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A presente analise será feita a partir do julgado referente aos ocorridos na cidade do

Rio de Janeiro, precisamente na Favela Nova Brasília, no dia dezoito de outubro de


1994 e oito de maio de 1995, duas ações truculentas de policiais civis que culminaram
na morte de vinte e seis pessoas e violação sexual de três mulheres. O que se faz
latente são as imprecisões, morosidade na investigação, não punição dos culpados
pelas possíveis execuções e ações fora da via judicial.

Neste caso, ao ocorrer a audiência pública, as justificativas conclusivas foram


alegações de que as condutas aplicadas pelos policiais nas duas operações com
morte na favela Nova Brasília nas datas já citadas acima, consolidaram em
transgreções aos artigos 4.1 que diz respeito ao direito à vida e ao artigo 5.1 direitos à
integridade pessoal da Convenção Americana, mesmo que o caso não era da alçada
dessa jurisdição naquele momento.

Na primeira intervenção policial foram mortos treze moradores, entre eles quatro
menores de idade, onde também três pessoas do sexo feminino foram violentadas
sexualmente, sendo duas menores. Já na segunda intervenção, três policias feridos e
treze moradores da favela mortos, dois deles menores de idade. Com as duas
intervenções malsucedidas, começa uma investigação feita pela própria Polícia Civil e
uma Comissão de Investigação Especial criada pelo Governo do Estado do Rio de
Janeiro.

O caso foi enquadrado como resistência à prisão que teve como consequência as
mortes dos que se opuseram, acusados de envolvimento com tráfico de drogas,
armamento indevido e resistência à ação policial. Houve um arquivamento do caso em
2009 por prescrição.

Mais adiante, em 2013 o Brasil foi notificado com um Relatório de Mérito enviado pela
Comissão Interamericana que o Ministério Público do Rio de Janeiro entrou com uma
ação penal referente a operação inicial da Favela Nova Brasília, a ação foi contra seis
dos policiais envolvidos na primeira operação na favela e está em aberto até hoje.
Com relação a segunda intervenção da polícia, o Poder Judiciário rejeitou a reabertura
das investigações.

Ninguém foi responsabilizado pelos fatos concretos ocorridos naqueles dias na Favela
Nova Brasília com as intervenções incorretas feitas pelos policiais, incluindo a não
investigação das torturas e abuso sexual contra moradoras do local.

Diante desse caso analisado que transborda injustiça, a Corte Interamericana imputou
responsabilidade internacional ao Estado Brasileiro por falhar na promoção, proteção e
efetivação dos Direto Humanos em âmbito nacional. Isso se consolidou quando o
Estado não garantiu os direitos judiciais, não analisou com imparcialidade, com
autonomia e desprezou os prazos previstos relativos a proteger as provas e
integridade das pessoas vitimadas.

Com a notificação ao Brasil, o Tribunal estabeleceu algumas diligências para amparar


as vítimas envolvidas nesse caso. E para começar, foi exigido a continuidade no
processo da investigação das mortes em 1994 e iniciação na busca de justiça pela
ação de 1995 com objetivo de fazer tudo dentro dos prazos previstos por lei e alcançar
o desejável que é descobrir e processar os verdadeiros culpados.
Foi buscado também pelo Tribunal analisar a aplicação de pedido de Incidente de
Deslocamento de Competência, que assim é possível passar a investigação ou
julgado da Justiça Estadual para a esfera Federal. Essa opção cabe em casos onde é
caracterizado inquietante infração de Direitos Humanos.

Ficou acordado para a reparação da violência sexual uma investigação mais profunda
e oferta de atendimento especializado de saúde física e psicológico às vítimas.

Ato público de reconhecimento internacional com duas placas em homenagem


póstuma às vítimas; relatório anual com o número de mortos por policiais em território
nacional, cujo desfecho for idêntico ao caso da Favela Nova Brasília.

Já a “notitia criminis” por cognição mediata ou indireta, é aquela em que a autoridade


competente toma conhecimento da infração penal por meio de uma provocação
formal, que na hipótese do art. 5º do CPP compreende o requerimento da vítima ou do
seu representante legal, e a requisição do juiz e do Ministério Público.

Tomar decisões e criar Políticas para reduzir no Rio de Janeiro a fatalidade e violência
policial. É interessante perceber que a violência policial não caracteriza um evento à
parte, revela sim uma política de segurança pública que age com letalidade, modelo
esse que é usado em outras corporações do Estado. Desse modo foi criada uma
imagem de um oponente da polícia a ser defrontado, estereotipados que nem como
cidadãos são vistos quanto mais terem direitos. No caso da favela Nova Brasília os
mortos e negligenciados, seguem esse padrão que na maioria são pretos, pobres,
jovens e residem em periferia.

Dentro do prazo razoável implementar programas ou curso permanente e obrigatório


sobre atendimento a mulheres vítima de estupro para todos os níveis hierárquicos das
Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro. Considerado um dos crimes mais violentos e
hediondo.

O estupro é considerado um dos crimes mais violentos, sendo considerado um crime


hediondo.[2] O crime pode ser praticado mediante violência real (uso de força física
direcionada à vítima ou alguém próximo dela ) com a Lei nº 12.015, de 2009 removeu-se a
questão da violência presumida, substituindo essa presunção pelos delitos do artigo 217-
A que tipificam o Estupro de Vulnerável (quando praticado contra menores de 14 anos,
alienados mentais ou contra pessoas que não puderem oferecer resistência).

Adotar medidas legais ou de outra natureza, importante para que haja a participação
formal e efetiva das vítimas de delitos ou seus familiares em casos dessa natureza
que são conduzidos pela polícia ou Ministério Público.
É importante e necessário, o fortalecimento das Políticas Públicas para que sejam
desfrutadas na sua efetiva função no território nacional justamente em casos como
esse. Essas Políticas Públicas devem ser oportunas a realizarem principalmente
cláusulas sem rendas nesse tipo intervenção e são relevantes na ação governamental.
REFERÊNCIAS

BROWNLIE, Ian. 1997. Princípios de direito internacional público. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

BUERGENTHAL, Thomas. 1983. La Proteccion Internacional de los Derechos Humanos en las Americas. Costa Rica:
Editorial Juricentro.

CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. 1996. A incorporação das Normas Internacionais de Proteção dos Direitos
Humanos no Direito Brasileiro. São José da Costa Rica: IIDH-CICV-ACNUR-Comissão Europeia.

FERRAJOLI, Luigi. 2014. La democracia a través de los derechos. Madrid: Editorial Trotta.

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