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No entanto, para Portugal e para a FNLA, a data é 15 de Março do mesmo ano, data do
massacre das forças de Holden Roberto, a UPA, na região Norte de Angola. A guerra
prolongar-se-ia por mais 13 anos, terminando com um cessar-fogo em Junho (com a
UNITA) e Outubro (com a FNLA e o MPLA) de 1974. A independência de Angola foi
estabelecida a 15 de Janeiro de 1975, com a assinatura do Acordo do Alvor entre os quatro
intervenientes no conflito: Governo português, FNLA, MPLA e UNITA. A
independência e a passagem de soberania ficou marcada para o dia 11 de Novembro desse
ano.
1.António Agostinho Neto
Foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), a polícia política do
regime Salazarista então vigente em Portugal, e deportado para o Tarrafal, uma prisão
política em Cabo Verde, sendo-lhe depois fixada residência em Portugal, de onde fugiu
para o exílio. Aí assumiu a direcção do Movimento Popular de Libertação de Angola
(MPLA), do qual já era presidente honorário desde 1962. Em paralelo, desenvolveu uma
actividade literária, escrevendo nomeadamente poemas.
Em 1948 ganha uma bolsa de estudos pelos metodistas americanos, transferindo sua
matrícula para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, continuando sua
atividade no seio da CEI. Em 1948 foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do
Estado (PIDE), em Lisboa, quando recolhia assinaturas para a Conferência Mundial da
Paz ficando encarcerado durante três meses.
Ao ser solto, Agostinho Neto, em parceria com Amílcar Cabral, Mário de Andrade,
Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro fundam, clandestinamente o Centro de
Estudos Africanos (a instituição viria a ser fechada pela PIDE em 1951). Em 1951 é eleito
representante da Juventude das Colônias Portuguesas (JCP) junto ao Movimento de
Unidade Democrática - Juvenil (MUD-J), grupo fortemente ligado ao Partido Comunista
Português (PCP).
As atividades no JCP rendem-lhe uma nova prisão pela PIDE, em Lisboa, em 1951. Em
1955 Foi novamente preso por suas atividades políticas no JCP e no MUD-J em 1955,
sendo condenado a 18 meses de encarceramento. Esta última mobilizou muitos
intelectuais em seu apoio, que fizeram uma petição internacional a pedir a sua libertação,
entre eles Simone de Beauvoir, François Mauriac, Jean-Paul Sartre e o poeta cubano
Nicolás Guillén.
Luta anticolonial
Em 1959 integra-se ao Movimento Anticolonial (MAC), embora que desde que liberto,
em 1957, já tomava parte de suas atividades sem filiação formal, para evitar ser
novamente preso. Em 22 de dezembro de 1959, juntamente com a família, ruma para
Luanda, onde abre um consultório médico, passando a organizar as atividades políticas
do MPLA, ainda pouco efetivo. Assume a liderança do movimento neste mesmo ano.
É levado para a cadeia do Algarve em Portugal, sendo pouco depois deportado para o
arquipélago de Cabo Verde, ficando instalado na prisão de Ponta do Sol, ilha de Santo
Antão; finalmente é transferido para o Campo do Tarrafal, onde fica até outubro de 1962.
É na prisão que escreve alguns de seus principais poemas, Mal havia sido solto é posto
novamente em prisão, sendo transferido para as prisões do Aljube, em Lisboa. A forte
repercussão internacional por sua prisão leva vários periódicos e intelectuais a fazer
campanha contra Portugal, escancarando a Guerra Colonial Portuguesa, que havia
iniciado, em Angola, em 4 de fevereiro de 1961. É liberto da prisão em março de 1963.
Ao ser liberto, permanece em Lisboa até junho de 1963, quando foge de Portugal com
sua família, instalando-se em Quinxassa, onde o MPLA tinha a sua sede no exílio,
reassumindo as funções de presidente efetivo do MPLA durante a Conferência Nacional
do Movimento (por conta da prisão, era presidente honorário desde 1961). No mesmo ano
ruma, com a sede do MPLA, para Brazavile em consequência da sua expulsão do Zaire
que passou a dar o apoio total á Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).
Entretanto sua figura jamais foi unanimidade dentro do movimento anticolonial. As fortes
divergências que teve com Viriato da Cruz, em 1963, levaram Neto a torturá-lo e humilhá-
lo diariamente numa prisão, somente saindo (quase morto), por intervenção de aliados
externos da Argélia e China. Outra figura que o questionou fortemente foi Matias
Miguéis, sendo que este acabou morto após humilhantes torturas ordenadas por Neto, em
1965; foi enterrado vivo somente com a cabeça para fora, onde lhe jogavam secreções ao
mesmo tempo em que recebia golpes. Historiadores, como William Tonet, apontam que
nem mesmo os portugueses cometeram tais atrocidades.
Presidência de Angola
Assume o comando militar da FAPLA na Guerra Civil, angariando apoio de Cuba, que
envia um grande contingente militar, apoio de pessoal médico e professores. Consegue
expulsar, em 1976, o exército da África do Sul.
Durante este período, houve graves conflitos internos no MPLA que puseram em causa a
liderança de Agostinho Neto. Entre estes, o mais grave consistiu no surgimento, no início
dos anos 1970, de duas tendências opostas à direção do movimento, a "Revolta Ativa"
constituída no essencial por elementos intelectuais, e a "Revolta do Leste", formada pelas
forças de guerrilha localizadas no Leste de Angola; estas divisões foram superadas num
intrincado processo de discussão e negociação que terminou com a reafirmação da
autoridade de Agostinho Neto. Já depois da independência, em 1977, houve um
levantamento, visando a sua liderança e a linha ideológica por ele defendida; este
movimento, oficialmente designado como Fraccionismo, foi reprimido de forma
sangrenta, por suas ordens, embora Neto só tenha ratificado a sentença de morte de Nito
Alves.
De acordo com seus filhos, Agostinho Neto nunca lhes atribuiu negócios ou privilégios
de qualquer espécie durante a sua presidência, sua família nunca teve acesso a fundos
públicos. Antes de sua morte, em 1979, o MPLA já havia se consolidado em Angola,
fazendo reduzir a FNLA alguns poucos guerrilheiros, basicamente em território do Zaire,
e a UNITA pouco efetiva, dependente do auxílio militar do regime de apartheid sul-
africano mas a guerra civil continuou até 2002.
Era filho de Garcia Diasiwa Roberto e Joana Lala Nekaka. Apesar de nascido em São
Salvador do Congo (atual Mabanza Congo) em Angola, foi com a família para
Leopoldville (atual Kinshasa, República Democrática do Congo) com apenas 2 anos,
onde regressou apenas em 1951. Em 1940 conclui o liceu numa escola de uma missão
Baptista, tornando-se funcionário do ministério das finanças da Bélgica em Stanleyville
(atual Kisangani, República Democrática do Congo), cargo que manteve por 8 anos.
Em 1962 criou a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), da qual se tornou
presidente. Seria esta organização que viria a constituir o Governo Revolucionário de
Angola no Exílio (GRAE), em que Jonas Savimbi surge como ministro dos Negócios
Estrangeiros.
Dadas as suas ligações aos Estados Unidos, de onde recebia informações, instruções
tácticas, financiamento, bem como apoio logístico para o seu movimento terrorista, não
conseguiu conciliar, numa frente única, o MPLA, nem a UNITA, organizações de
inspiração comunista e maoísta (respetivamente) e, no primeiro caso, fortemente
influenciado por mestiços e brancos.
Por representar uma linha ideológica diferente e ter o apoio dos EUA, veio a sofrer várias
represálias políticas e mesmo militares por parte do MPLA, chegando a haver confrontos
militares nas bases do Congo.
Holden Roberto assumiu a Joaquim Furtado, no programa "A Guerra" como representante
da UPA as explosões de violência do 15 de Março que levaram ao inicio da guerra de
libertação angolana. No entanto, e contrariamente a certas acusações de "genocidio" por
parte de setores salazaristas da sociedade portuguesa, Holden Roberto considerou o nível
de violência elevado dos acontecimentos de Março 1961 como uma reacção do povo
angolano contra a violência colonial que a precedeu.
Tais declarações podem ser interpretadas como uma forma de desconforto perante actos
de barbaridade (aos quais as milícias portuguesas no norte responderam com uma
barbaridade equivalente[1]) sobre os quais não teve controlo sendo na altura representante
da UPA nos EUA e não ainda seu presidente. Nas primeiras eleições livres de Angola,
realizadas em 1991, Holden Roberto, que até então não pudera viver em Angola, foi
candidato à Presidência da República obtendo apenas 2,1% dos votos validamente
expressos
Durante a luta pela independência e a guerra civil teve, em diferentes fases, o apoio dos
governos dos Estados Unidos da América, da República Popular da China, do regime do
Apartheid da África do Sul, de Israel, de vários líderes Africanos (Félix Houphouët-
Boigny da Costa do Marfim, Mobutu Sese Seko do Zaire, do rei Hassan II de Marrocos e
Kenneth Kaunda da Zâmbia) e mercenários de Portugal, Israel, África do Sul e França,
Savimbi passou grande parte de sua vida a lutar primeiro contra a ocupação colonial
portuguesa e, depois da independência de Angola, contra o governo Angolano que era
apoiado, em termos militares e outros, pela então União Soviética e Cuba.
Nascimento e estudos
Jonas Savimbi passou a sua juventude em Chilesso, onde frequentou o ensino primário e
parte do ensino secundário em escolas da IECA. Como naquele tempo os diplomas das
escolas protestantes não eram reconhecidos, repetiu a parte secundária no Huambo, numa
escola católica mantida pela ordem dos Maristas. A seguir ganhou uma bolsa de estudos
providenciada pela IECA nos Estados Unidos da América para concluir o ensino
secundário e estudar medicina em Portugal.
Perante a ameaça de uma repressão por parte da PIDE, a polícia política do regime, Jonas
Savimbi refugiou-se na Suíça, valendo-se de contactos obtidos por intermédio da IECA
que, inclusive, lhe conseguiu uma segunda bolsa. Como a Suíça reconheceu os seus
estudos secundários como completos, iniciou os estudos em ciências sociais e políticas,
em Lausana e Genebra, obtendo provavelmente um diploma nestas matérias. Savimbi
aproveitou a sua estadia na Suíça para aperfeiçoar o seu domínio do inglês e do francês,
línguas que chegou a falar fluentemente.
Trajetória política
Numa fase inicial, as forças da FNLA e da UNITA, apoiadas principalmente pelo Zaire e
pela África do Sul, obtiveram uma clara vantagem sobre o MPLA que teve apenas um
certo apoio da parte de militares portugueses "reconvertidos". A situação mudou
radicalmente quando Cuba decidiu intervir militarmente a favor do MPLA, com o suporte
logístico da União Soviética. Na data marcada para a independência, a 11 de novembro
de 1975, o MPLA dominava a capital e a parte setentrional de Angola, declarou a
independência em Luanda sendo imediatamente reconhecido a nível internacional.
Face a esta constelação, Jonas Savimbi fez uma aliança com a FNLA; juntos, os dois
movimentos declararam, na mesma data, a independência de Angola no Huambo e
formaram um governo alternativo com sede nesta cidade. Porém, as forças conjuntas do
MPLA e de Cuba conquistaram rapidamente a parte maior da metade austral de Angola.
O governo FNLA/UNITA, que não havia sido reconhecido por nenhum país, dissolveu-
se rapidamente. A FNLA retirou-se por completo do território angolano e desistiu de
qualquer oposição armada contra o MPLA. Em contrapartida, Jonas Savimbi decidiu não
abandonar a luta e, a partir de bases no Leste e Sudeste de Angola, começou de imediato
uma guerra de guerrilha contra do governo do MPLA - desencadeando assim uma guerra
civil que só terminaria com a sua morte.
Após o fim do conflito entre Portugal e as três forças de libertação angolanas, concluo
que com um governo de transição formado pelos três movimentos e com representação
portuguesa, o sentimento de paz aproximou as populações dos centros urbanos. No
entanto, pouco tempo depois, têm início combates entre os três nacionalistas e seus
movimentos, nomeadamente entre o MPLA, FNLA e a UNITA com vista ao controlo das
diferentes regiões de Angola. Os principais países aliados das forças independentistas,
União Soviética, Cuba, EUA e China, encararam o Acordo do Alvor como apenas mais
um efémero acordo e, na prática, o Governo de Transição pouca acção teve nos meses
que se seguiram à assinatura do Acordo: se, por um lado, os três movimentos angolanos
não se entenderam, por outro lado, o clima político em Portugal era de revolta, desta vez
por parte da ala direita, que tentou um golpe militar, falhado, liderado pelo general
Spínola, a 11 de Março. Esta instabilidade política em Portugal, o Verão Quente, levou a
uma menor atenção para Angola, ao mesmo tempo em que as tropas se recusavam a lutar
naquele país.