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Integrantes:

Ingrid Meirelles de Souza 11201811915

Kethelyn Santos 11201812379

Milena Sedrim Adriano 11201810089

Dados bibliográficos:

CHANG, Ha-Joon. “Políticas de desenvolvimento econômico: perspectiva histórica


das políticas industrial, comercial e tecnológica”. In: Chutando a Escada: A
estratégia do desenvolvimento em perspectiva histórica. São Paulo: Fundação
Editora da UNESP (FEU), 2003. cap. 2, p. 29 - 121.

Tema:

Ha-Joon Chang apresenta o histórico das políticas de indústria, comércio e


tecnologia usadas pelos países atualmente desenvolvidos (PADs) em seus estágios de
evolução. Ele desafia a narrativa neoliberal da história econômica, que afirma que os
Estados dessa categoria só foram capazes de prosperar após se tornarem adeptos ao
laissez faire. O sul-coreano afirma que, em verdade, houve apenas um breve período
em que o mundo desfrutou de um regime comercial amplamente liberal, que esteve
associado principalmente a política imperial britânica. Contudo, historicamente, o
protecionismo tem sido a norma e todo o sucesso dos PADs se deve a alguma política
intervencionista.

No segundo capítulo de “Chutando a Escada: A estratégia do desenvolvimento em


perspectiva histórica.”, são fornecidos exemplos para revelar que nações como Grã-
Bretanha, Estados Unidos da América (EUA), Alemanha, França, Suécia, Bélgica,
Holanda, Suíça e Japão usaram de tarifas, proteção da indústria nascente, investimento
público-privado, financiamento subsidiado, caça furtiva de trabalhadores qualificados,
roubo de patente etc. nas estratégias de catching up, ao longo de anos.

Conteúdo:
“[...] virtualmente todos os PADs usaram ativamente políticas industrial, comercial e
tecnológica (ICT) intervencionistas para promover a indústria nascente durante o
período de catch-up.” (CHANG, 2003, p. 35)

“[...] examino as experiências de um grupo de PADs [...] e avalio o tipo de política


industrial, comercial e tecnológica (ICT) implementado quando eram países em
desenvolvimento. Demonstro que a maioria deles aplicou políticas quase opostas ao
que a ortodoxia atual diz que eles aplicaram ‘e recomenda aos atuais países em
desenvolvimento’.” (CHANG, 2003, p. 38)

Há-Joon Chang considera que as ICTs diferenciam os países bem-sucedidos. Na


sequência, o autor analisa separadamente os principais países desenvolvidos, a começar
pelos ocidentais mais notáveis: Grã-Bretanha, Estados Unidos e Alemanha.

“É importante notar que a supremacia tecnológica britânica, que viabilizou essa


guinada para o regime de livre-comércio, foi conquistada sob a égide de elevadas e
duradouras barreiras tarifárias. É igualmente importante observar que a generalizada
liberalização da economia britânica, ocorrida na metade do século XIX, e da qual a
liberalização do comércio não era mais do que uma parte, foi altamente controlada e
supervisionada pelo Estado, não resultou de uma atitude laissez-faire.” (CHANG,
2003, p. 47)

“[...] o ‘sistema americano’, que consistia na proteção à indústria nascente (‘proteção


às indústrias nacionais’) e no investimento em infra- estrutura (‘aperfeiçoamento
interno’).” (CHANG, 2003, p. 55)

“Por importante que tenha sido, a proteção tarifária não foi a única política de que o
governo americano lançou mão para promover o desenvolvimento da economia na
fase de catch-up.” (CHANG, 2003, p. 60)

Segundo ele, na Inglaterra e nos EUA, a principal forma de participação e contribuição


do Estado para o adiantamento foi a proteção tarifária. No país norte-americano, no
entanto, essa não foi a única forma de intervenção utilizada pelo governo, já que
também houve forte investimento em infra-estrutura, P&D e educação. A Alemanha se
preocupou em financiar os mesmos setores, além de copiar tecnologias estrangeiras,
por espionagem.

“[...] a proteção tarifária teve, no desenvolvimento econômico alemão, um papel bem


menos importante do que no britânico ou no norte-americano.” (CHANG, 2003, p.
64)

“[...] conseguiu introduzir tecnologias avançadas dos países mais desenvolvidos,


especialmente da Grã-Bretanha (onde obteve a tecnologia da siderurgia, o forno a
coque e o motor a vapor), mediante uma combinação da espionagem industrial
patrocinada pelo Estado com a cooptação de operários especializados.” (CHANG,
2003, p. 66)

“Um exemplo importante é o financiamento estatal das rodovias no Ruhr (Milward &
Saul, 1979, p.417). Outro não me-nos representativo é a reforma educacional, que
envolveu não só a construção de novas escolas e universidades, mas também a
reorientação da instrução teológica rumo à ciência e à tecnologia – isso numa época
em que ciência e tecnologia não eram minis-tradas nem em Oxford nem em
Cambridge.” (CHANG, 2003, p. 67)

A França e a Suécia também aparecem como itens da segmentação 2.2 do livro. No


Estado de Napoleão, após sua queda, estabeleceu-se firmemente o regime de política
laissez-faire. Somente com Napoleão III, o Estado voltou a incentivar “[...] ativamente
o desenvolvimento infraestrutural e criou diversas instituições de pesquisa e ensino”
(CHANG, 2003, p. 72). Esse imperador “também contribuiu para a modernização do
setor financeiro do país, concedendo responsabilidade limitada, investindo e
supervisionando instituições financeiras modernas e de ampla escala [...]” (CHANG,
2003, p. 72). Já a nação escandinava, diferente de todos as outras mencionadas, teve o
upgrade baseado “na combinação da barganha salarial solidária com a política de
mercado de trabalho ativo”. (CHANG, 2003, p. 79)

Os casos Bélgica, Holanda e Suiça são exceções, de acordo a obra. Isso porque, trata-
se de países que atingiram a fronteira do desenvolvimento tecnológico mais cedo, e
que, portanto, não necessitaram de grandes proteções.

Após a Revolução Meiji, no Japão, entra em vigor um regime modernizador, que torna
o papel do Estado crucial no desenvolvimento do país. Contudo, a proteção tarifária
nunca foi a principal estratégia utilizada na política econômica japonesa. Quando
representativa, foi restrita às indústrias chave, e não de todos os segmentos, como no
caso de Estados Unidos. O enfoque esteve em criação de fábricas estatais em diferentes
segmentos industriais e no militar, promoção subsídios a setores privados da economia,
investimento no segmento de infraestrutura e facilitação de transferência de tecnologias
e instituições de nações mais avançadas. Esse procedimento engrandeceu ao Japão e
outras partes do Oriente.

“O Estado Meiji tratou de importar e adaptar as instituições dos países mais


avançados que lhe pareciam necessárias ao de-senvolvimento industrial. Não é fácil
identificar o “modelo” es­trangeiro específico que inspirou cada uma das diversas
instituições japonesas da época, mas o fato é que o que surgiu inicialmente foi uma
verdadeira colcha de retalhos institucional.84A legislação penal teve a influência do
direito francês, ao passo que grande parte da comercial e da civil era alemã com
alguns elementos britânicos. Montou-se o Exército nos moldes alemães (com certa
influência francesa); e a Marinha, nos britânicos. O banco central foi plasmado a
partir do belga, e o sistema bancário em geral baseou-se no norte-americano. As
universidades eram norte-americanas, as escolas também, no começo, mas não
tardaram a adotar os modelos francês e alemão, e assim por diante.” (CHANG, 2003,
p. 89)

Comentários/Conclusão:
Na divisão do livro indicada, encontra-se uma crítica aos discursos dos países
atualmente desenvolvidos (PADs), que escondem os episódios decisivos de
intervenção estatal e protecionismo e preferem sustentar, como recomendação aos que
ainda estão crescendo, fundamentos liberais – possivelmente, para evitar a
concorrência e manter as relações de superioridade e subordinação. O capítulo suscita
um debate político econômico adequado a contemporaneidade, com abundância de
dados históricos, interessantes e pouco anunciados, sobre as nações de referência
global.

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