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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

F A C U LD A D E DE D IR EI TO – C UR S O DE D IR E I TO
Bio d ire ito
Profa. Dra. Maria Claudia Brauner – Prof. Dr. Anderson O. C. Lobato

FICHA DE LEITURA TEMÁTICA


I D EN T IF IC A Ç Ã O

Matrícula e nome completo : 127827 - Karoline Schoroeder Soares.

Tema: Bioética e Biodireito

Turma: A.

Referência do texto:
FEUILLET, Brigitte, "Bioética e Biodireito, uma relação de conexão". In: Maria Claudia Crespo Brauner; e
Philippe Pierre. Direitos Humanos, Saúde e Medicina: uma perspectiva internacional. Rio Grande, RS:
FURG, p. 89-101, 2013.

A ÉTICA E O DIREITO
Inicialmente, Feuillet afirma que estudar a relação entre bioética e biodireito é buscar
compreender os papéis da ética e do direito no campo da vida e a considerar as semelhanças
de ambas. Nesse sentido, acredita-se que a ideia central seria a demonstração da bioética
como um pilar essencial no ajuste das leis para a sociedade atual e, ainda, como o biodireito
deve servir de auxiliar da bioética.
O Direito é um âmbito que necessita de adaptação a todo e qualquer tempo, tendo em
vista o seu poder de garantir a vida da sociedade. À vista disso, não há como a lei exercer o
seu papel de permitir, regulamentar ou proibir uma ação, sem que haja a compreensão do
avanço da ciência e os perigos ligados à sua evolução. Todavia, a tarefa de ponderar as
mudanças e as consequências faz parte dos papeis da bioética, logo, é notório a importância
da sua sustentação quando o assunto tratado é as alterações na lei.
Não obstante, é importante mencionar que o papel dos cientistas é esclarecer a ciência
ou a parte prática da biomedicina e não expressar a sua opinião pessoal. Sendo assim, não há
circunstâncias para duvidar-lhes a palavra e é de função dos parlamentares garantir a presença
dos representantes de todas as áreas ao debate democrático.

“A bioética é uma reflexão sobre como lidar com situações em que o risco de violações dos
direitos humanos das pessoas existem. No entanto, isso só pode ser evitado, levando em
consideração o que regula o comportamento social, a saber, o Direito. Caso contrário, a
bioética corre o risco de refazer o direito, sem dar qualquer legitimidade ao seu discurso.
De fato, a legitimidade da lei repousa principalmente sobre sua missão de traduzir e aplicar
um sistema de valores em torno do qual a sociedade está construída. A bioética deve
integrar estes dados jurídicos33, em particular, para se pronunciar sobre eventual

Rio Grande, 22 de março de 2021 1


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insuficiência, inadequação ou silêncio. Mas, para garantir esta missão, a bioética também
deve compreender as principais características do Direito, que são a sistematicidade34, a
generalidade (conceitos abstratos) e a estabilidade (permanência)35. A perda dessas
características levaria a incerteza e arbitrariedade36. Assim, a bioética não pode realmente
estar ouvindo o Direito sem respeitar o que ele é (a programação), o que ele prevê (o seu
conteúdo) e sua autoridade.”. (FEUILLET, 2013, p. 09)

A bioética é baseada em princípios éticos que, na verdade, são concepções já


reconhecidas legalmente. O Direito, em contraponto, possui uma série de garantias a fim de
proteger direitos e liberdades. Portanto, os princípios em ambas as áreas são divergentes, já
que as normas no âmbito jurídico estão abarcadas por uma autoridade que não se pode exigir
dos princípios éticos, tendo em mente que a bioética é capaz de estabelecer normas onde não
existem.
Nesse diapasão, conclui-se que a regra ética é inferior a regra jurídica, pois a bioética
não pode ir contra a lei, apenas salientar a sua deficiência e evidenciar o que está inadequado,
não havendo garantia nenhuma do direito às vítimas de violações. Sendo assim, é possível a
consciência de que a independência da bioética se concentra na sua liberdade, e para que isso
ocorra é necessário que ela não tenha nenhum poder.
Portanto, quando se pensa no Direito aconselhado a bioética e vice e versa, pensa-se
na ideia de éthicisation da norma jurídica e de uma juridicização das normas éticas. Assim
sendo, a evolução das áreas referidas pode vir a auxiliar na eficácia da norma legal, uma vez
que as observações trazidas tiveram como principal finalidade acalmar os aflitos, mas
demonstrando, também, que a compreensão recíproca entre o Direito e a Ética pode ser
dissuadida. Por fim, a solução mais visível ocorreria diante de uma vasta mobilização
daqueles que representam as esferas cercadas pela bioética e o conhecimento da excelência
multidisciplinar que iria transigir o legislador a agir diferente.

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