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UEB MONTEIRO LOBATO

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Ensino Fundamental II /2021 – Profa. Luciana Tinoco / 7º Ano
Disciplina de Filosofia – Aula 2 (3º Bimestre) – 11/08/2021

UNIDADE III: OS ESTOICOS, OS CÉTICOS E A VIDA VIRTUOSA

Tocando em frente

“Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha TEIXEIRA, Renato; SATER, Almir. Tocando em frente.
E ir tocando em frente In: TEIXEIRA, Renato. Renato Teixeira & Pena Branca e
Xavantinho. Rio de Janeiro: Kuarup Discos, 1991.
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou Estrada eu sou [...]”
A tranquilidade diante do destino

Pênalti! É o último minuto da partida final do campeonato do colégio.

Você foi o(a) escolhido(a) para a cobrança. Se fizer o gol, seu time será

campeão. A situação é decisiva, pois o empate favorecerá o time

adversário, que tem maior saldo de gols. Então, caso você erre o chute,

a sua equipe não receberá o título de campeã.

Imagine a cena: você está caminhando em direção à marca do pênalti.

O ginásio está lotado. A torcida permanece atenta, esperando sua

cobrança. Você ajeita a bola na posição correta. Dá alguns passos para

trás. Espera a autorização do árbitro. Corre para a bola, chuta e...

Um momento... antes de sabermos se você se deu bem ou não, vamos

refletir sobre algumas coisas. Se a situação da cobrança do pênalti fosse

verdadeira, como você reagiria? Possivelmente, sentiria um frio na

barriga ou suas pernas tremeriam, por causa do medo de fracassar.

Poderia acontecer também de, aflito(a), você bater o pênalti rapidamente

para acabar com essa situação angustiante. Com certeza seu nervosismo

interferiria no desempenho. Quanto menos você se perturbasse, maior

seria a probabilidade de fazer um gol. Nesses momentos, a tranquilidade

e o equilíbrio emocional são muito importantes.


Os filósofos estoicos pensavam que a tranquilidade interior era

importante não só em um ou outro momento, mas durante toda a vida. O

ser humano deveria ser tranquilo diante de seu destino. Sábio seria

aquele que guiasse sua vida sem se perturbar com os problemas

externos. Um indivíduo como esse encontraria paz e felicidade dentro de

si mesmo. Entre os altos e baixos da vida, como diz a canção da abertura

deste capítulo, o ser humano deve “ir tocando em frente”. Vamos ver

como isso é possível para esses filósofos.

Mas agora relaxe, pense que você fez o gol. Pode correr para a galera

e comemorar com o time. Quando nos encontrarmos, pedirei um

autógrafo.

A razão universal e o destino humano

A escola estoica foi fundada em Atenas no fim do século IV a.C., por

Zenão de Cítio, alguns anos depois do Jardim de Epicuro. O nome da

escola é uma referência à palavra grega stoá, que significa pórtico. Isso

porque Zenão, por não ser cidadão ateniense, não podia adquirir nenhum

prédio, então ele expunha suas ideias embaixo de um pórtico, onde os

estoicos se reuniam.
As ideias dos estoicos sobre o universo eram bem parecidas com as

do pré-socrático Heráclito. Para eles, uma razão divina (um lógos ou

Deus) seria o princípio de tudo o que existe e estaria presente em todas

as coisas. Seguindo esse pensamento, nada seria por acaso. A exist ência

e os acontecimentos fariam parte dessa ordem divina e racional. Cada

coisa existente estaria em harmonia com a totalidade do universo ou da

razão, que criou tudo. Quer dizer, tudo deveria ser exatamente como é,

porque o universo é perfeito. Assim, cada fato, isoladamente, poderia ser

considerado bom ou ruim: a erupção de um vulcão, o nascimento do Sol,

a guerra ou a paz, a morte ou o nascimento de uma pessoa. Mas todos

eles fariam parte da totalidade perfeita da inteligência divina.

O ser humano deveria perceber que seu destino é uma parte da

perfeição de Deus. Em vez de se lamentar, o melhor seria compreender

que seu caminho é desse modo por natureza, como diz a música de Almir

Sater e Renato Teixeira: “Compreender a marcha / E ir tocando em

frente”. Os homens deveriam colocar a razão particular

(o lógos individual) em sintonia com a razão universal (o logos universal).

Os estoicos defendiam que o destino de cada indivíduo sempre se

cumpriria como Deus determinou; não adiantaria, portanto, colocar -se

contra o destino, afinal, nada seria mudado. Por exemplo, se

pensássemos como os estoicos, poderíamos dizer que o gol de pênalti

feito por você já estava determinado pelo logos universal.

A tranquilidade da alma e o desprezo pela emoção

Desde a fundação da escola estoica, seus membros foram contra a

afirmação de Epicuro que dizia ser o prazer o começo e o término da


felicidade. Para eles, qualquer coisa que perturbasse ou fizesse perder a

razão seria prejudicial ao ser humano. Por isso, condenavam as emoções

e o prazer, principalmente as emoções violentas.

Imagine que algo de muito bom vai acontecer com você. Por exemplo,

suponha que hoje é seu aniversário e que haverá uma festa bem animada

em sua casa. Você está ansioso, à espera da comemoração. Nessa

situação de entusiasmo e ansiedade, é difícil se concentrar em outra

coisa, não é? É difícil pensar racionalmente.

Para os estoicos, o ser humano dominado pelas emoções ou pelos

prazeres não respeita sua natureza racional. Ele se torna um ser inquieto,

perturbado, sem equilíbrio para utilizar a razão e, portanto, infeliz. Para

existir felicidade, segundo os estoicos, é preciso paz interior, pois o bem -

estar se encontra dentro de cada pessoa, e não nos prazeres do corpo

ou da sociedade.

Se o ser humano vive de acordo com a sua natureza, ele tem uma

vida virtuosa e pratica o bem verdadeiro. Para os estoicos, quem faz isso,

quem age de acordo com a sua natureza, age sempre racionalmente.

Esse indivíduo domina as emoções em qualquer circunstância, além de

ter paz de espírito e ser feliz.

Assim, para os estoicos, sábio era aquele que não estava preso aos

desejos e às emoções. O sábio, em qualquer situação, por pior que ela

fosse, mantinha-se calmo, em um estado de contentamento constante.

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