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F A C U LD A D E DE D IR EI TO – C UR S O DE D IR E I TO
Bio d ire ito
Profa. Dra. Maria Claudia Brauner – Prof. Dr. Anderson O. C. Lobato
Turma: A.
Referência do texto:
FEUILLET, Brigitte, "Bioética e Biodireito, uma relação de conexão". In: Maria Claudia Crespo Brauner; e
Philippe Pierre. Direitos Humanos, Saúde e Medicina: uma perspectiva internacional. Rio Grande, RS:
FURG, p. 89-101, 2013.
A ÉTICA E O DIREITO
Inicialmente, Feuillet afirma que estudar a relação entre bioética e biodireito é buscar
compreender os papéis da ética e do direito no campo da vida e a considerar as semelhanças
de ambas. Nesse sentido, acredita-se que a ideia central seria a demonstração da bioética
como um pilar essencial no ajuste das leis para a sociedade atual e, ainda, como o biodireito
deve servir de auxiliar da bioética.
O Direito é um âmbito que necessita de adaptação a todo e qualquer tempo, tendo em
vista o seu poder de garantir a vida da sociedade. À vista disso, não há como a lei exercer o
seu papel de permitir, regulamentar ou proibir uma ação, sem que haja a compreensão do
avanço da ciência e os perigos ligados à sua evolução. Todavia, a tarefa de ponderar as
mudanças e as consequências faz parte dos papeis da bioética, logo, é notório a importância
da sua sustentação quando o assunto tratado é as alterações na lei.
Não obstante, é importante mencionar que o papel dos cientistas é esclarecer a ciência
ou a parte prática da biomedicina e não expressar a sua opinião pessoal. Sendo assim, não há
circunstâncias para duvidar-lhes a palavra e é de função dos parlamentares garantir a presença
dos representantes de todas as áreas ao debate democrático.
“A bioética é uma reflexão sobre como lidar com situações em que o risco de violações dos
direitos humanos das pessoas existem. No entanto, isso só pode ser evitado, levando em
consideração o que regula o comportamento social, a saber, o Direito. Caso contrário, a
bioética corre o risco de refazer o direito, sem dar qualquer legitimidade ao seu discurso.
De fato, a legitimidade da lei repousa principalmente sobre sua missão de traduzir e aplicar
um sistema de valores em torno do qual a sociedade está construída. A bioética deve
integrar estes dados jurídicos33, em particular, para se pronunciar sobre eventual
insuficiência, inadequação ou silêncio. Mas, para garantir esta missão, a bioética também
deve compreender as principais características do Direito, que são a sistematicidade34, a
generalidade (conceitos abstratos) e a estabilidade (permanência)35. A perda dessas
características levaria a incerteza e arbitrariedade36. Assim, a bioética não pode realmente
estar ouvindo o Direito sem respeitar o que ele é (a programação), o que ele prevê (o seu
conteúdo) e sua autoridade.”. (FEUILLET, 2013, p. 09)