comum para um lobisomem. Eu tinha
certeza disso.
Quando voltei meu olhar para o retrato de minha mãe, seu rosto começou
a derreter. As tintas a óleo que usei estavam pingando no chão em uma poça e,
à medida que sua carne derretia, seu rosto foi substituído por um esqueleto
apodrecido.
A risada de Konstantin começou a ecoar em minha cabeça novamente.
"Essa viagem por suas memórias deveriam me enfraquecer de alguma forma? Ou você só
queria me mostrar momentos patéticos de sua curta vida?
"Honestamente, Konstantin... aquilo não foi para você."
Eu convoquei todo o poder que pude reunir - toda a força que eu obtive
das pessoas que acreditaram em mim, me protegeram, me amaram - e eu o
libertei como um ciclone.
Minhas pinturas voaram ao redor da sala quando senti a presença de
Konstantin finalmente deixar meu corpo.
Eu o vomitei em uma tela em uma pilha de lama preta.
"Você acha que ganhou? Vou voltar e tornar as coisas ainda mais difíceis. E não
apenas parei você - parei seus amigos e familiares também. Vou fazê-los sofrer."
"SAIA! " Um vento soprou pela minha galeria devastada e, depois de um
momento, só havia silêncio.
Minha mente parecia ter sido purgada de um veneno.
Eu desabei no chão, significativamente mais leve, mas ainda sobrecarregada
por uma sombra escura.
Konstantin finalmente se foi...
Mas por quanto tempo?
 
Capítulo 57 - Marionetistas
Nina
"Esse é seu melhor, bonitão? Tem medo de me bater com mais força e
quebrar uma garra?"
TOMA!
Merda.
Ok, essa realmente doeu.
Não achei que o beta tivesse coragem.
O sangue escorria pelo meu queixo enquanto eu olhava para Josh. Aiden
estava atrás dele, encostado na parede, deixando sua cadela fazer o trabalho
sujo.
"Quando você vai pular no ringue, Alfa? Não quer sujar as mãos? " Eu
cuspi.
"Por que você não me desamarra e a gente cai no mano a mano. Uma luta
real - não essa besteira de tortura no porão. Alfa versus ômega."
Eu sabia que não deveria provocá-lo - eu era tecnicamente o inimigo, afinal
- mas não pude evitar. Falar demais fazia parte da minha natureza.
Aiden sorriu como um idiota arrogante.
Ele começou a me circundar com as mãos atrás das costas, perfeitamente
composto. Ele estava no controle e sabia disso.
"Você não vai querer deixar isso chegar ao ponto em que eu entre no
ringue", Aiden desafiou. "Seria uma luta mortal."
Eu me perguntei se esse alfa já havia matado alguém que o cruzou antes.
Sinceramente, eu não queria descobrir.
"Qual era o seu objetivo aqui?" Josh interrompeu. "Por que você estava
manipulando Jocelyn?"
"Eu não estava-"
Porra, não dê a eles nenhuma informação.
"Jocelyn não teve nada a ver com isso, ok? Ela só me ofereceu uma boa
foda ao longo do caminho."
Sua mentirosa imunda. Você é a pessoa mais baixa de todas, Nina.
"Sua vadia de merda", Josh gritou, ecoando meus próprios pensamentos.
Ele balançou o punho para mim novamente, mas desta vez, Aiden o
bloqueou antes que ele pudesse se conectar.
"Que merda é essa? Josh gritou.
"Que merda é essa " digo eu. Desta vez, foram meus pensamentos ecoando os
de Josh.
Por que Aiden parou aquele soco?
Será que ele percebeu que eu estava mentindo sobre meus verdadeiros
sentimentos por Jocelyn?
"Por quê você está aqui? " Aiden perguntou, seu rosto pairando a apenas
alguns centímetros do meu.
"Bem, eu certamente não vim pelas acomodações," eu disse
sarcasticamente, olhando ao redor para a cela úmida da prisão em que eu
estava algemada. "Vou dar uma estrela pra vocês no Uivo."
"Você é uma ladina, o que significa que ninguém virá atrás de você.
Ninguém se importa se você vive ou morre, - Aiden rosnou. "Então é melhor
você começar a falar, ou vai passar o resto de sua vida solitária e miserável
nesta prisão."
"Vocês servem pelo menos um café da manhã básico?"
Aiden chegou perto de me bater, mas em vez disso soltou um rugido
monstruoso e socou a parede de tijolos, deixando um buraco em forma de
punho.
Certo, acho que falei cedo demais sobre entrar no ringue com ele.
Provavelmente estamos em diferentes classes de peso. ~
"Vamos ver se você tem vontade de conversar depois que eu te deixar aqui
embaixo por dois dias na sua própria sujeira, como a rata fedorenta que você
é", ele rosnou.
"Parece divertido", gritei quando ele saiu da cela.
Antes de Josh trancar a porta, ele se inclinou para trás e me encarou. "O
que você fez com Jocelyn... você é realmente desprezível. Espero que apodreça
aqui."
A porta se fechou, deixando-me isolada.
Plateia exigente. Mas ele não estava errado sobre Jocelyn.
Estava me consumindo por dentro saber que eu havia a machucado e não
havia nada que eu pudesse fazer para consertar.
"Eu elogio você por sua resiliência, Nina. Você não é do tipo que se
desestabiliza sob pressão."
Uma figura alta encapuzada emergiu das sombras.
"Ah, ótimo, é você," eu gemi. "Se estes são os tipos de visitas conjugais
que vou receber, gostaria de revogar meus privilégios de visitação."
"Seu trabalho ainda não está completo. Você não deve deixar de manter
nosso acordo. Se você perturbar o equilíbrio, seus grilhões aqui não serão
páreo para as correntes que prenderão sua alma na vida após a morte", ela
respondeu sem se abalar.
Eu balancei a cabeça, cerrando meus dentes. Ela não estava me dando
escolha. Estaríamos unidas até que minha tarefa fosse concluída.
"Você tem as ferramentas necessárias para completar sua missão, então
preste atenção ao meu aviso - não falhe de novo," ela disse, desaparecendo no
ar.
Senti algo se materializar em meu bolso.
A chave para minhas algemas.
Jocelyn
Eu sentia a dor de Nina. Mesmo que não estivéssemos acasaladas, eu a
sentia fluindo em minhas veias. Tínhamos algum tipo de conexão, um ligação
que não compartilhei com mais ninguém.
Eu também sentia sua força. Ela era uma baita sobrevivente. O que quer
que Aiden e Josh estivessem fazendo com ela lá embaixo, ela havia lutado
contra.
E o que exatamente aqueles dois idiotas teimosos estão fazendo lá
embaixo?
Eu nunca perdoaria meus ex-namorados se eles machucassem minha
namorada.
É isso que ela é?
Nossa, isso era complicado e fazia minha cabeça doer.
Eu só sabia que Nina era alguém por quem eu lutaria.
Aiden veio marchando pelo corredor e eu saí e bloqueei seu caminho.
"Aiden, que merda você fez?"
"Agora não, Jocelyn," ele rosnou.
"Agora, sim", eu rosnei de volta. "Eu mereço uma explicação."
"Ok, você quer que eu explique para você? " Aiden disse, furioso.
"Vou te dar uma dica, Jocelyn. Você foi usada. Por quê, eu não sei, porra,
porque ela se recusa a falar. Mas ela não dá a mínima para você. Você era
apenas um alvo fácil para ela."
Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. — Isso... isso não é
verdade, Aiden. Você não a conhece."
"Não. Jocelyn, você não a conhece — apenas as mentiras que ela lhe contou.
Talvez se você não tivesse pensado com sua buceta, não teríamos uma maldita
espiã em nosso meio durante o evento mais importante do ano."
Eu não conseguia parar. Comecei a soluçar descontroladamente. Aiden
estava sendo cruel, e ele sabia disso. Sempre odiei esse lado dele.
Ele parou de me atacar e pareceu genuinamente arrependido quando viu o
quão afetada eu estava.
"Jocelyn, escuta... eu não tive a intenção de ser tão duro. Não é sua culpa."
"Vá embora, Aiden. Eu quero ficar sozinha", eu disse bruscamente.
Enquanto caminhava pelo corredor, ele parou e se virou por um momento.
"A loba ômega, ela nos contou muitas mentiras, mas acho que uma delas
foi quando ela disse que não se importava com você. Eu podia sentir isso.
Aquilo não era verdade."
Eu não sabia em que acreditar. Esses sentimentos ainda eram novos, mas
eu precisava ver Nina novamente e ouvir essas palavras por mim mesma.
Aiden
Eu sabia que o Baile de Inverno seria um desastre. Sempre foi.
Eu teria que voltar e fingir que estava tudo bem — que eu não tinha
acabado de descobrir uma espiã em uma festa cheia de alfas mais importantes
do mundo.
Se alguém descobrisse, seria outro pesadelo de relações públicas para a
Matilha da Costa Leste. Sem falar no prejuízo que causaria às parcerias
estrangeiras.
Aquela loba ômega poderia ter estado aqui para assassinar qualquer um
deles.
Eu me senti horrível por partir para cima de Jocelyn daquele jeito. Meus
nervos tinham me dominado. Eu só queria que ela tivesse sido mais cuidadosa.
Ainda assim, não importa o quanto aquela ladina desgraçada me enfureceu,
eu realmente senti que ela se importava com Jocelyn. Havia mais sobre ela do
que eu sabia, mas, por enquanto, estava feliz por ela estar trancada em uma
cela.
Enquanto eu voltava para o baile, examinei a sala em busca de Sienna. Mais
do que qualquer outra coisa, eu precisava ter certeza de que ela estava segura.
Eu já a tinha negligenciado por muito tempo, e ela fazia parte do conselho
agora também. Ela precisava saber o que estava acontecendo.
Avistei Selene perto do bar, cuidando de sua mãe embriagada.
"Ei, meninas, viram Sienna? " Eu perguntei, certificando-me de esconder
qualquer preocupação em minha voz.
"Pensando bem, não", respondeu Melissa. "Ela está perdendo a chance de
beber com a mãe dela."
"Selene? Alguma ideia?"
"A última vez que a vi, ela estava conversando com Michelle", respondeu
Selene, levando embora a bebida da mãe.
Antes mesmo de começar minha busca por Michelle, ela me encontrou.
"Aiden, o alfa da noite, apenas o homem que eu preciso", disse ela,
passeando, balançando os quadris.
Algo estava errado com Michelle esta noite e, pela maneira como Josh
estava olhando para ela, ele notou.
"Onde está Sienna? Você viu ela?"
"Ah, eu a vi, sim. Eu vi a prostituta da sua companheira saindo da
cobertura de outro homem na noite passada", Michelle disse, batendo seus
cílios.
"Michelle, que merda você disse?" Selene perguntou com raiva. Melissa
parecia branca como um fantasma.
"Você quer dizer que nenhum de vocês sabe que Sienna tem recebido
tratamento especial de seu terapeuta?" Michelle estava saboreando cada
palavra.
Essa não era a Michelle que eu conhecia.
"Amor, você está bêbada? Que merda é essa que você está dizendo?," Josh
perguntou, estupefato.
"Melhor ter cuidado com o que vai dizer a seguir, Michelle", avisei.
"Qual é, Aiden, você não é um idiota. Você notou como ela estava distante.
As madrugadas na galeria. A falta de vontade de transar — com você no caso."
"Você é uma puta mentirosa" eu rosnei. "Lobisomens não podem quebrar
o vínculo de acasalamento."
Por que ela está tentando me provocar?
Michelle sorriu de uma forma que fez meu cabelo se arrepiar.
"Tem certeza? " ela perguntou em uma voz profunda que não era a dela.
Que porra é essa...
Melissa largou a taça de champanhe e gritou quando Selene cobriu a boca
de horror.
Eu agarrei Michelle, ou quem quer que seja, e comecei a sacudi-la.
"Onde está Sienna? Fala logo!"
Josh tentou me impedir, mas eu o empurrei.
"Ela está sozinha", provocou a voz, falando através de Michelle. "Mas não
por muito tempo."
"Michelle, o que está acontecendo com você? O que é isso no seu
pescoço? Josh perguntou, agarrando-a.
Havia dois pequenos pontos — como picadas de cobra — na   lateral do
pescoço de Michelle.
Algo a marcou, e não era um lobisomem.
"Você gostou?" A boca de Michelle começou a espumar. "Talvez Sienna
faça como eu e consiga também."
Não.
Meu coração começou a bater no meu peito.
"Michelle, onde diabos está Sienna? " Eu gritei.
Seus olhos rolaram para a nuca e ela começou a ter convulsões nos braços
de Josh.
"MICHELLE!" Josh gritou.
Quem quer que tenha feito isso com Michelle, iria atrás de Sienna em
seguida.
Então, eu tenho que chegar até ela primeiro.
Capítulo 58 - Cortado
Jocelyn
O calabouço da Casa da Matilha era um resquício de outra época.
Enquanto os alfas anteriores o usavam sempre que alguém olhava de
maneira errada para eles, eu nunca tinha visto isso ser usado durante minha
vivência na Matilha da Costa Leste.
Eu vaguei pelos corredores mal iluminados, deixando nossa conexão guiar
o caminho através dos túneis sinuosos que ficavam sob a Casa.
Os sentimentos que eu tinha por Nina em meu coração ainda eram fortes,
embora minha cabeça estivesse me dizendo que tudo o que eu sabia sobre ela
era baseado em uma mentira.
Quando fiz a curva em um corredor, encontrei Nina algemada à parede de
uma cela, coberta de sujeira e sangue seco.
Passei os dedos pelas barras quando meus olhos começaram a lacrimejar.
Eu odiava vê-la nesse estado.
Eu não me importava com os motivos ocultos que ela tinha; ninguém
merecia ser tratado assim.
Ela ergueu a cabeça e sorriu fracamente ao me ver.
"Jocelyn? Pensei ter sentido você aqui embaixo, mas não acreditei. Achei
que você nunca mais iria querer me ver..."
"Eu queria dar a você uma chance de me dizer como você realmente se
sente. Nina, seja honesta comigo, o que Aiden disse é verdade?"
"Ele disse que eu sou uma canalha, uma causa perdida da escória da terra?
Porque se sim, então sim, é verdade."
Normalmente Nina teria dito algo assim como uma piada, mas não havia
nenhum pingo de humor em sua voz. Apenas dor.
"Estou entrando," eu disse, destrancando a porta.
Ajoelhei-me na frente de Nina e tirei um pano e um antisséptico da minha
bolsa de suprimentos médicos.
"Deixe-me tratar este corte em seu rosto," eu disse, enxugando seu queixo
enquanto ela estremecia. "Quem fez isto com você?"
"Jocelyn, você sabe que eu não sou dedo-duro", brincou Nina.
Nada nessa situação era engraçado, mas seria melhor mesmo eu não saber
quem tinha sido. Eu deveria tirar as pessoas do hospital, não colocá-las nele.
"Eu imaginei que minha primeira vez usando algemas com você seria de
uma forma muito mais sexy do que essa", disse Nina, forçando um sorriso.
"Então, eu seria a dominante? Estou intrigada. " Coloquei minhas mãos
acima do coração de Nina. "Eu posso?"
Ela acenou positivamente com a cabeça.
Fechei meus olhos e foquei minha energia. Comecei a absorver a dor de
Nina em meu corpo, e desta vez realmente funcionou.
Minhas veias ficaram pretas e meu corpo começou a doer como se tivesse
acabado de cair de um penhasco.
"Pare, já chega", gritou Nina.
Eu caí para trás, esgotada, mas Nina parecia já estar em melhores
condições. A cor estava voltando a suas bochechas rosadas, e ela parecia tão
selvagem e linda como sempre.
"Por que foi que você fez isso?"
"Porque você vai precisar de sua força... Estou te libertando."
"Jocelyn, não. Você vai ser presa por isso", ela protestou.
Coloquei minha mão no rosto de Nina. "Você ainda não percebeu que eu
faria qualquer coisa por você? " Eu a beijei suavemente e ela me beijou de
volta.
"Eu só preciso encontrar algo para quebrar essas correntes", eu disse,
procurando na cela.
"Na verdade... " Nina puxou uma chave do bolso.
"Espere... como? Por que você ainda esta aqui? " Eu suspirei.
"Não é óbvio? " ela perguntou. "Eu não ia sair sem te dar uma explicação."
"Nina, eu não preciso disso", eu disse, destravando suas algemas.
"Por favor, Jocelyn, eu tenho que te dizer."
Eu cruzei meus braços e desviei o olhar. "Certo, vá em frente."
"Primeiro, você tem que saber que meus sentimentos por você sempre
foram reais. Nunca menti sobre isso, nem por um segundo. Mas eu sou uma
espiã. Fui enviada aqui... por alguém muito poderoso", ela disse em um tom
sério.
"Quem? Outra matilha?"
"Não, não é uma matilha, mas eu não posso dizer o nome. É para sua
própria segurança. Mas Jocelyn... sua amiga, Sienna... ela atraiu o interesse de
alguém com quem não se brinca.
"Espere... Sienna? Você foi enviado aqui para espionar Sienna? " Eu
perguntei, chocada.
"Sim, eu deveria vigiá-la e... se certos eventos acontecessem, eu deveria
eliminá-la. Essas foram as minhas ordens."
"Quem iria querer machucar Sienna? Que ameaça ela poderia representar?"
"Jocelyn, prometa-me que você vai ficar longe disso. Não suportaria ver
você se machucar. Eu já te machuquei o suficiente."
Nina me puxou para seus braços e colocou sua testa contra a minha.
"Eu tenho que ir, Jocelyn. Eu nunca poderia fazer o que me pedem,
especialmente não para alguém próximo a você. Mas quando eu quebrar meu
vínculo com meu benfeitor, terei que enfrentar as consequências.
"Então eu as enfrentarei com você. Nós iremos juntas", eu disse com
firmeza.
"Eu tenho que enfrentar isso sozinha. Mas, Jocelyn, saiba que...," Nina
ergueu meu queixo e pressionou seus lábios contra os meus com toda sua
paixão. "Você merece o mundo — e eu só queria poder dá-lo a você."
"Não vá, Nina", eu disse, minha voz falhando.
Ela saiu da cela com lágrimas escorrendo pelo rosto. "Isto não é um adeus.
Nos veremos novamente."
Nina era uma boa mentirosa. Mas ela não podia mentir para mim.
Ela se foi.

***
Quando voltei para o Baile de Inverno, enxugando minhas lágrimas, ouvi
barulho e gritos vindos do salão de baile, ressaltados por Josh gritando a
plenos pulmões.
"MICHELLE!"
Que merda estava acontecendo lá?
Eu me recompus e corri para o salão de baile para encontrar o caos. Todos
os convidados estavam se dispersando enquanto Michelle — Meu deus.
Ela estava suspensa no ar, meio deslocada, com mesas, cadeiras e talheres
flutuando em um vórtice ao seu redor.
Eu tinha lido histórias raras como essa em diários restritos de curandeiros,
mas nunca pensei que veria em toda a minha vida.
Possessão.
Corri até Josh, que estava tentando falar com ela.
"Michelle, ouça minha voz. Você pode lutar contra isso. Eu sei que você
está aí", disse ele, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
"Josh, cuidado", eu gritei, empurrando-o assim que uma mesa voadora se
chocou contra o local onde ele estava.
"Jocelyn, eu não sei o que fazer", ele disse, desesperado.
"Eu acho que tenho uma ideia... mas você vai ter que me manter perto."
Sienna
Eu não poderia ficar aqui. Eu não estava segura.
Konstantin sabia minha localização, e só porque eu o bani da minha cabeça
não significava que ele não viria me procurar novamente.
Eu precisava chegar até Aiden na Casa da Matilha. Ele nem tinha ideia de
que um vampiro estava em nosso meio.
Um vampiro que eu convidei.
Konstantin era uma ameaça para a matilha, e ele esteve bem na minha
frente o tempo todo.
Enquanto corria pela minha galeria, as luzes começaram a piscar.
Já era tarde demais.
Konstantin apareceu em uma nuvem de fumaça negra, bloqueando minha
saída.
"Sienna, minha querida, você estava indo embora? Acabei de chegar aqui."
"Você está doente, eu nunca deveria ter confiado em você! " Eu cuspi.
"De que outra forma você iria encontrar seus pais? " ele zombou.
"Eu os encontrarei sozinha. Eu não preciso de você ou de seus poderes."
Konstantin soltou uma risada maligna e se materializou bem na minha
frente.
"Eu tenho mais um presente para você, Sienna", disse ele, tocando minha
testa antes que eu pudesse impedi-lo.
***
Eu estava na floresta à noite, mas não era nenhuma floresta que eu reconhecia.
Esta não era minha memória; era de Konstantin.
Eu ouvi galhos quebrando à distância e me preparei.
Eu tinha certeza de que Konstantin não poderia me machucar fisicamente quando
estávamos mentalmente ligados — caso contrário, ele já teria feito isso. Mas tudo o que ele
quisesse me mostrar seria projetado para me machucar psicologicamente.
Passos. Eles estavam se aproximando.
Minha mãe irrompeu na clareira, ofegante e sem fôlego. Ela estava fugindo de alguma
coisa.
Uma nuvem familiar de fumaça negra desceu sobre a clareira, tornando impossível ver
qualquer coisa, até que se materializou em Konstantin.
Ele avançou em direção a minha mãe com uma intenção ameaçadora.
"Onde ela está? Onde está a criança, Vanessa?"
"Você nunca a encontrará, Konstantin. Eu tenho certeza disso.
"Mulher tola. Você permitiu que seu amor por uma criança anulasse seu bom senso.
Poderíamos ter um poder incalculável.
"Não, Konstantin. Você deixou seu desejo de poder destruir tudo o que havia de bom
em você — se é que já houve alguma algo bom."
"Vanessa, não há necessidade de você ter o mesmo destino que seu companheiro. Ele
também não queria cooperar — e você viu as consequências disso.
"Eu mereço qualquer destino que as divindades considerem adequado para mim depois
do que fizemos. Aceito minha penitência, mas minha filha não será um peão para você ou
para eles. Ela merece uma vida normal."
Do que diabos ela estava falando? Eu estava tremendo.
Não havia nada que eu pudesse fazer a não ser assistir; Eu não conseguia sair dali.
"Você me decepcionou, Vanessa. Você tem sangue de alfa. O poder corre por ele. Mas se
você se recusa a reconhecer isso..."
Konstantin desapareceu e reapareceu atrás de minha mãe com uma lâmina em sua
garganta.
"Não, seu desgraçado!" Eu gritei.
Ela fechou os olhos, um olhar pacífico em seu rosto.
Tudo que eu podia ver era vermelho.
Nossa conexão foi interrompida e eu caí no chão.
"Tudo o que você me disse era mentira", falei, sem fôlego.
Parecia que minha própria garganta tinha acabado de ser cortada.
"Você julgou mal minhas intenções. Eu sou o único tentando levá-la à
verdade."
Konstantin se ajoelhou e ergueu meu queixo, então fui forçada a encontrar
seu olhar. Eu estava chocada demais para lutar.
"Você não tem ideia de quem realmente é, do poder que detém. Existem
aqueles muito mais perigosos do que eu que procuram destruí-la antes de
desbloquear esse poder. Eu simplesmente quero te ajudar."
Uma fumaça negra saiu da capa de Konstantin e me envolveu.
"Deixe-me aliviá-la de seu fardo."
Capítulo 59 - Desperta
Aiden
Se ele a machucar, eu vou...
Meu carro desviou na estrada gelada enquanto eu acelerava em direção à
galeria de Sienna.
Era o primeiro lugar para onde ela iria se precisasse de espaço.
Ela tinha que estar lá.
Mas e se eu chegasse tarde demais? E se ele tivesse controle sobre ela
como fez com Michelle?
Não, não havia como.
Sienna era forte. Ela resistiria. Ela lutaria com ele.
Mas esse poder... Eu nunca tinha visto nada parecido. Que tipo de criatura
poderia fazer isso?
Conforme me aproximei da galeria de Sienna, pude senti-la. Ela ainda
estava viva — e ainda era ela mesma.
Mas também senti outra coisa.
Algo escuro.
Ele já está dentro.
Fiz uma curva fechada e a rua congelada me fez girar descontroladamente
na frente da galeria.
Eu bati em um hidrante e fui arremessado para frente, batendo minha
cabeça no para-brisa.
Quando a água jorrou do hidrante e começou a vazar pelas frestas da
janela, lutei para me manter consciente.
Tudo estava embaçado. O sangue escorria pelo meu rosto.
"Porra."
Sienna.
Chutei a porta do passageiro com tanta força que ela voou, raspando a
calçada.
Sua galeria estava cheia de algum tipo de fumaça negra que obscurecia
minha visão.
Estou indo atrás de você, filho da puta.
Eu dei um passo para trás e comecei a saltar para frente, meus músculos
rasgando minha camisa quando comecei a me mover.
Eu pulei e me transformei no ar, batendo na fachada de vidro grosso.
Um homem — não, algum tipo de demônio — pairava sobre o corpo de
Sienna. Ele se virou quando eu entrei rugindo e sibilou, revelando suas longas
e protuberantes presas.
Era um vampiro; Eu tinha certeza disso. Raphael tinha me avisado sobre
essa espécie.
Eu abri minhas mandíbulas, expondo minhas próprias presas, e uivei com
todas as minhas forças.
Eu ia mandar esse pálido filho da puta de volta para o inferno.
Jocelyn
Eu não tinha ideia se era forte o suficiente para fazer isso, mas tinha que
tentar. Eu fui capaz de absorver a dor de Nina, mas Michelle...
Ela não estava apenas com dor.
Ela estava possuída.
Os curandeiros eram resistentes à possessão — pelo menos foi o que eu li
— mas a teoria era diferente da prática.
Eu olhei para o vórtice rodopiante de móveis da Casa da Matilha que
protegia Michelle de nós chegarmos muito perto.
Selene e alguns outros ficaram presos atrás de um pódio do outro lado da
sala, sem rota de fuga.
Fiz sinal para ela correr quando dei o sinal.
"Josh, preciso que você distraia Michelle enquanto tento chegar perto."
"Estou cuidando disso," ele gritou, avançando em direção a ela, usando
suas garras para rasgar qualquer coisa que voasse para ele.
"O beta finalmente deu um passo à frente", zombou o possuidor de
Michelle. "Mas será que está à altura da ocasião?"
Ela ergueu os braços no ar e Josh saltou contra um lustre, quicando como
uma boneca de pano e caindo no chão.
Selene correu para a porta com seu grupo, tentando colocá-los em
segurança.
"Todo mundo corre. Não olhem para trás", Selene gritou.
"Onde você pensa que está indo?"
Selene gritou ao ser puxada para trás, deslizando pelo chão em direção a
Michelle. Eu mergulhei para frente e agarrei a mão dela.
"Jocelyn, por favor, não deixe ir," ela chorou.
Michelle era muito poderosa. Não tínhamos chance.
Precisamos de um milagre.
Aiden
Eu agarrei o vampiro por sua capa e o joguei contra a parede, arrastando-o
pelas pinturas de Sienna e jogando-o em uma escultura.
Quando eu era capaz de agarrá-lo, eu conseguia causar algum dano de
verdade, mas ele estava tão escorregadio, desaparecendo e reaparecendo em
segundos.
Eu me lancei contra ele, e ele se dividiu em dois, me dando um olhar
presunçoso. Antes que eu pudesse decidir qual deles mutilar primeiro, eles se
transformaram em minha mãe e meu pai.
"Você é um idiota. Você não sabe fazer nada certo", Charlotte chiou.
"Eu gostaria que você tivesse morrido em vez de Aaron", Daniel sussurrou
em meu ouvido enquanto ele girava ao meu redor.
Que merda! Como ele sabe tanto sobre mim?
"Sienna revelou todos os seus medos e desejos mais profundos para mim
— e os seus também. " Ele riu.
Ele se multiplicou em uma dúzia de versões de si mesmo, todas rindo em
uníssono.
Este idiota era apenas um aspirante a mágico, cheio de truques baratos. Eu
não cairia em seus jogos mentais.
Peguei um balde de tinta com minhas mandíbulas e respinguei em toda a
sala em todas as suas cópias. Só ficou presa a um deles...
Eu aproveitei minha chance. Me lancei contra ele e mordi seu lado.
Jocelyn
Michelle gritou de dor, como se algo dentro dela estivesse pegando fogo.
Todos os móveis flutuantes caíram no chão, e ela própria começou a cair em
queda livre.
Josh entrou em ação e a segurou, dando uma cambalhota e segurando-a
com força.
Podemos não ter outra chance.
Eu corri em direção a Michelle. Seu corpo estava se contraindo e ela estava
tentando se livrar de Josh.
"Jocelyn, se apresse. Eu não posso segurá-la por muito mais tempo", Josh
gritou.
"Selene, tire todo mundo daqui e tranque as portas atrás de você", eu
ordenei.
Ela assentiu e começou a conduzir os convidados restantes até a saída.
Eu agarrei o rosto de Michelle enquanto Josh a segurava.
"Tudo bem, garota, vamos trazê-la de volta."
Comecei a absorver o que quer que estivesse dentro de Michelle em meu
corpo. Puta merda, isso é estranho.
Minhas veias começaram a ficar pretas de novo e eu suguei toda a
escuridão até que a energia se infiltrou ao longo do meu cérebro.
Meus olhos escureceram e de repente não consegui ver nada.
Comecei a vomitar, minha fisiologia de curandeira rejeitou o convidado
indesejado.
De repente, cuspi um monte de gosma preta por todo o chão e minha
visão voltou ao normal.
Que merda.
Parecia que tinha acabado de beber um galão de alcatrão.
Michelle estava deitada pacificamente nos braços de Josh.
"Eu... acho que ele se foi."
"Jocelyn... ela não está se movendo," Josh disse calmamente.
Eu imediatamente senti seu pulso. Ela estava...
Viva.
Graças a deus.
Viva, mas sem vida.
Tentei transferir minha energia para ela, mas seu corpo não aceitava.
A escuridão se foi, mas Michelle estava em coma e eu não tinha ideia de
como trazê-la de volta.
Aiden
O vampiro estava ferido, mas eu senti que seu poder tinha ficado ainda
mais forte. Ele não estava brincando.
"Eu tentei estar em dois lugares ao mesmo tempo. Esse foi meu erro, mas
não se engane, estou por completo aqui agora", ele fervia.
Eu olhei para o corpo inconsciente de Sienna no meio da galeria. Eu
precisava mantê-lo longe dela a todo custo.
"Sienna."
"Sienna, você tem que acordar."
"Eu preciso de você."
Eu esperava que ela não estivesse muito longe, mas nossa conexão
permanecia estática.
O vampiro disparou em minha direção como uma flecha, me derrubando e
me fazendo derrapar no chão.
Enquanto eu tentava ficar de pé, ele investiu contra mim repetidamente.
Minhas costelas quebraram com os golpes rápidos e eu gritei de agonia.
Ele me deixou caído no chão e voltou sua atenção para  Sienna.
Não, não o deixe chegar perto dela!
Eu mudei de volta para minha forma humana e lutei para ficar de pé,
segurando meu torso.
"Ei, idiota, se você quer mexer com a cabeça de alguém, por que não tenta
a minha? No momento, estou tendo ótimas ideias sobre como vou rasgá-lo ao
meio."
Ele se virou e zombou de mim por tentar enfrentá-lo em minha forma
humana ferida.
— "Se você insiste, Alfa, vou matá-lo primeiro com prazer. Então, posso
repetir a memória de arrancar sua cabeça na mente de Sienna, várias vezes.
Enquanto o vampiro avançava em minha direção, um lobo rosnou atrás
dele.
Sienna.
Ela o agarrou e cravou suas presas profundamente em seu ombro em um
movimento rápido.
Ele gritou quando ela puxou com toda a força e arrancou um pedaço de
seu corpo, fazendo-o evaporar no ar.
O resto dele começou a desaparecer também, e estava claro que ele não
tinha controle sobre sua desestabilização repentina.
"Não, ainda não, droga. Eu estava tão perto! " Sienna se mexeu e correu
para mim, colocando meu braço em volta do ombro dela, ajudando-me a me
equilibrar. Nós dois o encaramos enquanto ele virava pó.
"Não vou desaparecer para sempre, Sienna. Eu sempre estarei dentro de
você. Você me convidou para entrar e eu voltarei...," Konstantin berrou.
Seu corpo evaporou antes que ele pudesse terminar seu discurso.
Sienna me abraçou e se aninhou em meu ombro. Estremeci com as
costelas quebradas, mas não me importei.
Era tão bom abraçá-la, saber que ela estava segura em meus braços.
Sienna
Eu usava um avental de artista e um par de jeans e botas velhas de Aiden
enquanto caminhávamos para casa. Ele conseguiu salvar suas roupas depois da
transformação, mas meu vestido dourado não teve tanta sorte. E nem o carro
de Aiden.
Caminhamos em silêncio, mas eu sabia que Aiden tinha um milhão de
perguntas. Eu estava pronta para respondê-las.
Eu desenterrei tantos segredos enterrados, e agora eles estavam me
assombrando.
Havia muito para contar.
Sobre Konstantin.
Seus poderes.
Meus poderes, que eu ainda não compreendia.
Minha mãe.
Meu pai, Rowan, que ainda pode estar por aí em algum lugar.
Mas naquele momento, estava feliz por ele ter apenas segurado minha mão
e caminhado em silêncio.
Ele estava lá para me ajudar, e eu estava lá para ajudá-lo. Era assim que
sempre seria.
Eu contaria tudo a ele quando estivéssemos sãos e salvos em casa.
Ao nos aproximarmos da casa, começou a nevar novamente, mas parecia
quente demais para neve.
A luz no horizonte estava laranja e percebi que não era neve...
Era cinza.
"Aiden..."
Ele correu na minha frente, sobre a ponte de paralelepípedos e por entre as
árvores.
Eu sabia o que estava prestes a ver, mas quando a casa apareceu, eu ainda
cobri minha boca em descrença.
Nosso Lar.
Aceso, um inferno furioso.
Capítulo 60 – Família
Sienna
Depois do incêndio, nossa vida ficou um caos absoluto.
"Aiden, saia do maldito banheiro. Eu tenho que urinar! " Selene gritou,
batendo na porta. "Eu tenho um bebê inteiro pressionado contra minha
bexiga, todo dia." "Selene, você pode por favor não gritar com meu chefe?"
Jeremy disse cautelosamente.
"Ele não é seu chefe aqui, Jeremy. Ele é família," minha mãe disse em um
tom alegre enquanto ela passava por mim com três cargas de roupa suja.
"Não, quando ele está no banheiro, ele é meu inimigo mortal," Selene
amuou. "Aiden, SAIA."
Era um bom tipo de caos.
A porta do banheiro se abriu e Aiden estava parado na porta, recém-saído
do chuveiro, vestindo nada além de uma toalha, as gotas de água ainda
grudadas em seu abdômen brilhante.
Graças a Deus, a Bruma passou.
"Minha nossa senhora dos lobos,” Aiden rosnou. "Pronto. Dá pra relaxar?"
"Essa não", murmurou Jeremy baixinho.  Os olhos de Selene saltaram
tanto de sua cabeça que pareciam que também estavam grávidos.
"Nunca. Diga a uma mulher grávida. Que está prestes a explodir. Para
relaxar", ela quase uivou, passando por ele e batendo a porta do banheiro atrás
dela.
Aiden apenas encolheu os ombros. "Ah, Melissa, pode adicionar isso à sua
pilha", disse ele, puxando a toalha e jogando-a no cesto que ela carregava.
Ele caminhou pelo corredor completamente nu enquanto eu olhava,
mortificada.
Era um caos bom, sim, mas eu não via a hora de nossa casa ficar pronta.
A casinha dos meus pais tinha ficado completamente lotada desde que
Selene e Jeremy decidiram ficar até o bebê nascer, o que aconteceria a qualquer
momento.
"Sienna, venha me ajudar com os sanduíches," meu pai chamou da
cozinha.
Quando me juntei a ele, ele me lançou um olhar de preocupação. Ele tem
feito muito isso desde que nos mudamos.
"Como você está, querida? Está tudo bem? Estamos tornando nossa casa
confortável para você e Aiden? Porque se você precisar de alguma coisa,
apenas..."
"Pai, estou bem, de verdade. Vocês têm sido incríveis, abrindo sua casa
para nós enquanto reconstruímos a nossa."
Não tinha contado à minha família tudo o que aconteceu com Konstantin,
mas eles sabiam o suficiente.
Eu deixei de fora os detalhes sobre meus pais biológicos porque sabia que
isso iria quebrar seus corações e, honestamente, ainda não estava pronta para
falar sobre isso.
Aiden, por outro lado, sabia de tudo.
Foi difícil no início reviver o que havia acontecido comigo. Eu me senti tão
violada e traída pelo que Konstantin fez.
Ele tinha me usado. Ele tentou me manipular, me destruir mentalmente,
destruir Aiden fisicamente, e ainda incendiou nossa casa inteirinha, mas no
final das contas, nosso vínculo de acasalamento era mais forte.
Não seremos destruídos tão facilmente; ele sabia disso agora.
E ele estava lá fora em algum lugar — em um estado enfraquecido, talvez,
mas ainda escondido nas sombras. Isso fazia meu sangue gelar.
Josh havia estabelecido uma força-tarefa anti vampiro depois de tudo o que
aconteceu.
Era uma quase obsessão para ele caçar Konstantin, mas até agora, haviam
se passado quatro semanas sem nem mesmo uma pista.
A vigilância de Josh me fez sentir mais segura, mas também triste. Ele
costumava ter muito tempo livre antes...
Enquanto eu silenciosamente cortava vegetais ao lado de meu pai, isso me
fez pensar sobre o paradeiro de meu pai biológico, seja ele quem for. Mas
apenas por um momento.
Eu sorri para meu pai e apertei sua mão. Não precisei procurar meu pai.
Ele estava bem do meu lado.
Aiden entrou na cozinha, felizmente totalmente vestido, e abriu uma
cerveja. "Quer uma, Robert?"
Ele parecia mesmo estar gostando de todo esse tempo forçado em família.
E eu não poderia culpá-lo. Ele nunca tinha vivido isso.
"Eu adoraria", disse ele, pegando a cerveja e batendo contra a de Aiden.
"Ei, não me deixe fora disso," eu disse, pegando minha própria cerveja.
Selene entrou arrastando os pés com a ajuda de Jeremy e afundou na mesa.
Mamãe trouxe uma torta de maçã da sala de jantar que fez Aiden começar
a babar.
"Resfriada recentemente no peitoril da janela, assim como minha mãe
costumava fazer", disse Aiden.
"Aiden, coloque essa língua de lado", eu ri. "Você não olha nem para mim
desse jeito, a menos que esteja sob efeito da Bruma."
"Todo mundo tem uma bebida?," meu pai perguntou enquanto
levantávamos nossas garrafas no ar.
"Eu bem que queria", suspirou Selene, segurando seu estômago.
"A que devemos brindar? " Aiden disse, olhando ao redor da sala.
Eu não sabia o que faria sem essas pessoas incríveis em minha vida. Eles
me ancoraram e me trouxeram de volta à costa quando Konstantin tentou me
afogar.
As pessoas nesta sala eram de onde vinha minha verdadeira força.
"À família. " Eu sorri.
Enquanto me arrumava para dormir, olhei para meu reflexo no pequeno
espelho que meus pais haviam comprado para mim quando era uma garotinha.
Eu me senti infantil ao usá-lo agora.
Tanta coisa mudou nos últimos dois anos.
Eu ainda não tinha me acostumado a ficar no meu quarto de infância com
Aiden também, mas ele estava totalmente fascinado por tudo isso...
Minhas pinturas em aquarela desleixadas da escola primária.
Minha extensa coleção de troféus de atletismo.
Os bichinhos de pelúcia que eu rasguei em pedaços quando era apenas um
filhote.
Eu o peguei lendo um dos meus antigos diários quando nos mudamos pela
primeira vez, e ele quase se juntou àqueles pobres brinquedos de pelúcia em
sua morte.
Mas agora, ele estava deitado na minha cama de samba-canção, olhando
para o mural de estrelas que eu pintei no teto quando tinha quinze anos. Sua
sincera expressão de admiração me fez amá-lo ainda mais.
Eu rastejei em cima dele e dei-lhe um beijo apaixonado.
A Bruma pode ter passado, mas eu ainda tinha necessidades.
"Tem gente procurando encrenca", ele rosnou, sorrindo e me erguendo
contra a cabeceira da cama.
"E eu sempre consigo encontrar" eu rosnei de volta, agarrando a tenda
levantada em sua cueca.
Ele me jogou na cama e não perdeu tempo em puxar minha calcinha para
baixo e espalhar minhas pernas.
A barba por fazer de Aiden esfregou contra a parte interna das minhas
coxas enquanto ele mergulhava em meu sexo com sua língua.
"Isso, vai," eu murmurei, agarrando meus lençóis.
Aiden se sentou e empurrou minhas pernas abertas ainda mais, batendo
seu pau duro contra a minha entrada.
Ele provocou meu sexo, empurrando a ponta, em seguida, puxando de
volta.
"Mais," eu disse sem fôlego.
"Você quem sabe” Aiden rosnou, colocando a mão levemente no meu
pescoço.
Soltei um gemido suave, que se transformou em um grito agudo quando
ele entrou em mim, alargando e acertando todos os pontos certos.
Uma vez que ele entrou no ritmo, suas estocadas pareciam o paraíso.
Minha boceta estava prestes a explodir de prazer.
"Aiden, eu vou - porra - eu vou..."
Meu abdômen se contraiu e minhas costas arquearam enquanto eu gritava.
"Tô gozando. Caralho, tô gozando…"
"ESTÁ VINDO," minha mãe começou a gritar, batendo na porta do meu
quarto.
"O BEBÊ - ESTÁ PARA NASCER!"
Apesar de minha sobrinha escolher o momento mais estranho possível
para entrar neste mundo, eu estava muito animada para conhecê-la.
Meus pais ansiosamente agarraram as mãos um do outro enquanto
sentavam com Aiden e eu na sala de espera. Já haviam se passado duas horas
desde que Selene entrou em trabalho de parto.
"Sabia que a sala do zelador fica ali virando o corredor?” — sussurrou
Aiden, deslizando a mão pela minha perna. "Poderíamos terminar o que
começamos."
Eu dei um tapa na mão dele. Homens. Sempre pensando em foder.
Embora eu tivesse que admitir que não seria a pior maneira de matar o
tempo.
Jocelyn de repente empurrou as portas duplas de uniforme, sorrindo de
orelha a orelha.
"Quais as novidades? " Minha mãe saltou da cadeira.
"Uma menina feliz e saudável. Ela está pronta para conhecê-los agora",
Jocelyn disse, nos levando para o quarto de Selene.
Jeremy pairava sobre sua esposa e filha com absoluta admiração e devoção
em seus olhos. Selene segurou sua linda garotinha — minha primeira sobrinha
— nos braços. Seu rosto estava molhado de lágrimas.
Eu caí no choro. Dominância que se dane. Fiquei muito feliz por ela.
Aiden agarrou minha mão. Ele quase parecia ter os olhos um pouco
embrumados. Quase.
"Qual é o nome dela?" minha mãe arrulhou, observando o lindo pacote de
uma neta na frente dela.
"Meu deus, não pensamos em nenhum ainda", Selene disse, abruptamente
explodindo em lágrimas. "Ela não tem nome!"
"Querida, está tudo bem, não chore. Vamos pensar em um. Temos tempo",
ele disse, nervosamente tentando consolá-la e entender seus hormônios
erráticos.
Uma visão de repente surgiu em minha mente — cabelos ruivos
esvoaçantes, olhos ferozes. Alguém importante, que merece ser homenageado.
"E se fosse... Vanessa? " Eu sugeri.
Os olhos de Selene brilharam. "Isso... esse é perfeito. É lindo. Mas por que
Vanessa?"
"Por nada", eu disse enquanto Aiden me olhava, entendendo tudo. "Eu só
acho que combina."
"Eu também," ela respondeu, bocejando, suas pálpebras ficando pesadas.
"Certo, a mamãe e a pequena Vanessa precisam descansar um pouco",
Jocelyn ordenou. "Todos nós podemos admirar a bebê de manhã."
Jocelyn tocou levemente meu ombro quando eu estava prestes a sair.
"Tenho outro paciente que preciso verificar, se você quiser se juntar a mim."
Eu balancei a cabeça enquanto meu estômago se retorceu em nós.
Ela parecia tão tranquila dormindo — exceto que ela não estava realmente
dormindo, pelo menos não por vontade própria.
Ah, Michelle, isso é tudo culpa minha.
Enquanto Michelle permanecia imóvel em sua cama de hospital, uma onda
de culpa tomou conta de mim. Se não fosse por mim, ela nunca teria ido para
a casa de Konstantin em primeiro lugar e ele nunca a teria usado para tentar
me machucar.
Jocelyn agarrou minha mão quando comecei a chorar. "Não se culpe",
disse ela. "Às vezes, as pessoas entram em nossas vidas e mentem, e essas
mentiras contaminam todos ao nosso redor."
"Mas e se eu tiver ajudado a espalhar essa doença?"
"Você estava apenas tentando encontrar respostas sobre o seu passado.
Tenho certeza que Aiden entende isso", ela respondeu, olhando para longe.
"Ele não quer nada mais do que proteger você. "
"Talvez ela só estivesse tentando proteger você também", eu disse
delicadamente enquanto observava Jocelyn enrijecer.
"Não", Jocelyn respondeu vagamente. "Mas prefiro não falar sobre isso."
A porta se abriu e Josh entrou pesadamente, com uma expressão triste e
cansada. Ele estava com a barba cheia e olheiras.
Ele não havia desistido de procurar Konstantin por um momento sequer,
desde que Michelle entrara em coma.
"Ah, eu achei que não tinha ninguém aqui", Josh murmurou, sem fazer
contato visual comigo.
"Nós vamos sair", Jocelyn disse suavemente. "Me avise se você precisar de
alguma coisa."
Enquanto Jocelyn me conduzia para fora da sala, me virei por um segundo
para ver Josh encostar sua testa na de Michelle.
Eu não vou deixar você fazer isso sozinho, Josh. Nós o encontraremos. E nós a
traremos de volta.

***
Aiden colocou o braço em volta do meu ombro enquanto caminhávamos
pela garagem para a casa dos meus pais. O sol estava começando a nascer
sobre as copas das árvores.
"As coisas vão voltar ao normal, Sienna. Sua família sempre estará lá para
ajudar, com as coisas boas e ruins. Nossa família sempre estará lá para nos
ajudar", Aiden me assegurou.
"Claro", eu disse, forçando um sorriso e inclinando minha cabeça em seu
peito.
Nada dentro de mim parecia normal desde que Konstantin havia invadido
minha mente e corpo, mas eu não queria preocupar Aiden.
Eu sentia um poder desconhecido dentro de mim, um que eu não
entendia...
E estava crescendo a cada dia.
Rowan
Quando os raios do sol nascente caíram sobre sua cabeça, seus magníficos
cabelos ruivos ficaram em chamas. Ela era linda, quase uma imagem espelhada.
Eu a observei caminhando com seu companheiro, e isso despertou em
mim uma emoção que estava adormecida há muito tempo.
"Ela se parece... com a mãe.”
Continua no Livro 3…
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