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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

LÍVIA SAMILA BEZERRA BORGES

DESIGUALDADE SOCIAL E MORTALIDADE POR CÂNCER ORAL NO RIO


GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE ESPACIAL

NATAL-RN

2017
LÍVIA SAMILA BEZERRA BORGES

DESIGUALDADE SOCIAL E MORTALIDADE POR CÂNCER ORAL NO RIO


GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE ESPACIAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de odontologia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte como
requisito para obtenção do título de Cirurgiã-
Dentista.

Orientador: Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa

Natal-RN

2017
Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia
Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”.
Borges, Lívia Samila Bezerra
Desigualdade social e mortalidade por câncer oral no Rio Grande do Norte: uma
analise espacial/Livia Samila Bezerra Borges. . – Natal, RN, 2017.

34 f. : il.

Orientador: Prof Dr Antônio de Lisboa Lopes Costa

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de
Odontologia.

1.Cancer oral – Monografia. 2. Condições socioeconômicas – Monografia.


3. Geoprocessameto – Monografia. I. Costa, Antônio de Lisboa I. Título.

RN/UF/BSO Black D65


LÍVIA SAMILA BEZERRA BORGES

DESIGUALDADE SOCIAL E MORTALIDADE POR CÂNCER ORAL NO RIO


GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE ESPACIAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade


Federal Do Rio Grande Do Norte como parte integrante dos
requisitos para obtenção do título de cirurgiã-dentista.

Aprovado em: 19/06/17

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________
Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa
Universidade Federal do Rio Grande Do Norte
Orientador

__________________________________________________
Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro

__________________________________________________
Profa. Dra. Maria Ângela Fernandes Ferreira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Membro
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e por ter iluminado sempre o meu caminho, me
proporcionando força, coragem, determinação e pessoas que foram verdadeiros anjos
em minha vida.

Aos meus pais, por terem regado minha vida com tanto apoio, carinho, proteção, amor
e cuidado para que eu pudesse florescer e encarar o mundo. É uma longa jornada de
esforços mútuos, muita superação, obstáculos e vitórias. Essa conquista é nossa!

Aos meus familiares, em especial aos meus primos Josiel e Nataly, minha madrinha
Madalena e minha tia Socorro por todo o apoio, compreensão e amizade.

Aos meus tios Josivan e Pedro (in memorian), que, apesar de não estarem mais entre
nós, acompanharam boa parte desta jornada universitária e sempre torceram tanto por
mim. A saudade aperta, a distância física maltrata, mas o amor cultivado jamais
morrerá.

Às minhas amigas, Gilmara, Samara Karoline, Júlia, Natelee, Nanda, Luana, Hiedinha
Marilía e Alaíde pela cumplicidade, amizade sincera, por todas as vezes que se
alegraram com minhas vitórias, pelos momentos em que me proporcionaram um abraço
amigo e por terem, muitas vezes, esquecido das suas dores para cuidarem das minhas.

À minha zebrinha, Carol Albuquerque, por ter me acompanhado tão de perto em todos
os momentos (muitos deles tensos e não muito alegres), pelo cuidado, atenção,
preocupação em ajudar a resolver os problemas e por essa amizade tão singular.

À minha duplinha Samara Raquel, pela nossa ótima parceria durante toda a graduação,
pela amizade, cumplicidade, compreensão, apoio e por todas as trocas que esse período
nos proporcionou.

Às minhas amiguinhas da escola, Millena, Cledna, Samara Martins, Carolina, Marcela,


Mary e Juliana pelo amor, apoio e ótimos momentos sempre compartilhados de forma
tão intensa e inesquecível.
Aos meus amigos Alyson e João Carlos, por me arrancarem boas gargalhadas, pelos
bons momentos e pelas dificuldades enfrentadas (e superadas) juntos.

Ao meu orientador, professor Costa, pelas oportunidades, ensinamentos, apoio, por toda
confiança que sempre depositou em mim e pelos desafios que sempre topou enfrentar
junto comigo. A experiência como aluna de iniciação científica foi fundamental para
minha formação e poder ter exercido este papel junto a um orientador amigo que
compartilha dos mesmos sonhos e lutas foi, sem dúvidas, incrível. Sou abençoada por
tê-lo em minha vida.

Ao professor Luiz Noro, pelos ensinamentos, apoio, motivação e amizade. Pelo


acolhimento e paciência sempre tão característicos. Encontrar um professor assim nesta
caminhada acadêmica foi um presente, daqueles de valor imensurável.

À professora Ângela Ferreira, pelo exemplo de amor à profissão, simplicidade,


sinceridade, ensinamentos, disponibilidade e por ter me acolhido tão carinhosamente. A
monitoria e a militância pelo SUS me proporcionaram encontros maravilhosos, poder
trabalhar com uma pessoa de coração tão bondoso e sorriso tão cativante foi/está sendo
magnífico.

Aos professores, Maísa Paulino, Allyson Carvalho, Soraya Medeiros, Éricka Silveira,
Káthia Brito, Giselle Firmino, Sergei Rabelo pelas oportunidades, por todos os
ensinamentos e pelas experiências compartilhados.

Ao professor Paulo Capel, por todo apoio, motivação, disponibilidade e amizade.


Conhecer a Saúde Bucal Coletiva foi encantador; ler sobre ela e admirar aquele
“professor de São Paulo” foi uma consequência natural; mas conhecê-lo, e descobrir o
ser humano iluminado que ele é, foi um sonho realizado. Diante de todo “estrelismo”
vivenciado atualmente por muitos, conhecer um “gigante” com toda essa simplicidade e
humildade só mostra como eu tive sorte e soube escolher bem aquele que é minha
inspiração.

A todos e todas aqui não citados, mas que contribuíram com a minha formação, os meus
mais sinceros agradecimentos.
“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a
realidade”
Nise da Silveira
RESUMO

O câncer oral é um inquestionável problema de saúde pública no Brasil e muitos


obstáculos ainda são encontrados para seu efetivo enfrentamento. O objetivo deste
trabalho foi analisar a distribuição espacial das taxas de mortalidade por câncer oral e
sua associação com as condições socioeconômicas nos municípios do Rio Grande do
Norte, entre os anos de 2005 e 2014. Trata-se de um estudo ecológico tendo como
elementos amostrais os municípios do estado. Os dados sobre mortalidade foram
obtidos a partir do Atlas de Mortalidade por Câncer – INCA e os referentes às
condições socioeconômicas através do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil,
todos os mapas foram analisados com base nos índices de Moran Local e Moran Global.
Foi observada dependência espacial na distribuição das taxas de mortalidade por câncer
oral no estado, porém a associação com as condições socioeconômicas não foi
encontrada. O estado apresenta altas taxas de mortalidade pela doença e indicadores
socioeconômicos que refletem, em sua grande maioria, condições de vida desfavoráveis,
o que explicita a necessidade de ações efetivas de planejamento, monitoramento e
avaliação para o enfrentamento da doença.

Palavras-chave: Câncer oral; Condições socioeconômicas; Geoprocessameto.


ABSTRACT

Oral cancer is an unquestionable public health problem in Brazil and there many
obstacles are still found for his effective confrontation. The objective of this work is to
analyze a spatial distribution of oral cancer mortality rates and their association as
socioeconomic conditions in the municipalities of Rio Grande do Norte, between the
years 2005 and 2014. It’s an ecological study having exemplary elements of the
municipalities of the state. The mortality data were obtained from the Atlas of Cancer
Mortality - INCA, and those ones about the socioeconomic conditions through from the
Atlas of Human Development in Brazil, all the maps were analyzed based on Moran
Local and Moran Global indexes. Spatial dependence was observed in the distribution
of oral cancer mortality rates in the state, but an association such as socioeconomic
conditions was not found.The state shows a high rates of mortality due to this illness,
and the socioeconomic indicators reflect mainly unfavorable living conditions, which
explains the need for effective planning, monitoring and evaluation actions to deal
correctly with this disease.
Keywords: Oral cancer; Socioeconomic conditions; Geoprocessing.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................9

2. MÉTODOS..............................................................................................................11

2.1 DESENHO DO ESTUDO .........................................................................................11

2.2.LOCAL E POPULAÇÃO DE ESTUDO..................................................................11

2.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS .....................................................................12

3. RESULTADOS ........................................................................................................15

4. DISCUSSÃO ............................................................................................................19

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................24

REFERÊNCIAS .............................................................................................................25

ANEXOS .........................................................................................................................29
9

1. INTRODUÇÃO

Estudos com base nos dados de mortalidade por câncer oral para a análise da
distribuição e fatores associados devem ser periodicamente atualizados, visto que, trata-
se de um problema de saúde pública e progressos não têm sido observados no combate
da doença1. Tais informações devem ser geradas nas mais diversas esferas, com o
objetivo de auxiliar as atividades de planejamento, monitoramento e avaliação das ações
voltadas à temática.

Nos últimos anos, a mudança na estrutura das pirâmides etárias dos países em
desenvolvimento tem se tornado uma realidade, apontando para a intensificação do
processo de envelhecimento da população, especialmente na América Latina2. Com
isso, e também devido ao controle das altas taxas de incidência e mortalidade por
doenças infectocontagiosas, uma importante mudança no perfil da morbi-mortalidade da
população brasileira foi observada nas últimas décadas, resultando no aumento dos
óbitos causados por doenças crônico-degenerativas3.

As chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um problema de


saúde global, devido ao grande aumento de casos e à repercussão na qualidade de vida
dos indivíduos acometidos. Em 2007, cerca de 72% das mortes no Brasil foram
atribuídas às DCNT (doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas,
diabetes, câncer e outras), enquanto as doenças infecciosas e parasitárias foram
responsáveis por 10% da mortalidade no país4.

O câncer, em seus mais diversos tipos e localizações, ganha destaque neste contexto.
Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou o Relatório Mundial do
Câncer, que identificou o câncer como um inquestionável problema de saúde pública.
Além disso, também é possível observar um maior impacto do câncer nos países em
desenvolvimento, onde espera-se que dos 20 milhões de casos estimados para 2025,
80% sejam registrados em tais países5.

O Câncer Oral encontra-se como a sexta localização mais freqüente entre todos os
tipos de cânceres no mundo, mesmo diante da facilidade de acesso e visualização das
lesões. Em 2012, a incidência da neoplasia em cavidade oral foi de 300.373 novos
casos, resultando em uma taxa mundial estimada de 5,5 em homens e 2,5 em mulheres
(para cada 100.000 pessoas). Da mesma forma, a mortalidade para neoplasia maligna da
10

cavidade oral apresentou altos valores, com o número bruto de 145.326 óbitos e taxa
estimada de 2,7 e 1,2 para homens e mulheres, respectivamente6.

No Brasil, a cavidade oral é a quinta localização anatômica mais afetada no sexo


masculino, sendo estimados 11.149 novos casos para o ano de 20165. O
desenvolvimento da neoplasia está ligado a hábitos comportamentais, como destaque
para o hábito de fumar7. O ato de fumar e/ou mascar tabaco pode causar danos às
estruturas celulares, aumento da temperatura no ambiente bucal (aumentando a
permeabilidade da mucosa bucal), e propagação de substâncias carcinogênicas
(presentes no cigarro) para o interior das células8.

O consumo de bebidas alcoólicas (principalmente em associação com o fumo)9,


exposição ao sol sem proteção adequado dos lábios10, fatores nutricionais11,
imunossupressão12 e a ação do papilomavírus humano – HPV (para orofaringe)13
também são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de neoplasias orais.
Além dos fatores biológicos, as condições de vida têm se mostrado determinantes nas
taxas de mortalidade, onde piores condições de vida estão associadas a maiores taxas de
mortalidade pela doença14,15,16,17.

Nessa perspectiva, este estudo teve por objetivo analisar a distribuição espacial
das taxas de mortalidade por câncer oral e sua associação com as condições
socioeconômicas nos municípios do Rio Grande do Norte, entre os anos de 2005 e
2014.
11

2. MÉTODOS

2.1 Desenho do estudo

O delineamento epidemiológico para o presente estudo consiste no tipo


ecológico, pois possibilita a análise das correlações entre variáveis globais e a situação
de saúde de determinada população, a partir de dados agregados. Dessa maneira,
estudos de tal natureza permitem a investigação da influência de fatores
socioeconômicos no desenvolvimento do processo saúde-doença, por exemplo.
Mesmo sabendo das potencialidades apresentadas pelos estudos ecológicos, é
importante ressaltar que tal desenho identifica as relações entre agregados e isso não
significa, obrigatoriamente, que as mesmas associações ocorram, ou deixem de ocorrer,
a nível individual. Portanto, é necessário atenção para evitar a falácia ecológica18.

2.2 Local e população de estudo

O estado do Rio Grande do Norte pertence à região Nordeste do território


brasileiro, possui uma área de 52.811,110 Km2 e população estimada para o ano de
2016 de 3.474.998 habitantes. Quanto à sua divisão administrativa, o estado possui 157
municípios - que foram utilizados como elementos amostrais do estudo -, tem como
capital a cidade de Natal e apresenta-se organizado em 4 mesorregiões geográficas:
Leste Potiguar, Oeste Potiguar, Central Potiguar e Agreste Potiguar19 (Figura 1).

Figura 1: Mesorregiões geográficas do Rio Grande do Norte – IBGE.

Fonte: IBGE
12

Em relação às características populacionais do território, é possível observar


maior presença de pessoas do sexo feminino (51,11%), grande parte da população reside
na zona urbana (77,8%) e 67,51% está na faixa etária entre 15 e 64 anos. 23,79% da
população encontra-se na faixa da pobreza, e 10,33% é considerada extremamente
pobre. No quesito ocupação, 60,2% dos residentes do estado estão na categoria
economicamente ativa ocupada e 30,1% é população economicamente inativa20.
Quanto aos serviços públicos de saúde, no mês de janeiro de 2017, o estado
apresentou cobertura populacional estimada de Equipes Saúde da Família de 79,99%,
com o total de 995 implantadas21. Já em relação aos serviços de saúde bucal, para o
mesmo período, foi possível observar um total de 912 Equipes de Saúde Bucal
implantadas, sendo 905 da modalidade I e 7 da modalidade II21. A atenção
especializada conta com 25 Centros de Especialidades Odontológicas distribuídos em
22 municípios22. O estado também conta com 191 estabelecimentos, com o serviço de
internação e 234 voltados ao atendimento de urgências, no âmbito do SUS23.

2.3 Coleta e análise dos dados

Os dados de mortalidade por neoplasias orais nos municípios do Rio Grande do


Norte foram obtidos através do Atlas Online de Mortalidade por Câncer - INCA, para o
período entre os anos de 2005 e 201424. Foram considerados como câncer oral todos
aqueles compreendidos entre o C-00 e C010 (lábio, base da língua, outras partes da
língua, gengiva, assoalho da boca, palato, outras partes da boca, glândula parótida,
outras glândulas salivares maiores, amígdala e orofaringe), de acordo com a
Classificação Internacional de Doenças 10ª Revisão – CID-10.

Com o objetivo de otimizar a análise dos dados e evitar a produção de resultados


discrepantes, pelo fato de haver diferenças no quantitativo populacional dos municípios,
o valor utilizado foi o da taxa bruta e ajustada pela idade. Os dados referentes à
população e às condições socioeconômicas foram obtidos a partir do Censo
Demográfico de 2010, disponíveis no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil –
201320.
Para a avaliação das condições socioeconômicas foram utilizados o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), Índice de Gini e renda per capita. O IDH é o
13

indicador utilizado para avaliar a evolução de três aspectos básicos para o


desenvolvimento humano: renda, saúde e educação25. Seu valor pode variar entre 0 e 1,
sendo considerados os melhores valores aqueles próximos a 1. A classificação
estabelecida para o índice se divide em 5 categorias: muito baixo (0-0,499), baixo
(0,500-0,599), médio (0,600-0,699), alto (0,700-0,799) e muito alto (0,800 a 1)25.
Já o índice de Gini é utilizado como indicador da desigualdade social,
corresponde a um número presente no intervalo de 0 a 1, onde 0 corresponde à
completa igualdade de renda e 1 corresponde à completa desigualdade. Ou seja, quanto
mais altos os valores do índice de Gini maior a desigualdade na distribuição de renda26.
A renda per capita consiste no somatório de toda a renda de uma região dividida
igualmente pela população residente no período20.
A técnica do geoprocessamento de dados foi empregada na produção dos mapas
temáticos, a partir do Sistema de Informações Geográficas (SIG) TerraView 4.2.227. O
geoprocessamento no campo da saúde pública tem o intuito de analisar padrões
espaciais de eventos em saúde, exigindo uma visão interdisciplinar e intersetorial dos
pesquisadores quanto às condições de saúde observadas para um grupo pertencente ao
mesmo território28.
Todos os dados foram organizados em planilha do Excel e, posteriormente,
trabalhados no SIG TerraView-4.2.2 para obtenção e análise dos mapas temáticos. A
malha digital do estado é oriunda das bases cartográficas disponíveis no site do IBGE -
2015.
Na construção dos mapas foram utilizados 5 intervalos iguais para organização
dos valores, com a precisão de 2 casas decimais. A intensidade das cores representadas
é diretamente proporcional ao aumento dos valores, ou seja, quanto mais escura a
região, mais altos são os valores da variável estudada.
Para a análise da autocorrelação foram utilizados os índices de Moran Global e
Moran Local, com o intuito de analisar a presença de dependência espacial (formação
de aglomerados) e a relação com os municípios vizinhos, respectivamente. Os valores
referentes ao índice de Moran Global podem variar entre -1 e +1, valores positivos
demonstram a presença de dependência espacial e sua significância estatística deve ser
analisada, sendo considerados estatisticamente significativos valores de p seja iguais ou
menores que 0,05.
Já a análise do índice de Moran Local aponta para a relação existente entre o
polígono estudado (no caso, município) e os polígonos vizinhos. A classificação é feita
14

em quatro categorias: Alto-Alto, onde o município apresenta alta taxa em relação à


média e aos municípios vizinhos; Alto-Baixo, município possui alta taxa em relação à
média e baixa taxa em relação aos vizinhos; Baixo-Alto, município com baixa taxa em
relação à média e vizinhos apresentando altas taxas; e Baixo-Baixo, município e
vizinhos com baixa taxa em relação à média.
15

3. RESULTADOS

Entre os anos de 2005 e 2014, foram registrados nos municípios potiguares 814
mortes por neoplasias de boca e de orofaringe, resultando na taxa de 2,01 para cada
100.000 habitantes. Dentre esses óbitos, 537 (66%) ocorreram em indivíduos do sexo
masculino e 277 (34%) no sexo feminino, sendo as taxas brutas e ajustadas pela idade
iguais a 3,49 e 1,73 para homens e mulheres, respectivamente. Nesse período, o ano que
apresentou maiores valores foi 2014, com um total de 102 óbitos e taxa de 3,01.

Quanto à localização anatômica da lesão primária, as regiões mais acometidas


foram: outras partes da boca (33,9%), língua (23,3%) e orofaringe (23,2%). No que diz
respeito à faixa etária de maior incidência, há diferença entre homens e mulheres. No
sexo masculino a faixa etária com maior número de óbitos foi entre 50 e 59 anos
(26,7%), já no sexo feminino a maioria dos registros foram encontrados na faixa dos 80
anos ou mais (43,3%).

A distribuição das taxas de mortalidade por câncer bucal e orofaríngeo no mapa


do Rio Grande do Norte apresenta maior concentração em municípios mais distantes da
capital do estado (Figura 2), com Moran Global de 0,146. No mapa temático referente
ao IDH (Figura 3), grande parte dos municípios (97,6%) apresenta valores do índice
considerados baixo (0,500 a 0,599) ou médio (0,600 a 0,699). Já no que diz respeito à
desigualdade na distribuição de renda, o Índice de Gini (Figura 4) apresenta valores
altos para todo o estado. Na análise da autocorrelação global foram encontrados os
valores de 0,405 e 0,077 para o IDH e índice de Gini, respectivamente.

Na representação geográfica da distribuição da renda per capita (Figura 5) são


identificados valores próximos entre os municípios, a maioria deles (95,8%) abaixo de
R$ 485,00 por habitante. Apenas dois municípios do estado possuem valores superiores
a R$ 640,00, são eles: Mossoró e Parelhas.

A análise de clusters das taxas de mortalidade, apresentada nas figuras 6 e 7


mostra a presença de aglomerados alto-alto nas mesorregiões Oeste e Agreste do estado
e baixo-baixo entre as mesorregiões Central, Leste e Agreste. Enquanto nas demais
regiões, os testes se mostraram predominantemente insignificantes. A análise
exploratória para avaliação da correlação entre as taxas de mortalidade e os indicadores
socioeconômicos não apontou associação.
16

Figura 2. Distribuição espacial das taxas, brutas e ajustadas pela idade, de mortalidade
por câncer bucal e de orofaringe. Estado do Rio Grande do Norte, Brasil, 2005-2014.

Legenda

Moran= 0,146

p= 0,03

Figura 3. Distribuição espacial do Índice de Desenvolvimento Humano Estado do Rio


Grande do Norte, Brasil, 2010.

Legenda

Moran= 0,405

p= 0,01
17

Figura 4. Distribuição espacial do Índice de Gini. Estado do Rio Grande do Norte,


Brasil, 2010.

Legenda

Moran= 0,07

p= 0,1

Figura 5. Distribuição espacial da Renda per capita (em reais). Estado do Rio Grande do
Norte, Brasil, 2010.

Legenda

Moran= 0,04

p= 0,19
18

Figura 6. Distribuição espacial dos clusters das taxas mortalidade por câncer bucal e de
orofaringe sem LISA estatisticamente significativo (BoxMap). Estado do Rio Grande do
Norte, Brasil, 2005-2014.

Legenda

Figura 7: Distribuição espacial dos clusters das taxas mortalidade por câncer bucal e de
orofaringe com LISA estatisticamente significativo (MoranMap). Estado do Rio Grande
do Norte, Brasil, 2005-2014.

Legenda
19

4. DISCUSSÃO

A distribuição das taxas de mortalidade por câncer bucal e orofaríngeo nos


municípios do Rio Grande do Norte apresenta dependência espacial, porém a correlação
com indicadores socioeconômicos não foi observada.

Apesar da falta de correlação entre os indicadores socioeconômicos e as taxas de


mortalidade, não se pode afirmar a ausência de influência da desigualdade social na
incidência, mortalidade e impactos causados pelas neoplasias. O estado apresenta
indicadores de condições de vida com valores muito próximos e que, em sua grande
maioria, retratam grande desigualdade em todo território, como é o caso dos altos
valores do índice de Gini em todos os municípios. Tais características não permitem
maiores comparações em estudos ecológicos, visto que, trata-se de uma amostra com
poucas variações significativas quando analisadas as condições de vida dos agregados.

Já no município de São Paulo, onde o IDH e o índice de Gini variam


significativamente entre os bairros, Ferreira et al14. Constataram a partir do
geoprocessamento de dados que as taxas de incidência se apresentam mais altas nos
bairros com melhores condições socioeconômicas e as taxas de mortalidade são mais
elevadas nos bairros com condições mais desfavoráveis. Apontando para uma
associação direta entre mortalidade por câncer oral e piores condições socioeconômicas.
Por se tratarem de bairros, sendo a análise feita em maior escala que a utilizada no
presente estudo, a identificação de diferenças socioeconômicas pôde ser feita de
maneira mais efetiva14.

Ainda sobre a cidade de São Paulo, em estudo realizado com análise simultânea
de Barcelona, a mortalidade por câncer de boca e faringe e a relação com a desigualdade
social foi investigada para o período de 1995 a 2003. Os resultados encontrados
apontaram para a ocorrência de taxas mais baixas de mortalidade para áreas
socioeconomicamente mais favoráveis, e taxas mais altas para regiões desfavoráveis das
duas cidades15. Mostrando uma relação inversa entre boas condições socioeconômicas e
altas taxas de mortalidade por câncer de boca e faringe, mostrando divergência com os
resultados encontrados no presente estudo.

De maneira semelhante aos anteriores, o estudo realizado na cidade de Aracajú-


SE também obteve resultados contrários aos deste estudo. Através de dados oriundos do
20

Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e com a utilização de recursos para o


geoprocessamento, Santos et al. Encontraram associação entre as taxas de mortalidade
por neoplasias de boca e de faringe e condições socioeconômicas. A análise da
distribuição espacial mostrou que os bairros com maior incidência da doença foram
aqueles de baixa ou muito baixa condição de vida16.

Contraditoriamente aos nossos achados, também foi encontrada correlação entre


o câncer oral e as condições de vida no estudo realizado por Bhurgri em Karachi Sul-
Paquistão. Os dados foram obtidos através do registro de câncer da cidade e
compreenderam os anos de 1995 a 2002, os casos de neoplasia em glândula salivar não
foram incluídos no estudo. A autora observou a correlação entre as altas taxas de
incidência da doença, o perfil pobre da população e baixos níveis de alfabetização,
afirmando a influência de tais fatores no aparecimento de novos casos da doença17.

Em contraste às informações observadas e aos resultados desta pesquisa, o


estudo de Borges et al. Apontou para uma associação direta entre melhores valores para
os indicadores de condições de vida e altas taxas de mortalidade por câncer oral nas
capitais brasileiras. Os autores mostram que quanto melhores os índices de educação,
expectativa de vida e renda de um município, maior o índice de mortes por câncer oral.
A falta de padronização das taxas de acordo com a idade pode ser considerada uma
explicação para a informação gerada, visto que, os municípios com melhores
indicadores possuem também maior expectativa de vida e, portanto, a população está
mais exposta a doenças crônicas como o câncer29.

Uma possível explicação para a divergência entre os resultados é a diferença


entre as escalas geográficas trabalhadas. O conceito de espaço vem sendo trabalhado há
algum tempo e, apesar da multiplicidade de sentidos, sabe-se que não se trata apenas de
delimitações físicas, o espaço compreende um conjunto de objetos e sistemas de ações
que devem ser rigorosamente estudados para compreensão de fenômenos30, incluindo
aqueles que interferem na saúde e qualidade de vida das populações. Em virtude desta
complexidade, os estudos envolvendo agregados devem ser realizados em maiores
escalas, pois permitem maior precisão do perfil daquela população em comparação aos
que utilizam menores escalas.

Só para ilustrar, ao consultarmos a renda per capita no Brasil para o ano de 2010
encontraremos o valor de R$ 793,87, já para o estado do Rio Grande do Norte este
21

mesmo indicador tem o valor de R$ 545,42. A diferença já é significativa, mas ao


analisarmos os municípios do estado é possível observar divergência ainda mais
estarrecedora, como a cidade de João Câmara que apresentou a quantia de R$ 174,39
para cada habitante20. Ou seja, dentro de um mesmo território (país, por exemplo) são
encontradas inúmeras realidades distintas que influenciarão na composição do espaço
geográfico e, consequentemente, refletirão na qualidade de vida da população. Por isso,
estudos locais são instrumentos de fundamental importância para o planejamento de
ações na saúde e em outros setores.
Não só as condições de vida se apresentam com valores preocupantes no estado,
as taxas de mortalidade por câncer oral também têm ganhado destaque negativo quando
comparadas aos valores nacionais e regionais. Com a taxa bruta ajustada pela idade de
2,79, o Rio Grande do Norte encontra-se na oitava colocação entre as maiores taxas do
Brasil e é o segundo colocado na região Nordeste, no período do estudo (2005-2014).
Para o sexo feminino, a taxa (1,73) é a segunda maior do país, ficando atrás apenas do
estado da Paraíba (1,77)24.
O cenário nacional mostra uma falta de controle na progressão do número de
atingidos pela doença, a estimativa de incidência de novos casos de câncer de cavidade
bucal no Brasil passou de 10.890 para 14.120 casos, o que significa um acréscimo de
29%. Entre os homens, o aumento foi de 24%, alterando de 8.282 para 10.330 casos, e
para as mulheres foi de 41% passando de 2.680 para 3.790 novos casos por ano1.
As hipóteses para a dificuldade no enfrentamento da problemática do câncer
bucal no Brasil, assim como nos estados, vêm sendo discutidas há um tempo, porém não
têm sido apontadas melhorias através dos indicadores epidemiológicos alcançados ao
logo dos anos31. Os casos de neoplasias bucais, mesmo com a facilidade de visualização
e avaliação das localizações anatômicas, continuam sendo diagnosticados de forma
tardia, tornando o tratamento mais invasivo, com maiores custos (físicos, psicológicos e
financeiros), menor tempo de sobrevida e necessidade de maiores reabilitações32,33.
A demora pela procura do serviço por parte do usuário é um dos fatores
apontados como prejudicial para a melhoria da efetividade e eficácia no diagnóstico e
tratamento do câncer bucal. Santos et al.34 apontaram que dos pacientes diagnosticados
no estado de Alagoas com neoplasias na cavidade bucal 18,9% demoraram a procurar
um profissional por recusa da doença e do tratamento e 41,9% sabiam da lesão, mas só
buscaram o serviço por dor. Para superar este obstáculo, a aproximação com o usuário e
22

a realização de atividades de educação em saúde com enfoque na prevenção, formas de


apresentação da doença e diagnóstico precoce das lesões são necessárias.

Além disso, as práticas e conhecimentos dos profissionais da saúde bucal não


são considerados adequados, sendo estes fatores potencialmente envolvidos na
dificuldade de enfrentamento do câncer bucal. Vários estudos35,36,37 mostram a
deficiência do cirurgião-dentista no que diz respeito às lesões malignas da cavidade
oral. Baixo nível de conhecimento, falta de confiança para realização do exame e a
ausência da investigação (à procura de possíveis lesões) em suas práticas diárias são as
características encontradas através de entrevistas realizadas com os profissionais. Tais
informações apontam a existência de uma importante lacuna: a fragilidade da
capacitação dos cirurgiões-dentistas para o combate e diagnóstico do câncer bucal.

Impreterivelmente, para que o diagnóstico e o tratamento sejam realizados de


forma adequada e em tempo hábil é necessário que o acesso aos serviços se dê de forma
adequada. Porém, são enfrentadas dificuldades para o alcance da resolubilidade na
atenção à pessoa com câncer no território nacional, como a demora no acesso aos
serviços especializados e a falta de vagas ambulatoriais para o início e progresso do
tratamento38. Os obstáculos para o acesso à rede pública de saúde em um país como o
Brasil, onde os menos favorecidos socioeconomicamente dependem exclusivamente
destes serviços39., apontam para uma relação direta entre as altas taxas de mortalidade e
indicadores socioeconômicos desfavoráveis.

Na busca pela melhoria da qualidade de vida da população e diminuição das


disparidades sociais que tangem o setor saúde, é necessário ressaltar a importância do
fortalecimento do Sistema Único de Saúde, assim como, de seus programas e
estratégias. E para que o acesso aos serviços de saúde possa acontecer de acordo com
seus princípios doutrinários40 – de forma universal, integral e equitativa- faz-se
necessária a ampliação de recursos para expansão e consolidação das Redes de Atenção
à Saúde no SUS: melhorias estruturais, aquisição de novos equipamentos e
investimentos em atividades voltadas à educação permanente de seus profissionais.

Diante do exposto, pode-se afirmar que há uma gama de fatores potencialmente


envolvidos nas dificuldades enfrentadas para o combate ao câncer oral, alguns
envolvendo os usuários, outros com enfoque no profissional, e aqueles problemas
ligados aos serviços. Visando minimizar algumas lacunas existentes, algumas propostas,
23

a nível nacional, têm sido trabalhadas. Uma delas é a campanha “Julho Verde”
organizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço41, que durante
todo o mês de julho realiza atividades com usuários e profissionais com o objetivo de
propagar informações, alertar para a importância do diagnóstico precoce e fornecer
orientações sobre o tratamento dos cânceres que acometem cabeça e pescoço, dentre
eles os orais.

Além disso, em dezembro de 2015 foi sancionada a Lei número 13.230/201542


que determina a primeira semana de novembro como a Semana Nacional de Prevenção
do câncer bucal, tendo como um dos objetivos a promoção de ações de educação sobre a
prevenção e o diagnóstico da doença. Ações como essas são essenciais e devem ser
disseminadas por todo o território nacional, com o objetivo de fortalecer o combate ao
câncer oral e conscientizar os usuários e profissionais sobre a importância do
diagnóstico precoce. Concomitante a tais atividades, também é preciso expandir os
serviços e proporcionar um acesso adequado à população, para que aliando os diferentes
níveis de prevenção o progresso no combate a este problema seja alcançado.

.
24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar a saúde a partir das condições de vida da população é uma demanda


indispensável. A relação dos determinantes sociais no desenvolvimento do processo
saúde-doença já está bem estabelecida e repercute diretamente na qualidade de vida das
pessoas, sendo também os mais pobres aqueles mais atingidos pelos déficits da saúde
pública no Brasil. Por isso, esforços devem ser realizados para proporcionar condições
de vida adequadas e melhorias no acesso aos serviços de saúde.

Além das melhorias no setor, também são necessários avanços na educação,


segurança, assistência social, cultura e outros setores. Entender que o movimento da
Reforma Sanitária vai além da luta pela expansão e consolidação do acesso aos serviços
é um passo fundamental para diminuir disparidades e, consequentemente, melhorar a
saúde da população, de modo mais equitativo. Nessa perspectiva, sabendo dos
problemas sociais e de saúde pública que atingem o país, é inaceitável a ocorrência de
cortes nos recursos destinados aos setores considerados de base para o adequado
desenvolvimento humano, o que tem sido proposto para retomar o crescimento do país e
equilibrar os cofres públicos.

No intuito de auxiliar a gestão no que diz respeito às atividades de planejamento,


monitoramento e avaliação voltadas à temática, os resultados desta pesquisa serão
organizados no documento intitulado “Mapa da mortalidade por câncer oral no Rio
Grande do Norte 2005-2014” e entregues à Secretária Estadual de Saúde Pública do e ao
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde-RN.

Espera-se que os resultados desta pesquisa possam ser utilizados por gestores,
profissionais e autoridades no intuito de pensar estratégias efetivas para o enfrentamento
da doença. A utilização das informações como instrumento de controle social por parte
da população também é um ponto almejado, pois a partir da conscientização da
população sobre os problemas vivenciados e seus direitos garantidos por lei, as
organizações sociais terão mais embasamento para exigir melhorias às autoridades
responsáveis.
25

REFERÊNCIAS

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2017];.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-
2018/2015/Lei/L13230.htm
29

ANEXOS

ANEXO 1: NORMAS DA REVISTA CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA

Cadernos de Saúde Pública/Reports in Public Health (CSP) publica artigos originais


com elevado mérito científico, que contribuem com o estudo da saúde pública em geral
e disciplinas afins. Desde janeiro de 2016, a revista adota apenas a versão on-line, em
sistema de publicação continuada de artigos em periódicos indexados na base SciELO.
Recomendamos aos autores a leitura atenta das instruções antes de submeterem seus
artigos a CSP.

1. CSP ACEITA TRABALHOS PARA AS SEGUINTES SEÇÕES

1.1 – Perspectivas: análises de temas conjunturais, de interesse imediato, de importância


para a Saúde Coletiva (máximo de 2.200 palavras);

1.2 – Debate: análise de temas relevantes do campo da Saúde Coletiva, que é


acompanhado por comentários críticos assinados por autores a convite das Editoras,
seguida de resposta do autor do artigo principal (máximo de 6.000 palavras e 5
ilustrações);

1.3 – Espaço Temático: seção destinada à publicação de 3 a 4 artigos versando sobre


tema comum, relevante para a Saúde Coletiva. Os interessados em submeter trabalhos
para essa Seção devem consultar as Editoras;

1.4 – Revisão: revisão crítica da literatura sobre temas pertinentes à Saúde Coletiva,
máximo de 8.000 palavras e 5 ilustrações. Toda revisão sistemática deverá ter seu
protocolo publicado ou registrado em uma base de registro de revisões sistemáticas
como por exemplo o PROSPERO (http://www.crd.york.ac.uk/prospero/); as revisões
sistemáticas deverão ser submetidas em inglês;

1.5 – Ensaio: texto original que desenvolve um argumento sobre temática bem
delimitada, podendo ter até 8.000 palavras;

1.6 – Questões Metodológicas: artigos cujo foco é a discussão, comparação ou avaliação


de aspectos metodológicos importantes para o campo, seja na área de desenho de
estudos, análise de dados ou métodos qualitativos (máximo de 6.000 palavras e 5
ilustrações); artigos sobre instrumentos de aferição epidemiológicos devem ser
30

submetidos para esta Seção, obedecendo preferencialmente as regras de Comunicação


Breve (máximo de 1.700 palavras e 3 ilustrações);

1.7 – Artigo: resultado de pesquisa de natureza empírica (máximo de 6.000 palavras e 5


ilustrações). Dentro dos diversos tipos de estudos empíricos, apresentamos dois
exemplos: artigo de pesquisa etiológica na epidemiologia e artigo
utilizando metodologia qualitativa;

1.8 – Comunicação Breve: relatando resultados preliminares de pesquisa, ou ainda


resultados de estudos originais que possam ser apresentados de forma sucinta (máximo
de 1.700 palavras e 3 ilustrações);

1.9 – Cartas: crítica a artigo publicado em fascículo anterior de CSP (máximo de 700
palavras);

1.10 – Resenhas: resenha crítica de livro relacionado ao campo temático de CSP,


publicado nos últimos dois anos (máximo de 1.200 palavras).

2. NORMAS PARA ENVIO DE ARTIGOS

2.1 – CSP publica somente artigos inéditos e originais, e que não estejam em avaliação
em nenhum outro periódico simultaneamente. Os autores devem declarar essas
condições no processo de submissão. Caso seja identificada a publicação ou submissão
simultânea em outro periódico o artigo será desconsiderado. A submissão simultânea de
um artigo científico a mais de um periódico constitui grave falta de ética do autor.

2.2 – Não há taxas para submissão e avaliação de artigos.


2.3 – Serão aceitas contribuições em Português, Inglês ou Espanhol.
2.4 – Notas de rodapé, de fim de página e anexos não serão aceitos.
2.5 – A contagem de palavras inclui somente o corpo do texto e as referências
bibliográficas, conforme item 12.13.
2.6 – Todos os autores dos artigos aceitos para publicação serão automaticamente
inseridos no banco de consultores de CSP, se comprometendo, portanto, a ficar à
disposição para avaliarem artigos submetidos nos temas referentes ao artigo publicado.

3. PUBLICAÇÃO DE ENSAIOS CLÍNICOS

3.1 – Artigos que apresentem resultados parciais ou integrais de ensaios clínicos devem
obrigatoriamente ser acompanhados do número e entidade de registro do ensaio clínico.
31

3.2 – Essa exigência está de acordo com a recomendação do Centro Latino-Americano e


do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME)/Organização Pan-
Americana da Saúde (OPAS)/Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o Registro
de Ensaios Clínicos a serem publicados a partir de orientações da OMS, do International
Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) e do Workshop ICTPR.
3.3 – As entidades que registram ensaios clínicos segundo os critérios do ICMJE são:
• Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ANZCTR)
• ClinicalTrials.gov
• International Standard Randomised Controlled Trial Number (ISRCTN)
• Nederlands Trial Register (NTR)
• UMIN Clinical Trials Registry (UMIN-CTR)
• WHO International Clinical Trials Registry Platform (ICTRP)

4. FONTES DE FINANCIAMENTO

4.1 – Os autores devem declarar todas as fontes de financiamento ou suporte,


institucional ou privado, para a realização do estudo.

4.2 – Fornecedores de materiais ou equipamentos, gratuitos ou com descontos, também


devem ser descritos como fontes de financiamento, incluindo a origem (cidade, estado e
país).
4.3 – No caso de estudos realizados sem recursos financeiros institucionais e/ou
privados, os autores devem declarar que a pesquisa não recebeu financiamento para a
sua realização.

5. CONFLITO DE INTERESSES

5.1 – Os autores devem informar qualquer potencial conflito de interesse, incluindo


interesses políticos e/ou financeiros associados a patentes ou propriedade, provisão de
materiais e/ou insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos fabricantes.

6. COLABORADORES

6.1 – Devem ser especificadas quais foram as contribuições individuais de cada autor na
elaboração do artigo.
32

6.2 – Lembramos que os critérios de autoria devem basear-se nas deliberações


do ICMJE, que determina o seguinte: o reconhecimento da autoria deve estar baseado
em contribuição substancial relacionada aos seguintes aspectos: 1. Concepção e projeto
ou análise e interpretação dos dados; 2. Redação do artigo ou revisão crítica relevante
do conteúdo intelectual; 3. Aprovação final da versão a ser publicada; 4. Ser
responsável por todos os aspectos do trabalho na garantia da exatidão e integridade de
qualquer parte da obra. Essas quatro condições devem ser integralmente atendidas.
6.3 – Os autores mantém o direito autoral da obra, concedendo à publicação Cadernos
de Saúde Pública, o direito de primeira publicação.

7. AGRADECIMENTOS

7.1 – Possíveis menções em agradecimentos incluem instituições que de alguma forma


possibilitaram a realização da pesquisa e/ou pessoas que colaboraram com o estudo,
mas que não preencheram os critérios para serem coautores.

8. REFERÊNCIAS

8.1 – As referências devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a ordem
em que forem sendo citadas no texto. Devem ser identificadas por números arábicos
sobrescritos (p. ex.: Silva 1). As referências citadas somente em tabelas e figuras devem
ser numeradas a partir do número da última referência citada no texto. As referências
citadas deverão ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica, seguindo as normas
gerais dos (Requisitos Uniformes para Manuscritos Apresentados a Periódicos
Biomédicos). Não serão aceitas as referências em nota de rodapé ou fim de página.

8.2 – Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A


veracidade das informações contidas na lista de referências é de responsabilidade do(s)
autor(es).
8.3 – No caso de usar algum software de gerenciamento de referências bibliográficas (p.
ex.: EndNote), o(s) autor(es) deverá(ão) converter as referências para texto.

9. NOMENCLATURA

9.1 – Devem ser observadas as regras de nomenclatura zoológica e botânica, assim


como abreviaturas e convenções adotadas em disciplinas especializadas.
33

10. ÉTICA EM PESQUISAS ENVOLVENDO SERES HUMANOS

10.1 – A publicação de artigos que trazem resultados de pesquisas envolvendo seres


humanos está condicionada ao cumprimento dos princípios éticos contidos
na Declaração de Helsinki (1964, reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996, 2000 e
2008), da Associação Médica Mundial.

10.2 – Além disso, deve ser observado o atendimento a legislações específicas (quando
houver) do país no qual a pesquisa foi realizada.
10.3 – Artigos que apresentem resultados de pesquisas envolvendo seres humanos
deverão conter uma clara afirmação deste cumprimento (tal afirmação deverá constituir
o último parágrafo da seção Métodos do artigo).
10.4 – Após a aceitação do trabalho para publicação, todos os autores deverão assinar
um formulário, a ser fornecido pela Secretaria Editorial de CSP, indicando o
cumprimento integral de princípios éticos e legislações específicas.
10.5 – O Conselho Editorial de CSP se reserva o direito de solicitar informações
adicionais sobre os procedimentos éticos executados na pesquisa.

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